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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO SP

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

TUTELA COLETIVA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO – SP

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pela

Procuradora da República signatária, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 127, “caput”, e 129, da Constituição Federal, art. 6º, alíneas “a” e “d”, da Lei Complementar 75/93 e nos artigos 1º e 5º da Lei 7.347/85, propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA, entidade que disciplina e fiscaliza o exercício da profissão de médico veterinário, instituída pela Lei 5.517, de 23/10/1968 e regulamentada pelo Decreto 64.704, de 17/06/1969, sediado na SCS, Quadra 01, Bloco “E”, nº 30, Edifício Ceará 14º andar, Brasília – DF, CEP 70303 – 900, a ser citado na pessoa de seu representante legal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

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TUTELA COLETIVA

I – DOS FATOS

O registro no Conselho Federal de Medicina Veterinária e nos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária é condição para o exercício da profissão de médico veterinário, nos termos dos artigos 3º e 25 da Lei 5517/68.1

Para a concessão deste registro, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo vinha exigindo, com base na Resolução n º 691/2001, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, dos veterinários, aprovação em “exame nacional de certificação profissional”.

Em razão dessa exigência não constar da Lei 5.517/68, que regulamenta a profissão, e em face do disposto no artigo 5º, XIII da Constituição Federal, segundo o qual “ é livre o exercício de qualquer

trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública

objetivando a condenação do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo a não mais exigir, dos médicos veterinários, a aprovação no exame de certificação profissional, como condição para a inscrição no referido Conselho e conseqüente obtenção do registro profissional (autos nº 2003.61.00.031415-0 – 23 ª Vara Cível Federal).

A ação civil pública foi julgada procedente,

reconhecendo-se, incidentalmente, a inconstitucionalidade da Resolução nº 691, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, afastando-se a exigência

de prévia aprovação em exame de certificação profissional como requisito à inscrição e respectivo registro perante o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

1 Art. 3º O exercício das atividades profissionais só será permitido aos portadores de carteira profissional

expedida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária ou pelos Conselhos Federais de Medicina Veterinária criados na presente lei. (...) Art 25. O médico-veterinário para o exercício de sua profissão é obrigado a se inscrever no Conselho de Medicina Veterinária a cuja jurisdição estiver sujeito e pagará uma anuidade ao respectivo Conselho até o dia 31 de março de cada ano, acrescido de 20% quando fora dêste prazo.

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No entanto, o Conselho Federal de Medicina Veterinária, em clara afronta à Constituição Federal, à Lei 5.517/68 e, no âmbito do Estado de São Paulo, em evidente desprestígio à decisão emanada do Poder

Judiciário, continua exigindo dos médicos veterinários a aprovação no exame

de certificação profissional, para obtenção do registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, conforme constatado nos autos do procedimento administrativo nº 1.34.001.001193/2006-76 instaurado na Procuradoria da República em São Paulo.

Com efeito, foi apurado que o Conselho Federal de Medicina Veterinária expediu o Edital de 28 de setembro de 2005, abrindo as inscrições para a realização do XI Exame Nacional de Certificação Profissional, como um dos requisitos para obtenção de registro do profissional médico veterinário em todos os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária.

Em declarações prestadas na Procuradoria da República em São Paulo, o Dr. Flávio Prada, Interventor Judicial do CRMV de São Paulo noticiou que o Conselho Federal de Medicina Veterinária realizou o exame de certificação profissional em várias cidades, inclusive no Estado de São Paulo. Ademais, declarou que, diversamente do que foi determinado pelo Poder Judiciário na ação civil pública nº 2003.61.00.031415-0, o Conselho Federal Federal informa que tal exame é necessário para obtenção da carteira profissional (Edital do CFMV, de 28 de setembro de 2005). Confira-se:

“ ...o Conselho Federal está exigindo a aprovação no

exame por ele realizado, para obtenção do registro profissional junto aos Conselhos Regionais; que o Conselho Federal realizou o exame de certificação profissional no dia 29 de janeiro de 2006, conforme edital de 28 de setembro de 2005, extraído do site do Conselho Federal; que vários graduados em medicina veterinária entraram em contato por telefone junto ao Conselho Regional para obter informações sobre o referido exame; que o Conselho Regional informou da desnecessidade da realização do exame para a inscrição

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em São Paulo; que vários graduados manifestaram

indignação em relação ao exame, inclusive pedindo o reembolso das despesas com a taxa de inscrição no valor de R$ 43,00 (quarenta e três reais), sendo que o Conselho Regional informou que não tinha participação nenhuma na realização do referido exame; que o

Conselho Federal, ao expedir o edital e realizar o exame, informando que é necessária a aprovação como condição para exercício e inscrição junto ao CRMV/SP, está invadindo atribuição do Conselho Regional....”

Declarou ainda o interventor judicial “que o CRMVSP não aufere

nenhum proveito financeiro com o exame, uma vez que todas as taxas de inscrição são depositadas na conta do Federal, que informa indevidamente que o exame é necessário para a inscrição junto aos Conselhos Regionais”.

Assim, face à exigência de aprovação no referido exame, por parte do Conselho Federal, não restou outra alternativa senão a propositura da presente ação civil pública, a fim de que seja determinado ao Conselho Federal de Medicina Veterinária que cesse a prática inconstitucional e ilegal de realizar o exame como condição necessária a obtenção do registro profissional.

II – DO DIREITO

O artigo 5º, XIII da Constituição Federal, que estabelece que “ é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”, é norma de eficácia contida, na lição de José Afonso da Silva2, ou seja, norma de eficácia plena que admite,

por parte do legislador infraconstitucional, o estabelecimento de restrições válidas ao direito nelas consagrado. Até que existam tais restrições, o direito pode ser exercido plena e eficazmente. Por esta razão, Michel Temer prefere designar estas normas como sendo de eficácia restringível3

2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15º. São Paulo : Malheiros, 1998 3 Elementos de Direito Constitucional, 14º edição. São Paulo : Malheiros, 1998, p.24.

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O estabelecimento de restrições gerais a liberdades constitucionais, conquanto autorizado, exige, em contrapartida, a prévia anuência da sociedade, por meio de seus representantes parlamentares, e do titular do Poder Executivo. Destarte, a palavra “lei” constante do dispositivo constitucional, demanda interpretação em sentido estrito. Exige respeito ao devido processo legislativo. Não é sinônimo de qualquer norma jurídica – ou “lei em sentido amplo.”

A Lei 5.517/68, que regulamenta o exercício da profissão de Médico Veterinário, foi recepcionada pela Constituição de 1988, até porque compete privativamente à União Federal legislar sobre “organização do

sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões”

(art. 22, inciso XVI, da Constituição Federal). Esta atividade é exercida pelos Conselhos de Fiscalização de Profissões, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa (art. 58, da Lei 9.649/98 c/c MP 1.549 – 35/97).

Entretanto, tal norma não disciplinou, como requisito para o exercício profissional, a aprovação em exame de aferição dos conhecimentos recebidos na graduação.

Esta exigência foi estatuída pela Resolução CFMV 691/2001, do Conselho de Fiscalização Profissional, que não se pode substituir à lei e estabelecer restrições profissionais.

Diz a resolução CFMV nº 691/2001, art. 1º, “caput” e § 1º:

“Art. 1º Instituir o exame Nacional de Certificação Profissional como um dos requisitos para a obtenção da inscrição profissional no Sistema CFMV/CRMVs.

§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2002, a inscrição de médico veterinário nos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária só será possível, mediante atendimento ao estabelecido nesta Resolução, independentemente do ano de formatura.(...)”

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Este estabelecimento administrativo de requisitos para o registro profissional não se coaduna com o poder dever de fiscalização que incumbe aos Conselhos de Fiscalização Profissional. No caso do Conselho réu, a Lei 5517/68, estatui, no art. 16, alínea “f”, ser sua atribuição : “expedir

as resoluções que se tornarem necessárias à fiel interpretação e execução da presente lei”.

O seu poder normativo cinge-se, portanto, à finalidade de interpretar a sua norma criadora e a expedição de atos para bem executá-la, não podendo restringir direitos com a expedição de atos que sirvam de lastro para feitura de procedimento de recusa de inscrição.

Sem desconhecimento da necessidade social de realização de exames assemelhados ao ora contestado – em face da proliferação e da má qualidade de algumas instituições de ensino – o caminho próprio para sua

estatuição é a lei e não resoluções do Conselho de Fiscalização Profissional.

Procura-se, com esta ação, tutelar o direito dos graduados em medicina veterinária de não serem restringidos em seu exercício profissional a não ser pelo mecanismo constitucionalmente instituído. “Só a

lei federal pode definir as qualificações profissionais requeridas para o exercício das profissões “, pontifica José Afonso da Silva.4

Tal como ocorre com a exigência prévia do Exame de Suficiência, por meio de resolução, pelo Conselho Federal de Contabilidade5,

também a resolução aqui tratada viola duplamente : em relação ao particular , na medida em que só o que a lei proíbe lhe é vedado; com relação à

4 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15º ed. São Paulo : Malheiros,

1998, p. 261.

5 Tal exigência feita pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo ensejou, por

parte do Ministério Público Federal, a propositura da Ação Civil Pública em trâmite perante a 10ª Vara Cível

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Administração Pública, na medida em que está só pode praticar atos expressamente autorizados por lei, sobretudo quando restringe direitos6.

III – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

A Lei 9.649/98, que disciplina os serviços de fiscalização das profissões regulamentadas, preceitua, em seu art. 58, § 8º, que compete à Justiça Federal a apreciação das controvérsias que envolvam os conselhos de

6 Nesse sentido, colhem-se os seguintes julgados : a) TRF 5º Região : “ADMINISTRATIVO.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. EXAME DE SUFICIÊNCIA INSTITUÍDO PELA RESOLUÇÃO Nº 691/2001. MATÉRIA RESERVADA À LEI EM SENTIDO ESTRITO. PREVISÃO NA LEI 5.517/68. AUSÊNCIA. 1 – Sem base legal, é defeso à autoridade agravada, fundamentando – se

na Resolução 691/2001, impedir o exercício profissional dos agravantes; 2 – O “ Exame de Certificação profissional não encontra qualquer correspondência no diploma legal regente da matéria (lei 5517/68) 3 –

Agravo “ (TRF 5º Região, 3ª Turma, AG 41300 – CE, Processo 200205000043848, j. 27/02/2003, Relator

Des. Federal Paulo Gadelha, DJ 17/04/2003, p 302). Negritamos

b) TRF 3 ª Região : PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – PRELIMINAR –

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – CONSELHO REGIONAL DE CONATABILIDADE – EXIGÊNCIA POR RESOLUÇÃO – EXAME DE SUFICIÊNCIA PARA REGISTRO – IMPOSSIBILIDADE – REQUISITO NÃO PREVISTO EM LEI – PRELIMINAR AFASTADA, REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO IMPROVIDAS. 1) A preliminar argüida deve ser afastada , sendo a Justiça Federal competente para julgar o processo, pois o art. 58 e parágrafos da Lei 9649/98, que dispunha que os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas seriam exercidos em caráter privado foi suspendido cautelarmente pelo STF por meio da ADINMC nº 1717 – DF. 2) O Conselho não pode, mediante simples

resolução, exigir requisito que não consta da lei que regula a matéria, inovando e violando limites

estabelecidos. 3) Remessa Oficial e Apelação improvidas ” TRF 3ª Região 3ª Turma MAS 208782 – SP,

PROC 200061120011543, Rel. Cecília Marcondes, j 30/04/2003, v.u., DJ 4/6/2003. P. 290. Negritamos c) STJ : PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – PRLIMINAR – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE. NATUREZA JURÍDICA AUTARQUIA FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. APROVAÇÃO EM EXAME DE SUFICIÊNCIA PROFISSIONALPARA REGISTRO NOS CONSELHOS REGIONAIS DE CONTABILIDADE. EXIGÊNCIA NÃO PREVISTA EM LEI. NÃO CABIMENTO. “O Superior Tribunal de Justiça entende

que os Conselhos Regionais de Fiscalização do exercício profissional têm natureza jurídica de autarquia federal e, como tal, atraem competência da Justiça Federal nos feitos de participem ( CF/88, art. 109, IV)” (AGREsp nº 314.237/DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 09.06.2003) (AGREsp n. 314.237/DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 09.06.2003). O Conselho Federal de Contabilidade extrapolou a previsão legal ao estabelecer, por Resolução, a aprovação em exame de suficiência profissional como requisito para o registro nos Conselhos Regionais. Com efeito, tal exigência não está prevista no Decreto-lei n. 9.295/46, que apenas dispõe, em seu artigo 10, que cabe aos referidos órgãos fiscalizar o exercício da profissão e organizar o registro dos profissionais. A atividade de fiscalizar é completamente distinta do poder de dizer quem está ou não apto ao exercício de determinada atividade profissional. Trata-se, pois, de entidades distintas, não se subsumindo uma no conceito de outra, nem mesmo quanto à possibilidade de atividades concêntricas. De qualquer forma, impende frisar que somente a lei poderá atribuir a outras entidades, que não escolas e faculdades, capacidade e legitimidade para dizer sobre a aptidão para o exercício dessa ou daquela profissão. O legislador, quando entende ser

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fiscalização das profissões regulamentadas, quando no exercício dos serviços a eles delegados.

É certo que os conselhos de fiscalização das profissões exercem função delegada pelo Poder Público Federal e, portanto, de interesse público. Daí a competência da Justiça Federal7.

Ademais, reconhece-se a competência da Justiça Federal quando cuidar-se de ação promovida pelo Ministério Público Federal. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça ( 1ª Seção CC 4.927-0 – DF,

Proc. Humberto Gomes de Barros, DJ 4/10/1993).

IV – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

A legitimidade ativa do Parquet Federal decorre do disposto na Constituição Federal, nos artigos 127, “caput”, e 129, incisos II, III e IX, que atribuem ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, o zelo pelo respeito dos Poderes Públicos aos direitos assegurados pela Constituição e a promoção da ação civil pública para a proteção de interesses difusos e coletivos.

indispensável a realização dos aludidos exames para inscrição no respectivo órgão de fiscalização da categoria profissional, determina-o de forma expressa. Nesse sentido, cite-se o artigo 8º, IV, da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), que exige a aprovação em Exame de Ordem para inscrição como

advogado na Ordem dos Advogados do Brasil. Recurso especial não conhecido. (STJ, 2ª Turma, RESP

503918 – MT Proc. 200201688412, REL MIN Franciulli Netto, j. 24/06/2003, v.u. DJ 08/09/2003, p. 311. Negritamos.

7ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. CONSELHOS PROFISSIONAIS. PROCESSOS

DISCIPLINAR E ÉTICO. COMPETÊNCIA DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CLASSIFICAÇÃO COMO ENTIDADE AUTÁRQUICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR (ART. 109, I E IV, DA CF/88). JURISPRUDÊNCIA DO STJ. PRECEDENTES.- “O Superior Tribunal de Justiça entende que os Conselhos Regionais de fiscalização do exercício profissional têm natureza jurídica de autarquia federal e, como tal, atraem a competência da Justiça Federal nos feitos de que participem. (CF/88, Art. 109, IV)”. AGResp nº 314.237 / DF, Proc. 200201688412, Rel. Min. Franciulli Netto, j. 24.06.2003, v.u. , DJ 08/09/2003, p. 311)

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Direito coletivo, em sentido estrito, é aquele cujo objeto é indivisível e a titularidade é determinável. Trata-se de direito pertencente a um grupo, uma categoria de pessoas, cuja titularidade pode ser determinada. O direito coletivo tem como elemento, também, a existência de um vínculo jurídico entre os titulares do direito, isto é, uma relação jurídica - base que os una e dê causa ao direito em discussão.

Ora, o direito ao livre exercício profissional dos médicos veterinários se submete à definição de direito coletivo. Cuida-se do interesse comum a um grupo determinado de pessoas ligadas por uma relação jurídica base : a natureza e o exercício da atividade profissional, que vem sendo restringido, ilegalmente pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, com a realização do exame nacional de certificação profissional, como condição necessária para a obtenção do registro profissional.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária exerce função pública, por delegação do Poder Público Federal e, nessa qualidade, submete-se à atuação do Ministério Público Federal quando incorrer em desbordo dos limites constitucionais de sua atuação.

V – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA

A Lei 5.517/1988, que cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, além de definir as atribuições de médico veterinário, estabelece nos arts.8º e 16, as atribuições do Conselho Federal.

Diz o art. 8º : “Art. 8º O Conselho Federal de Medicina

Veterinária (CFMV) tem por finalidade, além da fiscalização do exercício profissional, orientar, supervisionar e disciplinar as atividades relativas à profissão de médico-veterinário em todo o território nacional, diretamente ou através dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMV).”

Por seu turno, preceitua o art. 3º da referida lei que “o

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carteira profissional expedida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária ou pelos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária criados na presente lei” e o art. 25, do mesmo dispositivo legal, estabelece que o

médico veterinário, para o exercício de sua profissão, é obrigado a se inscrever no Conselho de Medicina Veterinária a cuja jurisdição estiver sujeito (...).

Ademais, de acordo com a Resolução CFMV n º 691/2001 e editais expedidos pelo CFMV de abertura de inscrição do exame de certificação profissional (o último é o edital de 28 de setembro de 2005), a aprovação é condição necessária ao exercício profissional.

O objeto da presente ação é o de determinar que o Conselho Federal de Medicina Veterinária, se abstenha de realizar o exame de certificação profissional como condição para o registro profissional.

VI – DA TUTELA ANTECIPADA

Demonstrada a inconstitucionalidade e ilegalidade da exigência do exame de certificação profissional, como condição para obtenção do registro profissional junto aos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, tem-se por atendidos os requisitos da prova inequívoca e verossimilhança da alegação.

O dano reparável ou de difícil reparação exsurge da continuidade das restrições que vêm sendo opostas aos médicos veterinários, que vêm sendo submetidos a exigência inconstitucional e ilegal por parte do réu.

Vale ressaltar que embora houvesse decisão do Poder Judiciário afastando a exigência de prévia aprovação no exame de certificação profissional como requisito à inscrição e respectivo registro perante o Conselho Regional de Medicina Veterinária no Estado de São Paulo, o Conselho Federal divulgou, por meio do Edital de 28 de setembro de 2005, informação sobre a necessidade de inscrição no exame. Isto está causando

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insegurança entre os graduados em medicina veterinária e disseminando entre eles a falsa crença de que só após o recolhimento de uma taxa e a aprovação no referido exame, poderiam se inscrever nos Conselhos Regionais e dar início às atividades privativas de médico veterinário.

Dessa forma, presentes os requisitos do artigo 273, caput e inciso I, do Código de Processo Civil, a antecipação dos efeitos da tutela, para que o réu se abstenha de realizar o exame de certificação profissional, com o objetivo de registro profissional perante os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, é medida que se impõe e que ora requer.

VII – DO PEDIDO

Em razão do exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer :

a) a antecipação dos efeitos da tutela, nos termos do item VI supra, a fim de que o Conselho Federal de Medicina veterinária se abstenha de realizar o exame de certificação profissional, como condição necessária para que os médicos veterinários obtenham o registro profissional;

b) a citação do Conselho Federal de Medicina Veterinária, na pessoa de seu representante legal para apresentar contestação;

c) a procedência do pedido, com a respectiva confirmação da tutela antecipada, para condenar o Conselho Federal de Medicina Veterinária em obrigação de não fazer, consistente em não mais realizar o exame de certificação profissional previsto na Resolução CFMV

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691/2001, como condição ao exercício profissional, enquanto não houver lei federal estabelecendo essa exigência;

d) o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330, inciso I, do Código de Processo Civil, por tratar-se de questão unicamente de direito. Caso seja diverso o entendimento desse D. Juízo, protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a serem especificados oportunamente; e

e) a cominação de multa diária no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), em caso de descumprimento da liminar, nos termos dos arts. 11 e 12, § 2º c/c 461, §§ 4º e 5º do Código de Processo Civil.

Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

São Paulo, 01 de março de 2006.

ADRIANA DA SILVA FERNANDES PROCURADORA DA REPÚBLICA

Seguem com a inicial os seguintes documentos:

1. Representação nº 1.34.001.001193/2006-76

2. Sentença prolatada nos autos nº 2003.61.00.031415-0 3. Resolução nº 691/2001 do CFMV

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