O Barroco na Itália
A arte barroca desenvolveu-se no século XVII, num período muito importante da história da civilização ocidental, pois nele ocorreram mudanças que deram nova feição à Europa da Idade Moderna. Essa arte barroca, portanto, seguiu os acontecimentos do momento histórico.
Para compreendermos os acontecimentos desse momento, é preciso buscar suas origens em fatos do século XVI. O mais importante deles foi sem dúvida a Reforma Protestante – cisma do cristianismo – momento de ruptura da religião cristã.
Embora tenha sido um movimento de caráter religioso, a reforma teve consequências que ultrapassaram as questões de fé, pois provocaram alterações em outros setores da cultura europeia. Uma delas foi favorecer o surgimento dos Estados Nacionais e dos governos absolutos, pois propunha que cada nação se libertasse da submissão ao papa. Portanto, até a Reforma Protestante, havia na Europa uma unidade religiosa em torno do cristianismo católico. Quando ocorre esse cisma, a ruptura não fica restrita à questão religiosa, mais influencia também as políticas dos Estados, que já não admitiam ser submissos ao papa e sua igreja. Diante disso, além dos diversos mecanismos para a preservação da sua influencia sobre a sociedade europeia, como a Santa Inquisição, a evangelização, o Índex..., Igreja Católica se utilizou também da arte para tal preservação.
Características do Barroco
A arte barroca também era uma resposta à
arte renascentista, na medida em que se
opunha ao racionalismo deste movimento
artístico.
O que caracteriza a arte barroca é a
predominância
da
emoção,
da
monumentalização
(grandiosidade
e
opulência da arte) e a dramatização.
A arte barroca buscava provocar no
homem a emoção e o sentimento que o
levaria o mais próximo possível de Deus.
A Pintura Barroca
A
pintura
barroca
tem
como
características a disposição diagonal dos
elementos do quadro, o que transpassa
uma
ideia
de
movimento
desses
elementos. Além de uma acentuação do
contraste
de
claro-escuro,
o
que
intensifica a expressão dos sentimentos.
Dentre os principais pintores barrocos
italianos
destacamos:
Tintoretto,
Caravaggio e Andrea Pozzo.
Tintoretto (1515-1549)
As
obras
de
Tintoretto
tem
como
características marcantes a expressividade
dos corpos, se sobrepondo aos rostos e a
intensidade das cores e da luz. Além de
ter como princípio a valorização inicial do
quadro como um grande conjunto para
depois ser percebido nos detalhes.
Vênus e Vulcano
Podemos observar nessa obra a deusa do amor
Vênus reclinada no seu leito, enquanto o marido
enganado, que é o deus do fogo Vulcano, procura
vestígios de amores ilícitos. Ao mesmo tempo,
Cupido finge estar dormindo. No canto inferior
direito da tela, um cão prepara-se para ladrar e
assim denunciar a presença do amante de Vênus,
que é o deus da guerra Marte, escondido debaixo
de uma mesa... O escudo de Marte, funcionando
como um espelho, permitiu a este deus ver a
aproximação de Vulcano e esconder-se antes de
ele chegar.
Caravaggio (1573-1610)
O que melhor caracteriza a sua pintura é
o modo revolucionário como ele usa a luz.
Ela não aparece como reflexo da luz solar,
mas é criada intencionalmente pelo
artista,
para
dirigir
a
atenção
do
observador, sendo conhecido por isso
como fundador do estilo
luminista.
A ceia em Emaús
"A ceia em Emaús" retrata uma célebre cena bíblica. Após a Ressurreição, Cristo encontrara os dois de seus discípulos que seguiam pelo caminho de Jerusalém para Emaús. Caravaggio mostra o momento em que, durante a ceia daquela noite, Jesus revela-se aos homens quando parte o pão. A maneira pela qual abençoa a ceia mostra-lhes de súbito que o Mestre está vivo. Enquanto o estalajadeiro olha desconcertado e perplexo, representa-se o assombro dos discípulos.
A imagem de Jesus é surpreendente: um jovem de rosto carnudo e mordaz, sem barba e sem dramaticidade. Ele é sereno e distante, transcendendo não só os tormentos que conduziram à Crucificação e que a marcaram, mas também as limitações da vida mortal. Entre tons saturados e sombrios e as sombras envolventes, Seu rosto é tomado por uma luz límpida, que vem da esquerda – o foco luminoso habitual de Caravaggio.
A Deposição de Cristo
Totalmente executado em diagonais agudas que se entrechocam, esse quadro simboliza o contraste da brutalidade e da pureza, características tão díspares e que faziam parte tanto do universo criativo do pintor, como de sua vida. Em “A Deposição de Cristo”, acentuam-se também os elementos popularescos – um marco em sua obra. Aqui, nota-se o forte realismo nas pernas dos santos atendentes, com as veias saltadas pelo esforço. Quanto ao rosto envelhecido da virgem, Caravaggio declarava que a retratava exatamente “como ele deveria ser’’, em mais um de seus gestos provocativos. Uma curiosidade é a figura da Maria Cléofas, na extrema direita, que abre os braços em um estilo pouco comum ao artista. É tida por especialistas como um adendo posterior e anônimo – suposição confirmada pelo pintor Rubens, outro mestre do barroco, que, ao realizar uma copia do quadro, excluiu a polêmica figura. Executada para a Igreja de Santa Maria della Lebradas.