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Contador de histórias de bolso África. Texto: Ilan Brenman. Ilustrações: Fernando vilela

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as necessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente não. A com-preensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

[

[

[

[

] ] ] ] ]

Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

Leitor fluente

(2)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as necessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente não. A com-preensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

Leitor fluente

(3)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as necessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente não. A com-preensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

Leitor fluente

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Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as necessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente não. A com-preensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

Leitor fluente

(5)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Rosane Pamplona

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as necessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamente não. A com-preensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

[

[

[

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] ] ] ] ]

Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

Leitor fluente

(6)

7 8 9 6

Um POUCO SObRE O AUTOR

Ilan Brenman nasceu em Kfar Saba, Israel, em 1973. Desenvolve projetos ligados à formação de leitores, assessorando ONGs, redes privadas de ensino e o poder público. Há mais de 12 anos atua como contador de histórias.

Depois de anos encantando crianças e jovens, Ilan começou a re-gistrar suas histórias em livros, continuando sua luta pela defesa das

histórias num mundo repleto de imagens pasteurizadas e discursos politicamente corretos. Atualmente, cursa o doutorado na faculdade

de Educação da USP.

RESEnhA

A aranha Ananse pede ao deus do céu as histórias da África. Para isso, tem que levar a ele a serpente Onini, o leopardo Osebo e os vespões. Usando um estratagema para cada um, Ananse engana a todos e passa a ser a dona de todas as histórias.

Certo dia, a hiena encontra uma estranha pedra coberta de mus-go. Descobre, então, que basta alguém falar “uma pedra coberta de musgo” que desmaia. Assim, ela engana o leão e o hipopótamo,

mas, quando quer enganar a lebre, esta a faz pronunciar as palavras fatídicas e desmaiar.

Noutro episódio, a hiena também se dá mal com o leão. Mas seu erro faz o chacal aprender a lição de que não se deve irritar os poderosos.

Depois, é a vez de o burro fazer uma burrada e aconselhar o boi a fingir-se de doente. Bem feito, agora o trabalho é todo do asno! Ainda bem que ele não é burro e consegue reverter a situação.

Na Etiópia, o rei desafia os três filhos a encher completamente um quarto; o mais novo ganha o trono enchendo-o de luz.

Em Douala, o sábio Dofú responde a uma capciosa pergunta com outra mais capciosa ainda.

Na história mais curta da África, a coruja acha seu filhote lindo. Mas ela ainda não o viu à luz do dia...

E, finalmente, na Tanzânia, um jovem que não tem nojo da velha remelenta consegue subir o Kilimanjaro e buscar ajuda para seu povo.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

A idéia de escrever uma série de livros de histórias surgiu dos re-petidos pedidos que o autor, Ilan Brenmam, recebia ao se apresentar pelo Brasil contando histórias: “Queria que você contasse histórias para o meu filho na hora de dormir”. A intenção, portanto, é que os leitores tenham em casa o seu contador de histórias. Para isso, o autor usa um registro de linguagem muito próximo ao que emprega ao contar ao vivo suas histórias. Nesse volume, há contos populares das diversas regiões da África. A maioria deles traz como personagens animais que ganham características humanas, entre elas a habilidade de armar estratagemas e conseguir derrotar a força pela astúcia. Esse tipo de trama imprime bom humor aos textos, e o triunfo da inteli-gência torna os contos atraentes para leitores de todas as idades.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Geografia Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor fluente

PROPOSTAS DE ATIvIDADES Antes da leitura:

1. A África, lugar de onde se originam os contos desse volume da

série “Contador de histórias de bolso”, costuma exercer um gran-de fascínio sobre as pessoas, principalmente sobre as crianças, que adoram saber da selva e dos bichos selvagens. Assim, antes de apre-sentar o livro à classe, pode ser interessante despertar nos alunos a

curiosidade sobre esse continente, fazendo um levantamento sobre os conhecimentos que eles já têm, e acrescentar que agora eles terão a oportunidade de conhecer as histórias africanas. Comente com eles que em muitas comunidades da África os contadores de história são considerados sábios e por isso são extremamente respeitados.

2. Em seguida, apresente o livro à classe. Talvez alguns alunos

conhe-çam outro volume da série “Contador de histórias de bolso”. Esclareça o que o autor quis dizer com essa expressão (ele mesmo a explica na introdução). Pergunte se alguém já conhecia o autor como contador de histórias ou se já assistiu a alguma outra apresentação.

3. Mostre aos alunos um mapa da África. Leia com eles os nomes

dos países (ou, como são muitos, apenas os nomes dos países ou re-giões que serão citados no livro). Antecipe que alguns desses locais aparecerão nas histórias.

Durante a leitura:

1. Durante todo o tempo que durar a leitura do livro, deixe o

mapa exposto num painel na classe. Encarregue oito voluntários para pregar, na região referente a cada uma das oito histórias, o título escrito num cartão. Se não for possível pregar diretamente no mapa, providencie uma cópia simples (basta que tenha o contorno do continente e dos países africanos) e cole-a no painel.

2. Peça aos alunos que leiam as histórias anotando as referências

a elementos africanos, ou seja, a tudo aquilo que indica que estamos lendo uma história que se passa na África: os animais, os nomes pró-prios de pessoas, de deuses e de países, os ambientes geográficos, como savana, por exemplo.

Depois da leitura:

1. Dê aos alunos espaço para que comentem livremente suas

impressões sobre as histórias lidas. De qual delas eles gostaram mais? Qual a mais divertida? Acharam algumas coisas estranhas ou absurdas? Proponha que elejam um colega para ser o contador de uma das histórias.

2. Dê seqüência ao painel da África. Escrevam juntos, nos cartões

com os títulos dos contos, os elementos africanos referentes a cada um, anotados durante a leitura.

3. Aproveite e comente os nomes próprios que apareceram nas

histórias. São diferentes dos nomes em português? Que letras apare-cem que não são comuns em nossa língua? Se quiser, comente que, em alguns países da África (Angola, Moçambique), fala-se português porque foram colonizados pelos portugueses.

4. Peça aos alunos que examinem as ilustrações que Fernando

Vilela criou para o livro:

a) Chame atenção para o fato de que o ilustrador só trabalha com o laranja, o preto e o branco.

b) Peça que localizem ilustrações em que ele usa mais o laranja, o preto ou o branco.

c) Em quais ilustrações Fernando Vilela trabalha com a linha do horizonte separando chão e céu? Que cores representam o chão? Que cores representam o céu?

d) Observe as diferentes maneiras com que o ilustrador cria as personagens: imagens em que há só uma silhueta preta, outras em que há uma espécie de contorno isolando a figura do fundo etc.

e) Estimule as crianças a brincar com diferentes materiais para levantar hipóteses sobre eventuais técnicas artísticas empregadas pelo ilustrador: dobrar e picotar papel de seda para construir figu-ras, recortar figuras em papel e aplicá-las sobre diferentes fundos, recortar figuras em papel e desenhar sobre elas etc.

f) Finalizada a exploração, volte a apreciar as ilustrações de Fer-nando Vilela e converse com a turma a respeito delas.

5. Comente com os alunos as três tarefas da primeira história e os

estratagemas da aranha Ananse. Organize a classe em duplas e pro-ponha que cada aluno apresente ao colega três tarefas bem difíceis (realísticas ou absurdas, estamos no mundo da imaginação!) e que o colega escreva, em resposta, como poderia cumpri-las.

6. O chacal da terceira história tem muitos pontos em comum

com a raposa das fábulas de Esopo, conhecida pela sua astúcia; já o leão se parece com a onça das fábulas brasileiras; o burro, da quarta história, também é personagem recorrente das fábulas de todo o mundo. Cada animal tem algumas características salientadas: a es-perteza, a arrogância, a humildade. Proponha que cada aluno leve para a classe uma fábula de animais e que, comparando-as, faça um levantamento do que cada animal costuma simbolizar.

7. Proponha aos alunos que pesquisem sobre os animais da

Áfri-ca. Nas histórias apareceram alguns que não existem no Brasil: gnu, chacal, hiena, leão. Uma sugestão é montar um painel com a foto ou o desenho desses animais, assim como um pequeno relatório sobre os dados pesquisados.

8. Para conhecer ainda melhor o ambiente das histórias, organize

uma sessão de filmes sobre a África. Sugestões:

• Os deuses devem estar loucos I (Botswana, 1981, direção de Jamie Uys) –– comédia que mostra, de modo divertido, alguns aspectos do choque entre as culturas americana e africana.

• Os deuses devem estar loucos II (Botswana, 1982, direção de Jamie Uys) –– evidencia a sabedoria e os costumes dos aborígenes do deserto do Kalaari.

• África dos meus sonhos (EUA/Inglaterra, 2000, direção de Hugh Hudson) –– emocionante história de uma mulher e seu filho nas selvas africanas.

9. Releia com a turma a introdução do livro. Observem que o autor

chama a África de mãe África. Comente que essa expressão, além de se referir ao fato de que a humanidade parece ter tido origem

na África, no caso do Brasil, refere-se também à nossa cultura, em muitos pontos influenciada pela cultura africana, principalmente na música, na dança, nas festas religiosas, na alimentação etc. Proponha um estudo sobre a cultura africana. Com os resultados da pesquisa, os alunos poderão montar um grande painel ou uma exposição so-bre a África. Todos podem contribuir, trazendo roupas, objetos de decoração, comidas típicas, CDs de música etc.

LEIA mAIS... 1. DO mESmO AUTOR

• Contador de histórias de bolso –– Brasil –– São Paulo, Moderna • O senhor do bom nome –– São Paulo, Cosac Naify

• Isso não é brinquedo! –– São Paulo, Scipione

• Narrativas preferidas de um contador de histórias –– São Paulo, DCL

• O pó do crescimento e outros contos –– São Paulo, Martins Fontes

2. SObRE O mESmO ASSUnTO

• A semente que veio da África –– Heloísa Pires de Lima, São Paulo, Salamandra

• Bia na África –– Ricardo Dreguer, São Paulo, Moderna

3. SObRE O mESmO gÊnERO

• Cultura da terra –– Ricardo Azevedo, São Paulo, Moderna • Contos e lendas afro-brasileiros –– Reginaldo Prandi, São Paulo. Cia. das Letras.

• Os príncipes do destino –– Reginaldo Prandi, São Paulo, Cosac Naify

Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

(7)

7 8 9 6

Um POUCO SObRE O AUTOR

Ilan Brenman nasceu em Kfar Saba, Israel, em 1973. Desenvolve projetos ligados à formação de leitores, assessorando ONGs, redes privadas de ensino e o poder público. Há mais de 12 anos atua como contador de histórias.

Depois de anos encantando crianças e jovens, Ilan começou a re-gistrar suas histórias em livros, continuando sua luta pela defesa das

histórias num mundo repleto de imagens pasteurizadas e discursos politicamente corretos. Atualmente, cursa o doutorado na faculdade

de Educação da USP.

RESEnhA

A aranha Ananse pede ao deus do céu as histórias da África. Para isso, tem que levar a ele a serpente Onini, o leopardo Osebo e os vespões. Usando um estratagema para cada um, Ananse engana a todos e passa a ser a dona de todas as histórias.

Certo dia, a hiena encontra uma estranha pedra coberta de mus-go. Descobre, então, que basta alguém falar “uma pedra coberta de musgo” que desmaia. Assim, ela engana o leão e o hipopótamo,

mas, quando quer enganar a lebre, esta a faz pronunciar as palavras fatídicas e desmaiar.

Noutro episódio, a hiena também se dá mal com o leão. Mas seu erro faz o chacal aprender a lição de que não se deve irritar os poderosos.

Depois, é a vez de o burro fazer uma burrada e aconselhar o boi a fingir-se de doente. Bem feito, agora o trabalho é todo do asno! Ainda bem que ele não é burro e consegue reverter a situação.

Na Etiópia, o rei desafia os três filhos a encher completamente um quarto; o mais novo ganha o trono enchendo-o de luz.

Em Douala, o sábio Dofú responde a uma capciosa pergunta com outra mais capciosa ainda.

Na história mais curta da África, a coruja acha seu filhote lindo. Mas ela ainda não o viu à luz do dia...

E, finalmente, na Tanzânia, um jovem que não tem nojo da velha remelenta consegue subir o Kilimanjaro e buscar ajuda para seu povo.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

A idéia de escrever uma série de livros de histórias surgiu dos re-petidos pedidos que o autor, Ilan Brenmam, recebia ao se apresentar pelo Brasil contando histórias: “Queria que você contasse histórias para o meu filho na hora de dormir”. A intenção, portanto, é que os leitores tenham em casa o seu contador de histórias. Para isso, o autor usa um registro de linguagem muito próximo ao que emprega ao contar ao vivo suas histórias. Nesse volume, há contos populares das diversas regiões da África. A maioria deles traz como personagens animais que ganham características humanas, entre elas a habilidade de armar estratagemas e conseguir derrotar a força pela astúcia. Esse tipo de trama imprime bom humor aos textos, e o triunfo da inteli-gência torna os contos atraentes para leitores de todas as idades.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Geografia Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor fluente

PROPOSTAS DE ATIvIDADES Antes da leitura:

1. A África, lugar de onde se originam os contos desse volume da

série “Contador de histórias de bolso”, costuma exercer um gran-de fascínio sobre as pessoas, principalmente sobre as crianças, que adoram saber da selva e dos bichos selvagens. Assim, antes de apre-sentar o livro à classe, pode ser interessante despertar nos alunos a

curiosidade sobre esse continente, fazendo um levantamento sobre os conhecimentos que eles já têm, e acrescentar que agora eles terão a oportunidade de conhecer as histórias africanas. Comente com eles que em muitas comunidades da África os contadores de história são considerados sábios e por isso são extremamente respeitados.

2. Em seguida, apresente o livro à classe. Talvez alguns alunos

conhe-çam outro volume da série “Contador de histórias de bolso”. Esclareça o que o autor quis dizer com essa expressão (ele mesmo a explica na introdução). Pergunte se alguém já conhecia o autor como contador de histórias ou se já assistiu a alguma outra apresentação.

3. Mostre aos alunos um mapa da África. Leia com eles os nomes

dos países (ou, como são muitos, apenas os nomes dos países ou re-giões que serão citados no livro). Antecipe que alguns desses locais aparecerão nas histórias.

Durante a leitura:

1. Durante todo o tempo que durar a leitura do livro, deixe o

mapa exposto num painel na classe. Encarregue oito voluntários para pregar, na região referente a cada uma das oito histórias, o título escrito num cartão. Se não for possível pregar diretamente no mapa, providencie uma cópia simples (basta que tenha o contorno do continente e dos países africanos) e cole-a no painel.

2. Peça aos alunos que leiam as histórias anotando as referências

a elementos africanos, ou seja, a tudo aquilo que indica que estamos lendo uma história que se passa na África: os animais, os nomes pró-prios de pessoas, de deuses e de países, os ambientes geográficos, como savana, por exemplo.

Depois da leitura:

1. Dê aos alunos espaço para que comentem livremente suas

impressões sobre as histórias lidas. De qual delas eles gostaram mais? Qual a mais divertida? Acharam algumas coisas estranhas ou absurdas? Proponha que elejam um colega para ser o contador de uma das histórias.

2. Dê seqüência ao painel da África. Escrevam juntos, nos cartões

com os títulos dos contos, os elementos africanos referentes a cada um, anotados durante a leitura.

3. Aproveite e comente os nomes próprios que apareceram nas

histórias. São diferentes dos nomes em português? Que letras apare-cem que não são comuns em nossa língua? Se quiser, comente que, em alguns países da África (Angola, Moçambique), fala-se português porque foram colonizados pelos portugueses.

4. Peça aos alunos que examinem as ilustrações que Fernando

Vilela criou para o livro:

a) Chame atenção para o fato de que o ilustrador só trabalha com o laranja, o preto e o branco.

b) Peça que localizem ilustrações em que ele usa mais o laranja, o preto ou o branco.

c) Em quais ilustrações Fernando Vilela trabalha com a linha do horizonte separando chão e céu? Que cores representam o chão? Que cores representam o céu?

d) Observe as diferentes maneiras com que o ilustrador cria as personagens: imagens em que há só uma silhueta preta, outras em que há uma espécie de contorno isolando a figura do fundo etc.

e) Estimule as crianças a brincar com diferentes materiais para levantar hipóteses sobre eventuais técnicas artísticas empregadas pelo ilustrador: dobrar e picotar papel de seda para construir figu-ras, recortar figuras em papel e aplicá-las sobre diferentes fundos, recortar figuras em papel e desenhar sobre elas etc.

f) Finalizada a exploração, volte a apreciar as ilustrações de Fer-nando Vilela e converse com a turma a respeito delas.

5. Comente com os alunos as três tarefas da primeira história e os

estratagemas da aranha Ananse. Organize a classe em duplas e pro-ponha que cada aluno apresente ao colega três tarefas bem difíceis (realísticas ou absurdas, estamos no mundo da imaginação!) e que o colega escreva, em resposta, como poderia cumpri-las.

6. O chacal da terceira história tem muitos pontos em comum

com a raposa das fábulas de Esopo, conhecida pela sua astúcia; já o leão se parece com a onça das fábulas brasileiras; o burro, da quarta história, também é personagem recorrente das fábulas de todo o mundo. Cada animal tem algumas características salientadas: a es-perteza, a arrogância, a humildade. Proponha que cada aluno leve para a classe uma fábula de animais e que, comparando-as, faça um levantamento do que cada animal costuma simbolizar.

7. Proponha aos alunos que pesquisem sobre os animais da

Áfri-ca. Nas histórias apareceram alguns que não existem no Brasil: gnu, chacal, hiena, leão. Uma sugestão é montar um painel com a foto ou o desenho desses animais, assim como um pequeno relatório sobre os dados pesquisados.

8. Para conhecer ainda melhor o ambiente das histórias, organize

uma sessão de filmes sobre a África. Sugestões:

• Os deuses devem estar loucos I (Botswana, 1981, direção de Jamie Uys) –– comédia que mostra, de modo divertido, alguns aspectos do choque entre as culturas americana e africana.

• Os deuses devem estar loucos II (Botswana, 1982, direção de Jamie Uys) –– evidencia a sabedoria e os costumes dos aborígenes do deserto do Kalaari.

• África dos meus sonhos (EUA/Inglaterra, 2000, direção de Hugh Hudson) –– emocionante história de uma mulher e seu filho nas selvas africanas.

9. Releia com a turma a introdução do livro. Observem que o autor

chama a África de mãe África. Comente que essa expressão, além de se referir ao fato de que a humanidade parece ter tido origem

na África, no caso do Brasil, refere-se também à nossa cultura, em muitos pontos influenciada pela cultura africana, principalmente na música, na dança, nas festas religiosas, na alimentação etc. Proponha um estudo sobre a cultura africana. Com os resultados da pesquisa, os alunos poderão montar um grande painel ou uma exposição so-bre a África. Todos podem contribuir, trazendo roupas, objetos de decoração, comidas típicas, CDs de música etc.

LEIA mAIS... 1. DO mESmO AUTOR

• Contador de histórias de bolso –– Brasil –– São Paulo, Moderna • O senhor do bom nome –– São Paulo, Cosac Naify

• Isso não é brinquedo! –– São Paulo, Scipione

• Narrativas preferidas de um contador de histórias –– São Paulo, DCL

• O pó do crescimento e outros contos –– São Paulo, Martins Fontes

2. SObRE O mESmO ASSUnTO

• A semente que veio da África –– Heloísa Pires de Lima, São Paulo, Salamandra

• Bia na África –– Ricardo Dreguer, São Paulo, Moderna

3. SObRE O mESmO gÊnERO

• Cultura da terra –– Ricardo Azevedo, São Paulo, Moderna • Contos e lendas afro-brasileiros –– Reginaldo Prandi, São Paulo. Cia. das Letras.

• Os príncipes do destino –– Reginaldo Prandi, São Paulo, Cosac Naify

Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

(8)

7 8 9 6

Um POUCO SObRE O AUTOR

Ilan Brenman nasceu em Kfar Saba, Israel, em 1973. Desenvolve projetos ligados à formação de leitores, assessorando ONGs, redes privadas de ensino e o poder público. Há mais de 12 anos atua como contador de histórias.

Depois de anos encantando crianças e jovens, Ilan começou a re-gistrar suas histórias em livros, continuando sua luta pela defesa das

histórias num mundo repleto de imagens pasteurizadas e discursos politicamente corretos. Atualmente, cursa o doutorado na faculdade

de Educação da USP.

RESEnhA

A aranha Ananse pede ao deus do céu as histórias da África. Para isso, tem que levar a ele a serpente Onini, o leopardo Osebo e os vespões. Usando um estratagema para cada um, Ananse engana a todos e passa a ser a dona de todas as histórias.

Certo dia, a hiena encontra uma estranha pedra coberta de mus-go. Descobre, então, que basta alguém falar “uma pedra coberta de musgo” que desmaia. Assim, ela engana o leão e o hipopótamo,

mas, quando quer enganar a lebre, esta a faz pronunciar as palavras fatídicas e desmaiar.

Noutro episódio, a hiena também se dá mal com o leão. Mas seu erro faz o chacal aprender a lição de que não se deve irritar os poderosos.

Depois, é a vez de o burro fazer uma burrada e aconselhar o boi a fingir-se de doente. Bem feito, agora o trabalho é todo do asno! Ainda bem que ele não é burro e consegue reverter a situação.

Na Etiópia, o rei desafia os três filhos a encher completamente um quarto; o mais novo ganha o trono enchendo-o de luz.

Em Douala, o sábio Dofú responde a uma capciosa pergunta com outra mais capciosa ainda.

Na história mais curta da África, a coruja acha seu filhote lindo. Mas ela ainda não o viu à luz do dia...

E, finalmente, na Tanzânia, um jovem que não tem nojo da velha remelenta consegue subir o Kilimanjaro e buscar ajuda para seu povo.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

A idéia de escrever uma série de livros de histórias surgiu dos re-petidos pedidos que o autor, Ilan Brenmam, recebia ao se apresentar pelo Brasil contando histórias: “Queria que você contasse histórias para o meu filho na hora de dormir”. A intenção, portanto, é que os leitores tenham em casa o seu contador de histórias. Para isso, o autor usa um registro de linguagem muito próximo ao que emprega ao contar ao vivo suas histórias. Nesse volume, há contos populares das diversas regiões da África. A maioria deles traz como personagens animais que ganham características humanas, entre elas a habilidade de armar estratagemas e conseguir derrotar a força pela astúcia. Esse tipo de trama imprime bom humor aos textos, e o triunfo da inteli-gência torna os contos atraentes para leitores de todas as idades.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Ciências, Geografia Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor fluente

PROPOSTAS DE ATIvIDADES Antes da leitura:

1. A África, lugar de onde se originam os contos desse volume da

série “Contador de histórias de bolso”, costuma exercer um gran-de fascínio sobre as pessoas, principalmente sobre as crianças, que adoram saber da selva e dos bichos selvagens. Assim, antes de apre-sentar o livro à classe, pode ser interessante despertar nos alunos a

curiosidade sobre esse continente, fazendo um levantamento sobre os conhecimentos que eles já têm, e acrescentar que agora eles terão a oportunidade de conhecer as histórias africanas. Comente com eles que em muitas comunidades da África os contadores de história são considerados sábios e por isso são extremamente respeitados.

2. Em seguida, apresente o livro à classe. Talvez alguns alunos

conhe-çam outro volume da série “Contador de histórias de bolso”. Esclareça o que o autor quis dizer com essa expressão (ele mesmo a explica na introdução). Pergunte se alguém já conhecia o autor como contador de histórias ou se já assistiu a alguma outra apresentação.

3. Mostre aos alunos um mapa da África. Leia com eles os nomes

dos países (ou, como são muitos, apenas os nomes dos países ou re-giões que serão citados no livro). Antecipe que alguns desses locais aparecerão nas histórias.

Durante a leitura:

1. Durante todo o tempo que durar a leitura do livro, deixe o

mapa exposto num painel na classe. Encarregue oito voluntários para pregar, na região referente a cada uma das oito histórias, o título escrito num cartão. Se não for possível pregar diretamente no mapa, providencie uma cópia simples (basta que tenha o contorno do continente e dos países africanos) e cole-a no painel.

2. Peça aos alunos que leiam as histórias anotando as referências

a elementos africanos, ou seja, a tudo aquilo que indica que estamos lendo uma história que se passa na África: os animais, os nomes pró-prios de pessoas, de deuses e de países, os ambientes geográficos, como savana, por exemplo.

Depois da leitura:

1. Dê aos alunos espaço para que comentem livremente suas

impressões sobre as histórias lidas. De qual delas eles gostaram mais? Qual a mais divertida? Acharam algumas coisas estranhas ou absurdas? Proponha que elejam um colega para ser o contador de uma das histórias.

2. Dê seqüência ao painel da África. Escrevam juntos, nos cartões

com os títulos dos contos, os elementos africanos referentes a cada um, anotados durante a leitura.

3. Aproveite e comente os nomes próprios que apareceram nas

histórias. São diferentes dos nomes em português? Que letras apare-cem que não são comuns em nossa língua? Se quiser, comente que, em alguns países da África (Angola, Moçambique), fala-se português porque foram colonizados pelos portugueses.

4. Peça aos alunos que examinem as ilustrações que Fernando

Vilela criou para o livro:

a) Chame atenção para o fato de que o ilustrador só trabalha com o laranja, o preto e o branco.

b) Peça que localizem ilustrações em que ele usa mais o laranja, o preto ou o branco.

c) Em quais ilustrações Fernando Vilela trabalha com a linha do horizonte separando chão e céu? Que cores representam o chão? Que cores representam o céu?

d) Observe as diferentes maneiras com que o ilustrador cria as personagens: imagens em que há só uma silhueta preta, outras em que há uma espécie de contorno isolando a figura do fundo etc.

e) Estimule as crianças a brincar com diferentes materiais para levantar hipóteses sobre eventuais técnicas artísticas empregadas pelo ilustrador: dobrar e picotar papel de seda para construir figu-ras, recortar figuras em papel e aplicá-las sobre diferentes fundos, recortar figuras em papel e desenhar sobre elas etc.

f) Finalizada a exploração, volte a apreciar as ilustrações de Fer-nando Vilela e converse com a turma a respeito delas.

5. Comente com os alunos as três tarefas da primeira história e os

estratagemas da aranha Ananse. Organize a classe em duplas e pro-ponha que cada aluno apresente ao colega três tarefas bem difíceis (realísticas ou absurdas, estamos no mundo da imaginação!) e que o colega escreva, em resposta, como poderia cumpri-las.

6. O chacal da terceira história tem muitos pontos em comum

com a raposa das fábulas de Esopo, conhecida pela sua astúcia; já o leão se parece com a onça das fábulas brasileiras; o burro, da quarta história, também é personagem recorrente das fábulas de todo o mundo. Cada animal tem algumas características salientadas: a es-perteza, a arrogância, a humildade. Proponha que cada aluno leve para a classe uma fábula de animais e que, comparando-as, faça um levantamento do que cada animal costuma simbolizar.

7. Proponha aos alunos que pesquisem sobre os animais da

Áfri-ca. Nas histórias apareceram alguns que não existem no Brasil: gnu, chacal, hiena, leão. Uma sugestão é montar um painel com a foto ou o desenho desses animais, assim como um pequeno relatório sobre os dados pesquisados.

8. Para conhecer ainda melhor o ambiente das histórias, organize

uma sessão de filmes sobre a África. Sugestões:

• Os deuses devem estar loucos I (Botswana, 1981, direção de Jamie Uys) –– comédia que mostra, de modo divertido, alguns aspectos do choque entre as culturas americana e africana.

• Os deuses devem estar loucos II (Botswana, 1982, direção de Jamie Uys) –– evidencia a sabedoria e os costumes dos aborígenes do deserto do Kalaari.

• África dos meus sonhos (EUA/Inglaterra, 2000, direção de Hugh Hudson) –– emocionante história de uma mulher e seu filho nas selvas africanas.

9. Releia com a turma a introdução do livro. Observem que o autor

chama a África de mãe África. Comente que essa expressão, além de se referir ao fato de que a humanidade parece ter tido origem

na África, no caso do Brasil, refere-se também à nossa cultura, em muitos pontos influenciada pela cultura africana, principalmente na música, na dança, nas festas religiosas, na alimentação etc. Proponha um estudo sobre a cultura africana. Com os resultados da pesquisa, os alunos poderão montar um grande painel ou uma exposição so-bre a África. Todos podem contribuir, trazendo roupas, objetos de decoração, comidas típicas, CDs de música etc.

LEIA mAIS... 1. DO mESmO AUTOR

• Contador de histórias de bolso –– Brasil –– São Paulo, Moderna • O senhor do bom nome –– São Paulo, Cosac Naify

• Isso não é brinquedo! –– São Paulo, Scipione

• Narrativas preferidas de um contador de histórias –– São Paulo, DCL

• O pó do crescimento e outros contos –– São Paulo, Martins Fontes

2. SObRE O mESmO ASSUnTO

• A semente que veio da África –– Heloísa Pires de Lima, São Paulo, Salamandra

• Bia na África –– Ricardo Dreguer, São Paulo, Moderna

3. SObRE O mESmO gÊnERO

• Cultura da terra –– Ricardo Azevedo, São Paulo, Moderna • Contos e lendas afro-brasileiros –– Reginaldo Prandi, São Paulo. Cia. das Letras.

• Os príncipes do destino –– Reginaldo Prandi, São Paulo, Cosac Naify

Contador de histórias de bolso –

África

texto: iLan Brenman

ilustrações: Fernando viLeLa

Referências

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