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GESTAR GESTÃO AMBIENTAL RURAL PORTAL DA AMAZÔNIA

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TERRITÓRIO PORTAL DA AMAZÔNIA

PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL

DO TERRITÓRIO PORTAL DA AMAZÔNIA

Instituto Centro de Vida

(3)

Sumário

1- Contextualização do Território Portal da Amazônia ... 4

2-Trabalhos realizados pelo Gestar/CEAAF ... 6

3- Contextualização do Plano de Gestão Ambiental Rural ... 7

3.1 Processo de construção do Plano de Gestão Ambiental Rural do Território Portal da Amazônia. ... 7

3.2 Principais Diretrizes do Plano de Gestão Ambiental Rural ao Território .... 9

3.2.1-Diretrizes do PGAR consolidado pelos atores no seminário: ... 9

3.2.2- Diretrizes do PGAR consolidadas na qualificação técnica: ... 10

4- Diagnóstico das APPs degradadas do Território Portal da Amazônia ... 12

5- Plano de Recuperação de Áreas Degradadas do Território ... 15

Projeto Piloto – Município de Colíder ... 17

6- Considerações ... 23

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1- Contextualização do Território Portal da Amazônia

1

Um território é uma unidade geográfica que pode ser definida de diversas formas. Nesse documento usaremos a definição referendada pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Segundo o NEAD, o território é um espaço físico geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como ambiente, economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população, com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente, por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam coesão social, cultural e territorial.

O Território Portal da Amazônia (TPA) foi definido nesse âmbito, e passou a ser incorporado como Território pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), através da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, e pelo Ministério Desenvolvimento Agrário (MDA), através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial, em 2003. Ambos os ministérios se articularam e promoveram o apoio institucional ao Território Portal da Amazônia, sendo o Projeto Gestar Portal da Amazônia, um dos executores das ações de gestão ambiental territorial.

O Território está localizado no extremo norte do estado de Mato Grosso, na área de influência da rodovia BR-163. Faz divisa com o território do Baixo Araguaia pelo Leste, com os municípios da região Noroeste do estado, com o centro-norte de Mato Grosso ao sul e com o Estado do Pará ao Norte. É formado por 16 municípios: Alta Floresta, Apiacás, Carlinda, Colíder, Guarantã do Norte, Marcelândia,

Matupá, Nova

Bandeirantes, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Nova Santa Helena, Novo Mundo, Paranaíta, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. Sua área total é de 109.781 quilômetros quadrados, o que corresponde a mais de 14% da área do estado (equivalente em área ao Estado de Santa Catarina) (Figura 1).

Figura 1- Localização do Território Portal da Amazônia Fonte: ICV

O Território possui um total aproximado de 264 mil habitantes, o que corresponde a cerca de 9,4% da população residente no estado. Portanto, apresenta densidade demográfica baixa, de 2,4 habitantes por quilômetro quadrado, próxima da média da região da Amazônia (IBGE, 2007).

1 Texto contido no documento AAI - Avaliação Ambiental Integrada do Território Portal da Amazônia.

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O Território se articula em torno de três pólos urbanos principais: Alta Floresta (maior centro populacional e econômico do Território), Colíder e Guarantã do Norte. Estes municípios concentram grande parte da infra-estrutura e serviços e das decisões políticas no Território.

A população no Território cresceu de forma acentuada entre as décadas de 1970 e 1980, registrando taxas médias de crescimento de 85%. Os fatores que provocaram esse aumento populacional foram: a construção da rodovia federal BR 163 (Cuiabá – Santarém); os projetos de colonização, de iniciativa privada e pública; o baixo preço da terra agricultável; e os programas federais de incentivos fiscais e de desenvolvimento regional.

Já se sucederam várias fases na breve história da ocupação desse território. Após o primeiro período da colonização, marcado pelos projetos de implantação dos cultivos agrícolas, com destaque para o café, ocorreu na década de 1980 uma verdadeira corrida ao ouro, que provocou o surto de crescimento populacional.

Com o fim do garimpo no início da década de 1990 houve um êxodo populacional em grande parte do Território e a população que permaneceu se estabeleceu como agricultores e como mão-de-obra nas indústrias de madeira. Desde então, a população do Território passou a crescer em um ritmo menor. Os municípios de Carlinda, Terra Nova do Norte e Peixoto de Azevedo registraram até fortes reduções na população de 1996 a 2004. Já Alta Floresta registrou um decréscimo populacional de 10,3% entre 1991 e 2000. Essa queda foi relacionada a três motivos principais: a crise do setor madeireiro, tradicional atividade econômica no Território; a substituição da agricultura pela pecuária, atividade muito menos intensiva em termos de mão-de-obra; e a queda das reservas auríferas. Segundo o IBGE, no ano de 2005, o crescimento populacional do Território como um todo foi de apenas 1,06%, uma taxa muito baixa para uma região que ainda pode ser considerada uma frente pioneira. Fica evidente, portanto, que a economia da região, fundamentada no uso dos recursos naturais (madeira e solo), afeta diretamente a dinâmica populacional (MDA,2005).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Território Portal da Amazônia é de 0,736 e está abaixo do valor médio do estado de Mato Grosso e do Brasil, de 0,773 e 0,766, respectivamente. A renda é o principal fator de influência nesse índice, apresentando-se baixa e concentrada, na faixa de 3,9 salários mínimos por chefe de família. A renda da população está relacionada à dinâmica econômica da atividade rural. Os produtores familiares, grande parte da população rural, realizam atividades que, de modo geral, agregam pouco valor à produção devido à deficiência técnica nos sistemas utilizados (MDA, 2005)

É marcante ainda a grande concentração de terras. Segundo o Censo Agropecuário, publicado em 1996, 77% do número de estabelecimentos do Território correspondem a propriedades com menos de 100 hectares. Propriedades com essas dimensões na Amazônia legal, segundo os padrões do INCRA, são consideradas produção familiar. Apesar de ser maioria em número, a soma da área total destes estabelecimentos corresponde a apenas 9,61% da área agrícola do Território. MDA,2005)

Atualmente, a área destinada à produção familiar aumentou em função do número assentamentos criados nestes últimos dez anos. De acordo com o INCRA em 2005 existiam 61 Projetos de Assentamentos oficiais com uma população de para 17.548 famílias no Território, com lotes médios em torno de 63 hectares, que juntos correspondem a 13,35% do total do Estado (MDA, 2005). Em 2007 o número de assentamentos subiu para 83 (INCRA).

O Território Portal da Amazônia tem na atividade agropecuária familiar e patronal seu fator estruturante de ocupação territorial, desencadeado em apenas três décadas. Essa

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ocupação é acompanhada de uma série de conflitos socioambientais, característicos da fronteira agrícola: problemas de regularização fundiária, desmatamento e queimadas intensas, rápida degradação da paisagem natural, gerando a necessidade de convergência numa pauta de desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, existe hoje uma “barreira” de contenção do avanço desta fronteira, caracterizada pela existência de um mosaico de áreas protegidas na altura da Serra do Cachimbo (Parque Estadual e Nacional, Terras Indígenas, área da Força Aérea Brasileira), formando o Corredor de Conservação da Amazônia Meridional.

Essa barreira coloca um limite ao modelo de expansão contínua da fronteira do desmatamento, intensificando ainda mais a necessidade de busca de alternativas econômicas sustentáveis na porção ocupada do Território.

2-Trabalhos realizados pelo Gestar/CEAAF

O Projeto Nacional de Gestão Ambiental Rural (Gestar) é uma iniciativa do MMA, sob coordenação do Departamento de Gestão Ambiental e Territorial (DGAT), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Tem como objetivo difundir e consolidar o desenvolvimento rural sustentável e a justiça ambiental, por meio de ações de motivação, capacitação e engajamento das comunidades, em busca da melhoria da qualidade ambiental e das condições de vida nos Territórios onde atua (MMA, 2006).

As ações do Gestar são desenvolvidas em três âmbitos: Articulação, Intervenção e Comunicação e educação popular. Desde que foi implementado no Território Portal da Amazônia, em 2005, o Gestar já realizou diversas ações que permeiam esses três âmbitos como estudos, diagnósticos, projetos pilotos, apoio à comunicação, entre outros. Algumas dessas principais ações estão listadas a seguir:

• Diagnóstico da atuação de atores nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável dos municípios do Território

• Caracterização social, econômica e ambiental dos assentamentos da reforma agrária no Território Portal da Amazônia

• Produção e distribuição da “Folha Portal da Amazônia - Um jornal a serviço do desenvolvimento sustentável do território” em edições mensais, com o objetivo de difundir práticas de gestão sustentável e catalisar a construção de uma identidade cultural

• Apoio a projetos de Agenda 21, Planos Diretores Participativos e Sistemas de Informações Territoriais em diversos municípios do Território

• Realização de cursos e oficinas de capacitação:

- Sistemas Agroflorestais Sucessionais para agricultores do Território - Gestão Ambiental Territorial Rural para lideranças dos municípios

- Curso de Jovens Mobilizadores Sociais Comunitários do Território Portal da Amazônia

• Desenvolvimento de Projeto Piloto de Desenvolvimento do Associativismo e Cooperativismo

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• Mapeamento e Caracterização das Instituições e das Iniciativas Sustentáveis do Território

• Apoio a eventos com a temática da sustentabilidade envolvendo diversos atores dos municípios do Território

• Elaboração da Avaliação Ambiental Integrada do Território Portal da Amazônia. Outra importante entidade de governança territorial atuante no Portal da Amazônia é o Conselho Executivo de Ações da Agricultura Familiar (CEAAF). O CEAAF é constituído por 85 representantes de instituições atuantes do Território e busca estimular a discussão e a participação dos atores envolvidos com a agricultura familiar sobre temas relacionados ao desenvolvimento sustentável do Território.

O Gestar apóia o CEAAF em suas diversas atividades através da parceria na realização de oficinas e na disponibilização de instrumentos técnicos, como no desenvolvimento do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, onde vêm sendo desenhados os grandes eixos de desenvolvimento do Território.

3- Contextualização do Plano de Gestão Ambiental Rural

Este documento descreve a abordagem adotada na construção do Plano de Gestão Ambiental Rural do Território Portal da Amazônia. Essa construção teve como base as diretrizes apresentadas na Avaliação Ambiental Integrada (AAI) do Território Portal da Amazônia e os resultados do processo de participação dos atores locais.

O PGAR é definido como um plano indicativo de metas que tem o objetivo de orientar as decisões coletivas tomadas pelas comunidades rurais e seus organismos governamentais, para a melhoria da qualidade ambiental e da vida no Território. Dessa forma, o PGAR é um subsídio para que a sociedade utilize as prioridades identificadas e elencadas através das informações geradas pela AAI em suas ações pelo desenvolvimento do Território.

Esse Plano inicia com a descrição de seu processo de construção e segue com o conteúdo dividido em quatro blocos temáticos seqüenciais. O primeiro descreve os resultados obtidos pelo Seminário de construção do PGAR, o segundo traz diagnóstico detalhado da cobertura e uso do solo nas APPS no Território Portal da Amazônia, e por fim, no terceiro bloco trazemos a ação escolhida como prioridade para esse PGAR que é o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas no Território Portal Amazônia, tendo Colíder como município piloto.

A abordagem utilizada na construção do PGAR, foi circunstanciada de acordo com o perfil do Projeto Gestar e a realidade dos atores sociais no território Portal da Amazônia, com o objetivo de servir como um instrumento balizador e estratégico, na promoção de sinergias necessárias para a mitigação dos processos e impactos ambientais existentes no Território como um todo.

3.1 Processo de construção do Plano de Gestão Ambiental Rural do

Território Portal da Amazônia

O Plano de Gestão Ambiental do Território Portal da Amazônia foi construído tendo como base três componentes. A base principal inicial foi compreendida pela AAI e suas diretrizes técnicas, em seguida houve o Seminário sobre a AAI onde ocorreu a validação dos dados pelos atores sociais do Território e a construção do PGAR.

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Nessas etapas foram elencadas as principais questões que deveriam ser tratadas como prioridades nas ações de gestão ambiental do Território. Dentre essas questões uma se destacou pela sua importância estratégica a curto e a longo prazo, que é a necessidade de recuperação de áreas degradadas.

Por esse motivo essa questão foi selecionada para ser detalhada nesse PGAR e a dividimos em dois blocos: no primeiro realizamos um detalhamento mais aprofundado da cobertura e uso do solo das áreas de preservação permanente (APP) do Território e das estratégias e custos para a recuperação das áreas degradadas. No segundo bloco elencamos o município de Colíder, que é um dos que apresenta maior degradação de APPs, para realizar um Plano Piloto de recuperação de APP degradadas.

As etapas de construção do PGAR citadas acima estão listadas a seguir:

I) Seminário de difusão da AAI e Construção do PGAR. Foi realizado no dia 27 de novembro de 2008 e foi destinado aos diversos atores sociais (Prefeituras, gestores públicos, técnicos, coordenadores de Agenda 21), instituições de ensino (escolas, universidades), órgãos de assistência técnica, cooperativas, sindicatos dos trabalhadores rurais, membro do CEAAF- Conselho Executivo de Ações da Agricultura Familiar, ONGs, entre outros do Território. A metodologia básica do seminário contou com a apresentação e discussões das diretrizes delineadas na AAI que serviu de subsídio para os agentes sociais na construção do PGAR. Como forma de facilitação das discussões dos temas foram organizados grupos de acordo com as temáticas centrais da AAI que se referiam aos impactos das atividades humanas no ambiente (desmatamento, fogo, degradação da APP) levando em consideração os aspectos físicos e bióticos do Território. Os grupos discutiram e apresentaram suas contribuições orientados através de um roteiro com as seguintes perguntas dinamizadoras:

i) Quem são os envolvidos nos impactos apresentados? ii) Por que isso acontece? (Causas)

iii) Como podemos fazer diferente? (Alternativas) iv) De que forma viabilizar? (meios de realização)

v) Que ação você poderia realizar/promover e que alcance/abrangência?

vi) Que ação a entidade/instituição que você participa pode realizar /promover e qual o alcance/abrangência?

O resultado dessa etapa da construção está descrito nas temáticas apresentadas no capítulos seguinte, denominado de: Principais Diretrizes do Plano de Gestão Ambiental Rural ao Território.

II) Qualificação Técnica das propostas apresentadas durante o seminário. Essa qualificação foi constituída por uma equipe de diversos profissionais ligados a gestão ambiental do território (geógrafos, biólogos, gestores ambientais e técnicos de SIG). O objetivo desta equipe foi avaliar as questões delineadas no Seminário do PGAR e elencar uma ação prioritária e elaborar um plano para sua execução. A questão priorizada foi o problema da degradação de áreas de preservação permanente (APP) do Território e os produtos gerados pela equipe técnica foram:

• Diagnostico detalhado da degradação das Áreas de Preservação Permanentes no Território (APPs),

• Plano Piloto de Recuperação de áreas degradadas, descrevendo/quantificando os procedimentos, insumos e métodos de recuperação.

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Através desses produtos buscamos agregar o como , onde e de que forma atuar na gestão ambiental do Território através dos focos prioritários de atuação identificados na AAI e no Seminário do PGAR. Dessa forma buscamos garantir que as ações possam ser planejadas pelos atores sociais de forma a priorizar as questões mais críticas.

3.2 Principais Diretrizes do Plano de Gestão Ambiental Rural ao

Território

Como citado no capítulo anterior, nesse item apresentaremos as diretrizes do PGAR em duas fases, primeiramente relataremos as diretrizes apresentadas pelos atores sociais coletadas durante o seminário e em seguida apresentaremos uma qualificação técnica seguindo os temas centrais abordados na AAI quanto aos impactos ambientais das atividades humanas no Território.

3.2.1-Diretrizes do PGAR consolidadas pelos atores no seminário:

Na temática fogo , os atores sociais identificaram os grandes e pequenos produtores rurais, pecuaristas e madeireiros como os envolvidos direto no impacto. A principal causa para o uso do fogo citada foi a necessidade de limpeza da área de plantio, a reforma de pastagens, o controle de pragas e a derrubadas para formação de novas pastagens. As principais sugestões de alternativas destacaram: a sensibilização sobre a alternativas do uso do fogo, a melhoria nas técnicas de queimadas controladas e educação sobre os impactos causados pelo fogo.

Os atores presentes identificaram que suas instituições podem contribuir com a questão através do fortalecimento da cadeia agroecológica do Território Portal da Amazônia, e implementação de programa de controle de biológico por fungos nas pastagens do Território. Uma necessidade identificada foi o fortalecimento da Assistência Técnica –ATES da região.

Quanto à viabilização (meios) os atores sugeriram articular parcerias com as Secretarias Municipais, as ONGs atuantes no território e Ministérios do Governo Federal, Sindicatos, Associações e Ministério Público. Os principais atores sugeridos para contribuírem nesta ação são as diversas Empaer através de assistência técnica – ATES, com palestras nas escolas e associações; os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais na orientação e sensibilização dos agricultores; a Comissão Pastoral da Terra, na mobilização e orientação nos encontros dos agricultores no Território; a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente com orientações, viabilização, mobilização de entidades, palestra e fiscalização; e as ONGs do Território com fortalecimento na conscientização e elaboração de projetos.

Na temática de desmatamento os atores identificaram como envolvidos no impacto, os pecuaristas, agricultores e madeireiros. A causa apontada para esse impacto foi a expansão das atividades econômicas (pecuária, agricultura e aumento da demanda por madeira) e a ausência do estado no cumprimento da legislação ambiental bem como a precariedade na aplicação da legislação.

Como alternativas para essas causas sugeriram incentivar a exploração de madeira através do plano de manejo florestal sustentável; e potencializar as áreas de pastagem existentes no território e produção de alimentos através de SAFs. Como forma de viabilização (meios) foi sugerida a criação de unidades demonstrativas em manejos de pastagem, implantação de SAFs em maior escala no Território, e manejo florestal Sustentável nas florestas existentes do Território.

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Como contribuição elencaram iniciativas na execução de unidades demonstrativas a partir da instituição que estão inseridos( Empaer, STR, ONGs, Cooperativas), a viabilização e implementação de projeto de recuperação de áreas degradadas e sensibilização. Outras ações sugeridas no tema de SAF são a elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas, capacitação de jovens para multiplicar ações junto as comunidades e no tema de manejo florestal são a organização de grupos para intercambio e execução de experiências, bem como atuação como parceiros nas ações de sensibilização ambiental.

Na temática de degradação das APPs no território os atores citaram como envolvidos no impacto os pequenos e grandes produtores, pecuaristas, garimpeiros e governo municipal estadual e federal. Como causas do impacto apontaram a realização de projeto de ocupação sem planejamento adequado da área, área restrita (pequena) para a produção, baixa produtividade do solo, e desconhecimento da lei. Propõe como alternativa, envolvimento do poder publico, criação de políticas públicas voltadas a realidade local, estudos indicativos do potencial (pesquisa de viabilidade), orientação técnica, reorganização do uso do solo, aumento da fiscalização , diversificação da produção e viabilização do banco de sementes.

Para viabilizar os atores propõe definir projetos que auxiliem recuperar as áreas degradadas (financiamento), curso de capacitação em técnicas de recuperação, intercâmbio, troca de experiências e envolvimento dos diversos atores locais e regionais na temática de recuperação das APPs.

Como estratégia de ação os atores presentes no seminário destacaram a necessidade de fortalecer as organizações comunitárias, a elaboração de projetos ambientais e diagnósticos de situação, e atuação como multiplicadores, elaboração de projetos de recuperação de nascentes pelas instituições como Unemat, INCRA, CPT e ONGs, estudo de alternativas para melhorar o saneamento, implementar o programa de saneamento do Vale do Teles Pires e disponibilizar o modelo de agrofloresta existente em Carlinda.

3.2.2- Diretrizes do PGAR consolidadas na qualificação técnica: Controle do desmatamento e queimadas

Como principais causadores da redução da qualidade ambiental algumas das ações sugeridas para a redução dos desmatamentos e queimadas são:

• Difusão de práticas alternativas ao uso do fogo para o manejo de pastagens • Capacitação e contratação de brigadistas nas épocas de maior incidência de queimadas principalmente nos municípios com maior incidência de focos de calor

• Aquisição de aparelhos de combate à incêndios pelos governos municipais • Elaboração de zoneamentos municipais para identificar áreas mais

propícias para a consolidação na produção e as áreas para restringir o desmatamento

• Promoção de atividades de geração de renda para agricultura familiar e assentamentos que estão em áreas ambientalmente frágeis para que seja possível um melhor aproveitamento das possibilidades de produção • Difusão de tecnologias e práticas modernas que permitam a melhoria de

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• Incentivo à diversificação da produção para conter o avanço da fronteira agropecuária nas nos remanescentes florestais do território.

• Valorização da floresta em pé através de mecanismos como a compensação de reserva legal entre propriedades com déficit e as com remanescentes acima dos exigidos por lei.

Consolidação das áreas protegidas

Para que as áreas protegidas continuem desempenhando o papel que desempenham para a conservação, é necessário que sejam consolidadas e geridas adequadamente. Para isso é necessário a:

• Efetivação da regularização fundiária das unidades já criadas através da indenização para proprietários que tem esse direito ou através de mecanismos de compensação de reserva legal através da desoneração pela doação ao Estado de área localizada dentro de unidade de conservação de proteção integral passível de regularização.

• Apoio à educação ambiental e fomento de atividades econômicas alternativas para as comunidades do entorno de unidades de conservação, turismo por exemplo, como forma de garantir a preservação e o envolvimento positivo da comunidade com a unidade.

• Elaboração dos planos de manejo de cada unidade para potencializar a conservação e permitir o correto uso sustentável de acordo com a categoria de uso de cada unidade de conservação.

• Realização de estudos em áreas prioritárias para conservação para analisar o potencial de criação de novas unidades, considerando a situação atual da área.

Recuperação das áreas degradadas

Além do desmatamento que é um dos principais problemas da região, muitas áreas no Território já estão em processo de degradação há muitos anos. Por isso, a estratégia de recuperação dessas áreas degradadas é tão ou mais importante que o controle do desmatamento.

• Definição de áreas prioritárias para recuperação em cada bacia e em cada município selecionadas através de estudos como os apresentados na AAI. Sendo que as áreas de APPS, degradadas do Território Portal da Amazônia,com ênfase nas bacias que ocupam a parte central do Território, como os municípios de Colíder, Nova Guarita e Terra Nova do Norte, • Divulgação da legislação ambiental de forma mais acessível para os

produtores rurais.

• Apoio técnico aos agricultores familiares para recuperação de áreas degradadas utilizando técnicas alternativas que minimizem custos de implantação e possibilitem aproveitamento econômico como sistemas agroflorestais (SAFs)

• Viabilizar oportunidades de acesso a fundos de financiamento e de mercados voluntários de créditos de carbono que subsidiem a recuperação de áreas degradadas, principalmente para agricultores familiares e assentados da reforma agrária

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A recuperação de áreas degradadas em áreas de preservação permanente, será detalhada nos item: Diagnóstico das APPs degradadas do Território Portal da Amazônia, deste documento.

Fomento a atividades florestais e manejo florestal sustentável / reflorestamento

Pelo mesmo motivo citado no item acima, como existem muitas regiões que apresentam grande degradação, é necessário investir também em ações que fomentem o uso sustentado da floresta, como o manejo e atividades que visem o reflorestamento.

• Divulgação e apoio para facilitar o acesso a recursos de fundos que financiam reflorestamento com finalidade econômica, por exemplo, Fundo MT Floresta, Pronaf Florestal.

• Incentivo a atividades de reflorestamento no entorno de unidades de conservação e em bacias consideradas prioritárias para recuperação de áreas degradadas

• Apoio a pesquisas para identificar potenciais e viabilidade de exploração de produtos florestais não-madeireiros como forma de alternativa econômica para regiões com remanescentes florestais

4- Diagnóstico das APPs degradadas do Território Portal da

Amazônia

Conforme identificado pela sociedade no seminário e na avaliação da equipe técnica usando os dados elencados pela AAI, a recuperação das áreas degradadas é a questão prioritária a ser desenvolvida no Plano de Gestão Ambiental do Território. Na Avaliação Ambiental Integrada do TPA já foi publicado um diagnóstico das áreas de preservação permanente, porém apresentaremos uma versão mais detalhada desse estudo que permite identificar com maior profundidade o tema e contribuir melhor para as ações de recuperação.

- Mapeamento detalhado de hidrografia e nascentes

Para uma maior precisão na identificação das áreas de preservação permanente realizamos o mapeamento da hidrografia em uma escala de 1:100.000 (Figura 2). A base de hidrografia oficial disponível até então era a da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA-MT) com a escala de 1:250.000. Nas regiões do Território onde há grandes extensões com cobertura florestal densa não é possível um mapeamento da hidrografia muito preciso, por isso nessas regiões utilizamos a base oficial da SEMA para complementar a nossa. O mapeamento resultou na identificação de 101.514 quilômetros de rios e 41.559 nascentes.

Para a avaliação da degradação de APP no Território foram consideradas somente as mata ciliares, ou seja, as APPs localizadas no entorno de rios, lagos e nascentes. Utilizando a base detalhada com a hidrografia e as nascentes foram delimitados mais de um milhão de hectares de APPs no Território. (Figura 2)

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Figura 2 – Detalhe de imagem de satélite com mapeamento da hidrografia, nascentes e APP. O cruzamento da informação da cobertura e uso do solo com as nascentes identificadas possibilitou analisar a situação de degradação das nascentes do Território. Esse resultado não identifica a cobertura do solo na área de 100 metros de entorno das nascentes, como a legislação exige e sim se refere apenas ao local da nascente. De um total de cerca de 41 mil nascentes, apenas metade delas (cerca de 21 mil) estão em área de floresta (Tabela 1). O restante está degradado e ocupado com vegetação degradada (3,6 mil ou 9%), 9 mil com pastagem ou agricultura (22%) e 19 mil com solo exposto (19%).

Essa situação porém não é homogênea no Território, alguns municípios apresentam maior degradação das nascentes como Carlinda e Nova Guarita, com apenas 22% e 24% de nascentes em área de floresta, respectivamente. Já outros municípios estão em melhor situação como Marcelândia e Matupá que tem 77% e 70% de suas nascentes preservadas em área de florestas, respectivamente.

Tabela 1 – Cobertura e uso do solo nas nascentes, por município do Território

Cobertura e uso do solo nas nascentes

Município Total de nascentes

Floresta Vegetação degradada

Pastagem /

Agricultura Solo exposto

No % No % No % No % Alta Floresta 7.383 3.122 42 290 4 1342 18 2629 36 Apiacás 7.871 5.178 66 1.724 22 126 2 843 11 Carlinda 1.935 427 22 43 22 687 36 778 40 Colíder 1.799 483 27 52 3 512 28 752 42 Guarantã do Norte 681 426 63 31 5 72 11 152 22 Marcelândia 2.014 1554 77 49 2 140 7 271 13 Matupá 1.139 795 70 33 3 118 10 193 17 Nova Bandeirantes 3.093 1271 41 665 22 1.052 34 105 3

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Cobertura e uso do solo nas nascentes Município Total de nascentes Floresta Vegetação degradada Pastagem /

Agricultura Solo exposto

No % No % No % No %

Nova Canaã do Norte 1.164 362 31 25 2 319 27 458 39

Nova Guarita 641 154 24 16 2 270 42 201 31

Nova Monte Verde 2.849 1140 40 111 4 1.283 45 315 11 Nova Santa Helena 832 406 49 22 3 295 35 109 13

Novo Mundo 1.386 712 51 39 3 378 27 257 19

Paranaíta 3.000 1530 51 164 5 1.024 34 282 9

Peixoto de Azevedo 4.024 2805 70 245 6 617 15 357 9 Terra Nova do Norte 1.788 514 29 90 5 808 45 376 21 Total do Território 41.599 20.879 50 3.599 9 9.043 22 8.078 19

- Cobertura e uso do solo em APP

Continuando no detalhamento do diagnóstico, a partir das imagens de satélite geramos uma classificação não-supervisionada para identificar a cobertura e uso das áreas de preservação permanentes. No diagnóstico prévio, contido na AAI, as áreas de preservação foram classificadas apenas em duas classes (degradadas ou não degradadas), utilizando os dados de desmatamento como referência. Nesse estudo realizamos uma classificação mais detalhada e identificamos cinco tipos de classes: floresta, pastagem ou agricultura, solo exposto, e vegetação degradada.

Com essas classes fizemos as quantificações da área de APP com cada tipo de cobertura e uso em todo território e em cada município.

O detalhamento do diagnóstico de APP mostrou que no Território Portal da Amazônia existe mais de um milhão de hectares de APP em torno dos corpos d’água. Desses, cerca de 675 mil hectares (63%) permanecem com cobertura florestal. O restante, cerca de 390 mil hectares (37%), precisa ser recuperado e está ocupado hoje com cerca de 96 mil hectares (9%) de vegetação degradada, 155 mil hectares (15%) de pastagem ou agricultura, 139 mil hectares (13%) de solo exposto (Tabela 2).

Tabela 2 – Cobertura e uso do solo nas APPs, por município do Território Portal da Amazônia

Cobertura e uso do solo nas APPs

Município Total de APP (ha)

Floresta Vegetação degradada

Pastagem /

Agricultura Solo exposto

ha % ha % ha % ha % Alta Floresta 123.764 71.484 58 4.825 4 16.971 14 30.484 25 Apiacás 233.043 163.910 70 45.322 19 3.230 1 20.582 9 Carlinda 33.379 15.353 46 1.056 3 7.382 22 9.589 29 Colíder 39.060 17.543 45 1.514 4 8.435 22 11.569 30 Guarantã do Norte 31.702 17.456 55 1.476 5 3.620 11 9.149 29 Marcelândia 68.362 58.612 86 1.373 2 2.685 4 5.693 8

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Esse resultado mostra a importância de priorizar a recuperação das APPs degradadas no planejamento dos atores do Território. Ao contrário da Reserva Legal, que exige 80% de preservação da área das propriedades, a APP deve ser totalmente preservadas para manter a qualidade dos recursos hídricos. Dessa forma o Território tem mais de 390 mil hectares de áreas de APP que precisam ser recuperadas.

Assim como a degradação das nascentes, a situação das APPs também não é uniforme em todo o Território. Alguns municípios estão em situação mais crítica como Terra Nova do Norte, Nova Guarita e Colíder, que tem apenas 35%, 42% e 45% de APP preservadas respectivamente. Já outros, como Marcelândia e Peixoto de Azevedo apresentam uma porcentagem maior de preservação, 86% e 76% respectivamente.

5- Plano de Recuperação de Áreas Degradadas do Território

Devido à importância e a existência de legislação protegendo as áreas de preservação permanente é necessário que sejam tomadas ações de recuperação para que elas voltem a desempenhar o papel de proteção dos recursos hídricos. Para essa recuperação existem várias etapas que devem ser seguidas e muitos fatores que devem ser observados para que a recuperação seja efetivada com sucesso.

Muitos aspectos teóricos e metodológicos da restauração de matas ciliares estão sendo exaustivamente discutidos e testados nas universidades. Nessa discussão, um dos pontos de quase total consenso é que o sucesso dessas propostas está baseado no efetivo restabelecimento dos processos ecológicos responsáveis pela reconstrução gradual da floresta e que esse restabelecimento depende da presença de elevada diversidade de espécies regionais, envolvendo não só as árvores, mas também as demais formas de vida vegetal, os diferentes grupos da fauna e suas interações com a flora. Essa diversidade pode ser implantada diretamente nas ações de restauração e/ou garantida ao longo do tempo, pela própria restauração dos processos da dinâmica florestal (Rodrigues et al, 2006).

Devido a essa complexidade, algumas etapas são necessárias para o sucesso da recuperação que dependem entre outros fatores, da localização da área. Já existem experiências publicadas que descrevem as etapas necessárias para projetos de

Cobertura e uso do solo nas APPs Município Total de

APP (ha) Floresta

Vegetação degradada

Pastagem /

Agricultura Solo exposto

ha % ha % ha % ha %

Nova Bandeirantes 90.499 46.159 51 19.054 21 22.329 25 2.956 3 Nova Canaã do Norte 41.217 25.527 62 1.117 3 6.512 16 8.062 20 Nova Guarita 13.044 5.495 42 497 4 4.056 31 2.996 23 Nova Monte Verde 58.829 31.357 53 3.234 5 19.379 33 4.859 8 Nova Santa Helena 18.645 10.752 58 710 4 5.136 28 2.048 11 Novo Mundo 48.876 34.451 70 1.766 4 7.860 16 4.799 10 Paranaíta 68.153 43.032 63 3.565 5 16.620 24 4.937 7 Peixoto de Azevedo 122.019 92.366 76 7.475 6 14.969 12 7.209 6 Terra Nova do Norte 33.429 11.847 35 1.774 5 12.942 39 6.866 21 Total do Território 1.065.652 675.157 63 95.900 9 155.687 15 138.907 13

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recuperação na região do Portal, como em Nepstad et al e Junqueira et al. Um resumo das etapas será citado abaixo:

Fonte: Adaptado de Rodrigues et al, Nepstad et al e Junqueira et al

A técnica utilizada e a decisão de executar ou não cada uma dessas etapas variam de acordo com a situação da área, a localização, o entorno, o histórico de ocupação e uso, entre outros. Essa análise e decisão deve portanto ser tomada numa escala menor, com o tamanho máximo de uma micro-bacia ou propriedade.

Outro ponto importante são os custos envolvidos na recuperação. De acordo com a técnica usada e com a situação da área os custos podem variar de cerca de R$500 a cerca de R$5 mil reais o hectare (Nepstad et AL, 2007 e Junqueira et AL, 2006). Como forma de facilitar a estimativa para áreas maiores como um município todo ou o Território, fizemos uma simplificação do cálculo dos custos relacionando com o tipo de cobertura ou uso do solo atuais. Utilizamos como base para os cálculos estudos já realizados para a região feitos pelo Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

As áreas de preservação permanente que estão com solo exposto são as áreas mais difíceis de serem recuperadas, pois necessita uma maior intervenção então o custo estimado de recuperação por hectare é em torno de R$5 mil reais, incluindo custos de plantio de mudas, mão de obra, manutenção e cercamento. Para as APPs que estão em área de agricultura ou pastagem, propusemos a utilização da técnica de implantação de sistemas agroflorestais, incluindo o plantio de sementes e mudas, além do cercamento, que teria um custo estimado de R$ 2 mil reais por hectare. Nas APPs que estão em áreas com vegetação degradada sem a presença de árvores, além do cercamento é necessário complementar a recomposição com plantio de mudas de espécies nativas, que teriam um custo total estimado de R$ 1 mil reais por hectare, incluindo todos os custos de plantio. Para áreas com vegetação degradada com árvores, consideramos que a recuperação pode ser conduzida apenas pelo seu cercamento para impedir a continuidade dos processos degradativos, como a presença de gado, e esse cercamento teria custo estimado de R$ 500 reais por hectare (Tabela 3).

Etapas para a recuperação de áreas degradadas

Isolamento da Área - Cerca, aceiros

Retirada e controle dos Fatores de Degradação

- Gado, agrotóxicos, erosão, carreadores e estrada, fogo, formiga Controle de Espécies Competidoras

- Capim, arbustos, ervas

Enriquecimento/Adensamento/Reflorestamento

- Condução da regeneração natural - Transplante ou introdução de mudas - Semeadura direta ou indireta

- Transferência da serapilheira (folhiço)

- Indução do banco de sementes autóctone e tranferência de alóctone - Introdução de espécies atrativas da fauna, poleiro naturais e

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Tabela 3. Custos estimados da recuperação de áreas degradadas Tipo de APP a recuperar Método de recuperação Custo/ha

Área degradada com árvores Cerca R$ 500

Área degradada sem árvores Cerca + enriquecimento R$ 1.000 Agricultura / Pastagem Cerca + sementes R$ 2.000

Solo exposto Cerca + mudas R$ 5.000

Projeto Piloto – Município de Colíder

Como o Território Porta da Amazônia possui uma área muito extensa (mais de 100 mil quilômetros quadrados), optamos por escolher um município crítico para um piloto de plano de recuperação de áreas permanentes.

Por ser um dos municípios com maior área de preservação permanente degradada fizemos um estudo para identificar as regiões de maior degradação no município e também estimar qual seria o custo de recuperação para o município todo. Colíder está localizado na região central do Território Portal da Amazônia, próximo à rodovia BR-163 (figura 3). Sua extensão total é de 304 mil hectares, com 3,5 mil quilômetros de rios e 1.711 nascentes. Isso possibilitou identificar cerca de 34 mil hectares de APP.

Figura 3 – Localização do município de Colíder

A divisão em sub-bacias resultou na identificação de 114 sub-bacias hidrográficas no que têm, em média, 2,6 mil hectares cada uma. Verificamos, então, para cada uma das sub-bacias identificadas, a situação de cobertura florestal através do resultado da classificação da cobertura e uso do solo.

Como o estudo de uma área menor permite um resultado melhor no diagnóstico através de imagens de satélite refizemos a classificação da cobertura e uso do solo e incluímos mais uma classe para deixar mais detalhada a análise. Essa reclassificação mais focada trouxe valores diferentes dos encontrados na classificação para todo o Território porque foi feita com maior precisão apenas para a área desse município.

Foi feita a divisão das sub-bacias em quatro classes de acordo com a porcentagem de cobertura florestal. O resultado mostra que a maioria das sub-bacias (89%) tem 75%

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ou menos de cobertura florestal(Tabela 4). Como o município se encontra em área do bioma Amazônia, a porcentagem de área sem floresta está bem acima dos níveis permitidos pela legislação (20% segundo o Código Florestal).

Tabela -4. Cobertura florestal por sub-bacia em Colíder Porcentagem de

cobertura florestal No bacias

Área de floresta (ha) 0 a 25% 50 27.412 25 a 50% 33 36.602 50 a 75% 19 21.184 75 a 100% 12 2.118 Total de APP 114 87.317

Para identificar a situação atual das APPs do município cruzamos as informações do mapeamento das APPs e a classificação da cobertura e uso do solo, resultando numa análise de cobertura e uso do solo das APPs (figura 4 ). As represas e rios com largura inferior a 50 metros não foram delimitados, por isso nesses casos a classificação acusou a presença de água em APP. Isso ocorreu em 2.230 hectares no município, que foram desconsiderados da quantidade total de APP, assim como a APP em área coberta por nuvens (50 hectares) resultando em um total de 34.033 hectares de APP identificadas.

Figura 4 – Detalhe de área com diferentes coberturas em APPs

Desses 34 mil hectares que o município possui de APP, 14 mil estão preservados na forma de floresta (40%). Os 20 mil hectares restantes (60%) apresentam cobertura ou uso do solo incompatíveis com as funções que a APP deve desempenhar, devem, então, ser recuperados. Nessa situação estão 10 mil hectares de área degradada com árvores (30%), 3 mil hectares de área degradada sem árvores (11%), 4 mil hectares de pastagem ou agricultura (12%) e 2 mil hectares de solo exposto (6%) (Tabela 5).

Tabela 5. Situação da cobertura e uso do solo nas APP em Colíder -MT Uso do solo em APPs Área total (ha) % APP com cobertura florestal 13.755 40,4

APP a recuperar 20.278 59,6

- Área degradada com árvores 10.367 30,5 - Área degradada sem árvores 3.590 10,5 - Agricultura / Pastagem 4.150 12,2

- Solo exposto 2.171 6,4

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A partir desse resultado fizemos um cruzamento com os dados das sub-bacias que resultou numa análise da situação de preservação de APP para cada sub-bacia do município. Após a quantificação da área de APP a recuperar para cada sub-bacia elas foram divididas em 4 classes de acordo com a área de APP a recuperar. Das 114 sub-bacias de Colíder, 52 apresentam área de APP a recuperar menor que 100 hectares, 36 apresentam área de APP a recuperar entre 10 e 300 hectares, 20 apresentam área de APP a recuperar entre 300 e 500 hectares e 6 apresentam área de APP a recuperar entre 500 e 1.200 hectares (Tabela 6).

Tabela 6. Quantidade de APP a recuperar por micro-bacias em Colíder

Como visto, o Município de Colíder tem cerca de 20 mil hectares de APP para recuperar. Aplicando os custos de recuperação citados no item anterior para cada uso do solo nas APPs degradadas calculamos o custo estimado de recuperação de todas as APPs degradadas do município, que resultou em cerca de R$ 28 milhões. Para obter um resultado do custo de recuperação para cada sub-bacia, aplicamos esse cálculo para cada uma delas e dividimos em quatro classes, de acordo com seu custo de recuperação. Das 114 bacias do município, 54 tem custo de recuperação de até R$150 mil Reais, 32 tem custo entre R$150 mil e R$400 mil, 21 tem custo entre R$400 e R$700 mil e sete tem custo entre R$700 mil e R$1,3 milhões (Tabela 7).

Tabela 7. Custo estimado para recuperação de APP por micro-bacia em Colíder - MT Custo por micro-bacia N de bacias Custo total

Até R$150 mil 54 R$ 1.832.785

R$150 mil a R$400 mil 32 R$ 8.855.988

R$400 a R$700 mil 21 R$ 10.819.400

R$700 a R$1,3 milhões 7 R$ 6.392.101 Total do município 114 R$ 27.900.276

Os resultados dessas análises foram compilados através da produção de mapas que mostram como os resultados estão distribuídos dentro do município. Os mapas produzidos para o município de Colíder foram: malha hidrográfica e divisão das bacias do município, cobertura e uso do solo no município, cobertura florestal por sub-bacia do município, área de preservação permanente degradada por sub-sub-bacia do município e custo de recuperação das áreas de preservação permanente por sub-bacia do município. Os mapas estão em anexo no final desse documento.

Quantidade de APP a recuperar N de bacias Área a recuperar (ha)

Até 100 ha 52 1.207

100 a 300 ha 36 7.391

300 a 500 ha 20 7.424

500 a 1,2 mil ha 6 4.225

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Instituto Centro de Vida – ICV

6- Considerações

Para que o conjunto de informações contido PGAR do Território Portal da Amazônia seja melhor utilizado para subsidiar as ações de atores locais e políticas públicas, é necessário que mais atores sociais além dos atuais envolvidos, se apropriem dessas informações e gerem aprofundamento aos planos e ações que orientem o desenvolvimento das atividades e gestão territorial em direção à sustentabilidade.

Nesse sentido esperamos que os estudos técnicos, diagnósticos e planos ganhem desdobramentos e sejam aplicados na gestão ambiental do Território. Considerando que a área de abrangência do território Portal da Amazônia em sua escala, é relativamente grande, 109.000 Km², é extremamente importante que sejam elencadas estratégias de políticas publicas ainda mais sinérgicas e aprofundadas tanto por parte dos agentes governamentais em suas diferentes escalas quanto pelos atores sociais. Isso para que o desafio da gestão ambiental em todas as suas dimensões (socioeconômica, sociocultural, ambiental, político –institucional) seja concretizado e traga melhoria da qualidade de vida humana e do ambiente natural do Território.

Dessa forma, instrumentos de diagnóstico e de subsídios a exemplo da AAI e do PGAR são pontos fundamentais no planejamento de ações e decisões necessárias a gestão eficiente do Território Portal da Amazônia.

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Bibliografia citada

Bernasconi, P.; dos Santos, R. R.; Micol, L.; Rodrigues, J. A. Avaliação Ambiental Integrada do Território Portal da Amazônia - MT. Alta Floresta: INSTITUTO CENTRO DE VIDA- ICV, 2009.

IBGE. Contagem da População 2007. Rio de Janeiro. 2007. Disponível em:

http://www1.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/contagem.pdf.

Junqueira, R. G. P.; Campos Filho, E. M.; Peneireiro, F. M. Cuidando das águas e matas do Xingu. São Paulo: Instituto Socioambiental - ISA, 2006.

MDA. Estudo Propositivo Território Portal da Amazônia. Desenvolvido pela Fundação Cândido Rondon. Ministério do Desenvolvimento Agrário. 2005.

MMA. Referências conceituais e metodológicas para gestão ambiental em áreas rurais. Caderno GESTAR no 1. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Políticas para o

Desenvolvimento Sustentável. Brasília. 2006.

Nepstad, D.; Carvalho, O.; Carter, J.; Moita, A.; Neum V.; Cardinot, G. Manejo e Recuperação de Mata Ciliar em Regiões Florestais da Amazônia: Série Boas Práticas. Vol.1. Mato Grosso-MT: IPAM, 2007.

Rodrigues, R. R.; Gandolfi, S.; Attanasio, C. M.; Nave, A. M. Adequação Ambiental De Propriedades Rurais - Recuperação de Áreas Degradadas e Restauração de Matas Ciliares. Piracicaba – SP. LERF-ESALQ-USP, 2006.

Referências

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