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Questões da Prova de Direito Civil MPU - Professor Lauro Escobar

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Academic year: 2021

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Acerca da responsabilidade civil, julgue os itens subsecutivos. 81 Caso o paciente morra em decorrência de ter recebido tratamento médico inadequado, a teoria da perda de uma chance poderá ser utilizada como critério de apuração da responsabilidade civil por erro médico, de acordo com entendimento do STJ.

COMENTÁRIOS

CERTO. Segundo vem se posicionando o STJ “A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo médico”. Decidiu-se no Proc.: REsp 1254141 – PR que teve como relator a Ministra Nancy Andrighi, que “admitida a indenização pela chance perdida, o valor do bem deve ser calculado em uma proporção sobre o prejuízo final experimentado pela vítima. A chance, contudo, jamais pode alcançar o valor do bem perdido. É necessária uma redução proporcional”. No caso, a família da vítima ajuizou ação de indenização contra o médico alegando que, durante o tratamento do câncer na mama, ele teria cometido uma série de erros, como falta de recomendação da quimioterapia, realização de mastectomia parcial em vez da radical e falta de orientação para não engravidar. Com o reaparecimento da doença, novamente o tratamento foi inadequado, e houve metástase. Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi afirmou que o STJ vem enfrentando diversas hipóteses de responsabilidade civil pela perda da chance em sua versão tradicional, na qual o agente tira da vítima uma oportunidade de ganho. Segundo a ministra, nos casos em que se discute erro médico, a incerteza não está no dano experimentado, principalmente nas situações em que a vítima vem a morrer. “A incerteza está na participação do médico nesse resultado, à medida que, em princípio, o dano é causado por força da doença, e não pela falha de tratamento”. A ministra destacou que, no caso, a extensão do dano já está definida, e o que resta saber é se esse dano teve como causa também a conduta do réu. “A incerteza, portanto, não está na consequência. Por isso ganha relevo a alegação da ausência de nexo causal. A conduta do médico não provocou a doença que levou a óbito, mas, mantidas as conclusões do acórdão quanto às provas dos autos, apenas frustrou a oportunidade de uma cura incerta”. No julgamento do processo foi exposta a controvérsia acerca do assunto existente entre a doutrina francesa e a americana. Muitos autores franceses entendem que, nas situações em que a conduta adequada do réu teria potencial de interromper um processo danoso, não seria possível aplicar a teoria da perda da chance.

Haveria, nesses casos, um dano conhecido e a necessidade de comprovação da responsabilidade do réu por esse dano. O

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julgamento, assim, teria de ser realizado mediante um critério de tudo ou nada: se o nexo entre a conduta do réu e o dano fosse comprovado, a indenização deveria ser integral. Se o nexo não fosse comprovado, nenhuma indenização seria devida. Nos Estados Unidos, por outro lado, a doutrina, aplicando à hipótese os princípios da análise econômica do direito, vê a chance perdida como uma “commodity” autônoma, passível de indenização. O nexo, assim, seria estabelecido entre a conduta do réu e a perda desse direito autônomo à chance. Contornam-se, com isso, os desafios que a apreciação do nexo causal suscita e toda a dificuldade do trato da questão seria resolvida no âmbito da quantificação do dano.

A Terceira Turma, acompanhando o voto da relatora, posicionou-se no sentido da doutrina americana, reconhecendo a autonomia do dano. Tendo isso em vista, e ponderando todas as circunstâncias do caso, a Turma concluiu que as chances perdidas, por força da atuação do médico, têm conteúdo econômico equivalente a 80% do valor fixado pela sentença e mantido pelo TJ/PR a título de indenização.

82 Ainda que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana, faz-se necessária a comprovação da dor e do sofrimento para a configuração de dano moral.

COMENTÁRIOS

ERRADO. A posição jurisprudencial do STJ é oposta ao que foi afirmado na questão. Vejamos: “Sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana, dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento para configuração de dano moral.” (REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012).

A respeito do direito ao nome, julgue os itens seguintes.

83 Admite-se, após apreciação judicial, a retificação de registro civil para a inclusão de patronímico paterno no final do nome do filho.

COMENTÁRIOS

CERTO. O STJ vem se posicionando no sentido de que é possível a retificação do registro civil para inclusão do patronímico (sobrenome) paterno no final do nome, em disposição diversa daquela constante no registro do pai, desde que não se vislumbre prejuízo aos apelidos de família. Vejamos: “Admite-se, excepcional e motivadamente, após apreciação judicial, a retificação de registro civil para inclusão de patronímico paterno no final do nome do filho, ainda que em ordem diversa daquela constante do nome do pai, se comprovado que tal

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retificação se faz necessária para corresponder, adequadamente, à forma como aquele e sua família são conhecidos no meio social em que vivem” (REsp 1.323.677-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013).

84 O ordenamento jurídico admite a possibilidade da averbação, no registro de nascimento do filho, da alteração do patronímico materno, permitindo, assim, a inclusão do patronímico do padrasto em decorrência de novo casamento da genitora.

COMENTÁRIOS

CERTO. A questão traz o seguinte problema. Uma mulher possui um filho. Este possui o sobrenome de sua mãe (pode ou não possuir o nome do pai). No entanto a mãe se casa com outra pessoa que não é o pai do filho. Com isso ela altera o seu nome, pois acrescentou o sobrenome de seu marido. Pergunta-se: ela pode-se incluir o sobrenome de seu marido ao de seu filho (ou seja, pode ser incluído o sobrenome do padrasto)? Atualmente prevê o art. 57, §8°: O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2° e 7° deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.”

Lembrando que este dispositivo foi acrescentado pela Lei 11.924/09 (chamada de “Lei Clodovil Hernández”). Ela autoriza o acréscimo de sobrenome do padrasto ou madrasta pelo enteado ou enteada, por autorização judicial. É necessário o consentimento do padrasto ou da madrasta. Importante: não implica em efeitos jurídicos, sequer decorrendo direito sucessório ou alimentar. A pessoa que modificou o seu nome, para acrescer o do padrasto ou madrasta, continua a ser filho de seus pais, de quem irá suceder e reclamar alimentos e demais efeitos jurídicos. O fundamento do dispositivo legal é o afeto entre as partes.

Julgue os itens que se seguem, referentes à pessoa jurídica. 85 Conforme entendimento do STJ, em relação à desconsideração da personalidade jurídica, o ordenamento jurídico pátrio adotou a denominada teoria maior da desconsideração.

COMENTÁRIOS

Gabarito Oficial: Certo.

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Isso porque o examinador colocou na questão a expressão “o ordenamento jurídico pátrio adotou a denominada teoria maior da desconsideração”.

Não é bem isso o que ocorre. Na realidade “nosso ordenamento jurídico” adotou as duas teorias. Se o examinador dissesse que o “nosso Código Civil adotou a teoria maior”, a afirmativa realmente estaria correta. E também se o examinador dissesse que o “nosso ordenamento jurídico, em regra, adotou a teoria maior”, também estaria correto. Mas utilizando a expressão geral (ordenamento jurídico) e não se fazendo a ressalva “em regra”, penso que a assertiva ficou errada. E melhor faria se simplesmente anulasse a questão.

Vejamos.

Pela Teoria Maior a desconsideração não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se maior apuro e precisão na constatação dos requisitos legais para a decretação da medida. Se o magistrado entender que houve abuso da personalidade (desvio de finalidade ou demonstração de confusão patrimonial) pode aplicar a desconsideração da personalidade jurídica, usando seu livre convencimento (daí ser subjetiva), desde que o faça de forma bem fundamentada. É a regra geral em nosso sistema jurídico, adotada pelo art. 50 do Código Civil.

Já a Teoria Menor é aquela em que se dispensa um raciocínio mais cuidadoso para a incidência do instituto; é mais fácil de ser aplicada a desconsideração. Não se exige a demonstração do abuso, basta que haja o descumprimento da obrigação. Porém, seu âmbito de aplicação fica restrito ao Direito Ambiental (art. 4° da Lei n° 9.605/1998) e ao Direito do Consumidor (art. 28, §5°, da Lei n° 8.078/1990). Para esta teoria o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas sim pelos sócios e/ou administradores.

Portanto, “nosso ordenamento jurídico” adotou as duas teorias. A regra é que a teoria que vigora é a maior. Mas admite-se a menor. Portanto, deveria o examinador fazer a ressalva em regra. Vejamos uma decisão do STJ a respeito - A regra geral adotada no ordenamento jurídico brasileiro é aquela prevista no art. 50 do CC/02, que consagra a Teoria Maior da Desconsideração, tanto na sua vertente subjetiva quanto na objetiva.

- Salvo em situações excepcionais previstas em leis especiais, somente é possível a desconsideração da personalidade jurídica quando verificado o desvio de finalidade (Teoria Maior

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dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a confusão patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração), demonstrada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios.

Recurso especial provido para afastar a desconsideração da personalidade jurídica da recorrente.” (REsp 970635/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/11/2009, DJe 01/12/2009).

86 A pessoa jurídica pode sofrer dano moral nos casos de violação à sua honra subjetiva.

COMENTÁRIOS

ERRADO. A jurisprudência admite de forma maciça a possibilidade da pessoa jurídica pode sofrer dano moral (Súmula 227, STJ). No entanto, esta possibilidade fica restrita às hipóteses de ferimento à sua honra objetiva, isto é, ao conceito que esta pessoa jurídica goza no meio social. A

honra subjetiva manifesta-se na vítima,

considerando-se considerando-seus padecimentos internos (dor, angústia, tristeza, sofrimento,

insônia etc.).

Quanto às pessoas jurídicas ou morais, estas se aproveitam apenas do

atributo honra objetiva. Como já se disse, a honra subjetiva é um atributo

íntimo e o ente jurídico subsiste apenas virtualmente, não dispondo de

sentimentos internos próprios.

A propósito, vejamos uma decisão do STJ a respeito.

“DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA. HONRA OBJETIVA. VIOLAÇÃO. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral, mas apenas na hipótese em que haja ferimento à sua honra objetiva, isto é, ao conceito de que goza no meio social. Embora a Súm. n. 227/STJ preceitue que “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”, a aplicação desse enunciado é restrita às hipóteses em que há ferimento à honra objetiva da entidade, ou seja, às situações nas quais a pessoa jurídica tenha o seu conceito social abalado pelo ato ilícito, entendendo-se como honra também os valores morais, concernentes à reputação, ao crédito que lhe é atribuído, qualidades essas inteiramente aplicáveis às pessoas jurídicas, além de se tratar de bens que integram o seu patrimônio.” (REsp 1.298.689-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 23/10/2012).

Em relação aos negócios jurídicos, julgue os seguintes itens. 87 A invalidade do instrumento induz à invalidade do negócio jurídico, mesmo que este possa ser provado por outro meio.

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COMENTÁRIOS

ERRADO. Incorreto. Estabelece o art. 183, CC: A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.

88 Salvo se a lei dispuser em contrário, a escritura pública é essencial à validade do negócio jurídico que vise à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóvel de valor superior a trinta vezes o salário mínimo vigente.

COMENTÁRIOS

CERTO. Estabelece o art. 108, CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Referências

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