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O Primeiro Ciclo da Borracha

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Academic year: 2021

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O Primeiro Ciclo da Borracha

1850-1912

A Hevea Bralisiensis (nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias religiosas.

Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros utensílios para o seu dia-a-dia.

Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podia ser feito, borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas etc...

Precisamente no ano de 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização que consistia em misturar enxofre com borracha a uma temperatura elevada ( 140º /150º) durante certo número de horas, Com esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes comuns ou óleos,

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Com o processo de vulcanização, as primeiras fábricas de beneficiamento de borracha e com a indústria automobilística surgindo nos Estados Unidos ( Henry Ford- carros Ford T-20) possibilitou o crescimento da produção de borracha nos seringais amazônicos. A região amazônica era uma área privilegiada por ter diversos seringais.

Apesar desse surto econômico favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a extração do látex, a falta de mão-de-obra, o que foi solucionado com a chegada à região de nordestinos ( Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877 e, com o sonho de enriquecer e voltar para o nordeste.

A grande maioria cometeu um ledo engano, pois encontraram uma série de dificuldades como: Impaludismo ( Malária), índios e , sobretudo, a exploração dos seringalistas, o que impossibilitou a concretização deste sonho.

Em relação ao número de nordestinos que vieram para a Amazônia brasileira, há uma divergência entre os diversos historiadores amazônicos. Alguns chegam a escrever que vieram 300.000 nordestinos e outros, 150.000 nordestinos nesse ciclo.

A exploração dos seringalistas sobre o seringueiro é evidente neste período. Os seringalistas compravam das Casas Aviadoras, sediadas em Belém do Pará e Manaus os mantimentos para os seringais e, pagavam a essas casas, com a produção de borracha feita pelos seringueiros, que, por sua vez, trabalhavam exaustivamente nos seringais para poder pagar sua dívida contraída nos barracões dos seringais.

Os seringueiros dificilmente tinham lucro, porque eram enganados pelo gerente ou pelo seringalista, esse sim, obtinha lucro e gastava o dinheiro em Belém do Pará, Manaus ou Europa.

Os seringais amazônicos ficavam às margens de rios como: Madeira, Jaci-Paraná, Abunã, Juruá, Purus, Tapajós, Mamoré, Guaporé, Jamary etc...

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Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou 70.000 sementes de seringueiras da região situada entre os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Mais de 7.000 sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para o Ceilão e Malásia.

Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a contar com um grande número de mão-de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já nom ano de 1900.

Gradativamente, a produção asiática vai superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais de crise, culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira.

Para a economia brasileira , este ciclo teve suma importância nas exportações, pois em 1910, a produção de borracha representou 40 % das exportações brasileiras.

Para a Amazônia, o 1º Ciclo da Borracha foi importante pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém do Pará e Manaus.

Economia

- Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus.

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- O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar 25% da exportação do Brasil.

- Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.

Sistema de Aviamento

- Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR= fornecer mercadoria a alguém em troca de outro produto.

- O Escambo era usual nas relações de troca - as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem a intermediação do dinheiro.

- Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo fornecimento das passagens.

- Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessários à produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado. Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão.

"O sertanejo emigrante realiza ali, uma anomalia, sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem que trabalha para escravizar-se". Euclides da Cunha.

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Sociedade

(Seringalista x Seringueiro)

Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.

Barracão: sede administrativa e comercial do seringal. Era onde o seringalista morava.

Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do seringueiro e as "estradas" de seringa. Um seringal possuía várias colocações.

Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pélas de borracha para o barracão.

Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.

Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida amazônica.

Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.

Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pélas de borracha.

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Caixeiro: Coordenava os armazéns de viveres e dos depósitos de borracha.

Comboieiros: responsáveis de levar as mercadorias para os seringueiros e trazer a borracha ao seringalista.

Mateiro: identificava as áreas da floresta que continha o maior número de seringueiras.

Toqueiro: Abriam as "estradas".

Caçadores: abastecia o seringalista com carne de caça.

Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.

Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que os do barracão.

Adjunto: Ajuda mútua entre os seringueiros no processo produtivo.

- Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.

- Os seringueiros eram, em sua maioria, analfabetos;

- Predominância esmagadora do sexo masculino.

- A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.

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Crise (1913)

- Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry Wichham.

- As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa.

- A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas, possibilitando um aumento produtivo com custos baixos.

- A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.

- Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica (39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.

- Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.

- Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.

- As normas rígidas do Barracão se tornaram mais flexíveis. O seringueiro passou a plantar e a negociar livremente com o regatão.

- Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste.

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Consequências

- Povoamento da Amazônia.

- Genocídio indígena provocado pelas "correrias", ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os nativos de suas terras.

- Povoamento do Acre pelos nordestinos;

- Morte de centenas de nordestinos, vítimas dos males do "inferno verde".

- Revolução Acreana e a conseqüente anexação do Acre ao Brasil (1889-1903);

- Desenvolvimento econômico das cidades de Manaus e Belém;

- Desenvolvimento dos transportes fluviais na região amazônica;

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especializando em linguística e literatura da Amazônia. É professor de História do Universo Pré-Vestibular no Acre.

GLOSSÁRIO

Casa Aviadoras: Casa Comerciais que forneciam mercadorias aos seringalistas. Geralmente situadas em Belém do Pará e Manaus.

Barracão: Sede administrativa do seringal, onde morava o gerente ou o dono do seringal. A borracha colhida pelos seringueiros era trazida para este local e, os seringueiros compravam os gêneros de que necessitavam.

Seringal: Espaço geográfico onde existem seringueiras de onde se extraía a goma elástica ( Látex).

Seringalista: Dono do seringal que explorava o trabalho do seringueiro.

Colocação: Local onde morava o seringueiro.

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Manso: Seringueiro que sabia extrair o látex .

Referências

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