UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM MEDICINA DO TRABALHO
JAMHAR AMINE DOMIT FILHO
HIPOVITAMINOSE D EM TRABALHADORES DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
CURITIBA 2014
JAMHAR AMINE DOMIT FILHO
HIPOVITAMINOSE D EM TRABALHADORES DA INDUSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Artigo apresentado a Especialização em Medicina do Trabalho, do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à conclusão do Curso.
Orientador: Prof. Dr.Dante Lago
CURITIBA 2014
Resumo
Realizou-se um estudo transversal em trabalhadores de uma indústria automobilística situada na região metropolitana de Curitiba - PR, objetivando avaliar a prevalência e incidência de hipovitaminose D em seus funcionários . Mediram-se os níveis séricos da vitamina D em 2.899 trabalhadores, associando estes , a parâmetros como sexo, idade, função e turno de trabalho. Os resultados demonstraram alta incidência de hipovitaminose D, aproximadamente 2/3 da população estudada . Também observou-se que essas alterações foram mais prevalentes em mulheres e funcionários com idades acima dos 50 anos .
Palavras-chave: VitaminaD ; Hipovitaminose D ; industria automobilística;
Abstract
A cross-sectional study was conducted among workers from an automobile industry in the metropolitan region of Curitiba to evaluate the prevalence and incidence of hypovitaminosis D in their employees. It was measured the levels of serum vitamin D in 2,899 workers, associating these by sex, age, function and work shift. The results showed a high incidence of hypovitaminosis D in approximately 2/3 of the population studied. It was also noted that these changes were more prevalent in women and employees aged over 50 years.
Introdução
Atualmente, as empresas vem implementando em seus exames periódicos a dosagem da vitamina D , cuja deficiência foi relacionada na infância com o raquitismo , tem papel fundamental no desenvolvimento e na manutenção do tecido ósseo, bem como pela manutenção da homeostase normal do cálcio e do fósforo. Contudo , evidências recentes sugerem o envolvimento dessa vitamina em processos metabólicos vitais, como: diferenciação e proliferação celular, secreção hormonal e sistema imunológico. A deficiência severa de vitamina D em adultos pode promover osteomalacia, doença caracterizada por falta de mineralização óssea e manifestada clinicamente por dor óssea, fraqueza muscular, maior risco de quedas e fraturas. Sua insuficiência e deficiência podem desencadear hiperparatireoidismo secundário, situação evidenciada por elevados níveis de hormônio da paratireóide (PTH) que promove retirada de cálcio do osso com consequente fragilidade óssea e risco maior de fratura.
A vitamina D é um secosteroide sintetizado na pele por ação da radiação ultravioleta, podendo também ser ingerida na alimentação .Os níveis de vitamina D são determinados por inúmeros fatores extrínsecos como : tempo de exposição solar, área geográfica (latitude),estação do ano, uso de bloqueadores solares, tipos de roupa, determinados medicamentos e alimentação. Regiões com clima predominantemente nublado e frio tendem a apresentar maior incidência de casos de hipovitaminose. . Negros necessitam de 3-5 vezes mais exposição ao sol que brancos para produzirem as mesmas quantidades de vitamina D. As necessidades de vitamina D são de 600 UI/dia para pessoas de 1-70 anos o que resulta em níveis séricos acima de 20 ng/mL, desde que haja um nível mínimo de exposição ao sol .
Óleo de fígado de bacalhau ...400–1.000 UI/1colher de chá (D3)
Salmão fresco selvagem ...600–1.000 UI/100 mL (D3) Salmão fresco criado em cativeiro...100–250 UI/100 mL (D3, D2)
Salmão enlatado ...300–600 UI/100 mL (D3) Sardinhas em lata ...300 UI/100 mL (D3) Cavala em lata... 250 UI/100 mL (D3) Atum em lata ...236 UI/100 mL (D3) Cogumelos shitake frescos ...100 UI/100 mL (D2) Cogumelos shitake secos...1.600 UI/100 mL (D2) Gema de ovo...20 UI/unidade (D3,D2) Alimentos ricos em Vitamina D
Obs: A ingesta de dois copos de leite fortificado ( com adição de vitaminas ) diariamente , supre adequadamente as necessidades de vitamina D.
Objetivo
O objetivo principal do estudo é estimar a incidência e a prevalência de hipovitaminose D em trabalhadores da indústria automotiva , observando a influencia ou não de fatores como sexo , idade , turno e função na qual trabalha.
Resultados
Os resultados demonstrados a seguir , representam todos os trabalhadores da fábrica sem distinção de turno.
EFETIVO TOTAL
Grafico acima representa o efetivo total de 2.899 pessoas , sendo 2.467 homes e 432 mulheres. 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Total Homens Total Mulheres Total Efetivo 85%
15%
100%
Total de exames alterados na amostra.
TRABALHADORES DO SEXO MASCULINO
Total de trabalhadores do sexo masculino
0% 20% 40% 60% 80%
Exames Normais Exames alterados
32% 68%
Total de Exames
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%Homens Normais Homens Alterados 33%
67%
Faixa etária dos trabalhadores
Percentual de trabalhadores com alteração / faixa etária
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Idade entre 17 - 22 Idade entre 23 - 28 Idade entre 29 - 34 Idade entre 35 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 62 1% 10% 28% 26% 15% 11% 6% 4%
Relação Total de Idade
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Idade entre 17 - 22 Idade entre 23 - 28 Idade entre 29 - 34 Idade entre 35 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 62 73% 66% 65% 67% 69% 67% 71% 79%
TRABALHADORAS DO SEXO FEMININO
Total de trabalhadoras do sexo feminino
Faixa etária das trabalhadoras
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Idade entre 17 - 22 Idade entre 23 - 28 Idade entre 29 - 34 Idade entre 35 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 62 2% 16% 31% 24% 16% 7% 3% 2%
Relação de Total de Idade
0% 20% 40% 60% 80%
Mulheres Normais Mulheres Alterados 27%
73%
Percentual de trabalhadoras com alteração / faixa etária
TRABALHADORES DO SEGUNDO TURNO 17:00HS - 01:30HS
Total de exames alterados na amostra.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Idade entre 17 - 22 Idade entre 23 - 28 Idade entre 29 - 34 Idade entre 35 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 62 56% 72% 72% 71% 77% 73% 85% 88%
Relação de Total de alterados/Idade
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Exames Alterados Exames Normais Total de Exames
60%
40%
100%
Segundo turno de trabalho: total de 537 funcionários , sendo 493 homens e 44 mulheres
Total de trabalhadores do sexo masculino do 2° turno
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total de Funcionários Feminino Total de Funcionários Masculino 8%
92%
Total de Funcionários no 2º Turno
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Total de Exames Alterados Total de Exames Normais 59% 41%
Faixa etária dos trabalhadores do 2° turno
Percentual de trabalhadores com alteração / faixa etária 2° turno 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Idade entre 20 - 25 Idade entre 26 - 30 Idade entre 31 - 35 Idade entre 36 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 60 3% 16% 29% 20% 14% 9% 5% 3% Relação de Total de Idade
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Idade entre 20 - 25 Idade entre 26 - 30 Idade entre 31 - 35 Idade entre 36 - 40 Idade entre 41 - 45 Idade entre 46 - 50 Idade entre 51- 55 Idade entre 56 - 60 75% 58% 62% 58% 58% 55% 54% 75% Relação de Total de alterados/Idade
Total de trabalhadoras do sexo feminino do 2° turno
Faixa etária das trabalhadoras do 2° turno
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Total de Exames Alterados Total de Exames Normais 66% 34%
Total de Funcionários Alterados - 2º Turno Feminino
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Idade entre 20 -25 Idade entre 26 -30 Idade entre 31 -35 Idade entre 36 -40 Idade entre 41 -45 Idade entre 46 -50 3% 14% 38% 24% 14% 7% Relação de Total de Idade
Percentual de trabalhadoras com alteração / faixa etária 2° turno
Funções com maior número de exames alterados 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Idade entre 20 -25 Idade entre 26 -30 Idade entre 31 -35 Idade entre 36 -40 Idade entre 41 -45 Idade entre 46 -50 100% 50% 73% 64% 67% 67%
Relação de Total de alterados/Idade
0 50 100 150 200 250 300 283 193 157 154 90 75 69 57 56 54
Conclusão
Através deste trabalho , concluímos que a hipovitaminose D tem uma grande incidência na população estudada, sendo mais prevalente em funcionários com idades acima dos 50 anos e trabalhadoras do sexo feminino. O turno no qual o funcionário trabalha não teve papel determinante no aumento do número de pessoas afetadas.
O valor de 68% de exames alterados pode ser atribuído a diversos fatores como condições climáticas da região na qual é localizada a fábrica , também ao padrão alimentar dos trabalhadores.
Portanto, afim de diminuir a probabilidade dos funcionários adoecerem por patologias ligadas à hipovitaminose D ,faz se necessário a suplementação da vitamina D , juntamente com orientações nutricionais e de hábitos de vida .
Referencias bibliográficas
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