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5ª Região Eclesiástica IGREJA METODISTA

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IGREJA METODISTA

5ª Região Eclesiástica

Comissão de Justiça Biênio 2014-2015

Prezado Sr. Presidente da Mesa do 42º Concílio Regional,

Revmo. Bispo Adonias Pereira do Lago. Prezados/as irmãos e irmãs conciliares, Graça e paz!

A Comissão Regional de Justiça, composta pelos seguintes irmãos e irmã eleitos no 41º Concílio Regional desta Região: Rev. Claudeci Pereira de Souza, Dr. Euler de Oliveira Alves de Souza Filho, Rev. Osvaldo Elias de Almeida, Oady Aredes Junior e Dra. Terezinha Varela, em cumprimento às determinações dos Cânones da Igreja Metodista, apresenta ao plenário do 42º Concílio Regional da 5ª Região Eclesiástica o presente relatório, referente ao biênio 2014-2015.

Agradecemos ao Pai que sempre nos sustentou e pela Sua Graça levou-nos, a cada reunião e decisão, sempre ao bom êxito, o qual seja apaziguar o coração da amada Igreja Metodista de nossa 5ª Região Eclesiástica.

A todos os/as irmãos/ãs conciliares, o nosso agradecimento pela confiança em nós depositada e o nosso desejo de bênção e de paz.

Fraternalmente em Cristo.

Rev. Osvaldo Elias de Almeida Presidente

1 – REUNIÃO

A Comissão Regional de Justiça esteve reunida nas dependências da Sede Regional da 5ª RE, situada à Rua Padre Anchieta, 229 – Vila Ercília – São José do Rio Preto/SP, no dia 22 de outubro de 2015, em reunião ordinária, para confirmar as decisões do biênio 2014-2015 tomadas por meio eletrônico, conforme preceitua o artigo 35 do Regimento Interno desta Comissão.

2 – SENTENÇAS E DECISÕES

Autos nº 01/2014 – Consulta de Lei sobre o

Regimento Regional

Consulente: Marcos Neri da Mata

EMENTA: Consulta sobre o Regimento Regional.

Participação na CODIAM (Coordenação Distrital de Ação Missionária) do Superintendente da Sub-Região Missionária, com direito a voz e voto e à quebra da paridade existente entre clérigos/as e leigos/as. O artigo 82 dos Cânones da Igreja Metodista estabelece que os membros eleitos pelo Concílio Distrital para a CODIAM respeitam o que estabelece o Regimento Regional, portanto não se vislumbra conflito legal (quebra de paridade) o fato de o Superintendente da Sub-Região contar com o direito de voz e voto nos assuntos atinentes à CODIAM. DECISÃO

UNÂNIME.

Autos nº 02/2014 – Consulta de Lei sobre

Maçonaria

RECURSO EX OFFÍCIO – 08/2014 - CGCJ

Consulente: Rev. José Martins de Oliveira

Submetida à Consulta de Lei ao Pleno da Comissão Regional de Justiça da 5ª Região, foi prolatada a seguinte decisão:

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42º CONCÍLIO REGIONAL

EMENTA DE JULGAMENTO: CONSULTA

DE LEI. MEMBRO DA IGREJA METODISTA SE TORNAR MAÇOM. INCOMPATÍVEL COM A LEGISLAÇÃO DA IGREJA. NO CASO DA NÃO RENÚNCIA, PASSÍVEL DE AÇÃO DISCIPLINAR. IGUAL ENTENDIMENTO SE MEMBRO DA CLAM. AFASTAMENTO IMEDIATO. PARA MEMBRO MAÇOM COM VÍNCULO ANTERIOR, APLICA-SE O PREVISTO NO DISPOSITIVO CANÔNICO QUE TRATA SOBRE IMPEDIMENTO. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. CRITÉRIO DA EQUIDADE. MEMBRO METODISTA MAÇOM. CASO SINGULAR.

De forma que voto pela confirmação da decisão da CRJ 5ª RE, ressalvando apenas a seguinte

mudança na redação da Ementa de Julgamento, nos seguintes termos:

EMENTA DE JULGAMENTO: CONSULTA

DE LEI. MEMBRO DA IGREJA METODISTA SE TORNAR MAÇOM. INCOMPATÍVEL COM A LEGISLAÇÃO DA IGREJA. NO CASO DA NÃO RENÚNCIA, PASSÍVEL DE AÇÃO DISCIPLINAR. IGUAL ENTENDIMENTO SE MEMBRO DA CLAM. AFASTAMENTO IMEDIATO. PARA MEMBRO MAÇOM COM VÍNCULO ANTERIOR, APLICA-SE O PREVISTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 239 DOS CÂNONES 2012/2016.

Paulo da Silva Costa Relator

DEMAIS VOTOS: OS DEMAIS

INTEGRANTES DA CGCJ

ACOMPANHARAM O VOTO DO RELATOR, COM EXCEÇÃO DOS REPRESENTANTES DA 2ª RE e REMNE, QUE NÃO ESTAVAM PRESENTES NO JULGAMENTO.

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COMISSÃO DE JUSTICA

VOTOS DO PLENO DA COMISSÃO REGIONAL DE JUSTIÇA:

42º CONCÍLIO REGIONAL REV. CLAUDECI PEREIRA DE SOUZA.

Meu voto é contra o parecer integralmente. Se a lei canônica presente no capítulo II, seção I, artigo 8º., parágrafo 2º, página 178 do Livro de Cânones 2012/2016, diz respeito apenas às pessoas que vão assumir os votos de membros, não se referindo àquelas que já assumiram esse compromisso; se o artigo 239, inciso VI, parágrafo único, não o obriga a renunciar, como afirmar que a pessoa já membro da Igreja está infringindo a Lei Canônica? Pelo que observei, a lei canônica não o proíbe, apenas recomenda a não filiação à Maçonaria. Penso que a saída é retirar o parágrafo único e proibir a filiação à Maçonaria. Enquanto isso não acontece, devemos continuar trabalhando pastoralmente para que membros maçons renunciem à Maçonaria e, da mesma forma, não permitir que pessoas, sendo maçons e não desejando renunciar, tornem-se membros da Igreja. Tudo isso deve acontecer num processo com muito cuidado pastoral.

DR. EULER DE OLIVEIRA ALVES DE SOUZA FILHO

Peço vênia ao MM. Relator para divergir do relatório apresentado, em especial no que tange ao direito adquirido por meio da não retroação da lei. Como é cediço, a “Maçonaria Universal, regular ou tradicional, é a que professa pela via

sagrada, independentemente do seu credo religioso, trabalha na sua Loja sob a invocação do Grande Arquiteto do Universo, sobre os livros sagrados, o esquadro e o compasso. A necessária presença de mais do que um livro sagrado no altar de juramento reflete exatamente o espírito tolerante da maçonaria universal e regular.

...

Para ser membro da maçonaria não basta a autoproclamação, por isso é necessário um convite formal e é obrigatório que o indivíduo seja iniciado por outros maçons. Mantém o seu

estatuto desde que cumpra com os seus juramentos e obrigações, sejam elas esotéricas ou simbólicas, e esteja integrado numa Loja, regular,

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42º CONCÍLIO REGIONAL

numa Grande Loja ou num Grande Oriente,

devidamente consagrados, segundo as

terminologias tradicionais, ditadas pelos

Landmarks da Constituição de Anderson.

A maçonaria é composta por Graus Simbólicos e Filosóficos, variando o seu nome e o âmbito de rito para rito. A maçonaria simbólica compreende os seguintes três graus obrigatórios, previstos nos landmarks da Ordem: Aprendiz, Companheiro e Mestre. O trabalho realizado nos graus ditos "superiores" ou filosóficos é optativo e de caráter filosófico. Os ritos compostos por procedimentos ritualísticos, são métodos utilizados para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimônias maçônicas.” (nosso grifo)

Reginaldo Manzotti acrescenta que:

“A maçonaria tem como princípio professar as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros é cristã, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo poderá ser o Alcorão, o Tora, o livro de Maomé, os Vedas etc., de acordo com a religião de seus membros.

...

A encíclica HUMANUM GENUS, escrita por Leão XIII, é um das mais fortes e extensas no que diz respeito a indicar os erros da maçonaria e sua incompatibilidade com a doutrina cristã. O papa ensina, nessa encíclica, que a Igreja católica e a maçonaria são como dois reinos em guerra. Entre os pontos principais apresentados por Leão XIII sobre os erros da maçonaria, destacam-se: - A finalidade da maçonaria é destruir toda ordem religiosa e política do mundo inspirada pelos ensinamentos cristãos e substituí-las por uma nova ordem de acordo com suas ideias. - Suas ideias procedem de um mero "naturalismo". A doutrina fundamental do naturalismo é a crença de que a natureza e a razão humana devem guiar tudo.

- A maçonaria apresenta-se como religião natural do homem. Por isso afirma ter sua origem no começo da história da humanidade.

COMISSÃO DE JUSTICA - O conceito de DEUS é diferente daquele apresentado na Bíblia e na doutrina católica. Para a maçonaria, DEUS é um conceito filosófico e natural. DEUS passa a ser a imagem do homem. Por isso, não existe uma clara distinção entre o espírito imortal do homem e DEUS.

- A maçonaria nega a possibilidade de DEUS ter ensinado algo.

- Não aceita ser entendida pela inteligência humana.

- A maçonaria estimula o sincretismo religioso, isto é, a mistura das mais diferentes crenças. ”

Com efeito, é inquestionável o sincretismo religioso da ordem maçônica, tanto que na composição de seu altar há vários livros “sagrados”, de diversas religiões, que são contrários ao cristianismo.

Não obstante, nota-se que a maçonaria, sociedade secreta, tem como pilar a invocação do “Grande Arquiteto do Universo – G.A.D.U.”, o qual não é reconhecido como Deus trino e singular, mas sim por diversas nomenclaturas, segundo a religião predominante do membro maçom.

Como se vê, a maçonaria abarca filosofias de diversas religiões, as quais não confessam existência de um Deus trino que enviou seu filho para salvar o mundo.

Nesse panorama, faz-se necessário trazer à baila os ensinamentos contidos em nosso Lei Maior, qual seja, a Bíblia:

"Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a

um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro." (Mateus 6:24)

A passagem supracitada é clara no sentido de que só é possível servir a um senhor. Significa dizer que o ser humano é livre para escolher seu senhorio, o qual requererá dedicação exclusiva. Não fossem suficientes os argumentos até aqui explorados, vê-se que, para aceitação do novo membro à ordem maçônica, é necessário que este

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COMISSÃO DE JUSTICA

seja iniciado por outro maçom, se associe a uma das lojas, devidamente consagrada, respeite as normas inseridas na Constituição maçônica e suas

filosofias, o que inclui a seguinte confissão: que o novo membro “está saindo das trevas e entrando na luz”.

Sobre o assunto, leciona a Bíblia Sagrada:

“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)

“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também

conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.” (João 14:6-7)

E digo-vos que todo aquele que me

confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.” (Lucas 12:8-9)

Portanto, qualquer que me confessar diante

dos homens, eu o confessarei diante de meu

Pai, que está nos céus.

Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus

10:32-33)

“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” (Romanos 10:9)

“Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo.” (1 João

4:2-3)

Dessarte, a filosofia maçônica não reconhece Jesus como senhor e salvador do mundo, filho de Deus e que veio em carne, o que deixa evidente que sua

42º CONCÍLIO REGIONAL filosofia é sedimentada em ensinamentos opostos ao da Bíblia.

A aceitação e permanência de membro na ordem maçônica fere diversos princípios cristãos, bem como colide com a confissão da salvação - quando o cristão confessa aos homens que Cristo é seu Senhor e Salvador. Ora, se a fé cristã está alicerçada na salvação em Cristo – que é a luz do mundo -, fazer qualquer outra confissão em sentido contrário é violar preceito divino.

Além da violação supra, colaciona-se outras que são igualmente importantes para o desdobramento da presente matéria, senão vejamos:

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;” (2

Coríntios 6:14-17)

Bem-aventurado o homem que não anda

segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem

o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Salmos 1:1-2)

“E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.”

(Apocalipse 18:4)

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo

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42º CONCÍLIO REGIONAL

também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.”

(Gálatas 1:6-9)

Indubitavelmente, a ordem maçônica não se amolda aos princípios bíblicos, razão pela qual não deve ser aceita por qualquer cristão. Noutro lado, mister, também, analisar a questão à luz da lei canônica, a qual prevê:

“Art. 8º. Constituem requisitos para Admissão de membro leigo:

I - Aceitar a Jesus Cristo pela fé, confessando-o cconfessando-omconfessando-o Senhconfessando-or e Salvadconfessando-or pessconfessando-oal;

II - Arrepender-se de seus pecados e ter

disposição de viver vida nova, de acordo com os ensinos do Evangelho;

III - aceitar os elementos básicos da Igreja Metodista;

IV - Comprometer-se a viver a mordomia cristã;

V - Prometer observar os preceitos do Evangelho e sujeitar-se às leis da Igreja Metodista;

VI - Ser batizado/a, ou confirmar o pacto batismal, se o foi na infância.

§ 1º. A impossibilidade de regularização do estado civil não impede a admissão de membro leigo.

§ 2º. Pessoas vinculadas à Maçonaria e sociedades secretas devem renunciar a esse vínculo antes de assumir votos de membro da Igreja Metodista. ”

A lei canônica metodista é cristalina quanto à impossibilidade de membros desta comunidade estarem vinculados à maçonaria ou a qualquer outra sociedade secreta, bem com divergirem dos ensinamentos cristãos, tratando-se de norma taxativa com efeito erga omnes. Nesse desiderato, não pairam dúvidas de que o atual ou futuro membro cristão não pode comungar simultaneamente na comunidade metodista e na ordem maçônica, sob pena de ferir os cânones da Igreja Metodista e a Lei Maior dos cristãos, que sobrepõe a Constituição Federal e qualquer lei pátria.

COMISSÃO DE JUSTICA É como voto.

REV. OSVALDO ELIAS DE ALMEIDA

O § 2º do artigo 8º, do Capítulo II DOS MEMBROS LEIGOS Seção I dos Cânones da Igreja Metodista 2012 (pág. 178), que trata Da Admissão e Recepção de Membro Leigo, diz:

Pessoas vinculadas à Maçonaria e sociedades

secretas devem renunciar1 a esse vínculo antes de

assumir votos de membro da Igreja Metodista”,

de outro, o parágrafo único, inciso VI do artigo 239 do Capítulo VI DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS Seção III Dos Impedimentos (pág. 405) diz:

Aqueles/as que já são membros da Maçonaria

ou sociedades secretas, necessariamente, não são obrigados/as a renunciar.

Ao buscar orientação pastoral sobre a posição da Igreja Metodista nos termos da Carta Pastoral do Colégio Episcopal sobre a Maçonaria (2008), “o dever renunciar” não se interpreta de forma impositiva e sim, unicamente, como aconselhamento, sendo o que se depreende d’As

Orientações2 ao povo metodista sobre o relacionamento

com a Maçonaria e outras sociedades secretas, quando

assim nos diz (pág. 6):

“1. O Colégio Episcopal não recomenda que membros da Igreja Metodista participem de Sociedades Secretas e de Associações Religiosas que não professem os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, tampouco recomenda que os membros da Igreja Metodista façam votos nessas sociedades secretas que venham a ser uma negação da sua experiência e doutrinas básicas da fé cristã. 2. Membros da Igreja Metodista que sejam convidados/as a participar da Maçonaria ou outra sociedade chamada secreta devem observar os compromissos a

serem assumidos e verificar sua

fundamentação bíblica, teológica e doutrinária. Os pastores e as pastoras devem estar à disposição para ajudar nesse discernimento. ”

1 Grifos nossos.

2 Carta Pastoral sobre a Maçonaria – Edição Revista em

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COMISSÃO DE JUSTICA

Sendo assim, “não recomenda” e “devem observar os compromissos a serem assumidos” com a Maçonaria e sociedades secretas, diga-se de passagem, compromissos secretos, evidencia dissenção, especificamente, quanto à clara orientação canônica, prevista no inciso VI, do artigo 239 Seção III Do Impedimento Capítulo VI DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS: “os/as clérigos/as e leigos/as metodistas não se vinculam à Maçonaria e sociedades secretas”.

A meu ver, há lacunas de conflito nos dispositivos canônicos e também na Carta Pastoral do Colégio Episcopal, e isso se dá porque tanto uns quanto o outro foram concebidos como um sistema aberto, em que há lacunas. As indagações referidas pelo Consulente são deveras pertinentes ao exercício zeloso e fiel do ministério pastoral e requerem clareza e segurança canônica, doutrinária, confessional e ética.

É que assim nos parece a questão, sendo que, no que diz respeito ao caso concreto dessa Consulta de lei, passo a emitir meu voto:

1) Acompanho o relator; 2) Acompanho o relator;

3) Divirjo do relator, e o faço esclarecendo que: ao que parece, a 3ª pergunta do consulente refere-se

à 2ª: “Se o membro que se torna maçom é

membro também da CLAM, ou seja, é coordenador de ministério, este deve ser afastado imediatamente da coordenadoria após conhecimento do fato? Mesmo que depois ele será pastoreado?” Pergunta já respondida: Sim; sendo que a 3ª: “A única pauta sobre o assunto nos Cânones é o mencionado acima, que só diz respeito àqueles que vão assumir votos de membros? Para quem já é membro antigo deve

ser aplicada a mesma lei?”. Sim, deve ser aplicada

a mesma lei. Embora seja possível que um membro maçom antigo seja membro da Igreja Metodista, o que fica claro, no parágrafo único do art. 239; no entanto, há um impedimento, no que, s.m.j., é um princípio de coerência – para os que já são vinculados e não optam pela renúncia – quanto a ocupar cargo, função ou representação

42º CONCÍLIO REGIONAL da administração superior, intermediária ou básica conforme previsto no artigo 239, inciso VI: os

clérigos/as e leigos/as metodistas não se vinculam à

Maçonaria e sociedades secretas.

Sendo assim, pelo critério da especialidade, uma norma especial3 prevalece sobre a norma geral4,

uma antinomia classificada como de 1º grau. Observando-se, ainda, o inciso V do artigo 11 dos Cânones da Igreja Metodista Dos Direitos do

Membro Leigo: V – votar e ser votado para ocupar cargos eletivos na Igreja Metodista, respeitados os dispositivos canônicos.

Em se permitindo que um metodista maçom ocupe cargos eletivos na Igreja, infringe-se dispositivo canônico que trata sobre impedimento, conforme já citado, no inciso VI do artigo 239 do mesmo Diploma canônico.

Cabe, por fim, à luz do critério apresentado, olhar para a Constituição Federal de 1988, onde o critério da especialidade é de suma importância, posto que, em seu artigo 5º vê-se consagrado o princípio da isonomia ou igualdade lato sensu reconhecido como cláusula pétrea, pelo qual a lei

deve tratar de maneira igual os iguais. No entanto, o

artigo 5º da LICC diz que: “na aplicação da lei, o

juiz atenderá aos fins sociais a que ele se dirige e às exigências do bem comum”, daí o mais adequado, o

uso da equidade5.

Na pergunta, em análise, aplica-se o princípio da

especialidade; esclarecendo, de acordo com o

critério adotado (equidade): membro metodista

maçom é um caso singular, daí o impeditivo nos

Cânones da Igreja.

3 Artigo 239, inciso VI: os clérigos/as metodistas não se

vinculam à Maçonaria e sociedades secretas.

4Artigo 239, parágrafo único: aqueles/as que já são

membros da Maçonaria ou sociedades secretas, necessariamente, não são obrigados a renunciar, recebendo orientação pastoral sobre a posição da Igreja nos termos da Carta Pastoral do Colégio Episcopal sobre a Maçonaria.

5 A equidade não é fonte de Direito, pois não se configura

como poder de criar normas jurídicas ou como forma de sua expressão. É, antes e acima de tudo, um critério de decisão de casos singulares. (cf. ASCENSÃO, José de Oliveira. Equidade. In: Enciclopédia Saraiva do Direito. v. 2, p. 350).

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42º CONCÍLIO REGIONAL

Ademais, somos uma Associação Religiosa, sendo assim o Colégio Episcopal da Igreja Metodista, cumprindo a sua competência canônica, orientou a Igreja quanto à doutrina e aos princípios de fé e ética, buscando zelar pela unidade cristã (bem comum) no que tange ao tema em tela (MAÇONARIA – Carta Pastoral do Colégio Episcopal da Igreja Metodista, 2008, pág. 2), a partir da perspectiva missionária que, é e sempre será a visão maior da Igreja de Cristo, nos orientou a acolher e a pastorear a todos/as com amor e zelo. Esse é o meu voto.

DRª TEREZINHA VARELA

Trata-se de consulta de lei em que o consulente José Martins de Oliveira, Pastor da Igreja Metodista de Osvaldo Cruz-SP, indaga a esta Comissão Regional de Justiça da 5ª RE acerca da orientação a ser ministrada ao membro metodista que se torna maçom. Vem perquirir em que sentido deve ser aconselhado, se à renúncia ou ao afastamento compulsório de ministérios de que porventura faça parte.

O Consulente apresenta o questionamento alicerçando-se no artigo 8°, § 2° dos Cânones da Igreja Metodista de 2012-2016 e também na Carta Pastoral sobre a Maçonaria, promulgada em 22 de agosto de 2008.

Antes de mais, mister começar a analisar a questão por uma ótica mais prática, pois trata-se de uma COMISSÃO, ou seja, um conjunto de pessoas designadas para estudar determinado assunto. Contudo, é bom lembrar que cada um de seus integrantes possui entendimentos e convicções próprias e não as pode impor a outrem sob pena de incorrer na intolerância rechaçada pela Palavra de Deus e bem explorada por John Wesley1. Ademais, quanto à apreciação da consulta de lei canônica ao Concílio Regional, cabe ainda lembrar que, de acordo com o artigo 5°, inciso III do Regimento da CRJ, caberá recurso, ex officio, da decisão à Comissão Geral de Constituição e Justiça da Igreja Metodista, podendo, assim, essa corrigir ou confirmar a decisão.

COMISSÃO DE JUSTICA As marcas peculiares de um Metodista não são suas opiniões, concordância a qualquer sistema religioso, partidário de ideia, dentre outras, mas

aquilo em que ele crê. A crença do metodista é o

que o identifica – que toda Escritura é dada pela

inspiração de Deus; que as palavras escritas de Deus sejam regra única e suficiente, tanto de fé como de prática cristã. (...) . A única e invariável regra é essa:

o que quer que seja feito, em palavras ou ação, fazer tudo, no nome do Nosso Senhor Jesus, dando graças a Deus e ao Pai por ele” pois todo

homem deverá dar relato de si mesmo a Deus. Entretanto, por se tratar de COMISSÃO REGIONAL DE JUSTIÇA, é necessário trazer a lume o que reflete a legislação acerca do assunto ora abordado, ou seja, o que diz a Constituição da Igreja Metodista, suas Cartas, o Credo Apostólico, os 25 Artigos de Religião do Metodismo Histórico, os Sermões de João Wesley e suas Notas sobre o Novo Testamento que nos ajudam na compreensão da graça salvadora de Deus, e, também, mas não menos importante, o rol da Justiça Comum. De se considerar a conveniência de encerrar esta exposição com abordagens acerca da Constituição da República Federativa do Brasil que, de certa forma, se coaduna com a legislação que norteia os metodistas.

Passa-se a apreciar o conteúdo da consulta fazendo uso das palavras de Martinho Lutero, esta é a minha posição. Não tenho outra. Que Deus me ajude.

OS CÂNONES

Sem antagonismo ao que vem exposto mais adiante neste voto, que ressalta a moderação, a tolerância, o amor, a unidade, a liberdade, igualdade etc, o artigo 8°, § 2°, de fato assevera que pessoas vinculadas a Maçonaria e Sociedades

Secretas devem renunciar a esse vínculo antes de assumir votos de membros da Igreja Metodista.

Os Cânones, compatíveis com a Sagrada Escritura, são tidos por regra máxima à ordem da Igreja e, além de seu artigo 8°, ainda trata a questão em seu artigo 239 (Cânones 2012/2016), quando aborda

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COMISSÃO DE JUSTICA

os Impedimentos, assim complementando e quiçá elucidando:

Aqueles que já são membros de Maçonaria ou sociedade secreta, necessariamente não são obrigados a renunciar, recebendo orientação pastoral sobre a posição da Igreja Metodista nos termos da Carta Pastoral do Colégio Episcopal sobre a Maçonaria.

Dessa forma, se por um lado o § 2° do artigo 8° traz a questão dos requisitos para a admissão de novos membros, determinando que, para adentrar ao rol de membros, há a necessidade de renúncia ao vínculo com a Maçonaria antes de assumir os votos, o Parágrafo Único do artigo 239 orienta que não há essa obrigação para aqueles que já fazem parte da membresia e já são maçons, respeitando assim os direitos do cidadão em livremente escolher adentrar, estar e permanecer. Esse último dispositivo lhe faculta a permanência em ambos os ambientes (metodista e maçonaria), daí por que mister analisar muitos outros documentos e artigos, além da Carta Episcopal, para se trazer uma abordagem de melhor qualidade sobre a questão.

A Consulta de Lei vem em sentido não previsto nos Cânones, numa lacuna da Lei, suplicando por orientação num quadro em que se afigura atípico. Argui que, se o membro (já metodista) vier a se tornar maçom e não quiser renunciar, quais providências deverão ser tomadas?

Antes de qualquer procedimento pastoral, o membro em questão há de trazer à lembrança os incisos V e IX do artigo 10° dos Cânones da Igreja Metodista, sujeitando-se às exortações pastorais e submetendo-se à disciplina eclesiástica da Igreja a qual livremente optou por fazer seus votos.

A CARTA PASTORAL SOBRE A MAÇONARIA

Com o intuito de orientar a Igreja quanto a sua doutrina e aos princípios da fé e ética, zelando pela unidade cristã e acautelando-se de encaminhar a questão a partir da perspectiva

missionária, o Colégio Episcopal da Igreja

Metodista, incumbido pelo XVI Concílio Geral, elaborou, em agosto de 2008, a Carta Pastoral que

42º CONCÍLIO REGIONAL

orienta o relacionamento da Igreja com a Maçonaria.

Tal documento é objeto da consulta do Rev. José Martins de Oliveira, Pastor Local da Igreja de Osvaldo Cruz-SP, por entender este que, além da lei canônica, ainda falta regulamentação mais clara sobre o assunto.

Encerrando sua consulta, o Reverendo de Osvaldo Cruz assevera que, por ser uma comunidade de fé,

creio que a lei acima já seria suficiente para tratar deste assunto com a membresia, porém sabemos que, quando se entra neste embate, muitos esquecem a fé e a comunhão e partem para o lado legalista, por isso precisamos deste respaldo da lei para legitimar nossas ações pastorais e administrativas.

Analisando a Carta do Colégio Episcopal, já na introdução se pode observar o norte adotado pelo documento quando se reporta ao livro de Mateus 6.33, orientando que todos, crendo em Cristo como

seu Salvador e estudando a Palavra de Deus constantemente, devem participar comprometida e responsavelmente do trabalho em suas igrejas para a expansão do Reino e produzir atos de piedade e obras de misericórdia, sempre na comunhão com os demais membros da igreja.

A Carta não recomenda que os Metodistas se fechem em si mesmos, mas, ao contrário, constata que marcam presença em todos os ambientes, culturais, sociais, políticos, etc., trabalhando sempre para o progresso e melhoria da qualidade de vida humana, mas resguarda que alguns desses ambientes não são recomendados.

Entretanto, fez-se necessário uma Carta específica para tratar do assunto e dois artigos canônicos especialmente para abordar a questão da Maçonaria. Contudo, ainda não se fez suficiente, havendo aí uma certa lacuna na lei, pois deixa a critério do pastor a função de orientar o melhor caminho a ser adotado.

Quando o documento afirma que uma das riquezas

do metodismo está no fato de ter adotado, desde cedo, um princípio que ajuda muito a nortear a vida e os relacionamentos remetendo-se a célebre fase

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42º CONCÍLIO REGIONAL

pronunciada por João Wesley5: “no essencial, unidade, no não essencial, liberdade; em tudo amor” (é bom lembrar que a frase, na verdade é de Santo Agostinho6), não é de um metodista, e sim de pessoa que adota algumas doutrinas que, em alguns pontos, se distingue dos princípios de fé

aceitos pelo metodismo universal.

O parágrafo único do artigo 1° da Constituição da Igreja Metodista, a saber: Em nenhuma

circunstância, qualquer igreja local, órgãos ou instituições podem planejar, decidir ou executar, ou ainda posicionar-se contra os elementos indicados neste artigo, porque deles decorre a característica metodista.

Mas fato é que o fundador do metodismo adotou tal verdade, declarada pelo Bispo de Hipona, apesar de alguns contrastes acerca de suas doutrinas.

Assim, assevera Agostinho que há coisas onde a liberdade é o mais importante, e termina reconhecendo o desafio bíblico do amor em todas as coisas e em todo tempo.

Mas o que é essencial à fé cristã que conduz à

unidade? A essência da fé, aquilo que constitui sua

natureza, o conteúdo principal, o cerne, o que dá significado e dá existência à fé, o que não pode faltar de jeito nenhum... A Palavra de Deus revelada é essencial; a Graça salvadora de Deus, mediante a fé é essencial; a crença na ressureição de Jesus Cristo é essencial; a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá a Deus, é essencial. E tudo isso implica unidade.

Como bem lembra a Carta Episcopal, pautada no artigo 4° da Constituição da Igreja Metodista, esta

adota os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, os quais têm por fundamento as Sagradas Escrituras (..., as quais contêm tudo quanto é necessário para a salvação e são suficiente regra de fé e prática para os cristãos.

Mas, o que poderia ser entendido como não

essencial que implica liberdade?

Naquilo que não é essencial à fé, Deus confere a liberdade. João Wesley, quando dispõe sobre as

COMISSÃO DE JUSTICA marcas de um metodista, afirma que não se

distingue dos demais pela língua, pela comida, pela roupa, pelo corte de cabelo ou por quaisquer outros sinais externos, ou por qualquer tipo de gênero de vida extraordinário. Segue os costumes locais relativamente ao vestuário, à alimentação e ao estilo de viver das demais pessoas da comunidade e país onde vive, apresentando sempre um estado de vida admirável e, sem dúvida, bom.

Onde está o Espírito de Deus há verdade e justiça essenciais à fé e também à liberdade, na forma apresentada em 2 Coríntios 3:17, com as cautelas trazidas em Gálatas 5:13.

Por fim em tudo, amor. Quem não ama, suas palavras não se aproveitam para nada, não conhece a Deus (1 João 4:8) e sequer será reconhecido por Ele (Mt 25:41-46 e Ap. 2:10, 3:1). Certo é que cada um, particularmente, prestará conta de seus atos ao próprio Deus, de forma que o metodista, maçom ou de qualquer outro grupo, religioso, filantrópico, assistencial, filosófico, social, etc., como orienta a Carta Episcopal, deve cuidar para que seus relacionamentos, quaisquer que sejam, não venham impedir o desempenho do ministério, lembrando sempre que não somos do

mundo, mas estamos no mundo (Jo 17.15s).

Dessa forma, em observância ao Parágrafo Único do artigo 239 dos Cânones, o maçom que já congrega no meio cristão e opta por assim permanecer deve discernir sobre seus atos praticados concomitantemente com a Maçonaria e o Metodismo, buscando a orientação pastoral que deverá observar o material elencado nesse trabalho.

A orientação pastoral, para o caso do artigo 239-VI dessa lex haverá de atentar, sobretudo, a maravilhosa graça e sabedoria de Deus apresentada pelas Escrituras Sagradas.

A Carta Pastoral enfatiza o equilíbrio para viver o cotidiano e a atitude de compreensão em TODOS os relacionamentos, mas em seu item 1 é clara ao não recomendar que os já metodistas participem ou façam votos em qualquer atividade secreta,

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COMISSÃO DE JUSTICA

obscura ou associações religiosas que não professem os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal. Contudo, no item 5 a Carta zela pela liberdade de o cristão que já é maçom, podendo este participar da Igreja e seus órgãos. Pondera, entretanto, reservando a ação discipuladora sobre metodistas àqueles que não possuem vínculos com a Maçonaria. SOBRETUDO, releva que a tolerância, unidade e amor devem marcar os relacionamentos do povo

chamado metodista.

Ora! Se, pelos Cânones, quem está a fazer votos deve renunciar à Maçonaria e ao Metodista que já faz parte da Maçonaria lhe é facultado assim permanecer, resta então o item 2 da Carta Pastoral que mais se assemelha à consulta ora proposta, no que pertine aos já metodistas e donde vem orientado que: Membros da Igreja Metodista que

sejam convidados a participar da Maçonaria ou outra sociedade chamada secreta, devem observar os compromissos a serem assumidos e verificar sua fundamentação bíblica, teológica e doutrinária (...)” Assim, outra conclusão não há de ser adotada senão orientar ao membro metodista que demonstra interesse em fazer parte da Maçonaria, à revelia da orientação do item 1 da Carta Pastoral, relevando os incisos V e IX do artigo 10° dos Cânones Metodistas, cujo aconselhamento há de se reportar, também ao inciso 5 do item 1 da Carta Pastoral que expõe que não deve haver

cerceamento da liberdade aos membros filiados à Maçonaria para a participação na Igreja e seus órgãos (...).

CONTUDO, mister observar a ressalva que vem logo a seguir: (...) no entanto, estes não devem exercer

qualquer ação discipuladora sobre metodistas não maçons.

Ou seja, atentando para a tolerância que deve marcar

nossos relacionamentos, o metodista que opta por se

tornar maçom, apesar de se tratar de ato não recomendado pela Carta Pastoral e, inclusive óbice a tornar-se membro por força canônica, a orientação pastoral há de vir no sentido de que deixe de fazer parte da CLAM ou coordenação de

ministério, pois que se instalaria aí o conflito de

42º CONCÍLIO REGIONAL

normas implícitas, apesar da lacuna observada na lei.

Para subsidiar a orientação pastoral acerca da questão é que se prossegue explanando os demais documentos A CONSTITUIÇÃO DA IGREJA METODISTA.

Além da Bíblia Sagrada, ainda há a orientação pela Constituição da Igreja Metodista, em especial seu artigo 4° donde se depreende:

“A Igreja Metodista adota os princípios de fé aceitos pelo Metodismo Universal, os quais tem por fundamento as Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, testemunho escrito da revelação divina, dado por homens movidos pelo Espírito Santo, as quais contém tudo quanto é necessário para a salvação e são suficiente regra de fé e prática para os cristãos. § 1° - A tradição doutrinária metodista orienta-se pelo Credo Apostólico, pelos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo Histórico e pelos Sermões de João Wesley e suas Notas sobre o Novo Testamento.

§ 2° - A doutrina social da Igreja Metodista se expressa no Credo Social.

Interessante lembrar que os cristãos dos primeiros tempos do cristianismo elaboraram uma lista de registros essenciais à fé cristã, dentre eles o Credo Apostólico, que também pode servir de norte acerca de questões que se colocam a apreciação da Comissão Regional de Justiça. O Credo se constitui no que se pode entender por um resumo essencial da fé e crença, onde, no encerramento, assevera a certeza na comunhão dos santos e na remissão dos pecados.

O artigo 14 da Constituição da Igreja Metodista restringe à categoria de membros as pessoas que satisfazem os requisitos canônicos para a admissão e são recebidas à sua comunhão.

Quando se trata de doutrina e costumes, mister ressaltar o artigo de n° 23 dos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo Histórico que,

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42º CONCÍLIO REGIONAL

ao orientar acerca dos deveres civis dos cristãos, encerra com a seguinte admoestação: (...) espera-se, portanto, que os ministros e membros da igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos. O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Por mais que se esteja propenso a analisar a questão apenas sob o prisma religioso, com espeque nas Leis Canônicas, Cartas Episcopais, Pareceres de eruditos, dentre outros documentos da Igreja, não se pode negar que se trata de assunto que abarca questões jurídicas de relevância

suprema de direito constitucional que,

eventualmente, se ofendido, poderia desembocar no campo do dano moral.

Mas, por outro lado, se forem deixados de lado os documentos da Igreja e vislumbrar-se o assunto tão somente pela esfera jurídica, esta parece ser uma questão de fácil resposta, mas muitas das vezes não se sabe bem o seu significado. Daí por que a apreciação dos documentos da igreja vem antes de qualquer exposição legal, pois que se trata de matéria legislada pelos Cânones da Igreja Metodista, regrada por Carta Episcopal específica e direcionada à comunidade de fé. Dessa forma, é interessante abordar a questão também sob o prisma jurídico desatrelado de qualquer conceito de orientação religiosa.

De se entender bem que, quando se utiliza a palavra “religião”, não se está a trabalhar com questões e princípios bíblicos, já que esta é uma Comissão de Justiça (Regional) que há de abordar o tema utilizando os documentos já proclamados pela Igreja Metodista e a legislação pátria. Entretanto, sem nunca se desvencilhar do norte dado pelos princípios metodistas, questão aliás indissolúvel nesta esfera, o presente tópico enfrenta tão somente a lei federal.

Assim posto, mister trazer à memória o horror que ronda a sociedade mundial pela prática de atos cruéis e impensados decorrentes da intolerância e discriminação. O mundo está assistindo estarrecido o comportamento de extremistas do Oriente Médio que, em nome de Deus, lutam

COMISSÃO DE JUSTICA

uma guerra sangrenta e inglória, chancelada pela

intolerância. Global ainda é a expectativa de

padecimento de sociedades inteiras decorrente de contaminação por um vírus que segrega, isola e discrimina nações africanas, podendo se alastrar mundialmente. E tal pandemia já vem submetendo esses povos a intenso sofrimento há tempos, só chamando a atenção do mundo com a possibilidade real de transmissão incontrolável e a nível alarmante. Não fosse a discriminação que cega, por certo já haveria meios eficientes para se conter a pestilência. Não fosse a intolerância radical, por certo a diplomacia e mediação já haveria surtido efeito pondo fim ao terror repugnante.

Certamente, a intolerância e a discriminação são males incontroláveis e letais, merecendo ser expurgados, na medida do possível, do meio cristão.

Discriminação se define como o ato de considerar

que certas características (físicas, mentais ou sociais) que uma pessoa tem são motivos para que lhes sejam vedados direitos que os outros têm ou que seja tratada de uma forma diferente das demais que compõem o grupo em questão ou mesmo de outro agrupamento apartado. Simplificando-se, é considerar que a diferença implica diferentes direitos ou, dito de outro modo, diferente consideração de interesses.

É bom lembrar que o Estado brasileiro foi constituído a partir de diferentes matrizes, não apenas étnicas, mas sobretudo culturais, formando assim uma sociedade multicultural, o que gerou um modo de pensar e agir muito desiguais, mas, de certa forma, pacífico.

O documento Brasil, Gênero e Raça, traz a definição de preconceito como uma indisposição, um julgamento

prévio negativo que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos. Ainda, considera estereótipo como um atributo dirigido a pessoas e grupos, formando um julgamento ´a priori´, um carimbo. Uma vez ´carimbados´, os membros de determinado grupo como possuidores deste ou daquele ´atributo´, as pessoas deixaram de avaliar os membros desses grupos pelas suas reais qualidades e passam a julgá-las pelo carimbo. Já a

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COMISSÃO DE JUSTICA

discriminação vem ali esmiuçada como o nome que

se dá para a conduta (ação ou omissão) que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados, tais como: raça, gênero, idade, opção religiosa e outros.

De acordo com o artigo 5° da Constituição Republicana de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.

Daí por que tal texto que vem quase inteiro da Constituição do Império com enunciado que, acrescido do princípio da igualdade exprime e engrandece o direito à liberdade, sem distinção. As

Constituições anteriores já iniciavam a

enumeração dos direitos pelo princípio da isonomia, iniciando o texto da seguinte forma: “A

Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança de à propriedade nos termos seguintes: § 1° Todos são iguais perante a lei, sem distinção (...)”. Mas é interessante

notar que a Carta de 1988 ou, como também é conhecida, Constituição Cidadã, para dar maior ênfase, deslocou tal princípio que dantes vinha enumerado como § 1°, agora para o caput do artigo, dando-lhe uma preeminência que revela sua extrema preocupação com a igualdade, já destacada como um dos valores supremos da sociedade democrática, assim expondo: “Todos são

iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”.

Dessa forma, o artigo se apresenta com a enunciação do princípio da isonomia, passando à indicação genérica dos direitos individuais invioláveis e de seus destinatários e, por fim, coloca os termos em que esses direitos são garantidos, especificando-os nos incisos que seguem ao texto inicial.

Mais adiante, a Carta Magna também apresenta que constituem princípios fundamentais da República Federativa do Brasil promover o bem comum, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. A todos são assegurados direitos sociais, sendo que a CF alberga a qualquer cidadão, de qualquer classe, credo, raça, gênero,

42º CONCÍLIO REGIONAL

idade, nacionalidade (aliás, como também assim o é na Bíblia Sagrada).

A inviolabilidade dos direitos constitucionais, in

casu, a liberdade e igualdade, indicados tanto no caput quanto nos incisos do artigo 5°, além de

outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, se sobressaem as demais normas. Não é a Constituição que confere a inviolabilidade do direito, ela reconhece neles essa qualificação conceitual pré-constitucional e, por isso, preordena disposições e mecanismos que a assegurem. Uma vez que são direitos inerentes à dignidade da pessoa humana, sua inviolabilidade é um elemento de sua própria conceituação, de sua própria existência. Quando se fala do direito constitucional à liberdade, forçoso lembrar que tal garantia não se desvincula do livre arbítrio, como manifestação da vontade do homem. A decisão em fazer ou deixar de fazer algo pertence exclusivamente à vontade do indivíduo. Vale dizer, é poder de escolha, de opção, se não houver lei que o impeça de realizar seu querer. E isso porque se estuda não os diferentes tipos de liberdade, tais quais o de locomoção, circulação, comunicação, conhecimento, econômica ou social, mas sobretudo a liberdade de pensamento, com todos os seus desdobramentos que alcançam a opinião: religião, expressão, reunião, associação, liberdade de ação, de escolha, de atividade de trabalho, etc. No mesmo norte vem a Constituição Federal garantir o direito à igualdade como um verdadeiro pilar da democracia. A Constituição Cidadã abre o capítulo dos direitos individuais com o princípio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza (...)9 e com veemência repudia

qualquer forma de discriminação em seu artigo 3° - IV, ou seja:

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I- (...) II- (...) III- (...)

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42º CONCÍLIO REGIONAL

IV- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Nessa primeira parte que analisa o aspecto constitucional da questão sob análise, pode-se concluir que a intolerância, de qualquer tipo ou grau, se depara na legislação pátria, na Declaração dos Direitos Humanos e, como já percebido, na Palavra de Deus.

Não poderia terminar essa análise legal sem trazer à lume a Palavra do Bispo intitulada “As Marcas de Uma Liderança Cristã” em cujo trecho o Bispo Adonias P. Lago nos lembra que:

“Se somos criados para a glória de Deus, então todos precisam ser tratados como Deus deseja; sem exploração, manipulação, destruição, como é próprio daquele que veio para matar, roubar e destruir, contrário ao que veio para dar vida em abundância. Líderes cristão servem, não buscam ser servidos.” (Fl. 2.4)

Por todo o exposto e, pautando este Parecer na súplica pela Excelsa Graça e Misericórdia de Deus, aos olhos de quem somos todos iguais, quer seja pelo reconhecimento das Sagradas Escrituras, quer pautando na Constituição Federativa do Brasil que garante a liberdade de escolha do indivíduo, sempre o respeitando sem promover qualquer tipo de discriminação, Aquele que nos fez um só povo, filhos de um mesmo Pai, embora diferentes no pensar, no agir e nas escolhas, propondo atenção ao que diz o Livro do Apóstolo Paulo aos Romanos em seu Capítulo 15, versos 5 e 6, é que vem exposto o voto a seguir:

Atentando para a tolerância que deve marcar nossos

relacionamentos, o metodista que opta por se tornar

maçom, apesar de se tratar de ato não recomendado pela Carta Pastoral e, inclusive óbice para tornar-se membro por força do § 2° do artigo 8°, bem como espeque no Parágrafo Único do artigo 239 dos Cânones da Igreja Metodista, além de todos os demais documentos estudados, a orientação pastoral há de vir no sentido de que o mesmo permaneça a fazer parte do rol de membros, mas deixe de fazer parte da CLAM ou

COMISSÃO DE JUSTICA

coordene qualquer ministério, pois que se instalaria aí o conflito de normas, apesar da lacuna observada na lei canônica, mas arrematada pelo arrazoado na Carta Episcopal.

Com temor e tremor, é como voto.

Autos nº 03/2014 – Consulta de Lei Consulente: Rev. Tarcísio dos Santos

EMENTA: CONSULTA DE LEI. CÂNONES

DA IGREJA METODISTA. ESTATUTO DA AMAS PIRACICABA. ELEIÇÃO E POSSE DE MEMBROS DA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL. DESCUMPRIMENTO DOS DEVERES DO MEMBRO. IMPEDIMENTO NOS DIVERSOS NÍVEIS DA HIERARQUIA DA IGREJA METODISTA. ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO DA AMAS EM FACE DA VIGÊNCIA DOS CÂNONES 2012-2016.

DECISÃO UNÂNIME. RELATÓRIO E VOTOS

Cuida-se de consulta de lei interposta pelo Rev. Tarcísio dos Santos, que busca esclarecimento quanto “à possibilidade de membros, que não se encontram em pleno exercício dos seus Deveres e Diretos de MEMBROS DA IGREJA METODISTA, candidatarem-se à cargos eletivos na Instituição ligada à Igreja Local”.

Sobre o caso, cita-se o relatório constante no despacho de admissibilidade da consulta de lei: “Em 1969 a então Igreja Metodista Central de Piracicaba criou a Associação Metodista de Ação Social para servir ao município na área social. Foram várias as ações desenvolvidas desde então, tendo iniciado um trabalho de Creche na década de setenta, que mantém até os dias atuais. Nos últimos anos a instituição tem contado com a parceria com o Poder Público e também com o apoio de empresas privadas. Hoje atende 94 alunos e conta com um quadro de funcionárias/os. Funciona num imóvel próprio de propriedade da própria AMAS e também da AIM.”

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COMISSÃO DE JUSTICA

Considerando que a instituição foi criada e mantém-se vinculada à Igreja Local, tenho dúvidas quanto à eleição e posse de membros para compor a DIRETORIA e CONSELHO FISCAL, levando em conta os seguintes artigos canônicos e estatutários:

Artigos do Estatuto da AMAS (Registrado em 22 de agosto de 2005).

Art. 6° - São 4 (quatro) as categorias de associados da AMAS, a saber:

I. Efetivos - são as pessoas físicas, membros da Igreja Metodista Central de Piracicaba, que manifestarem, por escrito, a sua adesão; II. Colaboradores - são as pessoas físicas, membros de quaisquer outras Igrejas Metodistas sediadas em Piracicaba, que manifestarem, por escrito, a sua adesão; Art. 7° - São direitos dos associados Efetivos e Colaboradores:

I - Participar da Assembleia Geral; II - Votar e ser votado;

Seção V - Das Instituições de Ação Social Art. 197 – A criação de Instituições de Ação Social na Igreja Metodista obedece ao disposto nestes Cânones e na legislação civil, ...

§4º - O Conselho Diretor de cada instituição Metodista de Ação Social deve ser composto por membros da Igreja Metodista.

Seção III - Dos Impedimentos

Art. 239 – Nos diversos níveis da hierarquia da Igreja Metodista observam-se os seguintes impedimentos:

III – Somente o membro leigo ou clérigo que contribua regularmente para o sustento espiritual e material da Igreja Local pode ocupar cargo, função ou representação da administração superior, intermediária ou básica;

Seção II - Dos Deveres e Direitos do Membro Leigo

Subseção I - Dos Deveres do Membro Leigo

42º CONCÍLIO REGIONAL Art. 10 – Os deveres de membro leigo da Igreja Metodista são:

I - Testemunhar Jesus Cristo ao próximo com seus dons;

II - Participar dos Cultos Públicos, da Escola Dominical (ED) e demais serviços da Igreja Metodista;

III - contribuir regularmente com dízimos e ofertas para a manutenção da Missão de Deus, por meio dos ministérios da Igreja Metodista, nos termos da Carta Pastoral sobre o dízimo; IV - Pautar seus atos pelos princípios do Evangelho e pelas Doutrinas e Costumes da Igreja Metodista;

V - Sujeitar-se às exortações pastorais;

VI - Esforçar-se para iniciar trabalho metodista, onde o mesmo não exista;

VII - reconhecer seu chamamento como ministro/a de Deus para as diversas áreas da Missão;

VIII - exercer seus dons, participando dos ministérios e serviços da Igreja Metodista e da comunidade;

IX - Submeter-se à Disciplina Eclesiástica da Igreja Metodista.

Subseção II - Dos Direitos do Membro Leigo Art. 11. Os direitos de membro leigo da Igreja Metodista são:

I - Participar do sacramento da Ceia do Senhor e receber da Igreja os demais meios da graça;

II - Pedir o sacramento do batismo infantil para seus/suas filhos/as e ser instruído/a sobre esse sacramento;

III - receber a bênção sobre seu casamento, segundo o Ritual da Igreja Metodista, depois de ser preparado para esse ato;

IV - Participar de cursos de formação cristã, segundo orientação da Igreja Metodista; V - Votar e ser votado/a para ocupar cargos eletivos na Igreja Metodista, respeitados os dispositivos canônicos;

VI - Receber assistência pastoral;

VII - transferir-se para outra igreja local; VIII - apresentar queixa, nos casos e na forma previstos nestes Cânones;

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42º CONCÍLIO REGIONAL

IX - Apelar para instância superior, em grau de recurso, respeitados os dispositivos canônicos.

No mesmo mote, busca esclarecimento quanto à necessidade da atualização do Estatuto da Instituição (AMAS) em relação aos Cânones da Igreja Metodista 2012-2016, que de acordo com o consulente, não responde aos artigos canônicos, a seguir:

Art. 194 – As Instituições de Ação Social da Igreja Metodista são por ela instituídas e tem por finalidade, como cumprimento da Missão, a prestação de serviços, na área de Ação Social, à luz do Plano para Vida e a Missão.

Art. 195 – As instituições e os ministérios de ação social da Igreja Metodista tem por objetivos:

I – II – III –

Art. 197 – A criação de Instituições de Ação Social na Igreja Metodista obedece ao disposto nestes Cânones e na legislação civil, devendo ter seu funcionamento garantido pelo Concílio instituidor, ao qual caberá prover, no respectivo orçamento, a verba necessária para o seu sustento econômico-financeiro.

§ 1º - § 2º - § 3º - § 4º -

Diante disso, CONSULTA: Na condição de Presidente do Concílio local da Igreja Metodista – Catedral de Piracicaba e Presidente da Assembleia de eleição da (AMAS) – sobre a possibilidade de membros que não se encontram em pleno exercício dos seus Deveres e Direitos de Membros da Igreja Metodista candidatarem-se a cargos eletivos à Instituição ligada à Igreja local; outrossim, diante da necessidade do cumprimento das orientações canônicas busca, na presente, um esclarecimento quanto a necessidade da

COMISSÃO DE JUSTICA atualização do atual Estatuto da AMAS de acordo com o que nos orienta os Cânones da Igreja Metodista 2012-2016.”

Mister destacar que o MM. Presidente da Comissão Regional de Justiça da 5ª Região Eclesiástica – CRJ/5ªRE -, Rev. OSVALDO ELIAS DE ALMEIDA, em juízo de admissibilidade, reconheceu a competência desta Comissão para julgar a presente consulta, nos termos do artigo 91, I e III, dos Cânones da Igreja Metodista 2012-20161.

É o breve relatório.

P A R E C E R

O consulente perquire esclarecimentos quanto a eleição e posse de membros da Igreja Metodista que não estejam em pleno exercício dos seus direitos e deveres canônicos, especificamente nos cargos da Diretoria e Conselho Fiscal da AMAS Piracicaba.

Inicialmente, vale destacar que a AMAS Piracicaba, embora ligada à igreja local, possui administração própria e declaradamente é regida por seu estatuto e legislação pátria aplicável à espécie, ou seja, estando adstrita aos Cânones da Igreja Metodista apenas no que lhe couber.

Art. 91. Compete à Comissão Regional de Justiça: I - julgar, em primeira instância, petições de direito formuladas pelos órgãos e instituições regionais ou por membros da Igreja Metodista em assuntos no âmbito da administração intermediária ou básica; (...) III - declarar a existência ou inexistência do direito ou da relação jurídica em questões de lei propostas por membros da Igreja Metodista que envolvam, originariamente, situações jurídicas da administração intermediária e básica, recorrendo ex officio da decisão à Comissão Geral de Constituição e Justiça;

Art. 196. As Instituições e os Ministérios de Ação Social da Igreja Metodista têm personalidade jurídica própria e se organizam como associação sem fins econômicos.

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COMISSÃO DE JUSTICA

Com efeito, para que possamos ter uma melhor compreensão do caso, é impreterível analisar o estatuto da AMAS Piracicaba, o qual recorta-se.

“Art. 6° - São 4 (quatro) as categorias de associados da AMAS, a saber:

I. Efetivos - são as pessoas físicas, membros da Igreja Metodista Central de Piracicaba, que manifestarem, por escrito, a sua adesão; II. Colaboradores - são as pessoas físicas, membros de quaisquer outras Igrejas Metodistas sediadas em Piracicaba, que manifestarem, por escrito, a sua adesão; III. Contribuintes - são as pessoas físicas ou jurídicas que assumirem o compromisso de colaborar com a AMAS, mensal e regularmente, dando-lhe contribuição em dinheiro ou espécie;

IV. Benfeitores - são as pessoas físicas que venham a se tomar merecedoras de reconhecimento especial por relevantes serviços prestados à AMAS.

Art. 7° - São direitos dos associados Efetivos e Colaboradores:

I - Participar da Assembleia Geral; II - Votar e ser votado;

III - solicitar, a qualquer tempo, informações que julgar necessárias;

IV - Receber planos, programas, projetos e relatórios institucionais;

V - Integrar comissões e grupos de trabalho, criados pela Assembleia Geral;

VI - Analisar processos e emitir pareceres solicitados pela Assembleia Geral;

...

Art. 14° - A AMAS se organiza da forma seguinte:

I - Assembleia Geral; II - Diretoria;

III - Conselho Fiscal; IV - Conselho Consultivo. ...

Art. 18° - A Diretoria é eleita pela Assembleia Geral, sendo constituída de Presidente, Vice-Presidente, 1° Secretário, 2° Secretário, 1° Tesoureiro, 2° Tesoureiro e 4 (quatro) vogais, pessoas plenamente capazes, na forma do Código Civil e legislação correlata, membros

42º CONCÍLIO REGIONAL da Igreja Metodista há pelo menos 2 (dois) anos.

§ 1° - O mandato dos membros da Diretoria é de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma) reeleição. § 2° - O pastor titular da Igreja Metodista Central de Piracicaba é membro ex-offício da Diretoria, sem direito a voto.

...

Art. 31° - A AMAS tem um Conselho Fiscal constituído de 3 (três) membros efetivos e um (um) suplente, todos membros da Igreja Metodista, dos quais pelo menos 1 (um) contabilista, eleitos pela Assembleia Geral, para um mandato de 2 (dois) anos, coincidente com o da Diretoria, podendo ser reeleitos.” (nosso grifo)

Depreende-se das disposições supracitadas que, para exercer os cargos da Diretoria, é necessário que o associado seja plenamente capaz, nos termos da legislação pátria, membro da Igreja Metodista – seja a Central de Piracicaba ou outra sediada naquela cidade - há pelo menos 2 (dois) anos e eleito pela Assembleia Geral.

Já para desempenhar o cargo de Conselheiro (a) Fiscal, é necessária eleição de membros efetivos – os quais devem observar o disposto no artigo 6º do estatuto da AMAS Piracicaba -, sendo pelo menos um deles contabilista.

Nesse toar, resta patente que um dos requisitos básicos para investidura dos cargos eletivos é o de ser membro da Igreja Metodista, observando as restrições de cada cargo.

À luz das disposições Canônicas, o membro só perde seus direitos nas seguintes hipóteses:

“Art. 12. É desligado/a da Igreja Metodista e, por isso, perde seus direitos de membro leigo: I - Aquele/a que solicita, por escrito, seu desligamento;

II - Aquele/a que abdica dos votos feitos assumindo os de outra Igreja, sabida e confirmadamente, sem prévio aviso de sua decisão à Igreja local, tendo o seu nome cancelado pela Coordenação Local de Ação Missionária (CLAM);

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42º CONCÍLIO REGIONAL

III - aquele/a que se torna desconhecido/a ou de paradeiro ignorado, tendo o seu nome cancelado pelo Concílio Local, por indicação da CLAM, após publicação de seu nome em órgão oficial da Igreja.

IV - Aquele/a que, sem justificativa, deixe de comparecer pelo período superior a 1 (hum) ano e após contato pastoral não volte a frequentar as reuniões da igreja local, tendo o seu nome cancelado pela CLAM;

V - Aquele/a que é excluído/a por julgamento;

VI – Aquele/a que tenha falecido. ...

Art. 22. O membro da Ordem Diaconal perde seus direitos quando:

I - Se desliga da Igreja Metodista;

II - Por livre vontade, abdica dos seus direitos e se desliga da Ordem;

III - é excluído da Ordem, por julgamento. Parágrafo único. O membro da Ordem Diaconal que, por qualquer motivo, se desliga da Ordem, devolve a credencial ao/à Bispo/a Presidente, cabendo a este/a declará-la cancelada e sem efeito, caso a devolução não ocorra.

...

Art. 32. O membro da Ordem Presbiteral perde seus direitos quando:

I - Se desliga da Igreja Metodista;

II - Abdica de seus direitos, por livre vontade, e se desliga da Ordem;

III - deixa de comunicar-se com o Bispo/a respectivo/a, por 2 (dois) anos consecutivos, estando em disponibilidade;

IV - É excluído da Ordem por julgamento; V - Não reverte à condição de ativo estando em disponibilidade, conforme as Normas de Administração de Pessoal Clérigo destes Cânones.

Parágrafo único. Se o membro da Ordem Presbiteral, por qualquer motivo, dela se desligar e não devolver sua credencial no prazo de 30 (trinta) dias, o/a Bispo/a Presidente a declara cancelada e de nenhum efeito, dando publicidade deste ato.

...

Art. 248. Disciplina eclesiástica é o meio pelo qual a Igreja Metodista procura, em amor,

COMISSÃO DE JUSTICA conduzir seus membros, homens e mulheres, ao arrependimento, à reconciliação, ao perdão, à integração uns/umas com os/as outros/as, a manter o testemunho cristão, conforme os ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo e seus discípulos (Mt 18.15- 22; Jo 8.1-11; At 5.1-8.1-11; 1Co 5.1-13 e 6.1-8; 2Co 2.5-8.1-11; 1Tm 5.17-21 e Hb 12.4-17).

§ 1º. O exercício da disciplina da Igreja Metodista se faz de acordo com as orientações canônicas e pastorais do Colégio Episcopal, Manual de Disciplina e Código de Ética Pastoral.

§ 2º. O Manual de Disciplina e o Código de Ética Pastoral fazem parte integrante do processo de disciplina.

Art. 249. Torna-se passível da aplicação da disciplina quem:

I - Deixar de cumprir os votos de membro clérigo ou membro leigo da Igreja Metodista; II - Faltar aos deveres inerentes ao cargo que ocupar;

III - desobedecer às determinações das autoridades superiores ou infringir as leis da Igreja Metodista;

IV - Divulgar doutrinas contrárias aos padrões da Igreja Metodista;

V - Praticar atos contrários à moral e ética cristãs.

...

Art. 267. Classificam-se as penalidades a que estão sujeitos/as os/as faltosos/as, na seguinte ordem:

I - Admoestação pela autoridade eclesiástica superior;

II - Suspensão, por tempo determinado, dos direitos de membro leigo/a ou clérigo/a e dos cargos ocupados;

III - destituição dos cargos, funções e ministérios;

IV - Afastamento compulsório; V - Exclusão de Ordens eclesiásticas; VI - Exclusão da Igreja Metodista.

§ 1º. Em caso de suspensão por tempo determinado, de membro de Ordem

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