• Nenhum resultado encontrado

O QUE SE PRETENDE FAZER QUANDO SE TRATA EM ENSINAR FILOSOFIA. Vinícius Pereira de Camargo. Faculdade de Filosofia e Ciências- UNESP/ Marília.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O QUE SE PRETENDE FAZER QUANDO SE TRATA EM ENSINAR FILOSOFIA. Vinícius Pereira de Camargo. Faculdade de Filosofia e Ciências- UNESP/ Marília."

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

O QUE SE PRETENDE FAZER QUANDO SE TRATA EM ENSINAR FILOSOFIA. Vinícius Pereira de Camargo. Faculdade de Filosofia e Ciências- UNESP/ Marília.

Eixo temático: Práticas Pedagógicas.

Resumo: Através do grupo de estudos do PIBID filosofia em Marilia, e a participação dentro das salas de aulas de filosofia, trouxeram a tona questionamentos e problemáticas surgidas em relação ao ensino de filosofia, questões como os métodos utilizados para ministrar uma aula, ou ate mesmo o conteúdo a ser ensinado e a maneira como esses alunos podem receber isto. Se o que aprendemos na faculdade acaba se tornando um amontoado de conceitos, formulas e teorias que serão reproduzidas para os alunos dentro do ensino médio ou poderão realmente auxiliar estes jovens para a construção e a transformação de um novo futuro? Sabemos que o conteúdo da filosofia é vasto e cheio de ramificações, acompanhando as apostilas e o próprio caderno, nota-se que a filosofia é divida em temas ou períodos históricos, desse modo, como fazer com que ela seja realizada através de questionamentos críticos e sérios a cerca dos fatos e acontecimentos presentes e mais próximos do individuo? E até mesmo questões que afligem o próprio individuo. Por isto, procuramos dentro da própria filosofia atitudes como a de Sócrates, transformando a simples conversação e as respostas infundadas em grandes diálogos inteligentes, fazendo com que seus interlocutores busquem dentro de si mesmo a solução para seus problemas, e construam uma concepção mais firme sobre o tema investigado. Desse modo é fundamental para o pensamento e a analise dessas questões pensarmos a maneira como agia Sócrates, pois acredito que as escolas tem limitado a filosofia apenas ao que ela tenha produzido, o professor é encarregado de ensinar diversos conceitos diferentes dentro da disciplina, e muitas vezes não conseguem pensar em seu próprio conceito de filosofia e o que quer ensinar a seus alunos como sendo filosofia. Entrar em uma sala de aula é mais do que seguir métodos e formas, cada individuo carrega dentro de si questionamentos e preocupações diferentes, muitas vezes podemos encontrar respostas em outros pensadores, mas na maioria das vezes é necessário buscarmos dentro de nos mesmo e do nosso coração as respostas para nossas perguntas.

(2)

Introdução:

O presente projeto de pesquisa tem como princípio a busca de uma relação entre aluno-professor que oriente e motive seus alunos a exercer um pensamento mais critico e criativo, diferente do que é encontrado atualmente nas escolas, onde o aluno apenas decora teorias e conceitos e descreve com a perfeição com a qual foi dita, mas não consegue explicar com outras palavras.

Problema este o qual eu vivenciei dentro da sala de aula, pelos estágios do PIBID. Percebi junto ao grupo que os alunos ficam muito preocupados em conseguir fixar na memória tudo que é exposto para eles, e quando saem do ensino médio e vão para a faculdade, e principalmente nos cursos de filosofia, ficam mais preocupados ainda em reproduzir determinados pensamentos já expostos pelos antigos pensadores.

Essa é uma das problemáticas encontrada nos alunos do ensino médio, eles apenas captam tudo o que é dito a eles como verdade, fazem suas anotações, mas não tem o interesse de ir além disso, não querem buscar, pesquisar ou compreender melhor, então se focam no que o professor fala e tomam aquilo como verdade, estão se tornando meros repetidores de seus tutores.

Também tido como pensamento linear, onde o aluno enxerga as problemáticas a partir de um único ponto de vista, o único que lhe foi oferecido, analisa os problemas através de uma única perspectiva, e se limita demais no plano físico.

Por isso que esse projeto de pesquisa tem como objetivo mostrar que não se ensinar filosofia, e somente a filosofar, e que a escola não transforme o aluno em um mero repetidor de um conceito, mas sim em um aluno que seja capaz de compreender realmente os fatos ao seu redor e buscar possíveis soluções.

Como por exemplo, quando se cria um espaço na sala de aula que permita ao aluno chegar a varias conclusões em relação a um determinado problema, esse é o tipo de pensamento multiangular. E para isso a importância de um debate-investigativo, e terá o professor como mediador desse debate, apenas fazendo com que os alunos possam compreender o problema juntos e procurar vários meios de encontrar uma solução, testando a sua veracidade.

(3)

Incentivar o aluno a trabalhar suas qualidades e ampliar suas habilidades, o professor-mediador deve conhecer bem os conteúdos a serem trabalhados, para apenas mediar os debates no caminho certo, é um professor que mostra o caminho a seu aluno, mas não o percorre junto dele, deve deixar isso com o próprio aluno, fazendo com que esse aluno chegue a conclusão por si mesmo, tire uma opinião sobre determinado assunto, e procure uma ou varias maneiras de resolve-las.

Para isto trabalharei com os textos de Matthew Lippman, que já tem um projeto similar a esse com crianças conhecido como “Filosofia vai a escola”, e os textos de Walter Kohan, que também possui um projeto similar em Caxias, no Rio de Janeiro, chamado de “em Caxias a Filosofia em-caixa?”. E também os textos de Gonçallo Armijos e de Cerletti que me mostraram a importancia do questionar filosofico para se ensinar a filosofia.

O grupo do Pibid debate diversos textos de grandes autores excelentes, pensando nestas e em outras questões sobre o problema no ensino de filosofia, e foi nestes debates eu percebi a importância desse espaço investigativo dialógico, pois foi ali que eu comecei a entender como funciona a nossa reflexão, e acredito que o diálogo acaba auxiliando para melhorar o nosso pensar critico e criativo.

A real importância neste projeto, e com o pensamento critico e criativo dos jovens de hoje em dia, e de trabalhar com o espaço investigativo através do dialogo entre professor e aluno, mas principalmente com os alunos entre si.

Esta é uma tentativa de ensinar filosofia de uma maneira mais fácil e possível, tornando o professor não em um doutrinador de ideias, alguém que não transmite conceitos já conhecidos, mas sim como filósofos que estão sempre a recriar o ambiente de uma sala de aula propiciando condições em função de um contexto que se deve ensinar.

Ensinar filosofia sem uma intervenção filosófica pode ser possível nas escolas publicas do Brasil?

(4)

Existem varias circunstancias que dificultam o ensino no país, é diferente ensinar filosofia a uma turma de um colégio particular do que em uma escola da rede pública, não porque é mais fácil ensinar em um lugar do que no outro, mas sim porque os contextos são diferentes, a realidade vivida por cada uma dessas crianças são outras também.

Claro que esse espaço investigativo dialógico não é cem por cento correto, ou o único método, para isto o professor não deve simplesmente se acomodar em seu cargo de lecionador, ele deve estar atento as mudanças que ocorrem em sua volta, ele deve se atualizar sempre, para poder compreender o mundo em que esta vivendo, o contexto em que vive, e o de seus alunos.

Um bom professor é aquele que pode levar adiante, de forma criativa uma construção do ensino de filosofia, implicando a ele em uma atualização cotidiana de vários elementos que envolvem diretamente a seus alunos, e claro ao próprio professor.

Ensinar filosofia é um processo que se faz em conjunto, tanto professor quanto a aluno, por isso o professor deve ser capaz de criar as condições necessarias para que talvez se de um certo tipo de amor a matéria. E por este motivo é essencial a atualização constante do professor para que se de o estimulo necessário a seus alunos.

A verdadeira docência ira convocar esses professores como pensadores dessas problemáticas, mais do que meros transmissores acríticos de um saber, que possam repensar dia-a-dia em seus conhecimentos junto dos alunos.

Sendo assim a importância de conhecer muito bem o ambiente que rodeia seus discentes, conhecer a realidade deles permite a esse professor-mediador uma maneira mais fácil de empregar estratégias didáticas diversas para desenvolver a criatividade de alguns alunos, e fazer com que ele encontre uma nova maneira de se expressar, e nisto para o professor não serviria somente para alterar o rumo da aula, mas sim para repensar no seu próprio limite de conhecimento.

Ensinar filosofia não é algo simples uma vez que não se trata de uma matéria objetiva, mas sim de algo subjetivo, onde cada um pode tirar dali o que lhe serve ou acreditar em alguma teoria ou um conceito, por isso ela deve se caracterizar pela sua reinvenção constante.

(5)

Atualmente a filosofia se tornou parte importante no processo educacional, e os professores agora passam a transmitirem a matéria de acordo com os critérios estabelecidos pelos planejamentos oficiais e pelas instituições habilitadas para tal tarefa, eles perderam um pouco da sua liberdade de ensinar filosofia, e isto estaria se transformando em uma institucionalização do aprendizado.

É importante que se tenha um momento e um lugar para pensar em conjunto o mundo em que vivemos e decidir como nos situamos nele. Neste caso uma resposta única não adiantaria de nada, e poderia ate mesmo prejudicar em um debate filosófico. Ter de ensaiar uma possível resposta prévia a uma interrogação filosófica apenas mostra que o ensino de filosofia no Brasil é mais do que didático ou pedagógico, mas manter interrogações como “o que é ensinar filosofia?” sim uma relação direta com a essência da filosofia e com a do filosofar.

E pensando em uma sala de aula o “senso comum” constrói um ambiente onde certamente se acredita em uma transmissão de valores, assumindo um aspecto pedagogo, onde se tem alguém que “sabe” algo e alguém que não o sabe, e de alguma maneira aquele que “sabe” passa esse conhecimento ao que não “sabe”, e através de uma prova consta se a passagem foi efetivada com sucesso, se aquele que não sabia conseguiu “aprender”. E assim com a ajuda de um mestre o aluno passa do “não-saber” para o “saber”.

Isso acaba criando certa autoridade do professor em cima dos alunos dentro da sala de aula, o professor começa a por regras e obriga os alunos a copiarem milhares de coisas em seus cadernos, e os alunos acabam a se desmotivando e façam as coisas simplesmente por mera obrigação, de algum modo criado por esta hierarquização entre professor aluno.

Talvez essa hierarquização que ocorre dentro das salas de aula prejudique um pouco no desenvolvimento do pensamento, o aluno não precisa ver o professor com certa autoridade, pois o professor também pode aprender com eles. mudar o espaço tradicional de aula para este espaço aberto pode de algum modo dissipar esse sentimento de autoridade, e fazer com que o aluno sinta-se mais a vontade a falar, questionar e debater.

(6)

Por tanto o método tradicional utilizado em nosso país pode estar um pouco defasado, criar um espaço diferente na sala de aula é mostrar aos alunos que a retenção do saber não esta toda na mão do professor e que ele esta ali para auxilia-los, o espaço investigativo-dialógico permite a reflexão dos alunos em conjunto com o professor, quebrando um pouco da visão autoritária encontrada atualmente, colocando o professor em um nível igual ao dos alunos.

Mas será que isto realmente funciona ao se tratar de ensinar filosofia?

Esse tipo de transmissão de conhecimento só tem se mostrado fraco, o aluno pode captar muito bem essa transmissão, mas ele não consegue sair disso, não consegue ir além, e acaba se tornando um repetidor desse conhecimento.

Certamente não é observado nenhuma relação do que é ensinado com a forma como é ensinado. O “como” é de fundamental importância para esse professor, pois é o modo como ira garantir a alguns alunos o domínio do conhecimento, e para outros é necessário determinados recursos didáticos diferentes. E uma coisa no ensino de filosofia é certo, filosofia e didática não percorrem o mesmo caminho, e ocasionalmente elas podem se encontrar.

A universidades de licenciatura em filosofia deveria se preocupar com a formação desses docentes, e buscar uma grade curricular voltada ao ensinar filosofia, como tarefa essencial para um olhar mais reflexivo, critico e criativo, estimulando esses futuros professores a encontrar a sua propria maneira de ensinar.

E antes de tudo, esclaro aqui que a minha a arte de ensinar esta baseada em algumas condições para que ao menos ela possa ser tentada, e para isso consideramos uma delas como o espaço investigativo-dialógico, isso significa dar um passo à frente nas aulas, isto vai além de oferecer uma disciplina formal para os alunos.

Valorizo aqui o modo como Sócrates fazia filosofia se expressava através das constantes perguntas, e assim ele mantinha a sua vontade de fazer filosofia. Tal atividade não poderia diferenciar-se de filosofia do fazer filosofia, não podem estar separadas, filosofia e filosofar se encontram unidas, tanto na pratica como no ensino,

(7)

por tanto professores e alunos também precisam estar unidos em um único espaço comum investigativo. Para que assim todo ensino de filosofia se torne um ensino filosófico.

O professor não deve adotar uma posição de doutrinador, ele não deve ensinar uma filosofia própria ou a de outrem, mas desde que adote uma posição filosófica, filosofará com seus alunos, todo ensino recai sobre uma forma de intervenção filosófica, seja sobre textos, sobre problemáticas ou ate mesmo temáticas não habituais da filosofia e do cotidiano. E esse tipo de debate investigativo cai sobre uma perspectiva filosófica.

Dessa forma o filosofar se da com a inquietude de formular mais perguntas e buscar respostas, o desejo pelo saber, podendo ser feito tanto pelo professor-mediador que vai ser encarregado de encaminhar o debate ao lugar onde ele deseja chegar através de suas perguntas, ou pelos próprios alunos tentando alcançar respostas que ambos se deem.

Por isso é de fundamental importância que para se ensinar filosofia o ambiente seja propicio para a formulação de perguntas filosóficas, e no qual possam começar a encontrar algumas respostas, algumas hipóteses, e testa-las.

Objetivo:

O objetivo dessa pesquisa e ampliar a potencialidade dos alunos do ensino fundamental e do ensino médio, para que eles possam pensar por si só, mas não apenas pensar, mas que possam além de compreender determinado fato tirar uma conclusão própria sobre isso.

Fazendo isto através de um debate aberto entre eles, fazerem com que eles criem hipóteses para problemáticas já vista ou sobre problemas encontrados por eles em seus cotidianos e encontrem maneiras de resolver, fazerem com que eles criem hipóteses de solução, e para isto nada melhor do que a investigação.

O poder das perguntas tem como objetivo enriquecer o sentido do questionamento e universalizar a dimensão das respostas, ou seja trabalhar com os

(8)

alunos a maneira correta de se formular questões e poder pensar várias respostas, de varias maneiras diferentes.

Mas como sabemos um filosofo não é um criador nato, ele não pode inventar questões de problemas que não existe, o que seria da filosofia senão existisse a arte, a politica, a ciência e demais temáticas, a tarefa aqui de um ensino de filosofia é levar ao conceito o que esse mundo nos apresenta.

Podendo encontrar algo que faça germinar no filosofar dos filósofos que possam ser encontrados e atualizados nos aprendizes de filosofia, nestes alunos que estão lá para realmente aprender. Assim estaríamos ensinando a eles a maneira correta de se enxergar, um olhar que não quer deixar nada para trás, que permita problematizar as afirmações e colocar em dúvida tudo aquilo que se apresenta como óbvio, natural.

Filosofar é pensar nos problemas do mundo, e o objetivo dessa pesquisa não é se preocupar com a transmissão de conhecimentos através de um professor a um aluno, o filosofar deve ir além desse plano, deve ir além do que apenas translado de saberes, mas quando é permitido aos alunos filosofar, investigar junto deles, e não repetições de filosofias.

A disciplina de filosofia neste ambito seria de essencial para transformar os alunos em sujeitos criticos, capazes de questionar a validez de uma argumentação, a legetimidade de um texto e a inquestionabilidade de uma dado. é fazer com que os alunos promovam um pensar mais agudo e possibilite a ele separar o real do ilusório.

A filosofia pode reorganizar uma nova decisão em cima de uma já existente, e ai esta o vinculo criativo na filosofia, e Badiou acredita na potencialidade e na capacidade dos jovens, explicando da seguinte maneira:

“A filosofia é o ato de organizar todas as experiências teóricas e práticas, propondo uma nova grande divisão normativa que inverte uma ordem intelectual estabelecida e promove novos valores para além dos comuns. A forma de tudo isto é, mais ou menos, dirigir-se livremente a todos, mas primeiro e principalmente aos jovens, pois um filósofo sabe perfeitamente bem que os jovens tem que tomar decisões sobre suas vidas que eles estão geralmente mais dispostos a aceitar os riscos de uma revolta lógica. “(Badiou. 2007, p.129)

(9)

Ensinando dessa maneira, um estilo mais socrático, com uma roda de debates incentivando a um espaço investigativo, além de poder ensinar algo a aqueles alunos pode-se ainda estimular o uso do criativo neles e também proporcionar um raciocionio mais reflexivo e critico.

Mas o grande desafio que um professor encontra nas suas aulas não é a transmissão de conhecimento sobre historia da filosofia, mas sim que se produza uma mudança subjetiva, se existe um espaço compartilhado de pensamentos por meio de diálogo não somente os alunos irão aprender, mas também aquele que esta a ensinar, em outras palavras é o professor-mediador que deve criar o ambiente para estimular os estudantes a interrogar e estimular neles a vontade pelo saber.

Uma das grandes utilidades da filosofia é conhecer, em qualquer campo, metodologias ou argumentos, ou seja, dar razão, distinguir razões de pseudorrazões, ou desculpas, formular ou remover critérios, entender e avaliar argumentos, reconhecer falácias e contradições, identificar supostos, problematizar em sentido estrito, e muitas outras coisas.

Estas não são habilidades unicamente exclusivas da filosofia, toda matéria bem aplicada pode gerar um pensamento critico, mas isto para a filosofia se torna de grande importância, pois constitui a essência de um pensar.

Um bom professor é aquele que promove o pensar, ele não deve ensinar para que os alunos repitam ou decorem, ele ensina a pensar criticamente e a argumentar de maneira coerente.

As perguntas para o nosso mundo contemporâneo necessita de respostas rápidas. E por isso o professor de filosofia deve contribuir para que o aluno possa exercitar a sua mente e ser capaz de criar um pensamento critico avaliar e poder decidir da melhor maneira as condições de sua incorporação ao mundo de hoje.

E para isso o professor deve mediar um debate entre os alunos onde eles possam questionar e levantar hipóteses e se possível testa-las, e levantar outras hipóteses relevantes, através de um dialogo.

(10)

Metodologia

Mas como fazer para aplicar tudo o que foi dito ate agora nas salas de aula coerentemente? É certo que o espaço investigativo não é uma maneira privilegiada ou o único método de ensinar, cada professor poderá realizar de seu próprio jeito, não há uma maneira de lecionar com sucesso, qualquer tema filosófico a qualquer aluno em qualquer contexto, isso seria ilusório.

Ensinar filosofia é uma característica única de cada professor, a maneira como cada um irá fazer deve ser uma construção coletiva com os alunos, de uma maneira conceitual teórica e prática, e ter a capacidade de se atualizar todos os dias.

Uma questão de extrema importância aqui é a relação que cada professor tem com o filosofar e seu ensino, e para isso o professor de filosofia não pode ser apenas um técnico que repassa as ideias dos especialistas.

Quem ensina filosofia deve ter um dia se perguntado por que e para que se

ensina filosofia? E de que ela serviria para esse grupo ao qual vou me dirigir? E ao

assumir uma decisão com respeito ao que é filosofia, em consequência deve avaliar-se e determinar como fazer.

O estado mesmo definindo o conteúdo que o professor deve se utilizar com as apostilas, aquele que vai passar o conteúdo a um certo grupo deve estar sempre atualizado filosoficamente, para que a sua aula se converta em um espaço para o pensamento, e aqui defendo que este espaço deverá se tornar em algo similar ao que Sócrates costuma fazer, defenderei aqui o espaço investigativo-dialógico.

O professor deve sempre se atrever a pensar, pois isto supoe uma maneira nova de se relaciornar com o mundo e com os conhecimentos, sem reproduzi-los, tornando o espaço escolar em uma atividade de produção e criação.

Poderá desenvolver em um aluno o pensamento critico, mas não pode se ensinar criticamente o pensamento critico, enquanto mero conteúdo formal, tomando como pressuposto que ensinar filosofia e ensinar a filosofar e necessário que esse docente incentive a uma intervenção filosófica, a busca de respostas, o professor deve criar

(11)

condições para que o aluno possa realizar questões de âmbito filosófico e motiva-lo a ir de encontro com estas respostas.

Ensinar filosofia trata-se de uma questão de conceito e não apenas de estratégias de ensino, ou metodologia, mas sim levar ao conceito de ensinar filosofia pode ter um valor relativo dependendo de onde se estar, e estar preparado a tomar uma atitude diferente diante de algumas decisões tomadas perante uma problemática.

A maneira de ensinar dependerá mais do que da aplicação geral, da relação de cada professor com a filosofia, e do lugar que a sala de aula concede para o filosofar. Ou seja a relação do professor e aluno deve ser de um modo que próximos, assim como a sua relação com a filosofia, para que ele saiba como agir com aqueles alunos e motiva-los a levantar e refletir em questões filosóficas.

Um curso de filosofia no ensino médio é um quadro fragmentado de diversas disciplinas desconectadas, e os alunos assimilam como podem. E a função de um professor ai e fazer com que esse aluno encontre um valor significativo na vida escolar.

Quando se ensina esta colocando alguém em uma antessala de desafios, e por isso esse professor deve estimular o aluno para que ele leve isto adiante. Filosofar é ousar pensar por si mesmo, mas fazer isso de uma maneira que requer uma decisão concreta e sensata. Já que pensando por si mesmo supõe uma maneira nova de se relacionar com o mundo e com os conhecimentos sem ter a necessidade de reproduzi-los apenas.

Pensar é uma arte e pode supor algo novo com o que a pessoa se confronta um ato de produção criadora, e não apenas como reprodução e repetição. Por isso o professor deve criar um espaço em sala de aula que é possível a formulação de perguntas, e não o lugar onde o professor somente oferece respostas a perguntas que eles sequer nem fizeram. Os textos filosóficos serão uma ferramenta importante, mas não um fim em si mesmo, compreender o texto é apenas um passo nesta caminhada e não o fim.

Ensinar filosofia implica na criação de um ambiente para o filosofar, compreender um texto filosofico não é parte do filosofar, mas um caminho até ele. Se o nosso objetivo aqui é o filosofar então o conteúdo a ser ensinado deve ser aquele que propicia uma atividade filosofica.

(12)

Por tanto não haveria apenas uma única maneira de se ensinar filosofia, mas o ensino de filosofia pode se constróir no diálogo filosófico do dia-a-dia. Em uma sala de aula o professor deve saber definir estratégias de planos de aula levando em conta o nível e a inquietudes dos alunos, escolher recursos variados, dispor de múltiplos critérios de avaliação que não apontem a mera repetição, mas sim uma elaboração pessoal e coletiva.

O professor deve ser um filosofo que cria e recria cotidianamente um conjunto de problemáticas filosóficas, mas ele não deve fazer isto sozinho, e sim em conjunto com seus alunos em um debate filosófico.

Tal esquema didático deve constar de duas etapas, uma aonde a problematização vai se formar e as interrogações deverão surgir, e outro aonde se vai em busca de uma tentativa de resolução, ou ate mesmo hipóteses para resolver esses problemas. Ou seja primeiro tenta distinguir didaticamente a construção de um problema e depois tenta resolve-o.

O interessante neste método é que isto não supõe uma posição colocada aos alunos pelo professor, ou mesmo ideias desse professor, mas sim abre espaço para o pensar desse estudante na medida em que essa problematização seja uma construção coletiva.

Por isso sugiro como esquema para uma didática em sala de aula, a problematização compartilhada, a tentativa de resolução, uma nova problematização compartilhada e uma nova tentativa de resolução, um ciclo sem fim.

Não é de extrema importância que o docente transmita o conhecimento determinado, como quem insere uma ideia já pronta, tanto sua quanto a de algum filosofo, mas sim que de lugar ao pensar dos outros, neste caso do seus alunos.

Uma estratégia didática não é a mera reprodução de conceitos, mas o surgimento do pensar do outro, e por isso ensinar ou aprender filosofia é uma tarefa que deve ser realizada em conjunto, ela deve ser partilhada entre os que estão presentes.

Não tem sentido em apenas transmitir dados, conceitos, ideias, pensamentos, mas ensinar filosofia é mais do que isso, é dar lugar ao pensamento do outro.

(13)

Segundo Lipman o pensar deve ser contruido por etapas, nas quais eu concorco plenamente, ja que vejo como uma didatica diferenciada de ensino, nas quais sendo elas:

- Investigação:

Esta relacionado com o habilidade de pesquisar, de buscar por algo, de se dar conta das relações que produzem determinados fatos, ou de procurar por novos fatos. E para ele muitas vezes esse tipo de raciocínio se da um saber observar bem, utilizando de todos os sentidos.

Esta é uma habilidade que todos nos possuímos e formamos no meio em que vivemos, a partir de nossa orientação, da nossa cultura, da nossa forma de interpretar algo, vamos construindo nossos conceitos e nossos “pré-conceitos”, por isso o educador deve levar em conta o meio em que o aluno esta inserido, e partir de problemas relacionado ao que esta mais próximo dele.

Observar e ter a consciência de tudo que esta ao nosso redor, tudo que nos envolve, e de possibilidades que podem entrar nesse meio, resolvendo impasses, mas observar criativamente e abrir os horizontes para novas possibilidades de outras relações.

Dessa maneira o professor-mediador vai trabalhando com eles e incentivando a questionar sobre os problemas que cercam a realidade vivenciada por ele por seus alunos, buscando em conjunto deles uma maneira de fazer filosofia.

- Modo de questionar

Neste caso o educador deve auxiliar o aluno para que ele consiga fazer questões que tenha um conteúdo de interesse investigativo, que faça com que ele se interesse pela questão e faça com que ele corra atrás de uma solução para ela, principalmente nas situações em que estão envolvidos.

Ja que podemos fazer questões, mas nem sempre elas tem uma relevância filsófica, e por isso que o professor deve mostrar ao aluno o caminho para se fazer

(14)

questões que lhe afetam e refletir nela por um outro viés, levando ele a uma maior reflexão ao questionamento.

- Criar hipoteses

É plausível que os alunos sejam capazes de trazer a tona hipóteses para questões que temos ou que outros nos propõem, imaginar possíveis soluções para as questões ou problemas do cotidiano vivenciados por eles.

Para ser capaz de formular essas hipóteses os alunos devem ampliar o seu raciocínio criativo, deve ser capaz de supor alternativas, de inventar possibilidades, pois esta é uma exigência muito importante nos dias atuais já que tudo ocorre de maneira tão rápido e pode se modificar com frequência, e já que não temos uma regra pronta e definida para resolver tudo, isso possibilidade que o aluno possa analisar o problema de vários ângulos diferente e pensar de varias maneiras diferente em uma solução.

- Argumentação

para isso o aluno deve buscar explicações, justificativas para se apoiar nos seus argumentos, deve buscar comprovações para suas afirmações. E não aceitar informações gratuitas sem que se pague o preço da comprovação, é necessário que ele vá em busca de um prova que possa se basear em sua fala. E neste caso o educador não pode apenas exigir do aluno que ele entregue essas provas, é preciso orientar o aluno o caminho e os meios para localizar essas provas.

E dessa forma é uma ótima maneira de testar as hipóteses criadas anteriormente para comprovar sua eficácia, e transformar o “eu acho”, em deu ou não deu certo, a avaliar a prática e ver se a hipótese deu mesmo certo ou não, se não, então deve se questionar o por quê.

Há de se aprender a comprovar suas hipóteses por meio de bons argumentos, e preciso que os argumentos apresentem uma consistência que possam nos oferecer em suas justificativas, uma maneira de se fazer isto é mostrar aos alunos como os grandes pensadores fizeram isto, fazendo os identificar os argumentos utilizados por grandes

(15)

pensadores, em varias disciplinas, e pedir para que avaliem esses argumentos com seus próprios argumentos.

O mais importante no papel de um educador não é ficar preocupado com o conteúdo que esta programada para dar em sua área, mas sim prestar muita atenção em seus alunos e estar preparado para poder auxilia-los da melhor maneira possível para elevar o seu desempenho e seu raciocínio criativo e sua reflexão investigativa.

- Referências:

FEYNMAN, Richard. Ensino de Física no Brasil. Artigo, Rio de Janeiro, n. , p.1-6, 1950.

LIPMAN, Matthew. O pensar na educação. Petropolis: Vozes,1995

LIPMAN, Matthew. A filosofia vai à escola. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

CERLETTI, Alejandro. O ensino de filosofia como um problema filosófico. Rio de Janeiro: Autêntica Editora, 2009.

RANCIÈRE, Jacques. O Mestre Ignorante. São Paulo: Autêntica Editora, 2009.

PALÁCIO, Gonçalo Armijos. De como fazer filosofia sem ser grego, estar morto ou ser gênio. Goiás: Editora Ufg, 2004.

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Educando para o pensar: o que é uma educação para o pensar?. São Paulo: Afiliada, 2002.

LORIERI, Marcos Antônio. Educando para o pensar: educação para o pensar. São Paulo: Afiliada, 2002.

CASTRO, Eder Alonso. Educando para o pensar: Pensando sobre educação, ética e transversalidade. São Paulo: Afiliada, 2002.

Referências

Documentos relacionados

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

A ginástica aeróbica foi a primeira atividade aeróbica a merecer destaque. Praticamente foi esta a responsável pela popularização dos exercícios aeróbicos de

Se não fosse assim porque será que algumas são ultra elegantes e outras não funcionam e vestem mal até mesmo que é linda? O.. segredo está em saber apurar o olho para alguns

Portanto marcações indevidas, rasuras, dobras, ou utilização de recursos não permitidos (borracha, corretivo) na área de leitura poderão ser consideradas

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O novo sistema (figura 5.7.) integra a fonte Spellman, um novo display digital com programação dos valores de tensão e corrente desejados, o sinal visual do

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação