• Nenhum resultado encontrado

Observatório Saúde na Mídia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Observatório Saúde na Mídia"

Copied!
50
0
0

Texto

(1)

Observatório Saúde na Mídia

Monitoramento da gripe H1N1 na mídia impressa

Apresentação de Resultados

Terceiro Relatório

Período: 21 de junho a 31 de agosto de 2010

Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde

LACES/ICICT/FIOCRUZ

NUCOM/SVS/MS

Rio de Janeiro

Setembro de 2010

(2)

TERCEIRO RELATÓRIO DE RESULTADOS

Período: 21 de junho a 31 de agosto de 2010 Convênio SVS/MS – ICICT/FIOCRUZ

Iniciativa: Núcleo de Comunicação da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS Vanessa Borges

Valéria Vasconcelos Padrão

Realização: Observatório Saúde na Mídia (LACES / ICICT / FIOCRUZ) Coordenação geral: Umberto Trigueiros (Diretor ICICT)

Coordenação adjunta: Kátia Lerner (Dra Antropologia Social, LACES / ICICT) Coordenação executiva: Izamara Bastos (Ms Comunicação Social, LACES / ICICT) Assessora metodológica: Inesita Soares de Araújo (Dra Comunicação Social, LACES/ICICT)

Pesquisadores

Igor Sacramento (Ms Comunicação Social, convênio ICICT/SVS) Izamara Bastos (Ms Comunicação Social, LACES / ICICT)

Kátia Lerner (Dra Antropologia Social, LACES / ICICT)

Wilson Couto Borges (Dr Comunicação Social, convênio ICICT/SVS)

Pesquisadora Colaboradora: Adriana Kelly Santos (Dra Saúde Pública, Prof./DEM/ UFV)

Assistentes de Pesquisa

Karen Dias (convênio ICICT/SVS) Pedro Gradella (convênio ICICT/SVS)

Estagiários Laces/Icict Bruno Costa

David Nascimento Apoio administrativo Ednalva Lira (LACES/ICICT) Fotos

(3)

SUMÁRIO

Apresentação ... p. 04

1. Introdução ...

p. 06 2. Uma visão de conjunto: dados quantitativos ... p. 08

3. Fluxo narrativo sobre Influenza H1N1 ...

4. Os discursos sobre a Influenza H1N1 ...

p. 17

p. 21

5. Considerações finais ... p. 43

6. Anexo ... p. 45

(4)

APRESENTAÇÃO

Apresentamos à Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS o terceiro relatório contendo a análise de mídia sobre os temas da Influenza H1N1 e sobre a ação do Ministério da Saúde relativa àquela pandemia. Nele trazemos os resultados referentes ao período de 21 de junho a 31 de agosto de 2010, nos jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São

Paulo, Estado de Minas e Zero Hora. Com esse relatório encerramos o

período de acompanhamento da Influenza H1N1 na mídia durante o ano de 2010, previsto pela parceria entre o Núcleo de Comunicação/SVS e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT)1, através do Laboratório de

Pesquisa em Comunicação e Saúde (Laces).

A estrutura de texto mantém a mesma lógica dos relatórios anteriores. Na primeira parte, apresentamos uma descrição quantitativa, levando em conta a abordagem no tempo por jornal e segundo a distribuição espacial interna das matérias. Na segunda, fazemos um mapeamento crítico dos temas centrais aportados pelos textos jornalísticos no período monitorado. Na terceira parte, apresentamos uma análise qualitativa, identificando e explicitando os mecanismos através dos quais a mídia constrói os sentidos sobre a Influenza H1N1 e sobre a atuação do Ministério da Saúde. Observaremos como interesses são representados e defendidos nas páginas dos jornais, analisando as vozes contempladas, os modos de dizer, argumentar e as redes de sentidos mobilizadas.

1 A parceria com o NUCOM/SVS/MS prevê a análise da cobertura da mídia sobre os

temas da Influenza H1N1 dos anos de 2009 e 2010 e também da dengue entre novembro de 2009 e março de 2010.

(5)

Esperamos que a leitura deste relatório possa trazer contribuições para uma melhor compreensão sobre os discursos produzidos acerca deste agravo, bem como subsídios para se pensar as relações entre comunicação e saúde.

Umberto Trigueiros Lima

Diretor do ICICT

Coordenador geral do Observatório Saúde na Mídia

Kátia Lerner

Chefe do LACES

(6)

1. Introdução

Este relatório tem como objetivo apresentar os resultados relativos à análise da mídia impressa sobre Influenza H1N1 no período de 21 de junho a 31 de agosto de 2010, nos jornais O Globo, Folha de São Paulo, O Estado

de São Paulo, Estado de Minas e Zero Hora. Tal qual ocorreu no relatório

anterior, a análise teve como eixo norteador a seguinte pergunta:

Como a mídia constrói os sentidos sobre a Influenza H1N1 e sobre a atuação do Ministério da Saúde nessa pandemia?

Tomando a teoria da Produção Social dos Sentidos como ponto de ancoragem que sustenta o olhar sobre o corpus de análise, buscamos formular e responder perguntas sobre o material envolvendo elementos tais como: conteúdo (o que fala?), vozes contempladas (quem fala?), modos de dizer (como fala?), contexto textual (onde fala?), co-texto (relação do texto com os textos que o circundam) e o contexto intertextual (redes de sentidos mobilizadas).

A abordagem quantitativa e o acompanhamento do fluxo narrativo sobre Influenza H1N1 foram feitos sobre a totalidade de textos publicados nos jornais em todo o período coberto pelo relatório. No que diz respeito aos textos selecionados para a análise de discursos, mantivemos, de forma geral, os critérios de amostra adotados nos relatórios anteriores. Neles foi selecionada uma semana a cada três e, dentro dela, os dias que apresentavam maior, média e menor freqüência de textos publicados. No caso específico deste terceiro relatório nos deparamos com dois elementos que acabaram por promover uma pequena alteração na conduta até então adotada: a total ausência de textos na terceira

(7)

semana prevista de análise (16 a 22 de agosto) e o anúncio da OMS sobre o término da pandemia (em 10 de agosto). Diante disso, optamos por manter a análise das duas semanas inicialmente previstas, acrescentando outros cinco textos veiculados no dia seguinte ao anúncio oficial, devido à importância desse acontecimento para o tema por nós abordado.

Sendo assim, as semanas escolhidas foram:

— Primeira semana de análise: 5 a 11 de julho

— Segunda semana de análise: 26 de julho a 01 de agosto . textos do dia 11 de agosto

Cabe, por fim, uma última observação. Embora o período acordado neste terceiro relatório tenha sido de 20 de junho a 31 de agosto, modificamos a data de início para o dia seguinte. Isso se justificou para que não repetíssemos a análise do dia 20, que acabou sendo incluída no relatório anterior, e para que mantivéssemos a coerência do recorte temporal, mantendo a data de início da semana analisada na segunda-feira (e não no domingo), como ocorreu anteriormente.

(8)

2. Uma visão de conjunto: dados quantitativos

Seguindo a tendência observada no relatório anterior (relativo ao período de 09 de maio a 20 de junho), neste também foi possível verificar um claro declínio no número de textos jornalísticos sobre Influenza H1N1 nos jornais monitorados. Ao longo de 72 dias (de 21 de junho a 31 de agosto) verificou-se a presença de 23 textos nas páginas dos jornais, perfazendo uma média de 0,32 textos por dia, conforme indicado no gráfico abaixo (gráfico 01). Gráfico 01 40 11 7 0 5 10 15 20 25 30 35 40

Junho( Obs: a partir do dia 21 foram registrados 5 textos)

Julho Agosto

Textos de Influenza H1N1 de Junho a Agosto

Essa diminuição do tema nos noticiários pode ser compreendida levando em conta dois fatores: o processo de término da campanha de vacinação contra Influenza H1N1 pelo Ministério da Saúde, programado inicialmente para o dia 21 de maio e posteriormente prorrogado para o dia 02 de junho2, e o fato de que em 10 de agosto a Organização Mundial

de Saúde (OMS) decretou o fim do alerta de Influenza A (H1N1). Nessa

2 O encerramento oficial estava programado para esta data, mas houve uma nova prorrogação, o

(9)

ocasião, os jornais publicaram o anúncio de especialistas informando que o mundo entraria em uma fase de “pós-pandemia”. De acordo com a OMS, essa mudança de status seria decorrente de análises realizadas em vários países sobre os riscos de contaminação pelo agravo, e a conclusão desses estudos foi que o vírus Influenza H1N1 não fora extinto, mas que assumiria o comportamento da gripe sazonal, não apresentando, portanto, grande periculosidade.

É possível observar uma mudança no valor-notícia que a pandemia apresentou neste período, comparativamente aos precedentes. No relatório anterior já se verificava uma diminuição quantitativa, mas o tema ainda apresentava clara relevância no noticiário (mensurada pelo tipo de abordagem realizada, o número de capas que obteve e assim por diante). No entanto, sua baixa visibilidade parece agora sugerir que a “constatação” pelas autoridades sanitárias de que o agravo estava sob controle não apresenta, em termos da lógica jornalística, apelo semelhante à perspectiva de sua eclosão, propagação ou mesmo das estratégias de prevenção implementadas. Sendo assim, é coerente que, dos três períodos analisados pelo Observatório (desde 08 de março até 31 de agosto), este terceiro seja o que apresente a menor quantidade de textos sobre Influenza H1N1 (ver gráfico 02).

Gráfico 02 62 96 64 40 11 7 0 20 40 60 80 100

Março Abril Maio Junho Julho Agosto

(10)

No que diz respeito à freqüência de textos sobre Influenza H1N1 ao longo dos dias da semana, observa-se uma preponderância na quarta-feira (10 textos). Bem abaixo, percebe-se que quinta-quarta-feira aparece como o segundo dia com maior número de publicações (5), seguido de terça-feira (4). Assim como no período anterior, domingo e segunda-feira são dias esvaziados (1 publicação em cada dia), sendo que não foi encontrada nenhuma menção ao tema nos jornais veiculados aos sábados (ver gráfico 3).

Gráfico 03

Dispersão dos Textos por Dia da Semana no periodo de 21 de junho a 31 de agosto de 2010 1 1 4 10 5 2 0 0 2 4 6 8 10 12

Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

Dentre os periódicos examinados, o matutino gaúcho Zero Hora foi o que mais textos veiculou sobre Influenza H1N1, com 08 textos sobre o assunto (o que equivale a 35% no universo dos 23 textos publicados). Logo em seguida, O Estado de São Paulo, com 07 textos (30%), O Estado de

Minas, com 05 (22%), Folha de São Paulo, com 02 (9%) e O Globo, com 1

(11)

Gráfico 04

Textos por Jornal no Período de 21 de Junho a 31 de Agosto de 2010

Estado de Minas 22% Folha de S. Paulo 9% O Estado de São Paulo 30% O Globo 4% Zero Hora (RS) 35%

Cabe aqui ressaltar que, no que diz respeito à distribuição de textos por periódico, nos deparamos com um cenário muito semelhante ao último relatório apresentado. O jornal Zero Hora permanece como o que apresenta o maior quantitativo, com um ligeiro aumento de 1%. No caso dos jornais Estado de Minas e O Globo, ambos apresentaram um leve declínio de 1% ; as principais oscilações ficaram por conta da Folha de São

Paulo (declínio de 5%) e O Estado de São Paulo (aumento de 6%).

Essa comparação, no entanto, deve ser feita com cautela, para que não incorramos em conclusões equivocadas. Isso é especialmente válido no que diz respeito ao jornal O Estado de São Paulo, pois esse aumento relativo não se traduziu em aumento dos números absolutos de textos veiculados (teve 19 textos no segundo período e 7 textos no terceiro). Em outras palavras, ele também apresentou um decréscimo de textos, mas dentre todos os jornais foi o que menor queda apresentou (conferir tabela a seguir).

(12)

Segundo período de análise Terceiro período de análise Periódico No. % No. % Zero Hora 27 34% 08 35%

O Estado de São Paulo 19 24% 07 30%

Estado de Minas 18 23% 05 22%

Folha de São Paulo 11 14% 02 9%

O Globo 04 05% 01 4%

Total 79 100% 23 100%

Destacamos ainda que, assim como o tema passou a ficar escasso no interior dos veículos no período de junho a agosto, o mesmo ocorreu com a ocupação do assunto nas capas dos jornais. No primeiro período analisado (08 de março a 08 de maio),o tema foi anunciado 31 vezes; no segundo (09 de maio a 20 de junho), 12 vezes; no atual período (21 de junho a 31 de agosto), somente 04. Os jornais que apresentaram as capas foram: Zero Hora (com o maior número: 02), Estado de Minas e Folha de

São Paulo (conferir gráfico 05).

Gráfico 05 1 1 2 0 0,5 1 1,5 2

Estado de Minas Folha de S. Paulo Zero Hora (RS)

Total de capas nos Jornais no Período de 21 de junho a 31 de agosto 2010

(13)

Títulos de Capas e Títulos das Matérias (De 21 de Junho até 31de Agosto/2010)

Data Jornal Título na Capa Título na Matéria

20/07 Zero Hora Alívio – O que

barrou a segunda onda de gripe A

Por que a gripe A não assusta tanto

Zero Hora Por que a gripe A chegou ao fim

Após espalhar pânico, pandemia chega ao fim

Folha de São Paulo

Gripe suína já não é mais pandemia, segundo OMS Pandemia de gripe H1N1 chega ao fim 11/08 Estado de Minas Pandemia de gripe suína chega ao fim

Gripe suína deixa de ser pandemia mundial

Este relatório buscou igualmente identificar os formatos de textos jornalísticos mais apresentados ao longo do período3. Verificamos que há

uma prevalência de textos noticiosos (o que, a propósito, é coerente com a atual concepção de jornal diário, de ser um espaço mais de “informação” do que de “opinião”), divididos entre Reportagens Principais/Vinculadas (07), Notícias (06) e Notas (06), totalizando 19 textos.

Já no que diz respeito a textos opinativos, identificamos no período monitorado um total de 04 textos (02 cartas de leitores e 02 artigos). No gráfico a seguir (gráfico 06) apresentamos como todos esses 23 textos são representados no universo analisado.

3 Conforme o I Relatório de Resultados do monitoramento da Influenza H1N1, os formatos noticioso e

opinativo foram assim conceituados: “O ‘espaço noticioso’ compreende o agrupamento de informações onde cada veículo, a partir do trabalho de um repórter, apresenta ao leitor um material jornalístico o qual busca produzir um efeito de sentido marcado pelas noções de

objetividade, imparcialidade e neutralidade. A materialização dessas informações pode ser vista

nas notícias, reportagens, notas, retrancas, boxes, imagens e infográficos. Já no ‘espaço de opinião’ cada jornal busca identificar que ali a subjetividade é um elemento constitutivo, isso porque está mais associado às avaliações do que o primeiro grupo. Representam estes espaços os textos presentes nos editoriais, colunas, artigos, cartas de leitor e charges”.

(14)

Gráfico 06

Textos de Influenza H1N1 por Formatos no Período de 21 de Junho a 31 de Agosto de 2010 Artigo 9% Carta/Leitor 9% Nota 26% Notícia/Registro 26% Reportagem Principal 30%

Vale também destacar que, comparativamente, o atual período analisado apresenta uma distribuição de textos por formatos muito similar à do período anterior. Os dois mostraram o assunto sendo tratado no formato Nota em 26% das vezes; Notícia/Registro atualmente 26%, anteriormente 28%. Importante ressaltar um leve aumento no percentual de Cartas, que era de 4% e passou para 9%. Talvez, as mudanças mais significativas estejam nos formatos Reportagens e Artigos. Nota-se que do período anterior para o atual ocorreu um declínio de 11% no número de Reportagens. No caso dos Artigos, observa-se um notável aumento, 8% a mais que o apresentado no período anterior.

Em termos de distribuição das narrativas jornalísticas dentro dos espaços internos dos periódicos (Editorias), verificamos que, tal como ocorreu nas análises dos dois períodos anteriores, as editorias Cidade e

Saúde permanceram em destaque (consultar gráfico 07). Traduzindo esses

percentuais em números reais, temos os seguintes dados: editorias Cidade e Saúde apareceram 09 vezes; Opinião, 02 vezes; Ciência e Tecnologia,

(15)

Nacional e Outras, cada uma apareceu uma vez. Diferente do período

anterior, a editoria Cidade neste atual monitoramento passou de 61% para 39% de textos publicados, enquanto a editoria Saúde apresentou um aumento de 29% (período anterior) para 39%. No entanto, ambas editorias permanecem sendo o espaço em que a saúde é mais frequentemente tratada.

Gráfico 07

Editorias no Período de 21 de Junho a 31 de Agosto de 2010

Cidade 39% Ciência e Tecnologia 4% Nacional 9% Opnião 9% Saude 39%

Cabe mencionar que nem todos os periódicos possuem editorias relacionadas à saúde.4 Na ausência desta, muitas vezes os textos relativos

ao tema saúde são publicados na editoria Cidade, que se apresenta como um espaço híbrido que trata dos assuntos enquadrando-os

prioritariamente sob a perspectiva local. No caso dos periódicos que têm as duas editorias (Saúde e Cidade), tais como Folha de São Paulo e O

Estado de São Paulo, o tema aparece assumindo configurações distintas,

ora enfatizando uma perspectiva mais local, ora enfatizando uma perspectiva mais ampla.

4 Para uma visão completa sobre as editorias, ver o anexo 1 do I Relatório de Resultados do

(16)

Neste terceiro relatório observa-se que a editoria Opinião apresentou um leve aumento de textos, em comparação ao período anteriormente analisado, de 4% para 9%, assim como também ocorreu com a editoria

Nacional, que no período anterior ocupou um espaço de 6% e agora

apresentou um percentual de 9%.

Tal como ocorreu anteriormente, notamos a ausência de textos nas Editorias Economia e Esportes.

Por fim, cabe mencionar o aparecimento do tema saúde na editoria

(17)

3. Fluxo narrativo sobre Influenza H1N1

Nos dias 23 e 24 de junho, observamos os primeiros textos jornalísticos publicados na imprensa no período coberto pelo terceiro relatório sobre Influenza H1N1 (que se inicia no dia 21). As três informações – duas veiculadas no dia 23 (nos jornais Zero Hora e O Estado de São Paulo) e uma no dia 24 (Estado de Minas) – abordavam questões ligadas à pesquisa, mais especificamente mencionando o desenvolvimento do primeiro exame feito com tecnologia brasileira para diagnosticar a Influenza H1N1 e a importância dessa conquista para a saúde no país. Alguns dias depois, no dia 28 de junho, o jornal Zero Hora trouxe um novo texto enfocando o tema da prevenção, com o anúncio da portaria feita pelo governo do estado do Rio Grande do Sul determinando que restaurantes e bares com serviço de bufê protegessem os alimentos com tampa de acrílico. No último dia do mês, O Estado de São Paulo anuncia o cancelamento, no México, do alerta sanitário por causa da Influenza H1N1, indicando que a

contaminação estava sob controle.

O mês de julho se inicia com textos sobre prevenção, especialmente pela via da imunização. O jornal O Estado de São Paulo anuncia logo no primeiro dia a vacinação de professores e servidores da rede pública, do ensino fundamental ao médio, atendendo a reivindicação no cuidado com a saúde do professor. No texto publicado no dia quatro, no mesmo jornal, o tema é novamente a vacina, mas em outro contexto, anunciando a decisão da agência norte-americana de controle de alimentos e remédios (FDA) de incinerar as doses de vacina contra o vírus H1N1 que estivessem vencidas. No dia seis, voltamos ao tema da potencialidade de

(18)

comunicar que seu risco está diminuindo e que uma segunda onda não se mostrou tão forte como a pandemia de 2009.

Passada uma semana, o tema H1N1 volta às páginas dos periódicos. No dia 13 de julho, O Estado de São Paulo publica nota destacando a importância de se bloquear o espirro adequadamente – por exemplo, através do uso de lenço – como forma de prevenção contra a contaminação pela liberação de micróbios. Passados dois dias, pode-se perceber a continuidade da preocupação com a prevenção, mas com

ênfase na vacinação. Dessa forma, é possível encontrarmos tal

perspectiva no dia 15 tanto no jornal Zero Hora, o qual destacou que as doses contra o vírus H1N1 continuavam sendo aplicadas em todos os grupos, no município de Santa Maria, quanto n’O Estado de São Paulo, o qual apontou que um universo de 32 mil dentistas poderia ser imunizado.

No dia seguinte (16/07), observamos a preocupação com o tema dos óbitos. Em nota, Zero Hora publica uma informação com o balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, descrevendo o número de óbitos no Brasil, por região. No texto, destaca-se a baixa letalidade na região Sul do país – que corresponde a um terço da região Norte, por exemplo. Já em

Estado de Minas, o foco é na assistência, e é expresso pela publicação de

uma carta de leitor que reclama uma resposta das autoridades municipais com relação ao fechamento antecipado (em termos de horário de expediente) de um posto de saúde em Contagem, o que estaria dificultando o aceso de mineiros à vacina contra o vírus H1N1. Ainda que não explicitamente, pelo menos no caso do jornal gaúcho, estabelece-se uma relação da imunização com a prevenção.

Na seqüência do mês de julho, registramos apenas mais três textos sobre o tema Influenza H1N1, sendo dois noticiosos e um opinativo. No primeiro destes, Zero Hora publica, no dia 20, uma reportagem sobre os efeitos da Campanha Nacional de Imunização sobre a população

(19)

brasileira, enfatizando que a queda no número de casos da gripe H1N1 estaria diretamente relacionada com o patamar alcançado pela

vacinação realizada em todo país, produzindo a sensação, segundo

especialistas, de que a epidemia estava controlada. Além da vacinação, outro dado apontado pelo veículo para os baixos índices de contaminação em 2010 foi a conscientização da população. No entanto, quando tomamos por referência a carta encaminhada por um leitor e publicada em Estado de Minas, no dia 21, é possível perceber que o sentimento anunciado pelo matutino gaúcho é visto com cautela no concorrente mineiro.

É importante registrarmos que não se trata de uma discordância sobre os efeitos da vacinação, tampouco sobre o quanto ela contribuiu para que uma epidemia acontece no Brasil em 2010. Muito pelo contrário, o leitor mineiro destaca a importância de se continuar atento à

prevenção, via conscientização, em nosso país. Assim, nota-se novamente

a aproximação entre vacinação e prevenção como forma de se restringir a contaminação. Assim, quando no dia 29 de julho Zero Hora publicou nova nota sobre a doença, é atribuída centralidade à Campanha Nacional de Imunização no que diz respeito à redução do número de notificações e de mortes ao se comparar 2009 e 2010, e igualmente ao se observar a progressão do processo neste ano. Segundo a informação, houve redução não só de 2009 para 2010 como também entre março e julho de 2010, quando houve a vacinação de aproximadamente 88 milhões de brasileiros.

Ao passarmos para o mês de agosto, mais rara passa a ser a presença de textos sobre a Influenza H1N1 nas páginas dos jornais analisados. No dia dez, Zero Hora publicou um artigo, assinado pela secretaria estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergman, destacando que o “estado gaúcho tinha motivos para celebrar a data,

(20)

pois de janeiro deste ano até agora não registramos nenhum caso de gripe A”. No texto, o êxito era atribuído à mobilização da sociedade gaúcha, desempenhando papel especial a aceitação da vacina disponibilizada pela rede de vacinação das secretarias municipal e estadual, organizada pelo Ministério da Saúde. Nota-se que novamente é produzido um paralelismo entre vacinação e prevenção.

Já o dia 11 de agosto marca o fim da cobertura por parte dos jornais investigados sobre a gripe H1N1. Não por acaso, é no dia dez (publicado pela imprensa no dia 11) que a Organização Mundial de Saúde (OMS) anuncia o fim da pandemia que assustou a vários países do mundo. Ainda que os cinco periódicos analisados tenham produzido textos sobre a declaração da OMS, há diferenças qualitativas que apontaremos na próxima seção. No entanto, vale registrar que, se para alguns veículos, foi equivocada a decisão da instituição de decretar o alerta máximo sobre a gripe (nível 6), causando um “pânico desnecessário ou influenciado negativamente as políticas públicas do estados” (O Globo e O Estado de

São Paulo), para outros, foram “campanhas maciças de vacinação ou as

pessoas que adquiram defesa natural as responsáveis pela tomada de posição da organização” (Zero Hora, Estado de Minas).

(21)

4. Os discursos sobre a Influenza H1N1

A despeito da acentuada queda na quantidade de textos sobre Influenza H1N1 identificada ao longo desses quase 120 dias de monitoramento realizado pelo Observatório Saúde na Mídia (OSM), observou-se que as abordagens sobre o tema permaneceram muito semelhantes. Os poucos textos noticiados nesse último período retomaram, em linhas gerais, os debates apontados nos relatórios anteriores, sendo o único fato novo o pronunciamento da OMS sobre o fim da pandemia, como veremos a seguir.

Estado de Minas (EM)

Tal como já havíamos apontado anteriormente, além da estratégia enunciativa de ressaltar o estado de Minas Gerais frente às iniciativas nacionais como possibilidade de estabelecer um vínculo entre jornal e leitor, o tema Influenza H1N1 parece interessar ao Estado de Minas, especialmente porque é o único jornal a trazer texto sobre o assunto na semana entre 5 e 11 de julho de 2010. Dada à forma como o matutino propõe os sentidos, podemos inferir que essa temática deve ser percebida em meio às disputas que ocorrem em torno das eleições que acontecem esse ano – vale lembrar, e não deve ser considerado um mero detalhe, que tanto o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, quanto o ex-ministro Hélio Costa (atual candidato ao governo de Minas Gerais) compõem os quadros do PMDB, partido que rivaliza com o PSDB nas eleições estaduais de 2010.

Quando lemos, na contracapa (página 2), o título “Gripe suína dá sinal de queda” entre “A conta amarga do vandalismo” e “Segundo livro

(22)
(23)

de uma saga mineira” (EM, 06/07/2010, p. 02)5, podemos julgar que se trata

de uma simples alocação de informações dentro de uma página de jornal. Mas isso seria suficiente para dar conta da “sugestão” que o veículo faz ao leitor? Cremos que não. Na verdade, é nesse ponto que nossa abordagem se distingue das realizadas por outros observatórios. Quantitativamente, há um dado concreto: “foi destaque nessa edição porque estava na página 02”, espaço onde o jornal apresenta a sua agenda, conduzindo o olhar do leitor àquilo que julga (ou quer fazer crer que seja) o mais importante. No entanto, há níveis de investigação que escapam à quantificação. Vamos a eles.

Com essa página, o leitor é convidado a ler seu conteúdo orientado por aquilo que merece mais espaço (meia página). Com o título “A China é aqui”, o articulista discorre sobre os gastos estimados para a “campanha do candidato do PSDB, José Serra (R$ 180 milhões) e da candidata do PT, Dilma Rousseff (R$ 157 milhões)” (Idem), destacando que os números são de fazer com que os “chineses se cuidem”. Outro dado igualmente importante é o fato de a segunda metade da página (parte inferior) ser ocupada por uma imagem (dois terços dessa segunda metade) de chineses tomando banho “na piscina pública da província de Sichuan” (Idem). Assim, quando o periódico mineiro gasta mais da metade da página 02 fazendo referência à China, os demais títulos não devem ser lidos de forma a guardar uma total independência entre si, especialmente porque a expressão “locomotiva asiática” (China, a partir do crescimento de seu PIB em 2010) emprestou sentidos ao estado de Minas Gerais como pudemos apontar no segundo relatório. Assim, ao olharmos “Gripe suína

5 Essa página traz, além da coluna “Em dia com a política” (metade página), pequenas manchetes

que, se não chegam a ser tão importantes a ponto de merecerem destaque na capa do jornal, ressaltam temas que o leitor não deve desprezar, como é o caso do Editorial ou mesmo da “onda de calor” na China. Entretanto, a expressão “E ainda...” não deve ser tomada exclusivamente como um espaço de prolongamento das informações e opiniões expressas na capa ou na coluna. Trata-se, inclusive, de uma estratégia retórica que aproxima o artigo (“A China é aqui”) de uma imagem (“onde de calor na China”) cuja relação não é evidente por si só.

(24)

dá sinal de queda” entre “A conta amarga do vandalismo” e “Segundo livro de uma saga mineira”, nos vemos diante de uma produção que organiza a gripe suína em Minas entre vandalismo em Belo Horizonte e a

saga da velha Minas Gerais dos inconfidentes.

Propomos deslocar a questão no tempo e no espaço, e sugerir que está presente, nessa organização, um certo paralelismo entre esses sentidos e aqueles produzidos pelo Estado de Minas no dia 16 de junho (período coberto pelo 2º relatório), quando o jornal trazia as seguintes “matérias/chamadas”

- “Enquanto Hélio Costa – PMDB – tenta convencer Patrus Ananias – PT –, cinco brigam para formar chapa com Anastasia – PSDB” (“Candidatos em busca de vice”) (EM, 16/06/2010, p. 02)

“Indústria puxa crescimento de 12,2% no estado no primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período de 2009, segundo Fundação João Pinheiro.A expansão da economia mineira superou a nacional, de 9%, e até da China, a locomotiva asiática” (“PIB de Minas cresce mais que o do país”) (EM, 16/06/2010, p. 02)

Ou ainda, não poderia igualmente ser o leitor convidado a ler a notícia sobre “Gripe suína” a partir do debate (e embate) entre a “conta amarga do vandalismo em BH” (prefeitura petista) e o “a velha saga mineira” (protagonizada, dentre outros, por Tancredo Neves, avô do governador Aécio Neves), tendo como reminiscência a locomotiva asiática? Expliquemos um pouco melhor. Não se trata de nenhuma novidade o fato de os mineiros designarem uma variedade bastante ampla de coisas com a expressão “trem”. Em nossa avaliação, há uma clara aproximação entre locomotiva e trem (poderíamos mesmo encará-las como sinônimos). Ora, uma vez que já havíamos identificado uma sobreposição das expressões “locomotiva asiática” e “trem mineiro” (como sugere a informação do dia 16/06/2010), vinculando, por um deslocamento de sentidos, o crescimento da China ao de Minas Gerais,

(25)

não estaria sendo mais uma vez estabelecida uma aproximação entre o “caos” na piscina pública e o “vandalismo em Belo Horizonte” como possibilidade de atravessamento da leitura pelo imaginário anteriormente produzido?

Nas páginas internas do jornal, encontramos a matéria que tem chamada na página 02. Sob o título “H1N1 dá sinal de enfraquecimento” e subtítulo “MG tem sete casos confirmados e a capital, três. Apesar disso, médico alerta para risco de contaminação, que vai até outubro” (EM, 06/07/2010, p. 23 [Gerais], grifos nossos). Para essa reportagem o leitor recebe um “convite”: Apesar do que dizem, fiquem alerta, pois ainda há

risco. Tal perspectiva é corroborada pela presença de um espaço “Grita

Geral: envie sua reclamação” que antecede a reportagem principal da página. Nesse sentido, deve-se ler tal informação com atenção (alerta), especialmente para as contradições entre o que se fala sobre a imunização e o que o matutino traz de informação “verdadeira”. Já no primeiro parágrafo, nos deparamos com a seguinte construção:

A segunda onda de casos relacionados à gripe Influenza A, causada pelo vírus H1N1, não se mostrou tão forte e temerosa como no ano passado. Em Minas Gerais, os dados epidemiológicos são positivos – apenas sete casos confirmados –, pelo menos por enquanto. Mas, segundo o infectologista Carlos Starling, que preside a Sociedade Mineira de Infectologia, ainda não é hora de baixar a guarda. Starling reconhece que o mal que tirou a vida de 181 pessoas no estado em 2009 está mais tímido e, diferentemente do que esperavam especialistas do

mundo inteiro, a possível segunda onda da doença pode ficar para depois. “Mas, mesmo assim, é muito cedo para cantarmos vitória. O risco

de haver contaminações permanece até outubro”, alerta. Apontada como um dos motivos para o bom quadro epidemiológico no estado, a campanha de vacinação contra o H1N1 deve terminar, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), no fim da próxima semana. (Idem,

(26)
(27)

Não vai haver epidemia, pelo menos por enquanto, é o que anuncia o jornal mineiro. Isso porque, a despeito do que dizem especialistas do

mundo todo, provavelmente a segunda onda pode ficar para depois.

Como ainda há risco, todos devem ficar em alerta. Evidentemente que o peso da fala do infectologista mineiro Carlos Starling desempenha um papel preponderante dentro da construção narrativa do Estado de Minas. É muito interessante observarmos que o papel da Campanha Nacional de Imunização é subdimensionado no processo de controle da doença. Na matéria, a grande protagonista é uma segunda onda que não se mostrou

tão forte e tão temerosa. Na verdade, é fundamental manter o leitor em

estado de alerta, na eminência do risco (risco concreto, mas também abstrato, o que justifica a sugestão para que a suspeição seja também difusa e atinja qualquer assunto de interesse dos leitores), o que é corroborado com a explicação do infectologia: “uma segunda onda da gripe, como se esperava, não necessariamente virá esse ano. Não é regra que ela venha em anos seguidos da epidemia. A segunda onda pode

ocorrer ao longo e um período de três a cinco anos” (Idem, grifos nosso).

Ora, estaria propondo o jornal que foi desnecessária a imunização dos brasileiros em geral ou dos mineiros em particular? Ou que o estado está errado ao não realizar a campanha de imunização no ano que vem, como afirmara o ministro da Saúde ainda em junho deste ano?

Ao nos depararmos com o enunciado proposto pelo Estado de

Minas não podemos negligenciar a perspectiva futurista presente em suas

linhas. Na verdade, a despeito de anunciar-se como produtor de uma informação que prima pela busca da verdade, pela objetividade, pela imparcialidade, a presença de determinadas marcas (pode ocorrer, pode

ficar para depois, como se esperava) indica uma tentativa de

antecipação do futuro, o que, pelo menos até a presente data, mostrou-se inócuo. Expliquemos melhor, desde o início da cobertura da Campanha

(28)

Nacional de Imunização, os veículos de informação utilizaram dados de 2009 para tentar antecipar 2010, o que pode ser verificado pela presença de tantos dispositivos enunciativos que buscavam antecipar uma epidemia esse ano. Ora, na medida em que não há um surto da doença, os jornais optam por dois caminhos: abandonar o tema, a exemplo do que fizeram gradativamente O Globo, Folha de São Paulo, Zero Hora e O

Estado de São Paulo; ou continuar tentando antecipar numa perspectiva

“futurologista” (pode ser entre três e cinco anos) uma infestação em massa.

Para além da abordagem mencionada no parágrafo, julgamos que estamos diante de uma matéria que tenta juntar vários elementos para produzir um texto mais ou menos organizado. Ora, se a informação foi produzida no dia 06 de julho, que sentido faz trazer os dados “Em todo Brasil, a mobilização conseguiu atingir 37% da população” e “Até 08 de maio, foram registrados 540 internações e 64 mortes em decorrência da gripe suína no país esse ano” (Idem) já que no dia 18 de junho, o mesmo jornal já havia dado a notícia, organizada sob o título “Saúde vacina todos contra a gripe suína” (EM, 18/06/2010, p. 21 [Gerais]), de que a “A campanha brasileira contra a gripe suína, que já matou este ano 74 pessoas no Brasil, trouxe um recorde para o país, que se tornou o único no mundo a imunizar 42% da população”?6 Dessa forma, poderíamos nos

interrogar: estamos diante de uma contradição, de um erro ou de uma imprecisão de dados que acabam produzindo sentidos mais ou menos orientados sobre as disputas em torno da doença gripe A?

Na página 24, há uma grande matéria (na verdade, ela ocupa toda a página) tratando sobre educação, com destaque para o “déficit na sala de aula”, como aponta o título. Poderíamos inadvertidamente julgar que não há relação entre esta e a matéria da página anterior. Fatalmente

6 Estamos nos referindo ao texto analisado no segundo relatório, referente ao período de 09 de maio

(29)

nos enganaríamos, especialmente se desprezarmos a íntima relação entre educação e prevenção, ou ainda, educação para prevenção de doença. Mesmo não havendo uma relação explícita e direta entre as páginas 23 e 24, particularmente porque o foco desta última é o Índice da Educação Básica (Ideb), os títulos das retrancas são reveladores: (1) “Pequenos notáveis”; (2) “Particulares na frente”, (3) “Maioria atinge metas”, (4) “Ajuste nos indicadores”, (5) “Queda de desempenho”, (6) “Pouco reconhecido”. Tomados isoladamente, tratam-se de pequenas informações complementares do ranking brasileiro de educação. Mas, após a “cobertura” do tema H1N1, eles tendem a potencializar os sentidos.

Se associarmos a primeira retranca à vacinação contra o vírus H1N1, não poderiam ser considerados “pequenos notáveis” as crianças que, mesmo após orientação da OMS, ficaram de fora do público alvo campanha e que, graças à inexistência de uma segunda onda, puderam receber a dose da vacina sem que tivessem sido acometidos pela doença? O 2º, ao debate em torno das vacinas da rede pública versus rede privada; o 3º às metas alcançadas pela Campanha (ou a desconfiança sobre sua efetividade a partir da imprecisão dos dados divulgados); o 4º à diferença entre 37% e 42% ou entre 64 e 74 mortos (que reforça a perspectiva anterior); o 5º ao fato de em Belo Horizonte “ainda faltar vacinar todas as crianças de 2 a 5 anos de idade, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA)” (p. 23) – aqueles pequenos

notáveis; e o 6º ao papel do estado de Minas Gerais frente ao governo

federal, nossa avaliação é a de que, ainda que reconheça os êxitos da imunização, entre deixar de destacá-la em suas páginas ou mergulhá-las nas disputas sociais, Estado de Minas opta pela segunda.

(30)

Zero Hora (ZH)

A análise do matutino gaúcho mantém pouca relação com as disputas político-partidárias tal como vimos no Estado de Minas; no entanto, em seu sentido mais amplo, a dimensão política também aparece como um elemento constitutivo das informações veiculadas pelo periódico, que aparecem em apenas um texto intitulado “Sem pânico” e subtítulo “Vacinação ajuda a reduzir gripe A” (ZH, 29/07/2010, p. 39 [Geral]).

Antes de entrarmos propriamente no conteúdo da informação, é interessante observar a composição gráfica no alto da página 39. Longe de representar uma simples “arrumação” de textos nos espaços, o título “Sem pânico” ao lado de “Publicações Legais” é um convite para que o leitor se aproprie das informações a partir de associações de contigüidade com as ações do governo federal. Tal afirmação pode causar certo estranhamento, haja vista o fato de serem conjuntos distintos de informações (notícia versus licitações, linguagem jornalística versus linguagem jurídica, por exemplo). No entanto, vamos recorrer ao próprio conteúdo jornalístico para evidenciar nossa perspectiva. Na notícia, temos o lead:

O número de casos graves e mortes causados pela gripe A caiu entre março e julho em todas as regiões do país. De 1º de janeiro a 17 de julho deste ano, foram notificados 727 casos de pessoas que precisaram de internação e 91 mortes. O ministério diz que ainda não é possível comparar o número de casos e mortes entre 2009 e 2010 porque o impacto da doença no Brasil só foi percebido na última semana de julho e nas duas primeiras de agosto de 2009

(31)

(Zero Hora, 29/07/2010, página 39)

Há dois pontos que merecem ser destacados nesse primeiro parágrafo. O primeiro deles refere-se ao uso do selo com a imagem de um

(32)

rosto com máscara7 entre o lide e o restante do texto, elemento visual que

remete à memória da doença e reforça os laços entre os dois momentos da pandemia (2009 e 2010). A construção narrativa parece ter como horizonte “os males” produzidos pela gripe H1N1 no ano passado. O segundo ponto, ainda associado a essa memória, evidencia que, em referência ao que aconteceu entre um ano e outro, o governo está se pronunciando, fazendo uma “publicação legal”, dizendo algo sobre o assunto. Isto se torna mais claro caso continuemos no exame do texto:

Os dados são reunidos semanalmente. Segundo o ministério, o número de casos graves e mortes está menor do que no ano passado. O número de mortes também diminuiu dentro de 2010. Para o governo, a redução é resultado direto da vacinação de 88 milhões de pessoas contra a gripe

pandêmica, entre 8 de março e 2 de junho. Mesmo assim, o órgão diz que vai

continuar o monitoramento da gripe H1N1. O Ministério da Saúde informou que os números são parciais e sujeitos a alterações (Idem, grifos nossos).

Ainda que os elementos do texto levem a crer que a população deva ficar “sem pânico”, o jornal faz questão de deixar claro que quem os enuncia é o governo e não o veículo: “segundo o ministério”, “para o governo”, “o órgão diz”, “O Ministério da Saúde informou”. Mantendo-se distante do que fala o governo, Zero Hora adverte: “Mesmo assim (...) vai continuar o monitoramento” porque “os números são parciais e sujeitos a alterações”. Afinal, temos que ficar alertas ao fantasma (e ao medo a ele associado) de uma “gripe pandêmica”. Nesse sentido, ainda que o título enfatize “Sem pânico”, o texto sutilmente evidencia que este temor não deve ser plenamente abandonado.

Esses sentidos parecem ser potencializados pela notícia que se encontra na mesma página, imediatamente abaixo do texto analisado. Sob o título “12 anos depois” e subtítulo “Cresce indenização a vítimas de

7 Este recurso icônico já foi identificado nas análises anteriores, mas é importante destacar a sua

permanência por toda a cobertura, até o final, e acompanhar os diferentes sentidos a ele associados.

(33)

naufrágio”, Zero Hora parece querer indicar que, mesmo com o passar dos anos, há de se ficar atento a episódios que produzam mortes (particularmente em grande número). É importante que digamos que não há qualquer vinculação explícita entre uma notícia e outra. Note-se que as mortes geradas pelo naufrágio da embarcação Bateau Mouche não têm qualquer equivalência às perdas associadas à gripe H1N1. No entanto, a organização gráfica das informações numa página permite ao leitor estabelecer esses vínculos na exata medida em que palavras-chaves como vítimas, mortes, terror (pânico), vida, aparecem em ambos os textos. Assim, não se trata apenas de falar do aumento no valor de indenizações, mas de preocupação com a “vida humana”:

Os desembargadores da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio decidiram que R$ 220 mil para cada [duas sobrevivente] seria um valor mais justo. Em seu voto, o desembargador Fernando Foch, relator do processo, destaca que o valor anterior [R$ 55 mil] não corresponde ao desprezo pela

vida humana demonstrado na noite de terror à qual as vítimas foram submetidas (Idem, grifos nossos, acréscimos presente no conjunto da

informação).

Não menos importante é o espaço dado às duas informações (“Sem pânico” e “12 anos depois”) na diagramação da página. As notícias “dividem” a folha do jornal com as “Publicações Legais”. São oito editais (cada um ocupando duas colunas) preenchendo 80 por cento do espaço (4/5 da composição tipográfica). Dada a efetividade da campanha de vacinação, revelada na redução do número de casos e de mortes, a diminuição gradativa de textos e imagens (em quantidade e em tamanho) é também dado de pesquisa. Nesse sentido, do ponto de vista do resultado prático, o pouco destaque dado ao êxito do processo de imunização (tanto pelo tamanho em si do artigo como pela página esvaziada de notícias onde foi colocado) revela a forma como o jornal o encara. Mas, paralelamente, é nesse jogo do “bem informar” que o

(34)

matutino continua produzindo a noção de que a qualquer momento (mesmo alguns anos depois) o problema pode voltar, aumentando o pânico e a desconfiança com relação às informações produzidas pelo governo.

A partir desta data, o Observatório Saúde na Mídia praticamente não encontrou texto algum sobre a Influenza H1N18, e o tema somente

voltou a despertar o interesse dos jornais de forma mais significativa por ocasião do anúncio do fim do surto pandêmico pela OMS, ocorrido em 10 de agosto. Sobre esse tema, assim se manifestaram os matutinos:

Em Zero Hora, sob o título “Após espalhar pânico, pandemia chega ao fim” (11/08/2010, p. 35 [Geral]), há uma reportagem informando que “a pandemia de gripe A foi oficialmente encerrada ontem”. No entanto, percebe-se a forte presença do Ministério da Saúde (ou de suas ações, como a Campanha Nacional de Imunização) quando este periódico complementa a informação mostrando que “Dois fatores principais contribuíram para que a OMS decretasse o fim do surto: o grande número de pessoas que adquiriram defesa natural contra o vírus influenza H1N1 em 2009, quando houve o pico da pandemia, e a vacinação maciça” (Idem, grifo nosso). Ainda que parte da “vitória” seja atribuída aos gaúchos (pelas “campanhas de conscientização” e pela “maior rapidez nos diagnósticos”, promovidas pelas instâncias governamentais locais) não se pode negar que os efeitos da política preventiva empreendida pelo Estado (governo federal), com especial destaque à vacinação, são valorizados na matéria (“o estado vacinou 4,8 milhões de pessoas”).

Ainda que de uma forma um pouco mais distanciada que seu concorrente do Sul, Estado de Minas também adota a estratégia de trazer o Ministério da Saúde para dentro de suas páginas. Organizada sob o título

8

O monitoramento localizou apenas um único artigo, publicado no dia 10 de agosto no jornal Zero Hora, com o título “Gripe A e os gaúchos”.

(35)

“Gripe suína deixa de ser pandemia mundial” (11/08/2010, p. 25 [Gerais]), o jornal mineiro também registra a declaração da OMS sobre o término de surto pandêmico: “A pandemia de gripe H1N1 (influenza A) chegou ao fim em todo o mundo. A declaração da fase pós-pandêmica foi feita ontem pela Organização Mundial de Saúde” (Idem). Como o matutino parece ter dúvidas sobre a possibilidade da volta da doença, ele usa o Ministério da Saúde para dizer que o “vírus continua circulando com um comportamento semelhante ao da gripe comum (...) embora haja queda no aumento do número de casos” (Idem). Ao trazer essa avaliação do governo sobre o cenário futuro da gripe, o veículo também dá voz ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que “ressalta que, em apenas três meses, 88 milhões de brasileiros foram vacinados contra a H1N1”, o que coloca a Campanha Nacional de Imunização no patamar de uma ação muito exitosa para o combate a um novo surto.

Já O Globo se diferencia não só quantitativamente, mas qualitativamente, dos demais veículos. Desde que avançou o processo de imunização dos brasileiros, o jornal carioca foi paulatinamente deixando de contemplar em suas páginas notícias, reportagens ou artigos que tratassem do tema Influenza H1N1. Na medida em que um novo quadro epidêmico não se configurou, a impressão que temos é que o assunto deixou de despertar o interesse do matutino. No entanto, não há como negar que uma informação como o fim de uma pandemia interessa a qualquer leitor de qualquer empresa jornalística. Assim, é muito pouco provável que O Globo deixasse de registrar a notícia, sob pena, caso o

(36)
(37)

fizesse, de colocar à prova a credibilidade que desfruta junto aos seus leitores. Ainda que ocupando posição marginal no texto, o periódico dá a informação não sem antes aproveitar a oportunidade para registrar o “risco de epidemia” de dengue. Sob o título, “Brasil detecta casos suspeitos de dengue 4” (11/08/2010, p. 34 [Ciência]), lê-se no texto: “O Ministério da Saúde detectou quatro casos suspeitos de dengue do tipo 4 em Roraima, todos em Boa vista. Segundo o órgão, foram tomadas medidas de controle para evitar a dispersão do vírus (...), mas há risco de epidemia, caso ele se espalhe” (Idem).

Note-se que não está no centro das preocupações do veículo registrar o pronunciamento da OMS, afinal este irá ocupar as últimas linhas da informação: “Em Genebra, a OMS declarou que a pandemia de gripe H1N1, ou gripe A, acabou. A diretora-geral da OMS disse que a decisão levou em conta dados dos especialistas do Comitê de Emergência” (Idem). Não há nenhuma linha sobre de que dados se tratam ou do processo de imunização no Brasil. Quando nos debruçamos sobre a notícia produzida por O Globo, dada as estratégias de construção de sentidos utilizada pelo jornal, percebemos que se mantém vivo o dispositivo da epidemia como subterfúgio para estabelecer associações entre a epidemia e a pandemia – esse foi um dos principais eixos para, inversamente, produzir uma aproximação entre dengue e a gripe A em 2009. Assim, antes de falar sobre o “fim da pandemia”, “sugere-se” que no Brasil o governo não consegue controlar os surtos (em 2009, da influenza H1N1; em 2010, da dengue), afinal foi o próprio ministério quem detectou os quatro casos suspeitos.

No caso dos jornais paulistas, a abordagem será diferente das três anteriores, e entre si. Em O Estado de São Paulo, sob o título “OMS declara fim do risco mundial de gripe suína” (11/08/2010, p. A18 [Vida &]), registra-se o fim da pandemia anunciado pela instituição, mas lança-registra-se

(38)

desconfiança sobre ela: “Mas, se a pandemia acabou, antes disso atingiu a credibilidade da OMS” (Idem). O veículo prossegue sem fazer qualquer menção explícita ao surto no Brasil ou às ações do Ministério da Saúde. No entanto, o que falta sobre o estado brasileiro sobra à Organização Mundial de Saúde, acusada de “em julho de 2009, ter declarado que o vírus da gripe havia saído do controle, exigindo a mobilização de governos em todo mundo e recomendando a compra de vacinas e antivirais” (Idem). É muito interessante observarmos que, pela narrativa produzida por OESP, em última instância, a Campanha Nacional de Imunização foi uma das mobilizações que os governos foram induzidos ao erro, bem como, por exemplo, a compra do Tamiflu. Ora, mas sobre as várias informações produzidas pelo matutino sobre as orientações da OMS que não estavam sendo seguidas pelo MS, há alguma informação? Evidentemente que não.

O outro veículo paulista, a Folha de São Paulo, anuncia na matéria intitulada “Pandemia de gripe H1N1 chega ao fim” (FSP, 11/08/2010, p. C5 [Saúde]) que a “A pandemia da gripe causada pelo vírus H1N1 acabou. A Organização Mundial de Saúde afirmou ontem que a doença passa agora ao estágio pós-pandemia” (Idem).

O anúncio de seu término veio acompanhado da tensão acerca da condução da OMS sobre todo o processo. Um dos pontos assinalados foi a crítica ao que se chamou de “exagero” no alarde da doença. Em sua construção narrativa, o texto jornalístico deixa transparecer, por um lado, uma concordância com essa crítica, expressa pela “constatação” dos baixos índices de mortalidade ao mostrar de forma “distanciada” exemplos de países e seus respectivos números de óbitos, muito inferiores ao que se esperava, bem como através da declaração da própria diretora-geral da OMS admitindo a possibilidade de a OMS mudar seus critérios de definição do conceito de “pandemia”.

(39)
(40)

No entanto, no decorrer do texto o periódico continua dando voz à diretora-geral e seus argumentos de que devemos continuar vigilantes às “possíveis mutações que possam tornar obsoleta a imunização existente”, bem como ao coordenador do Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, que nos alerta sobre novos tipos de vírus, que podem se somar aos outros tipos já existentes (H1N1 e H3N2). Em outras palavras, nos deparamos novamente com a noção de “medo” - a pandemia terminou, mas o perigo continua no horizonte, o que leva ao sutil questionamento: teria mesmo a OMS exagerado?

O artigo assinado por Hélio Schwartsman traz um diálogo com o debate acima. Sob o título “Critérios técnicos da organização são justificáveis, mas oferecem risco político” (Idem), o articulista analisa que “as críticas que a OMS recebe por conta de seu suposto alarmismo ao lidar com a gripe suína tem uma origem bastante precisa: ao decretar a pandemia, a organização se valeu de critérios que não acompanham as intuições humanas mais fundamentais sobre a doença” (Idem, grifos nossos). Apesar dos critérios seguidos pela OMS terem um alto custo político (pois não levam em conta as “intuições humanas” - a percepção das pessoas sobre a gravidade e risco de contaminação da doença), ela se apóia em outros critérios que se justificam tecnicamente (“distribuição geográfica dos surtos”) e garantem sua agilidade de ação – mesmo que essa ação possa conter um certo excesso. No entanto, conclui o artigo, explicitando sua posição: “na filosofia da prevenção, é melhor pecar pelo excesso de cuidados do que por falta deles”.

Nesse sentido, observa-se um alinhamento do jornal com a condução da OMS e, diferente do que já ocorreu anteriormente, nesse “encerramento” de cobertura (pelo menos nesta etapa) o alinhamento se estende ao Ministério da Saúde. O texto “E eu com isso? Prevenção da doença deve continuar” orienta que as medidas preventivas (higiene

(41)
(42)

pessoal, cobrir o rosto ao tossir e espirrar, evitar auto-medicação, imunização de grávidas etc.) preconizadas por esses dois órgãos sejam mantidas, reforçando seu lugar de autoridade nesse processo.

(43)

5. Considerações finais

A análise do material coletado nos cinco jornais pesquisados (Zero

Hora, Estado de Minas, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e O Globo), entre os dias 21 de junho e 31 de agosto de 2010, nos permitiu

verificar um decréscimo da veiculação de textos sobre o tema Influenza H1N1. Tal como havíamos apontado anteriormente, tal redução reflete o decréscimo do valor-notícia que o agravo passou a ter para os referidos órgãos de imprensa. Um outro indicativo desse processo é a mudança no perfil dos formatos dos textos sobre Influenza H1N1, com a ampliação do espaço destinado às notas e notícias frente ao das reportagens. Não desprezamos o fato de a quantidade de textos no formato “reportagem” tenha aumentado neste relatório se comparado ao anterior, mas ao olharmos para a dispersão dos textos ao longo dos 120 dias de cobertura da H1N1 pode-se perceber claramente que, conforme diminuía a possibilidade de uma epidemia no Brasil, diminuía-se igualmente o tamanho dos textos sobre o tema.

A prevenção continua sendo o grande eixo temático da cobertura dos meios de informação contemplados por esse monitoramento. De forma análoga ao que identificamos nos relatórios anteriores, permanece fortemente a associação entre prevenção e imunização, ainda que eventualmente sejam mencionadas outras ações preventivas (uso de lenço, higienização das mãos etc.). Outra dimensão da prevenção presente está ligada ao âmbito da pesquisa, com textos anunciando o desenvolvimento do primeiro exame feito com tecnologia brasileira para diagnosticar Influenza H1N1 no país.

Além destes temas identificou-se a presença da preocupação com a questão do contágio. O anúncio feito pelo México acerca do cancelamento do alerta sanitário sobre Influenza H1N1 naquele país,

(44)

indicava que a possibilidade de uma pandemia parecia arrefecer-se, afastando a possibilidade de uma segunda onda tanto lá quanto aqui.

Já em agosto (último mês do monitoramento da H1N1 por parte do OSM), destaque merece ser dado ao anuncio da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o “fim da pandemia” pela – feito no dia dez e publicado no dia 11 de agosto por todos os veículos pesquisados. Do ponto de vista formal, todos trouxeram a informação sobre a declaração do organismo internacional. No entanto, ao olharmos para o conteúdo, é possível perceber que cada jornal apresentou a informação de forma coerente como o desenvolvimento do noticiário presente em suas páginas: enquanto para uns (Zero Hora e Estado de Minas – ainda que este último fizesse com mais cautela que o concorrente gaúcho), a defesa natural adquirida em 2009 e a campanha de imunização em 2010 eram responsáveis pela tomada de decisão da OMS; para outros (O Globo e O

Estado de São Paulo), a decisão de decretar o nível máximo de alerta (6)

sobre a H1N1 fora equivocado. Posição distinta apresentou o jornal Folha

de São Paulo, que assumiu a defesa da OMS, a despeito de seus eventuais

(45)

6. Anexo

Tabelas com os títulos dos textos sobre Influenza H1N1

INFLUENZA H1N1/GRIPE SUÍNA/INFLUENZA A – De 20 a 31 de Junho/2010

Data Veículo Editoria Formato Título da matéria

Zero Hora Cidade Notícia/Registro País fará teste da gripe com kit nacional

O Estado de São Paulo

Saúde Reportagem Principal Brasil apresenta 1º exame nacional

para gripe suína

Estado de Minas O Globo 23/06 Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de São Paulo Estado de Minas

Nacional Notícia/Registro Exames serão mais ágeis

O Globo

24/06

Folha de São Paulo

28/06 Zero Hora Cidade Notícia/registro Bufês terão de ser protegidos com

(46)

O Estado de São Paulo Estado de Minas O Globo Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de São Paulo

Saúde Nota Após 14 meses, México cancela alerta

sanitário Estado de Minas O Globo 30/06 Folha de São Paulo

(47)

INFLUENZA H1N1/GRIPE SUÍNA/INFLUENZA A – De 01 a 31 de JULHO/2010

Data Veículo Editoria Formato Título da matéria

Zero Hora O Estado de

São Paulo

Saúde Notícia/ registro SP vacinará professores da rede

pública e particular Estado de Minas O Globo 01/07 Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de São Paulo

Saúde Nota Vacinas vencidas serão incineradas

nos EUA Estado de Minas O Globo 04/07 Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de São Paulo Estado de Minas

Cidade Reportagem Principal H1N1 dá sinal de enfraquecimento

06/07

(48)

Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de

São Paulo

Saúde Nota Estudo chama atenção para bloqueio

do espirro Estado de Minas O Globo 13/07 Folha de São Paulo

Zero Hora Cidade Nota Vacinação prossegue

O Estado de São Paulo

Saúde Nota Dentistas de 40 a 59 anos podem se

vacinar contra a gripe suína em São Paulo Estado de Minas O Globo 15/07 Folha de São Paulo

Zero Hora Cidade Nota Gripe A matou pelo menos 84 em 2010

O Estado de São Paulo Estado de

Minas

Cidade Carta/leitor Posto de saúde fecha mais cedo em

Contagem

16/07

(49)

Folha de São Paulo

Zero Hora Reportagem

Especial

Reportagem Principal Por que a gripe A não assusta tanto

O Estado de São Paulo Estado de Minas O Globo 20/07 Folha de São Paulo Zero Hora O Estado de São Paulo Estado de Minas

Opinião Carta/leitor OMS recomenda atenção continuada

O Globo

21/07

Folha de São Paulo

Zero Hora Cidade Notícia/registro Vacinação ajuda a reduzir gripe A

O Estado de São Paulo Estado de Minas O Globo 29/07 Folha de São Paulo

(50)

INFLUENZA H1N1/GRIPE SUÍNA/INFLUENZA A – 01 a 31 de AGOSTO/2010

Data Veículo Editoria Formato Título da matéria

Zero Hora Opinião Artigo Gripe A e os gaúchos

O Estado de São Paulo Estado de Minas O Globo 10/08 Folha de São Paulo

Zero Hora Cidade Reportagem Principal Após espalhar pânico, pandemia chega

ao fim

O Estado de São Paulo

Saúde Reportagem Principal OMS declara fim do risco mundial de

gripe suína

Estado de Minas

Cidade Reportagem Principal Gripe suína deixa de ser pandemia

mundial

O Globo Ciência e

Tecnologia

Notícia/registro Brasil detecta casos suspeitos de

dengue 4 11/08 Folha de São Paulo Saúde Saúde Reportagem Principal Artigo

Pandemia de gripe H1N1 chega ao fim

Critérios técnicos da organização são

justificáveis, mas oferecem risco

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Houve interação estatisticamente significativa entre época de semeadura e estirpe de vírus para o número de grãos, percentagem de sementes manchadas e grau de mancha na cultivar

Parágrafo terceiro - Caso a empresa não faça a compensação integral das horas extras com a devida diminuição em outro dia, no período estabelecido no

Cada qual a seu modo, com caraterísticas organizacionais diferentes, CCIR, CONIC, REJU e Koinonia são quatro entidades ecumênicas que vêm tendo certo destaque no país em

De acordo com as observações e pesquisa desta autora, o mecanismo da interconexão interassistencial ocorre através da interligação de bolsões assistenciais em que o tenepessista

Os dados foram colhidos do Sistema de Informação de Mortalidade e das fichas de investigação de óbito materno da Secretaria de Saúde do município.. Dentre os óbitos

Além disso, a percepção de fadiga ele- vada obteve associação estatisticamente significante com a capacidade inadequada para o trabalho, uma vez que a prevalência da

Box-plot dos valores de nitrogênio orgânico, íon amônio, nitrito e nitrato obtidos para os pontos P1(cinquenta metros a montante do ponto de descarga), P2 (descarga do