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PATRIMONIO CULTURAL GOIANIENSE: A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA. Helena Cristina dos Reis Braga¹; Marisa Dorive Antonio²; Kátia Cilene do Couto³

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PATRIMONIO CULTURAL GOIANIENSE: A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA

Helena Cristina dos Reis Braga¹; Marisa Dorive Antonio²; Kátia Cilene do Couto³ ¹ Bolsista PIBIC/IFG , graduanda do curso de Planejamento Turístico do IFG.

² Voltuntária PIBIC/IFG, graduanda do curso de Planejamento Turístico do IFG. ³ Orientadora.

RESUMO

No ano de 1929, o Art Déco chega ao Brasil, importado da Europa e dos Estados Unidos, atingindo a maioria das regiões do país. Apesar de ser universal, esta arte é ao mesmo tempo regionalizante, com características culturais de cada região em que é aplicada. A adoção deste estilo artístico coincide com o início da construção de Goiânia. O governo a adotou, pois, além de moderna, não precisaria de muitos gastos para sua aplicação nas construções da nova capital. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no ano de 2003, tombou o acervo arquitetônico urbanístico Art Déco de Goiânia. Hoje, o acervo arquitetônico da capital goiana é considerado um dos mais significantes do país. Na praça central está presente esta arquitetura moderna, sendo o local com o maior número de construções no estilo Art Déco presente na capital. Entretanto, diante de tanto progresso e beleza, a expansão rápida da cidade de Goiânia parece não ter ocorrido concomitantemente com o desenvolvimento de uma identidade regional. Questão importante para se pensar, pois para haver sustentabilidade da população local, da sua cultura e do turismo em que nela se desenvolve, é importante que os cidadãos se “apossem” dela, saibam sua história, busquem se identificar com os locais e elementos que compõem esta história. Segundo Martins Clerton de Oliveira (2006), a posse de um território confere identidade ao grupo e aos seus componentes - ter e ser no espaço. A importância dos registros de bens de valor histórico e cultural para a preservação da memória da cultura e da própria identidade do povo é uma preocupação ainda recente na cidade de Goiânia. Através de pesquisas qualitativas e quantitativas (entrevistas e aplicações de questionários com cidadãos de bairros nobres e da periferia) e pesquisas em acervos e registros culturais, temos como objetivo concluir cientificamente através dos dados e informações que obteremos, como cidadãos goianienses se identificam com sua cidade, mais especificamente com o conjunto praça

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cívica, suas simbologias para a população em geral, e seu conhecimento e respeito por esse patrimônio histórico. E ainda, concluir se os cidadãos da periferia reconhecem o conjunto Praça Cívica como elemento de formação de sua memória e identidade.

Palavras – chave: Goiânia, Identidade, Memória Introdução

Art Déco é um estilo de origem francesa, que se destacou na década de 30 no continente europeu e americano, influenciou as artes plásticas, a decoração e a arquitetura de edifícios. Em Goiânia, vários monumentos em estilo Art Déco foram construídos nas décadas de 30, 40 e 50. Como o governo não pretendia gastar muitos recursos em edifícios luxuosos, o estilo foi escolhido para compor a arquitetura e para dar uma aparência moderna à nova capital do Estado. O acervo arquitetônico e urbanístico Art Déco de Goiânia, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no ano de 2003. Neste acervo estão incluídos 22 prédios e monumentos públicos. Toda a história de Goiânia, desde sua construção até hoje, representa um conjunto de fatos e marcos históricos muito importantes e significativos para alguns cidadãos que se identificam com a cidade. Para que haja o sentimento de pertencer à cidade e fazer parte dela, o indivíduo deve fazer uso da história, das memórias, das simbologias que cada lugar representa para ele, e também se apossar do território. Assim, pretendemos analisar a importância histórica e cultural do conjunto da Praça Cívica e outros monumentos da cidade, buscando identificar os mecanismos simbólicos que aproximam e separam o cidadão que vive na região central e o que vive na periferia da cidade.

Justificativa

Chama-nos atenção a realidade em que o patrimônio do conjunto Praça Cívica é visto pela população, tanto dos setores nobres de Goiânia quanto da periferia em geral. O Patrimônio histórico constituído pela arquitetura Art Déco é representativo de um dado momento histórico da capital que tinha na visão progressista de Pedro Ludovico Teixeira o seu sustentáculo. Esse patrimônio aos olhos de muitos moradores da capital é invisível; a memória que ele representa está oculta e é caracterizada por outros significados, novas experiências. Essa pesquisa nos propiciará analisar as várias relações que os cidadãos goianienses estabelecem com esse patrimônio.

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Material e Métodos Materiais

• Levantamento bibliográfico;

• Pesquisa de campo;

• Pesquisa em acervos públicos;

• Busca de informações, referentes ao tema do projeto, em órgãos públicos como AGETUR, Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo e AGEPEL;

• Aplicação de questionários para coleta de dados qualitativos e quantitativos.

Métodos

• Método bibliográfico: realizado através de levantamento bibliográfico em faculdades públicas, privadas e acervo público;

• Método quantitativo e qualitativo: com a aplicação de questionários em escolas públicas e conveniadas. Estes questionários eram formados por perguntas de cunho quantitativo e qualitativo.

Resultados e discussões

Segundo Meneses “A História e o Turismo Cultural, em seus limites interpretativos, monumentalizam eventos e musealizam existências” a monumentalização e a musealização muitas vezes ocorrem de forma superficial, em que se configura uma maneira de se informar sobre um bem cultural, edifícios e pessoas não problematizam a história da comunidade em que estão inseridos. Meneses continua “... servem apenas como objetos materiais expostos à curiosidade de turistas que, provavelmente esquecerão rapidamente o que viram, postos que não foram estimulados a pensar, a partir deles, sobre a construção dinâmica da cultura visitada.” Daí, um projeto de educação patrimonial precisa estimular a reflexão e a participação. Caso contrário, o morador de um determinado local não compreenderá a cultura de sua região, de forma que os edifícios, as construções e até mesmo o patrimônio imaterial serão sempre externos a ele, não ocorrendo identificação. Consequentemente, o cidadão terá a idéia

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de “preservar por preservar”, ou seja, sem reflexão não há o entendimento da importância real e cultural do Patrimônio para os habitantes de um determinado local.

“A superficialidade da fruição impede que o turismo construa algo que é fundamental para a sustentabilidade da atividade e do atrativo que se constrói: a dignificação é traduzida por uma incorporação efetiva da cultura como substrato do produto que se escolheu para construir e vender.” (MENESES, p.22)

Meneses defende que Monumento tem dois sentidos diferentes em nosso tempo. A palavra em latim monumentum deriva de lembrar, de modo que monumento pode significar aquilo que memoriza, traz à lembrança e precisa ser guardado. O monumento nesse caso seria para Meneses como “edificação, que dá sentido a um processo educativo e revela as intenções da instituição educadora, apresenta informações para que os acontecimentos não sejam esquecidos”. Mas o monumento pode ser também uma construção que não tem função memorial explícita e sim a de exaltar a beleza ou técnica de seu tempo presente. Como percebemos em vários questionários, os alunos percebem os patrimônios de sua cidade como algo de grandeza e distante de suas realidades e não ocorrendo participação e identificação com eles.

A compreensão do patrimônio estende-se de forma ampla nos dias atuais. Entretanto é importante fazer uso da reflexão para que se consiga atingir aprendizado com aquilo que se visita. Caso contrário, os monumentos terão sempre significações externas ao morador local.

“A compreensão contemporânea do patrimônio deixou de se ater apenas às qualidades estéticas do bem em si, ampliando-se ao cotidiano da vida, no exercício da cultura e no desenvolvimento sócio-econômico das comunidades, constituindo-se em um dos fatores responsáveis por sua identidade e qualidade de vida” (CARSALADE, 2001)

Não há como tratar do assunto Patrimônio Histórico e cultural sem pensar na memória. A memória está relacionada à identidade, e para que ocorra uma reflexão acerca dos patrimônios e apropriação dos mesmos, é preciso memorização. Memória, segundo Carsalade (2001), é algo que a humanidade constrói, identificando indivíduos entre si e tornando-se únicos nas comunidades. Pode se dizer que memória é a base da identidade auxiliando dos laços de pertencimento da humanidade.

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Outro ponto importante visualizado nos questionários aplicados é a idéia que os alunos têm de que Patrimônio é algo material somente, e também a consideração de que paisagens atrativas são praias e monumentos de grandes dimensões. Entretanto, sabe-se que há patrimônios intangíveis que tem como objetivo a preservação das tradições orais e artísticas e um povo como rezas, danças, pinturas, etc, e que uma construção simples e sem tombamento pode ser também considerada como patrimônio cultural, desde que uma comunidade a julgue importante e atribua valor a ela. A definição oficial de patrimônio cultural consta da Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 216:

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tombados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas;as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados as manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Através da nossa pesquisa, percebemos em Goiânia a carência de projetos de educação patrimonial e de revitalização dos bens tombados. É preciso o exercício de aproximação entre História, Patrimônio Cultural e Planejamento turístico, promovendo discussões e reflexões dos indivíduos que visitam os patrimônios.

Em geral, podemos citar as principais conclusões do nosso trabalho de pesquisa: percebe-se a distância da preservação, “preservar por preservar”, cidadão distante de sua própria cultura e distante de sua identidade regional; a definição de patrimônio está muito ligada a ponto turístico, riqueza arquitetônica de dimensão global; importância do patrimônio é para a cidade e turismo, não para o povo. Os entrevistados se vêem longe da apropriação dos patrimônios e como não há identificação desses bens com sua própria história e realidade de vida; definição de patrimônio histórico e cultural somente em sua forma tangível; ponto turístico e valor cultural as paisagens ligadas a praias e grandes belezas, não incluindo o cotidiano dos habitantes locais e o valor de seus costumes, tradições e locais que deveriam fazer parte de sua memória;idéia de que para ser patrimônio precisa ser tombado, é errôneo visto que uma construção, por exemplo, se for atribuída valor a ela por parte de uma comunidade local, tal construção pode ser definida como patrimônio também; há inúmeros projetos relacionados ao patrimônio

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histórico e cultural goiano mas quase nenhum sai do papel, pouquíssimos são colocados em prática, diante disto se pode perceber a pouca atenção dada a este tema por parte dos governantes, iniciativa privada e população em geral; idéia de que o patrimônio histórico é sempre algo externo ao indivíduo, algo distante e algo fixo em sua história de construção; a palavra memória, relacionada com patrimônio apareceu em pouquíssimos questionários; a não existência de aulas e disciplinas sobre patrimônio histórico e cultural nas escolas reforçam o desconhecimento e a falta de interesse dos alunos pelo tema. Embora a importância de se tratar o tema conste nos PCNs, que visa que os alunos estudem de forma consciente a cidade e os valores culturais da sua própria região.

Carência de entendimento acerca dos projetos e questões relativas ao patrimônio por parte dos próprios funcionários das instituições é um agravante sobre a falta de uma ação mais efetiva no que se refere ao estudo, preservação e conscientização sobre o patrimônio histórico goianiense, como por exemplo, o “Projeto Vila Cultural”.

A Vila Cultural é um programa de extrema importância, pois é criado no contexto em que o centro das cidades brasileiras vem sofrendo um processo de degradação constante, ao longo dos últimos 50 anos. Várias são as cidades do país que viram seus centros perder a importância como ponto focal da vida pública, cultural e social. Goiânia, apesar de ser uma cidade nova, já demonstra os primeiros sinais de degradação do centro.

Como exemplos de objetivos específicos para o projeto Vila Cultural têm-se: capacitar professores, guias turísticos e demais profissionais para serem multiplicadores da importância do projeto; sensibilizar os alunos em relação ao papel do cidadão no processo de valorização do patrimônio histórico da cidade; dinamizar roteiros turísticos específicos do patrimônio histórico e cultural de Goiânia; oferecer um conjunto de atrações que desperte na população o desejo de participar da vida do centro; requalificação e reabilitação do centro de Goiânia; recuperação e reforma de prédios históricos.

O Instituto Casa Brasil de Cultura (ICBC) é responsável pela elaboração do projeto, captação e execução. O projeto Vila Cultural é uma extensão do projeto de revitalização do centro de Goiânia denominado Cara Limpa, de 2004. A estratégia de lançar a execução do projeto Cara Limpa concomitantemente à Vila Cultural deve-se ao fato de ações articuladas e simultâneas obterem maior impacto na percepção da população e atrair mais força às ações.

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O Projeto prevê medidas para curto, médio e longo prazo. Há planejamento para a execução de ações pelos próximos quatro anos. Entre elas, prevê-se a isenção da licença onerosa para se construir habitações coletivas no Centro. A queda do imposto é um atrativo para atrair empreendimentos imobiliários.

Em relação ao orçamento, o pedido ao Ministério da Cultura foi da totalidade do projeto, de mais de R$ 6 milhões. Em seguida, após quase dois anos, a Itaú Seguros interessou-se pelo projeto e aportou o valor mencionado. Em vista desse aporte, o ICBC decidiu pedir a redução do escopo original do projeto, apresentando novo pedido para a redução do valor total para R$ 1,4 milhão. Uma única ação de divulgação que contou com o patrocínio de entidade pública foi o encontro internacional com representantes de associação Art Déco, em 2004, evento patrocinado com R$ 10 mil pela Celg.

Ao buscar informações sobre sua aplicação e ação junto à comunidade não obtivemos muitas informações específicas, somente através de diálogos com os funcionários da Goiás Turismo, e mesmo assim, tal projeto não é muito acessível para os goianienses, como por exemplo, o acompanhamento dos resultados;

Foram aplicados 102 questionários para obtenção de dados quantitativos e qualitativos. Estes questionários foram aplicados no Colégio Lyceu de Goiânia e Clarentiano, por serem colégios público e conveniado, respectivamente, e conterem uma diversidade de alunos, em relação a classe social, idade e localidade onde moram.

Os alunos que responderam os questionários tinham idades entre 14 e 18 anos, estavam no Ensino Médio e tiveram algumas dificuldades em responder questões mais específicas sobre o tema.

Perguntamos se eles consideram Goiânia uma cidade turística e por quê? Quarenta e oito pessoas disseram que sim, consideram Goiânia uma cidade turística e cinqüenta e duas disseram que não. “Goiânia não é uma cidade turística porque não tem nada de interessante e não chama a atenção de ninguém para vir aqui”. (Aluno Colégio Clarentiano. 15 anos. Setor Vila Nova).

Outra questão muito interessante foi sobre qual a importância dos prédios históricos de Goiânia, como a Praça Cívica na sua vida para cada um deles. Vinte e quatro alunos disseram que é muito importante, quarenta e três responderam importante, catorze indiferentes e vinte e um falaram que não tem nenhuma importância.

A próxima pergunta foi se os alunos dos Colégios em que foram aplicados os questionários tiveram alguma aula sobre a história de Goiânia. Vinte e um responderam que sim e cinqüenta e nove que não.

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Como focamos nosso trabalho nos Patrimônios de Goiânia e nossa proposta era saber qual a relação das pessoas com estes monumentos, se realmente elas conheciam ou tinham ligação com algum deles, citamos todos os Patrimônios Culturais de Goiânia tombados pelo IPHAN e perguntamos quais eles já tinham visitado. Cinqüenta e sete já foram no Coreto que se localiza na Praça Cívica, quinze nas Fontes Luminosas, tinta e oito na Residência de Pedro Ludovico Teixeira, trinta e três no Palácio das Esmeraldas, cinqüenta no Relógio da Avenida Goiás, sessenta e duas no Colégio Lyceu de Goiânia, sete no Grand Hotel sessenta e uma no Teatro Goiânia, vinte e duas na Antiga Escola Técnica e Goiás, hoje Instituto Federal de Educação Tecnológica de Goiás, e quarenta e três na Estação Ferroviária.

Também perguntamos se realmente é importante preservar os Patrimônios Culturais de Goiânia. A maioria dos alunos disse que sim. “É a historia da nossa cidade. É importante preservar aquilo que nos traz algo de bom, uma cultura saudável”. Aluno Colégio Clarentiano. 15 anos. Setor Central. “Pois precisamos preservar a história da nossa cidade. Pois faz parte da identidade da nossa cidade”. Aluno Colégio Clarentiano. 16 anos. Setor Vila nova.

Estes foram os dados quantitativos que obtivemos através dos questionários aplicados para alunos do Ensino Médio.

Tabela 1

Você considera Goiânia uma cidade turística?

sim 48 não 52

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Tabela 2

Qual a importância dos prédios históricos de Goiânia como a Praça Cívica, na sua vida? 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 24 43 14 21 Muito importante Importante Indiferente Nenhuma

Tabela 2 – Importância dos prédios históricos de Goiânia para os alunos.

Tabela 3

Na escola você tem ou teve alguma aula sobre a história de Goiânia?

Sim 41 Não 59

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Tabela 4

Dentre os Patrimônios Culturais de Goiânia citados quais deles já visitaram?

0

50

100

57

15

38

33

50

62

7

61

22

43

Estação Ferroviária CEFET Teatro Goiânia Grand Hotel Colégio Lyceu Relógio da A. Goiás Palácio das Esm eraldas Residência Pedro Ludovico Fontes Luminosas

Coreto

Tabela 4 – Patrimônios Culturais de Goiânia.

Conclusão

O turismo é indissociável da cultura, a diversidade cultural é o ingrediente principal para o desenvolvimento desse setor. É preciso haver um turismo sustentável, permitindo ao mesmo tempo preservar a diversidade cultural e torná-la um componente efetivo de um desenvolvimento socialmente justo. Entretanto, para que ocorra um turismo sustentável em uma determinada região é preciso que sua população reconheça o valor de sua própria cultura a fim de lutar pela sua preservação. De acordo com Meneses, a cultura de um povo não é imutável, pode e precisa mudar ao longo do tempo, mas tais mudanças devem ser refletidas e pensadas pelos moradores e não como algo imposto por parte dos turistas. Com reflexão ocorre turismo sustentável. Daí, através desta pesquisa percebemos a importância de existirem programas de educação patrimonial a fim de formar cidadãos mais conscientes.

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Na globalização atual o turismo muitas vezes funciona como fuga do cotidiano. Turistas buscam peculiaridades. Além de atrair turistas é importante, por exemplo, que a população de determinada região valorize e use sua cultura como forma de atrativo turístico. Além de atrair lucros e investimentos, a população que valoriza e se identifica com sua própria cultura, tradições, costumes e patrimônios, conserva uma identidade, característica cada vez mais necessária, requisitada e ainda sim difícil de manter no sistema global.

“Desenvolver a cultura nas sociedades contemporâneas, multiculturais e densamente interconectadas, não pode consistir em privilegiar uma tradição, nem simplesmente preservar um conjunto de tradições unificadas por um Estado como “cultura nacional”. O desenvolvimento mais produtivo é aquele que valoriza a riqueza das diferenças, propicia a comunicação e o intercâmbio – interno e com o mundo- e contribui para corrigir as desigualdades”. (Canclini, p.23).

Para exemplificar ações educativas existentes no Brasil, é relevante comentar sobre o Projeto de conscientização turística e patrimônio, denominado de turismo educativo, realizado na Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria do Turismo. Segundo Meneses (2004), tal projeto é destinado a estudantes do ensino fundamental das escolas das redes pública e particular de ensino, que envolve diretores, professores, funcionários, pais e que beneficia, diretamente, crianças e adolescentes na formação de uma consciência de preservação do patrimônio de São Luís, capital maranhense. Aos alunos são apresentados palestras, vídeos, dramatizações e exposição do patrimônio cultural e natural da cidade. Eles também participam de atividades socioeducativas, que incluem passeios pelo centro histórico, os quais contribuem para o enriquecimento cultural, além de criar uma consciência turística na comunidade. O projeto, que foi implantado em 1998 e aplicado até 2005, envolveu 48 escolas das redes municipais e particulares e atendeu um público participante de 145.016 pessoas ao longo dos seis anos de funcionamento. Em dezembro de 2005, promoveu-se encontro entre Setur e representantes da comissão formada por órgãos federais, estaduais e municipais, além de instituições de ensino superior em que, além de um balanço positivo do projeto, discutiu-se a inclusão, nos currículos, da disciplina Educação patrimonial e turismo cultural. É importante notar a importância de primeiramente a cidade ser valorizada pela

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população local e ocorrer identificação para que somente depois a região tornar-se atrativo turístico.

É preciso haver cidadão críticos para definir os patrimônios e valores que estão relacionados com seu cotidiano, e não se omitir deixando assim o Estado selecionar os bens a serem preservados, pois deste modo, este preservará somente os bens selecionados pelos grupos sociais dominantes, excluindo a população em geral. Tal consciência, de que cada cidadão precisa apossar de seus valores, está sendo pouco desenvolvida. Cabe a cada indivíduo reconhecer sua importância na história da cidade, e não ser passivo diante de decisões estatais. Segundo Bolle (1984. p. 33):

“A história que se preserva tende a ser a história das classes dominantes. Os monumentos que se conservam são aqueles que estão associados com os feitos e a produção cultural das classes dominantes. Raramente se preserva a história dos dominados."

As pessoas ainda têm muito que aprender sobre Patrimônio Cultural, a importância dos monumentos históricos para a própria identidade e para a preservação da herança histórica para as gerações futuras.

Trabalhar o Patrimônio Cultural nas escolas fortalece a relação das pessoas com suas heranças culturais, estabelecendo um melhor relacionamento destas com estes bens, percebendo sua responsabilidade pela valorização e preservação do Patrimônio, fortalecendo a vivência real com a cidadania, num processo de inclusão social. (MORAES. p 2.).

Para que isso aconteça, deve ser feito um trabalho de Educação Patrimonial. Isto pode ser realizado nas escolas com crianças a partir do 4º ano, pois nesta idade elas já têm um entendimento histórico. As aulas pode interdisciplinar com as matérias de história e geografia, mas para isso os professores devem fazer um treinamento para realmente entenderem o que é Patrimônio Cultural e sua importância para toda a sociedade.

O governo deve investir na Educação Patrimonial infantil e adolescente, e também deve conscientizar os turistas da importância destes Patrimônios. Como Goiânia possui um acervo muito rico em arquitetura Art Déco, os órgão públicos

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responsáveis pelo turismo de Goiânia devem se aproveitar disso para promover a cidade turisticamente. Projetos devem ser elaborados e levados a frente para promover Goiânia, mostrar o quão rica esta cidade é de história e cultura.

Bibliografia

FEIBER, Fúlvio; FEIBER, Silmara. Arquitetura Brasileira: Art Déco. Trabalho Acadêmico. 2007.

Assessoria Especial de Cultura / Prefeitura de Goiânia. Memória Cultural, Ensaios da

História de um povo. Goiânia, 1985

PESAVENTO, Sandra Jatahy /História, memória e centralidade urbana/ Número 7 – 2007, Nuevo Mundo Mundos Nuevos, mis em ligne le 5 janvier 2007, référence du 7 février 2007, disponible sur: http://nuevomundo.revues.org/documente3212.html

MENESES, José Newton Coelho. História & Turismo Cultural. São Paulo, 2004. CARSALADE, F. L. Patrimônio Histórico. Sustentabilidade e Sustentação. Campinas, junho 2001.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

CANCLINI, Nestor. G. Todos tienen cultura: quiénes pueden desarrollarla? Conferência para o seminário sobre Cultura e Desenvolvimento. Whashington: Banco Interamericano de Desenvolvimento, 24 fev.2005.

BOLLE, Wille. Cultura, Patrimônio e Preservação. In: ARANTES, Antonio Augusto (Org). Produzindo o passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense, 1984.

MORAES, Allana Pessanha. Educação Patrimonial nas escolas: aprendendo a resgatar o Patrimônio Cultural. Trabalho Acadêmico.

Referências

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