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ASPECTOS DESTACADOS DA LEI Nº /98: DOS CRIMES AMBIENTAIS

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PROPPEC

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL- TURMA 9

ASPECTOS DESTACADOS DA LEI Nº. 9.605/98: DOS CRIMES AMBIENTAIS

JULIANA PANIZZI PINTO

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PROPPEC

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL- TURMA 9

ASPECTOS DESTACADOS DA LEI Nº. 9.605/98: DOS CRIMES AMBIENTAIS

JULIANA PANIZZI PINTO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Penal e Processo Penal.

Orientador: Prof. MSc. Marcelo Buzaglo Dantas

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Ao meu pai, Dr. Antônio Carlos Brasil Pinto, cujos conhecimentos, conselhos e lições foram de fundamental importância, durante a confecção deste trabalho.

Ao meu Orientador, Prof. Mestre Marcelo Buzaglo Dantas pelo estímulo, ajuda, debates e esclarecimentos acerca do tema, que muito me auxiliaram para a elaboração desta monografia.

À minha família pelo carinho.

Aos meus amigos pelo apoio e confiança.

À todos aqueles que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a realização da pesquisa.

(4)

Dedico este trabalho aos meus pais Antônio Carlos Brasil Pinto e Carmen Panizzi, meus dois grandes exemplos, pelo incentivo, e por acreditar em meu potencial. Aos meus irmãos, Guilherme Panizzi Pinto e Clarissa Nunes Brasil Pinto pela amizade, e aos meus colegas de classe e amigos com quem pude contar durante a elaboração deste trabalho.

(5)

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Especialização em Direito Penal e Processual Penal e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Florianópolis, 30 de novembro de 2009.

Juliana Panizzi Pinto Aluna

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Especialização em Direito Penal e Processual Penal da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela aluna Juliana Panizzi Pinto, Aspectos Destacados da Lei nº. 9.605/98: Dos Crimes Ambientais - foi submetida em 30 de novembro de 2009 à avaliação pelo Professor Orientador e pela Coordenação do Curso de Especialização em Direito Penal e Processual Penal, e aprovada.

Florianópolis, 30 de novembro de 2009.

Prof. MSc. Marcelo Buzaglo Dantas Orientador

(7)

Este trabalho monográfico visa analisar a lei n.º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, também conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, aprofundando o estudo nos crimes relacionados à poluição. Abordando princípios do Direito Ambiental e aspectos constitucionais históricos relacionados ao meio ambiente, a ênfase recai especialmente na questão da penalização da conduta poluidora. Levando-se em conta que a poluição ambiental pode se dar de diversas formas, como poluição do solo, da água, do ar, a lei em estudo estabeleceu em Seção própria as penas para referidas condutas. Assim, pode-se dizer que a criminalização de condutas poluentes significa um avanço na legislação ambiental, tendo em vista que as leis anteriores abordavam tal matéria de maneira geral. Considerando que determinados bens jurídicos, anteriormente não protegidos legalmente, possuem atualmente respaldo na já citada lei, entende-se que a intenção do legislador é de coibir as condutas que causem danos e degradação ao meio ambiente, tendo como objetivos principais a efetividade dos princípios ambientais, principalmente daqueles ligados à prevenção, ante a dificuldade de recuperação dos danos causados.

Palavras-chaves: Meio Ambiente, Poluição, Prevenção, Crimes Ambientais, Sanções Penais.

(8)

The aim of this monograph is analyzing the law number 9,605 of 1998, 12 February, also known as Law of Environmental Crimes, studying carefully the ones related to pollution. Approaching the principles of Environmental Rights and historical constitutional aspects related to the environment, its emphasis is specially directed to the penalties in case of polluting conduct. Taking into consideration that the environmental pollution can be characterized in many ways, such as soil, water and air pollution, the law under analyses established the penalties for such conducts. In this wat, it is possible to say that considering such conducts as crime, means an advance on the environmental legislation, as the previous laws treated such subject in a general way. Taking into account that some legal matters, not legally protected before, are nowadays supported on the law previously quoted, it is understood that the legislator´s intention is to restrict conducts that cause damages and environmental degradation, aiming as main target the effectiveness of the environmental principles, mainly those ones related to prevention, due to the difficulty in recovering such damages.

Key words: Environment, Pollution, Prevention, Environmental Crimes, Penal Sanctions.

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1 INTRODUÇÃO ... 10

2 O DIREITO AMBIENTAL E SEU PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ASPECTOS GERAIS... 12

2.1 ALGUNS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL APLICÁVEIS AO CRIME DE POLUIÇÃO ... 13

2.1.1 Princípio do meio ambiente como direito humano ... 13

2.1.2 Princípio do desenvolvimento sustentável ... 15

2.1.3 Princípio da prevenção ... 17

2.1.4 Princípio da precaução ... 20

2.1.5 Princípio da cooperação ... 21

2.1.6 Princípio do poluidor pagador e usuário pagador ... 23

2.2 APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS AMBIENTAIS ... 26

3 VISÃO GERAL DOS CRIMES AMBIENTAIS À LUZ DA LEI Nº 9.605/98 ... 28

3.1 O DIREITO AMBIENTAL NAS CARTAS MAGNAS ... 29

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICO LEGISLATIVA ... 33

3.3 SANÇÕES PENAIS AMBIENTAIS ... 36

3.4 RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ... 42

3.4.1 Desconsideração da personalidade jurídica...45

3.4.2 Sanções aplicáveis à pessoa jurídica...46

4 OS CRIMES DE POLUIÇÃO ... 51 4.1POLUIÇÃO DO SOLO... 53 4.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ... 58 4.3 POLUIÇÃO HÍDRICA ... 62 4.4 POLUIÇÃO SONORA...66 5 CONCLUSÃO ... 71 REFERÊNCIAS ... 74

(10)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico, intitulado como “Aspectos Destacados da Lei nº. 9.605/98: Dos Crimes Ambientais”, resulta de uma extensa pesquisa, a qual busca identificar os crimes de poluição e aplicação de sanções penais e administrativas para as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, previstas na lei conhecida como Lei dos Crimes Ambientais.

Esta monografia segue o método dedutivo, ou seja, parte de elementos gerais para se chegar a uma abrangência específica, sendo dividida em quatro títulos. Logo após a introdução; o segundo capítulo aborda os princípios jurídicos para a tutela do meio ambiente e a importância de obedecê-los entrelaçando-os com as normas jurídicas que norteiam o Direito Ambiental.

O terceiro título traz uma visão geral dos crimes ambientais, disposições sobre a Lei nº. 9.605/98 e suas peculiaridades. Tratou também da evolução do Direito Ambiental nas Cartas Magnas e demonstra, assim como na primeira parte deste capítulo, a evolução do pensamento ambiental no país, e a evolução histórico- legislativa focada no meio ambiente. Por fim aborda as sanções penais ambientais e a responsabilização da pessoa jurídica.

O quarto e último capítulo dispõe sobre a poluição e algumas de duas espécies, que neste trabalho serão dividas em quatro principais: a poluição do solo, da atmosfera, hídrica e sonora. Inicialmente será feito uma definição de poluição, destacando as suas características, elementos e classificações, de acordo com cada tipo penal, para depois, determinar os atos tidos como criminosos, capazes de diminuir a qualidade do meio ambiente, alterando suas condições naturais.

Ainda neste título, aborda-se a distinção entre poluição comum e poluição criminosa, uma vez que poluições leves não geram maiores prejuízos ao meio ambiente e não são tipificadas, ou seja, não são tidas como crime, ao passo que, o tipo penal da poluição criminosa trata de poluição em níveis elevados e que geram conseqüências ao meio ambiente.

O objeto principal desta pesquisa é a possibilidade de aplicação de sanções penais às condutas que, de alguma maneira, possam causar poluição ao meio ambiente, gerando degradação e desequilíbrio, analisando alguns dos crimes de poluição, dispostos na já citada Lei.

(11)

Tendo em vista os danos causados ao meio ambiente através de condutas poluentes, torna-se de suma importância a questão da criminalização destas, o que antes da Lei nº 9.605/98, passavam quase que despercebidas na esfera criminal ambiental, ante a falta de normas específicas que abordassem o assunto.

Além disso, as pessoas jurídicas, que na maioria dos casos são as principais responsáveis pela poluição, não eram devidamente penalizadas, uma vez que a responsabilidade penal das pessoas jurídicas foi uma inovação trazida pela Constituição Federal de 1988, mas somente colocada em prática dez anos depois, com a publicação da Lei nº. 9.605/98.

Daí surge a necessidade de identificar os atos ilícitos decorrente de ações contra o meio ambiente, ensejadores de sanções penais, que vem tornando-se cada vez mais comuns atualmente.

Assim, pode-se concluir que referida identificação torna-se imprescindível no sentido de apontar os poluidores, a fim de evitar a impunidade, no que tange à degradação do meio ambiente.

(12)

2 O DIREITO AMBIENTAL E SEUS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ASPECTOS GERAIS

O conceito de Direito Ambiental, segundo Milaré, pode ser definido como:

Complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. 1

O Direito Ambiental, apesar de ser considerado uma ciência nova, é autônoma; isto porque, este ramo do Direito possui seus próprios princípios diretores, que já foram recepcionados pela Constituição Federal vigente.

Milaré afirma:

O Direito, como ciência humana e social, pauta-se também pelos postulados da Filosofia das Ciências, entre os quais está a necessidade de princípios

constitutivos para que a ciência possa ser considerada autônoma, ou seja,

suficiente desenvolvida e adulta para existir por si e situando-se num contexto científico dado.2

Antunes destaca que:

Os princípios do Direito Ambiental estão voltados para a finalidade básica de proteger a vida, em qualquer forma que esta se apresente, e garantir um padrão de existência digno para os seres humanos desta e das futuras gerações, bem como de conciliar os dois elementos anteriores com o desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado.3

A evolução da organização social do homem trouxe consigo a necessidade de estabelecer normas para a utilização dos recursos naturais, com a finalidade de garantir a manutenção de um meio ambiente equilibrado, com vistas ao desenvolvimento sustentável e à manutenção das presentes e futuras gerações.

Antes adentrar-se no mérito do tema, necessário é o estudo dos princípios que norteiam o meio ambiente, pois nas palavras de Reale, “toda forma de conhecimento filosófico ou científico implica a existência de princípios, isto é, de

1 MILARÉ, Edis. Direito do meio ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 3. ed. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2004. p. 134.

2 Ibid., p. 136.

(13)

certos enunciados lógicos admitidos como condições ou base de validade das demais asserções que compõem dado campo do saber”.4

2.1 ALGUNS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBENTAL APLICÁVEIS AO CRIME DE POLUIÇÃO

2.1.1 Princípio do meio ambiente como direito humano

Pode-se dizer que o primeiro e o mais importante princípio do Direito Ambiental é o princípio do meio ambiente como direito humano.

Os direitos do ser humano vêm evoluindo à medida que as sociedades se desenvolvem. Destaca-se a Declaração de Estocolmo de 1972, cujo princípio I estabelece:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal qual permita levar uma vida digna, gozar de bem estar e é portador solene de obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações futuras.5

Ensina Antunes que,

O princípio proclamado em Estocolmo foi reafirmado pela Declaração do Rio, proferida na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92, cujo princípio 1 afirma:

Princípio 1 – Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente.6

Conforme Antunes, além da recepção deste princípio nestas Conferências ele foi reconhecido também pela,

4 REALE, 1995 apud GRANZIERA,Maria Luiza Machado. Direito de águas: disciplina jurídica das

águas doces. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.43.

5 GRANZIERA, op. cit., p. 45.

(14)

[...] Carta da Terra de 1997, através do Princípio 04 (‘Estabelecer justiça e defender sem discriminação o direito de todas as pessoas à vida, à liberdade e à segurança dentro de um ambiente adequado à saúde humana e ao bem-estar espiritual’) sendo que vêm ganhando destaque pelas Constituições modernas de alguns países, dentre os quais se podem destacar as de Portugal (1976) e Espanha (1978).7

Milaré afirma que,

O reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio configura-se, na verdade, como extensão do direito à vida, quer sob enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade dessa existência – a qualidade de vida –, que faz com que valha a pena viver.8

Granziera alerta,

[...] nota-se que a preocupação, até esse momento, foi preservar a natureza para o desfrute do homem. A idéia é que o meio ambiente fica dissociado do ser humano, que o domina, explora e deve protegê-lo. Clara fica, dessa forma, a visão do homem como figura central do planeta e que não será, contudo, a posição a prevalecer.9

Reza o artigo 225, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil, in verbis:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.10

Ficou assim transcrito no campo normativo brasileiro que, o meio ambiente equilibrado é direito de todos, cabendo à todos a possibilidade de uso e o dever de proteção do meio ambiente.

O princípio do meio ambiente como direito humano busca garantir à todos uma vida mais saudável e benéfica. Para isto, entretanto, indispensável também à

7 ANTUNES, 2001, p. 26.

8 TRINDADE, 1993 apud MILARÉ, 2004, p. 137. 9 GRANZIERA, 2003, p.45.

10 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 24 jun. 2009.

(15)

existência de um ambiente corretamente equilibrado, posto que somente assim é possível manter uma qualidade de vida razoável às pessoas que o habitam.

2.1.2 Princípio do desenvolvimento sustentável

Ensina Granziera que,

[...] o princípio do desenvolvimento sustentável tem sua origem remota no início da década de 70, quando uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets - MIT- encaminhou ao Clube de Roma, em 1974, um relatório denominado ‘The Limits of Growth’, que teve grande repercussão internacional. Esse relatório, em que pese a existência de discussões técnicas sobre a correção dos cálculos e prognósticos apontados, exerceu forte influência na elaboração dos estudos preliminares para a Conferência de Estocolmo, em que, inicialmente, os conceitos meio ambiente e desenvolvimento eram tidos como antagônicos.11

A Conferência de Estocolmo, em 1972, assim preconizou em seu princípio 13:

13 – A fim de lograr um ordenamento mais racional dos recursos e assim, melhorar as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado da planificação de seu desenvolvimento com a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano, em benefício da população.12

Até então, no Brasil, assim como em todo o Terceiro Mundo, o desenvolvimento econômico constituía a grande promessa para tirar o País da situação de subdesenvolvimento e ‘alçá-lo’ à categoria de Estado ‘em desenvolvimento’. Tinha, portanto, prioridade sobre qualquer outra preocupação que pudesse vir à baila, inclusive o meio ambiente. 13

Para Milaré,

[...] nos últimos anos, a sociedade vem acordando para a problemática ambiental, repensando o mero crescimento econômico, buscando fórmulas alternativas como o desenvolvimento sustentável ou ecodesenvolvimento, cuja característica principal consiste na possível e desejável conciliação

11 GRANZIERA, 2003, p. 47. 12 GRANZIERA, loc. cit. 13 GRANZIERA, loc. cit.

(16)

entre o desenvolvimento, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida – três metas indispensáveis.14

E é ele quem continua o raciocínio,

Em 1992, a Conferência das Nações unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco 92 ou Rio 92, adotou na Declaração do Rio e na Agenda 21 o desenvolvimento sustentável como meta a ser buscada e respeitada por todos os países. Assim, o Princípio 4 da Declaração do Rio estabelece que: “Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá para integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste”. 15

“Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de garantir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas necessidades”, define Silva.16

Conforme Milaré,

Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço. Em outras palavras, isto implica dizer que a política ambiental não deve erigir-se em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos recursos naturais, os quais constituem a sua base material. 17

Para assegurar o cumprimento desse princípio, preleciona Granziera,

[...] deve haver um mecanismo institucional de controle das atividades, de modo que se possa aferir se as normas previstas na legislação em vigor, concernentes à proteção do meio ambiente, estão sendo corretamente observadas pelos empreendedores. Essa competência concerne às leis e ao exercício do poder de polícia, no que tange ao estabelecimento de regulamentos, normas e padrões ambientais, a serem observados pelos empreendedores e pela Administração Pública, na fiscalização e na aplicação de penalidades, pois não basta que inicialmente se comprove a sustentabilidade de um empreendimento. É preciso que a mesma perdure, ao longo de toda a atividade.18

14 MILARÉ, 2004, p.50.

15 Ibid., p.51.

16 SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e. Direito ambiental internacional: meio-ambiente,

desenvolvimento sustentável e os desafios da nova ordem mundial: uma reconstituição da Conferência do Rio de Janeiro sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Thex, Biblioteca Estácio de Sá, 1995. p. 48.

17 MILARÉ, op. cit., p.51 18 GRANZIERA, 2003, p. 49.

(17)

E é Milaré quem arremata, “pelo exposto, podemos concluir que este princípio do Direito do Ambiente é, se não de todo original, ao menos muito inovador, sem dúvida, dos mais característicos do novo ordenamento jurídico”.19

2.1.3 Princípio da prevenção

Este princípio busca evitar o dano ambiental antes deste acontecer, já que na grande maioria das vezes, os impactos ambientais são irreparáveis e irreversíveis.

Milaré ensina que,

O princípio da prevenção é basilar em Direito Ambiental, concernindo à prioridade que deve ser dada às medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de modo a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar a sua qualidade. 20

Para a mestra Granziera,

[...] constata-se que há correspondência entre os vocábulos prevenção e precaução. Todavia, a doutrina optou por distinguir o sentido desses termos, consistindo o princípio da precaução em um estágio além da prevenção, à medida que o primeiro tende à não-realização do empreendimento, se houver risco de dano irreversível, e o segundo busca, ao menos em um primeiro momento, a compatibilização entre a atividade e a proteção ambiental.21

Ensina Milaré que

[...] essa ótica preventiva de tal forma se incorporou ao Direito Ambiental que a Conferência da Terra – ou Eco 92 – adotou em seu ideário o conhecido princípio da precaução, segundo o qual a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando a evitar a degradação do meio ambiente.22

19 MILARÉ, 2004, p.151.

20 Ibid., p.145.

21 GRANZIERA, 2003, p. 50 22 MILARÉ, 2004, p.145.

(18)

O caput do artigo 225 da Constituição Federal manifesta o princípio da prevenção expressamente ao dispor que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender o meio ambiente e preservá-lo, devendo para isso adotar medidas preventivas, antes que os danos se tornem irreparáveis. E Fiorillo arremata,

[...] a prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. De fato, é a consciência que propiciará o sucesso no combate preventivo do dano ambiental.23

Granziera afirma que,

[...] havendo uma análise prévia dos impactos que determinado empreendimento pode causar ao meio ambiente é possível, por meio da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras, e mesmo da alteração do projeto em análise, se for o caso, assegurar sua realização, garantindo-se os benefícios econômicos do mesmo decorrentes, garantindo-sem causar dano ao meio ambiente.24

Granziera reforça,

[...] a importância fundamental dos Estudos de Impacto Ambiental reside no fato de que, por sua correta realização, é possível se antecipar conseqüências negativas e positivas e medir as alternativas apresentadas com vistas em uma opção a ser decidida pela sociedade.25

Define Fiorillo que,

[...] a efetiva prevenção do dano deve-se também ao papel exercido pelo Estado na punição correta do poluidor, pois, dessa forma, ela passa a ser um estimulante negativo contra a prática de agressões ao meio ambiente. Não se deve perder de vista ainda que incentivos fiscais conferidos às atividades que atuem em parceria com o meio ambiente, bem como maiores benefícios às que utilizem tecnologias limpas também são instrumentos a serem explorados na efetivação do princípio da prevenção. 26

Há ainda a aplicação do princípio através do Poder Judiciário e da Administração. Pelo Judiciário podemos verificar o ajuizamento de ações que objetivam simplesmente evitar o início de uma degradação, no intuito de preservar o

23 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 4. ed. São Paulo:

Saraiva, 2003. p. 37.

24 GRANZIERA, op. cit., p. 50.

25 ANTUNES, 1996 apud GRANZIERA, loc. cit. 26 FIORILLO, 2003, p. 37.

(19)

meio ambiente. Já na esfera administrativa, o princípio da prevenção encontra-se presente através de órgãos públicos responsáveis pelas licenças e autorizações ambientais para a prática de determinadas atividades, bem como na fiscalização e aplicação de sanções administrativas.

Outro exemplo sobre prevenção está disposto no artigo 225, §1°, inc. IV, o qual dispõe sobre o estudo do impacto ambiental:

Art 225 § 1º [...]

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.27

Neste, resta demonstrado a preocupação no que tange a certas atividades que possam vir a causar degradação significativa ao meio ambiente, devendo antes do início da atividade, passar por um estudo de impacto ambiental, denominado EIA/RIMA, o qual dará publicidade.

Já o inciso V do mesmo artigo, dispõe: “V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”.28

Este inciso demonstra a preocupação do legislador em buscar o controle do uso de substâncias que representem perigo tanto para a vida como para o meio ambiente, uma vez que atribuiu, como dever do Poder Público, o controle da produção, comercialização, e o emprego de técnicas, métodos, e substâncias que importem risco de vida e risco para o meio ambiente.

E é Fiorillo quem finaliza,

Uma legislação severa que imponha multas e sanções mais pesadas funciona também como instrumento de efetivação da prevenção. Para tanto, é imprescindível que se leve em conta o poder econômico do poluidor, de modo a não desvirtuar o princípio através de um simples cálculo aritmético. Isso significa dizer que as penalidades deverão estar atentas aos benefícios experimentados com a atividade degradante, bem como o lucro obtido à custa da agressão, de modo que essa atividade, uma vez penalizada, não compense economicamente. 29

27 BRASIL, 1988.

28 Ibid.

(20)

2.1.4 Princípio da precaução

Definido por Granziera, “são os elementos do princípio da precaução que compõem exatamente o que se chama de proteção ao meio ambiente, para as atuais e futuras gerações”.30

Derani complementa o raciocínio,

[...] esse princípio indica uma atuação ‘racional’ para com os bens ambientais, com a mais cuidadosa apreensão possível dos recursos naturais, [...] que vai além das simples medidas para afastar o perigo. Na verdade é uma ‘precaução contra o risco’, que objetiva prevenir já uma suspeição de perigo ou garantir uma suficiente margem de segurança da linha do perigo.31

Com o intuito de evitar novas e desagradáveis surpresas em matéria de degradação ambiental, vem o princípio de precaução determinar que, na dúvida, é melhor tomar providências drásticas, a fim de evitar danos futuros, por ignorância das conseqüências que certos empreendimentos e substâncias podem causar.32

Dessa forma estabelece o Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro:

Para proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Em caso de risco de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto para procrastinar a adoção de medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente.33

Não é preciso, esclarece Machado, que se tenha prova científica absoluta de que ocorrerá dano ambiental, bastando o risco de que o dano seja irreversível para que não se deixem para depois as medidas efetivas de proteção ao ambiente. Existindo dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao meio ambiente, a solução deve ser favorável ao ambiente e não ao lucro imediato – por mais que seja para as gerações presentes.34

Pois como diz Granziera, “na verdade o risco existe em todas as atividades. O que varia é a probabilidade de ocorrência do dano. Havendo maior

30 GRANZIERA, 2003, p. 50.

31 DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997. p. 165. 32 GRANZIERA, op. cit., p. 51.

33 GRANZIERA, 2003, p. 51.

34 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1998.

(21)

probabilidade, e de acordo com a natureza do dano em potencial, a atividade não deve ser licenciada.” 35

2.1.5 Princípio da cooperação

Este princípio, em tese, tem duas conotações, uma no que se refere ao Direito internacional, trazida pelos tratados de que é signatário o Brasil; outra no que se refere ao Direito interno, advinda de mandamento da Constituição da República Federativa do Brasil.

“Nosso Estatuto Supremo, em seu art. 4.º, IX, estabelece como princípio nas relações internacionais da República Federativa do Brasil a “cooperação entre os povos para o progresso da humanidade””, define Milaré. 36

Cooperar é agir conjuntamente. É somar esforços. Nesse sentido, afirma Granziera, a cooperação surge como uma palavra-chave quando há um inimigo a combater, seja pobreza, seja a poluição, a seca, ou ainda a reconstrução de um Estado ou região, em período de pós-guerra. Na luta contra a poluição e a degradação do meio ambiente, e considerando que, por sua natureza, os recursos naturais não se submetem necessariamente às fronteiras políticas, cabe aos Estados que os compartilham atuar de forma coordenada, mesmo no que se refere às ações internas, para evitar a ocorrência de danos, assim como para racionalizar as medidas de proteção que se fizerem necessárias.37

A conferência de Estocolmo, realizada em 1972, estabelece no Princípio 22 o seguinte:

Os Estados devem cooperar no progressivo desenvolvimento do direito internacional no que concerne à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e de outros prejuízos ecológicos que as atividades exercidas nos limites da jurisdição destes Estados ou sob seu controle cause às regiões situadas fora dos limites da sua jurisdição.38

Já o Princípio 24 trata das ações conjuntas a serem realizadas pelos Estados:

35 GRANZIERA, op. cit., p. 52. 36 MILARÉ, 2004, p.151. 37 GRANZIERA, op. cit., p. 52. 38 GRANZIERA, 2003, p. 53.

(22)

Os assuntos internacionais relativos à proteção e melhoria do meio ambiente devem ser tratados por todos os países, grandes ou pequenos, com espírito de cooperação, em pé de igualdade. É essencial a cooperação, mediante providências multilaterais, bilaterais e outros meios apropriados, para eficazmente limitar, evitar, reduzir e eliminar as agressões ao ambiente resultantes de atividades exercidas em todos os domínios, tomando todavia na devida consideração a soberania e os interesses de outros Estados.39

Vinte anos após a Conferência de Estocolmo, durante a ECO 92, outro documento importante, a Agenda 21, também aborda matéria específica sobre este tema, revelando a preocupação e a necessidade do relacionamento entre países no contexto do desenvolvimento e do meio ambiente.

O Princípio de número 5 da Conferência do Rio/92 sobre meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável menciona que todos os Estados e todos os indivíduos devem cooperar visando à erradicação da pobreza, para reduzir as disparidades nos padrões de vida. O que Granziera chama de um mandamento genérico, em que cada Estado e cada indivíduo seria responsável por atuar na melhoria da qualidade de vida das populações. Parece ser um princípio genérico demais, que não objetiva qualquer ação concreta no campo da erradicação ou atenuação da pobreza e dos baixos índices de nível de vida. Além disso, colocar a mesma responsabilidade sobre os Estados e sobre os indivíduos pode ter por efeito o enfraquecimento da ordem seja para uns, seja para outros, diante da diferença que existe entre os seus destinatários.40

O Princípio 7 trata da cooperação entre os Estados, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. No que se refere às responsabilidades, os países desenvolvidos reconhecem seu papel na busca do desenvolvimento sustentável, pelas pressões que suas sociedades exercem sobre o meio ambiente, e pelas tecnologias e recursos que controlam.41

Granziera continua: “o Princípio 9 diz que, devem os Estados cooperar com vista no fortalecimento da capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, no que se refere à tecnologia e a sua referência”.42

O Princípio 27, está consignado que os Estados e os povos devem cooperar de boa-fé e imbuídos de espírito de parceria para observar as regras da Declaração e realizar o desenvolvimento do direito internacional no campo de desenvolvimento sustentável. 43

39 GRANZIERA, loc. cit.

40 Ibid., p. 54.

41 GRANZIERA, 2003, p. 54. 42 GRANZIERA, loc. cit. 43 GRANZIERA, loc. cit.

(23)

Granziera alerta que,

[...] no direito brasileiro, a cooperação em matéria ambiental transparece no art. 23 da Constituição Federal, que dispõe sobre a competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para proteger o meio ambiente e combater a poluição.44

Novamente aparece o art. 225 da Constituição Federal como um norteador dos princípios, onde estabelece implicitamente a cooperação, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de proteger o meio ambiente para as atuais e futuras gerações.

2.1.6 Princípio do poluidor pagador e usuário pagador

Segundo Milaré,

A Declaração do Rio, de 1922, agasalhou a matéria em seu Princípio 16, dispondo que “as autoridade nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com os custos da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais”.

45

Explica Antunes que,

O princípio do poluidor pagador parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que seu uso na produção e no consumo acarretam a sua redução e degradação. 46

Este princípio encontra-se expresso no § 3º do artigo 225 da CF/88 nos termos que segue:

44 Ibid., p. 55.

45 MILARÉ, 2004. p.143. 46 ANTUNES, 2001, p. 32.

(24)

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

[...]

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.47

E também no inciso VII do artigo 4º da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81) que dispõe:

Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará: [...]

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.48

Juntamente com o artigo 14, § 1º, da referida lei que expressa:

Art. 14.[...] [...]

§1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.49

Esta mesma lei em seu artigo 3º, IV, conceitua o poluidor como sendo “[...] a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.50

O princípio poluidor pagador, conforme Benjamim,

[...] é aquele que impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção, reparação e repressão da poluição. Ou seja, estabelece que o causador da poluição e da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável principal pelas conseqüências de sua ação (ou omissão).51

47 BRASIL, 1988.

48 BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 jun. 2009.

49 Ibid.

50 BRASIL, 1981.

51 BENJAMIN, Antônio Herman V. Dano ambiental: Prevenção, reparação e repressão. São Paulo:

(25)

“O princípio não objetiva, por certo, tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita apenas a compensar os danos causados, mas sim, precisamente, evitar o dano ao ambiente”. 52

Observa-se, portanto que a finalidade é a punição do responsável, de modo a impedir que a sociedade pague pelos custos da recuperação ao ambiente degradado por pessoa física ou jurídica perfeitamente determinada e identificada.

“Logo, ele não está fundado no princípio da responsabilidade, mas, isto sim, na solidariedade social e na prevenção mediante a imposição da carga pelos custos ambientais nos produtores e consumidores”. 53

Cabe ressaltar que de forma alguma o princípio permite a poluição mediante pagamento de determinado preço. Se assim fosse certamente o princípio do poluidor pagador não estaria de acordo aos demais princípios já analisados, principalmente o da prevenção, e desta forma um anularia o outro. O que deve ser levado em conta é que no caso de degradações irreparáveis ou irrecuperáveis, deve haver a compensação pelo prejuízo causado, devendo o poluidor arcar com as custas. Se o dano for recuperável, cabe ao poluidor a sua recuperação.

O fundamento do princípio “usuário pagador”, conforme Granziera,

[...] é o de que os recursos ambientais existem para o benefício de todos. Assim, todos os usuários sujeitam-se à aplicação dos instrumentos econômicos estabelecidos para regular seu uso. Seria o pagamento pelo uso privativo de bem público, em detrimento dos demais interesses.54

A questão que se coloca refere-se a quanto será cobrado, dos diversos segmentos da sociedade. Nesse sentido, deve haver uma compatibilização entre o princípio do ônus social e o do poluidor-usuário-pagador. Se é impossível ou extremamente oneroso ao poluidor assumir todos os custos da poluição que o mesmo provoca, há que definir um limite para esse pagamento, sendo que o restante será – como já é atualmente – assumido pelo Poder Público e financiado pela comunidade.55

Assim define Granziera a delicada questão.

O princípio 16 da Declaração do Rio, de 1992, dispõe o seguinte:

52 MATEO, 1991 apud MILARÉ, 2004. p.143. 53 ANTUNES, 2001. p.33.

54 GRANZIERA, 2003, p. 57. 55 GRANZIERA, 2003, p. 58.

(26)

[...] tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.56

Por fim, a lei n° 6.938/81, fixou no art. 4°: “[...] a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.”57

2.2 APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS AMBIENTAIS

Para assegurar o desenvolvimento capaz de garantir as necessidades atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras também atenderem às suas necessidades, deve haver um meio de controle da utilização dos recursos naturais. Essa competência concerne às leis e ao exercício do poder de polícia.

Além dessa fiscalização deve-se destacar a importância dos princípios que se aplicam ao meio ambiente, em especial o princípio da prevenção, pois, prevenir nada mais é do que impedir danos futuros ao meio ambiente através de medidas apropriadas. Por este motivo, deve-se preservar e fiscalizar a utilização dos recursos naturais, uma vez que estes são limitados e escassos; sendo de direito das futuras gerações. Além do mais, classificam-se como bens de uso comum, com uso exercido em igualdade de condições, por todos os membros da coletividade.

Para que isso ocorra deve-se sempre haver planejamento. Gerenciar os recursos é uma necessidade para a coletividade brasileira, pois se trata de assegurar à população a garantia de que todos tenham acesso à um meio ambiente equilibrado e sadio.

É com fulcro na Constituição e nas leis que a Administração Pública exerce suas atribuições. No exercício do poder de polícia, a Administração Pública deve sempre observar o preceito legal e constitucional.

56 Ibid., p. 59.

(27)

Como explica Vieira, “poder de polícia é o poder destinado a restringir, condicionar, limitar, disciplinar e frenar a liberdade e a propriedade para preservar os interesses da coletividade”.58

Nesta seara, o gestor público tem buscado diferentes mecanismos para materializar os princípios aqui estudados.

Dentre eles pode-se destacar a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional do Meio Ambiente, Legislação Ambiental e Penal, e a Lei n. 9.605/98, verdadeiro marco jurídico da última década, no que se refere à proteção ambiental.

58 VIEIRA, Marcella Ziccardi. Direito administrativo. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. p.

(28)

3 VISÃO GERAL DOS CRIMES AMBIENTAIS À LUZ DA LEI Nº 9.605/98

Publicada no dia 13 de fevereiro de 1998, com dez vetos, e após quarenta e cinca dias de vacância, entrou em vigor a Lei nº 9.605/9859, que ao mesmo tempo cumpriu com dois objetivos: deu efetividade ao preceito constitucional que apena as condutas lesivas ao meio ambiente e atendeu as recomendações descritas na Carta da Terra e Agenda 21, aprovadas na Conferência do Rio de Janeiro, exortando os Estados as criarem leis que possibilitassem a responsabilidade por danos ao meio ambiente e para a compensação às vítimas da poluição.60

Embora tenha recebido a denominação de Lei dos Crimes Ambientais, na verdade, trata-se de instrumento normativo de natureza híbrida, pois preocupou-se também com infrações administrativas e com aspectos da cooperação internacional para preservar o meio ambiente.61

Apesar de posições em contrário, a Lei nº. 9.605/98 trouxe um inegável avanço no ordenamento jurídico ambiental, agora com tratamento mais sistemático da tutela penal.

O projeto inicial tinha como objetivo ordenar as penalidades administrativas e unificar o valor das multas a serem aplicadas, porém, após extenso debate no Congresso Nacional, optou-se pela tentativa de consolidar a legislação relativa ao meio ambiente no que diz respeito à matéria penal.

A lei trata, especificamente, de crimes contra o meio ambiente e de infrações administrativas ambientais.

Outra inovação trazida pela lei 9.605/98 é a não utilização do encarceramento como norma geral para as pessoas físicas criminosas, a possibilidade de responsabilização penal das pessoas jurídicas e a valorização da intervenção da Administração Pública, através de permissões, autorizações e licenças.

Sobre a referida lei Milaré afirma:

59 BRASIL. Lei n. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso em: 05

jul. 2009.

60 MILARÉ, 2004. p. 792. 61 MILARÉ, loc. cit.

(29)

Como destaque, vale referir a inclusão de tipos culposos e a adoção de penas restritivas de direito, o que favorece o papel dos implementadores da legislação ambiental (agentes ambientais, polícia, Ministério Público e Poder Judiciário); possibilitou-se a construção de uma doutrina e jurisprudência adultas, aptas a consolidar as posições mais certas e interpretações mais razoáveis. 62

E é ele quem finaliza

Além do mais, a gestão ambiental será beneficiada, principalmente se a aplicação na nova lei for calcada em princípios científicos e técnicos, não somente de ordem jurídica, abrangente e contextual, mas, ainda, de outra ordem, visto que o meio ambiente – com todos os elementos que ele pode compreender – é inescapavelmente holístico e sistêmico.63

3.1 O DIREITO AMBIENTAL NAS CARTAS MAGNAS

O Direito Ambiental é considerado um ramo do Direito relativamente novo, pois, como já dito anteriormente, as preocupações com a preservação da natureza surgiram com a evolução da sociedade e juntamente com isso veio a degradação, destruição, poluição, despertando preocupação no ser humano.

Além disso, não existia legislação que abordasse completamente a matéria, falava-se genericamente sobre o assunto, como se pode observar no breve histórico abaixo ao longo das Cartas Magnas, conforme Antunes.64

A Constituição do Império de 1824 não fez qualquer referência à matéria ambiental.65

A Constituição Federal de 1891 estabelecia em seu art. 34, nº 29, atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas minas e terras.66

Na Carta Magna de 1934, em seu art. 5º, XIX, j, atribuía à União competência legislativa sobre:

Art 5º - Compete privativamente à União: [...]

62 MILARÉ, 2004. p.804.

63 MILARÉ, loc.cit.

64 ANTUNES, 2001, p. 39.

65 BRASIL. Constituição (1824). Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao24.htm>. Acesso em: 05 jul. 2009.

66 BRASIL. Constituição (1891). Disponível em:

(30)

XIX - legislar sobre:

j) bens do domínio federal, riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca e a sua exploração.67

A Constituição de 1937 dispunha, em seu artigo 16, inciso XIV, que competia privativamente á união o poder de legislar sobre:

Art 16 - Compete privativamente à União o poder de legislar sobre as seguintes matérias:

[...]

XIV - os bens do domínio federal, minas, metalurgia, energia hidráulica, águas, florestas, caça e pesca e sua exploração.68

A Constituição Federal de 1946, em seu artigo 5º, inciso XV, alínea l, dispunha competir à União legislar sobre:

Art 5º - Compete à União: XV - legislar sobre: [...]

l) riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia elétrica, floresta, caça e pesca.69

A Constituição Federal de 1967, em seu artigo 8º, XII, estabelecia que competia à União:

Art 8º - Compete à União: [...]

XII - organizar a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente a seca e as inundações.70

Somente na Constituição Federal de 1988, entretanto, é que foi inserido o tema “meio ambiente” em sua concepção unitária.

Ensina Prado que,

Em 1998, surge um novo marco na história constitucional do País, que rompendo com o regime militar, ditatorial, restaura o regime democrático: é

67 BRASIL. Constituição (1934). Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao34.htm>. Acesso em: 05 jul. 2009.

68 BRASIL. Constituição (1937). Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao37.htm>. Acesso em: 05 jul. 2009.

69 BRASIL. Constituição (1946). Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao46.htm>. Acesso em: 05 jul. 2009.

70 BRASIL. Constituição (1967). Disponível em:

(31)

promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil. O Estado, então compromete-se a:

assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. (Preâmbulo da CF/88)

E, nesse sentido, a Carta, dentre as significativas inovações em defesa de interesses individuais, públicos, coletivos e difusos, prevê um capítulo específico relativo ao meio ambiente (Título VIII – “Da Ordem Social”, Capítulo VI – “Do Meio Ambiente), elevando-se “bem de uso comum do povo”, a direito fundamental, oferecendo uma abordagem direta, mais abrangente e preventiva e indicando também, ao legislador, além de outras coisas, a necessidade de proteção penal do referido bem. (art. 225, §3º).71 Art.225:

[...]

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Constituição Federal de 1988 além de adotar um capítulo próprio para as questões ambientais trata das obrigações da sociedade e do Estado com o meio ambiente.

Expõe Antunes que,

A Lei Fundamental reconhece que as questões pertinentes ao meio ambiente são de vital importância para o conjunto de nossa sociedade, seja porque são necessárias para a preservação de valores que não podem ser mensurados economicamente, seja porque a defesa do meio ambiente é um princípio constitucional que fundamenta a atividade econômica. Vê-se com clareza que há, no contexto constitucional, um sistema de proteção ao meio ambiente que ultrapassa as meras disposições esparsas. Faz-se necessário, portanto, que as normas ambientais sejam consideradas globalmente, levando-se em conta as suas diversas conexões materiais e de sentido com os outros ramos do próprio Direito e com outras áreas de conhecimento.

[...]

Antes de qualquer análise jurídica que se faça, é preciso que fique bem marcado que a introdução de um capítulo próprio sobre o meio ambiente em nossa Constituição é, de certa forma, o reflexo da institucionalização de todo um amplo movimento de cidadãos, que vem se desenvolvendo em escala planetária, que é o movimento ecológico.72

71 PRADO, Alessandra Rapassi Mascarenhas. Proteção penal ao meio ambiente: fundamentos.

São Paulo: Atlas, 2000. p. 49.

(32)

Já no âmbito mundial, “as primeiras preocupações internacionais com a Educação Ambiental apareceram na década de 70, tendo seu conceito evoluído associado ao conceito de meio ambiente. Segue abaixo as Conferências internacionais que antecederam a ECO92”,73 segundo Farias.

A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi a primeira a colocar o tema ‘ambiental’ na agenda política internacional, estabelecendo, em seus princípios, a necessidade de preservar e controlar os recursos naturais - a água, terra, ar, fauna e flora – por meio de gestão e planejamentos adequados.74

A primeira Conferência das Nações Unidas sobre Água e Meio Ambiente, em 1977, além de tratar da necessidade do uso suficiente da água, ressaltou o seu múltiplo aproveitamento.75

Em 1992 a Declaração de Dublin foi aprovada em evento preparatório para à segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO92. A principal constatação dos especialistas foi que a escassez e mau uso da água doce representam séria e crescente ameaça ao desenvolvimento sustentável á proteção do meio ambiente.76

Realizada no Rio de Janeiro, a segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (que ficou conhecida como Eco-92) teve como um de seus resultados a formulação de documentos muito importantes. Porém, muitos dos termos desses documentos ainda não foram colocados em prática. Isso por tratarem de questões que estabelecem mudanças no comportamento dos países em relação ao meio ambiente. Essas mudanças deveriam ser implementadas tanto pelos países ricos quanto pelos chamados "países em desenvolvimento". Algumas dessas questões são: Biodiversidade, Estratégia Global para Biodiversidade, Piratas biológicos e Agenda 21.77

Prossegue Farias,

A Declaração do Rio de Janeiro, fruto também da ECO92, aprovada em 1992, trata dos direitos e das responsabilidade dos países, em matéria de meio ambiente e em matéria do tratamento de seus recursos hídricos, traçando os princípios norteadores.

73 FARIAS, Paulo José Leite. Água: bem jurídico econômico ou ecológico?. Brasília: Brasília Jurídica,

2005. p. 384.

74 FARIAS, loc. cit. 75 FARIAS, loc. cit. 76 FARIAS, loc. cit.

77 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em:

(33)

A agenda 21 é, provavelmente, o mais importante resultado da ECO92. Ela propõe ser o texto-chave para guiar governos e sociedades nas próximas décadas rumo ao estabelecimento de um novo modelo de desenvolvimento. Documento que reflete uma unanimidade mundial,foi formulada quando países convocaram a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e quando se verificou a necessidade de seguir uma abordagem equilibrada e integrada das questões a respeito do meio ambiente e ao desenvolvimento.

Nas resoluções da Agenda 21, se reconhece que esta foi um instrumento privilegiado e de planejamento e de implementação de programas com componentes de sustentabilidade a nível global, nacional e local.78

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICO LEGISLATIVA

Freitas traça um esboço histórico acerca da legislação penal ambiental:

O Direito Ambiental no Brasil, sempre esteve disperso em diversas e variadas leis. A primeira providência legislativa de que se tem notícia foi a edição, pelo Imperador D. Pedro I, em 1º.10.1828, das chamadas Posturas Municipais. Muito embora não se tratasse de uma lei ambiental, o certo é que elas deliberavam, no art. 66, sobre a limpeza e conservação das fontes, aquedutos e águas infectas, em benefício dos habitantes.

No âmbito criminal propriamente dito, foi o Código Criminal de 1830 que tomou a primeira iniciativa. Nos seus arts. 178 e 257 estabelecia penas para a corte ilegal de madeiras. O incêndio foi considerado crime especial posteriormente através da Lei. 3.311, de 14.10.1886.

O Decreto 23.793, de 23.01.1934, denominado Código Florestal, deu novo tratamento ao assunto e dividiu as infrações penais em crimes e contravenções. Todavia, em 1940, a Lei de Introdução ao Código Penal, no seu art. 3.º, dispôs que os fatos definidos como crimes no Código Florestal, quando não compreendidos em disposição do Código Penal, passariam a ser contravenções. Assim, o Código Penal passou a disciplinar vários assuntos antes dispostos na lei florestal, como o crime de incêndio, supressão de tapumes ou abandono de animais. 79

E é Migliari Júnior quem continua,

Na Lei de Contravenções Penais, de 1941, a questão ambiental foi tratada de maneira superficial, incidentalmente até, sem quaisquer preocupações ambientais [...]

78 FARIAS, 2005, p. 385.

79FREITAS, Vladimir Passos de. Crimes contra a natureza: (de acordo com a lei 9.605/98) / Vladimir

Passos de Freitas, Gilberto Passos de Freitas. – 6. ed. ver., atual e ampliada. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 23.

(34)

Em razão desta verdadeira indisposição ambiental, por meio de legislações extravagantes é que o Brasil deitou olhares mais atentos às questões ambientais, protegendo-as de maneira pouco organizada. 80

Em 1965, foi instituído o novo Código Florestal, pela Lei n. 4.771. 81

Pela Lei n. 5.197/67, foi instituído o Código de Caça, com proteção especial à fauna.82 Tal lei sofreu nova redação determinada pela Lei n. 7.653 no ano de 1988.83

No ano de 1967, pelo Decreto-Lei n. 221, foi estabelecido o Código de Pesca, com proteção e estímulo à pesca;84

Em 1977, pela Lei Federal n. 6.453, foi estabelecida a responsabilidade por atos relacionados com atividades nucleares;85

Em 1979, foi instituída a Lei do Parcelamento do solo urbano, com medidas penalizadoras, que trouxe grande revolução ao sistema de ocupação e parcelamento do solo, pela Lei Federal n. 6.766; 86

Já na década de 80, pela Lei n. 6.938/81, foi criada a Política Nacional do Meio Ambiente, um dos suportes da legislação sobre meio ambiente no Brasil; 87

No ano de 1985, foi criado pela Lei Federal n. 7.347, um dos maiores meios de proteção aos direitos difusos e coletivos no Brasil, que foi a instituição da ação civil pública; 88

80 MIGLIARI JÚNIOR, Arthur. Crimes ambientais: lei 9.605/98: novas disposições gerais penais:

concurso de pessoas: responsabilidade penal da pessoa jurídica: desconsideração da personalidade jurídica. Campinas: Interlx Informações Jurídicas, 2001. p. 32.

81 BRASIL. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Floresta. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

82 BRASIL. Lei n. 5.197, de 03 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197.htm>. Acesso em: 06

jul. 2009.

83 BRASIL. Lei. n. 7.653, de 12 de fevereiro de 1988. Altera a redação dos arts. 18, 27, 33 e 34 da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras

providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7653.htm>. Acesso em: 06

jul. 2009.

84 BRASIL. Decreto n. 221, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0221.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

85 BRASIL, Lei n. 6.453, de 17 de outubro de 1977. Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6453.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009. 86 BRASIL, Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

(35)

Em 1987, pela Lei Federal n. 7643, houve a proibição da pesca de cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras, vindo o Brasil a adotar uma política mais forte de proteção aos cetáceos; 89

Em 1988, pela Lei Federal n. 7653, foram elevadas à condição de crime as antigas contravenções do Código de Caça e da Pesca, tornando os crimes inafiançáveis. 90

Ainda no ano de 1988, houve derrogação parcial da Lei n. 7.653/88, pela Lei Federal n. 7.679, passando a ser crime somente quanto a pesca de espécies em períodos de reprodução; 91

Em 1989, pela Lei Federal n. 7.802, criou-se os crimes relativos aos agrotóxicos; 92

Foi no mesmo ano, que a Lei Federal n. 7.804, criou os crimes de poluição;93

Já no ano de 1995, a Lei Federal n. 8.974, passou a considerar crime o indevido manuseio de material genético, salvaguardando a biossegurança; 94

Somente no ano de 1998 é que foi criada a lei objeto deste estudo, a Lei Federal n. 9.605, também conhecida como “Lei dos Crimes Ambientais”. 95

88 BRASIL, Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

89 BRASIL, Lei n. 7.643, de 18 de dezembro de 1987. Proíbe a pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7643.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

90 BRASIL, 1988.

91 BRASIL. Lei n. 7.679, de 23 de novembro de 1988. Dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em períodos de reprodução e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7679.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

92 BRASIL. Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos,

seus componentes e afins, e outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7802.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

93 BRASIL, Lei n. 7.804, de 18 de julho de 1989. Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 6.803, de 2 de julho

de 1980, e dá outras providências. .

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7804.htm>. Acesso em: 06 jul. 2009.

94 BRASIL. Lei n. 8.974, de 05 de janeiro de 1995. Regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e dá outras providências.

(36)

3.3 SANÇÕES PENAIS AMBIENTAIS

Os dispositivos da Lei Federal nº. 9.605/98 procuraram recepcionar não só os regramentos fundamentais do direito criminal e penal constitucional, como as especificidades trazidas pelo direito criminal ambiental constitucional, bem como, pelo direito penal ambiental constitucional.

Conforme Freitas,

A Lei 9.605, de 12.02.1998, no que concerne às sanções penais, procurou adaptar-se às diretrizes que vêm sendo traçadas pela política criminal e ambiental de nosso País. A superpopulação carcerária e as despesas que tal fato traz ao Poder Público levaram à modificação do arcabouço legislativo. Primeiro através da Lei 7.210, de 1º.07.1984, que instituiu a Lei de Execução Penal. O segundo passo foi a Lei 9.605/98, que ora se analisa. Finalmente, a Lei 9.714, de 25.11.1998, que deu nova redação aos arts. 43 a 46 do Código Penal.96

Tais iniciativas tiveram por objetivo criar formas alternativas de impor sanção ao condenado, mas procurando evitar, dentro do possível seu encarceramento e contato com outros presos

No dizer de Mirabete,

Diante da falência da pena privativa de liberdade, que não atende aos anseios de ressocialização, a tendência moderna é procurar substitutivos penais para essa sanção, ao menos no que se relacione com os crimes menos graves e aos criminosos cujo encarceramento não é aconselhável.97

As normas de aplicação da pena estão contidas no art. 6º da Lei nº 9. 605/98, que diz:

95 BRASIL. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso em: 06

jul. 2009.

96 FREITAS, 2000, p. 251.

(37)

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.98

Os critérios estipulados no artigo acima citado levam em conta a gravidade do fato e quais os reflexos que tal ato possa causar à saúde pública e ao meio ambiente, incluindo os antecedentes do infrator em relação ao meio ambiente, dentre outros.99

Admite-se, ainda, que no caso de aplicação de multa deve ser considerada a situação econômica do infrator. Na hipótese, o julgador não pode deixar de considerar o nível de compreensão intelectual do agente, em especial quanto aos resultados ambientais de sua ação.100

Segundo Édis Milaré:

A repressão às infrações penais ambientais acompanha a moldura do Direito Penal: penas privativas de liberdade, restritivas de direito e multa. Assinala-se, dede logo, a preferência da Lei de Crimes Ambientais pelas penas restritivas de direitos e pecuniárias, não só porque apropriadas tanto às pessoas físicas como às pessoas jurídicas, como também porque a pena de prisão, em razão do perfil diferenciado do delinqüente ambiental, tem-se mostrado inadequada, por impor à sociedade um duplo castigo: suportar o dano e pagar a conta do presídio. 101

O art. 7º determina, em seu caput que,

Art. 7º - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.102

98 BRASIL, 1998.

99 ANTUNES, 2001, p. 500. 100 ANTUNES, loc. cit. 101 MILARÉ, 2004, p. 785. 102 BRASIL, 1998.

Referências

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