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CURSO ON-LINE ECONOMIA EXTENSIVO - AFRFB PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI AULA 1

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Academic year: 2021

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AULA 1

Caros (as) Concurseiros (as),

Damos início ao curso regular de economia voltado à preparação para a prova de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Nesta primeira aula trataremos do ponto do conteúdo programático mais exigido pela ESAF nas provas de Economia. Tratam-se das Contas Nacionais e suas formas de apuração. Em todo e qualquer certame que tenha este assunto elencado no programa, pode acreditar que uma questão, no mínimo, é presença certa.

Considerando que a banca é bastante exigente nos detalhes, destaco a vocês que a aula está bastante esmiuçada, contendo inclusive detalhes que porventura possam vir a ser cobrados em prova.

Ao final da aula há uma lista de exercícios baseada em questões de provas anteriores. Vocês podem praticar os conceitos aprendidos na aula e, posteriormente, fixá-los por meio do gabarito comentado disponibilizado após a listagem de questões.

Vamos em frente!

Grande abraço e bons estudos, Mariotti

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1. Macroeconomia: Fundamentação da análise macroeconômica

A Macroeconomia trata da evolução da economia como um todo, verificando o comportamento dos grandes agregados econômicos como a renda (o que nós trabalhadores ganhamos no fim do mês), o produto interno (total de bens e serviços produzidos dentro das fronteiras do país), investimento (realizado pelas empresas), poupança (dos consumidores) e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxas de câmbio.

O desenvolvimento da Macroeconomia exigiu o acompanhamento desses agregados para aferição do desempenho geral da economia do país. Todos os dados obtidos são disponibilizados em valores monetários, por incluírem diversos produtos e serviços que não podem ser simplesmente somados, como é o caso de automóveis, casas e etc.. Devido a alguns aspectos que serão analisados oportunamente, se constatará que estes valores de bens e serviços são apresentados a preços correntes (nominais) ou a preços constantes (reais).

No estudo da Economia são desenvolvidas diversas ferramentas, tais como os índices estatísticos e os deflatores, que representam medidas de cálculo de variação dos preços dos bens e serviços para cima e para baixo.

Em relação à teoria macroeconômica, pode-se dizer que ela se preocupa com as questões conjunturais, de curto prazo. Dentre estas, cita-se em especial o desemprego, entendido como a diferença entre a produção efetivamente realizada e a produção potencial da economia, situação na qual todos os recursos econômicos estejam totalmente empregados. Junto com o desemprego, cita-se a inflação, responsável pelo aumento contínuo do nível geral dos preços.

Assim, diante desta pequena explanação, pode-se definir as seguintes metas da política macroeconômica:

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9 Pleno emprego dos recursos (máquinas das fábricas trabalhando na capacidade máxima);

9 Estabilidade dos preços;

9 Distribuição da renda socialmente justa; e 9 Crescimento e Desenvolvimento Econômico.

O pleno emprego de recursos refere-se ao fato de que todos os recursos produtivos estão sendo utilizados da forma mais eficiente possível, o que significa tanto uma maior produção de bens e serviços como também uma minimização do nível de desemprego.

A estabilidade de preços garante calmaria ao ambiente econômico, sendo um dos pilares para o crescimento sustentado sem a necessidade de aumento generalizado dos preços.

A distribuição da renda socialmente justa refere-se à capacidade do país de evitar a concentração da maior parte da riqueza nas mãos de poucas pessoas.

Finalmente temos o crescimento com o devido desenvolvimento econômico, voltado à ampliação da capacidade produtiva do país e a melhoria do bem-estar econômico e social da população.

Uma vez abordados as definições e os conceitos iniciais da macroeconomia, passemos agora à análise das variáveis utilizadas para mensurar os resultados da economia de um país, seja em termos de geração de renda e despesa, seja em termos de nível de produto da economia, denominado de Produto Interno Bruto – PIB.

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2. Agregados Macroeconômicos: As Identidades Macroeconômicas Básicas; O Sistema de Contas Nacionais; As Contas Nacionais no Brasil

Inicia-se os estudos referentes às Identidades Macroeconômicas Básicas abordando os conceitos que demonstram as chamadas “óticas” de mensuração da atividade econômica, que nada mais representam do que a forma de apuração da riqueza gerada no país durante determinado período de tempo, envolvendo a produção e comercialização de bens e serviços.

2.1 A ótica do produto

O produto da economia é representado pelo somatório dos bens e serviços finais produzidos no país durante um determinado período de tempo, sendo comumente considerado o período anual. O seu cálculo deve evitar o problema de dupla contagem, ou seja, devem fazer parte deste somatório somente os bens e serviços finais, até porque não faz sentido somar bens e serviços que são insumos1

para fabricação de novos bens e serviços.

Exemplo: Na produção de um pneu são utilizados diversos insumos, tais como: borracha, malha de aço e mão-de-obra (estágio 1 de produção). Imaginemos que são gastos com estas matérias um total de R$ 100,00 e que o pneu seja produzido e vendido por R$ 150,00 (estágio 2 de produção). O resultado do produto calculado corretamente é dado pelo o que foi produzido por outras empresas em termos de matérias-primas (borracha, malha de aço e mão-de-obra) que é igual a R$ 100,00, mais o que foi gerado de produto, em termos monetários, com a produção e venda do pneu, sendo representado pelo valor de R$ 150,00 menos o custo de produção, que foi igual a R$ 100,00, num total de R$ 50,00.

Veja que o valor encontrado em termos de produto da economia (R$ 150) é simplesmente o valor obtido com a produção e venda do pneu, motivo pelo qual foi dito anteriormente que o cálculo do produto se dá a partir dos bens e serviços finais produzidos na economia.

1

(5)

A fórmula para o cálculo do produto é representada pelo somatório de todos os bens finais produzidos na economia, multiplicado pelo valor monetário de cada bem ou serviço.

Produto =

= n i i ixQ P 1 )

(

,

(somatório dos preços x somatório dos bens e serviços finais).

Pode-se ainda calcular o produto através do conceito de valor adicionado, que é a diferença entre o valor bruto da produção de cada unidade produtiva menos o custo intermediário para a produção destes bens. Como exemplo temos que o valor agregado (ou adicionado) na produção de pneus é igual ao valor da produção dos próprios pneus menos o consumo de borracha e fios de aço utilizados na sua fabricação.

2.2 A ótica da Renda

A Renda é o somatório das remunerações dos fatores de produção2, tais

como salários, juros, aluguéis e lucros.

Para que uma economia funcione é necessário que tenhamos no mínimo dois

agentes econômicos. As empresas, que são responsáveis pela produção de bens

e serviços e as famílias, que são responsáveis por consumir os bens e serviços produzidos pelas empresas.

2 Os salários remuneram o fator de produção mão-de-obra. Os juros remuneram o fator de produção “dinheiro”

empregado no processo produtivo. Os aluguéis representam o pagamento do fator de produção “espaço” utilizado na produção. Os lucros representam a própria remuneração da atividade produtiva privada.

Valor adicionado = Valor bruto da produção - Compra de bens e serviços intermediários

(receita total das vendas) (custo dos bens intermediários)

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Deve-se compreender que, para que as empresas possam produzir, estas necessitam de uma série de insumos, tais como mão-de-obra, espaço, dinheiro para usar na compra de bens intermediários e, de forma imprescindível, serem remuneradas pela sua atividade produtiva, chamada de lucro.

Todos estes insumos são obtidos no mercado de fatores de produção, que representa o mercado onde se encontram os insumos utilizados no processo produtivo.

Por meio da referência teórica denominada de fluxo circular de renda, ocorre a interação entre o mercado de fatores de produção e o mercado de bens e serviços, onde famílias e empresas realizam suas trocas, promovendo o atendimento às necessidades das famílias e a rentabilidade do processo produtivo das empresas.

2.2.1 O fluxo circular de renda

O estudo macroeconômico trata da formação e distribuição do produto e da renda gerados pela atividade econômica, tendo como base o fluxo contínuo que se estabelece entre os agentes econômicos. Este fluxo (Fluxo Circular de Renda) precisa ser periodicamente mensurado (quantificado), para que se possa avaliar o desempenho da economia no período. Esta mensuração pode ser feita tanto pelo lado da produção e venda de bens e serviços finais na economia (ótica do

produto e da despesa), como também pela renda gerada no processo produtivo

(ótica de renda), que é a remuneração dos fatores de produção (salários (w), juros (j), aluguéis (a) e lucros(l)).

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As empresas produzem bens e serviços usando vários insumos, tais como trabalho, terra e capital (prédios e máquinas). Estes insumos, conforme verificado, são chamados de fatores de produção. As famílias são as proprietárias destes fatores, os oferecendo para a produção de bens e serviços.

As famílias e as empresas interagem nos dois mercados. No mercado de

bens e serviços as famílias são compradoras e as empresas vendedoras.

Inversamente, nos mercados de fatores de produção as famílias são vendedoras e as empresas compradoras.

2.3 A ótica da despesa

Para se entender o conceito de agregados macroeconômicos supõe-se uma economia em que só existam três empresas. A empresa A produz trigo, sendo que o total de sua produção é vendido para a empresa B, que produz a farinha de trigo. O total de farinha de trigo produzida pela empresa B é vendido a Empresa C, que produz o pão e o vende aos consumidores finais.

QUADRO I – EMPRESA (A) (PRODUTORA DE TRIGO)

Empresas Famílias Mercado de fatores de produção Mercado de bens e serviços Consumo Receita Salários, aluguéis, juros e lucro Renda Venda de bens e serviços Compra de bens e serviços Trabalho, terra, capital Insumos de produção

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Despesas de Produção Receitas

Salários 80 Vendas de trigo para Juros 30 Empresa B 140 Aluguéis 20

Lucro 10

Total 140 140

Do lado esquerdo do quadro encontram-se relacionadas as despesas necessárias para a produção de R$ 140,00 de trigo. Por simplificação e supondo que só existam as três empresas citadas, o setor trigo não tem despesas com a compra de matérias-primas, ou seja, a despesa da empresa A (R$ 140,00) é apenas o que ela gasta com o pagamento ou remuneração dos fatores de produção: salário, que é a remuneração do trabalho, (80); juros (30), que remunera o capital emprestado; aluguel da terra (20) e, finalmente, o lucro de (10), que representa a remuneração da capacidade empresarial, obtida pela diferença entre a receita da vendas (140) e o pagamento dos demais fatores de produção (80 + 30 + 20 = 130).

Do exposto até aqui, pode-se verificar a existência de uma identidade ou igualdade entre produto, renda e despesa. Se a economia fosse constituída apenas pela empresa A, teríamos:

Produto = 140 de trigo;

Renda = 140, proveniente dos fatores de produção;

Despesa = 140, pagos pela empresa B na aquisição de trigo que, no caso, representa o consumo total da economia ou também chamada de despesa agregada.

PRODUTO = RENDA = DESPESA AGREGADA = 140

A empresa B apresenta a seguinte situação com a fabricação da farinha de trigo:

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QUADRO II EMPRESA B – PRODUÇÃO DE FARINHA DE TRIGO

Despesa de Produção Receitas

Compra de Trigo da Empresa A 140 Vendas da Farinha de Trigo Salários 50 para a Empresa C 245 Juros 10

Aluguéis 15 Lucros 30

Total 245 245

Finalmente, para o caso da empresa C, que deseja produzir pães, temos a seguinte formatação das receitas e das despesas.

QUADRO III EMPRESA C - PRODUÇÃO DE PÃES

Despesas de Produção Receitas

Compra de Trigo da Empresa B 245 Vendas de pães para os Salários 60 Consumidores finais 390 Juros 20

Aluguéis 30 Lucros 35

Total 390 390

Com o entendimento do conceito de Demanda Agregada, pode-se derivar a chamada Identidade Macroeconômica Fundamental.

Produto Agregado (valor final da produção de bens e serviços) = Renda Agregada (salários + juros + alugueis + lucros) = Despesa Agregada (consumo final com bens e serviços)

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2.4 Um Pouco de Despesa Agregada (ou Demanda Agregada)

Despesa Agregada é o gasto dos agentes econômicos com o Produto Agregado. No exercício anterior, bastante simplificado, a Despesa Agregada é composta apenas pelos gastos das famílias com bens e serviços finais. Esse gasto é conhecido como o consumo das famílias (C).

O Consumo é igual à compra de pão, 390. Verifica-se que ele é idêntico ao Produto Agregado, mas medido pela ótica dos agentes da Despesa.

2.5 Poupança Agregada, Investimento Agregado e Depreciação

A partir de agora se passa a considerar que as famílias não gastam toda sua renda com a compra de bens de consumo. Na verdade elas também poupam, consumindo menos do que efetivamente ganham. Da mesma forma, as empresas não produzem apenas bens de consumo, mas também bens de capital3 que se incorporam à produção, aumentando a capacidade produtiva da economia.

2.5.1 Poupança Agregada

A Poupança Agregada (S) é a parte da Renda Agregada (RA) que não é gasta em consumo.

Poupança Agregada (S) = Renda Agregada – Consumo Agregado

3 Máquinas e equipamentos.

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Diante desta característica, pode-se, afirmar que, pelo lado das famílias, a Renda Agregada será dividida em duas parcelas, uma referente ao consumo de bens e serviços e a outra referente à poupança (Poupança Agregada), gerada pelo total disponível de Renda Agregada menos o consumo (Consumo Agregado).

Renda Agregada (RA) = Consumo Agregado (C) + Poupança Agregada (S)

A equação acima é a simples manipulação da equação anteriormente exposta.

2.5.2 Investimento Agregado e Depreciação

Em sentido econômico pode-se definir investimento como sendo a geração ou ampliação da capacidade produtiva das empresas, de tal forma que, quando uma empresa compra máquinas e equipamentos para ampliar o seu processo produtivo, esta está realizando um investimento em termos econômicos. As aplicações de recursos excedentes no mercado financeiro representam um investimento no sentido financeiro da palavra.

O Investimento agregado (I) é dividido em duas partes: A primeira referente ao que é chamado de acúmulo (variação) de estoques, que nada mais é que o total de bens que foram produzidos em período anterior e que não foram consumidos. A empresa, ao estocar as mercadorias não vendidas (e que não são perecíveis), está realizando um investimento no sentido econômico. A segunda parte do Investimento é formada pelos bens que aumentam a capacidade produtiva da economia, nos moldes da compra de máquinas, instalações. Estes são comumente conhecidos como bens de capital.

Conclui-se assim que o Investimento (também chamado de Taxa de Acumulação do Capital) é composto pelos bens de capital (máquinas e imóveis), e pela variação de estoques (ΔE). Nas contas nacionais as maquinas e imóveis

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são também denominados de Formação Bruta de Capital Fixo ou

Investimento em capital Fixo (FBKf ou Ibkf).

A partir destas considerações, pode-se definir a variável investimento a partir da seguinte expressão:

I = FBKf + ΔE

Deve-se observar que o Investimento Agregado é um conceito que envolve produtos físicos, ou seja, "investimento em ações" também não seria considerado investimento no sentido econômico, sendo no entanto um investimento no sentido financeiro.

A parte do Investimento formada pela Formação Bruta de Capital Fixo sofre com o processo da depreciação, que seria o desgaste natural devido a sua utilização no processo produtivo durante um dado período de tempo. Em decorrência da depreciação, pode-se diferenciar os conceitos de Investimento Bruto e Investimento Líquido.

Il (Investimento Liquido) = Ib (Investimento Bruto) - d (Depreciação)

Os bens produzidos na Economia são em parte demandados pelas famílias, sendo denominados de bens de consumo. De outra parte temos os Investimentos4 realizados pelas empresas, que assim poderiam ser chamados de “consumo das empresas”.

Com a inclusão do Investimento feito pelas empresas, pode-se novamente compor a distribuição da Demanda Agregada:

4 Mais a frente faremos, dentro do tópico das contas nacionais no Brasil, a distinção entre o chamados

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Demanda Agregada (DA) =

Consumo Agregado (C) + Investimento Agregado(I)

2.6 A Identidade Macroeconômica Poupança Agregada igual à Despesa Agregada

Se for levada em consideração a Identidade Macroeconômica Fundamental de que Produto Agregado (PA) = Renda Agregada = Demanda

Agregada, pode-se concluir que a Poupança Agregada da Economia (S) é igual

ao Investimento Agregado (I).

Se Renda Agregada (RA) = Demanda Agregada (DA), logo:

Consumo Agregado (C) + Poupança Agregada (S) = Consumo Agregado (C) + Investimento Agregado (I)

Poupança Agregada (S) = Investimento Agregado (I)

A conclusão de que a Poupança Agregada da Economia é igual ao Investimento Agregado parte do pressuposto de as empresas se utilizam da parcela da Renda Agregada não consumida, a Poupança, financiando os seus novos projetos através de empréstimos e financiamentos junto ao sistema financeiro, que é o responsável pela captação da poupança das famílias.

2.7 O Governo como participante do Processo Econômico

Nas relações negociais entre famílias e empresas existe uma figura categórica, o governo, agente este que exerce a função tanto de ofertante de bens e serviços, na forma da justiça, segurança pública, como também demandante de outros bens e serviços (energia, telefonia, etc.), essenciais ao funcionamento do Estado.

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O fluxo circular de renda abaixo inclui agora o governo, servindo à sociedade com os chamados bens públicos e, de outra forma, mantendo o funcionamento da máquina pública através da cobrança de diversos tributos.

Com a presença do governo a Renda Agregada passa a ser destinada não somente para Consumo (C) e Poupança (S), mas também para pagamento de Tributos5 (T).

Sendo assim, tem-se:

Renda = Consumo(C) + Poupança (S) +Impostos (T)

Observação: A partir de agora utilizaremos os termos sem o complemento agregado, mesmo se tratando do conjunto da Economia, Ok?

Da mesma forma que o governo cobra impostos para financiar suas atividades, este realiza gastos para suprir as demandas por consumo de bens e serviços públicos por parte das famílias e empresas.

Com a inclusão do governo no processo econômico, a De-manda Agregada passa a ser composta da seguinte forma:

5 Por mera simplificação passaremos a utilizar a palavra impostos como sinônima da palavra tributo.

Empresas Famílias Mercado de fatores de produção Mercado de bens e serviços Consumo Receita Salários, aluguéis,

juros e lucro Renda

Venda de bens e

serviços Compra de bens e serviços

Trabalho, terra, capital Insumos de produção Governo impostos impostos

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DA = Consumo (C) + Investimento (I) + Gastos do Governo (G)

Sendo válida a Igualdade Macroeconômica Fundamental de que a Renda Agregada = Demanda Agregada, tem-se que:

C + S + T = C + I + G

Rearranjado os termos, chega-se a seguinte equação:

I = S + (T – G), sendo (T – G) a expressão que caracteriza a poupança ou despoupança do governo. Esta representa a forma pela qual o governo administra o orçamento público. Quando ele gasta mais do que arrecada, necessita realizar operações de empréstimos (crédito) com o setor privado, para cobrir o déficit incorrido.

Adicionalmente, pode-se tirar outras conclusões a partir do resultado da equação I = S + (T – G). O investimento agregado (I) ou também FBKf (Formação bruta de Capital Fixo) + ΔE (variação de estoques) é financiado pela Poupança das Famílias (Poupança Privada) mais a Poupança ou Despoupança do governo.

2.8 Algumas conclusões iniciais

Iniciou-se a abordagem do assunto Contas Nacionais - Identidades Macroeconômicas abordando a interação entre empresas e famílias no mercado de bens e serviços e no mercado de fatores de produção. No primeiro deles verificou-se que os ofertantes são as empresas e os demandantes as famílias. Diferentemente, no segundo, os demandantes são as empresas e os ofertantes as famílias. Com a inclusão do governo, este passa a interagir com famílias e empresas, ofertando bens e serviços públicos e demandando bens e serviços para a manutenção de suas atividades.

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Os três agentes econômicos em conjunto denominam a chamada

economia fechada, situação na qual o país não realiza trocas (compra e venda

de bens e serviços) com o resto do mundo.

A partir do próximo tópico será introduzo o resto do mundo como participante do processo econômico, pelas próprias características de 99% das economias do globo, de forma a ser medida a efetiva participação do resto do mundo no resultado das contas nacionais do país.

Ressalta-se desde já a necessidade de que vocês guardem bem esta fórmula. Esta afirma que o Investimento em uma economia é derivado do sometório das poupanças privada (ou das famílias) e pública (ou do governo):

I = S + (T – G)

Ela é indispensável para a solução de questões que versem sobre as Identidades Macroeconômicas.

Apresenta-se abaixo uma questão antiga, mas que serve como exemplo da aplicação da igualdade acima representada.

(INSS/AUDITOR – ESAF/2002) Considere os seguintes dados: poupança líquida =100; depreciação = 5; variação de estoques = 50. Com base nessas informações e considerando uma economia fechada e sem governo, a formação bruta de capital fixo e a poupança bruta total são, respectivamente: a) 100 e 105 b) 55 e 105 c) 50 e 100 d) 50 e 105 e) 50 e 50 Resolução:

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Algumas questões de concurso informam os dados das variáveis a partir dos seus valores líquidos. A esse respeito devemos nos preocupar em sempre utilizar os dados pelos seus valore brutos. Isto ocorre na questão proposta acima, em que a poupança é dada em termos líquidos. Para que obter o resultado bruto, o qual utilizaremos para resolver a questão, deve-se adicionar a depreciação, destacada como um dos dados da questão. Aliás, aí vai mais uma dica. Toda vez que existir uma variável líquida, para se chegar ao resultado bruto, deve-se acrescentar a depreciação, sendo válida também a inversão.

Assim sendo, tem-se que a poupança bruta será o resultado da poupança líquida adicionada da depreciação.

Sbruta = Slíquida + depreciação = 100 + 5 = 105;

Considerando que se trata de uma economia sem governo, para se obter o resultado da Formação Bruta de Capital Fixo (Fbkf), deve ser utilizada a identidade macroeconômica I = S (investimento é igual a poupança).

I = Fbkf + ΔE (variação de estoques)

Fbkf + ΔE = 105; considerando que a variação de estoques desta economia ao longo de um período foi de 50, tem-se que Fbkf é igual a 55;

Fbkf + 50 = 105 Fbkf = 55

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3. Noções sobre o Balanço de Pagamentos

Considera-se que o comércio internacional (o comércio entre os países) é benéfico à economia do nosso país, pois este traz vantagens decorrentes da divisão do trabalho (bens e serviços disponíveis) e da especialização (cada país se especializa nos bens e serviços em que possui vantagem comparativa). O chamado princípio das vantagens comparativas, que é estudado na economia baseia-se no fato de que se cada país produzir e vender os produtos para os quais possui maior vocação, este produzirá com menor custo, ensejando um acúmulo de divisas (dinheiro) suficientes para adquirir os bens e serviços para os quais tem menor vantagem comparativa6.

3.1 Estrutura do Balanço de Pagamentos

O Balanço de pagamentos é um registro estatístico-contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes do país com os residentes dos demais países no mundo, também chamados de não residentes da economia. De outra forma, podemos dizer que estão registrados no Balanço de Pagamentos todas as exportações e importações de mercadorias e serviços, os fretes de cargas, os seguros das mercadorias, os empréstimos obtidos no exterior, bem como uma série de outros bens, serviços e rendas. Diz-se assim que o Balanço de Pagamentos registra todas as transações com mercadorias, serviços e capitais entre a economia nacional e o resto do mundo.

A estrutura do Balanço de Pagamentos se divide em duas grandes partes, os chamados Balanço de Transações Correntes e o Balanço Financeiro e de

Capital. Na maior parte dos concursos as questões versam sobre as transações

6 Podemos dizer que o Brasil possui vantagem comparativa em relação aos Estados Unidos na produção de produtos agropecuários. No caso dos EUA, estes possuem vantagem comparativa na produção de softwares e hardwares. O resultado mais lógico seria a exportação por parte do Brasil de produtos agropecuários para o EUA e a importação de produtos associados à tecnologia da informação.

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correntes que, conforme verificaremos mais adiante, são responsáveis pelo que chamamos de poupança externa ou despoupança externa.

Quanto às regras de contabilização do Balanço de Pagamentos, destaca-se que para as transações correntes, quando as movimentações se constituírem em despesas para com o exterior, estas serão debitadas, sendo creditadas quando se referirem a receitas obtidas em transações realizadas com o exterior. No caso das transações realizadas na Conta Financeira e de Capital, quando estas se constituírem em empréstimos ou investimentos realizados para/no exterior, bem como pela amortização de empréstimos e retorno de investimentos, respectivamente contraídos e recebidos anteriormente, seu registro se dará por meio de débitos nas contas (rubricas) específicas. O registro se dará por meio de créditos nas respectivas contas quando ocorrerem a contratação de empréstimos do exterior e o recebimento de investimentos, assim como o retorno de empréstimos e investimentos anteriormente realizados para/no exterior.

Vejamos então a estrutura do Balanço de Pagamentos:

A. Balanço Comercial (Mercadorias) Importações (débito) (FOB - free on board) Exportações (crédito) (FOB - free on board)

B. Balanço de Serviços e Rendas (Resultado Líquido)

Serviços

Viagens Internacionais

(Turismo) Transportes (Fretes) Seguros

Serviços Diversos

Serviços Governamentais (Embaixadas) Royalties.

Rendas (dos fatores de produção)

Salários

Lucros, Dividendos e bonificações (ações) Juros (títulos da dívida)

C. Transferências Correntes (unilaterais)

Bens doados

Moeda (dinheiro doado)

Obs: Excluem-se as transferências relativas ao patrimônio de migrantes internacionais (diplomatas)

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D. Balanço de Transações Correntes ou Saldo em Conta Corrente

(Resultado Líquido de A+B+C)

Déficit ou Superávit

E.

Conta de Capital

Mutação de Patrimônio de Migrantes Internacionais (diplomatas)

aquisição/cessão de bens não financeiros não produzidos, tais como cessão de marcas e patentes

Conta Financeira “Capitais Autônomos”

Investimento Brasileiro Direto (no exterior) Investimento Estrangeiro Direto

Reinvestimentos (Multinacionais) Empréstimos e financiamentos Amortizações

Investimento em Portfólio (ações e outros) Derivativos Financeiros

Empréstimos de Regularização (FMI, BIRD) F. Erros e Omissões

G. Saldo do Balanço de Pagamentos Resultado Líquido de D + E + F

H. Variação das Reservas Internacionais Variação das Reservas = Saldo do Bal. de Pgtos.

G + H = 0

3.1.1 Balanço Comercial

O Balanço Comercial registra as entradas (importações) e saídas (exportações) de mercadorias sob o conceito FOB (free on board), isto é, incluindo as despesas até o embarque no navio transportador. As despesas com seguros e fretes das mercadorias exportadas e importadas fazem parte do conceito CIF (cost, insurance and freight), sendo registradas em contas próprias do Balanço de Serviços. As entradas de recursos provenientes das exportações são registradas com sinal positivo enquanto as importações são registradas com sinal negativo.

Toda vez que o volume financeiro das exportações for maior que o das importações, ocorre um Superávit no Balanço Comercial. Diferentemente, quando as importações forem maiores que as exportações gera-se um Déficit no Balanço

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3.1.2 Balanço de Serviços e Rendas

O segundo componente do Balanço de Pagamentos é o Balanço de

Serviços e Rendas. São classificados como Serviços não fatores quando fizerem

referência aos bens não tangíveis, tais como viagens internacionais, transportes e seguros, sendo estes ainda classificados como não-remunerações dos fatores de produção. As Rendas, diferentemente dos serviços não fatores, são remunerações dos fatores de produção (juros, lucros e dividendos), tanto é que esta parte do balanço também é chamada de balanço de serviços fatores. Ocorrerá um Superávit

no Balanço de Serviços e Rendas quando o volume financeiro de entrada de

recursos for maior que o de saída. Caso contrário teremos um Déficit no Balanço

de Serviços e Rendas.

3.1.3 Transferências Correntes ou Unilaterais

As Transferências Correntes ou Unilaterais representam as doações e as remessas de migrantes. Conforme o próprio nome diz, as transações são unilaterais, ou seja, sem uma contrapartida em bens, serviços ou rendas. Não existe a entrada efetiva de recursos. Como estamos falando de um balanço, que também é estruturado pelo método das partidas dobradas, para todo crédito ou débito sempre haverá um registro contrário em alguma outra rubrica, diferenciando-se em qual será em função de se tratar de doações de bens (alimentos, veículos), que têm contrapartida na conta de importações, ou de doações em espécie (dinheiro), contabilizadas no balanço de capitais (conta financeira), conforme veremos mais à frente.

3.1.4 O Saldo das Transações Correntes

O saldo ou resultado do BP em Transações Correntes é igual à soma dos saldos do Balanço Comercial, do Balanço de Serviços e Rendas e das Transferências Unilaterais. Se o resultado for positivo, isto é, se as vendas de mercadorias, de serviços e rendas, e as transferências unilaterais superarem as re-spectivas compras, ou seja, saída de recursos, teremos o que chamamos de

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Superávit do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes. De forma

inversa, se as aquisições de mercadorias, de serviços e rendas e de transferências unilaterais superarem as vendas, teremos o chamado Déficit do Balanço de

Pagamentos em Transações Correntes.

3.2 As contas de Capital e Financeira

A outra parte componente do Balanço de Pagamentos é representada pela Conta Capital e Financeira. Nas suas rubricas incluem-se todos os registros de movimentação financeira de ativos e passivos. Trata-se assim dos “principais7” dos empréstimos e financiamentos, dos investimentos produtivos e especulativos (portfólio), das amortizações de empréstimos e financiamentos, das operações com derivativos financeiros (opções, futuros), bem como os reinvestimentos de lucros obtidos por empresas estrangeiras instaladas no país.

Destaque: Em adição ao acima narrado, bem como de forma a não repetir literalmente a descrição dos itens componentes do Balanço de Pagamentos, reproduzo o link de acesso às informações do Balanço de Pagamentos no Brasil, disponível no sítio do BACEN: http://www.bcb.gov.br/pec/sdds/port/balpagam_p.htm

O registro contábil das entradas de recursos nas Contas de Capital e Financeira também é feito com sinal positivo, assim como nas contas das transações correntes. Existe, no entanto, uma importante diferença: estes registros representam o aumento dos passivos com o exterior, uma vez que a realização de investimentos no país por estrangeiros constitui uma confissão de dívida, direta ou indireta, além de poder estar suscetível à retirada pelos investidores quando assim entenderem (aplicações em portfólio). Da mesma forma, caso ocorram saídas de recursos, será reduzido o passivo do país com o exterior, destacando-se logicamente que esta redução tende a promover uma piora no resultado da Conta Financeira e de Capital.

7Toda dívida contraída é composta do principal, que nada mais é do que o dinheiro tomado emprestado, e dos juros a serem pagos em decorrência do dinheiro tomado emprestado.

(23)

O resultado da Conta Financeira e de Capital poderá ser deficitário ou superavitário, em função do total de recursos externos que entrarem ou saírem do país. Esse resultado é apurado mensalmente, sendo sujeito a variações ao longo do ano.

3.3 Erros ou omissões

Erros ou omissões é a rubrica utilizada para “fechar” o Balanço de Pagamentos, uma vez que existem pequenas diferenças entre os saldos constatados nas contas supramencionadas. Considerando a existência de entradas e saídas de produtos na economia que não são contabilizados, resultado de contrabandos e descaminhos, além da existência de discrepâncias temporais em termos das estatísticas de dados, o objetivo da rubrica é a de zerar as diferenças constatadas.

3.4 O resultado (saldo) do Balanço de Pagamentos

O saldo total do Balanço de Pagamentos é representado pelo batimento

do saldo em Transações Correntes adicionado do saldo da Conta Capital e Financeira. Se o resultado for positivo temos um Superávit no Balanço de Pagamentos, também chamado de excesso de entrada de divisas estrangeiras.

Caso o resultado seja negativo temos um Déficit no Balanço, representando um excesso de saída de moeda estrangeira. Na ocorrência de um superávit do BP conclui-se que existirá um aumento das Reservas Internacionais do país, uma vez que mais entrou moeda estrangeira do que saiu. No caso contrário, ocorrerá uma diminuição das Reservas Internacionais.

Importante considerar que todo país apresenta naturalmente dívidas com o exterior. Trata-se da conhecida dívida externa. Em situações em que ocorram superávits no balanço de pagamentos, que acaba por aumentar o nível de reservas internacionais em moeda estrangeira do país, diz-se que este mesmo país reduziu o seu endividamento externo líquido, que nada mais é do que a diferença entre o total

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de dívida que o país possui com o exterior8 e o total de reservas internacionais que este mesmo país possui. As dívidas constituem passivos enquanto as reservas internacionais constituem ativos para com o exterior.

3.5 Os “antigos” Capitais Compensatórios

Conforme dissemos, caso o BP seja superavitário ocorrerá uma variação positiva no volume de reservas internacionais em moeda estrangeira. Já se o resultado for deficitário, ocorrerá uma variação negativa no volume de reservas internacionais do país, uma vez que as contas (dívidas) com o exterior necessitam ser pagas. O fundo responsável por este pagamento é representado pelo total de aplicações em moeda estrangeira em posse da União, administradas pelo Banco Central do Brasil. Caso o estoque de reservas não seja suficiente para fazer frente ao déficit do balanço de pagamentos o Brasil terá que lançar mão dos chamados

Empréstimos de Regularização, tal como o recebido pelo Brasil para fazer frente

crise internacional ocorrida em 1999. Destaca-se que segundo a nova metodologia de apuração do BP, os empréstimos de regularização (FMI) são registrados na Conta Financeira, mesmo sendo utilizados apenas para fechamento do resultado negativo do próprio BP.

A interpretação acima narrada parte do pressuposto de que o Balanço de Pagamentos, assim como um balanço de empresa, deve fechar. Ainda novamente, se o resultado do Balanço de Pagamentos for deficitário, e não existir saldo suficiente de Reservas Internacionais, a necessidade de empréstimos será positiva. Dessa maneira podemos repetir que um Superávit no BP indica uma variação positiva das Reservas Internacionais (sobra de dinheiro proveniente de superávits do balanço). Vale reforçar novamente que os empréstimos de regularização referem-se às linhas de recursos especiais de organismos internacionais utilizados para financiar o Déficit do BP, tais como os empréstimos do FMI, do Banco de Compensações Internacionais, etc. A variação das Reservas Internacionais

8Destaca-se que a dívida do país que mencionamos não se refere tão somente à dívida pública externa, mas também a toda dívida privada contraída por empresas e por pessoas físicas com pessoas e empresas estrangeiras.

(25)

representa o movimento líquido de entrada e saída de divisas, como Dólares, Euros, Pesos e Ouro Monetário.

Outro ponto importante de ser considerado refere-se ao denominado Passivo Externo. Conforme foi verificado, na ocorrência de um déficit nas transações correntes, deve existir um conseqüente superávit da Conta de Capital e Financeira com o objetivo de fechamento do BP sem a necessidade de serem utilizadas as Reservas Internacionais. Como esse fechamento em equilíbrio se dá apenas em teoria, é comum a variação das Reservas. Ocorre que, em condições em que as Transações Correntes apresentem resultado deficitário, haverá a necessidade natural da ocorrência de resultado superavitário da Conta Capital e Financeira. Esta conta demonstra a variação do Passivo Externo do país, sendo que caso esta necessite ser superavitária, ocorrerá por conseqüência uma variação positiva do Passivo Externo. Adicionalmente, destaca-se que este Passivo Externo pode ser mensurado de forma bruta ou líquida. Será Passivo (ou Endividamento) Externo Bruto quando não forem abatidas do seu resultado o Saldo de Reservas Internacionais do país. Diferentemente, será considerado Passivo Externo Líquido quando forem abatidas do saldo do passivo as Reservas Internacionais.

Por fim, é importante considerar que este Passivo Externo Bruto poderá se transformar em Ativo Externo Líquido, desde que o saldo de Reservas Internacionais seja maior do que o próprio Passivo Externo Bruto.

3.6 Definição de Renda Liquida Enviada ao Exterior – RLEE

Ao conceituarmos o Balanço de Pagamentos, verificamos que estes recursos se subdividem em:

9 Rendas dos Fatores de Produção (salários, lucros, dividendos e juros), que recebem este nome por remunerarem os fatores de produção empregados no processo produtivo. (Relembre-se que os lucros são a

(26)

própria renda da atividade produtiva, os juros são a remuneração ou renda do capital empregado).

A Renda Liquida Enviada ao Exterior - RLEE é exatamente o resultado proveniente do total das rendas enviadas ao exterior menos o total das rendas recebidas do exterior.

RLEE = Renda Enviada ao Exterior – Renda Recebida do Exterior

Denomina-se RLEE por um simples fato: Como a quantidade de empresas estrangeiras instaladas no Brasil é muito superior o número de empresas brasileiras instaladas no exterior, o total de Renda Enviada é maior que o de Renda Recebida.

Destaque: Entenda bem esse conceito, pois ele será bastante necessário no estudo das contas nacionais.

3.7 O Resultado das Transações Correntes como (Des) Poupança Externa

A ocorrência de Déficit ou Superávit no Balanço de Pagamentos em Transações Correntes tem resultados diretos sobre a Identidade Macroeconômica já estudada. Considerando que o saldo das Transações Correntes é responsável pela medição das transações com o exterior, caso ocorra déficit, ou seja, o país mais compre do que venda bens, serviços e rendas do exterior, ocorrerá um aumento da

Poupança Externa, também entendida como um Superávit do Setor Externo.

Diferentemente, caso o país mais venda bens e serviços do que compre, teremos um Déficit do Setor Externo, também chamado de Despoupança Externa.

Pode-se traduzir o resultado da poupança ou despoupança externa por meio das equações abaixo, em que “X” representa o somatório, em dinheiro, de bens (exportações) e serviços não fatores; “RRE” são as rendas recebidas do exterior e “TUrec” as transferências unilaterais de entrada. De forma contrária, “M” representa

(27)

o total de bens e serviços não fatores; “REE” são as rendas enviadas ao exterior e “TUenv” as transferências unilaterais enviadas ao exterior. Dessa forma temos:

9 Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) > 0, teremos Superávit com

o exterior, também chamado de Despoupança Externa ou mesmo de Superávit em Transações Correntes; e

9 Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) < 0, teremos Déficit com o

exterior, chamada de Poupança Externa ou mesmo Déficit em Transações Correntes.

Vale mencionar que em questões de concursos o examinador utiliza o conceito da poupança externa e suas derivações em diversas formas. Vejamos algumas características:

• Quando o examinador falar em “Exportações de bens e

serviços não fatores”, ele está fazendo a soma de todas as Exportações de bens e de serviços não fatores de produção, ou seja, serviços que não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade o examinador está apartando as Rendas Recebidas do Exterior, que representam a remuneração dos fatores de produção presentes no exterior;

• Quando o examinador falar de “Importações de bens e

serviços não fatores” ele está fazendo a soma de todas as Importações de bens e de serviços não fatores, ou seja, de serviços que também não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade, o examinador está

(28)

Vamos agora a mais uma questão antiga, mas bastante útil e que aborda a metodologia descrita acima:

(APO/MPOG – ESAF/2003) Considere os seguintes dados para uma economia hipotética: exportações de bens e serviços não-fatores = 100; importações de bens e serviços não fatores = 50; déficit no balanço de pagamentos em transações correntes = 10. Com base nas identidades macroeconômicas básicas para uma economia aberta e com governo, podemos afirmar que essa economia apresentou:

a) renda líquida enviada ao exterior igual a 60. b) renda líquida recebida do exterior igual a 60. c) renda líquida enviada ao exterior igual a 40. d) renda líquida recebida do exterior igual a 40. e) renda líquida enviada ao exterior igual a 50.

Perceba que desde o início o examinador já fala em exportações de bens e serviços não-fatores, ou seja, se são não-fatores deve-se excluir todo o tipo de

renda proveniente dos fatores de produção. Segunda coisa, o examinador fala em

exportações de bens e serviços, incluindo não só o balanço comercial, mas também o balanço de serviços.

Feita estas considerações passemos a calcular o resultado.

A questão fala do balanço de pagamentos em transações correntes, que é composto pelo balanço comercial, pelo balanço de serviços e rendas e pelas transferências unilaterais. Dessa forma, tem-se:

• balanço de transações correntes é deficitário em 10; • exportações de bens e serviços não-fatores = 100; • importações de bens e serviços não fatores = 50

(29)

Lembrando que fórmula do balanço de transações correntes =

(X – M) – RLEE + TU

-10 = (100 – 50) – RLEE + 0 - RLEE = - 60

RLEE = 60

Como a Renda é LIQUIDA enviada ao exterior, concluímos que está ocorrendo maior saída de renda proveniente dos fatores de produção do que entrada.

Gabarito: letra “a”.

Obs.: Vale lembrar que caso exista valor para as transferências unilaterais, deve-se aplicar o sinal de acordo com o seu resultado.

Para fins de entendimento e consolidação, será mantida a expressão do saldo do balanço de Pagamentos em Transações Correntes na forma já expressa, ou seja, TC = (M – X), não esquecendo de aplicar, é claro, a fórmula pertinente para cada tipo de questão!

Para fixação, tem-se mais uma simples questão a respeito do Balanço de Pagamentos:

(ECONOMISTA/EMATER – FUNDATEC/2008) Observando-se o saldo da conta de transações correntes do balanço de pagamento de um país podemos observar que o país está incorrendo em déficit em relação ao resto do mundo. Tal déficit poderá resultar, em um determinado ano, de:

I – Poupança externa nula.

II – Pagamento de juros da dívida externa superior ao superávit comercial. III – Importações maiores que as exportações, estando o restante da conta corrente em equilíbrio.

(30)

Marque:

a) se apenas a I estiver correta. b) se apenas a II estiverem corretas. c) se apenas a I e a II estiverem corretas. d) se apenas a II, a III estiverem corretas. e) se a I, a II, a III estiverem corretas. Resposta:

Conforme descrito na análise do resultado do balanço de pagamentos em transações correntes, toda vez que ocorrer um déficit nesta conta, gera-se, por conseqüência, uma poupança externa positiva. Sendo assim pode-se concluir que

a alternativa “I” está incorreta.

Analisando a alternativa “II”, verifica-se que quando o pagamento de juros ao exterior é superior ao superávit comercial, existe um grande indicativo de que ocorrerá um déficit das transações correntes e uma conseqüente geração de poupança externa, já que as transferências unilaterais, mesmo sendo superavitária com o exterior, não será superior ao resultado negativo proveniente do pagamento de juros da dívida externa. De acordo com este entendimento conclui-se que a

assertiva “II” está correta.

Quando os demais itens das transações correntes (balanço de serviços, de rendas e transferências unilaterais) estão em equilíbrio, na ocorrência das importações maiores do que as exportações, o resultado será um déficit nas transações correntes. Com essa conclusão pode-se então afirmar que a assertiva “III”

também está correta.

(31)

3.8 As Transações com Exterior e a sua inclusão na Demanda Agregada

Relembrando que a Demanda (ou Despesa) Agregada é formada pelos bens e serviços consumido das famílias (C), pelos investimentos (I) realizados pelas empresas, pelos gastos do Governo (G), fica possível compreender que as Exportações de bens e serviços não fatores (X) representam o consumo do resto do mundo e que as Importações de bens e serviços não fatores (M) são exatamente o consumo adicional que nosso país tem além daquele realizado no mercado interno.

Adicionando as exportações e as importações a fórmula da demanda agregada, tem-se:

DA = C + I + G + X – M

As Importações incorporadas à Demanda Agregada são precedidas do sinal negativo simplesmente porque o consumo adicional representa um vazamento para o exterior da renda gerada na economia nacional. Destaca-se que a fórmula da Demanda Agregada acima é conhecida na Economia como Produto Interno Bruto

– PIB.

Caso seja feita a mudança das importações para o lado esquerdo da fórmula, chega-se ao conceito da Oferta Global, que é a representação de todos os bens e serviços disponíveis na economia nacional mais os bens e serviços importados do resto do mundo.

DA + M = C + I + G + X

3.9 Igualdade entre Renda Agregada e Demanda Agregada numa Economia Aberta com a presença do Governo

Numa economia aberta e com governo a Identidade Macroeconômica Renda

= Demanda continua válida. Desta forma, incorporando-se o resto do mundo à

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Renda Agregada = C + S + T

Demanda Agregada = C + I + G + X – M, logo:

C + S + T = C + I + G + X – M, rearranjando os termos:

I = S + (T – G) + (M – X)

Relembrando que:

(I) refere-se ao Investimento de uma Economia (valor bruto);

(S) representa a poupança das famílias ou do setor privado (valor bruto); (T – G) representa a poupança (superávit) do governo; e

(M – X) representa a poupança (déficit das transações correntes) externa ou do resto do mundo.

O que a expressão acima explicita é que o somatório das poupanças privada, do governo e do resto do mundo é responsável pelo financiamento do investimento no país. É a partir desta expressão que se pode resolver se não todas, a grande parte das questões que versem sobre as contas nacionais.

Atenção!!!

Destaca-se que somente na derivação da fórmula acima é que chamamos (M – X) de poupança externa. Seu resultado é igual ao resultado das transações correntes com sinal invertido. Cabe lembrar que as transações correntes são formadas por:

(X – M) + RRE – REE + Transf. Unil. Recebidas – Transf. Unil. Enviadas Procure guardar muito bem esta expressão. Ela será primordial na resolução de questões sobre contas nacionais!

(33)

3.10 Produção, Produto a Custo de Fatores e a Preços de Mercado

No início do curso definiu-se a expressão do produto (PIB) da economia, sendo derivado do somatório das quantidades dos bens multiplicado pelo valor monetário de cada unidade produzida. Considerando no entanto a dificuldade de se estabelecer o valor agregado de cada etapa do processo produtivo, para que se pudesse chegar ao resultado do Produto Interno, adotou-se uma única forma, que é representada pelo resultado de toda riqueza produzida no país diminuída do total do consumo intermediário utilizado na produção. A este resultado atribuímos o nome de

valor adicionado, que nada mais é que o PIB do país em determinado período de

tempo.

Nesse momento a grande novidade desta expressão é derivada da diferença conceitual de que é definido por PIB a custo de fatores e PIB a preços de

mercado.

O PIB calculado pelo método do Valor Adicionado nos informa o resultado da riqueza gerada no país ao custo dos fatores de produção (salários, juros,

aluguéis e lucros) utilizados no processo produtivo (PIBcf).

Para que calcular ao resultado do valor adicionado da economia a preços de mercado, ou melhor, do PIB a preços de mercado (PIBpm), que é o real valor de venda dos produtos, deve-se incluir os impostos indiretos e se excluir os subsídios concedidos.

Desta forma temos:

PIB (a preços de mercado) = (Valor Bruto da Produção – Con-sumo

Intermediário) + Impostos Indiretos – Subsídios

Valor adicionado = Valor bruto da produção - Consumo de bens e serviços intermediários

(34)

Para que seja feita a consolidação desta expressão e o seu entendimento, apresenta-se uma questão do Concurso para Auditor da Receita Federal de 2005 para fixarmos este conceito:

(AFRF/SRF – ESAF/2005) - Considere os seguintes dados, extraídos de um sistema de contas nacionais – conta de bens e serviços – que segue a metodologia adotada atualmente no Brasil (em unidades monetárias): Produção total: 1.323; Importação de bens e serviços: 69; Impostos sobre produtos: 84; Consumo final: 630; Formação bruta de capital fixo: 150; Variação de estoques: 12; Exportações de bens e ser-viços: 56. Com base nessas informações, o consumo intermediário dessa economia foi a) 700 b) 600 c) 550 d) 650 e) 628 Resolução:

Veja que a questão fala em Produção total, entendido por nós como o Valor Bruto da Produção (1323); A questão também informa que o valor dos impostos é igual a 84.

Sendo assim, vale aqui uma grande informação, advinda da nova form-atação das Contas Nacionais, adota no Brasil a partir de 2001:

Pela ótica dos recursos econômicos a oferta é igual à produção mais as importações enquanto que na ótica dos usos da economia a demanda total é igual ao consumo intermediário, isto é, a parte do produto que se dirige a outros setores da economia para serem transformados, adicionado a demanda final.

Valor Bruto da Produção + Importações (M) = Consumo Intermediário + Demanda Final (C + I + G + X)

(35)

Rearranjando os termos:

Valor Bruto da Produção - Consumo Intermediário = Demanda Final (C + I + G + X) – Importações (M).

Relembrando que:

Valor Bruto da Produção - Consumo Intermediário = PIBcf

Sabe-se que para se calcular ao valor do PIBpm necessitamos retirar da produção o consumo intermediário e incluir o valor dos impostos sobre produtos ou indireto.

Com isso tem-se:

PIBpm = Produção – Consumo Intermediário + Impostos sobre produto PIBpm = 1323 – Consumo Intermediário + 84

Na expressão acima não é expresso o valor do Consumo Intermediário, mas, no entanto, sabe-se a expressão do PIBpm sobre os USOS da economia. Lembra-se da expressão PIB pm = C + I + G + X – M?

Então, na questão só se fala em Consumo final e não em consumo das famílias. Não se fala também dos gastos ou consumo do Governo. Algum problema?? Não! Quando a expressão fala em consumo final, esta está fazendo referência ao consumo dos dois agentes econômicos internos, Famílias e Governo! Esta interpretação faz parte da nova metodologia adotada pelo IBGE a partir de 1996.

Finalmente, no caso do Investimento, vemos que ele está bem dividido em FBKf + ΔE.

(36)

PIBpm pelo lado dos recursos = PIBpm pelo lado dos usos 1323 – Consumo Intermediário + 84 = 630 + 150 + 12 + 56 – 69 Consumo Intermediário = 628

Gabarito: letra “e”.

Ao se encontra a composição da Demanda Agregada, foi dito que seu resultado era chamado de PIB - Produto Interno Bruto da Economia (Y). A equação do PIB é formada pelo consumo das famílias, pelo investimento das empresas, pelos gastos do governo, pelas exportações de mercadorias e serviços e pelas importações de mercadorias e serviços.

PIB (Y) = C + I + G + X – M

Da expressão do PIB (Y) chegou-se a fórmula da OFERTA GLOBAL, representada por toda produção de bens e serviços da economia nacional voltada ao mercado interno e externo, somada à parte da produção externa destinada ao mercado nacional. Adicionalmente, concluiu-se que o lado direito da equação, em que consta o consumo familiar, o Investimento da economia, os gastos do governo e as exportações, corresponde a DEMANDA GLOBAL, ou seja, o total de bens e serviços demandados pelas unidades econômicas nacionais, adicionada da unidade econômica resto do mundo.

PIB (Y) + M = C + I + G + X

(OFERTA GLOBAL) = (DEMANDA GLOBAL)

3.11 O Produto Interno Líquido - PIL

O PIB da economia, em especial o componente investimento (I), sofre com a Depreciação decorrente do uso. Assim, quando excluída a depreciação do cálculo do PIB, se obtém o Produto Interno Líquido.

(37)

PIL = PIB – Depreciação

3.12 O Produto Nacional Bruto – PNB

Sabe-se, conforme verificado no estudo do balanço de pagamentos, que existem na economia fatores de produção que pertencem a não-residentes, cuja renda derivado dos seus usos é remetida ao exterior na forma de juros, lucros e royalties. Da mesma forma existem residentes que possuem fatores de produção fora do país, recebendo rendas do exterior proveniente destes fatores. Ao ser realizada a soma das rendas recebidas do exterior e subtraídas as rendas enviadas ao exterior ao PIB chega-se à mensuração do Produto

Nacional Bruto, que representa a renda da economia efetivamente pertencente

aos nacionais.

PNB = PIB + Rendas Recebidas do Exterior (RRE) - Rendas Enviadas ao Exterior (REE)

A diferença entre a Renda Recebida e a Renda Enviada ao Exterior é chamada de Renda Líquida de Fatores Externos. No Brasil como a Renda Enviada supera a Renda Recebida, a diferença é chamada de Renda Líquida Enviada ao Exterior - RLEE.

3.13 Produto Nacional Líquido – PNL

Deduzindo a Depreciação do PNB, chega-se ao cálculo do PNL.

PNB - Depreciação = PNL

3.14 Renda Nacional Líquida a Custo dos Fatores – RNLCF

O preço de mercado de um produto normalmente está acima do valor da remuneração dos fatores de produção necessários ao processo produtivo. Isto

(38)

ocorre porque no preço dos produtos estão incorporados os impostos indiretos cobrados pelo governo (ICMS, IPI, ISS, etc.). Em outros casos, quando o produto é essencial para a população, o governo subsidia a produção, fazendo com que o preço pelo qual o produto é vendido seja inferior ao seu custo. Imagine por exemplo que o governo conceda subsídios ao produtor de trigo para que este tenha condição de vendê-lo abaixo do custo de produção sem sofrer prejuízo. Na verdade, o que ocorre é que o diferencial entre o preço de mercado e o preço cobrado pelo produtor é coberto pelo governo. Destaca-se que este tipo de política de incentivos é muito comum para os bens de primeira necessidade.

Assim sendo e partindo-se do conceito de RNLCF (ou PNLCF), para se

chegar ao Produto Nacional Líquido a preços de mercado (PNLPM) deve-se

somar os impostos indiretos e subtrair os subsídios recebidos.

RNLCF + Impostos Indiretos – Subsídios

3.15 Renda Nacional Disponível

Este conceito procura medir o quanto da renda gerada no pro-cesso econômico fica em poder dos agentes econômicos privados.

Com base na Renda Nacional Líquida a custo dos fatores - RNLCF

ou

Renda Nacional, deve-se deduzir os lucros retidos pelas empresas para reinvestimentos, pois apesar desta parcela da renda se encontrar de posse das empresas, não é transferida de imediato à s famílias. Deve-se ainda deduzir os impostos diretos (imposto de renda) e as contribuições previdenciárias pagas pelas famílias e empresas ao governo. Por último, deve-se deduzir as demais receitas correntes do governo e adicionar as transferências correntes do governo (aposentadorias) às famílias.

(39)

Destaca-se ainda que, para se calcular a Renda Disponível Bruta necessita-se adicionar a Depreciação ocorrida no período.

3.16 Excedente operacional Bruto

Trata-se de um conceito recente em termos de cobrança pela ESAF.

O Excedente Operacional Bruto é definido como o saldo resultante do valor adicionado (PIBpm) deduzido das remunerações pagas aos empregados, dos

rendimentos dos autônomos e dos impostos indiretos líquidos de subsídios. É uma medida do excedente gerado pela produção antes da dedução de quaisquer encargos na forma de juros, rendas ou outros rendimentos de propriedade a pagar sobre ativos financeiros, terrenos ou outros ativos tangíveis. Como forma de associação com a contabilidade, este reflete com proximidade o conceito do Lucro Operacional.

EOB = PIBpm – Impostos Indiretos (sobre a produção e a importação) + Subsídios – Rem. Emp. – Rem. Aut.

3.17 Diferenças entre Investimento Privado e Público e o Déficit Público

Quando abordada a composição da variável Investimento, foi dito que esta é subdividida em Formação Bruta de Capital Fixo e Variação de Estoques. Até aquele momento o entendimento era de que as empresas privadas realizavam investimentos. De todo modo, ocorre que o governo também realiza Investimentos, na forma de construção de estradas, portos, hospitais, escolas e outros, o que faz com que este tenha representatividade no resultado do investimento realizado na economia e, consequentemente, no resultado das Contas Nacionais. Assim sendo, pode-se dizer agora que o componente investimento da demanda agregada será composto por:

(40)

I = Investimento Privado + Investimento Público

Se for aplicado este conceito da identidade macroeconômica fundamental, chega-se ao seguinte resultado:

IPRIVADO + IPÚBLICO = SPRIVADA + SPÚBLICA(ou do governo) + SEXTERNA

Passando as variáveis do governo todas para um único lado da equação, tem-se que:

IPÚBLICO - SPÚBLICA(ou do governo) = SPRIVADA - IPRIVADO + SEXTERNA

O resultado do lado esquerdo da equação pode ser positivo ou negativo. Assim, se o investimento público for superior a poupança pública gera-se o famosíssimo DÉFICIT PÚBLICO. Se o investimento público for menor do que a poupança pública gera-se o chamado SUPERÁVIT PÚBLICO ou das CONTAS

PÚBLICAS.

Observação: Muitas questões de concursos utilizam variáveis líquidas da

depreciação. O resultado deste fato é o de que sempre que aparecem nas questões resultados líquidos, por exemplo, Produto Interno Líquido, Produto Nacional Líquido, Consumo Líquido, Poupança Líquida, temos que adicionar a estas variáveis a depreciação, como forma de chegarmos ao resultado da questão.

E com base nestes conceitos pode-se dar por encerrado o conteúdo teórico da aula 1 de Economia para o cargo de AFRFB. Como forma de se consolidar os conceitos desenvolvidos, apresentamos abaixo uma lista de questões propostas. Um grande abraço,

(41)

Resumo das Identidades Básicas da Contabilidade Nacional

PRODUTO = DESPESA = RENDA

Pela ótica da despesa (y) = C + I + G + X – M

A despesa mostra como se distribuem os gastos pelos quatro agentes de despesa (consumidores, empresas, governo e estrangeiros).

Pela ótica da renda (y) = C + S + T

Esta identidade mostra como a renda é utilizada pelas famílias. Lembre-se que a renda bruta é advinda na forma de salários, juros, aluguéis e lucros. Igualando as duas tem-se que:

I + G + X = S + T + M Rearranjando os termos:

I = S + (T-G) + (M-X), sendo o investimento bruto da economia formado pela poupança das famílias + poupança do governo + poupança externa. Pode-se ainda obter o resultado pela ótica do produto, sendo:

PIB = C + I + G + X – M = DIB

Se for invertido a posição das importações na fórmula tem-se que:

PIB + M = C + I + G + X, onde, PIB + M é a OFERTA GLOBAL, que representada tudo que é disponibilizado para a coletividade, seja no país, seja no exterior.

(42)

Questões Propostas:

1 – (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Considere as seguintes informações extraídas de um sistema de contas nacionais, em unidades monetárias:

Poupança privada: 300 Investimento privado: 200 Poupança externa: 100 Investimento público: 300

Com base nessas informações, pode-se considerar que a poupança do governo foi:

a) de 200 e o superávit público foi de 100. b) de 100 e o déficit público foi de 200. c) negativa e o déficit público foi nulo.

d) de 100 e o superávit público foi de 200.

e) igual ao déficit público.

2 - (APO/MPOG – ESAF/2010) A diferença entre Renda Nacional Bruta e Renda Interna Bruta é que a segunda não inclui:

a) o valor das importações.

b) o valor dos investimentos realizados no país por empresas estrangeiras. c) o saldo da balança comercial do país.

d) o valor da renda líquida de fatores externos. e) o valor das exportações.

3 - (AFRFB/SRFB – ESAF/2009) Considere a seguinte identidade macroeconômica básica:

Y = C + I + G + (X – M)

onde C = consumo agregado; I = investimento agregado; e G = gastos do governo.

Referências

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