• Nenhum resultado encontrado

AVALIAÇÃO TÉCNICO-ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DE BIOGÁS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE DEJETOS DE BOVINOS LEITEIROS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AVALIAÇÃO TÉCNICO-ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DE BIOGÁS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE DEJETOS DE BOVINOS LEITEIROS"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

AVALIAÇÃO TÉCNICO-ECONÔMICA DO APROVEITAMENTO DE

BIOGÁS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE

DEJETOS DE BOVINOS LEITEIROS

Izabel Aparecida dos Santos*1, Cyntia Stephânia dos Santos2, Rodolfo Esmarady Rocha dos Santos3

1Bacharel em Administração, Mestranda em Engenharia de Energia na UNIFEI/MG , Instituto Federal – Campus Muzambinho,,

Muzambinho, MG, Brasil, izabel@eafmuz.gov.br

2Graduanda do Curso Superior de Tecnologia em Cafeicultura, Instituto Federal – Campus Muzambinho, Muzambinho ,MG,Brasil,

607040@eafmuz.gov.br

3Graduado em Sistemas de Informação, Mestrando em Engenharia de Energia, UNIFEI, Itajubá, MG, Brasil,esmarady@yahoo.com.br

Resumo

O suprimento eficiente de energia é considerado uma das condições básicas para o desenvolvimento econômico. A escassez de recursos energéticos fósseis faz com que se procure a obtenção de outras fontes de energias alternativas para atender às necessidades de consumo. Entre estas fontes, encontra-se a biomassa, que pode ser transformada através da fermentação anaeróbia. Os dejetos são agentes causadores de poluição, mas possíveis fontes de geração de energia. Foi feito um estudo de caso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho, no setor de bovinocultura leiteira, onde se verificou a viabilidade técnica e econômica da implantação de biodigestores, e foi determinado o potencial de produção de biogás, energia elétrica, biofertilizantes e créditos de carbono. O estudo mostrou que a implantação dos biodigestores é um investimento viável, além da preservação ambiental, pois os dejetos que poderiam ser fonte poluidora tornam-se um recurso energético renovável, gerando economia com gastos em investimentos com a

implantação ou ampliação de usinas hidrelétricas.

Palavras-chave: biodigestão anaeróbia, bioenergia, biofertilizante

Abstract

Technical-economic analysis of the use of biogas for electric energy generation through the production of dairy cattle’s dejecta. The efficient supply of energy is considered one of the basic conditions for economic development. Due to the scarcity of fossil fuel resources other sources of alternative energy ought to be obtained to supply consumption's needs. Among these sources, there is biomass, which can be transformed through anaerobic digestion. The waste products are causative agents of pollution but possible sources for energy generation. A case study was done in Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho at rear sector of dairy cattle, where it was checked the technical and economical feasibility to introduce bio-digesters and it was determined biogas, electric energy, bio-fertilizing and credits carbon production’s potential. The research has evidenced that the bio-digesters’ introduce is a feasible investment, in addition to environmental preservation, as the dairy cattle’s waste products which could be a pollution source has been also a renewable energy resource that generates economy of investment spends

with the introduction or the expansion of hydroelectric plants.

Keywords: anaerobic bio-digestion, bioenergy, bio-fertilizing

INTRODUÇÃO

O consumo exagerado de energia tem afetado de forma importante o meio ambiente, baseando-se em recursos fósseis, que são recursos energéticos finitos, sujeitos ao esgotamento das reservas. Esta ameaça estimulou a procura de alternativas, partindo dos recursos renováveis, que podem assegurar o fornecimento de energia para as futuras gerações. (OLIVA et al., 2002).

Os recursos renováveis são fontes energéticas capazes de substituírem os derivados de petróleo, sendo consideradas energias “limpas”, porque além de reciclar resíduos de alto poder energético, não causam poluição, que é a responsável pelo efeito estufa e aquecimento global. (MOURA & PANNIR SELVAM, 2006).

Resende et al. citado por Hardoim & Gonçalves (2000) afirmam que "as dificuldades para um rápido crescimento do emprego da energia renovável passam pelo tempo requerido para a maturação da tecnologia, produção industrial, treinamento e aceitação pública. Contudo, as maiores dificuldades são a falta de recursos, muitas vezes destinados, ainda, a sistemas baseados em combustíveis fósseis, nucleares, hidrelétricos, e ao planejamento de curto prazo, de custos internos e das atividades de construção e de operação, que hoje dominam nas análises financeiras e econômicas de novos empreendimentos. Contudo, a utilização das fontes renováveis é essencial para a garantia do suprimento de energia e da constituição de um ambiente equilibrado no futuro”.

(2)

No Brasil existe abundância de fontes de biomassa e inúmeros processos de transformação, o que faz com que ela seja valorizada e ocorra a produção de energia para o consumidor final. As condições climáticas brasileiras oferecem condições para a exploração desta enorme fonte energética, através da qual poderá ocorrer a produção de biogás e fertilizantes.(MOURA & PANNIR SELVAM, 2006).

A geração de biogás produz inúmeras vantagens, principalmente em relação ao meio ambiente, transformando dejetos causadores de poluição em energia útil a ser aproveitada, através da biodigestão. Resíduos animais, domiciliares ou industriais podem ser aproveitados, gerando economia e controle da poluição ambiental. (MOURA & PANNIR SELVAM, 2006).

Hoje, a prioridade é produzir racionalmente sem contaminação do meio ambiente. Para o pai da química moderna, Antonie Laurent Lavoisier, “na natureza, nada se cria, nada se perde e tudo se transforma”. O conhecimento faz com que o homem se conscientize de que é necessário o uso racional dos recursos naturais, tornando-os inesgotáveis. (HARDOIM & GONÇALVES, 2000).

Os bovinos representam um dos maiores rebanhos de animais do Brasil e do mundo, com cerca de 150 milhões de cabeças. (ANUALPEC, 2004). Com o intensivo sistema de produção, os animais que são criados confinados, produzem grande quantidade de dejetos, gerando problemas para o seu tratamento e causando poluição ambiental.

Em sistemas de produção de leite de bovino Van Horn citado por Hardoim & Gonçalves (2000) observaram que as vacas eliminam nos dejetos 33% da energia ingerida nos alimentos. Esta energia pode ser fonte poluidora, quando os dejetos são mal manejados. O emprego da tecnologia anaeróbia, com a utilização dos biodigestores, preserva o meio ambiente, viabiliza os modernos sistemas de produção e otimiza o custo benefício do investimento.

Além dos benefícios ambientais da utilização dos biodigestores, a implantação de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), possibilita a comercialização de créditos de carbono, no mercado de capitais.Alternativa proposta através do Protocolo de Kyoto, implementada em março de 2006.

O uso de biodigestores, além de diminuir as emissões de CO2, pela substituição de fontes energética de

origem fóssil, diminui também a emissão de gases produzidos na fermentação e estabilização dos dejetos que normalmente seriam lançados pelas esterqueiras e lagoas de estabilização, principalmente o CH4.(JUST, 2007).

O objetivo deste trabalho foi estudar a possibilidade de aproveitamento do biogás para produção de energia elétrica, utilizando dejetos de bovinos, em biodigestores. Foi feita uma avaliação econômica para determinar a viabilidade do projeto, considerando também a venda de certificados de emissões evitadas (créditos de carbono).

Biomassa

De acordo com Sganzerla (1983), todos os materiais que têm propriedade de se decomporem por efeito biológico, isto é, pela ação de diferentes bactérias, são considerados biomassas.

Segundo Souza et al. (2004), biomassa é a massa total de matéria orgânica acumulada em um determinado espaço. Biomassas são todas as plantas e animais, inclusive seus resíduos, e as matérias orgânicas transformadas provenientes de indústrias alimentícias e indústrias transformadoras de madeira.

Até o inicio do século XX, a biomassa era tida como a principal fonte energética, foi quando se teve inicio a chamada “era do petróleo” e a biomassa energética ficou praticamente esquecida. (ROSILLO-CALLE, 2000). Staiss & Pereira (2001) relatam que os elementos primários da biomassa podem ser convertidos através de diferentes tecnologias em bicombustíveis sólidos, líquidos ou gasosos, que por sua vez se transformam em energias térmica, mecânica e elétrica.

Biodigestor

Um biodigestor compõe-se, basicamente, de uma câmara fechada na qual uma biomassa (em geral detritos de animais) é fermentada anaerobiamente, isto é, sem a presença de ar. Como resultado desta fermentação, ocorre a liberação de biogás e a produção de biofertilizante. É possível, portanto, definir biodigestor como um aparelho destinado a conter a biomassa e seu produto: o biogás, que é canalizado para ser empregado nos mais diversos fins, sendo um deles a geração de energia elétrica. (GASPAR, 2003).

Como definiu Barrera (1993), "o biodigestor, como toda grande idéia, é genial por sua simplicidade". Tal aparelho, contudo, não produz o biogás, uma vez que sua função é fornecer as condições propícias para que um grupo especial de bactérias, as metanogênicas, degrade o material orgânico, com a conseqüente liberação do gás metano.

O biodigestor é considerado por alguns como um poço de petróleo, uma fábrica de fertilizantes e uma usina de saneamento, unidos em um mesmo equipamento. Ele trabalha com qualquer tipo de material que se decomponha biologicamente sob ação das bactérias anaeróbias. Praticamente todo resto de animal ou vegetal é

(3)

biomassa capaz de fornecer biogás através do biodigestor. Os resíduos animais são os melhores alimentos para os biodigestores, pelo fato de já saírem dos seus intestinos carregados de bactérias anaeróbias. (TURDERA & YURA, 2006).

Digestão Anaeróbia

Biodigestão anaeróbica dos resíduos orgânicos é um processo bioquímico que utiliza ação bacteriana para fracionar compostos complexos e produzir um gás combustível, denominado biogás, composto de metano e dióxido de carbono. (NOGUEIRA, 1986).

A digestão anaeróbia de matéria orgânica é uma das tecnologias atualmente disponíveis capazes de contribuir para a redução da poluição ambiental e, ao mesmo tempo, de valorizar estes novos produtos. Este processo pode ser sumariamente descrito como uma conversão microbiológica da matéria orgânica numa mistura essencialmente composta por metano e dióxido de carbono, que pode ser utilizado como combustível. (OLIVA et al., 2002).

Segundo Lettinga et al. (1997), o tratamento anaeróbio de resíduos pode ser considerado como um dos principais métodos de proteção ambiental e preservação de recursos, podendo, segundo Lier & Lettinga citado por Steil et al. (2002), tornar-se uma importante fonte de fertilizantes, condicionadores do solo e, também, fonte de energia.

Biogás

Gás obtido a partir do tratamento anaeróbio de efluentes (por exemplo, o biodigestor) durante o processo de degradação da matéria orgânica em ausência de oxigênio. (GARCIA citado por BEZERRA, 2002).

O gás metano, ou biogás é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global da terra e é extremamente prejudicial à camada de ozônio. “Em vez de liberá-lo na atmosfera é armazenado e transformado em combustível”. (NOGUEIRA, 1986).

O metano é um gás incolor, altamente combustível, queimado com chama azul lilás, sem deixar fuligem e com um mínimo de poluição. Em função da porcentagem com que o metano participa na composição do biogás, o poder calorífico deste pode variar de 5.000 a 7.000 kcal por metro cúbico. Esse poder calorífico pode chegar a 12.000 kcal por metro cúbico, uma vez eliminado todo o gás carbônico da mistura. (DEGANUTTI et al., 2002).

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), é um instrumento previsto no artigo 12 do Protocolo de Kyoto, com o intuito de ajudar os países emergentes, incentivando-os a alcançar o desenvolvimento sustentável, como também flexibiliza as exigências aos países desenvolvidos que não consigam ou não queiram cumprir suas metas de reduções de emissões, por meio da comercialização de Certificados de Emissões Reduzidas (CERs). Estes certificados também são chamados de “Créditos de Carbono”, são uma espécie de moeda ambiental apresentada por partes não Anexo I ao secretariado do MDL, para colocação no mercado. (DIAZ, 2006).

A proposta do MDL consiste em que cada tonelada de CO2 deixada de ser emitida ou retirada da

atmosfera por um país em desenvolvimento poderá ser negociada no mercado mundial, criando um novo atrativo para redução das emissões globais. (ROCHA, 2003).

Segundo Costa (2006), o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), visa amenizar os prejuízos causados pela enorme quantidade de dióxido de carbono já emitidas por diversos países. O objetivo do MDL é estimular a produção de energia limpa, como a solar e a gerada a partir da biomassa e remover o carbono da atmosfera.

O mecanismo de desenvolvimento limpo tem como objetivo a redução de emissões de gases do efeito estufa nos países em desenvolvimento, na forma de sumidouros, investimentos em tecnologias mais limpas, eficiência energética e fontes alternativas de energia. Nesse mecanismo, são essenciais as Reduções Certificadas de Emissão (RCE’s) que confirmem a redução das emissões e que representem adicionalidade ao que ocorreria na ausência da atividade certificada do projeto. (LORA et al., 2006).

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho, no setor Zootecnia III, o tipo de biodigestor que será implantado é o marinha ou lona.

(4)

Quantidade de Dejetos

Os cálculos para estimar a quantidade diária de dejetos do gado leiteiro foram baseados nos valores constantes na tabela 1.

Tabela 1. Produção diária de dejetos de diversos animais. Table 1. Daily production of dejecta of different animals.

Resíduo Unidade Suínos Frango Corte Gado corte Gado Leite Ovinos

Líquidos %/dia (PV) 5,1 6,6 4,6 9,4 3,6

Sólidos kg/animal/dia 2,3 – 2,5 0,12 – 0,18 10 - 15 10 - 15 0,5 – 0,9

Fonte: Oliveira, P. A. V, citado por Salomon (2007).

Considerando uma produção média diária de 15 kg de dejetos sólidos por bovino, teremos o total de 1020 kg de dejetos.

Produtividade de Biogás

A Tabela 2 apresenta alguns valores de produtividade de biogás, que serviram de parâmetro para a estimativa diária do potencial de biogás possível de ser produzido.

Tabela 2. Produtividade de biogás. Table 2. Productivity of biogas.

Material Produtividade (m3 kg) Material Produtividade (m3 kg)

Esterco bovino, fresco 0,04 Resíduos vegetais, secos 0,30 Esterco de galinha,

seco 0,43

Resíduos de

matadouro (úmido) 0,07

Esterco suíno, seco 0,35 Lixo 0,05

Fonte: Nogueira (1986).

Conforme a Tabela 2, cada kg de dejetos bovinos, frescos, produz 0,04 m3 de biogás.

O Instituto tem, no setor de bovinocultura (Zootecnia III), 68 bovinos leiteiros, com a possível capacidade produtiva diária estimada em 40,8 m3 ou 1224 m3 de biogás mensais.

Energia Elétrica

Para a estimativa de produção de energia elétrica foi utilizada a equação abaixo, de acordo com a (CETESB, 2002):

Eelet =E x ηgerador x PCI Biogás (1)

Onde:

Eelet = Energia elétrica gerada através do biogás;

E = Potencial energético do biogás; ηgerador = Rendimento do gerador;

(5)

PCI Biogás = Poder calorífico inferior: 22.320 kJ/m3.

A produtividade de energia elétrica é de 1,12 kWh/bovino/dia, gerando um total diário de aproximadamente 77 kWh e 2286 kWh mensais.

Biofertilizante

Segundo a EMBRAPA (2003), cada 10.000 litros de biofertilizante, equivalem a 400 kg de adubo químico, onde a tonelada, dependendo da região, chega a custar R$ 950,00.

A estimativa de produção de biofertilizante nos biodigestores a serem instalados na Zootecnia III, é de 200.000 litros mensais, o que equivale a 8 toneladas de biofertilizante.

Créditos de Carbono

Para o cálculo dos certificados de emissões evitadas, os chamados créditos de carbono, foi utilizada a metodologia aprovada pelo órgão da “executive board” de MDL (Clean Development Mechanism - CDM) da ONU (UNFCCC), para o caso da geração de energia elétrica a partir de bagaço de cana e fornecimento para a rede de distribuição de energia elétrica. Nesta metodologia é utilizado o conceito de margem combinada para determinar a intensidade de carbono teórica produto da expansão do setor elétrico nacional. Utilizando este conceito o valor de referência para a intensidade de carbono do setor elétrico ficou estabelecido em 0,140 tC/MWh ou 0,5 tCO2eq/MWh. Este valor contribui para melhorar a eficiência dos projetos de MDL baseados em

emissões evitadas, pois aumenta quantidade de carbono evitada por MWh gerado. (PECORA, citado por SALOMON, 2007).

As equações 2 e 3, abaixo, mostram como é realizado o cálculo da quantidade de créditos de carbono. Total de CO2eq. Evitado (tCO2eq./ano) = Total de energia elétrica gerada (MWh/ano) x Fator de

Intensidade de carbono (tCO2eq/MWh) (2)

Total de U$ (ou R$) em certificados = Total de CO2eq. Evitado (tCO2eq./ano) x Valor de Certificado

de emissões evitadas (CEE) (US$/tCO2eq) (3)

Neste projeto existe a possibilidade de geração de aproximadamente 1,14 toneladas de créditos de carbono mensais, com receita aproximada de R$ 45,19.

Projeto de Implantação dos Biodigestores

A Tabela 3 apresenta os itens e valores constantes no projeto de implantação dos biodigestores.

Tabela 3. Descrição e custo dos materiais e serviços utilizados no projeto para instalação dos biodigestores e geração de energia elétrica.

Table 3. Description and price of materials and services used in the project for the installation of the bio-digisters and generation of electric energy.

Item Descrição Quant. Valor

1 Conjunto biodigestor (2 células de 200 m2) contendo:

10 tubos 150 mm, 38 sacos para areia, 1 caixa de distribuição de 1000 l, 2 curvas de 90º de 150 mm, 2 válvulas de alívio

1 21.169,00

2 Lagoa (com 18 sacos para areia) 1 4.300,00

3 Terraplanagem e escavação de biodigestores 1 14.400,00

4 Conjunto motor-gerador Chevrolet, com gerador 30

kVA 10.000,00

(6)

Análise Econômica do Investimento

Principais premissas adotadas para a avaliação econômica: • A taxa mínima de atratividade: 15% ao ano;

• A taxa de juros utilizada foi de 10,72%, considerando a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP): 6,25% ao ano; remuneração básica Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES): 0,9% ao ano; taxa de risco de crédito: 3,57 ao ano, com negociação direta com o BNDES (Projetos de geração, transmissão e distribuição de energia). (BNDES, 2009);

• A análise foi feita considerando o tempo de vida útil dos equipamentos, que é de 5 anos; • Taxa de depreciação: 20% ao ano.

O custo foi dividido em três itens: depreciação, mão-de-obra e manutenção do equipamento. Para efeito de cálculo, os valores foram considerados mensais e anuais, para verificarmos os gastos com o sistema de biodigestão, conforme mostra a Tabela 4.

Tabela 4. Custos de operação e manutenção. Table 4. Cost of the operation and the maintenance.

Item Valor Mensal Valor Anual

Depreciação R$ 831,15 R$ 9.973,80

Mão-de-Obra R$ 1.416,94 R$ 17.003,28

Manutenção dos Equipamentos R$ 300,00 R$ 3.600,00

Total R$ 2.548,09 R$ 30.577,08

Será necessário um funcionário trabalhando quarenta e quatro horas semanais para a operação dos equipamentos, sendo de R$ 677,20 o valor bruto do salário a ser pago ao funcionário, em valores de abril/2009. No entanto, o custo total para a escola chegará a R$ 1.416,94, sendo que nos cálculos já foram embutidos todos os encargos trabalhistas, inclusive o vale alimentação e transporte.

A manutenção dos equipamentos será realizada periodicamente, para isso existe uma reserva de trezentos reais por mês para fazer as revisões nos equipamentos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente estudo, foi considerada uma média diária de 15 kg de dejetos sólidos por bovino leiteiro, em regime de confinamento, com capacidade produtiva de 0,6 m3 de biogás, totalizando 1020 kg de dejetos e

40,8 m3 de biogás.

Considerando em 30% a eficiência do gerador, neste estudo, com 1 m3 de biogás obteve-se a produção

de 1,12 kWh diários por bovino.

O custo atual do kWh no horário fora de ponta é de R$ 0,18 e no horário de ponta R$ 1,64.

Foi considerada uma média ponderada do custo do kWh, de R$ 0,36,tendo em vista o funcionamento dos biodigestores em horários de ponta e fora de ponta.

Ao analisar as faturas pagas à concessionária de energia elétrica no ano de 2007, foi constatado que o fator de carga médio no horário fora de ponta é 0,13 e no horário de ponta 0,16, significando que tanto nos horários fora de ponta quanto nos horários de ponta houve picos de utilização de energia elétrica.

O uso mais racional da energia elétrica poderá ser obtido com a utilização da energia produzida nos biodigestores, nos horários de ponta, que é o período compreendido entre as 18 e 21 horas, onde o custo do kWh é mais elevado e nos horários fora de ponta, poderá diminuir os picos de consumo, que aumentam a quantidade de energia demandada ao sistema elétrico.

A energia elétrica obtida através do biogás poderá também ser utilizada no funcionamento dos equipamentos do setor de Zootecnia III, tornando o setor auto-suficiente, cujo consumo diário de energia é de aproximadamente 77 kWh.

A Tabela 5, a seguir, demonstra as despesas com energia elétrica e fertilizantes nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), no ano de 2007. (SIAFI, 2007).

(7)

Tabela 5. Consumo de energia elétrica e fertilizantes no ano de 2007. Table 5. Electric energy and fertilizing consumption in 2007.

Despesa Quantidade Valor

Energia Elétrica 44.280 kWh R$ 25.297,37

Fertilizantes (N,P,K) 72.800 kg R$ 64.000,00

A Tabela 6 demonstra a estimativa de produção anual de energia elétrica e biofertilizantes, através dos biodigestores.

Tabela 6. Estimativa de produção anual de energia elétrica e biofertilizantes. Table 6. Calculation of the annual production of electric energy and bio-fertilizing.

Benefícios Quantidade Valor unitário Total

Energia Elétrica 27.432 kWh R$ 0,36 R$ 9.875,52

Biofertilizante 96.000 kg R$ 0,95 R$ 91.200,00

Com a utilização dos biodigestores no setor de bovinocultura será possível a produção anual de 27.432 kWh, o que significa mais da metade da energia elétrica utilizada da concessionária.

A quantidade de biofertilizante possível de ser produzida na Zootecnia III é de 8.000 kg por mês, totalizando 96.000 kg anuais, o que supre a quantidade anual necessária para a fertilização do solo, com a vantagem de ser um composto orgânico.

No caso da produção de energia elétrica for superior às necessidades de consumo do Instituto, poderá ser feita a venda da energia excedente à concessionária, no valor de R$ 0,12/kWh, que é um valor aproximado, baseado nos resultados dos últimos leilões de energia nova promovidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Neste projeto existe a possibilidade de geração de aproximadamente 13,68 toneladas de créditos de carbono anuais, com possível receita aproximada de R$ 542,28, totalizando 2.711,40 ao final da vida útil do empreendimento.

A taxa interna de retorno (TIR), é um critério que tem alcançado grande aceitação na análise de projetos, principalmente quando ele é analisado por si mesmo, com seus custos e benefícios. A TIR é a taxa de juros que torna equivalente o investimento inicial ao fluxo de caixa subseqüente, tornando nulo o valor presente líquido do projeto dentro de um período de tempo estipulado. (BORTONI et al., 2006).

No presente projeto temos uma TIR de 140,69%, significando que anualmente tem-se esta lucratividade, sendo superior ao custo do capital, que é de 10,72% ao ano.

No caso analisado, temos um VPL positivo de R$ 214.550,07, significando que no fluxo de caixa as entradas de dinheiro foram superiores às saídas.

Analisando o tempo de retorno do investimento de aproximadamente um ano e dois meses, com fluxos de caixa descontados pela taxa do custo do capital tomado para a realização do empreendimento, dentro de um ciclo de vida de cinco anos, vimos que este projeto deve ser aprovado, tendo viabilidade econômica.

Na Tabela 7, temos os resultados da avaliação econômica, incluindo todas as receitas e despesas, como também os indicadores de análise de investimentos.

Tabela 7. Resultados da avaliação econômica. Table 7. Results of the economic analysis.

(+) Retorno Mensal de Custo com Energia Elétrica 822,96

(+) Retorno Mensal de Custo com Fertilizante 7.600,00

(+) Retorno Mensal de Custos com Créditos de Carbono 45,19

(=) Total Mensal da Redução de Custos 8.468,15

(-) Gastos Mensais de Operação e Manutenção (2.548,09)

(=) Economia Mensal 5.920,06

Investimento Total 49.869,00

Indicadores de Análise de Investimentos

Valor Presente Líquido (VPL) (R$) 214.550,00

Tempo de Retorno do Investimento 1,2 anos

(8)

CONCLUSÕES

Atualmente, existe um conflito entre o desenvolvimento econômico, que demanda grande consumo de energia, geralmente obtida através da utilização de combustíveis fósseis, e o desenvolvimento sustentável.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo se apresenta como uma importante alternativa para a solução deste conflito, pois ao gerar energias alternativas, faz a mitigação de gases de efeito estufa.

Não só atividades econômicas e industriais contribuem para o aumento do efeito estufa e aquecimento global, como também o desperdício de energia e o consumismo.

O cenário mundial nos mostra a necessidade urgente de mudanças. Catástrofes ambientais e desequilíbrios climáticos são resultantes de um meio ambiente que não é respeitado.

A geração de energia através da biomassa se apresenta como uma grande oportunidade para o desenvolvimento de projetos de MDL, fazendo com que o meio ambiente seja preservado, reduzindo a emissão de agentes poluentes, causadores do efeito estufa e, conseqüentemente, do aquecimento global.

A utilização de recursos renováveis em um ambiente escolar não só traz economia na utilização de recursos fósseis, como também tem a função de preparar os alunos para que sejam disseminadores de conhecimentos e tecnologias.

Os alunos que hoje estão no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho, serão os profissionais que no futuro estarão atuando no mercado de trabalho, dando sua contribuição para o desenvolvimento, através das tecnologias e dos conhecimentos adquiridos.

A geração de eletricidade a partir de fontes renováveis de energia contribui tanto do ponto de vista ambiental quanto social, em função de menores emissões atmosféricas, geração de empregos e incentivo à atividade econômica a nível local.

Ainda existem muitas barreiras de ordens políticas, legislativas, institucionais, financeiras, fiscais e tecnológicas que impedem ou atrasam a implantação de projetos de geração, comercialização e distribuição de energias alternativas, mas estudos demonstram cada vez mais a viabilidade de implantação de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

É preciso que hoje sejam tomadas as providências de economia e geração de outras fontes de energias alternativas, para que no futuro possa existir um desenvolvimento sustentável, com o uso racional de energia.

BIBLIOGRAFIA

ANUALPEC 2004: anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, 1999. 546 p. BARRERA, P. Biodigestores:energia, fertilidade e saneamento para a zona rural. São Paulo: Ícone, 1993. BEZERRA, S. A.(2002) Gestão ambiental da propriedade suinícola: um modelo baseado em um biossistema

integrado. Florianópolis/SC. 270 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina.

BNDES – BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Meio_Ambiente/proesco.html. Acesso em: 23/03/2009.

BORTONI, E. C. & SANTOS, A. H. M., Análise econômica em conservação de energia. Conservação de Energia, 597 p., FUPAI, 2006.

C

CEETTEESSBB –– CCoommppaannhhiiaaddee TTeeccnnoollooggiiaaddeeSSaanneeaammeennttooAAmmbbiieennttaall.. EEmmiissssõõeess ddeemmeettaannoonnoottrraattaammeennttooeennaa d

diissppoossiiççããooddeerreessíídduuooss..MMiinniissttéérriiooddeecciiêênncciiaaeetteeccnnoollooggiiaa..SSããooPPaauulloo..22000022..

COSTA, D. F. (2006) Geração de energia elétrica a partir do biogás de tratamento de esgoto. São Paulo. 194 p. Dissertação (Mestrado), PIPGE/USP.

DEGANUTTI, R.; PALLACI, M. C. J. P.; ROSSI, M. Biodigestores rurais: modelo indiano, chinês e batelada. Disponível em: http://paginas.agr.unicamp.br/energia/agre2002/pdf/0004.pdf Acessado em 10/06/2007

(9)

DIAZ, G.0. (2006) Análise de sistemas para o resfriamento de leite em fazendas leiteiras com o uso do

biogás gerados em projetos MDL. São Paulo/SP. 162 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo.

EMBRAPA, Manejo de dejetos e outros materiais poluentes – Suínos e Aves – Sistemas de Produção,

Versão Eletrônica Jan/2003. Disponível em: sistemas de

produção.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suínos/SPSuinos/manejodejetos,html. Acessado em 22/06/2008. GASPAR. R. M. B. L. (2003) Utilização de biodigestores em pequenas e médias propriedades rurais, com

ênfase na agregação de valor: um estudo de caso na região de Toledo/PR. Florianópolis/SC. 119 p.

Dissertação (Mestrado) -Universidade Federal de Santa Catarina.

HARDOIM, P. C.; GONÇALVES, A. D. M. A. Avaliação do potencial do emprego do biogás nos

equipamentos utilizados em sistemas de produção de leite. In: ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO

RURAL, 3., 2000, Campinas. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php Acessado em: 10 Oct. 2007

JUSTI, E. B. L. (2007) Mecanismos de desenvolvimento limpo em São Gabriel D’oeste – MS. Campo Grande/MS. 132 p. Dissertação (Mestrado) – Consórcio entre a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade de Brasília e Universidade Federal de Goiás.

LETTINGA, G.; FIELD, J.; VAN LIER, J.; ZEEMAN, G.; HULSHOFF POL, L.W. Advanced anaerobic wastewater treatment in the near future. Water Science and Technology, v. 35, n. 10, p. 5-12, 1997.

LORA, E. E. S. & TEIXEIRA, F. N., Energia e meio ambiente. Conservação de Energia, 597 p., FUPAI, 2006. MOURA, J.P. & PANNIR SELVAM, P.V.P., Sistema integrado de energia usando fundamentos de

engenharia ambiental. Bioenergy World Américas(2006) UFRN. Disponível em

www.bioenergy-world.com/americas/2008/IMG/ Acessado em 15/07/2007.

NOGUEIRA, L. A. H. Biodigestão A Alternativa Energética. São Paulo: Nobel, 1986.93 p.

OLIVA. C. A.; SOUZA, J.; SOUZA, S. N. M.; SORDI, A., Potencial de conservação de energia nos processos

de produção em uma propriedade rural. Universidade estadual do oeste do Paraná – UNIOESTE – 2002.

ROCHA, M. T. (2003), Aquecimento global e o mercado de carbono: uma aplicação do modelo cert. Piracicaba. 214 p. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciências) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São Paulo.

ROSSILO-CALLE, F. The role of biomass energy in rural develpment. In: Encontro de energia no meio rural – Agrener, 3, Campinas. Unicamp, 2000.

SALOMON, K. R. (2007), Avaliação técnico-econômica e ambiental da utilização do biogás proveniente da

biodigestão da vinhaça em tecnologias para geração de eletricidade. Itajubá.219 p. Tese de Doutorado

(Doutorado em Conversão de Energia) – Instituto de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Itajubá. SGANZERLA, E., Biodigestor; uma solução. Agropecuária, Porto Alegre, 1983.

SIAFI. Sistema Integrado de Administração Financeira. Base de dados orçamentários, financeiros, patrimoniais e contábeis utilizados pelos órgãos da administração publica federal. Versão HOD 9.04 Exercício 2007.

SOUZA, S. N. M., PEREIRA, W. C., NOGUEIRA, C. E. C., PAVAN, A. A., SORDI, A. Custo da eletricidade

gerada em conjunto motor gerador utilizando biogás da suinocultura. Acta Scientiarum. Technology,

(10)

STAISS, C., PEREIRA, H. Biomassa Energia Renovável na Agricultura e no Setor Florestal. Revista Agros, Instituto Superior de Agronomia, Portugal, v.13, n.1, p.21-28, 2001.

STEIL, L., LUCAS JR., J., OLIVEIRA, R.A. Avaliação do uso de inóculos na digestão anaeróbia de resíduos

de aves de postura, frangos de corte e suínos. Engenharia Agrícola, v. 22, n. 2, p. 146-159, Jaboticabal, 2002.

TURDERA, M. V.; YURA, D., Estudo da viabilidade de um biodigestor no município de dourados. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS – 2006.

Referências

Documentos relacionados

determinou, nomeadamente: “III - Salvo prova em contrário, de ocorrência de circunstâncias excecionais, o acordo no qual o sócio e gerente de uma sociedade garante

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

III - ser ou ter sido sócio ou diretor de ETC ou CTC. Para fins de cumprimento do requisito de tempo de atividade profissional, poderá ser utilizada qualquer combinação dos

a) Analisar o processo de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos urbanos realizados pelo município. b) Identificar, na percepção das associações de bairros, o

Essas informações são de caráter cadastral (técnico responsável pela equipe, logradouro, etc.), posicionamento da árvore (local na rua, dimensões da gola, distância da

Não podemos deixar de dizer que o sujeito pode não se importar com a distância do estabelecimento, dependendo do motivo pelo qual ingressa na academia, como

Com a investigação propusemo-nos conhecer o alcance real da tipologia dos conflitos, onde ocorrem com maior frequência, como é que os alunos resolvem esses conflitos, a

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e