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REQUISITOS UTILIZADOS NA TÉCNICA MOULAGE PARA O CONFORTO DO VESTUÁRIO

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Academic year: 2021

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REQUISITOS UTILIZADOS NA TÉCNICA MOULAGE PARA O

CONFORTO DO VESTUÁRIO

REQUIREMENTS USED IN MOULAGE TECHNIQUE FOR THE COMFORT OF CLOTHING Icléia Silveira

UDESC

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

icleiasilveira@gmail.com

Lucas da Rosa UDESC

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

lucasdarosa@yahoo.com.br

Luciana Dornbusch Lopes UDESC

Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

d.lulopeslu@gmail.com

RESUMO

Para serem lançados no mercado produtos de vestuário com qualidades ergonômicas que satisfaçam as necessidades dos usuários, no que se refere à usabilidade e ao conforto, é importante que as empresas estruturem o setor de modelagem adequadamente. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é identificar requisitos a serem aplicados na técnica moulage com foco no conforto do vestuário. Para tanto, utilizou-se a pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, nos procedimentos técnicos de estudo de campo. Os resultados indicam que os participantes da pesquisa utilizam em maior ou menor grau os requisitos para interpretar adequadamente os modelos de vestuário elaborados pelo criador, mostrando sua importância para gerar produtos com o mínimo de erro possível.

ABSTRACT

To be launched in the market apparel products with ergonomic qualities that satisfy the needs of users, with regard to usability and comfort, it is important for enterprises to structure modeling industry properly. In this sense, the purpose of this article is to identify requirements to be applied in moulage technique with focus on comfort clothing. Therefore, we used qualitative research, exploratory and descriptive, the technical procedures for field study. The results indicate that the survey participants use a greater or lesser degree the requirements to properly interpret the clothing models developed by the creator, showing its importance to generate products with the least possible error.

PALAVRAS CHAVES:

Conforto. Moulage. Ergonomia. Vestuário.

KEYWORDS:

Comfort. Moulage. Ergonomics. Clothing.

1. INTRODUÇÃO

O interesse dos consumidores no que se refere à função estética do vestuário e sua aparência somam-se a outras exigências, por exemplo, que estão relacionadas às suas funções, mas, principalmente, pela escolha de peças que sejam confortáveis. Para atender estes consumidores, as empresas investem na função estética que está, em especial, relacionada com a aparência externa do produto, visando atrair o consumo, mas, também, há um cuidado com a parte funcional do vestuário. Nesse sentido o desenvolvimento do vestuário está relacionado às questões ergonômicas, proporcionando maior conforto e segurança ao usuário. Isto significa que durante a etapa de desenvolvimento do vestuário espera-se que as qualidades técnica, ergonômica e estética estejam em maior equilíbrio possível.

Assim, nas fases de concepção, desenvolvimento e produção/confecção do vestuário, até a sua disponibilização ao consumo, são necessários os trabalhos realizados no setor de modelagem do vestuário. Logo, pode-se afirmar que a qualidade do vestuário tridimensional inicia neste setor, sendo esta etapa importante no processo produtivo, tornando a

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modelagem um diferencial competitivo quando executada adequadamente. Em resumo, a qualidade do vestuário é um dos fatores fundamentais para se obter sucesso nas vendas, logo, a modelagem contribui no desempenho favorável quando utiliza ações que privilegiam o conforto das peças, o seu bom caimento, além de contribuir com os padrões estéticos das tendências sazonais de moda.

Portanto, neste processo é importante a escolha da técnica e utilização de procedimentos que favoreçam a qualidade ergonômica do produto. Uma técnica de modelagem que vem se destacando no contexto acadêmico é a moulage, pelas vantagens que proporciona, permitindo a experimentação durante sua execução e o controle mais completo de formas e volumes do modelo, possibilitando uma visão imediata da roupa tridimensionalmente. No entanto, mesmo considerando-se a importância desta técnica para a produção do vestuário e sua qualidade ergonômica, a moulage ainda é pouco utilizada e compreendida nas empresas de confecção do vestuário.

No Brasil, somente após a década de 1980, com a implantação dos cursos de moda, a técnica da moulage começou a ser conhecida pela maioria dos profissionais desta área. No entanto, alguns profissionais acreditam que basta colocar o tecido sobre o manequim e moldá-lo de acordo com o modelo desejado, porém, isso não é o recomendado para se obter uma modelagem adequada, pois, existem critérios que devem ser respeitados antes e durante o uso da técnica da moulage.

Desta forma, o objetivo deste estudo é o de identificar requisitos a serem utilizados na técnica moulage com ênfase no conforto do vestuário. Para tanto, abordam-se aspectos da ergonomia do vestuário e do conforto do vestuário sobre o corpo; descreve-se a técnica de modelagem tridimensional - moulage, os conhecimentos e as atividades que permitem a sua execução.

Foram utilizadas as pesquisas qualitativa, exploratória e descritiva, com abordagem teórica e pesquisa de campo, aplicada junto a 2 (dois) professores de cursos de moda, das Regiões Sul e da Grande de Florianópolis e 2 (dois) profissionais do setor de modelagem do

vestuário. Foram analisadas as entrevistas sobre a execução da técnica moulage, vivenciadas no processo de ensino e na prática profissional. A fundamentação teórica apresentada contextualiza a ergonomia do vestuário e conforto do corpo, descreve a moulage e apresenta os requisitos necessários ao uso dessa técnica.

Por fim, considera-se esta abordagem relevante, tendo em vista a possibilidade do compartilhamento destes conhecimentos com as empresas do vestuário e profissionais de moda. A visualização tridimensional do modelo sobre o busto/manequim de costura, durante o processo de interpretação, pode solucionar eventuais problemas antes mesmo de se executar o protótipo. Portanto, a técnica da moulage devidamente executada contribui com o conforto do vestuário.

2. A ERGONOMIA NO VESTUÁRIO E

CONFORTO

A Ergonomia voltada ao vestuário tem como objetivo a busca da melhor adequação possível da roupa as formas e medidas anatômicas do corpo humano, sobretudo no que se refere à usabilidade, segurança e ao conforto. “A ergonomia estuda as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visem otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema” [5, p.2].

O projeto do vestuário ergonômico visa alcançar um nível de conforto compatível entre o corpo humano e o vestuário com princípios centrados no usuário relacionados com as funções que, segundo Löbach; Camp [7], podem ser: prática, estética e simbólica. A função prática de produtos envolve os aspectos de uso, ou seja, a antropometria, a usabilidade e praticidade de uso. A função estética atende aos aspectos da percepção sensorial, durante a manipulação do produto e pode ser traduzida pela satisfação dos sentidos do usuário. A função simbólica deriva dos aspectos estéticos do produto e se efetiva quando ocorre a associação de ideias, com memórias anteriores. Assim, a qualidade ergonômica do vestuário, pode ser verificada quando este se harmoniza, de forma

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coerente, com as características físicas do usuário nos seus diferentes usos.

Quanto ao conforto, Broega [2, p.2] define o conforto como “[...] o estado agradável da harmonia fisiológica, psicológica e física entre o ser humano e o ambiente”. No conceito de Linden [6, p.197], “O conforto é um estado afetivo definido pela ocorrência simultânea de bem-estar físico e psicológico, induzido por sensações que evoquem sentimentos e emoções prazerosas” [...].

Martins [8], em relação ao conforto, indica que se trata de uma condição de comodidade e bem-estar, ou seja, é obtido por meio da sensação de bem-estar, comodidade e segurança, percebida pelo usuário nos níveis físico e sensorial. O conforto de um vestuário deve, ainda, proporcionar ao seu usuário liberdade de movimentos, conforto tátil, conforto térmico, conforto visual e bem-estar emocional.

Sendo assim, é importante que o vestuário harmonize as questões que envolvem conforto, comodidade e liberdade de movimentos, como atributos condicionantes ao bem-estar do usuário. O conforto do vestuário é observado em situações de uso, mas a qualidade ergonômica no vestuário deveria ser utilizada desde a etapa de concepção do produto, pois, é possível utilizar a ergonomia desde a criação do vestuário, inclusive, antes mesmo de se avaliar o protótipo e de utilizá-la para fins de correção.

Segundo Grave [4, p.57], uma roupa mal modelada, “[...] expõe o corpo a alterações físicas, até mesmo doenças. Para tanto é necessário um estudo pertinente de cada peça do vestuário”. Por isso, no setor de modelagem muitos conhecimentos são necessários para trabalhar a técnica mais adequada para interpretar o modelo criado. Neste sentido, a seguir, busca-se compreender os requisitos a serem observados na técnica de modelagem tridimensional, a moulage.

3. A TÉCNICA MOULAGE

A Moulage – literalmente “moldagem”, em francês – significa ajustar um tecido sobre o corpo. É sinônimo da palavra draping do inglês, que quer dizer dar forma e caimento ao tecido [BURDIN; HOLES, 1].

Silveira [11] explica que a moulage é uma técnica de modelagem, onde a construção do modelo do vestuário é feita diretamente sobre o corpo de modelo vivo ou busto/manequim de costura, permitindo a sua visualização no espaço, bem como seu caimento e volume, antes da peça ser confeccionada. O processo de modelagem tridimensional facilita o entendimento da montagem das partes da roupa e suas respectivas funções sobre o corpo. A técnica permite a geração de peças mais adequadas ao corpo humano, com caimento mais perfeito, permitindo a visualização direta das formas estruturais do corpo durante a construção das roupas.

Segundo Saltzman [9], a moulage é um processo de abstração que implica transportar as formas do corpo vestido a uma superfície têxtil, o que requer relacionar um esquema tridimensional, como o do corpo, com um bidimensional, como o da tela/tecido.

Souza [12, p. 341] contribui dizendo que a proximidade do corpo favorece a experimentação das possibilidades construtivas, permitindo buscar novas soluções facilitadas pela apreensão da realidade. A técnica da moulage propicia considerável desenvolvimento da percepção da tridimensionalidade, favorecida pela ação escultórica sobre o corpo suporte e pela experimentação e manipulação dos materiais. [...] “geram-se formas têxteis para materializar ideias a partir das ações de construir, transformar e reformular. As alternativas geradas podem ser mais estudadas, quando experimentadas em modelos tridimensionais, pela possibilidade de simulações reais de uso”.

Para tanto, com o uso da moulage é possível verificar o caimento do tecido sobre o corpo, permitindo a interpretação do modelo e a observação das proporções, de como o tecido ficará o mais parecido possível com o produto confeccionado. Em resumo, permite que a equipe de criação e de modelagem visualizem como o modelo criado, se apresenta em relação à figura humana e concluírem se o modelo ficou conforme o planejado. Isso permite um envolvimento direto com a criação do modelo e sua forma, pois podem ser percebidas as proporções, detalhes do

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modelo e fazer mudanças até obter a adequação do modelo, antes de confeccionar o protótipo.

No caso das empresas de confecção que possuem o sistema CAD (Computer Aided Design – Projeto Assistido por Computador) poderão transferir a modelagem do protótipo para o computador através da mesa digitalizadora ou através de outras tecnologias informatizadas que permitem que o molde possa ser digitalizados com uso de máquinas fotográficas digitai. Com o molde inserido no sistema CAD é possível efetuar a graduação – ampliação e redução dos tamanhos com base em tabela de medidas do corpo humano - e realizar o encaixe dos moldes, preparando-os para a confecção do vestuário em série. Nos casos em que a modelagem possui determinada complexidade, a moulage, como ferramenta de trabalho, tem se mostrado mais rápida e eficaz do que a modelagem bidimensional – modelagem plana, por facilitar o processo de criação, produção e análise do produto durante o processo, antes mesmo da montagem do protótipo. Mas, para executá-la com qualidade é preciso observar, como consta a seguir, alguns requisitos básicos.

3.1 REQUISITOS À EXECUÇÃO DA

TÉCNICA MOULAGE

Os requisitos para a execução da moulage foram elencados a partir dos conhecimentos e especificações técnicas e funcionais para nortear as etapas do processo de desenvolvimento da modelagem tridimensional. Servem para garantir a qualidade do vestuário, privilegiando a qualidade ergonômica e padrões de usabilidade do modelo criado. Nesse sentido, os requisitos para o processo de desenvolvimento da moulage englobam os conhecimentos e as atividades que contribuem para o desenvolvimento da modelagem tridimensional sobre o manequim de costura.

1. Conhecimentos do corpo humano – A parte central do vestuário relaciona-se diretamente com o posicionamento do corpo e o seu plano de equilíbrio que tangenciam a superfície do corpo. Iida [5, p. 124 e 125] apresenta os planos de equilíbrio do corpo da seguinte forma: os planos sagitais são linhas verticais que cortam o corpo

no sentido anteroposterior (de cima para baixo) passando bem no meio do corpo. É chamado de sagital mediano (frente) e paramediano (costas); o plano frontal é vertical estendendo-se de um lado para o outro, corta o corpo lateralmente, de orelha a orelha, determinando o lado da frente e lado de trás, chamados “plano frontal anterior ou ventral e plano frontal posterior ou dorsal”, que são os paquímeros; os planos transversos são linhas horizontais paralelas ao chão. Na linha da cintura, o plano transverso divide o corpo em plano transverso superior ou proximal e plano transverso inferior ou distal, que são os metâmeros. O plano transverso caudal se localiza na região plantar. As linhas que definem os planos sagitais e os transversos (FIGURA 1) dão equilíbrio aos movimentos do corpo, porque fazem a sua divisão em partes simétricas, direita e esquerda, frontal posterior e frontal anterior.

Figura 1: Planos de Equilíbrio e Movimento do Corpo Humano.

Fonte: Desenvolvido por Silveira [10], adaptado de Iida [5].

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É importante lembrar que o corpo é uma estrutura móvel, não estando, na maior parte do tempo em posição estática. As torções do tronco faz com que o corpo adquira infinitas possibilidades de configuração no espaço tridimensional. Nesse sentido, é importante que o vestuário contribua para realizar as atividades internas e externas do corpo.

2. Escolha do Busto de Costura – Como a moulage segue a silhueta do manequim, sua forma, volume, proporções e medidas devem ter as formas anatômicas do corpo humano.

3. Marcação do busto – São feitas sobre o busto de costura as marcações das linhas estruturais e referenciais do corpo humano: o contorno dos perímetros da cintura, quadril, busto, pescoço e cava; as medidas de comprimento (distância entre os dois pontos anatômicos) do ombro, do centro das costas, da frente e da linha lateral (FIGURA 2). Estas marcações são realizadas no manequim com a fita de ondulação (sutache ou similar) com 0,5cm de largura, geralmente, sendo fixas por alfinetadas sobre o manequim. O posicionamento das fitas requer atenção, porque o resultado final da modelagem e o nivelamento das peças do vestuário dependerão da precisão das linhas [SILVEIRA, 10].

Figura 2: Marcações das Linhas do Corpo Humano no Manequim.

Fonte: Silveira [10].

4. Interpretação do modelo - Primeiro deve-se observar a forma geral do modelo, depois os detalhes. O contorno do modelo com recortes criados pelas costuras é desenhado no corpo do busto, sendo trabalhada cada parte separadamente, do centro da frente em direção da parte das costas. A moulage de peças simétricas é feita apenas de um lado, do centro da frente ao centro das costas, e depois é espelhada.

5. Conhecimento sobre o Tecido – Quanto aos aspectos que envolvem a boa escolha do tecido, segundo Chataignier [3, p. 65] a falta de conhecimento em relação aos tecidos é o principal fator que pode derrubar um modelo criado apenas pela imaginação e sem levar em conta os aspectos materiais e técnicos envolvidos. E, para que tudo saia a contento, é necessário conhecer também os procedimentos que sejam responsáveis pelo bom caimento de

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um determinado tecido em função de um modelo. Por isso, deve ser utilizado na moulage um tecido que tenha peso e textura similar ao tecido final. Durante o trabalho o tecido não deve ser esticado no manequim, deve ser prevista a folga de movimento e a de modelo.

6. Fio do tecido – O fio do tecido é marcado e respeitado durante todo o trabalho, pois afeta significativamente o caimento do tecido sobre o corpo. Para a preparação do tecido no sentido do fio reto, as linhas de comprimento do modelo, são marcadas ao longo do comprimento do tecido, na mesma direção do urdume e as medidas de largura no sentido da trama. O fio transversal (trama) fica paralelo às linhas do busto, cintura e quadril. O viés é o sentido diagonal do fio do tecido (45 graus da ourela). O posicionamento do tecido cortado no sentido do viés é favorável a moulage, fica mais maleável, assumindo melhor a forma do corpo. Na maioria das roupas o centro da frente e o centro das costas precisam seguir o sentido do comprimento do fio para garantir equilíbrio e bom caimento. 7. Passadoria – Antes de iniciar o trabalho, o tecido deve ser passado a ferro, no sentido do fio reto, para que fique sem vincos e dobras.

8. Marcação do tecido – É necessária a marcação do tecido, observando sempre o posicionamento do fio reto ou em viés. Além disso, dependendo do modelo a ser desenvolvido, é recomendado realizar, no mínimo, a marcação no tecido das partes dos centros da frente e das costas, das linhas do busto, cintura e quadril. 9. Escolha dos alfinetes e modo de fixação no tecido - Usar alfinetes finos que deslizem facilmente no manequim. Os alfinetes precisam ser adequadamente fixados no trabalho que está sendo realizado, da direita para esquerda (a cabeça fica voltada para a direita), no sentido horizontal, a cada 4 cm. O tecido é alfinetado na cobertura do busto até atingir a cobertura e voltando para a parte externa, de modo que o tecido não deslize ou se solte.

10. Observar o uso de elementos ou acessórios - Se for necessário ao modelo, o uso de ombreiras, estas devem ser fixadas no busto, antes de começar a moulage. A marcação do ombro tem que ser novamente colocada sobre a ombreira. Caso o modelo tenha acessório, estes

podem ser posicionados para analisar sua adequação ao modelo.

11. Marcação dos pontos de controle – são os pontos onde as partes dos moldes devem ser unidas, que também são marcados. As marcações devem ser feitas sistematicamente, bem como a linha do fio reto, principalmente, nos modelos com recortes.

12. A Folga – De acordo com Iida [5], se o produto for dimensionado com dados da antropometria estática, sem as devidas folgas de movimento do corpo, possivelmente deverão ser feitos alguns ajustes posteriormente, a fim de acomodar melhor os movimentos corporais. Além da folga para o movimento do corpo, deve ser observada a folga necessária ao modelo do vestuário, porque, as tabelas de medidas se referem às medidas do corpo na posição estática, não às medidas do vestuário. O acréscimo de medidas adicionadas à roupa é somado às linhas do busto, da cintura, e quadril. Caso a moulage seja feita com o tecido colado no manequim a folga deve ser colocada no processo de refilamento. Todavia, há casos em que os modelos são justos ou apertados e não necessitam de folgas de movimento e de modelo, por exemplo, alguns modelos de corset, e outros. 13. Refilamento - É a conferência das medidas dos moldes obtidas no manequim, com o acréscimo ou diminuição das mesmas, se for preciso. Ainda há o alinhamento das linhas retas e curvas, realizando o equilíbrio entre as partes dos moldes gerados.

Os requisitos apresentados são utilizados como referência na elaboração dos procedimentos para executar a modelagem do vestuário por meio da técnica tridimensional da moulage, assegurando a intepretação do que foi criado. Ressalta-se que não é suficiente colocar o tecido sobre manequim e manuseá-lo até obter uma forma que represente o vestuário.

Pois, ao retirar as partes do modelo interpretado sobre o manequim, deverá ter condições de ser produzido e ajustar-se adequadamente às linhas estruturais do corpo humano, oferecendo caimento e conforto adequado ao produto. Em síntese, os requisitos propostos compreendem conhecimentos e procedimentos essenciais na preparação e na

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execução da moulage. Para saber como profissionais do setor de educação em moda utilizam a técnica moulage foi realizada uma pesquisa de campo com professoras de diferentes escolas de moda brasileira, relatando na sequência seus modos de trabalharem com modelagem tridimensional.

4. MATERIAL E MÉTODO

Em relação à finalidade esta pesquisa é aplicada e destina-se a realizar um estudo sobre os requisitos que englobam os conhecimentos e as atividades que contribuem para o desenvolvimento da moulage.

Quanto aos objetivos desta pesquisa descritiva foi possível elencar sobre o uso da moulage na confecção do vestuário e a importância de adotar critérios para o uso da modelagem tridimensional para desenvolver o modelo com maior rapidez e precisão, em especial, pelo fato de permitir que um protótipo comece a ser moldado sobre o busto de costura, antes mesmo de ser costurado.

Para alcançar o objetivo da pesquisa, dentre os procedimentos técnicos de pesquisa foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental. Pois, a base para a reflexão das teorias estudadas e a relação entre modelagem tridimensional/moulage teve como referência, em especial, estudos que já são desenvolvidos e utilizados no Curso de Bacharelado em Moda da UDESC. Ainda, as demais referências deram suporte para se gerar os 13 requisitos, englobando conhecimentos e atividades para o desenvolvimento da moulage.

Para tanto, com base na natureza – abordagem do problema de pesquisa – foi utilizada a pesquisa qualitativa onde, num primeiro momento, o conhecimento gerado fundamentou-se nas teorias existentes e, num segundo momento, foi elaborado o questionário para realizar a pesquisa de campo. Além de ser enviado o questionário por e-mail para 6 (seis) professoras de escolas de moda de diferentes regiões do Brasil foram enviados em anexo ao e-mail um arquivo contendo os 13 requisitos apresentados no item 3 deste estudo para terem noção do que estávamos abordando em cada questão.

Todavia, somente 5 (cinco) responderam as perguntas. A professora que não respondeu o questionário, apesar de ter concordado em respondê-lo, por motivos pessoais não teve tempo hábil para fazê-lo.

A pesquisa de campo foi realizada entre os dias 04 e 06 de maio de 2015 e, além do envio do e-mail, foi enviado um pedido para lerem e, caso concordassem, responderem as perguntas do questionário. Foi realizada uma medida para que as participantes da pesquisa dessem atenção ao e-mail enviado, sendo assim, para 1 (uma) professora postou-se mensagem por SMS (Short Message Service – Serviço de Mensagens Curtas) e as demais receberam o pedido por meio de conversa/mensagem via plataforma do www.facebook.com.

Das participantes da pesquisa 2 (duas) professoras ministram aula no ensino em nível técnico e 3 (três) professoras ministram aula no ensino em nível superior. Todas as respostas do questionário que abordou os 13 principais critérios elencados para desenvolver a modelagem tridimensional/moulage foram respondidas por todas as participantes. Em resumo, a partir da pesquisa de campo está sendo feito o relado das respostas das 5 (cinco) professoras que ministram a disciplina de modelagem tridimensional/moulage em escolas de moda. Com base nessas repostas, no próximo item se apresentará o resultado da pesquisa de campo.

5. RESULTADOS DA PESQUISA DE

CAMPO

Os resultados apresentados neste item foram obtidos a partir da pesquisa de campo, como apresentado resumidamente no item anterior, onde as 5 (cinco) professoras responderam o questionário com as 13 (treze) perguntas que serão elencadas a seguir, contendo o relato das respondentes.

A primeira questão teve a seguinte abordagem: “Qual a importância do conhecimento da anatomia do corpo humano para se interpretar o modelo, utilizando a técnica da moulage?”.

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Todas as respostas foram afirmativas quanto à importância do modelista conhecer a anatomia do corpo humano (formas, volume, proporções, medidas), além dos procedimentos técnicos da moulage.

Considerando todas as respostas, há evidências da importância de se conhecer a anatomia do corpo humano para se desenvolver com precisão o modelo sobre o manequim de costura, adequando-o às atividades que a pessoa vai desempenhar. Inclusive, foi ressaltado que determinados manequins precisam ser ajustados, por meio da bourrage - encher, acolchoar, preencher o manequim para aproximá-lo às medidas do corpo humano da pessoa que irá ser desenvolvida a peça. Neste caso, verifica-se que nem sempre as medidas do manequim padronizado estão de acordo com as medidas da pessoa que está sendo desenvolvido o produto ou da tabela de medidas da empresa.

A segunda questão teve a seguinte abordagem: “Quais os critérios utilizados para fazer a escolha do Busto de Costura para desenvolver a moulage?”.

Em relação a essa questão, todos responderam que realizam a escolha do manequim com as medidas que mais se aproximam da tabela adotada na instituição de ensino. Duas participantes consideraram que deve ser levada em conta a qualidade dos materiais (enchimento, tecido e suporte de sustentação) com os quais são feitos os bustos, pois estes influenciam diretamente na qualidade da modelagem desenvolvida. Estas questões são importantes, porque, depara-se frequentemente com bustos que não estão na posição reta, mas com deslocamento lateral.

A terceira questão teve a seguinte abordagem: “Você realiza a marcação do busto de costura? se sim, como? se não, por quê?”.

Apenas uma respondente informou que, dependendo do caso, não marca o manequim. Considerando essa resposta e de acordo com os estudos realizados, a não marcação do manequim pode gerar erros no modelo, incluindo dificuldades para realizar o refilamento da moulage e desequilíbrios na peça pronta. Assim, considera-se imprescindível a marcação adequada do manequim para determinar as

linhas de equilíbrio do corpo humano, sendo que estas facilitam a interpretação e desenvolvimento da moulage com mais precisão.

Ainda, as respostas não foram unânimes ao informar as formas de marcar o manequim, inclusive, duas respostas não indicam se marcam as linhas de equilíbrio do corpo humano sobre o manequim. Nesse caso, a partir de uma dedução hipotética, a não marcação do manequim, conforme indicado na Figura 2, tem-se o risco de traçar moldes sem qualidade e com o fio do tecido fora de equilíbrio em relação ao posicionamento do corpo, podendo gerar erros na etapa de refilamento (conferência das medidas e linhas estruturais do corpo) e desequilíbrios na peça pronta.

A quarta questão teve a seguinte abordagem: “Quais os principais procedimentos que você utiliza para interpretar o modelo, utilizando a técnica moulage?”.

Apesar da maioria das respostas estarem simplificadas, todos os casos apontam a necessidade de se observar e marcar adequadamente o modelo a ser interpretado sobre o manequim. Além disso, em quase todas as respostas evidencia-se a necessidade de preparar o tecido antes de moldá-lo e alfinetá-lo sobre o manequim seguindo a marcação que determina o modelo a ser desenvolvido.

A quinta questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante o conhecimento sobre tecido para desenvolver a moulage? Se sim, por quê? se não, por quê?”.

Todas as respostas indicam a importância de se conhecer o tipo de tecido a ser utilizado na confecção da peça. Destaca-se que, o conhecimento sobre o tipo de tecido a ser utilizado modifica a maneira de moldar o tecido sobre o manequim. Dependendo do modelo, o tecido poderá ficar solto, ajustado ou esticado sobre o manequim, influenciando diretamente na forma de se alfinetar adequadamente o tecido, para não gerar erros de interpretação e nos moldes finais.

A sexta questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante o conhecimento sobre o fio do tecido para desenvolver a moulage? Se sim, por quê? se não, por quê?”.

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Apesar de uma resposta não indicar precisamente que se trabalha sobre o manequim utilizando o sentido do fio do tecido na direção do urdume (tecido plano) ou coluna (malha) ou na direção da trama (tecido plano) ou carreira (malha) ou na direção do viés (45º na direção do fio reto). A margem de erro é reduzida expressivamente ao se posicionar o tecido com o sentido de fio adequado para cada parte do molde.

A Sétima questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante realizar a passadoria do tecido utilizado no desenvolvimento da moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Em todas as respostas ficou claro que um tecido amassado ou enrugado gera volumes inadequados prejudicando a qualidade do trabalho da moulage.

A oitava questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante realizar marcação do tecido para desenvolver a moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Todas as respostas afirmaram a importância de realizar a marcação no tecido, do sentido do fio e das principais linhas do corpo (quadril, cintura, busto, linha central da frente e das costas). Ao fazer as marcações no tecido, o ato de moldar gera mais precisão do que utilizar o tecido sem marcações.

A nona questão teve a seguinte abordagem: “Você considera que a escolha dos alfinetes e modo de fixá-los no tecido influencia no trabalho da moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Salienta-se que todas repostas afirmam que o tipo de alfinete utilizado auxilia na execução mais precisa da moulage. Um alfinete inadequado, além de dificultar o trabalho pode danificar o tecido e o manequim.

A décima questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante observar o uso de elementos ou acessórios no desenvolvimento da moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Todas as respostas indicam que, de acordo com o modelo, os elementos e acessórios contribuem na execução da moulage. Salienta-se que o uso de ombreiras, bojos e outros recursos

que serão utilizados no modelo final permitem o desenvolvimento do modelo prevendo a sua inserção desde o começo, evitando a necessidade de ajustes no molde caso o mesmo não tenha sido previsto.

A décima primeira questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante realizar a marcação dos pontos de controle na técnica da moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Apesar das respostas não terem sido totalmente positivas, afirma-se que os pontos de controle são importantes na montagem da peça durante a confecção.

Décima segunda questão: “Você considera importante acrescentar folga na técnica da moulage”?

Considerando que há modelos ajustados ao corpo, nem sempre é necessário inserir as folgas de movimento ou de modelo. Todavia, ao responderem a questão evidenciaram que acrescentam as folgas de acordo com o modelo durante o refilamento.

A décima terceira questão teve a seguinte abordagem: “Você considera importante realizar o refilamento na técnica da moulage? se sim, por quê? se não, por quê?”.

Observa-se em todas as respostas a importância de se realizar o refilamento da moulage, sendo que, raramente um modelo é desenvolvido sobre o manequim e é retirado pronto para ser cortado definitivamente no tecido para confeccionar o protótipo, a peça-piloto ou modelo final. Primeiramente, precisa ser realizado o refilamento, acrescentar a margem de costura, retirar os moldes e marcar os pontos de

controle (piques) da costura. Diante do contexto teórico e com base nas

respostas do questionário, verificou-se que as professoras utilizam em maior ou menor grau os requisitos que envolvem os conhecimentos e as atividades que contribuem para o desenvolvimento da moulage. Nesse sentido, um molde adequado necessita ser desenvolvido utilizando estes requisitos para interpretar o modelo e confeccioná-lo de acordo com a proposta do criador do produto.

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A qualidade do vestuário está diretamente relacionada ao uso adequado dos conhecimentos sobre ergonomia e antropometria. Como o vestuário cobre o corpo, formando uma “segunda pele”, o seu dimensionamento prejudica ou auxilia o usuário no desempenho de suas tarefas.

Para tanto, após a criação do vestuário, na etapa de modelagem é realizada a interpretação do modelo para gerar os moldes passíveis de serem confeccionados e gerar os protótipos. Essa interpretação pode ser feita utilizando as técnicas da modelagem bidimensional (modelagem plana – manual ou informatizada) e/ou da modelagem tridimensional (moulage ou draping – manual ou informatizada).

De acordo com o conhecimento e a experiência do profissional de modelagem utiliza uma das duas técnicas citadas anteriormente. Todavia o foco desse estudo é o de identificar requisitos a serem aplicados na técnica moulage com foco no conforto do vestuário. Logo, a ênfase será na moulage, observando que o modelo desenvolvido sobre o manequim permite desenvolver um pré-protótipo antes mesmo de ser confeccionado, diferente da interpretação com o uso da técnica da modelagem plana. Para tanto, mesmo no modo industrial de gerar o vestuário, dependendo do modelo a ser desenvolvido, a técnica da moulage permite chegar ao resultado esperado de forma mais rápida e precisa do que utilizando a modelagem plana.

Nesse sentido, a pesquisa de campo permitiu observar como as 5 (cinco) professoras de escolas de moda utilizam e consideram a importância de seguir requisitos essenciais para a interpretação de modelos com o uso da técnica da moulage. A pesquisa revelou que existe o uso desses requisitos em maior ou menor grau pelas respondentes dos questionários. Logo, isso permite considerar que a moulage não deve ser feita fixando o tecido de forma aleatório sobre o manequim, pois, respeitando esses requisitos a possibilidade de gerar moldes corretos aumenta e permite sua confecção mais precisa, contribuindo para o conforto no vestuário.

7. REFERÊNCIAS

[1] BURDIN, S., HOLES, Vin. Dicionário Francês/Português. Ed. Globo, 1997.

[2] BROEGA, A. A avaliação do conforto como um parâmetro de controle de qualidade no processo têxtil. Anais: XXII CNTT, Congresso Nacional de Técnicos Têxteis. Pernambuco, 2006.

[3] CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006.

[4] GRAVE, Maria de Fátima. A modelagem sob a ótica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004.

[5] IIDA, I. Ergonomia, projetos e produção. São Paulo: Edgar Blücher Ltda, 2005.

[6] LINDEN, Júlio Carlos de Souza Van Der. Um modelo descritivo da percepção de conforto e de risco em calçados femininos. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, 2004

[7] LÖBACH, Bernd; CAMP, Freddy Van.. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.

[8] MARTINS, Suzana Barreto. Metodologia Oikos para avaliação da usabilidade e conforto no vestuário. In: 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 2008, São Paulo. Anais do 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Paulo, 2008. v. 1.

[9] SALTZMAN, Andrea. El cuerpodiseñado: sobre la forma enelproyecto de lavestimenta. Buenos Aires: Paidós, 2004.

[10] SILVEIRA, Icléia. Moulage do Vestuário. Apostila do Curso de Bacharelado em Moda. Departamento de Moda/CEART/UDESC, 2012.

[11] _____. Moulage: ferramenta para o design do vestuário. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM DESIGN E 5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN – P&D, 1, 2002, Brasília. Anais...Distrito Federal: AEnD-BR, 2002. 6p CD-Rom.

(11)

[12] SOUZA, Patrícia de Mello. A Moulage, a inovação formal e a nova arquitetura do corpo. In. (org.) PIRES, Dorotéia B. Design de Moda: olhares diversos. Barueri, SP, Estação das Letras, 2208.

[13] VINK, P. Comfort. Inaugural Address, Faculty of Design, Construction and Production, Delft University of Technology, June 12th 2002.

ANEXO A

RESPOSTAS PRIMEIRA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Para ter habilidades em moldar o tecido sobre o

corpo (busto) deve-se entender como e onde se dispõem as saliências em cada parte do corpo, como o corpo se movimenta. Assim, a roupa feita na moulage será adequada não só às formas do corpo, mas, também ao modelo pretendido.

2 O conhecimento da anatomia é fundamental para

perceber cada parte do corpo e suas necessidades de movimento. É importante acomodar o tecido respeitando a curvatura do corpo sem forçá-lo ou deixá-lo em demasiado folgado.

A anatomia também é importante no momento de desenvolver uma bourrage (preenchendo o manequim onde se faz necessário, projetando fielmente o corpo para o qual um projeto é desenvolvido).

3 O conhecimento sobre a anatomia do corpo

humano ocorre através de estudos antropométricos. Inclusive, nos estudos do autor Iida (2005) se apresenta os planos de equilíbrio, gerando um conhecimento preciso do corpo humano. Ao observar a estrutura móvel do corpo é mais fácil utilizar a técnica da moulage com mais precisão.

4 É de suma importância observar as linhas que

definem o corpo humano dos planos sagitais assim como, dos planos transversos. Estas linhas dividem o corpo humano em partes simétricas e proporcionam equilíbrio ao modelo tridimensional ao ser executado no manequim específico para moulage.

5 É importante conhecer a anatomia do corpo humano para fazer a moulage respeitando os movimentos executados no dia-a-dia, tanto o movimento do tórax para a respiração quanto os movimentos dos braços e das pernas nas atividades diárias. É importante saber, por exemplo, os tipos de movimentos que cada articulação faz, para entender onde devem ser

colocadas folgas, onde a roupa deve ser mais cavada, etc.

ANEXO B

RESPOSTAS SEGUNDA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Escolho os manequins com medidas padronizadas

de acordo com a tabela de medidas do público que serão desenvolvidos os produtos.

2 Não temos muitas opções de manequins, hoje no

Brasil, com medidas padronizadas do corpo humano brasileiro. Entre as opções que dispomos das marcas WM ou Draft. Gosto de trabalhar com o manequim da WM por ser o que mais se aproxima de um corpo “real”.

O manequim da Draft possui um corpo com curvas muito marcadas que dificultam moldar o tecido sobre o manequins em algumas regiões do corpo, apesar de ser mais fácil de fixar o tecido no manequim com os alfinetes.

Ou seja, os principais critérios que utilizo para escolher o manequim são nessa ordem: a forma do manequim e a estrutura compacta com condições de manter a quantidade de tecido e alfinetes necessários para desenvolver qualquer tipo de trabalho.

Manequins reguláveis considero inadequados para executar a moulage, porém, funcionam adequadamente para provas de roupas.

3 Escolho de acordo com sua forma, volume,

proporções e medidas com as formas anatômicas do corpo humano que vou desenvolver a moulage.

4 Na escolha do manequim para moulage "Busto de

Costura" levo em conta as formas do corpo humano, volume e as medidas antropométricas de cada tamanho.

5 Sempre considero se o formato do corpo se

aproxima do formato padrão da indústria atualmente, para que a moulage tenha resultados mais adequados ao tamanho padrão. Os manequins também devem ter uma cobertura firme e que permita o uso de alfinetes.

ANEXO C

RESPOSTAS TERCEIRA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Na maioria das vezes sim, alfinetando fita de

cetim nº 0 (não se desfazem com o tempo como o soutache – fita fina e com pouco volume feita em

(12)

poliéster) nos principais pontos anatômicos do corpo humano: centros das partes da frente e das costas, lateral, linha busto, cintura, quadril, linha ombro e contorno pescoço. Meço o busto e, de acordo com o tamanho do manequim, marco essas linhas corretamente.

Quando a roupa é ampla – solta no corpo - não me preocupo tanto com todas as marcações do manequim, pois, a própria anatomia do busto de costura já me guia. Quando retiro o tecido do manequim faço o refilamento.

2 Sim, utilizando fitas adesivas (Shoben Designer

Tape) ou viés de algodão costurado ao manequim. Soutache também é uma boa escolha, embora crie um leve volume.

3 Sim. Uso sutache e alfinetes cabeça de vidro.

Evito utilizar alfinetes “comuns”, pois, sofrem variações de espessura e pontas e enferrujam com facilidade.

4 Sim, considero indispensável à marcação das

linhas do corpo: eixos da Frente e Costas, perímetros (busto, cintura, pequeno e grande quadril, degolo, cava), linhas laterais, caída do ombro e demais linhas que forem necessárias para desenvolver o modelo.

5 Sim, marco as linhas de busto, cintura e quadril,

linha dos centros da frente e das costas, contorno do pescoço, lateral, ombros e cava.

ANEXO D

RESPOSTAS QUARTA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Identifico primeiramente os detalhes, locais de

pences, pregas, franzidos e recortes. Marco no manequim as linhas dos recortes desejados. Identifico o fio do tecido (utilizo um tecido de caimento aproximado ao tecido final). Alfineto os centros das partes da frente e das costas (no fio sentido do fio de urdume ou de trama ou enviesado - 45º no sentido da trama ou do urdume, quando necessário). Moldo o tecido no manequim, alfinetando sempre e fazendo marcações de encontros de costuras e piques necessários.

2 Avalio a proporção da peça com relação aos

pontos anatômicos principais do corpo humano sobre o manequim: decote, busto, quadril, etc. A partir disso, utilizo marcações com fita de cetim ou viés de algodão procurando desenhar o modelo desejado no próprio manequim. Com a marcação finalizada, moldo o tecido, trabalhando cada parte do modelo.

Outras vezes o processo é inverso, o tecido é fixado anteriormente sobre o manequim e depois delineio o modelo com as fitas de marcação. Vai depender do que estou modelando e qual o caminho que eu julgo mais interessante no momento de interpretar o modelo.

3 Faço uma análise sobre o modelo, verificando os

detalhes, formas de decote, formas do corpo, etc., observando a silhueta e recortes. Observo com atenção as características do modelo, como exemplo: recortes, forma de decote, tipos de pences, simetrias e assimetrias e que tipo de encontro terá na linha do ombro.

4 Observo a forma do modelo se é simétrica ou

assimétrica, ajustada ou ampla e os detalhes minunciosamente antes de iniciar a interpretação. A seguir faço as marcações do modelo no manequim de moulage “Busto de Costura” e a preparação do tecido com a identificação do fio reto, centro da frente e costas. Fixo o tecido com alfinetes e executo o modelo por partes, primeiro a parte da frente e depois a parte das costas, ou seja, inicio pela linha do centro da frente e das costas e trabalho do centro para as laterais.

5 Marcar as linhas do modelo, como recortes, no

manequim, e fazer a moulage de cada parte separadamente.

ANEXO E

RESPOSTAS QUINTA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim, por causa dos diferentes comportamentos de

cada tecido; se esticam ou não, se têm caimento leve ou se são mais encorpados. Isso influencia no resultado final do modelo.

2 Sim. Não há como desenvolver qualquer modelo

sem ter domínio do tecido e seu caimento.

3 Sim. O conhecimento do tecido irá ajudar a

realizar uma boa interpretação do modelo.

4 Sim, o conhecimento do material têxtil é

fundamental para que o resultado da moulage seja positivo. O tecido deve ser o mais próximo do tecido que será feito o modelo. Quando o tecido é plano não deve ser esticado. Há casos em que no tecido de malha deverá ser marcado com linhas paralelas e esticado, para se ajustar adequadamente conforme o modelo criado.

5 Sim, é necessário conhecer o caimento do tecido

para executar a moulage adequadamente, levando em consideração o seu volume e a sua elasticidade. Além disso, é importante conhecer as características do tecido para adequar recortes e

(13)

acabamentos.

ANEXO F

RESPOSTAS SEXTA QUESTÃO PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim, muito! O fio precisa estar coincidindo com o centro frente e centro costas para que não aconteçam distorções na roupa (roupa torta, tecido que cede de um lado mais que de outro). O fio também pode ficar a 45º (viés) se a roupa precisar de um caimento mais fluído e leve. Porém, acredito que para determinadas peças conceituais, que exijam liberdade para criação, é possível deixar de observar o fio com tanta precisão.

2 É primordial identificar a direção do fio do tecido, sendo uma das mais importes condições para se trabalhar adequadamente na técnica da moulage.

3 Sim. Com a utilização da técnica de moulage podemos utilizar o posicionamento referente ao fio reto (sentido do urdume) ou no sentido da trama ou no sentido do fio enviesado, possibilitando um melhor manuseio do tecido sobre o busto.

4 Sim. O fio reto do tecido deve ser marcado antes de iniciar a moulage, na preparação do tecido, paralelo ao urdume (vertical), sendo que a trama segue no sentido transversal (horizontal). No caso do modelo ser no viés (diagonal), também deve ser traçado antes no tecido e posicionar obedecendo 45 graus em relação ao fio de urdume.

5 Sim, pois cada sentido do tecido se comporta de maneira diferente, e o modelista precisa usar o sentido correto para aquele tipo de peça, e respeitar esse sentido, posicionando o tecido com 100% de precisão. Se isso não for feito, a peça pode ficar com caimento inadequado, ou torcido, ou ainda não contornar o corpo de maneira harmônica.

ANEXO G

RESPOSTAS SÉTIMA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim. O tecido amassado fica encolhido e,

provavelmente, irá deixar o molde maior do que o pretendido. Além disso, procura-se trabalhar com capricho e limpeza, pois será necessário riscar/marcar diversas informações/indicações no tecido. Se o tecido estiver amassado vai dificultar a leitura dos moldes. Passar antes também é bom para tecidos de algodão que podem encolher um pouco com o manuseio, pois, nesse caso, passa-se com bastante vapor e o tecido encolhe o necessário antes de ser modelado.

2 Sim, um tecido com marcas de dobras ou

amassados pode interferir no processo e, consequentemente, no resultado final da peça.

3 Sim, porque com a passadoria do tecido

conseguiremos realizar um trabalho limpo e de boa qualidade.

4 Sim, deve ser passado a ferro para evitar dobras

e irregularidades no tecido quando moldado sobre o manequim.

5 Sim, pois o tecido amassado perde um pouco de

comprimento ou largura e, ao ser passado/esticado, volta ao seu formato sem rugas que comprometem o formato correto do modelo. Trabalhar a moulage sem passar os tecidos é mais impreciso e pode gerar diferenças que prejudicam o formato final do molde. Outra razão importante para a passadoria do tecido é alinhar o fio de urdume e de trama do tecido, que muitas vezes chegam torcidos. Trabalhar com o tecido sem a passadoria adequada é equivalente a não respeitar o fio do tecido na moulage.

ANEXO H

RESPOSTAS OITAVA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim. Seria inviável montar a peça (etapa da

costura), sem as marcações do fio de urdume, piques, limites entre os recortes, numeração das partes (para modelos com muitas partes).

2 Sim. Considero fundamental marcar apenas as

linhas das partes dos centros da frente e das costas, linhas de busto e quadril.

(14)

3 Sim. Com a marcação existe uma precisão nas

medidas.

4 Sim, respondi anteriormente, tanto no fio reto

como no sentido viés e outras marcações que facilitam o posicionamento do tecido sobre o manequim.

5 Sim, isso facilita a visualização do fio do tecido e é

importante para conseguir precisão no posicionamento do tecido.

ANEXO I

RESPOSTAS NONA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim. Alfinetes de má qualidade vão estragar as

fibras do tecido, e danificar o manequim. Quanto à fixação dos alfinetes, se estiverem mal fixados, vão soltando as partes do tecido impossibilitando a conclusão da modelagem. Apenas não considero que tenham que ser todos no mesmo sentido e em distâncias equivalentes entre si para resultar num bom trabalho. Apenas devem estar bem presos, fixando bem o tecido no busto ou nos outros recortes que estejam lado a lado.

2 Sim, eles precisam ser confortáveis para trabalhar

(com cabeça de vidro) e firmes para manter as camadas de tecido presas ao manequim, quando necessário. Ressalto que o alfinete mais longo, firme e com ponta bem feita é melhor para trabalhar na moulage.

Os alfinetes da Marca Corrente são bons, porém, pouco resistentes, entortam com facilidade. E os importados, semelhantes ao da marca corrente, costumam ter pontas rombudas e inadequadas para o uso na moulage.

3 Sim. Os alfinetes auxiliam nas possibilidades de

fixação adequada do tecido no momento da interpretação do modelo.

4 Sim, o uso dos alfinetes deve ser de maneira que

não fique distante uns dos outros (em média, de 4 a 5 cm de distância). Devem ser finos para facilitar a entrada no tecido e manequim. Outra observação é a qualidade dos alfinetes para evitar que entortem e enferrujem com o tempo de uso.

5 Sim. O alfinete precisa ser fixado de maneira que

prenda o tecido no local correto, e que puxões ou a própria gravidade não alterem a posição do tecido, assim possibilitando a execução da moulage de forma mais precisa.

ANEXO J

RESPOSTAS DÉCIMA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim. É importante fixar sobre o manequim, antes

de começar a moldar o tecido, ombreiras e demais elementos que permitem a interpretação correta do modelo criado.

2 Sim, pois, esses elementos “acessórios” estão

relacionados à interpretação do modelo.

3 Sim. Estudo de texturas é essencial e a utilização

de acessórios, como exemplo, ombreiras. Também é importante fazer ajustes no manequim, utilizando bojos para aumento de volume e demais coisas que o adequam para interpretar o modelo apresentado por quem o criou.

4 Sim, no caso de aumentar o volume do

manequim, por exemplo, o uso de ombreiras. No caso de roupa sob medida, utilizo bojos quando necessário.

5 Sim, isso ajuda a adequar as proporções do

modelo aos acessórios e aviamentos que serão utilizados com a peça.

ANEXO K

RESPOSTAS DÉCIMA PRIMEIRA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Todas as marcações são imprescindíveis para se

conseguir montar a peça depois. Se não, a tendência será se perder nos encaixes das partes.

2 Nem sempre, considero as linhas fundamentais de

busto e quadril mais importantes. Alguns pontos de controle como ponto do busto, lateral, etc. podem ser úteis para um iniciado na moulage.

3 Sim. Com esses pontos podemos ajustar a

modelagem mostrando o encontro das partes do molde.

4 Sim, a marcação dos pontos de controle na base é

necessária para a união das partes do modelo.

5 Sim, pois isso garante mais precisão à técnica, e

permite que a roupa seja montada novamente, da mesma maneira que foi interpretada na moulage.

(15)

ANEXO L

RESPOSTAS DÉCIMA SEGUNDA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Considero importante o resultado da moulage

ficar como se deseja a roupa, com as devidas folgas de movimento e de modelo. Há modelos ajustados que não se usa folga. No caso das costuras, é melhor inseri-las no molde definitivo. Todavia o acréscimo de costura pode ser inserido quando se corta o tecido utilizando o molde desenvolvido na moulage.

2 Vai depender do que estou modelando. Por

exemplo, um corpete é ajustado e é diferente de um tailleur que fica mais folgado no corpo.

3 Dependente da variante de modelos há o

acréscimo de folgas e outros são ajustados.

4 As folgas de movimento devem ser acrescentadas

nos perímetros (busto, cintura, quadril) para facilitar os movimentos do corpo ao vestir a roupa. Quando necessário, eu acrescento as folgas após a retirada do tecido sobre o manequim; no refilamento das curvas, de acordo com o modelo.

5 A folga permite o movimento do corpo e também

proporciona melhor caimento à peça. A quantidade de folga sempre depende do modelo, mas quase sempre está presente.

ANEXO M

RESPOSTAS DÉCIMA TERCEIRA QUESTÃO

PARTICIPANTES

RESPOSTAS 1 Sim, apesar de ser bastante trabalhoso. Mas

acredito que pessoas com prática na técnica, fazendo a moulage com bastante precisão, terão poucas dificuldades de fazer o refilamento, chegando a casos em que só precisa alinhar os traços e isso seria suficiente para permitir o equilíbrio nas partes dos moldes.

2 Sim, o tecido só é acomodado devidamente ao

corpo à medida que os excessos são retirados. Piques e refilamentos são indispensáveis à boa execução de uma moulage.

3 Sim. As conferências de medidas são de extrema

importância na elaboração do modelo.

4 Sim, pois, no manequim as curvas e retas podem

não sair perfeitas e com o auxílio de réguas é possível corrigi-las.

5 Sim, porque a moulage não sai do manequim

completa e é difícil traçar as linhas de maneira

precisa sobre o manequim. Fazendo o refilamento, podemos retraçar essas linhas de maneira mais limpa, e ainda corrigir pequenas imperfeições que podem ter acontecido na moulage. O refilamento ainda permite comparar e encaixar recortes para conferi-los.

Referências

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