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Capacidade remineralizadora de princípios bioativos no esmalte dental submetido a desafio erosivo

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C

apacidade remineralizadora de

princípios bioativos no esmalte dental

submetido a desafio erosivo

Remineralizing ability of different bioactive materials on

artificially eroded enamel

Recebido em: abr/2015 Aprovado em: mai/2015

Livia Tosi Trevellin - Mestre e aluno de doutorado - Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp)

Angela Mayumi Shimaoka - Pós-Doutora - Departamento de Dentística da Fousp

Rubens Côrte Real de Carvalho -

Professor Titular do Departamento de Dentística da Fousp

Alessandra Pereira de Andrade - Pós-Doutora - Departamento de Dentística da Fousp

Autor de correspondência: Alessandra Pereira de Andrade

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp)

Avenida Professor Lineu Prestes, 2227 SAOS-Fousp Cidade Universitária - São Paulo - SP

05508-000 Brasil alealesi@usp.br

RESUMO

Este estudo analisou o potencial remineralizador de compostos com diferentes princípios bioati-vos no esmalte dental submetido a desafio erosivo. 40 espécimes de dentes bovinos com dimensões padronizadas (4x4mm2) foram submetidos ao desafio erosivo com ácido cítrico (pH=2,3 durante 1

hora) e submetidos a diferentes tratamentos remineralizadores com compostos bioativos, compondo os grupos experimentais: G1-sem tratamento; G2-fosfato de cálcio amorfo e fosfopeptídeo de caseína (RecaldentTM); G3- fosfato de cálcio nanoestruturado (NANO P); G4-flúor 1,23%. Os fragmentos foram

analisados quantitativamente pelo método de fluorescência do tecido dental (QLF) em 4 momentos: baseline, desafio erosivo, 1°dia e 7ºdia. Os dados obtidos pelo método QLF foram submetidos à análise estatística por meio dos testes ANOVA 2 fatores para medidas repetidas e de comparações múltiplas de Bonferroni (α=5%). Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos experimentais tanto para o momento de análise baseline quanto para o momento desafio erosivo. No momento de análise 1°dia o grupo sem tratamento apresentou os maiores valores de ∆Q (valor final da perda mineral do substrato), enquanto os menores foram encontrados para os grupos G2 e G3 que não apresentaram diferença estatística entre si. No momento de análise 7°dia os menores valores foram apresentados pelo grupo G2 e os maiores pelo grupo G1. Os tratamentos realizados acarretaram diferentes graus de remi-neralização no esmalte dental submetido a desafio erosivo. O composto bioativo RecaldentTM mostrou

melhor desempenho nos índices de remineralização após sete dias de tratamento.

Descritores: erosão dentária; desmineralização do dente; remineralização dentária ABSTRACT

The aim of this study was analyze the remineralizing potential of different bioactive compounds on dental enamel submitted to erosive challenge. Forty bovine enamel specimens’ teeth with standardized dimensions (4x4mm2) were subjected to erosive challenge with citric acid (pH = 2.3 for one hour) and to different

remine-ralizing treatments with bioactive compounds, composing the experimental groups: G1-without treatment; G2-amorphous calcium phosphate and casein phosphopeptide (RecaldentTM Plus); G3-calcium phosphate

nanocluster (NANO P); G4- fluoride 1.23%. The fragments were quantitatively analyzed by the method of dental tissue fluorescence (QFL) in four different moments: baseline, erosive challenge, first day and seventh day. The data obtained through the QLF method were subjected to statistical analysis using two way ANOVA for repeated measurements and Bonferroni multiple comparison (α= 5%). No statistical differences were identified among the experimental groups in regards to the baseline analysis moment and to the erosive challenge moment. In the first day period analysis without treatment showed the highest values of ∆Q (final value of substrate´s mineral loss) while the lowest values were obtained in the G2 and G3 groups, which did not presented statistical difference among them. During the seventh day analysis moment, the lowest value was presented by the G2 group while the highest value was presented by the G1 group. The tests performed led to different degrees of remineralization in dental enamel subjected to erosive challenge. The bioactive compound RecaldentT presented the highest levels of remineralization after the seventh day of treatment.

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RELEVÂNCIA CLÍNICA

A utilização de compostos bioativos pode auxiliar na remine-ralização do esmalte afetado pela erosão dental.

INTRODUÇÃO

Erosão dentária é um processo progressivo e destrutivo, ca-racterizado pela dissolução por ácidos do tecido mineralizado dos dentes, sem o envolvimento bacteriano.1

Os ácidos podem ser de origem intrínseca ou extrínseca. Os fatores intrínsecos são provenientes de patologias crônicas, tais como, doença do refluxo gastroesofageal e transtornos alimenta-res como a bulimia.1,2 Os ácidos da dieta são os agentes etiológicos

mais extensivamente estudados e pode-se dizer que é o fator ex-trínseco mais importante.2 A composição química dos

componen-tes da dieta, a qualidade e quantidade de saliva e a frequência de ingestão estão relacionados com a severidade da erosão.1

Observa-se que na sociedade moderna, tanto os transtornos quanto os hábitos alimentares propiciam o aparecimento da ero-são dental, por isso ero-são essenciais sua prevenção e tratamento.3 O

tratamento envolve a remoção da causa e dos fatores contribuin-tes com o seu desenvolvimento. A prevenção inclui o aumento da resistência do dente aos ácidos e a remineralização dos mesmos por meio do contato com agentes específicos.4

A saliva tem sido descrita na literatura como o fator biológico mais importante na proteção da patogênese da erosão dental.3,5

Seu mecanismo protetor está relacionado com a composição quí-mica, fluxo salivar e capacidade tampão.1

A lesão causada pela erosão dental se inicia com o amoleci-mento do esmalte dental, causado pelos ácidos, levando à perda da integridade estrutural e da resistência mecânica, embora, nesta fase, seja passível de remineralização.6,7

Nas últimas décadas, houve um crescente interesse no desen-volvimento de tecnologias com potenciais para remineralizar as estruturas dentais.8 Agentes bioativos baseados em proteínas do

leite, como o complexo CPP-ACP (fosfopeptídio de caseína e fos-fato de cálcio amorfo) têm mostrado potencial de reduzir a erosão do esmalte dental. Este agente promove a precipitação de íons cálcio e fosfato, incorporando-os à película adquirida e a placa9,10,

atuando como um grande reservatório de íons com potencial re-mineralizador. Estudos sugerem que o CPP-ACP tem também a capacidade de inibir a desmineralização do esmalte11, sendo

consi-derada uma estratégia preventiva importante.

Outra tecnologia desenvolvida é baseada em nanopartículas de fosfato de cálcio (HAP). Essas nanopartículas têm similaridade com a morfologia dos cristais de hidroxiapatita e com a estrutura cristalina do esmalte dental.12 Essa nova pasta apresenta

carac-terísticas químicas e estruturais semelhantes à da hidroxiapatita natural. Nos últimos anos a nano hidroxiapatita tem sido ampla-mente estuda como material biomimético e, este material, possui a capacidade de atuar como um agente “anticariogênico”, além de possuir um potencial remineralizador13, sendo um método

impor-tante para prevenir a erosão dental.

Tradicionalmente utilizado para prevenção de cárie, o flúor também tem sido indicado para a prevenção e tratamento da

ero-são.11 Íons fluoretos no biofilme desempenham um papel protetor

importante no processo de desmineralização, por diminuírem o pH crítico para dissolução mineral14-17, assim como alteram a

estrutu-ra química da hidroxiapatita, tornando-a menos solúvel.15-17

Se o tratamento preventivo remineralizador não for eficiente, a progressão dessa lesão ocorrerá devido ao contínuo contato dos agentes erosivos com as estruturas dentais que tornam o processo irreversível.7,8 Neste caso, o tratamento necessário será restaurador.

Diversas metodologias têm sido empregadas para o estudo de erosão dental como a microscopia eletrônica de varredura (SEM), microscopia de força atômica (AFM)2, microdureza superficial,

per-filometria7 e Quantificação de conteúdo mineral pelo método de

fluorescência do substrato dental (QLF™)18. Com exceção do QLF™,

estes métodos são destrutivos e invasivos por necessitar de uma planificação da superfície, o que limita a utilização em estudos longitudinais e promovem somente, informações sobre os efei-tos superficiais. Já o método de quantificação de fluorescência induzida por luz, é um método capaz de diagnosticar com alta especificidade o grau de desmineralização do esmalte. A técnica mensura a perda de autofluorescência do esmalte na presença de desmineralização.19 Além da sua capacidade de detectar a

profun-didade de lesão de esmalte, o QLF™ é capaz de realizar análise quantitativa da mesma lesão em diferentes períodos.20,21 Portanto,

as características descritas denotam que esse método é indicado para o estudo de erosão.20

Assim, estudos capazes de acompanhar a capacidade remine-ralizadora de compostos bioativos aplicados sobre esmalte erodido são essenciais para estabelecer um protocolo de tratamento efi-ciente na prevenção e tratamento das lesões causadas por ácidos. Este estudo tem por objetivo analisar o potencial remineralizador desses agentes com diferentes princípios ativos no esmalte dental bovino submetido a desafio erosivo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização da parte laboratorial deste estudo os parâ-metros de um estudo previamente realizado foram utilizados.18

Seleção da amostra

Para a obtenção dos espécimes foram selecionados 20 incisivos bovinos que após profilaxia foram selecionados segundo dois critérios:

Defeitos estruturais – foram observados em um microscópio di-gital em aumento de 50 vezes (MiView USB Didi-gital Microscope, Chi-navasion Wholesale, Guangdong, CN) com o objetivo de verificar a ausência de defeitos, trincas e/ou imperfeições no esmalte (Figura 1A). Mineralização - todos os elementos dentais foram analisados pelo método de fluorescência do substrato dental (QLF™ System, Ins-pektor Reserch Systems BV, Amsterdan, NL – Auxílio Pesquisa Regu-lar FAPESP, processo 2006/01177-8); o método será detalhadamente descrito no item referente à quantificação do conteúdo mineral do substrato dental. Esta análise teve por objetivo verificar se algum dos 45 elementos dentais apresentava, em suas faces lisas, alguma área de desmineralização previamente ao início do estudo. (Figura 1A).

Elementos dentais que apresentassem algum tipo de imper-feição ou áreas de desmineralização prévias foram descartados

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FIGURA 1

Imagem ilustrativa do delineamento experimental. A - Seleção da amostra. B - Obtenção dos espécimes. C - Protocolos de desafio erosivo. D - Aplicação dos compostos bioativos. E - Quantificação da alteração mineral pelo método de fluorescência do substrato dental

e substituídos. Os dentes permaneceram armazenados em água deionizada em geladeira a 5°C até o início da fase experimental.

Preparação dos espécimes e tratamentos realizados

Foram obtidos dois fragmentos de esmalte de cada coroa den-tal, em formato quadrangular, com dimensões de 4mm de altura, 4mm de comprimento e 3mm de espessura, proveniente da face vestibular das coroas dentais, totalizando 40 espécimes.

Os fragmentos de esmalte foram incluídos em resina quimica-mente ativada e submetidos a uma profilaxia com pedra-pomes e água. A seguir, foram lavados em cuba ultrassônica por um perío-do de 10 minutos (Figura 1B).

A porção central dos 40 fragmentos foi recoberta por fita ade-siva de dimensões de 2x2mm e por uma camada de verniz ácido resistente. Após a secagem do verniz por 24 horas, foi retirada a fita adesiva, expondo uma área de esmalte 4mm2 (Figura 1B).

Os espécimes foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos (n=10), divididos conforme quatro tratamentos propostos: G1- Sem tratamento (controle negativo); G2- Recaldent™; G3- NanoP;

e G4- Flúor. As composições dos produtos e os protocolos de apli-cação de cada grupo estão exibidos na Tabela 1.

O desafio erosivo foi realizado com 1ml de ácido cítrico % (Fór-mula & Ação- Laboratório Farmacêutico Ltda.,SP,Brasil, pH=2,3) na área delimitada de cada espécime, durante 60 minutos (protocolo obtido por estudo piloto preliminar). Após este período, os espé-cimes foram lavados em água corrente e secos com jatos de ar comprimido durante 30 segundos para padronização do grau de desidratação do esmalte desmineralizado (Figura 1C).

Em seguida, foi aplicado 1ml de cada substância proposta como tratamento remineralizador, de acordo com as especificações de cada fabricante (Tabela 1), nos grupos experimentais. Imediatamente após a aplicação do tratamento remineralizador sobre o esmalte ero-sionado. Os espécimes foram armazenados em 6ml de saliva artificial em estufa a 37°C, em recipientes plásticos individuais (Figura1 D).

A aplicação dos tratamentos remineralizadores ocorreu durante sete dias consecutivos e neste período, os espécimes foram manti-dos em saliva conforme descrito acima, sendo cada recipiente lava-do com água e o conteúlava-do de saliva substituílava-do diariamente.

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TABELA 1

Descrição dos grupos experimentais e especificações dos compostos bioativos, modo de aplicação segundo a recomendação do fabricante Grupo

(n=10) Tratamento Nome comerciale Fabricante Composição Química Protocolo de aplicação

G1 Sem tratamento Saliform(F&A Laboratório

Farmacêutico Lta.,SP, Brasil)

Fluoreto de sódio (2ppm), cloreto de potássio, cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio, fosfato de potássio, tiocianeto de potássio, metilparabeno, mentol ,água deionizada.

Aplicação de 6ml de saliva artificial em todos os grupos experimentais como meio de

armazenamento.

G2 Controle negativo MI Paste Plus(GC Corporation,Tokio,Japan)

Água pura, glicerol, CPP-ACP (Recaldent™), D-Sorbitol, CMC-NA propilenoglicol, dióxido de titânio, dióxido de silicone, xilitol, ácido fosfórico, saborizante, óxido de zinco, sacarina sódica, óxido de magnésio, etil p-hidroxibenzoato,goma guar, propil-p-hidroxibenzoato, butil-hidroxibenzoato,fluoreto de sódio 0,2 (900ppmF) Aplicação de 1ml do produto com auxílio de uma seringa milimetrada por 5 minutos e lavagem por 1 minuto em água corrente

G3 Recaldent™ Desensibilize NanoP (FGM Produtos Odontológicos Joinville –SC- Brasil) Fosfato de cálcio nanométrico( na forma de hidroxiapatita – HAP a 20%), fluoreto de sódio, nitrato de potássio, água destilada, espessante, tensoativo, umectante, aroma e conservante.

Aplicação de 1ml do produto com auxílio de uma seringa milimetrada por 3 minutos e lavagem por 1 minuto em água corrente G4 CCP-ACP +Flúor Flutop Gel (S.S.WHITE- Artigos Dentários Ltda. RJ- Brasil) Ácido fluorídrico-2,230g% (1,23% F). Excipientes: ácido fosfórico,, hidroxietilcelulose, propilenoglicol, sacarose solúvel,essência tutti- frutti, água destilada.

Aplicação de 1ml do produto com auxílio de uma seringa milimetrada por 1 minuto e lavagem por 1 minuto em água corrente

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Quantificação de conteúdo mineral pelo método de fluorescência do substrato dental

Os momentos de análise foram realizados no primeiro dia da fase experimental antes do início do tratamento erosivo (baseline), após a exposição ao desafio erosivo, no primeiro e sétimo dia de tratamento remineralizador (Figura 1E).

Os espécimes foram avaliados em relação ao conteúdo mineral do esmalte dental por meio do método de fluorescência do teci-do dental com o auxílio teci-do equipamento QLF™ System (Inspektor Reserch Systems BV, Amsterdan, NL – Auxílio Pesquisa Regular FA-PESP, processo 2006/01177-8).

O método de quantificação mineral por fluorescência do te-cido dental baseia-se em diferenças ópticas entre esmalte sadio e esmalte desmineralizado. Um feixe de luz azul-violeta produzi-do por uma fonte de radiação lâmpada de xenon, λ=404 nm, 10-20 mW cm-2) é conduzido à área de avaliação através de uma fibra óptica, produzindo uma fluorescência amarela no tecido dental mineralizado irradiado. Quando iluminado por luz azul, o esmalte hígido aparece fluorescente devido à dentina subjacen-te; o esmalte desmineralizado, por sua vez, aparece escuro, como resultado do espalhamento da luz. Uma micro-câmera, conten-do um filtro laranja (λ≥520nm) responsável por eliminar a luz espalhada no tecido, capta a fluorescência produzida no tecido iluminado, produzindo imagens do substrato dental (Figura 1D).

Para a obtenção das imagens dos fragmentos de esmalte os espécimes foram secos com jato de ar comprimido por 30 segun-dos para padronização do grau de desidratação do esmalte desmi-neralizado. O espécime e a ponta da peça de mão do equipamento foram posicionados no suporte para estudos laboratoriais (QLFTM in vitro, Inspektor Dental Care, Amsterdam, NL - Auxílio Pesquisa Regular FAPESP, processo 2006/01177-8). Este suporte possibilita que o espécime analisado e a peça de mão permaneçam dispostos paralelos entre si permitindo que a distância entre eles possa ser ajustada a fim de propiciar uma condição de foco ideal e para que manutenção da distância entre o espécime analisado e a peça de mão seja a mesma em todas as mensurações.

As imagens foram capturadas em câmara escura, armazenadas no disco rígido da unidade principal do equipamento QLFTM. As imagens obtidas serão analisadas, por meio do aplicativo do equi-pamento (Inspektor™PRO, Inspektor Dental Care, Amsterdam, NL, Auxílio Pesquisa Regular FAPESP, processo 2006/01177-8), quanto à área da lesão (mm2), profundidade da lesão expressa em

percen-tual de perda de fluorescência do tecido (∆F em %). O volume da lesão (∆Q em mm2 %) é o índice final relativo ao valor de perda

mineral do substrato analisado (Figura 1D).

Os dados obtidos por meio do método de quantificação de conteúdo mineral pelo método de fluorescência do substrato den-tal (∆Q mm2 %) foram submetidos à análise estatística por meio

do teste Kolmogorov-Smirnov, para avaliação de suposição de normalidade e homocedasticidade (α=0,05).

O teste estatístico ANOVA 2 fatores de variação para men-surações repetidas e o teste de comparações múltiplas de Bon-ferroni foram utilizados admitindo-se nível de significância es-tatística de 5%.

RESULTADOS

Foi observada diferença estatisticamente significante para os fatores tratamento (p=0,046) e momento de análise (p=0,032), mas a interação não apresentou diferença estatisticamente signi-ficante (p=0,093), conforme Tabela 2.

Não foram encontradas diferenças significantes entre os grupos experimentais tanto para o momento de análise baseline quanto para o momento desafio erosivo.

No momento de análise 1°dia o grupo saliva apresentou os maiores valores de ∆Q, enquanto os menores valores foram en-contrados para os grupos Recaldent™ e Nano P que não apresen-taram diferença estatística entre si. No momento de análise 7°dia os menores valores foram apresentados pelo grupo Recaldent™ e, os maiores valores pelo grupo sem tratamento (saliva).

O grupo Recaldent™ apresentou diferenças estatísticas quando comparado a todos os outros três grupos. O grupo sem tratamento foi significativamente maior que todos os outros grupos. Os grupos NanoP e flúor não apresentaram diferenças estatísticas entre si.

DISCUSSÃO

No presente estudo in vitro, o QLF foi utilizado a fim de verificar a capacidade remineralizadora de diversos compostos bioativos na superfície do esmalte. Este recente método de de-tecção e quantificação de lesões incipientes é baseado na fluo-rescência induzida por uma lâmpada de gás xênon azul-violeta, responsável por provocar fluorescência natural do dente.

Essa fluorescência natural é atribuída aos fluoróforos locali-zados predominantemente na junção amelodentinária e dentina. A presença de lesões no esmalte dental provoca um maior espa-lhamento da luz incidente e uma menor quantidade de luz exci-tatória atingem a junção amelodentinária e dentina subjacente e, consequentemente, menor fluorescência da junção ameloden-tinária e dentina é refletida e capturada pelo equipamento. Sen-do assim, a lesão aparecerá escura em contraste com a área in-tacta circundante fluorescente. As alterações na intensidade da fluorescência indicam alterações minerais no esmalte dental.21

Comparando os dados de perda mineral do substrato (∆Q em mm2 %) dos grupos estudados, o grupo em que foi

aplica-do o composto bioativo patenteaaplica-do pela marca Recaldent™, apresentou os melhores resultados de remineralização das su-perfícies de esmalte, resultado concordante com estudo preli-minar.18 Seu mecanismo de ação é baseado na capacidade do

fosfopeptídeo de caseína (CPP) em estabilizar o fosfato de cál-cio amorfo (ACP), em uma solução metaestável.23,24

O fosfopeptídeo de caseína é composto pelo grupamento sequencial –Ser (P)- Ser(P)- Ser(P)- Ser(P)- Glu-Glu. Este gru-pamento se liga formando nanoaglomerados de ACP em so-luções supersaturadas, impedindo o crescimento ao tamanho crítico necessário para transformação da fase nucleação e precipitação na solução.25 O CCP-ACP tem demonstrado uma

atividade anticariogênica, tanto em experimentos in vitro quanto in situ26, além de uma potencial capacidade

remine-ralizadora em lesões subsuperficiais de esmalte.11 O composto

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TABELA 2

Valores médios (±desvio-padrão) de ∆Q em mm2% obtidos para os grupos experimentais em diferentes momentos de análise

Tratamento Baseline Desafio Erosivo 1° DIA 7° DIA

Saliva 0,00 (± 0,00)aA -1,96 (± 0,07)aB -1,50 (± 0,05)aC -0,83 (± 0,07)aD

Recaldent™+F 0,00 (± 0,00)aA -2.02(± 0,09)aB -0,81 (± 0,06)bC -0,11 (± 0,03)bD

Nanohidroxiapatita 0,00 (± 0,00)aA -2,08(± 0,07)aB -0,95 (± 0,20)bcBC -0,42 (± 0,06)cC

Flúor 0,00 (± 0,00)aA -1,99 (± 0,06)aB -1,27 (± 0,08)cC -0,60(± 0,04)cD

Diferentes letras minúsculas sobrescritas indicam diferença estatística entre os tratamentos em um mesmo momento de análise. Diferentes letras maiúsculas sobrescritas indicam diferenças estatísticas entre diferentes momentos de análise para um mesmo grupo experimental (p>0,05)

fosfato e é capaz de inseri-los como íons biodisponíveis para a formação de fluorapatita.23,25

Esse aumento na concentração de íons cálcio, flúor e fosfato na superfície dental, pode gerar maior difusão desses íons em di-reção ao esmalte desmineralizado, resultando em remineraliza-ção e incorporaremineraliza-ção de flúor na fase mineral do esmalte dental.12

O grupo G2, demonstrou um aumento de ∆Q, ou seja, hou-ve um processo de remineralização do esmalte que se mantehou-ve ao longo do tempo. Esse resultado, obtido de forma não in-vasiva com QLF, está de acordo com os resultados obtidos em outras pesquisas que avaliaram a capacidade remineralizadora do Recaldent™, por meio de estudos de microscopia de força atômica3, QLF™18, autofluorescência com laser27 e em ensaios

clínicos e in vitro28.

Os resultados do presente estudo indicam uma ação positi-va dos fluoretos na remineralização de lesões de erosão quando comparado ao grupo controle (saliva). Magalhães et al., (2009), acreditam que a ação efetiva do flúor ocorre devido a formação de uma barreira mecânica por meio da deposição de fluoreto de cálcio na superfície do esmalte. Quando há íons fluoreto em quantidade adequada no meio bucal ocorrerá formação da hidroxiapatita fluoretada, que torna o esmalte mais resistente a desafios erosivos.29

O composto bioativo NanoP também promoveu uma remi-neralização. Apesar de ser estruturalmente semelhante à hidro-xiapatita, esta possui uma menor solubilidade que o composto ACP, o que lhe confere uma menor atividade remineralizadora. Nos estudos realizados por Huang et al.,(2009), utilizaram

pas-tas com diferentes concentrações de partículas de HAP (1%, 5%, 10% e 15%) e demonstraram que a concentração de 10% foi mais efetiva na remineralização do esmalte. Os autores ex-plicam que o papel remineralizador do HAP é devido à capa-cidade de precipitar e atrair uma grande quantidade de íons cálcio e fosfato da solução para preencher as microporosidades criadas no processo de desmineralização.30

O grupo sem tratamento quando comparada aos demais grupos, promoveu os menores valores de ∆Q.

Após um desafio ácido, a saliva pode desempenhar um papel reparador, fornecendo material orgânico e mineral para preencher defeitos microscópicos criados durante o processo de erosão. A saliva ainda pode atuar como um agente de di-luição, por meio da remoção gradual dos agentes erosivos pelo processo de deglutição.17

CONCLUSÃO

Diante da metodologia utilizada e dos resultados obtidos é possível inferir que todos os tratamentos realizados acarre-taram diferentes graus de remineralização no esmalte dental submetido a desafio erosivo sendo que o composto bioativo Recaldent™ mostrou os maiores índices de remineralização após sete dias de tratamento.

APLICAÇÃO CLÍNICA

Agregar informações à prática clínica diária que auxiliem o Cirurgião-Dentista na escolha de protocolos de remineralização que possibilitem minimizar os efeitos deletérios da erosão dental.

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