• Nenhum resultado encontrado

2. Revisão de Literatura

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "2. Revisão de Literatura"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Análise Ergonômica do Sistema Operador – Máquina – Ambiente em uma Indústria do Vestuário

Marcelo H. S. de Carvalho , Márcia M. A. Samed, Gilberto Clovis Antonelli, Isabel C. Moretti, Marcio Fleming

Universidade Estadual de Maringá - Engenharia de Produção marcelo_hs_carvalho@yahoo.com.br

Resumo

Este trabalho propõe a aplicação da ergonomia em uma indústria de confecção, servindo como ferramenta de análise e suporte do setor de produção, em especial o de costura visando futuramente à aplicação para um manual de boas práticas na indústria de confecção. A primeira etapa do estudo se baseia na busca de literaturas que enfatizam todo o processo de verificação e pesquisa realizada na indústria, desde a explicação e definição da ergonomia, seguindo de definições de cores, iluminação, ruídos, temperatura, posturas, melhores ferramentas a serem utilizadas, equipamentos de segurança individual(EPI’s) e vetuário. Em seguida, os fatores observados na empresa são discriminados em potenciais melhorias. Na seqüência, todo o processo de aplicação do estudo junto com a literatura foi aplicado teoricamente. A partir dos resultados, notou-se que há falta de comprometimento da empresa para as operadoras, pela carência de treinamentos, falta de supervisão e cobranças das supervisoras de cada célula para com as operadoras, em relação a posturas, usos de EPI’s entre outros, o que pode proporcionar problemas de saúde levando a falta de eficiência. E também a falta de profissionais que possam gerenciar a indústria de confecção e dar instruções necessárias para o perfeito andamento da indústria.

1. Introdução

As grandes indústrias brasileiras e internacionais, já conseguem aprimorar seu processo produtivo de acordo com as normas de qualidade e segurança, as quais proporcionam um ambiente favorável para o trabalho. Na indústria têxtil esse processo está se aperfeiçoando, sendo a Europa um exemplo de métodos de trabalho, qualidade e adaptação das normas exigidas para a indústria de confecção. Já o Brasil segundo Barreto (1997), no setor de confecção o que se encontra é o improviso. Pessoas sem nenhum conhecimento técnico e também de supervisão, comandando e coordenando nas pequenas e médias indústrias, num verdadeiro malabarismo, que vai do sofrimento ao caos total, por não conseguirem se adequar as normas exigidas. Ainda, Barreto (1997) afirma que na indústria de confecção existe a carência de bons profissionais, em quase todas as áreas, devido a baixos salários pagos a esta atividade econômica. Portanto, na supervisão em geral, desde a coordenação até a alta gerência, não se encontra estímulo para pesquisa, desenvolvimento e aplicação de métodos eficazes para solucionar os problemas relacionados à qualidade e a produtividade. De acordo com Araujo (1996), para que uma empresa funcione bem é essencial que possua uma boa estrutura organizativa. Para isso é fundamental que as comunicações funcionem bem, os níveis de coordenação sejam bem definidos, as funções do pessoal sejam precisas, embora com adequado grau de flexibilidade e que existam normal de funcionamento e procedimento na empresa. Segundo Iida (2005), existem dois enfoques do posto de trabalho, o enfoque taylorista que é baseado nos princípios de economia dos movimentos e o enfoque

(2)

ergonômico, que se trata na análise biomecânica da postura e nas interações entre o homem, sistema e ambiente. O último enfoque é o que foi utilizado neste estudo. Uma análise ergonômica realizada em uma indústria de confecção em Maringá evidenciou a falta de atenção da indústria para com o posto de trabalho das operadoras de máquinas de costura. A cultura dessas empresas mostrou ser um dos problemas encontrados, por precisar de muita mão de obra especializada, mas em contrapartida não oferecer capacitação/treinamento. Como capacitação/treinamento entende-se: postura adequada ao utilizar a máquina, conhecimento técnico e habilidade para operar a máquina, organização no posto de trabalho, entre outros. Outros problemas observados foram o do espaço físico das empresas serem muito restritos ao número de funcionários, a iluminação não atender às normas, o ruído em certas máquinas ser acima do permitido e a falta de controle do uso obrigatório de EPI’s nos operadores dessas máquinas, o índice de umidade e ventilação não serem os mais saudáveis, as cores das paredes não ajudarem no conforto necessário e o ambiente de trabalho não ser limpo. Portanto, a meta deste trabalho é a análise criteriosa da interação operadora – máquina – ambiente, para determinar as boas práticas baseadas em dados coletados em uma indústria de confecção.

2. Revisão de Literatura

De acordo com Slack (2007), a Ergonomia preocupa-se primariamente com os aspectos fisiológicos do projeto do trabalho, isto é, com o corpo humano e como ele ajusta-se ao ambiente.

Para Iida (2005), o posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho bem como o ambiente que o circunda.

Existe no sistema homem-máquina-ambiente, a possibilidade de haver ações para corrigi-los e/ou modificá-los. Nesse caso chamamos de ação ergonômica. Para Menegon (2003), a ação ergonômica constitui-se num processo de introdução de mudanças, que busca a ampliação dos espaços de regulação na atividade dos projetistas e dos trabalhadores.

Um dos inúmeros fatores que interferem no trabalho são as cores. Segundo Pilloto (1980) as cores podem ser classificadas em dois grupos de função das reações que provocam nos indivíduos.

De acordo com Creder (1995) as lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes é inerente com auxilio das luminárias, que são os seus sustentáculos, através dos quais se obtém melhor rendimento luminoso, melhor proteção contra as intempéries, ligação à rede, além do aspecto visual agradável e estético.

Outro fator importante é o conforto térmico. Segundo Iida (2005) o conforto térmico no interior de fábricas e escritórios é conseguido mantendo-se a temperatura média da pele em torno de 33ºC.

O ruído é mais um fator que interfere negativamente no ambiente de trabalho. De acordo com Iida (2005), fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em uma escola logarítmica, cuja unidade é decibel (dB).

Por meio deste e de outros fatores que possam intervir na saúde das operárias existem hoje em dia para a proteção das partes do corpo os equipamentos de proteção individual (EPI’s), como luvas, botas, capacetes e óculos. Existem também EPI’s como protetores auriculares e

(3)

máscaras que visam proteger das condições ambientais adversas.

3. Metodologia

3.1 Caracterização do ambiente de trabalho

Para analisar a iluminação foi utilizado um luxímetro. Para coleta de dados, posicionou-se o aparelho na mesma altura da base de cada máquina de costura e foram preenchidos todos os valores encontrados. Com o auxílio de um termômetro digital mediu-se a temperatura. O termômetro foi colocado em um local seguro, de modo a não atrapalhar a produção e que também não sofreria variações exuberantes devido a um foco de calor intenso ou algo semelhante. Quanto à temperatura radiante média e umidade relativa do ar não realizou-se nenhuma medição devido à falta de instrumentos para a operação. Em relação às cores, foram analisadas, apenas visualmente, as paredes, as máquinas e mesas de costura e o contraste de cores em que as operadoras estão submetidas. O ruído foi analisado com o auxílio de um decibelímetro.

3.2 Posto de Trabalho

Verificou-se nas cadeiras os dispositivos de regulagem de altura no assento e regulagem do encosto, bem como o fato destes serem estofados e se a sua espessura atendia à especificação de ter de 2 a 3 centímetros.Verificou-se nas mesas se estas estavam de acordo com as normas padrões das mesas de costura na indústria de confecção e se estas possuíam alavancas para alterar a altura. A melhor posição encontrada para determinar a distância da operadora da máquina na indústria deve ser avaliada através da postura. Analisou-se as bancadas de acordo com o grau de torção do tronco e abaixamento do mesmo para pegada de peças devido a baixa altura que esta tinha em relação à cadeira. Mediu-se o nível de ruído e estudou-se possíveis partículas que algumas máquinas de costura liberam no processo de corte do tecido, e verificou-se a necessidade de EPI’s (protetores auriculares e máscaras). Verificou-se se havia uma padronização das vestimentas e se as mesmas estavam sendo corretamente utilizadas.

4. Resultados

4.1 Análise do Ambiente de Trabalho

A iluminação da fábrica estava fora do padrão, pois foi constatado que as lâmpadas estavam mal posicionadas, não acompanhavam o sentido das máquinas e não estavam de forma uniforme. Verificou-se que haviam locais muito iluminados e outros muito escuros, variando entre 194 a 835 lux. O conforto térmico é composto pela temperatura do ar, temperatura radiante média, umidade e velocidade do ar. A temperatura é um grande problema na empresa, variando muito dentro de um pequeno intervalo de tempo, chegando na primavera a dias de 24,5 a 28,1 ºC, em menos de 2 horas. A ventilação do ar é um fator crítico na empresa, pois em uma indústria de confecção não pode haver ventiladores, pelo fato do manuseio dos tecidos e linhas. Nesta fábrica a ventilação natural é precária, pois as portas de acesso são fechadas no período de trabalho e as janelas são muito altas, não permitindo assim correntes de ar, o que não facilita a evaporação do suor e o resfriamento do corpo. As cores do ambiente (paredes, chão, fundo da tarefa) são um dos principais fatores para evitar fadiga visual, diminuição do desempenho humano, e dependendo da cor, ajuda a manter o ambiente limpo e

(4)

higiênico. A empresa em questão possuía as paredes e os pilares na cor branca, as máquinas na cor cinza claro e as mesas de cor prata. O problema encontrado foi o das paredes estarem muito sujas, o que proporciona um ambiente muito ruim e sujo para o trabalho. O ruído gerado na empresa é devido apenas às máquinas de costuras, em que a variação depende da máquina utilizada para cada função do operador, variando entre 60 a 92,9 dB.

4.2 Análise do Posto de Trabalho

As cadeiras encontradas na empresa não são ergonômicas (sem possibilidade de ajustes no assento e na altura, para atender as necessidades antropométricas de cada pessoa). As mesas de trabalho são fixas e apresentam superfícies adequadas para o tamanho da peça a ser trabalhada e o os movimentos necessários para a tarefa. A distância da máquina até a operadora depende da cadeira e da distância correta em que a operadora sentou para trabalhar. A postura básica para a operadora é sentada, com o tronco levemente inclinado para frente e a cabeça um pouco mais inclinada, para uma melhor visão, já que o trabalho e minucioso. As máquinas de costura possuem pedais ergonômicos que acomodam os pés em uma melhor posição para não causar fadigas. Os braços são bastante utilizados pelas operadoras, os quais não sofrem por posição estática como os outros membros do corpo. Ao redor das operadoras ficam duas bancadas, do lado direito e esquerdo que têm por função a entrada e saída de matéria prima, mas possuem altura baixa em relação a operadora. A empresa fornece os EPI’s necessários para o trabalho seguro das operadoras na empresa. O problema encontrado foi a falta de supervisão dos superiores para seus subordinados. As operadoras usam uniformes, calças compridas e sapatos fechados. As operadoras, no momento de sua contratação, são avisadas quanto às normas de vestuário e adereços como a não utilização de brincos e pulseiras, e o cabelo devendo estar sempre preso. Porém não há controle constante para averiguar as normas estabelecidas e evitar possíveis acidentes.

5. Conclusão

A partir das análises realizadas foi possível diagnosticar a real necessidade de estudos que possam aperfeiçoar o método de trabalho e das operadoras de uma indústria do setor de confecção. Este trabalho terá continuidade, de tal forma que, uma vez identificadas as condições ambientais na qual as operadoras estão inseridas, o próximo passo consistirá na elaboração e padronização de procedimentos operacionais visando à adequação das operações de maneira ergonômica.

Referências

Araújo, M. Tecnologia do Vestuário, Lisboa, Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Barreto, A.A.M. Qualidade e Produtividade na Indústria de Confecção, Londrina, SENAI, 1997.

Creder, H. Instalações Elétricas, Rio de Janeiro, Editora Livros Técnicos e Científicos, 1995 Iida, I. Ergonomia Projeto e Produção, 2ª Edição, São Paulo, Editora Edgard Blücher, 2005.

(5)

Menegon, N.L. Projeto de Processos de Trabalho: O Caso da Atividade do Carteiro. 2003. 260 p. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro. Slack, N. & Chambers, S. & Johnston, R. Administração da Produção, 2ª Edição, São Paulo Editora Atlas S.A., 2007.

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

O Fórum de Integração Estadual: Repensando o Ensino Médio se efetiva como ação inovadora para o debate entre os atores internos e externos da escola quanto às

A etapa de sensibilização da equipe escolar se desdobrará em duas ações: apresentação do Programa e de seus resultados à comunidade escolar: A etapa de reconstrução

Neste tipo de situações, os valores da propriedade cuisine da classe Restaurant deixam de ser apenas “valores” sem semântica a apresentar (possivelmente) numa caixa

O objetivo principal deste estudo de caso era verificar o grau de valorização da medicina popular de plantas entre o próprio povo, tendo por base uma comunidade com diferentes

Assim, o presente estudo tem como objetivos determinar o grau de conhecimento geral de um grupo de puérperas inquiridas relativamente ao PNV e à vacina contra o Meningococo

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on