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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

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Academic year: 2021

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

I-045 - ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA ETAPA DE

CONDICIONAMENTO E DESIDRATAÇÃO DE LODOS DE ETA'S E ETE'S

MEDIANTE A EXECUÇÃO DE ENSAIOS DE RESISTÊNCIA ESPECÍFICA E

TEMPO DE FILTRAÇÃO

Juliana Gardenalli de Freitas

Engenheira Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Mestre em Saneamento pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Engenheira da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB.

Nádia Cristina Pires Brink

Mestre em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Doutoranda do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP).

Sidney Seckler Ferreira Filho(1)

Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em Regime de Dedicação Exclusiva à Docência e Pesquisa.

Endereço(1): Escola Politécnica da USP - Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. Av. Professor

Almeida Prado, 271 Prédio de Engenharia Civil. Bairro Butantã. Cidade Universitária. São Paulo - SP. CEP: 05508-900. Tel. (11)3091-5220. e-mail: ssffilho@usp.br

RESUMO

O tratamento e disposição final dos lodos gerados em estações de tratamento de água e esgoto é uma etapa muito importante nos dias de hoje. Em geral os lodos precisam passar pela etapa de desidratação para que possam ser dispostos, mas para que essa etapa seja realizada de forma eficiente, é necessário que esses lodos passem por uma etapa de condicionamento. Esse condicionamento pode ser realizado pela aplicação de polímeros, cal ou íons metálicos. A resistência específica e o tempo de filtração são ensaios realizados no lodo condicionado para avaliar as características de desidratabilidade do lodo e, portanto, são utilizados para definição das condições de realização do condicionamento, tais como dosagem de produtos químicos e gradiente de velocidade. O ensaio de tempo de filtração é mais simples que o de resistência específica, fornecendo resultados imediatos. No entanto, o seu resultado é dependente do teor de sólidos do lodo, o que dificulta o seu uso para comparação de lodos de diferentes tempos e locais. Esse trabalho teve como objetivos realizar ensaios de resistência específica e de tempo de filtração objetivando otimizar os processos de condicionamento e desidratação, e estabelecer uma metodologia para a comparação entre resultados de ensaios de TF entre lodos com diferentes teores de sólidos. Para isso foram realizados 253 ensaios de resistência específica e tempo de filtração, com lodos com diferentes teores de sólidos, condicionados em diferentes condições. Foi verificado que é possível realizar uma correção simples no valor de tempo de filtração, de acordo com o teor de sólidos, de forma que os resultados de tempo de filtração e resistência específica se relacionam de forma linear. Ou seja, os dois parâmetros apresentam uma correlação razoável entre si, no entanto, desde que os valores dos tempos de filtração sejam corrigidos em função do teor de sólidos. Assim, tendo em vista a grande dificuldade e demora na condução dos ensaios de resistência específica, recomenda-se que o parâmetro tempo de filtração corrigido seja empregado como parâmetro operacional de sistemas de desidratação.

PALAVRAS-CHAVE: Lodo, Resistência Específica, Tempo de Filtração, Condicionamento, Desidratação.

INTRODUÇÃO

As estações de tratamento de água (ETA’s) e tratamento de esgotos (ETE’s), embora sejam dimensionadas primordialmente para o tratamento da fase líquida, por produzirem resíduos sólidos oriundos de seus processos físicos, químicos ou biológicos, necessitam também serem projetadas objetivando o tratamento e disposição final de seus lodos.

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Tendo por objetivo a otimização dos processos e operações unitárias envolvidas no tratamento dos seus resíduos sólidos, usualmente a concepção dos seus sistemas de tratamento envolve as etapas de adensamento, condicionamento, desidratação e disposição final.

Normalmente, para ETA’s e ETE’s de médio e grande porte, as tecnologias mais adotadas para a desidratação dos seus lodos tem sido os processos mecanizados, podendo estes ser do tipo centrifugas, filtros prensa de esteira e parafuso ou filtros prensa de placas.

Para que os processos de desidratação do tipo mecanizados possam ser operados com sucesso, necessariamente, os lodos precisam ser condicionados com produtos químicos a fim de garantir a produção de tortas com teores de sólidos compatíveis com as tecnologias adotadas.

Os lodos gerados em ETA’s e ETE’s são, em sua maioria, difíceis de serem desidratados mecanicamente. Tal fato se deve a vários fatores. As partículas do lodo são carregadas eletricamente e tendem a se repelirem ao invés de formarem flocos. Como o tamanho dos flocos do lodo é pequeno, estes podem causar um entupimento do meio filtrante ou propiciar um filtrado de má qualidade. Além disso, devido à sua capacidade de hidratação, uma ou várias camadas de água ligadas à superfície das partículas formam uma película que impede a aproximação das mesmas para a formação do floco.

Assim, é necessário que o lodo seja previamente condicionado para que haja uma melhoria na eficiência dos processos de desidratação. Logo, o processo de condicionamento objetiva a melhoria propriedade estrutural do lodo permitindo uma drenagem livre da água, aumentando a recuperação de sólidos e minimizando o tempo de ciclo do processo de desidratação. Os principais métodos de condicionamento dos lodos são: congelamento, tratamento térmico, aplicação de auxiliares físicos de filtração e aplicação de produtos químicos.

A aplicação de produtos químicos é o método de condicionamento mais utilizado tanto para o processo de adensamento quanto para o de desidratação. Os produtos químicos empregados podem ser íons metálicos, cal e polímeros, sendo que estes últimos são os mais utilizados no condicionamento de lodos de ETA’s e ETE’s. O sucesso do condicionamento com polímeros depende de vários fatores, sendo que o seu sucesso depende de uma combinação destes. Os fatores que mais influenciam na desidratabilidade do lodo são a dosagem de polímero, o tempo de mistura e o gradiente médio de velocidade.

Os efeitos da dosagem de polímero na capacidade de desaguamento do lodo são normalmente evidentes, sendo que as taxas de desidratação aumentam consideravelmente com o aumento da dosagem do polímero. Já uma mistura excessiva, tanto do ponto de vista de tempo como de gradiente de velocidade, pode causar a desagregação das partículas do lodo, logo após tê-las floculado.

A seleção do polímero ideal, bem como a sua dosagem, deve ser feita através da execução de testes em laboratório que procurem representar o mais fielmente possível o processo de desidratação. Esta seleção não deve ser efetuada baseando-se unicamente nos resultados experimentais obtidos, mas, também, em uma análise econômica do binômio polímero-dosagem (AWWA (1989)). Os testes devem ser realizados diretamente nos equipamentos de desidratação, porém, na impossibilidade, podem ser realizados de forma mais simples em laboratório, de forma que seja possível a escolha do polímero e sua respectiva dosagem (FERREIRA FILHO et al (1998)). Os testes mais utilizados são a resistência específica (RE), teste de sucção por capilaridade (CST) e tempo de filtração (TF).

A seleção do teste a ser utilizado depende, principalmente, do tipo de informação que se deseja obter. Os testes de RE e TF são similares, sendo que o teste de TF é mais simples e rápido enquanto que o teste de RE é mais usual do ponto de vista acadêmico (FERREIRA FILHO et al (1998)). No entanto, a grande limitação no tocante a utilização do ensaio de tempo de filtração é que este é grandemente dependente da concentração de sólidos do lodo adensado e, desta forma, torna-se muito difícil comparar resultados temporais, ou seja, avaliar o comportamento dos processos de condicionamento e desidratação para lodos gerados em diferentes épocas do ano e com diferentes teores de sólidos.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental OBJETIVOS

Tendo em vista permitir a otimização dos processos de condicionamento e desidratação considerando-se a possibilidade de execução de ensaios de tempo de filtração (TF), este trabalho teve como objetivos:

• Realizar ensaios experimentais em escala de bancada (ensaios de Resistência Específica e de Tempo de Filtração) objetivando a otimização dos processos de condicionamento e desidratação.

• Estabelecer uma metodologia que permita a comparação entre resultados de ensaios de TF e sua posterior utilização para a otimização dos processos de condicionamento e desidratação para lodos condicionados com diferentes concentração de sólidos produzidos em diferentes épocas do ano e sob condições operacionais as mais diversas possíveis.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a execução deste trabalho experimental foram utilizados lodos oriundos de diferentes estações de tratamento de água e estações de tratamento de esgotos. As ETA’s utilizadas foram as Estações de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (ETA ABV), Guaraú (ETA Guaraú) e Cubatão (ETA Cubatão), todas pertencentes e operadas pela SABESP. O lodo oriundo das ETA’s foi coletado diretamente na descarga nos decantadores quando de sua parada para esvaziamento e lavagem. Por sua vez, a estação de tratamento de esgotos empregada foi a ETE Barueri, tendo como origem o lodo oriundo dos seus digestores primários. Todas as ETA’s e ETE’s estão situadas na cidade de São Paulo, com exceção da ETA Cubatão, localizada na Baixada Santista e que abastece os municípios de Santos, Cubatão e São Vicente.

A execução dos ensaios experimentais de determinação de RE e TF foram divididas em três etapas, a saber: • Etapa 1: Execução dos ensaios de determinação de RE e TF para os lodos oriundos dos decantadores

da ETA GUARAÚ e provenientes dos digestores primários da ETE BARUERI, isolados ou conjuntamente, em diferentes proporções volumétricas. Os resultados de RE e TF foram obtidos quando da execução do projeto de pesquisa desenvolvido por BRINCK et al. (2003). Foram testados diferentes dosagens de polímero, com tempo de condicionamento e gradiente de velocidade constante. Em alguns ensaios também foi utilizado cloreto férrico na etapa de condicionamento, pois em algumas estações de tratamento é necessária a adição desse produto para que sejam obtidos melhores resultados na etapa de desidratação.

• Etapa 2: Execução dos ensaios de determinação de RE e TF para os lodos oriundos dos decantadores da ETA ABV para diferentes condições de condicionamento, dosagens de polímero e desidratação. Os resultados de RE e TF foram obtidos quando da execução do projeto de pesquisa desenvolvido por KAWAMOTO et al. (2000) quando do estudo do efeito da oxidação química na desidratação de lodos de ETA’s.

• Etapa 3: Execução dos ensaios de determinação de RE e TF para os lodos oriundos dos decantadores da ETA Cubatão para diferentes condições de condicionamento, dosagens de polímero e desidratação. Os resultados de RE e TF foram obtidos quando da execução de ensaios de tratabilidade do lodos oriundos dos decantadores da referida ETA, que teve por finalidade subsidiar a concepção e projeto do sistema de tratamento da fase sólida.

A Tabela 1 apresenta um quadro resumo dos ensaios de resistência específica e tempos de filtração executados em cada uma das etapas deste trabalho experimental.

Tabela 1 - Quadro resumo dos ensaios de resistência específica e tempos de filtração executados em cada uma das etapas deste trabalho experimental

Etapa Lodos Teor de sólidos mínimo e

máximo (%)

Número de ensaios

1 ETE Barueri + ETA Guaraú 1,09 a 3,59 198

2 ETA ABV 1,01 a 2,25 95

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Para realização dos ensaios de resistência específica e tempo de filtração os lodos foram condicionados com polímeros a fim de melhorar as suas características de desidratabilidade. Foram testados diferentes tipos de polímeros catiônicos, na forma granular e de diferentes fabricantes. Os polímeros se diferenciam pela carga e peso molecular.

O cálculo da resistência específica foi determinado como descrito a seguir: para cada ensaio no funil de Buchner, montou-se uma tabela com os dados de tempo (s), volume (ml) e t/V (s/ml). A seguir, correlacionaram-se os dados, plotando o gráfico de t/V por V. Em seguida, traçou-se a reta média em seu trecho linear, desprezando-se os pontos finais e iniciais que não apresentaram comportamento linear. A inclinação da reta obtida foi denominada b. As condições específicas do teste foram a área do meio filtrante (A (m2)), pressão de vácuo (P (Pa)), viscosidade cinemática (h (kNs/m2)) e massa de sólidos da torta seca por unidade de volume de filtrado (w (mg/ml)). O valor de w para cada ensaio foi calculado de acordo com a expressão apresentada a seguir:

f V t V TS w= .1000. (mg/ml) (1)

TS= teor de sólidos do lodo (%)

Vt= volume total de lodo disposto no funil de Buchner (ml) Vf= volume do filtrado (ml)

A resistência específica foi calculada a partir da Equação (2).

h w A P b e R . 2 . . . 2 = (m/g) (2)

Os ensaios de RE e TF foram executados tendo-se seguido as recomendações operacionais recomendadas por (CHRISTENSEN et al (1985)). As Figuras 1 e 2 apresentam uma vista geral do equipamento experimental empregado na condução dos ensaios experimentais. Os lodos utilizados também foram caracterizados em termos de teor de sólidos totais, fixos e voláteis, conforme procedimento padrão (APHA,1998).

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Figura 1- Equipamento utilizado para condicionamento do lodo. Aplicação de polímero para a etapa de condicionamento

Figura 2 - Vista geral do equipamento experimental empregado na condução dos ensaios experimentais de determinação de resistência específica e tempo de filtração.

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Para cada ensaio de bancada realizado, o tempo de filtração foi considerado como o tempo correspondente a 100 ml de filtrado no cilindro (Figura 2). A resistência específica é calculada conforme apresentado na Equação 2. A Figura 3 apresenta um resultado típico de ensaio de resistência específica, onde são plotadas as grandezas t/V versus V (t=tempo de filtração e V=volume de filtrado).

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Volume do filtrado (ml) t/ V (s /m l)

Figura 3 – Resultado típico de ensaio de filtração para a obtenção dos parâmetros resistência específica e tempo de filtração.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com o objetivo de analisar os resultados obtidos de tempo de filtração e resistência específica em todos os ensaios realizados nas três etapas da pesquisa, foram elaboradas Figuras procurando-se uma correlação entre ambos os parâmetros resistência específica e tempo de filtração. As Figuras 4, 5 e 6 apresentam os resultados de tempos de filtração e resistência específica obtidos para as três etapas dos ensaios experimentais conduzidos.

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R2 = 0,781 0,0E+00 2,0E+12 4,0E+12 6,0E+12 8,0E+12 1,0E+13 1,2E+13 1,4E+13 0 200 400 600 800 1000 1200 Tempo de filtração (s) R es is tê nc ia e s pec íf ic a ( m /k g)

Figura 4 - Resistência específica em função do tempo de filtração para o lodo digerido da ETE Barueri, combinado ou não com lodo oriundo da ETA Guaraú (Etapa 1).

R2 = 0,794 0,0E+00 5,0E+12 1,0E+13 1,5E+13 2,0E+13 2,5E+13 3,0E+13 3,5E+13 4,0E+13 0 200 400 600 800 1000 Tempo de filtração (s) R e s is tê n c ia e s p e c ífi c a ( m /k g )

Figura 5 - Resistência específica em função do tempo de filtração para o lodo oriundo dos decantadores da ETA ABV (Etapa 2).

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R2 = 0,867 0,00E+00 2,00E+12 4,00E+12 6,00E+12 8,00E+12 1,00E+13 1,20E+13 1,40E+13 1,60E+13 1,80E+13 2,00E+13 0 50 100 150 200 250 Tempo de filtração (s) R es is tên ci a es p ecí fi ca ( m /k g )

Figura 6 - Resistência específica em função do tempo de filtração para o lodo oriundo dos decantadores da ETA Cubatão (Etapa 3).

Analisando-se as Figuras 4, 5 e 6, pode-se observar que existe uma relação entre os parâmetros tempo de filtração e resistência específica, mas os coeficientes de correlação obtidos foram de 0,781; 0,794 e 0,867 para os lodos oriundos da ETE Barueri, ETA ABV e ETA Cubatão, respectivamente, não indicando uma boa adequação dos dados à equação linear obtida.

No entanto, cabe ressaltar que os ensaios de condicionamento e desidratação foram conduzidos com lodos tendo diferentes teores de sólidos, que variaram de 1,0% a 3,9%. A resistência específica é, teoricamente, independente do teor de sólidos do lodo pois, como pode ser observado pelas equações 1 e 2, no seu cálculo o teor de sólidos é considerado no parâmetro massa de sólidos capturada por volume filtrado. No entanto, o tempo de filtração não pode ser considerado constante com a variação do teor de sólidos. Com o aumento do teor de sólidos, espera-se um aumento no tempo de filtração e vice-versa.

Portanto, com o objetivo de permitir uma análise comparativa do parâmetro tempo de filtração para lodos condicionados com diferentes teores de sólidos, é adequado que o tempo de filtração seja corrigido para um valor fixo de teor de sólidos. Matematicamente, pode-se escrever que:

ref TS ref TF i TS i TF = (3) TSi = teor de sólidos do lodo (%)

TFi = tempo de filtração do lodo com teor de sólidos TSi (s) TSref = teor de sólidos de referência (%)

TFref = tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência (s)

Observando-se os intervalos de teores de sólidos empregados nos ensaios experimentais, nota-se uma grande disparidade entre os mesmos, sendo que o lodo oriundo da ETE Barueri variou de 1,09 % a 3,59 %, ao passo que o lodo que teve por origem a ETA ABV variou de 1,01 % a 2,25 %. Deste modo, o valor de teor de sólidos de referência deve ser um valor intermediário daqueles que foram empregados nos ensaios de resistência específica e, portanto, representativo e próximo destes.

Assim sendo, fixou-se o valor de teor de sólidos de referência em 2,5 % para o lodo oriundo da ETE Barueri, 1,5 % para o lodo oriundo da ETA ABV e 0,8 % para o lodo da ETA Cubatão. Empregando-se a Equação (3)

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para a obtenção dos tempos de filtração de referência para este mesmo teor de sólidos, pode-se novamente buscar uma correlação entre os valores de resistência específica e tempos de filtração corrigidos.

As Figuras 7, 8 e 9 apresentam os resultados dos tempos de filtração corrigidos para o seu respectivo teor de sólidos de referência e resistências específicas obtidos quando da execução dos ensaios nas três etapas.

Figura 7 – Tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência igual a 2,5% em função da resistência específica para o lodo digerido da ETE Barueri, combinado ou não com lodo oriundo da ETA Guaraú. R2 = 0,949 0,0E+00 2,0E+12 4,0E+12 6,0E+12 8,0E+12 1,0E+13 1,2E+13 1,4E+13 1,6E+13 0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Tempo de filtração corrigido (s)

R e s ist ê n ci a e sp e cí fi ca ( m /kg ) R2 = 0,853 0,00E+00 5,00E+12 1,00E+13 1,50E+13 2,00E+13 2,50E+13 3,00E+13 0 200 400 600 800 1000

Tempo de filtração corrigido (segundos)

R es is tên c ia es pe c íf ic a ( m /k g)

Figura 8 – Tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência igual a 1,5% em função da resistência específica para o lodo da ETA ABV.

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R2 = 0,985 0,0E+00 2,0E+12 4,0E+12 6,0E+12 8,0E+12 1,0E+13 1,2E+13 1,4E+13 1,6E+13 1,8E+13 2,0E+13 0 50 100 150 200 250 300

Tempo de filtração corrigida (s)

R es is tên ci a es p ecí fi ca (m /k g )

Figura 9 – Tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência igual a 0,8 % em função da resistência específica para o lodo da ETA Cubatão.

Comparando-se as Figuras 4, 5 e 6 com as Figuras 7, 8 e 9, pode-se observar que os valores de tempo de filtração corrigidos para um lodo com o seu respectivo teor de sólidos de referência correlacionam-se muito mais satisfatoriamente com o parâmetro resistência específica do que quando comparado com os seus valores em estado bruto, isto é, obtidos para lodos com diferentes teores de sólidos. Para o lodo oriundo da ETE Barueri, enquanto o coeficiente de determinação das variáveis tempo de filtração e resistência específica foi de 0,781, o mesmo coeficiente obtido para as variáveis tempo de filtração corrigido e resistência específica foi de 0,949, o que indica uma sensível melhora na correlação entre ambas as variáveis.

Para os lodos da ETA ABV, pode-se observar que o coeficiente de determinação obtido foi de 0,794 quando foram correlacionados os valores brutos de tempo de filtração e resistência específica e, ao passo que quando corrigidos os valores de tempo de filtração, este passou para 0,853. A mesma melhoria da correlação entre ambas as variáveis também foi observada para os lodos da ETA Cubatão, tendo este aumentado de 0,867 para 0,985.

Deste modo, a simples execução do ensaio de tempo de filtração e sua posterior correção para um teor de sólidos de referência, permite a obtenção de resultados experimentais que possam ser comparados entre si temporalmente e, do mesmo modo, serem avaliadas as suas condições de condicionamento e desidratabilidade. Uma vez que a execução e obtenção dos resultados de resistência específica é extremamente demorada e de custo elevado, uma opção para a obtenção de valores numéricos que possam traduzir o comportamento das etapas de condicionamento e desidratação é a obtenção de valores de tempo de filtração e a sua correção para um determinado valor de teor de sólidos de referência permite que os dados gerados temporalmente possam ser analisados, mesmo que ao longo do tempo haja uma grande variação nos valores de teores de sólidos. Observando-se as Figuras 4, 5 e 6, pode-se notar que a maior parte dos resultados experimentais situa-se com valores de tempo de filtração inferior a 200 s e, de acordo com evidências práticas, normalmente os operadores de ETE’s e ETA’s consideram um lodo bem condicionado quando este produz um tempo de filtração inferior a 120 s para um volume de amostra igual a 200 ml. Assim sendo, as Figuras 10 e 11 apresentam os valores de tempo de filtração inferiores a 180 segundos e resistência específica para os lodos da ETE Barueri e ETA ABV, respectivamente.

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R2 = 0,5572 0,0E+00 5,0E+11 1,0E+12 1,5E+12 2,0E+12 2,5E+12 3,0E+12 3,5E+12 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Tempo de filtração (s) R es is tê nc ia e s pec íf ic a ( m /k g)

Figura 10 - Resistência específica em função do tempo de filtração para o lodo digerido da ETE Barueri, combinado ou não com lodo oriundo da ETA Guaraú (Etapa 1). Valores de tempo de filtração inferiores a 180 segundos.

R2 = 0,666 0,0E+00 1,0E+12 2,0E+12 3,0E+12 4,0E+12 5,0E+12 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Tempo de filtração (s) R e s is tê n c ia e s p e c ífi c a ( m /k g )

Figura 11 - Resistência específica em função do tempo de filtração para os lodos oriundos da ETA ABV (Etapa 2). Valores de tempo de filtração inferiores a 180 segundos.

Comparando-se as Figuras 10 e 11 com as Figuras 4 e 5, pode-se observar que para tempos de filtração inferiores a 180 segundos, a dispersão dos valores é significativamente maior quando comparado com todos os valores englobados em uma única correlação, sendo que os coeficientes de determinação foram reduzidos de 0,781 para 0,557 para os ensaios executados com os lodos da ETE Barueri e de 0,794 para 0,666 para os ensaios executados com os lodos da ETA ABV.

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Figura 12 – Tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência igual a 2,5% em função da resistência específica para o lodo digerido da ETE Barueri, combinado ou não com lodo oriundo da ETA Guaraú. Valores de tempo de filtração inferiores a 180 segundos.

R2 = 0,896 0,0E+00 5,0E+11 1,0E+12 1,5E+12 2,0E+12 2,5E+12 3,0E+12 3,5E+12 0 50 100 150 200 250 300

Tempo de filtração corrigido (s)

R e s ist ê n ci a e sp e cí fi ca ( m /kg ) R2 = 0,933 0,0E+00 2,0E+11 4,0E+11 6,0E+11 8,0E+11 1,0E+12 1,2E+12 1,4E+12 1,6E+12 1,8E+12 2,0E+12 0 20 40 60 80 100 120 140 160

Tempo de filtração corrigido (segundos)

R es is tên c ia es pe c íf ic a ( m /k g)

Figura 13 – Tempo de filtração corrigido para um teor de sólidos de referência igual a 1,5% em função da resistência específica para o lodo oriundo da ETA ABV. Valores de tempo de filtração inferiores a 180 segundos.

Comparando-se as Figuras 10 e 11 com as Figuras 12 e 13, observa-se uma significativa melhora nos coeficientes de determinação, de 0,666 para 0,933 para o lodo da ETA ABV e de 0,557 para 0,896 para o lodo da ETE Barueri.

Assim sendo, demonstra-se que a correção do tempo de filtração para um valor de referência, sendo este função de um específico valor de teor de sólidos, é de grande valia a fim de que seja possível interpretar os

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seus valores e compará-los entre si, para situações em que há significativa variação do teor de sólidos no lodo condicionado. Esta correção é um procedimento extremamente simples e que pode ser adotado com muita facilidade por estações de tratamento de esgotos e de água que possuam instalações de tratamento de fase sólida.

CONCLUSÕES

De acordo com os resultados experimentais obtidos pode-se concluir que:

• Ambos os parâmetros tempo de filtração e resistência específica são bons indicadores no tocante as características de condicionamento e desidratabilidade de lodos de ETA’s e ETE’s.

• Os parâmetros tempo de filtração e resistência específica apresentam uma correlação razoável entre si, no entanto, devido à variabilidade dos teores de sólidos do lodo que podem sofrer alterações sazonais, recomenda-se que os valores dos tempos de filtração sejam corrigidos para um específico teor de sólidos.

• Tendo em vista a grande dificuldade e demora na condução dos ensaios de resistência específica, recomenda-se que o parâmetro tempo de filtração corrigido seja empregado como parâmetro operacional de sistemas de desidratação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20a ed, AWWA, Washington DC, USA 1998.

2. AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION. Procedures manual for polymer selection in water treatment plants. American Water Works Association Research Foundation, Denver, 216 p. 1989.

3. BRINCK, N.C.P. Desaguamento mecânico de lodos de estação de tratamento de esgotos em conjunto com lodos de estação de tratamento de água., 273p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.

4. CHRISTENSEN, G.L., DICK, R.I. Specific resistance measurements: methods and procedures. Journal of Environmental Engineering, p.258-271, June. 1985.

5. FERREIRA FILHO, S.S., ALÉM SOBRINHO, P.A. Considerações sobre o tratamento de despejos líquidos gerados em estações de tratamento de água. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.3, n.4, 1998. 6. KAWAMOTO, P.H., FERREIRA FILHO, S.S. Efeito da oxidação química no processo de

condicionamento e desidratação de lodos de estações de tratamento de água. In: IX SIMPÓSIO LUSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Porto Seguro, 2000.

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