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XVIII CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 19 a 23 de outubro de 2009

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VISITANTES FLORAIS NA PITAIA NO MUNICÍPIO DE LAVRAS-MG VIRNA BRAGA MARQUES1, MURIEL SANTOS RIZENTAL2; JOSÉ DARLAN RAMOS3, NEIMAR

ARCANJO DE ARAÚJO4, RODRIGO AMATO MOREIRA5

RESUMO: No Brasil, as pitaias são consideradas plantas promissoras para a produção de frutas

exóticas, principalmente para a sua exportação para a Europa e Japão. O objetivo deste trabalho foi identificar visitantes florais de pitaia no município de Lavras – MG, capazes de realizar polinização cruzada. O experimento foi conduzido no Setor de Fruticultura – UFLA, em Lavras-MG, em duas áreas: um pomar experimental e na coleção de frutas exóticas. As coletas foram realizadas em esquema fatorial 2x2x2, sendo os fatores: duas etapas (diurna e noturna), duas áreas (pomar experimental e coleção de frutíferas exóticas) e dois dias de floração (10 e 13 de março de 2009), no delineamento inteiramente casualizados com cinco repetições e uma planta por parcela. Foi observada a polinização apenas por insetos. Foi coletado maior número de insetos no pomar experimental, no dia 13 de março, no período diurno. Representantes de Formicidae foram os mais presentes em todos os tratamentos nas avaliações.

Palavras-chave: insetos, pitahaya, Hylocereus undatus (Haw.) Britton & Rose, polinização. INTRODUÇÃO

Nas florestas tropicais do México, populações naturais de três espécies de Hylocereus

(pitaias) têm sido uma fonte de alimento para os habitantes das regiões onde têm crescido desde antes da chegada dos espanhóis ao Novo Mundo (Grimaldo-Juárez et al., 2007).

No Brasil, as pitaias são consideradas uma novidade promissora. As características como: sabor doce e suave, polpa firme e repleta de sementes com ação laxante têm despertado interesse nos produtores por sua grande aceitação nos mercados consumidores (Marques, 2008).

As flores da espécie estudada, Hylocereus undatus, são hermafroditas, as peças do tubo

floral se encontram em transição gradual até formar o perianto, externamente são brancas com as partes internas tendendo a amarelo-claro. O diâmetro de abertura total da flor é de aproximadamente 30 cm (Gibson & Nobel, 1986), com antese noturna. A cor branca das flores facilita sua visualização durante a noite, contribuindo para sua polinização, assim como o forte odor que elas emitem.

O tamanho e a massa do fruto de pitaia estão diretamente relacionados com a polinização, que é um pré-requisito para a indústria (Lichtenzveig et al., 2000), a quantidade de sementes é responsável pelo aumento do volume do fruto.

Na ausência de polinizadores naturais, nativos da América Latina, a otimização de técnicas de polinização artificial, incluindo protocolos de armazenamento de pólen, são de relevância econômica (Lichtenzveig et al., 2000), no Brasil a polinização ocorre naturalmente.

Os plantios comerciais de pitaia (Hylocereus undatus) estão presentes em países como na

Colômbia, Nicarágua e Vietnã (Lichtenzveig et al., 2000). No Brasil são poucos, mas há quem produza para exportação para países da Europa e para o Japão.

A pouca tecnificação do produtor de pitaia no Brasil, associada às normas de exportação dos países importadores do produto, são uma oportunidade para realizar estudos sobre as mais

¹ Doutoranda em Fitotecnia, DAG/ UFLA, virnabm@gmail.com

2

Mestre em Fitotecnia, DAG/UFLA, murielriel@hotmail.com

3

Professor Adjunto, DAG/UFLA, darlan@ufla.br

4

Graduando em Agronomia, UFLA neimararcanjo@yahoo.com.br

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diversificadas áreas, trabalhos sobre polinização, fisiologia, produção, sanidade e melhoramento vegetal podem ser explorados, ou mesmo iniciados no país.

A presença de características de diferentes sistemas de polinização tem sido documentada em numerosas espécies de plantas. A extensão da antese é baseada em características de algumas plantas como: a disponibilidade de visitantes noturnos e diurnos para a polinização das flores (Dar et al., 2006), entretanto, poucas pragas têm sido observadas em Hylocereus (Le Bellec et al., 2006) que

causem danos econômicos.

Por tudo isso, esta pesquisa visou identificar os visitantes florais diurnos e noturnos, polinizadores de pitaia (Hylocereus undatus), no município de Lavras – MG capazes de realizar

polinização cruzada.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Fruticultura do Departamento de Agricultura – DAG, da Universidade Federal de Lavras – UFLA, em Lavras, Minas Gerais. Localizado a 21º 14’ de latitude sul e 45º 00’ de longitude oeste, a 918m do nível do mar (SEBRAE, 1998). Em duas áreas distintas: um pomar experimental com 100 plantas de pitaia e na coleção de frutíferas exóticas que possui várias espécies, entre elas, espécimes de pitaia.

Para identificar os visitantes florais foram feitas amostras diretamente nas flores de pitaia por 15 minutos em cada planta, pelo método da batida. Os insetos encontrados foram coletados, armazenados em solução de álcool 70% para posterior identificação por taxonomista, no Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras.

As coletas foram realizadas em esquema fatorial 2x2x2, sendo os fatores: duas etapas (diurna e noturna), duas áreas (pomar experimental e coleção de frutíferas exóticas) e dois dias de floração (10 e 13 de março de 2009), no delineamento inteiramente casualizados com cinco repetições e uma planta por parcela. As características avaliadas foram a porcentagem e o número indivíduos presentes nas plantas de pitaia.

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A interação tripla entre as áreas, os dias e os períodos de avaliação não foi significativa para nenhuma das características avaliadas. Porém, na análise do número de indivíduos, foi observado que houve diferença significativa. O maior número de insetos foi coletado na área do pomar experimental, no dia 13 de março, no período diurno (Tabela 1).

Tabela 1. Médias do número de insetos coletados nas áreas de avaliação, durante o dia e a noite em dois dias, no Município de Lavras-MG, 2009.

Área Dia × Período

10 mar × diurno 13 mar × diurno 10 mar × noturno 13 mar × noturno

Pomar experimental 10,33 b 23,00 a 5,00 b 4,00 b

Coleção 5,00 b 3,67 b 10,33 b 6,00 b

CV= 66,7%

* Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.

A maior porcentagem (Tabela 2) de insetos foi observada durante o período diurno, no pomar experimental, no dia 13 de março.

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Tabela 2. Médias das percentagens de insetos coletados nas áreas de avaliação, durante o dia e a noite em dois dias, no Município de Lavras-MG, 2009.

Período Área × Dia

Pomar ×10 mar Pomar ×13 mar Coleção ×10 mar Coleção ×13 mar

Noturno 2,48 b 1,98 b 5,11 b 2,97 b

Diurno 5,12 b 11,32 a 2,47 b 1,82 b

CV = 66,7%

* Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.

Foi registrada a polinização das flores durante o dia por Apis mellifera (Figura 1), assim

como o encontrado por Valiente-Banuet et al. (2007). A atividade da Apis mellifera pode ser

extremamente eficiente, por colherem todo o pólen em algumas horas (Le Bellec et al., 2006).

Figura 1- Detalhe da polinização de Hylocereus undatus por representantes da família Apidae. A) Apis mellífera coberta de pólen sobrevoando o estigma túrgido. B) Corbicúla transportando pólen.

Na coleção de frutas exóticas foi capturado Diabrotica speciosa , um representante de

Chrysomelidae (Figura 2A), em 80% das plantas no período noturno e em 60% durante o período diurno. Stüpp et al. (2006) define esta espécie como uma praga polífaga de grande importância na América Latina e uma das fitófagas muito freqüentes em cultivos diversos, capaz de causar importantes danos em várias espécies de vegetais.

As formigas pertencentes aos gêneros Atta e Solenopsis podem causar grandes danos às

plantas, bem como as flores e frutas (Le Bellec et al., 2006). As formigas foram os insetos mais presentes nas coletas durante as avaliações (Figura 2B).

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Figura 2 – Detalhe de insetos capazes de causar danos as flores de Hylocereus undatus. A) Diabrotica speciosa. B) Ataque de formigas às flores.

Apesar da descrição de alguns autores (Valiente-Banuet et al., 2007; Le Bellec et al., 2006), nessas avaliações não foram observadas a presença de morcegos e pássaros como polinizadores, apenas insetos.

As flores da pitaia só abrem uma vez, porém se mantêm abertas desde a noite até a manhã seguinte, esta expansão do período da antese promove um maior grupo de visitantes, o que reforça a produção de frutos, uma estratégia de polinização desenvolvida por essa planta, favorecendo o aumento do tamanho do fruto.

CONCLUSÃO

Pelo que foi observado até o momento conclui-se que a polinização cruzada de pitaia é realizada por abelha (Apis mellifera) durante o dia, no município de Lavras.

Serão necessários novos estudos, principalmente sobre os danos causados por insetos, tanto no período vegetativo como no reprodutivo da cultura.

AGRADECIMENTOS

A Coordenação de Pessoal de Nível Superior – CAPES, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, pelas bolsas concedidas aos alunos envolvidos no projeto.

A Universidade Federal de Lavras pelo suporte físico, científico e tecnológico.

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

DAR, S.; ARIZMENDI, M.C.; VALIENTE-BANUET, A. Diurnal and Nocturnal Pollination of Marginatocereus marginatus (Pachycereeae: Cactaceae) in Central Mexico. Annals of Botany, v. 97, p. 423–427.2006.

GIBSON, A.C.; NOBEL, P.S. The Cactus Primer. Harvard University Press. London, England, 1986. 296p.

GRIMALDO-JUÁREZ, O; TERRAZAS, T; GARCÍA-VELÁSQUEZ, A.; CRUZ-VILLAGAS, M; PONCE-MEDINA, J.F. Morphometric analysis of 21 pitahaya (Hylocereus undatus) genotypes. Journal PACD, v.9, p. 99-117. 2007.

LE BELLEC, F.; VAILLANT, F.; IMBERT, E. Pitahaya (Hylocereus ssp.): a new fruit crop, a market

with future. Fruits, v. 61, n. 4, p. 237-250. 2006.

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LICHTENZVEIG, J.; ABBO, S., NERD, A.; TEL-ZUR, N; MIZRAHI, Y. Cytology and mating systems in the climbing cacti Hylocereus and Selenicereus. American Journal of Botany, v. 87, n. 7,

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SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SEBRAE. Lavras: diagnóstico municipal. Belo Horizonte: SEBRAE, 1998. 179 p.

STUPP, J.J.; BOFF, M.I.C; GONCALVES, P.A.S. Manejo de Diabrotica speciosa com atrativos

naturais em horta orgânica. Horticultura Brasileira, v. 24, n. 4, p. 442-445.2006.

VALIENTE-BANUET, A.; GALLY, R.S.; ARIZMENDI, M.C.; CASAS, A. Pollination biology of the hemiepiphytic cactus Hylocereus undatus in the Tehuacán Valley, Mexico. Journal of Arid Environments, v. 68, n. 1, p. 1-8. 2007.

MARQUES, V. B. Propagação seminífera e vegetativa de pitaia (Hylocereus undatus (Haw.) Britton

Referências

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