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EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA: MUDANÇAS DECORRENTES DA LEI Nº /15

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EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA: MUDANÇAS

DECORRENTES DA LEI Nº 13.105/15

Eduardo Caetano Tomazoni1 Emanueli Camila Ubiali2

Área de conhecimento:Direito. Eixo Temático:Processo Civil.

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar e comparar os dispositivos referentes à execução de alimentos, positivados pela Lei nº 5.869/73, com os dispositivos referentes ao cumprimento de sentença/decisão que fixou obrigação de pagar alimentos, positivados pela Lei nº 13.105/15, defininindo ao final quais foram as mudanças que efetivamente ocorreram. A metodologia utilizada foi a de leitura e comparação de referidas leis, enriquecidas pela leitura de doutrinas e jurisprudênciase pelo debate entre os dois autores. O resultado obtido foi a constatação de que pouca coisa realmente mudou, tendo sido a maioria dos dispositivos simplesmente atualizados, e alguns procedimentos tendo sido “transformados” de jurisprudência para letra de lei. A maior mudança, no sentido literal da palavra, foi a de que a execução de alimentos se transformou em mera fase processual, e não mais um processo em si, seguindo fielmente o princípio do sincretismo processual. Tal mudança acarretou num novo debate doutrinário, num ponto onde entendemos que a Lei nº 13.105/15 foi omissa, vez que determina que o cumprimento de sentença/decisão de alimentos, por ser mero incidente processual, deve ser feito nos mesmos autos, ignorando a diferença existente entre o rito do cumprimento pela expropriação e o rito do cumprimento pela coerção pessoal.

Palavras-chave:Execução de Alimentos. Cumprimento de Sentença. Novo Código de Processo Civil.

Prestação Alimentícia. Sincretismo Processual.

1 INTRODUÇÃO

Segundo clássica concepção de Pontes de Miranda, o alimento, em sentido amplo, abrange todo o necessário ao sustento, morada, vestuário, saúde e educação do ser humano. Atualmente, costuma-se acrescentar a este rol o lazer, considerado essencial para o desenvolvimento sadio e equilibrado de todo indivíduo (CF/88, art. 227).

Os alimentos consistem, assim, na prestação voltada à satisfação das necessidades básicas e vitais daqueles que não pode custeá-las. E essa prestação pode ser devida por força de lei (CC, art. 1.694, prevista para parentes, cônjuges ou companheiros), de convenção (CC, art. 1.920) ou em razão de um ato ilícito (CC, arts. 948, II, e 950). (DIDIER et al., p. 687, 2009).

Os alimentos podem ser classificados, segundo Didier et al. (p. 688, 2009), quanto à sua estabilidade em definitivos, provisionais e provisórios.

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Acadêmico do 4º ano do curso de Direito da UNIOESTE. Vice-presidente do CADRT – Centro Acadêmico de Direito dr. Ronaldo Antônio Corrêa Tramujas. eduardo_tomazoni_9@hotmail.com

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Os alimentos definitivos, também chamados de regulares, são aqueles estipulados na sentença, dada em cognição exauriente, predisposta à imutabilidade e sujeita à execução definitiva.

Os alimentos provisionais são aqueles fixados anteriormente ou durante a ação em que se pleiteam alimentos definitivos, podendo ser por decisão liminar ou sentença proferida em ação cautelar. É hipótese de tutela antecipada, no qual pretende-se garantir a subsistência do alimentando na pendência da ação em que são demandados. Ainda, poderá abranger verba suplementar, para custear as despesas do processo pendente.

Os alimentos provisórios são concedidos na própria execução em que se pedem os alimentos definitivos. São os alimentos definitivos antecipados já na fase de postulação, até mesmo liminarmente, com base no art. 4° da Lei n° 5478/68.

Fixados os alimentos, por sentença ou decisão, cabe ao alimentante realizar o pagamento no montante fixado. Não adimplindo com a obrigação, ou efetuando pagamento em montante aquém do determinado, caberá ao alimentado perseguir os valores judicialmente. Tal “perseguição” sofreu, recentemente, mudanças com a entrada em vigor da Lei nº 13.105/15, que revogou a Lei nº 5.869/73, que até então regulava a matéria. Sendo assim, o presente ensaio teórico visa analisar o modo que era regulada a execução de prestação alimentícia pela Lei nº 5.869/73 e o modo que passou a ser regulado o cumprimento de sentença/decisão que fixou alimentos na Lei nº 13.105/15, indicando ao final quais foram as mudanças que, efetivamente, ocorreram.

Extrai-se a relevância do tema da importância da efetividade das prestações alimentícias, que em sua grande maioria dizem respeito ao sustendo de infantes, bem como ao debate doutrinário que já se iniciou com relação à algumas das novas disposições estabelecidas pela Lei nº 13.105/15.

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| 1192 2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NA LEI Nº 5.869/1973

Os alimentos podem ser futuros ou pretéritos, e o antigo Código de Processo Civil – CPC/1973 trazia a normatização da execução de alimentos nos artigos 732 a 735.

Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.

Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

§ 2 º O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas ou vincendas; mas o juiz não lhe imporá segunda pena, ainda que haja inadimplemento posterior.

§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.

Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o tempo de sua duração.

Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode o credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido no Capítulo IV deste Título.

A partir de tais dispositivos e das obras dos doutrinadores brasileiros, observa-se quatro possibilidades diferentes de receber e/ou executar os alimentos outrora fixados. São elas: desconto em folha de pagamento, desconto em frutos civis (como é o caso de alugueis), coerção pessoal do devedor e expropriação de bens, na qual havia divergência doutrinária a respeito da aplicação dos arts. 732 e 475-J do CPC, divergência esta que foi sanada com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil (Lei n° 13.105/2015).

O revogado art. 734 do CPC, dizia respeito à possibilidade de pagamento dos alimentos através de desconto em folha, nas hipóteses em que o devedor fosse

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funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho. Nessa modalidade, o juiz mandaria descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia, a comunicação era feita à autoridade, empresa ou empregador via ofício, contendo todas as informações pertinentes, como os nomes do credor e do devedor, o montante devido e o tempo da duração.

Nos tópicos seguintes, será explanado mais aprofundadamente as principais modalidades de executar tais alimentos, seja pelo rito da prisão civil, seja pelo rito de expropriação de bens.

Quando da vigência do CPC/1973, ambas as execuções deveriam ser propostas em procedimento autônomo, acompanhada dos documentos necessários a fim de identificar as partes, e a cópia fiel do título judicial visando comprovar a existência do direito. Didier et al. faz uma distinção entre dois ritos próprios para a execução de tais verbas alimentares. Veja-se:

A distinção é importante, pois há dois ritos próprios para execução de verbas alimentares: existe o rito do art. 732 e do art. 733 do CPC. A execução de alimentos propriamente dita, com as medidas executivas específicas, aí incluída a prisão civil, e a do art. 733 do CPC, que diz respeito apenas às três últimas prestações devidas antes da execução e às que se vencerem após a propositura da execução: trata-se, nessa hipótese, de alimentos futuros. Quanto aos pretéritos, ou seja, os alimentos cujas prestações antecedem as três últimas anteriores ao ajuizamento da execução, deve ser adotado o rito do art. 732 do CPC, não se aplicando as peculiaridades do art. 733. (DIDIER et al., p. 691, 2009).

2.1.1 Rito da expropriação de bens

Na execução de alimentos outrora ditada no artigo 732, previa a penhora de bens do devedor no caso de inadimplemento do débito alimentar. Segundo Didier et al., aplicavam-se as regras do cumprimento de sentença (arts. 475-J e segs.), inseridas pela Lei Federal n. 11.232/2005.

Todavia, em se tratando de execução de título extrajudicial, aplicava-se o rito padrão para ele previsto, mas sem afastar as peculiaridades dos arts. 732-734 do CPC.

Antes da entrada em vigor da lei supracitada, o art. 732 remetia-se ao capítulo da execução por quantia certa contra devedor solvente. Com a nova lei, a execução de sentença realizada pelo rito da execução por quantia certa contra devedor

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solvente foi revogada, criando-se um outro procedimento para a efetivação das sentenças condenatórias por quantia certa, contido no art. 475-J.

Não obstante, o artigo 732 não foi expressamente revogado, o que deu margem para interpretações e posicionamentos distintos acerca de qual procedimento deveria ser utilizado para efetivar a execução dos alimentos.

Assim, parte da doutrina afirmava que a efetivação da cobrança dos alimentos fixados em títulos judiciais, se daria pelo cumprimento de sentença dado pela Lei 11.232/05 (Capítulo X do Título VIII), restando afastada a aplicação do art. 732. Já outros defendiam que a execução poderia continuar sendo realizada pelo rito contido em tal artigo, tendo em vista que a nova lei não havia o revogado.

Com base no art. 475-J e seguintes, o exequente ingressaria com pedido de cumprimento de sentença, o devedor seria intimado a efetuar o pagamento do débito alimentar no prazo de 15 (quinze) dias, caso não o fizesse, seria acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento) do valor do débito. Condicionado ao prévio requerimento do credor, de pronto seria expedido mandado de penhora e avaliação dos bens do executado.

Realizado auto de penhora e de avaliação, o executado seria intimado, na pessoa de seu advogado, por meio de representante legal ou pessoalmente, por mandado ou por correio, para, querendo, oferecer impugnação no prazo de 15 (quinze) dias. Se o executado efetuasse o pagamento parcial dos alimentos dentro no prazo, a multa incidiria sobre o restante.

Caso a parte exeqüente optasse por realizar a cobrança dos alimentos com base no art. 732 (como muitos entendiam ainda ser possível), o alimentando (exequente), deveria ingressar com uma ação autônoma, com cópia do título judicial, juntando o cálculo atualizado e discriminado do débito.

O juízo receberia a execução e determinaria a citação do executado para que, no prazo de 03 (três) dias, efetuasse o pagamento das parcelas vencidas ou apresentasse embargos, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da juntada aos autos do mandado de citação. Após, em não sendo efetuado o pagamento, deveria o Oficial de Justiça penhorar bens o suficientes para satisfazer a obrigação alimentar, promovendo sua avaliação. Se não encontrasse bens, deveria o Oficial de Justiça certificar as diligências.

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| 1195 2.1.2 Rito da coerção pessoal

A prisão civil constitui meio coercitivo destinado a forçar o cumprimento da obrigação, consistindo numa medida de apoio ao juiz a obter a satisfação do crédito alimentar, e serve de instrumento eficaz à satisfação do credor, que mantém condição peculiar, necessitando da quantia para atendimento às suas necessidades básicas.

Na execução prevista no artigo 733 do revogado CPC, qual seja, pelo rito coercitivo, o exequente ingressaria com ação de execução de alimentos, juntando cálculo discriminado e atualizado do débito, o juiz receberia a inicial e determinaria a citação do executado para que, no prazo de 03 (três) dias, efetuasse o pagamento, provasse que o fez ou justificasse a impossibilidade de fazê-lo, sob pena de prisão civil de 01 (um) a 03 (três) meses.

Realizado o pagamento, ou tendo provado que o pagou, o juiz prolataria sentença de mérito, extinguindo o feito pelo cumprimento da obrigação. Não realizado o pagamento, e não tendo o executado justificado de forma convincente a impossibilidade do pagamento, o juiz decretaria sua prisão civil, no prazo que achasse conveniente, dentro do mínimo e máximo fixado pela legislação.

Decorrido o prazo da prisão, o executado deveria ser posto em liberdade. Cumprida a prisão, este não poderia ser novamente preso pelo inadimplemento das mesmas prestações vencidas, porém, vindo a se vencer novas prestações no curso da execução, seria cabível nova prisão. Se realizasse o pagamento integral do débito, o executado deveria ser solto imediatamente e a execução extinta pelo cumprimento.

Outrossim, o devedor também poderia apresentar justificativa, que deveria ser juntada no prazo de 03 (três) dias a contar da data em que o mandado de citação foi juntado nos autos. Dessa justificativa, o juiz da causa proferiria uma decisão acatando ou não seus argumentos. Se acatasse, deixaria de decretar a prisão do devedor, se não acatasse, decretaria sua prisão de imediato. Na última hipótese, caso o devedor se mantivesse inerte, mediante requerimento do exequente, o juiz decretaria sua prisão civil.

Ademais, havia a Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça que versava sobre a matéria ora ventilada, hoje letra de lei: “O débito alimentar que autoriza a

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prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.”

Outra divergência doutrinária dizia respeito ao tempo da prisão civil, tendo em vista que o CPC trazia que esta seria de 01 (um) a 03 (três) meses, enquanto na Lei de Alimentos n° 5.478/1968 dispunha que seria de até 60 (sessenta) dias. Porém, a jurisprudência, bem como a maioria dos doutrinadores, utilizavam o prazo apresentado pelo CPC.

2.2 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA/DECISÃO QUE FIXOU OBRIGAÇÃO DE PAGAR ALIMENTOS NA LEI 13.105/2015:

O atual Código de Processo Civil – CPC positivou o comprimento de sentença de alimentos nos artigos 528/532, in verbis:

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1oCaso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.

§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.

§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. § 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.

§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.

§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.

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| 1197 § 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.

§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.

§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.

Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.

§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.

§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença. Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.

Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. § 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.

§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.

§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação. § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.

§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.

Conforme os dispositivos acima transcristos, denota-se a existência de algumas subdivisões no cumprimento de sentença/decisão que fixou alimentos: O cumprimento pelo rito da expropriação e o cumprimento pelo rito da prisão civil, existindo ainda regras específicas quando ao cumprimento de decisão interlocutória e cumprimento provisório de sentença que fixaram alimentos. Faremos um

“briefing”de cada subdivisão, e ao final indicaremos algumas disposições que valem

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| 1198 2.2.1 Rito da expropriação

A parte beneficiária dos alimentos (exequente) deverá peticionar requerendo o cumprimento da sentença, juntando aos autos o cálculo atualizado e discriminado do débito. Frise-se que a parte pode optar por todo o débito, incluindo os das três últimas parcelas anteriores ao ajuizamento da ação, ser processado pelo rito da expropriação, eis que o artigo 528, §7º do CPC, positiva que o débito alimentar que autoriza a prisão civil é o que compreende até as últimas três prestações anteriores ao pedido de cumprimento de sentença e as que se vencerem no curso do processo, mas não afirma, taxativamente, que tais prestações devem ser processadas pelo rito da prisão civil. Neste caso, aplicam-se as normas dos artigos 523 ao 527, do CPC, no que couberem.

Recebido o pedido de cumprimento de sentença, o Executado será intimado para, no prazo de 03 (três) dias, pagar o débito, provar que já o pagou ou justificar a impossibilidade de pagar, sob pena de protesto judicial. Frise-se também que, conforme o §2º do artigo 528, somente uma impossibilidade absoluta de pagar justificará a ausência de pagamento.

Decorrido o prazo de 03 (três) dias sem o pagamento, acrescentar-se-á ao valor do débito o valor de multa e honorários advocatícios, no montante de 10% cada, sendo que, havendo pagamento parcial, a multa e honorários incidirão sobre o restante do débito (artigo 523, §§ 1º e 2º). Após, será realizado o protesto judicial, bem como (por não se admitir a coerção pessoal do executado) o cumprimento prosseguirá por meio dos atos expropriatórios, seguindo o disposto no artigo 831 do CPC, conforme o artigo 530 do mesmo códex.

Por fim, o cumprimento provisório de sentença que fixou alimentos, bem como o cumprimento de decisão interlocutória que fixou alimentos “desde logo” (enquanto o processo ainda está tramitando) devem ser, por força do disposto no §8º do artigo 528 do CPC, realizados pelo rito da expropriação, não se admitindo a prisão civil do executado.

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| 1199 2.2.2 Rito da coerção pessoal

O cumprimento de sentença pelo rito da prisão civil só pode ser feito em relação ao débito das 03 (três) últimas parcelas antes do pedido de cumprimento de sentença, mais as parcelas que se vencerem no decorrer do processo.

O procedimento inicial é quase igual ao do rito da expropriação: O Exequente juntará cálculo discriminado e atualizado do débito, sendo o executado intimado para, no prazo de 03 (três) dias, pagar o débito, provar que já pagou ou justificar o não pagamento, sob pena de protesto judicial e prisão civil, pelo prazo de 01 (um) a 03 (três) meses.

Decorrido o prazo sem o pagamento, justificativa suficiente ou comprovação do débito já ter sido adimplido, o débito será protestado e a prisão civil decretada, pelo prazo que o magistrado achar conveniente, vez que o código deixa o montante livre para o juiz fixar, limitando-se a indicar o prazo mínimo e o prazo máximo.

Preso o executado, ele deverá ser imediatamente solto se realizar o

pagamento integral do débito.

A prisão civil deverá ser cumprida em regime fechado, onde o executado deverá ficar separado dos “presos comuns”. Conforme o §5º do artigo 528, o cumprimento da pena não quita o débito, nem exime o executado do pagamento das prestações vincendas. Sendo assim, conforme o §5º de mesmo artigo, cumprida a pena de prisão, mas não adimplido o débito, iniciar-se-ão os atos expropriatórios, nos termos do artigo 831 e seguintes do CPC. Nesse sentido, o executado não pode ser novamente preso pelo pagamento das parcelas vencidas em relação às quais

já foi preso uma vez.

2.2.3 Disposições comuns

Poder-se-á realizar o pagamento das parcelas vencidas e vencidas por meio do desconto em folha de pagamento, sendo necessário para tal que o executado tenha algum vínculo empregatício “oficial”. O artigo 529 do CPC enumera: “Quanto o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto e folha de pagamento da prestação alimentícia.”

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O procedimento é simples. As parcelas vincendas vão sendo descontadas, mês a mês, transferindo-se o valor para conta do beneficiário. As parcelas vencidas pode ser descontadas, de forma parcelada, juntamente com as parcelas vincendas, desde que, somadas, não ultrapassem 50% (cinquenta por cento) dos ganhos líquidos do executado (§3º do artigo 529 do CPC).

Por fim, o cumprimento de decisão interlocutória que fixou alimentos provisórios e o cumprimento provisório da sentença que fixou alimentos deverão ser processados em autos apartados, mas apensos aos principais (§1º, artigo 531, CPC).

O cumprimento de sentença que fixou alimentos, como o próprio nome já indica, é uma mera fase do processo, devendo, portanto, ser cumprida nos próprios autos em que a sentença foi proferida (§2º, artigo 531, CPC). Porém, entendemos que o CPC foi omisso nessa situação. Explicamos.

Conforme visto anteriormente, o cumprimento de sentença/decisão que fixou alimentos pode ser feito por dois ritos: o da expropriação e o da prisão civil. Tais ritos são conflitantes, vez que tratam de parcelas diferentes da dívida, trazem modos de “cobrança” da dívida diferentes (prisão civil x expropriação), um contém multa, outro não.. Proceder o cumprimento de sentença das parcelas alimentícias vencidas, nos mesmos autos, sob esses dois ritos, certamente traria uma confusão processual imensa, tanto para o magistrado quando para os procuradores, o que, sem dúvida, teria seus reflexos nas partes.

Porém, a doutrina já vem se manifestando sobre o assunto, afirmando que, no caso de se fazer o cumprimento de sentença por ambos os ritos, um pedido de cumprimento deverá ser processado nos mesmos autos em que foi proferida a sentença, e o outro deverá ser processado em apartado, apenso aos autos principais, como se mero incidente de execução fosse.

O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do artigo 523, CPC/2015, caso em que não será admissível a prisão do executado e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. A norma do artigo 528, §8º, CPC/2015, não admite a possibilidade de cumulação de execuções por quantia certa e com pedido de prisão. O credor deverá optar por um dos procedimentos ou simplesmente fazê-los em demandas separadas. (FLEXA, MACEDO, BASTOS, p. 421, 2016).

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No caso concreto, até que se consolide um ou outro entendimento, ficará a cargo do magistrado decidir se irá manter o cumprimento pelo rito da prisão nos autos principais e o da expropriação em apartado, ou vice-versa.

2.2.4 Execução de alimentos fixados em título extrajudicial

A execução de alimentos fixados em título extrajudicial foi positivada nos artigos 911, 912 e 913 do CPC. Confira-se:

Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.

Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528. Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação alimentícia.

§ 1o Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.

§ 2o O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve ser feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração.

Art. 913. Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.

Da simples leitura dos dispositivos acima transcritos, denota-se que o procedimento é em demasia semelhante ao do cumprimento de sentença que fixou alimentos para que façamos um “briefing” detalhado sobre ele. Destacaremos somente que não se fala em “intimação” do executado para pagamento, mas sim em “citação”. Isso pelo fato de, por ser fundada em um título extrajudicial, não é a execução uma simples fase de um processo de conhecimento, justamente por não ter havido um processo de conhecimento, sendo necessário, então, a ciência do executado de que existe, efetivamente, uma execução contra ele.

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| 1202 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação ao modo de cobrar os alimentos, poucas coisas mudaram realmente com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil. Nessa senda, percebe-se um maior sincretismo processual, de modo que a cobrança é realizada por meio de cumprimento de sentença, e não mais por processo autônomo de execução de alimentos.

Entretanto, as mudanças ocorridas acarretaram vários novos debates doutrinários, num ponto onde alguns entendem que a Lei n° 13.105/15 foi omissa, quando determina que o cumprimento de sentença/decisão de alimentos, por ser uma fase processual, deve ser feito nos próprios autos em que foi prolatada a sentença/decisão, ignorando a diferença existente entre o rito do cumprimento pela expropriação e o rito do cumprimento pela coerção pessoal, sendo que caso sejam executados simultaneamente, por certo causarão tumulto processual.

Outrossim, o que se busca com o cumprimento de sentença, é a efetivação do direito do alimentando, independente da maneira que as prestações alimentícias são executadas. Nesse sentido, verifica-se que os ritos trazidos pelo CPC mostram-se como mecanismos eficazes para a efetivação desmostram-se direito.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 01 ago. 2016.

BRASIL. Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 jan. 1973. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 01 ago. 2016.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 8. ed. Salvador: Jus Podivm, 2016.

FLEXA, Alexandre; MACEDO Daniel; BASTOS Fabrício. Novo Código de Processo

Civil. Salvador: Jus Podivm, 2016.

DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil. Bahia: Jus Podivm, 2009.

Referências

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