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VIII Conferência Nacional da Juventude da AE Natal, 13 a 15 de julho de 2012 TEXTO BASE

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VIII Conferência Nacional da Juventude da AE Natal, 13 a 15 de julho de 2012 TEXTO­BASE Apresentação 1.  A VIII Conferência de Juventude da Articulação de Esquerda se realizará em Natal, entre os dias  13 e 15 de julho, na sequência da 9ª Jornada Nacional de Formação da AE, e terá como pauta: a)  conjuntura;   b)   tática,   estratégia   e   organização   da   JAE;   c)   JAE:   concepção   e   funcionamento;   d)  Juventude do PT.

2.   Este  é   um  momento   decisivo   para   traçarmos   as  resoluções  políticas,  orientações  e  diretivas  de  atuação que capacitem a nossa organização a dialogar com a juventude petista e com o conjunto da  juventude   trabalhadora   brasileira.   Nesta   conferência   definiremos   a   política   que   nos   permitirá  aprofundar nossa influência sobre os rumos da JPT e sobre as lutas sociais da juventude.

3.   É   hora   de   aprimorar   nossas   formulações,   ter   mais   precisão   em   nossas   análises,   difundir   nossa  opinião,   dar   mais   coesão   à   nossa   organização   interna   e   potencializar   nossa   ação   política.   Disso  depende a nossa trajetória para os próximos anos. Socialismo e juventude 4. Não aceitamos as coisas como são. 5. Em primeiro lugar, porque trememos de indignação sempre que nos deparamos com uma injustiça;  porque não concordamos com a opressão e a exploração de uns pelos outros; porque não achamos  normal a existência da abundância em meio à miséria; porque não é verdade que todos nascem livres e  iguais.

6.  Em  segundo  lugar, porque não  nos deixamos  levar pelas aparências,  sempre  perguntamos   “por  quê?” e não nos satisfazemos com qualquer resposta; porque não nos cansamos de buscar a verdade e  a   liberdade,   onde   quer   que   elas   estejam;   porque,   para   nós,   a   barbárie   não   tem   justificativa,   tem  explicação.

7. Em terceiro lugar, porque as coisas não são estáticas, elas mudam com o tempo; porque sabemos  que  o mundo  está  em  constante  mudança,  que tudo  é passageiro,  que  a história  jamais se  repete;  porque as coisas não foram sempre assim e, portanto, não serão sempre assim.

8. Em quarto lugar, porque o futuro não está fatalmente predeterminado pelo passado; porque fazemos  nossa própria história; porque ninguém mais além de nós mesmos pode mudar as circunstâncias, o  terreno da história; porque somos capazes de mudar o que está à nossa volta.

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9. Por isso, lutamos por um mundo sem explorados nem exploradores, sem opressão nem dominação  de nenhum tipo, uma sociedade sem classes e sem Estado, que nós chamamos de socialismo.

10. Não temos garantias de que conseguiremos, não está escrito nas estrelas. Também não temos como  prever quanto tempo vai demorar para superar a pré­história da humanidade. Mas temos uma certeza:  construir o socialismo é necessário e possível.

11.   Construir   o   socialismo   é  necessário,   porque   não   vemos   outra   maneira   de   deter   a   barbárie  capitalista, um tipo de sociedade em que os momentos de aparente prosperidade e paz (para poucos) só  fazem   preparar   outros   momentos   de   guerra   e   miséria   (para   muitos)   sempre   mais   terríveis   que   os  anteriores. Só o fim da exploração entre os seres humanos será capaz de por um fim à dinâmica de  constante concentração da riqueza produzida por muitos nas mãos de uns poucos.

12.  Construir  o socialismo  é  possível, porque o  capitalismo  não é eterno. Ele  possui  contradições  internas que repõem, cotidianamente, o conflito entre uma produção cada vez mais socializada e uma  apropriação   cada   vez   mais   privada;   contradições   cuja   solução   definitiva   depende   da   propriedade  coletiva dos meios de produção. O próprio capitalismo tem desenvolvido a capacidade produtiva a tal  ponto que torna possível garantir, ao conjunto da humanidade, abundância e conforto com pequenas  jornadas de trabalho.

13.   Como   jovens,   temo   consciência   de   que   esta   luta   não   começa   agora.   Somos   herdeiros   e  continuadores de um processo que passa por gerações e gerações e, portanto, também haverá quem  prossiga esta construção depois de nós.

14.   A   luta   pelo   socialismo   continua   e   continuará   na   mesma   medida   em   que   o   capitalismo   se  desenvolver. Nós vamos adquirir nossas experiências de luta e acumular forças com o aprendizado das  gerações anteriores e com as lições que tirarmos dos conflitos atuais.   15. Por isso, além da conquista de nossas reivindicações no curto prazo, temos mais motivos para  seguir lutando no médio e longo prazo: forjar nossos instrumentos, aprimorar nossa estratégia, testar  nossas teorias, conhecer o terreno, conquistar aliados, observar os movimentos do inimigo e aproveitar  suas fraquezas etc. 16. Mas atuamos hoje em circunstâncias bem diferentes de quem nos antecedeu: o modo de produção  capitalista   conquistou   os   quatro   cantos   do   planeta,   o   movimento   socialista   está   na   defensiva   e   a  correlação de forças tem favorecido uma ofensiva do capital sobre o trabalho.

17. Por conta disso, muitos desistiram antes da hora, enrolaram suas bandeiras, trocaram suas camisas  e   se   deixaram   tomar   pelo   desespero.   Mas   estão   aí   os   buracos   cavados   por   velhas   toupeiras   que  seguiram lutando e não deram o braço a torcer:  bem ou mal, resistiram à crise do socialismo  e à  hegemonia do capitalismo neoliberal.

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18. Não é sempre que janelas históricas se abrem, são momentos raros. Mas temos razões para achar  que os jovens de hoje tem a oportunidade (e a responsabilidade) de aproveitar uma pequena fresta  aberta pela fratura do capitalismo, em profunda crise.

19. Isso se faz ainda mais viável, na medida em que atuamos a partir de um contexto histórico inédito:  os   diversos   governos   progressistas   e   de   esquerda   na   América   Latina   e   Caribe   fazem   frente   ao  neoliberalismo   e   ao   desenvolvimentismo   monopolista   conservador.   Para   os   jovens   socialistas,  portanto,   trata­se  de  prosseguir   e  aprofundar   as   mudanças   em   curso,   ampliando  a   capacidade   dos  trabalhadores de resistir às tentativas dos capitalistas de nos fazer pagar o preço da crise que eles  criaram. 20. Assim, para as próximas décadas, nossa geração só poderá promover uma nova ofensiva socialista  se conseguir afastar a possibilidade de um desfecho conservador e neoliberal para a crise. Mas uma  futura ofensiva depende, também, de conseguirmos derrotar quem pretenda mudar tudo para deixar  tudo como está, ou seja, reorganizar o capitalismo para um novo ciclo de expansão e acumulação  global. 21. Neste sentido, o desafio das novas gerações é derrotar os neoliberais ao mesmo tempo em que nos  aproveitamos das contradições internas do capitalismo em processo de reorganização para fortalecer a  classe   trabalhadora   e   o   socialismo   como   uma   alternativa   real   no   Brasil,   na   América   Latina   e   no  mundo.

22. Por isso, é preciso participar ativamente da disputa em torno do modelo de desenvolvimento no  continente   e   no   país,   sem   o   que   não   estaremos   em   condições   de   aproveitar   a   nosso   favor   as  contradições do processo.

Desenvolvimento e juventude

23.   No   Brasil,   foi  superado   o   paradigma   de   que   não   seria   possível   crescer   distribuindo   renda.   A  própria distribuição de renda tornou­se um fator  de crescimento ao ampliar o mercado interno  de  consumo de massas. Mas crescimento é diferente de desenvolvimento, que não é sinônimo de melhor  qualidade de vida, que é muito mais que apenas as condições materiais de existência, que não se  resume à capacidade de consumo. 

24. Na história brasileira contemporânea, o modelo de desenvolvimento dominante combinou capital e  planejamento estatal a serviço dos interesses privados monopolistas nacionais e estrangeiros. Hoje, os  componentes   fundamentais   do   atual   ciclo   de   desenvolvimento   capitalista   combinam   diferentes  elementos   do   nacional­desenvolvimentismo,   do   desenvolvimentismo   conservador   privado   e,   em  menor medida, do social­desenvolvimentismo. As políticas sociais contribuem para a erradicação da  miséria e mudam substancialmente a vida do povo brasileiro, mas pouco interferem no padrão de  acumulação capitalista, que segue tendo na hegemonia do capital financeiro, no imperialismo e no  monopólio da terra seus pilares centrais de sustentação.

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25. Este padrão se confirma, sobretudo, se considerarmos que este modelo de desenvolvimento não se  propõe  a   romper  com   a   condição  de   economia   dependente  e  subdesenvolvida   do   Brasil   no   plano  internacional, em que pese seu crescimento associado à distribuição de renda e seu maior ativismo na  geopolítica mundial. 

26. Não se trata, portanto, de fortalecer taticamente os setores social­desenvolvimentistas na disputa  com os desenvolvimentistas nacionalistas e o desenvolvimentismo conservador privado, mas de dar  musculatura   e   viabilizar   um   projeto   democrático   e   popular   de   desenvolvimento   para   superar   as  contradições do desenvolvimentismo até então vigente e fazer emergir novas contradições. 27. Em outras palavras, devemos viabilizar um modelo de desenvolvimento que resolva não apenas o  problema do consumo das grandes massas, mas das suas condições materiais de existência; não apenas  de seus níveis de vida material, mas  da qualidade de vida; não apenas da qualidade de vida, mas  também de seu nível cultural, consciência política e as diferentes esferas da condição humana. Por fim,  mais que mudar profundamente e para melhor a vida das pessoas, deve­se proporcionar a emancipação  dos trabalhadores e trabalhadoras.

28.  Neste caminho, inúmeras contradições são  engendradas,  em  virtude dos conflitos econômicos,  sociais   e   políticos   protagonizados   pelas   classes   com   interesses   irreconciliáveis.   Afinal,   ao   mesmo  tempo em que a acumulação de capital produz uma burguesia cada vez mais poderosa, cria uma classe  trabalhadora numerosa que, ademais, é predominantemente jovem. 29. Tornou­se lugar comum dizer que vivemos um contexto de “bônus demográfico” no país, em que a  população economicamente ativa é maior que a população dependente (em geral, crianças e idosos), e  que essa situação não durará por muito tempo. Mas, entre as diferentes vertentes de desenvolvimento  em disputa, desta constatação comum decorrem diferentes conclusões. Em linhas gerais, trata­se de  saber qual é o papel a ser cumprido pelo amplo contingente de jovens que atualmente tornou possível  este “bônus demográfico”.

30.   A   continuar   o   modelo   atual   de   desenvolvimento,   em   que   até   mesmo   as   correntes   social­ desenvolvimetistas   são   minoritárias,   o   “bônus   demográfico”   apenas   favorecerá   a   acumulação  capitalista por meio da manutenção de altas taxas de mais­valia, sem a ocorrência de transformações  estruturais que alterem o padrão cada vez mais privado de apropriação da riqueza social produzida. 31. Neste sentido, devemos reunir forças em torno dessas mudanças estruturais que permitirão aos  jovens   trabalhadores   de   hoje   lutar   pelo   socialismo   nas   próximas   décadas   em   circunstâncias   mais  favoráveis.

O Brasil e a juventude

32. Nos últimos anos, muitos têm apontado que “novos personagens” tem entrado em cena no cenário  político   do   país.   As   políticas   sociais   e   geração   de   postos   de   trabalho   impulsionada   desde   2003  promoveram uma mobilidade social que retirou milhões da pobreza e ampliou a classe trabalhadora  brasileira.

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33. Está classe trabalhadora ampliada é majoritariamente jovem. Por sua vez, a juventude brasileira  também é, em sua maioria, trabalhadora. Os dados estatísticos mais recentes indicam que  70% dos  aproximadamente 50 milhoes de jovens do país estão em atividades economicamente ativas. Ou  seja, algo como 35 milhões de jovens no Brasil estão trabalhando ou procurando emprego. 34. Estes trabalhadores tiveram uma elevação de suas condições materiais que não foi acompanhada  por uma correspondente elevação cultural ou de valore solidários, humanistas ou mesmo de posições  políticas de esquerda e progressistas.

35.  As  eleições de 2010, por exemplo,  foram  marcadas por  esse  descompasso  entre  a mobilidade  social dos últimos anos e o conservadorismo enraizado em expressivos setores da população. Ampliar  e polarizar essa disputa ideológica contra a direita será uma das principais tarefas dos partidos de  esquerda e dos movimentos sociais no próximo período. 36. É necessário compreender que as investidas de algumas denominações religiosas contra o Estado  laico, a onda de ataques homofóbicos nas grandes cidades, a audiência de propostas como a pena de  morte e a redução da maioridade penal, a criminalização do uso de drogas leves, entre outras ações,  revelam o conteúdo reacionário e conservador da ação da direita que devemos enfrentar. 37. Esta disputa se acentuará entre as novas gerações. O atual momento político coincide com um  quadro demográfico de expressiva presença de jovens no país, conformando um quarto da população  brasileira.  38. Para estes jovens, não há memória do período neoliberal e o modo petista de governar é, por vezes,  assimilado como exemplo de política tradicional, o que exige que os partidos e movimentos do campo  democrático popular renovem sua pauta política e apresentem uma agenda de conquistas e mudanças  para o presente e futuro destes jovens. O movimento sindical e a juventude 39. Criada no último Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores, em 2009, a Secretaria  de   Juventude   da   CUT   nasceu   com   os   desafios   de   organizar   a   juventude   trabalhadora   brasileira,  fortalecer o projeto CUTista e agregar peso na construção das diversas lutas da juventude brasileira e  dos movimentos sociais. 

40. A juventude trabalhadora está especialmente exposta a uma série de situações de risco social,  como a violência, o desemprego, a baixa escolaridade e o trabalho precarizado e mal remunerado. No  campo,   a   situação   dos   jovens   também   é   difícil,   uma   vez   que   estes   estão   cada   vez   mais   sendo  empurrados para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida e de uma perspectiva de  futuro.

41. No movimento sindical, o debate sobre juventude ainda precisa avançar muito e quebrar o grande  preconceito geracional existente. É visível o envelhecimento e a dificuldade de renovação pela qual  vem   passando   o   movimento   sindical   brasileiro   nas   últimas   décadas,   fato   que   também   dificulta   a  renovação   das   práticas   políticas   e   o   diálogo   com   as   novas   gerações   de   trabalhadores   (flexíveis,  superexplorados e com pouco tempo disponível). 

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42. Além disso, faz­se necessária a disputa com aqueles setores do movimento sindical que vêem a  juventude   de   forma   totalmente   utilitarista,  ou   que   apresentam   como   pauta  única   para   a  juventude  trabalhadora o debate sobre a qualificação profissional, como se o objetivo da juventude fosse servir  de força de trabalho barata para o capital.

43.   Todos   os   aspectos   acima   citados   só   evidenciam   o   tamanho   dos   desafios   enfrentados   pela  Juventude da CUT nos primeiros passos da sua organização. Podemos dizer que a criação de uma  Secretaria específica para tratar do tema Juventude no interior da CUT nacional e das CUTs estaduais  já representou um grande acerto e um passo importante na construção das lutas da juventude brasileira. 44. A Juventude da CUT tem que consolidar sua organização de base e a formação política, trazendo  milhares de jovens para debater as suas condições de vida e de trabalho, apresentando a perspectiva de  organização sindical como meio de efetivação concreta de suas lutas. 45. Na disputa por políticas de Estado que garantam melhores condições de vida e trabalho para a  juventude, destaca­se o importante papel da Juventude da CUT na Conferência Nacional de Juventude,  nas Conferências sobre o trabalho decente e nos Conselhos de Juventude em que se faz presente. Na  relação com os demais movimentos de juventude, a Juventude da CUT, embora com certos limites  para articular uma estratégia e uma agenda de lutas em comum com outros movimentos sociais, deve  aprofundar a relação com os movimentos historicamente identificados com o projeto democrático­ popular (UNE, Marcha Mundial de Mulheres, Pastorais da Juventude e Via Campesina).  46. Portanto, é importante que a Juventude da CUT continue se organizando de forma autônoma, e  possa construir uma intervenção à altura da história e das lutas que fizeram da CUT a maior e mais  importante central sindical da América Latina, exigindo para isso que as direções da CUT garantam o  aporte de recursos necessários para a realização das reuniões, encontros, atividades de formação e  mobilizações propostas pela juventude. 47. Precisamos também lutar por uma Juventude da CUT capaz de romper com a atual  apatia do  movimento sindical brasileiro, e que esteja presente nas mais diferentes lutas da juventude e da classe  trabalhadora. A juventude deve ser mobilizada para as grandes transformações sociais, e é ela o setor  com grande capacidade de enfrentamento aos problemas gerados pelo capitalismo, sendo um papel da  CUT disputar os corações e mentes da juventude brasileira para um projeto realmente transformador e  emancipador para a classe trabalhadora. O PT e a juventude

48.  Para  organizar   a luta  dos  jovens  trabalhadores  e  aprofundar  as mudanças  no  país,  o PT  deve  incorporar o tema juventude na sua agenda política e ampliar as iniciativas que reforcem o caráter  democrático e militante do partido. 

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49. A tarefa dos jovens petistas passa a ser maior do que tratar apenas dos temas “de juventude”. Uma  das principais tarefas da Juventude Petista deve ser a de mudar o PT, ampliando sua presença nas lutas  da juventude, com mobilização, formação política, debate ideológico e a ação cultural. 50. Precisamos superar em nosso partido a visão instrumental que encara os jovens como “tarefeiros”  ou apenas como quadros “inexperientes” a serem formados para o futuro. A compreensão do jovem  como sujeito político do presente, capaz de participar da renovação do projeto político do partido,  permanece como um grande desafio. 51. Apesar de ter sempre contado com muitos jovens em suas fileiras, o PT nunca considerou o tema e  a organização dos jovens como prioridade. Por vezes, inclusive, relegou a outros partidos da esquerda  brasileira a referência do projeto democrático e popular na juventude. 52. São por esses e outros motivos que o PT, mesmo com quase 30% da preferência do eleitorado  nacional, tem perdido apoio nas novas gerações. A crescente institucionalização, o refluxo do debate  ideológico   e   a   ausência   de   discurso   e   diálogo   com   os   movimentos   juvenis   reforçam   este  distanciamento.

53. É central para o PT e a juventude do PT dialogar com a jovem geração de lutadoras e lutadores  sociais.   Contrariando   o   senso   comum   conservador   de   que   a   juventude   é   apática   e   despolitizada,  acompanhamos o surgimento cada vez maior de novas redes e formas de participação da juventude.  No trabalho, nos estudos ou mesmo conectada ao mundo a partir da internet, percebemos na ação  comunitária, nas redes sociais ou nas marchas e movimentos juvenis, uma atuação coletiva cada vez 

mais   diversificada.

54.   Apontar   caminhos   que   reforcem   o   caráter   democrático   e   militante   da   Juventude   do   PT   será  fundamental no próximo período, em que a JPT coordenará a campanha municipal de juventude em  2012 e deve criar as condições  políticas  e  organizativas  para  ampliar  a sua presença  nas lutas da  juventude.

55. Alcançando mais de 1.500 municípios em todos os estados do país, a mobilização do 2º Congresso  da Juventude do PT indicou que há espaço para o enraizamento e municipalização de uma organização  militante e de massas dos jovens petistas.

56. No entanto, os limites político­organizativos ainda presentes na JPT também ficaram evidentes  durante   o   Congresso.   Em   muitos   momentos,   percebemos   os   mesmos   vícios   existentes   em   outras  eleições   internas   ou   congressos   estudantis.   É   a   partir   desta   crítica   que   rejeitamos   a   renovação  conservadora que representaria a proposta de PED da juventude. 57. Apresentada de maneira tímida e sem enraizamento nos debates preparatórios do Congresso, o  PED de Juventude é uma proposta que, acima de tudo, não supera os problemas do atual modelo. Ao  contrário, acentua uma concepção de filiado­eleitor em detrimento de uma participação militante, que  não colabora na politização da renovação das direções de juventude. 58. Do ponto de vista organizativo, a próxima gestão da juventude do PT terá grandes tarefas. A ação  municipal deve ser uma das prioridades desta gestão que coordenará a juventude petista nas eleições  municipais   de   2012   e   deve   consolidar   seu   novo   modelo   organizativo   desde   a   base.

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59. Neste sentido, a realização de Encontros com as Secretarias Municipais da Juventude do PT, no  primeiro semestre de 2012, visa planejar a intervenção da JPT nos próximos dois anos e convocar uma  2ª   Caravana   Nacional   da   JPT,   a   percorrer   os   estados   de   todo   o   país,   debatendo   o   programa   de  juventude para as eleições. 

60. Outra importante frente de atuação é a dos movimentos juvenis. A JPT deve construir um trabalho  setorial nas mais diversas frentes de atuação e participação da juventude. Estes setoriais devem ser  espaços mais livres e flexíveis de atuação dos jovens petistas, aglutinando simpatizantes e militantes  do  movimento juvenil, a exemplo  da  JN13, coletivos  de jovens feministas,  de diversidade sexual,  redes sociais, meio ambiente, cultural, estudantil, entre outros. 61. A nova organização da JPT, apontada pelo 4º Congresso do partido e fortalecida pelo congresso da  juventude petista, deve ser tirada do papel pelos próprios jovens do PT. Tal autonomia não deve ser  compreendida como independência ou separação do partido, mas como condição indispensável para a  Juventude do Partido dos Trabalhadores dispor de sua própria organização e capacidade de incidir nas  pautas e lutas da juventude brasileira. A AE e a juventude

62.   Por   19   anos,   a   Articulação   de   Esquerda   e   sua   juventude   remam   contra   a   maré,   o   que   exige  constante   alerta.   Qualquer   descuido   permite   à   correnteza   retroceder   em   pouco   tempo   o   caminho  percorrido   a   duras   remadas.   Por   isso   se   impõe   sobre   nós   a   necessidade   de   avaliar   nossas   ações  constantemente e fazer os balanços, autocríticas e correções que se julgarem necessárias.

63. A última vez que a Juventude da AE fez um balanço de suas ações foi em 2008, após a realização  do I Congresso da JPT. Na ocasião, concluímos que o novo modelo de organização da JPT recém  aprovado,   apesar   de   estar   de   acordo   com   nossas   posições,   só   seria   capaz   de   culminar   em   uma  organização militante de massas que contribua para solucionar os problemas organizativos e políticos  que sofremos atualmente no PT caso tivéssemos condições de seguir influenciando na construção da  própria organização. 64. Desde então, sabíamos que, não obstante o I Congresso tenha sido decisivo para a mudança de  rumos da JPT, a concretização desta guinada não estava dada e ainda seria palco de intensas disputas  políticas. Afinal, a política presente nas resoluções de concepção e funcionamento da JPT não foi  construída   pela   maioria   da   direção   nacional   eleita,   significando   um   empecilho   ou   até   mesmo   a  descontinuidade   da   política   que   veio   sendo   construída   na   gestão   anterior   e   durante   o   processo  congressual.

65. Quanto a JAE, já em 2008, dizíamos que boa parte de nossas debilidades residia no investimento  insuficiente   que   havíamos   desprendido   à   nossa   organização   interna,   o   que   fez   com   que  identificássemos neste fator o foco central de nossa atuação no período seguinte para construirmos a  JPT e fortalecermos a juventude da AE. À luz das tarefas traçadas, então e na VII Conferência de  Juventude da AE, realizada em Salvador, em 2009, cabe realizar um breve balanço.

66. Nestes documentos, destacamos os seguintes desafios políticos e organizativos a enfrentar: a. Investir na formação de quadros;

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b. Organizar a intervenção de nossa militância nos movimentos sociais; c. Fortalecer e organizar nossas instâncias (coordenações, conferências e coletivos de base); d. Fortalecer a intervenção nacionalizada e articulada de nossa militância nos municípios; e. Potencializar a comunicação interna; f. Aprofundar nossa formulação estratégica sobre a transição da JPT; g. Organizar a JAE segundo as necessidades de novo modelo que defendemos para a JPT; h. Organizar uma frente institucional na CNJAE; i. Conduzir a renovação geracional e a transição de quadros.

67.   Em   linhas  gerais,  podemos   dizer  que  não   estivemos  à  altura  das  tarefas  que   nos  propomos   a  realizar.   Nossa   organização   segue   com   fragilidade   das   instâncias;   dificuldades   em   acompanhar   e  articular   nossa  intervenção  a  nível   local;   falta  de  repasses,  informes  e   orientações  entre  os  níveis  municipais, estaduais e nacional; dispersão e falta de diálogo de militantes da juventude da AE que  atuam nos movimentos sociais; dificuldade em promover método mais coletivo de elaboração política;  insuficiente apropriação de nossas formulações por parte da militância; e baixo grau de difusão de  nossas opiniões para fora da corrente e do partido.

68. Obviamente, nossas dificuldades não decorrem apenas de nossas debilidades próprias. A situação  atual   da  classe   trabalhadora   e  seu   nível   de   consciência,   o   refluxo   das   mobilizações   de   massas,   a  defensiva   estratégica   do   movimento   socialista,   o   rebaixamento   programático   e   estratégico   das  organizações de esquerda, os problemas políticos e organizativos do próprio PT, entre outros fatores,  impõem à Articulação de Esquerda e à sua juventude uma circunstância desfavorável para fortalecer  nossa organização e ampliar nossa força social.

69. Nesta perspectiva, nossa VIII Conferência da JAE deverá cumprir três importantes tarefas político­ organizativas: a) criar mecanismos e produzir um Plano de Trabalho que dê conta de fazer com que a  JAE   cumpra   seus   desafios   político­organizativos   tirados   na   VII   Conferência;   b)   atualizar   esses  desafios de forma que fortaleça a nossa atuação enquanto petistas nos movimentos sociais e na disputa  da  sociedade; e  c)  implementar e  dialogar  com novos  mecanismos  de  participação, organização  e  debate popular através de novas mídias que cada vez mais agregam a juventude Brasil afora.

“Façamos nós por nossas mãos, tudo o que a nós nos diz respeito” Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda Maio de 2012

Referências

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