VIII Conferência Nacional da Juventude da AE Natal, 13 a 15 de julho de 2012 TEXTOBASE Apresentação 1. A VIII Conferência de Juventude da Articulação de Esquerda se realizará em Natal, entre os dias 13 e 15 de julho, na sequência da 9ª Jornada Nacional de Formação da AE, e terá como pauta: a) conjuntura; b) tática, estratégia e organização da JAE; c) JAE: concepção e funcionamento; d) Juventude do PT.
2. Este é um momento decisivo para traçarmos as resoluções políticas, orientações e diretivas de atuação que capacitem a nossa organização a dialogar com a juventude petista e com o conjunto da juventude trabalhadora brasileira. Nesta conferência definiremos a política que nos permitirá aprofundar nossa influência sobre os rumos da JPT e sobre as lutas sociais da juventude.
3. É hora de aprimorar nossas formulações, ter mais precisão em nossas análises, difundir nossa opinião, dar mais coesão à nossa organização interna e potencializar nossa ação política. Disso depende a nossa trajetória para os próximos anos. Socialismo e juventude 4. Não aceitamos as coisas como são. 5. Em primeiro lugar, porque trememos de indignação sempre que nos deparamos com uma injustiça; porque não concordamos com a opressão e a exploração de uns pelos outros; porque não achamos normal a existência da abundância em meio à miséria; porque não é verdade que todos nascem livres e iguais.
6. Em segundo lugar, porque não nos deixamos levar pelas aparências, sempre perguntamos “por quê?” e não nos satisfazemos com qualquer resposta; porque não nos cansamos de buscar a verdade e a liberdade, onde quer que elas estejam; porque, para nós, a barbárie não tem justificativa, tem explicação.
7. Em terceiro lugar, porque as coisas não são estáticas, elas mudam com o tempo; porque sabemos que o mundo está em constante mudança, que tudo é passageiro, que a história jamais se repete; porque as coisas não foram sempre assim e, portanto, não serão sempre assim.
8. Em quarto lugar, porque o futuro não está fatalmente predeterminado pelo passado; porque fazemos nossa própria história; porque ninguém mais além de nós mesmos pode mudar as circunstâncias, o terreno da história; porque somos capazes de mudar o que está à nossa volta.
9. Por isso, lutamos por um mundo sem explorados nem exploradores, sem opressão nem dominação de nenhum tipo, uma sociedade sem classes e sem Estado, que nós chamamos de socialismo.
10. Não temos garantias de que conseguiremos, não está escrito nas estrelas. Também não temos como prever quanto tempo vai demorar para superar a préhistória da humanidade. Mas temos uma certeza: construir o socialismo é necessário e possível.
11. Construir o socialismo é necessário, porque não vemos outra maneira de deter a barbárie capitalista, um tipo de sociedade em que os momentos de aparente prosperidade e paz (para poucos) só fazem preparar outros momentos de guerra e miséria (para muitos) sempre mais terríveis que os anteriores. Só o fim da exploração entre os seres humanos será capaz de por um fim à dinâmica de constante concentração da riqueza produzida por muitos nas mãos de uns poucos.
12. Construir o socialismo é possível, porque o capitalismo não é eterno. Ele possui contradições internas que repõem, cotidianamente, o conflito entre uma produção cada vez mais socializada e uma apropriação cada vez mais privada; contradições cuja solução definitiva depende da propriedade coletiva dos meios de produção. O próprio capitalismo tem desenvolvido a capacidade produtiva a tal ponto que torna possível garantir, ao conjunto da humanidade, abundância e conforto com pequenas jornadas de trabalho.
13. Como jovens, temo consciência de que esta luta não começa agora. Somos herdeiros e continuadores de um processo que passa por gerações e gerações e, portanto, também haverá quem prossiga esta construção depois de nós.
14. A luta pelo socialismo continua e continuará na mesma medida em que o capitalismo se desenvolver. Nós vamos adquirir nossas experiências de luta e acumular forças com o aprendizado das gerações anteriores e com as lições que tirarmos dos conflitos atuais. 15. Por isso, além da conquista de nossas reivindicações no curto prazo, temos mais motivos para seguir lutando no médio e longo prazo: forjar nossos instrumentos, aprimorar nossa estratégia, testar nossas teorias, conhecer o terreno, conquistar aliados, observar os movimentos do inimigo e aproveitar suas fraquezas etc. 16. Mas atuamos hoje em circunstâncias bem diferentes de quem nos antecedeu: o modo de produção capitalista conquistou os quatro cantos do planeta, o movimento socialista está na defensiva e a correlação de forças tem favorecido uma ofensiva do capital sobre o trabalho.
17. Por conta disso, muitos desistiram antes da hora, enrolaram suas bandeiras, trocaram suas camisas e se deixaram tomar pelo desespero. Mas estão aí os buracos cavados por velhas toupeiras que seguiram lutando e não deram o braço a torcer: bem ou mal, resistiram à crise do socialismo e à hegemonia do capitalismo neoliberal.
18. Não é sempre que janelas históricas se abrem, são momentos raros. Mas temos razões para achar que os jovens de hoje tem a oportunidade (e a responsabilidade) de aproveitar uma pequena fresta aberta pela fratura do capitalismo, em profunda crise.
19. Isso se faz ainda mais viável, na medida em que atuamos a partir de um contexto histórico inédito: os diversos governos progressistas e de esquerda na América Latina e Caribe fazem frente ao neoliberalismo e ao desenvolvimentismo monopolista conservador. Para os jovens socialistas, portanto, tratase de prosseguir e aprofundar as mudanças em curso, ampliando a capacidade dos trabalhadores de resistir às tentativas dos capitalistas de nos fazer pagar o preço da crise que eles criaram. 20. Assim, para as próximas décadas, nossa geração só poderá promover uma nova ofensiva socialista se conseguir afastar a possibilidade de um desfecho conservador e neoliberal para a crise. Mas uma futura ofensiva depende, também, de conseguirmos derrotar quem pretenda mudar tudo para deixar tudo como está, ou seja, reorganizar o capitalismo para um novo ciclo de expansão e acumulação global. 21. Neste sentido, o desafio das novas gerações é derrotar os neoliberais ao mesmo tempo em que nos aproveitamos das contradições internas do capitalismo em processo de reorganização para fortalecer a classe trabalhadora e o socialismo como uma alternativa real no Brasil, na América Latina e no mundo.
22. Por isso, é preciso participar ativamente da disputa em torno do modelo de desenvolvimento no continente e no país, sem o que não estaremos em condições de aproveitar a nosso favor as contradições do processo.
Desenvolvimento e juventude
23. No Brasil, foi superado o paradigma de que não seria possível crescer distribuindo renda. A própria distribuição de renda tornouse um fator de crescimento ao ampliar o mercado interno de consumo de massas. Mas crescimento é diferente de desenvolvimento, que não é sinônimo de melhor qualidade de vida, que é muito mais que apenas as condições materiais de existência, que não se resume à capacidade de consumo.
24. Na história brasileira contemporânea, o modelo de desenvolvimento dominante combinou capital e planejamento estatal a serviço dos interesses privados monopolistas nacionais e estrangeiros. Hoje, os componentes fundamentais do atual ciclo de desenvolvimento capitalista combinam diferentes elementos do nacionaldesenvolvimentismo, do desenvolvimentismo conservador privado e, em menor medida, do socialdesenvolvimentismo. As políticas sociais contribuem para a erradicação da miséria e mudam substancialmente a vida do povo brasileiro, mas pouco interferem no padrão de acumulação capitalista, que segue tendo na hegemonia do capital financeiro, no imperialismo e no monopólio da terra seus pilares centrais de sustentação.
25. Este padrão se confirma, sobretudo, se considerarmos que este modelo de desenvolvimento não se propõe a romper com a condição de economia dependente e subdesenvolvida do Brasil no plano internacional, em que pese seu crescimento associado à distribuição de renda e seu maior ativismo na geopolítica mundial.
26. Não se trata, portanto, de fortalecer taticamente os setores socialdesenvolvimentistas na disputa com os desenvolvimentistas nacionalistas e o desenvolvimentismo conservador privado, mas de dar musculatura e viabilizar um projeto democrático e popular de desenvolvimento para superar as contradições do desenvolvimentismo até então vigente e fazer emergir novas contradições. 27. Em outras palavras, devemos viabilizar um modelo de desenvolvimento que resolva não apenas o problema do consumo das grandes massas, mas das suas condições materiais de existência; não apenas de seus níveis de vida material, mas da qualidade de vida; não apenas da qualidade de vida, mas também de seu nível cultural, consciência política e as diferentes esferas da condição humana. Por fim, mais que mudar profundamente e para melhor a vida das pessoas, devese proporcionar a emancipação dos trabalhadores e trabalhadoras.
28. Neste caminho, inúmeras contradições são engendradas, em virtude dos conflitos econômicos, sociais e políticos protagonizados pelas classes com interesses irreconciliáveis. Afinal, ao mesmo tempo em que a acumulação de capital produz uma burguesia cada vez mais poderosa, cria uma classe trabalhadora numerosa que, ademais, é predominantemente jovem. 29. Tornouse lugar comum dizer que vivemos um contexto de “bônus demográfico” no país, em que a população economicamente ativa é maior que a população dependente (em geral, crianças e idosos), e que essa situação não durará por muito tempo. Mas, entre as diferentes vertentes de desenvolvimento em disputa, desta constatação comum decorrem diferentes conclusões. Em linhas gerais, tratase de saber qual é o papel a ser cumprido pelo amplo contingente de jovens que atualmente tornou possível este “bônus demográfico”.
30. A continuar o modelo atual de desenvolvimento, em que até mesmo as correntes social desenvolvimetistas são minoritárias, o “bônus demográfico” apenas favorecerá a acumulação capitalista por meio da manutenção de altas taxas de maisvalia, sem a ocorrência de transformações estruturais que alterem o padrão cada vez mais privado de apropriação da riqueza social produzida. 31. Neste sentido, devemos reunir forças em torno dessas mudanças estruturais que permitirão aos jovens trabalhadores de hoje lutar pelo socialismo nas próximas décadas em circunstâncias mais favoráveis.
O Brasil e a juventude
32. Nos últimos anos, muitos têm apontado que “novos personagens” tem entrado em cena no cenário político do país. As políticas sociais e geração de postos de trabalho impulsionada desde 2003 promoveram uma mobilidade social que retirou milhões da pobreza e ampliou a classe trabalhadora brasileira.
33. Está classe trabalhadora ampliada é majoritariamente jovem. Por sua vez, a juventude brasileira também é, em sua maioria, trabalhadora. Os dados estatísticos mais recentes indicam que 70% dos aproximadamente 50 milhoes de jovens do país estão em atividades economicamente ativas. Ou seja, algo como 35 milhões de jovens no Brasil estão trabalhando ou procurando emprego. 34. Estes trabalhadores tiveram uma elevação de suas condições materiais que não foi acompanhada por uma correspondente elevação cultural ou de valore solidários, humanistas ou mesmo de posições políticas de esquerda e progressistas.
35. As eleições de 2010, por exemplo, foram marcadas por esse descompasso entre a mobilidade social dos últimos anos e o conservadorismo enraizado em expressivos setores da população. Ampliar e polarizar essa disputa ideológica contra a direita será uma das principais tarefas dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais no próximo período. 36. É necessário compreender que as investidas de algumas denominações religiosas contra o Estado laico, a onda de ataques homofóbicos nas grandes cidades, a audiência de propostas como a pena de morte e a redução da maioridade penal, a criminalização do uso de drogas leves, entre outras ações, revelam o conteúdo reacionário e conservador da ação da direita que devemos enfrentar. 37. Esta disputa se acentuará entre as novas gerações. O atual momento político coincide com um quadro demográfico de expressiva presença de jovens no país, conformando um quarto da população brasileira. 38. Para estes jovens, não há memória do período neoliberal e o modo petista de governar é, por vezes, assimilado como exemplo de política tradicional, o que exige que os partidos e movimentos do campo democrático popular renovem sua pauta política e apresentem uma agenda de conquistas e mudanças para o presente e futuro destes jovens. O movimento sindical e a juventude 39. Criada no último Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores, em 2009, a Secretaria de Juventude da CUT nasceu com os desafios de organizar a juventude trabalhadora brasileira, fortalecer o projeto CUTista e agregar peso na construção das diversas lutas da juventude brasileira e dos movimentos sociais.
40. A juventude trabalhadora está especialmente exposta a uma série de situações de risco social, como a violência, o desemprego, a baixa escolaridade e o trabalho precarizado e mal remunerado. No campo, a situação dos jovens também é difícil, uma vez que estes estão cada vez mais sendo empurrados para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida e de uma perspectiva de futuro.
41. No movimento sindical, o debate sobre juventude ainda precisa avançar muito e quebrar o grande preconceito geracional existente. É visível o envelhecimento e a dificuldade de renovação pela qual vem passando o movimento sindical brasileiro nas últimas décadas, fato que também dificulta a renovação das práticas políticas e o diálogo com as novas gerações de trabalhadores (flexíveis, superexplorados e com pouco tempo disponível).
42. Além disso, fazse necessária a disputa com aqueles setores do movimento sindical que vêem a juventude de forma totalmente utilitarista, ou que apresentam como pauta única para a juventude trabalhadora o debate sobre a qualificação profissional, como se o objetivo da juventude fosse servir de força de trabalho barata para o capital.
43. Todos os aspectos acima citados só evidenciam o tamanho dos desafios enfrentados pela Juventude da CUT nos primeiros passos da sua organização. Podemos dizer que a criação de uma Secretaria específica para tratar do tema Juventude no interior da CUT nacional e das CUTs estaduais já representou um grande acerto e um passo importante na construção das lutas da juventude brasileira. 44. A Juventude da CUT tem que consolidar sua organização de base e a formação política, trazendo milhares de jovens para debater as suas condições de vida e de trabalho, apresentando a perspectiva de organização sindical como meio de efetivação concreta de suas lutas. 45. Na disputa por políticas de Estado que garantam melhores condições de vida e trabalho para a juventude, destacase o importante papel da Juventude da CUT na Conferência Nacional de Juventude, nas Conferências sobre o trabalho decente e nos Conselhos de Juventude em que se faz presente. Na relação com os demais movimentos de juventude, a Juventude da CUT, embora com certos limites para articular uma estratégia e uma agenda de lutas em comum com outros movimentos sociais, deve aprofundar a relação com os movimentos historicamente identificados com o projeto democrático popular (UNE, Marcha Mundial de Mulheres, Pastorais da Juventude e Via Campesina). 46. Portanto, é importante que a Juventude da CUT continue se organizando de forma autônoma, e possa construir uma intervenção à altura da história e das lutas que fizeram da CUT a maior e mais importante central sindical da América Latina, exigindo para isso que as direções da CUT garantam o aporte de recursos necessários para a realização das reuniões, encontros, atividades de formação e mobilizações propostas pela juventude. 47. Precisamos também lutar por uma Juventude da CUT capaz de romper com a atual apatia do movimento sindical brasileiro, e que esteja presente nas mais diferentes lutas da juventude e da classe trabalhadora. A juventude deve ser mobilizada para as grandes transformações sociais, e é ela o setor com grande capacidade de enfrentamento aos problemas gerados pelo capitalismo, sendo um papel da CUT disputar os corações e mentes da juventude brasileira para um projeto realmente transformador e emancipador para a classe trabalhadora. O PT e a juventude
48. Para organizar a luta dos jovens trabalhadores e aprofundar as mudanças no país, o PT deve incorporar o tema juventude na sua agenda política e ampliar as iniciativas que reforcem o caráter democrático e militante do partido.
49. A tarefa dos jovens petistas passa a ser maior do que tratar apenas dos temas “de juventude”. Uma das principais tarefas da Juventude Petista deve ser a de mudar o PT, ampliando sua presença nas lutas da juventude, com mobilização, formação política, debate ideológico e a ação cultural. 50. Precisamos superar em nosso partido a visão instrumental que encara os jovens como “tarefeiros” ou apenas como quadros “inexperientes” a serem formados para o futuro. A compreensão do jovem como sujeito político do presente, capaz de participar da renovação do projeto político do partido, permanece como um grande desafio. 51. Apesar de ter sempre contado com muitos jovens em suas fileiras, o PT nunca considerou o tema e a organização dos jovens como prioridade. Por vezes, inclusive, relegou a outros partidos da esquerda brasileira a referência do projeto democrático e popular na juventude. 52. São por esses e outros motivos que o PT, mesmo com quase 30% da preferência do eleitorado nacional, tem perdido apoio nas novas gerações. A crescente institucionalização, o refluxo do debate ideológico e a ausência de discurso e diálogo com os movimentos juvenis reforçam este distanciamento.
53. É central para o PT e a juventude do PT dialogar com a jovem geração de lutadoras e lutadores sociais. Contrariando o senso comum conservador de que a juventude é apática e despolitizada, acompanhamos o surgimento cada vez maior de novas redes e formas de participação da juventude. No trabalho, nos estudos ou mesmo conectada ao mundo a partir da internet, percebemos na ação comunitária, nas redes sociais ou nas marchas e movimentos juvenis, uma atuação coletiva cada vez
mais diversificada.
54. Apontar caminhos que reforcem o caráter democrático e militante da Juventude do PT será fundamental no próximo período, em que a JPT coordenará a campanha municipal de juventude em 2012 e deve criar as condições políticas e organizativas para ampliar a sua presença nas lutas da juventude.
55. Alcançando mais de 1.500 municípios em todos os estados do país, a mobilização do 2º Congresso da Juventude do PT indicou que há espaço para o enraizamento e municipalização de uma organização militante e de massas dos jovens petistas.
56. No entanto, os limites políticoorganizativos ainda presentes na JPT também ficaram evidentes durante o Congresso. Em muitos momentos, percebemos os mesmos vícios existentes em outras eleições internas ou congressos estudantis. É a partir desta crítica que rejeitamos a renovação conservadora que representaria a proposta de PED da juventude. 57. Apresentada de maneira tímida e sem enraizamento nos debates preparatórios do Congresso, o PED de Juventude é uma proposta que, acima de tudo, não supera os problemas do atual modelo. Ao contrário, acentua uma concepção de filiadoeleitor em detrimento de uma participação militante, que não colabora na politização da renovação das direções de juventude. 58. Do ponto de vista organizativo, a próxima gestão da juventude do PT terá grandes tarefas. A ação municipal deve ser uma das prioridades desta gestão que coordenará a juventude petista nas eleições municipais de 2012 e deve consolidar seu novo modelo organizativo desde a base.
59. Neste sentido, a realização de Encontros com as Secretarias Municipais da Juventude do PT, no primeiro semestre de 2012, visa planejar a intervenção da JPT nos próximos dois anos e convocar uma 2ª Caravana Nacional da JPT, a percorrer os estados de todo o país, debatendo o programa de juventude para as eleições.
60. Outra importante frente de atuação é a dos movimentos juvenis. A JPT deve construir um trabalho setorial nas mais diversas frentes de atuação e participação da juventude. Estes setoriais devem ser espaços mais livres e flexíveis de atuação dos jovens petistas, aglutinando simpatizantes e militantes do movimento juvenil, a exemplo da JN13, coletivos de jovens feministas, de diversidade sexual, redes sociais, meio ambiente, cultural, estudantil, entre outros. 61. A nova organização da JPT, apontada pelo 4º Congresso do partido e fortalecida pelo congresso da juventude petista, deve ser tirada do papel pelos próprios jovens do PT. Tal autonomia não deve ser compreendida como independência ou separação do partido, mas como condição indispensável para a Juventude do Partido dos Trabalhadores dispor de sua própria organização e capacidade de incidir nas pautas e lutas da juventude brasileira. A AE e a juventude
62. Por 19 anos, a Articulação de Esquerda e sua juventude remam contra a maré, o que exige constante alerta. Qualquer descuido permite à correnteza retroceder em pouco tempo o caminho percorrido a duras remadas. Por isso se impõe sobre nós a necessidade de avaliar nossas ações constantemente e fazer os balanços, autocríticas e correções que se julgarem necessárias.
63. A última vez que a Juventude da AE fez um balanço de suas ações foi em 2008, após a realização do I Congresso da JPT. Na ocasião, concluímos que o novo modelo de organização da JPT recém aprovado, apesar de estar de acordo com nossas posições, só seria capaz de culminar em uma organização militante de massas que contribua para solucionar os problemas organizativos e políticos que sofremos atualmente no PT caso tivéssemos condições de seguir influenciando na construção da própria organização. 64. Desde então, sabíamos que, não obstante o I Congresso tenha sido decisivo para a mudança de rumos da JPT, a concretização desta guinada não estava dada e ainda seria palco de intensas disputas políticas. Afinal, a política presente nas resoluções de concepção e funcionamento da JPT não foi construída pela maioria da direção nacional eleita, significando um empecilho ou até mesmo a descontinuidade da política que veio sendo construída na gestão anterior e durante o processo congressual.
65. Quanto a JAE, já em 2008, dizíamos que boa parte de nossas debilidades residia no investimento insuficiente que havíamos desprendido à nossa organização interna, o que fez com que identificássemos neste fator o foco central de nossa atuação no período seguinte para construirmos a JPT e fortalecermos a juventude da AE. À luz das tarefas traçadas, então e na VII Conferência de Juventude da AE, realizada em Salvador, em 2009, cabe realizar um breve balanço.
66. Nestes documentos, destacamos os seguintes desafios políticos e organizativos a enfrentar: a. Investir na formação de quadros;
b. Organizar a intervenção de nossa militância nos movimentos sociais; c. Fortalecer e organizar nossas instâncias (coordenações, conferências e coletivos de base); d. Fortalecer a intervenção nacionalizada e articulada de nossa militância nos municípios; e. Potencializar a comunicação interna; f. Aprofundar nossa formulação estratégica sobre a transição da JPT; g. Organizar a JAE segundo as necessidades de novo modelo que defendemos para a JPT; h. Organizar uma frente institucional na CNJAE; i. Conduzir a renovação geracional e a transição de quadros.
67. Em linhas gerais, podemos dizer que não estivemos à altura das tarefas que nos propomos a realizar. Nossa organização segue com fragilidade das instâncias; dificuldades em acompanhar e articular nossa intervenção a nível local; falta de repasses, informes e orientações entre os níveis municipais, estaduais e nacional; dispersão e falta de diálogo de militantes da juventude da AE que atuam nos movimentos sociais; dificuldade em promover método mais coletivo de elaboração política; insuficiente apropriação de nossas formulações por parte da militância; e baixo grau de difusão de nossas opiniões para fora da corrente e do partido.
68. Obviamente, nossas dificuldades não decorrem apenas de nossas debilidades próprias. A situação atual da classe trabalhadora e seu nível de consciência, o refluxo das mobilizações de massas, a defensiva estratégica do movimento socialista, o rebaixamento programático e estratégico das organizações de esquerda, os problemas políticos e organizativos do próprio PT, entre outros fatores, impõem à Articulação de Esquerda e à sua juventude uma circunstância desfavorável para fortalecer nossa organização e ampliar nossa força social.
69. Nesta perspectiva, nossa VIII Conferência da JAE deverá cumprir três importantes tarefas político organizativas: a) criar mecanismos e produzir um Plano de Trabalho que dê conta de fazer com que a JAE cumpra seus desafios políticoorganizativos tirados na VII Conferência; b) atualizar esses desafios de forma que fortaleça a nossa atuação enquanto petistas nos movimentos sociais e na disputa da sociedade; e c) implementar e dialogar com novos mecanismos de participação, organização e debate popular através de novas mídias que cada vez mais agregam a juventude Brasil afora.
“Façamos nós por nossas mãos, tudo o que a nós nos diz respeito” Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda Maio de 2012