MINUTA DA ATA DA 44ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO CONSELHO GESTOR APA MARINHA DO LITORAL CENTRO
No dia 21 de junho de dois mil e dezesseis, às 14 horas e trinta e cinco minutos, teve início a quadragésima quarta Reunião Ordinária do Conselho Gestor da APA Marinha do Litoral Centro, no auditório da Associação Comercial e Empresarial de São Vicente, presidida pela Gestora da APA Marinha, com a participação de 15 entidades conselheiras, preenchendo 11 representações com direito a voto.
Essa reunião foi organizada e promovida em conjunto com o Instituto Pólis, através do projeto Observatório Litoral Sustentável, Câmara temática Grandes Empreendimentos, Setor Imobiliário e Transformações Regionais
Estiveram presentes os seguintes conselheiros: Cadeira 1 – Ana Paula Garcia de Oliveira e José Edmilson de Araújo Mello Fundação Florestal/SMA; Cadeira 2 – Priscila Abrantes Salvador Maria CBRN/SMA; Cadeira 3 – Viviana Alves da Fonseca Prefeitura Municipal de Peruíbe; Cadeira 4 – Paulo Eduardo dos Santos Martins Prefeitura Municipal da Praia Grande; Tenisson Azevedo Júnior Prefeitura Municipal de Mongaguá; Cadeira 5 – Gilberto Silva Prefeitura Municipal de São Vicente; Cadeira 6 – Gabriela Neves Gallo Prefeitura Municipal de Guarujá; Cadeira 7 – Fábio Zucherato IBAMA; Cadeira 12 – Armando Luiz dos Santos SABESP; Paulo Sérgio Fonseca CETESB; Cadeira 20 – Nauther Andres Instituto Laje Viva; Cadeira 23 – Débora Martins de Freitas UNESP; Sílvia Maria Sartor e Osmar Francisco Gomes PoliUSP; Cadeira 24 – Maria Eduarda Laranjeira UNISANTA; Thiago Zagonel Serafini UNIFESP. Outros participantes assinaram a lista de presença anexa.
Assuntos em pauta
● Compensação ambiental nos processos de licenciamento – Apresentação IBAMA;
● Compensação Ambiental no âmbito federal – Apresentação Instituto Pólis; ● Compensação Ambiental no âmbito estadual – Apresentação da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente/SP.
Conselheiros que justificaram ausência: Caroline Malagutti Fassina (Prefeitura Municipal de Santos); Florência Chapuis (CPLA); Nathalia Motta (Biopesca) e, Roberto da Graça Lopes e Antônio Olinto (Instituto de Pesca).
Ana Paula, gestora da APAMLC, explicou que nessa ocasião também estão sendo realizadas a 4ª Reunião Extraordinária da Câmara Temática (CT) Grandes Empreendimentos, Setor Imobiliário e Transformações Regionais, do Observatório Litoral Sustentável e, a 4ª reunião extraordinária do Conselho Gestor do Parque Estadual XixováJapuí. Lembrou que a realização de uma reunião para discutir a compensação ambiental dos empreendimentos da Baixada Santista foi aprovada pelo Conselho Gestor em sua 43ª reunião ordinária, realizada em 05 de abril de 2016. A realização dessa reunião busca integrar os Conselhos das outras Unidades de Conservação (UCs) da Baixada Santista, já que se trata de um assunto de interesse comum e que precisa ser melhor compreendido por esses colegiados e agradeceu a disponibilização do espaço d Associação Comercial e Empresarial de São Vicente e a participação de gestores das demais UCs presentes. Em seguida, apresentou a pauta da reunião.
Paulo Romeiro, do Observatório Litoral Sustentável, salientou a importância dessa discussão para a consolidação da gestão territorial do litoral paulista. Explicou que o Observatório Litoral Sustentável foi instituído em 2011, por meio de um convênio firmado entre o Instituto Pólis e a Petrobras. Na primeira fase do projeto, além da consolidação dos diagnósticos sócioterritoriais regionais e municipais no litoral do Estado, foram também realizadas oficinas participativas para a construção de uma agenda de desenvolvimento sustentável para a Baixada Santista e Litoral Norte de São Paulo. Já na fase atual do projeto essas agendas passaram a ser implementadas pelo Observatório. Paulo considerou que a CT garante a participação da sociedade nas discussões sobre os grandes empreendimentos, e suas consequências na transformação do território. Expôs que essa questão foi introduzida pela sociedade civil do Litoral Norte, que buscava entender os processos decisórios relacionados à compensação ambiental, ressaltando a importância de que a sociedade se aproprie do tema e entenda de que forma os recursos podem ser aplicados.
Compensação ambiental nos processos de licenciamento – Apresentação IBAMA
Fabio Zucherato explicou que a Unidade Avançada do IBAMA na região atende os municípios compreendidos entre Bertioga e Cananéia. Expôs que a abertura dos processos de licenciamento ambiental pode ser realizada na Sede do IBAMA em Brasília, ou na Superintendência Federal do IBAMA no Estado de São Paulo, sendo que o escritório regional apenas acompanha o atendimento das condicionantes de alguns empreendimentos. Apresentou alguns dos principais conceitos utilizados no licenciamento ambiental, suas aplicações, e sua base legal instituída na legislação brasileira. Explanou brevemente sobre as etapas que devem ser cumpridas pelo empreendedor, antes que o projeto seja encaminhado às diretorias específicas do IBAMA, responsáveis pela elaboração da minuta do Termo de Referência (TdR) do empreendimento. Nessa fase, caso se constate a necessidade de elaboração de EIARIMA, o TdR deverá também ser encaminhado para consulta dos órgãos intervenientes. Nas etapas seguintes do licenciamento são previstas a entrega do EIARIMA e os ajustes do Estudo, que podem ser solicitados pelo IBAMA e pelos órgãos intervenientes; paralelamente à essas análises, são realizadas as audiências públicas para a consulta do empreendimento pela sociedade. Fábio expôs que a Resolução CONAMA nº 428/2010 define que as UCs diretamente afetadas, ou que tenham sua zona de amortecimento na área de influência do empreendimento, devem ser consultadas e também recebam o TdR e o EIA para análise. Já no caso do licenciamento estar condicionado a entrega de um Estudo Ambiental Simplificado (EAS), a referida Resolução prevê apenas que o empreendedor informe a UC sobre a iniciativa. Colocou que para a concessão das Licenças Prévias, são elaboradas as primeiras condicionantes e os Planos Básicos Ambientais, que deverão orientar de que forma os impactos do empreendimento identificados pelo EIA deverão ser mitigados ou compensados. Por fim, esclareceu que nos empreendimentos onde é determinada a elaboração de EIA, a compensação ambiental é obrigatória às Unidades de Conservação afetadas, cabendo ao Comitê de Compensação Ambiental Federal (CCAF), da Diretoria de Licenciamento do IBAMA (DILICIBAMA), estabelecer as prioridades e diretrizes para a utilização desse recurso.
Como encaminhamento dessa apresentação, Paulo propôs que o processo de definição das UCs afetadas pelos empreendimentos fosse estudado pela Câmara.
Paulo expôs que a compensação ambiental é um recurso determinado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), destinado a apoiar a implantação e manutenção de UCs, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Explicou que o CCAF é composto exclusivamente por órgãos governamentais, e não garante a participação da sociedade civil na decisão da destinação desses recursos, apontando isso como uma falha do processo. Já a Câmara Estadual de Compensação/CCA é composta por membros do setor público e da sociedade civil, cabendo a essa a responsabilidade de destinar os recursos às UCs. Cabe aos órgãos licenciadores IBAMA no âmbito federal, e CETESB no âmbito estadual elaborar os TdRs dos EIAs onde são propostos os Planos de Compensação Ambiental. Os órgãos gestores das UCs, além de avaliarem o TdR, devem também construir junto aos seus Conselhos os Planos de Trabalho que permitirão a utilização dos recursos da compensação.
Explicou que a CCAF também prevê que parte dos recursos de compensação podem ser destinados às UCs de Proteção Integral, ainda que não afetadas pelo empreendimento, a exemplo do que aconteceu no empreendimento PréSal etapa 1, onde parte do recurso foi direcionado ao Parque Nacional de Fernando de Noronha. Camila Gomes, do ICMBio, colocou que as compensações ambientais são obrigatórias às UCs que sofrem o impacto direto do empreendimento, mas que nesse caso o EIA não apontava nenhuma UC na área de impacto direto do empreendimento, e que por esse motivo, o ICMBio interferiu no sentido de redirecionar parte do recurso para o Parque Estadual. Paulo explicou que as compensações de até R$ 10 milhões de reais são definidas com base em critérios territoriais, o que não acontece com os “Recursos Excepcionais”, ou aqueles acima desse montante, onde é possível que sejam alocados para UCs de Proteção Integral, o que deve ser feito mediante proposta justificada pelo ICMBio.
Nauther Andres, do Instituto Laje Viva, perguntou se existe um mapeamento do montante de recursos destinados às UCs, e considerou que essa ferramenta facilitaria a compreensão dessas informações. Paulo respondeu que esse mapeamento ainda não foi realizado, mas que essas informações podem ser acessadas no site do IBAMA.
Em seguida, Paulo discorreu sobre o Decreto Federal nº 4340/2002, que regulamenta o SNUC e apresenta a ordem de priorização para utilização dos recursos estabelecidos na normativa. Relatou que o CCAF previa um valor aproximado de R$ 144 milhões destinados à compensação ambiental da exploração do campo de Mexilhão, sendo que desse montante, R$ 8 milhões foram destinados à Câmara Estadual de Compensação/CCA. A definição da distribuição desses recursos no âmbito estadual foi questionada pela sociedade civil, onde então o CCAF exigiu que os valores fossem reavaliados. Informou também que no licenciamento da etapa 1 do Présal foram destinados R$ 6 milhões de reais, que deverá ser distribuído entre as APAs Marinhas Norte e Centro, e os Parques Estaduais Serra do Mar, Ilha Anchieta e Ilhabela. Já na etapa 2 do Présal, os R$ 3.7 milhões destinados às UCs do Estado de São Paulo deverá ser distribuído entre a APAMLC e as outras UCs da região, sendo que isso ainda não foi definido pela Câmara Estadual. Observou que existem outros grandes empreendimentos acontecendo na Baixada Santista, e que também estão provisionando recursos de compensação. Relatou que a CCAF prevê a destinação de um recurso de R$ 2.5 milhões do licenciamento da empresa BTP (Brasil Terminal Portuário), a ser dividido entre o PESM, APAMLC, e a critério da Fundação Florestal, o PEXJ e o PEMLS. Por fim, ressaltou que os Conselhos Gestores da UCs devem começar a elaborar seus planos de trabalho, visto que existem recursos disponíveis e que poderão ser aplicados para melhoria da eficácia de gestão.
Compensação Ambiental no âmbito estadual – Apresentação Secretaria de Estado do Meio Ambiente/SP.
Devido à alteração de agenda, nenhum representante da Secretaria compareceu à reunião.
Finalizada as apresentações, a reunião foi aberta para a discussão.
Sr. Tupy, morador de Bertioga, colocou que além dos impactos ao meio ambiente, os grandes empreendimentos são também responsáveis pela alteração na estrutura social de diversas comunidades afetadas. Salientou que embora existam recursos destinados da CCAF às Unidades de Conservação, o governo do Estado aprovou recentemente a privatização dos serviços de algumas UCs, ressaltando que essa administração deveria ser de competência do Estado.
Silvia Sartor, da PoliUSP, observou que a comunicação social sobre a destinação dos recursos de compensação ambiental ainda é bastante deficitária, e identifica que essas informações muitas vezes não chegam à todos os setores da sociedade. Paulo respondeu que o acesso às informações dos Estudos Ambientais é de fundamental importância para o empoderamento da sociedade sobre essa questão. Nesse sentido, citou a iniciativa da CT Grandes Empreendimentos da Baixada Santista que busca promover as discussões sobre as compensações ambientais e sobre os processos de licenciamento. Mencionou ainda que o Observatório está elaborando uma ferramenta online, onde estão mapeadas todas as condicionantes e informações sobre os principais empreendimentos da região.
Davis Sansolo, Professor da UNESP, informou que existe uma iniciativa na Universidade que busca facilitar o acesso às informações sobre as compensações ambientais de competência da CETESB. Perguntou se na CT também são discutidos os licenciamentos realizados no âmbito dos municípios, e considerou que os empreendimentos imobiliários exercem um esforço significativo na mudança territorial da Baixada Santista. Propôs também que a CT passe a estudar de que forma são realizadas as compensações dentro nessa instância. Paulo considerou a dificuldade de acesso às informações dos licenciamentos realizados pela CETESB. Explicou que os licenciamentos realizados pelo município não foram considerados nesse momento, e colocou essa questão como uma demanda a ser trabalhada pelo Observatório. Débora Freitas, da UNESP, colocou que além dos prejuízos ambientais, os grandes empreendimentos são pelo aumento do nível de vulnerabilidade das comunidades que já estão em situação de risco social, considerando que essa situação precisa ser melhor discutida nos processos de licenciamento. Colocou também a necessidade de se contemplar nas discussões os impactos cumulativos dos grandes empreendimentos no litoral Centro. Paulo ressaltou que se deve ter claramente definida a diferença entre medidas mitigatórias e compensatórias, e a compensação ambiental destinada às UCs. Colocou que a CT vem justamente buscando promover o diálogo entre o empreendedor, os órgãos licenciadores e a sociedade, de maneira que possam ser discutidas e propostas condicionantes que de fato auxiliem na melhoria de vida das pessoas. Carolina Poletto, da Gerência de Meio Ambiente da Petrobras na Bacia de Santos, esclareceu que existe um projeto para avaliação dos impactos cumulativos dos grandes empreendimento na Baixada Santista, previsto para ser iniciado no segundo semestre de 2017 no Litoral Centro
Marcia Barros, da APAMLC, expôs que atualmente não existe clareza quanto à destinação dos recursos ambientais pela Câmara Estadual de Compensação Ambiental, propondo como encaminhamento que seus representantes fossem
convidados para discutir esse assunto junto ao Conselho Gestor da APAMLC e a CT Planejamento e Pesquisa, e apresentar de forma clara os dados relativos aos recursos disponíveis no Estado de São Paulo.
Lafayete Alarcon, gerente da Baixada Santista, expôs que os esclarecimentos realizados sobre a compensação ambiental apontam as responsabilidades de cada um dos presentes, inclusive dos Gestores, que agora passam a ser incumbidos de levar essa discussão aos Conselhos das Unidades. Considerou que esse é um novo momento para a Fundação Florestal, que agora está mais aberta a participar e auxiliar nessas discussões.
Mônica Viana, do Observatório, realizou o convite para a próxima reunião da CT Grandes Empreendimentos, que ocorrerá no dia 06 de julho, onde será feita uma capacitação sobre o Licenciamento Ambiental de Grandes Empreendimentos junto a comunidades afetadas.
Abrangendo todas as discussões e sugestões apresentadas, Ana colocou que os representantes da Câmara Estadual de Compensação Ambiental serão convidados em uma reunião do Conselho Gestor próxima, de forma que se conheça melhor a política de distribuição do recurso adotado pelo Estado, bem como passem a ser discutidos os TCCA’s (Termo de Compromisso de Compensação Ambiental). Salientou que o Conselho Gestor da APAMLC deve começar a priorizar a construção dos Planos de Trabalho, sugerindo que as outras Unidades façam o mesmo. Nesse sentido, a construção de Planos de Trabalho será pauta na CT Planejamento e Pesquisa. Por fim, agradeceu a participação de todos, e ressaltou a importância do fortalecimento do trabalho das Unidades para a consolidação do assunto junto aos seus Conselhos.
A próxima reunião será agendada posteriormente.
Sendo este o ocorrido na 44ª. Reunião Ordinária do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro eu, Suelen C. Silva, Monitora Ambiental da APA Marinha do Litoral Centro, lavrei a presente Ata, que assino em conjunto com a Gestora e conselheiros presentes. São Vicente, 25 de julho de 2016