Polí%cas de Ambiente
Polí%cas de Ambiente em Portugal
Polí%ca Nacional da Água
e Convenção de Albufeira para os Rios
Luso-‐Espanhois
Francisco Nunes Correia
IST, Ano Lec%vo 2010/2011
Questões primordiais para a gestão da água onde tudo começa:
De quem é a água?
Quem tem direito a u%lizá-‐la? Em que condições?
Quem tem prioridade na sua u%lização?
Profundo reordenamento na gestão da água em Portugal:
Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos
Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos
Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro
Que significa “Recursos Hídricos”?
Os recursos hídricos a que se aplica esta lei compreendem as
águas, abrangendo ainda os respec%vos
leitos
e
margens,
zonas adjacentes, zonas de
infiltração máxima e zonas
protegidas
Os recursos hídricos compreendem os
recursos dominiais, ou
pertencentes ao domínio público, e os
recursos patrimoniais,
pertencentes a en%dades públicas ou par%culares
O domínio público hídrico compreende o domínio público
marí%mo, o domínio público
lacustre e fluvial
e o domínio
público das restantes águas
O domínio público marí%mo compreende:
a) As águas costeiras e territoriais;
b) As águas interiores sujeitas à influência das marés, nos rios,
lagos e lagoas;
c) O leito das águas costeiras e territoriais e das águas
interiores sujeitas à influência das marés;
d) Os fundos marinhos condguos da plataforma con%nental,
abrangendo toda a zona económica exclusiva
e) As margens das águas costeiras e das águas interiores
sujeitas à influência das marés.
O domínio público lacustre e fluvial compreende:
a) Cursos de água navegáveis ou flutuáveis, com os respec%vos leitos, e ainda as margens pertencentes a entes públicos;
b) Lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis, com os respec%vos leitos, e ainda as margens pertencentes a entes públicos;
c) Cursos de água não navegáveis nem flutuáveis, com os respec%vos leitos e margens, desde que localizados em terrenos públicos, ou os que por lei sejam reconhecidos como aproveitáveis para fins de u%lidade pública, como a produção de energia eléctrica, irrigação, ou canalização de água para consumo público;
d) Canais e valas navegáveis ou flutuáveis, ou abertos por entes públicos, e as respec%vas águas;
e) Albufeiras criadas para fins de u%lidade pública, nomeadamente produção de energia eléctrica ou irrigação, com os respec%vos leitos;
f) Lagos e lagoas não navegáveis ou flutuáveis, com os respec%vos leitos e margens, formados pela natureza em terrenos públicos;
g) Lagos e lagoas circundados por diferentes prédios par%culares ou existentes dentro de um prédio par%cular, quando tais lagos e lagoas sejam alimentados por corrente pública;
h) Cursos de água não navegáveis nem flutuáveis nascidos em prédios privados, logo que transponham abandonados os limites dos terrenos ou prédios onde nasceram ou para onde foram conduzidos pelo seu dono, se no final forem lançar-‐se no mar ou em outras águas públicas.
O domínio público hídrico das restantes águas
compreende:
a) Águas nascidas e águas subterrâneas existentes em terrenos ou
prédios públicos;
b)
Águas nascidas em prédios privados, logo que
transponham
abandonadas os limites dos terrenos ou prédios onde
nasceram ou para onde foram conduzidas pelo seu dono, se no
final forem lançar-‐se no mar ou em outras águas públicas;
c)
Águas pluviais
que caiam em terrenos públicos ou que,
abandonadas, neles corram;
d) Águas pluviais que caiam em algum terreno par%cular
, quando
transpuserem
abandonadas os limites do mesmo prédio, se
no final forem lançar-‐se no mar ou em outras águas públicas;
e) Águas das fontes públicas e dos poços e reservatórios públicos,
incluindo todos os que vêm sendo con%nuamente usados pelo
público ou administrados por en%dades públicas.
Entende-‐se por
margem
uma faixa de terreno condgua ou
sobranceira à linha que limita o leito das águas.
A margem das águas do mar
, bem como a
das águas navegáveis
ou flutuáveis que se encontram à data da entrada em vigor desta
lei sujeitas à jurisdição das autoridades marí%mas e portuárias,
tem a largura de 50 m.
A margem das
restantes águas navegáveis ou flutuáveis
tem a
largura de 30 m.
A margem das
águas não navegáveis nem flutuáveis,
nomeadamente torrentes, barrancos e córregos de caudal
descondnuo, tem a largura de 10 m.
Recursos hídricos refere-‐se não apenas a água...
... mas também a leitos e margens
Todas as
parcelas privadas
de leitos ou margens de águas públicas estão
sujeitas às servidões estabelecidas por lei
e nomeadamente a uma servidão
de uso público, no interesse geral de acesso às águas e de passagem ao longo
das águas da pesca, da navegação e da flutuação, quando se trate de águas
navegáveis ou flutuáveis, e ainda da
fiscalização e policiamento
das águas
pelas en%dades competentes.
Nas parcelas privadas de leitos ou margens de águas públicas, bem como no
respec%vo subsolo ou no espaço aéreo correspondente,
não é permi%da a
execução de quaisquer obras permanentes ou temporárias sem autorização
da en%dade a quem couber a jurisdição sobre a u%lização das águas públicas
correspondentes.
Os proprietários de parcelas privadas de leitos e margens de águas públicas
devem mantê-‐las em
bom estado de conservação
e estão sujeitos a todas as
obrigações que a lei estabelecer no que respeita à execução de
obras
hidráulicas necessárias
à gestão adequada das águas públicas em causa,
nomeadamente de correcção, regularização, conservação, desobstrução e
limpeza.
Entende-‐se por
zona adjacente
às águas públicas toda a área
condgua à margem que como tal seja classificada por se
encontrar
ameaçada pelo mar ou pelas cheias
.
As zonas adjacentes estendem-‐se
desde o limite da margem
até uma linha convencional
definida para cada caso no
diploma de classificação, que corresponde à linha alcançada
pela maior cheia,
com período de retorno de 100 anos
, ou à
maior cheia conhecida
, no caso de não exis%rem dados que
permitam iden%ficar a anterior.
As zonas adjacentes mantêm-‐se sobre propriedade privada
ainda que
sujeitas a restrições de u%lidade pública
.
Nas áreas delimitadas como zona adjacente é interdito:
a)
Destruir o reves%mento vegetal
ou alterar o relevo natural,
com excepção da prá%ca de culturas tradicionalmente
integradas em explorações agrícolas;
b)
Instalar vazadouros
, lixeiras, parques de sucata ou
quaisquer outros depósitos de materiais;
c)
Realizar construções
, construir edihcios ou executar obras
suscepdveis de cons%tuir obstrução à livre passagem das
águas;
d)
Dividir a propriedade
em áreas inferiores à unidade mínima
de cultura.
Podem as áreas referidas ser u%lizadas para
instalação de
equipamentos de lazer
desde que não impliquem a construção
de edihcios, mediante autorização de u%lização concedida
pela autoridade a quem cabe o licenciamento da u%lização
dos recursos hídricos na área em causa.
A
aprovação
de planos de urbanização ou de contratos de
urbanização bem como o
licenciamento
de quaisquer
operações urbanís%cas ou de loteamento urbano, ou de
quaisquer obras ou edificações rela%vas a áreas condguas ao
mar ou a cursos de água
que não estejam ainda classificadas
como zonas adjacentes
,
carecem de parecer favorável
da
autoridade competente para o licenciamento de u%lização de
recursos hídricos
quando estejam dentro do limite da cheia
com período de retorno de 100 anos ou de uma faixa de 100
m para cada lado da linha da margem do curso de água
quando se desconheça aquele limite
Lei da Água
Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro
Subs%tui a Lei da Água de 1919
Transpõe a Direc%ca 2000/60/CE (Direc%va-‐Quadro da Água)
Abre caminho a uma reforma profunda do sistema de gestão
da água em Portugal
Estabelece o enquadramento para a gestão das águas
superficiais
, designadamente as águas
interiores
, de
transição
e
costeiras
, e das águas
subterrâneas
Tem por âmbito de aplicação a
totalidade dos recursos hídricos
qualquer que seja o seu regime jurídico, abrangendo, além das
águas, os respec%vos
leitos
e
margens
, bem como as zonas
adjacentes
, zonas de
infiltração
máxima e zonas
protegidas
A gestão dos recursos hídricos deve observar:
o princípio do valor social da água, que consagra o seu acesso universal para as necessidades humanas básicas, a custo socialmente aceitável, e sem cons%tuir factor de discriminação ou exclusão;
o princípio do valor económico da água, no qual se consagra o reconhecimento da escassez actual ou potencial deste recurso e a necessidade de garan%r a sua u%lização economicamente eficiente, com a recuperação dos custos dos serviços de águas, mesmo em termos ambientais e de recursos, e tendo por base os princípios do poluidor-‐pagador e do u%lizador-‐pagador;
o princípio da prevenção, por força do qual as acções com efeitos nega%vos no ambiente devem ser consideradas antecipadamente, por forma a eliminar as próprias causas de alteração do ambiente ou reduzir os seus impactes quando tal não seja possível
o princípio da correcção, prioritariamente na fonte, dos danos causados ao ambiente, e da imposição ao emissor poluente de medidas de correcção e recuperação, bem como dos respec%vos custos
Objec%vos da gestão da água:
-‐ Evitar a con%nuação da degradação e proteger e melhorar o estado dos ecossistemas aquá%cos , bem como dos ecossistemas terrestres e das zonas húmidas dependentes dos ecossistemas aquá%cos no que respeita às suas necessidades de água;
-‐ Promover uma u%lização sustentável da água baseada na protecção a longo prazo dos recursos hídricos disponíveis;
-‐ Obter uma protecção reforçada e um melhoramento do ambiente aquá%co, nomeadamente através de medidas específicas para a redução gradual e a cessação ou eliminação por fases das descargas, das emissões e perdas de substâncias prioritárias; -‐ Assegurar a redução gradual da poluição das águas subterrâneas e evitar o agravamento da sua poluição;
-‐ Mi%gar os efeitos das inundações e das secas;
-‐ Assegurar o fornecimento em quan%dade suficiente de água de origem superficial e subterrânea de boa qualidade, conforme necessário para uma u%lização sustentável, equilibrada e equita%va da água;
Fortalecimento do papel
do Ins%tuto da Água
como autoridade Nacional
da Água
Criação de en%dades de âmbito regional
especificamente vocacionadas
para a protecção e para a valorização das componentes ambientais das
águas, as denominadas
Administrações de Região Hidrográfica
, ins%tutos
públicos dotados de autonomia financeira e administra%va e com
património próprio
As
ARH possuem a competência e os instrumentos
de planeamento
apropriados para efectuar a gestão integrada dos diferentes %pos de
massas de água, pelo que podem conferir um
enfoque próprio
, em
termos organizacionais, às singularidades dos ecossistemas aquá%cos e
terrestres associados às águas doces e às águas de transição e costeiras,
conhecido como é o facto de estarem sujeitas a dis%ntos riscos naturais e
pressões sobre o regime dominial, bem como a diferentes factores de
contexto legal e socioeconómico
Reforma Ins%tucional
5 Administrações
de Região Hidrográfica:
Norte
Centro
Tejo
Alentejo
Algarve
Reestruturação da Autoridade
Nacional da Água
Autoridade Nacional da Água
O Ins%tuto da Água é a Autoridade Nacional da Água, compe%ndo-‐lhe assegurar, a nível nacional, a gestão das águas e garan%r a consecução dos objec%vos da Lei da Água, além de garan%r a representação internacional do Estado neste domínio. Compete-‐lhe, nomeadamente:
-‐ Promover a protecção e o planeamento das águas, através da elaboração do Plano Nacional da Água e da aprovação dos Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica e dos Planos Específicos de Gestão de Águas;
-‐ Promover o ordenamento adequado dos usos das águas;
-‐ Garan%r a coordenação, a nível nacional, dos procedimentos e metodologias a observar, no âmbito da monitorização;
-‐ Ins%tuir e manter actualizado um Sistema Nacional de Informação sobre Títulos de U%lização dos Recursos Hídricos;
-‐ Propor o valor da taxa de recursos hídricos, que será paga pelos u%lizadores;
-‐ Declarar a situação de alerta em caso de seca e iniciar, em ar%culação com as en%dades competentes e os principais u%lizadores, as medidas de informação e actuação recomendadas;
-‐ Promover o uso eficiente da água através da implementação de um programa de medidas preven%vas aplicáveis em situação normal e medidas impera%vas aplicáveis em situação de seca.
Administrações das Regiões Hidrográficas
Foram criadas no Con%nente cinco Administrações das Regiões Hidrográficas, com as jurisdições territoriais a seguir definidas:
-‐ A ARH do Norte, abrangendo as bacias hidrográficas dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Leça e Douro e das ribeiras da costa entre os respec%vos estuários e outras pequenas ribeiras adjacentes;
-‐ A ARH do Centro, as bacias hidrográficas do rios Vouga, Mondego e Lis, das ribeiras da costa entre o estuário do rio Douro e a foz do rio Lis, e as bacias hidrográficas de todas as linhas de água a sul da foz do Lis até ao estuário do rio Tejo exclusive. -‐ A ARH do Tejo, abrangendo a bacia hidrográficas do rio Tejo e outras pequenas ribeiras adjacentes.
-‐ A ARH do Alentejo, abrangendo as bacias hidrográficas dos rios Guadiana, Sado e Mira e outras pequenas ribeiras adjacentes;
-‐ A ARH do Algarve, abrangendo as bacias hidrográficas das ribeiras do Algarve. As ARH prosseguem atribuições de gestão das águas, incluindo o respec%vo planeamento, licenciamento e fiscalização, compe%ndo-‐lhes, nomeadamente: -‐ Decidir sobre a emissão e emi%r os dtulos de u%lização dos recursos hídricos e fiscalizar essa u%lização;
-‐ Aplicar o regime económico e financeiro nas bacias hidrográficas da área de jurisdição, e aplicar a parte que lhe cabe na gestão das águas das respec%vas Bacias ou Regiões.
Conselho Nacional da Água
O Conselho Nacional da Água é o
órgão de consulta do Governo
no domínio
das águas, no qual estão representados os organismos da Administração
Pública, as organizações profissionais, ciendficas, sectoriais e não
governamentais mais representa%vas e relacionadas com a matéria da
água.
Conselhos de Região Hidrográfica
Os Conselhos de Região Hidrográfica são os
órgãos consul%vos das ARH
,
onde estão representados outros organismos da Administração Pública
directamente interessados na gestão da água, e as en%dades
representa%vas dos principais u%lizadores da água na bacia hidrográfica
respec%va, bem como as organizações técnicas, ciendficas e não
governamentais representa%vas dos usos da água na bacia hidrográfica.
PLANEAMENTO E ORDENAMENTO
INSTRUMENTOS DE INTERVENÇÃO
Planos de gestão dos recursos hídricos
O planeamento das águas obedece aos princípios específicos da integração, da ponderação global, da adaptação funcional, da durabilidade, da Par%cipação, da informação e da cooperação internacional. Incluem-‐se nesta categoria:
-‐ O Plano Nacional da Água, que abrange todo o território nacional; é o instrumento de gestão das águas, de natureza estratégica, que estabelece as grandes opções da polí%ca nacional da água e os princípios e as regras de orientação dessa polí%ca, a aplicar pelos Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica e por outros instrumentos de planeamento das águas. Este Plano deverá ser revisto periodicamente, devendo a primeira revisão do actual Plano Nacional da Água ocorrer até final de 2010;
Planos especiais de ordenamento do território:
Incluem-‐se nesta categoria os Planos de Ordenamento de Albufeiras, Lagos e Lagoas de Águas Públicas, os Planos de Ordenamento da Orla Costeira e os Planos de Ordenamento dos Estuários. Estes planos vinculam a Administração Pública e os par%culares e devem incluir as medidas adequadas à protecção e valorização dos recursos hídricos na área a que se aplicam, de modo a assegurarem a sua u%lização sustentável.
Planos de gestão dos recursos hídricos (con%nuação)
-‐ Os Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica que abrangem as bacias hidrográficas integradas numa Região Hidrográfica e asseguram o estabelecimento de um programa de medidas, a elaborar para cada região hidrográfica, consideradas necessárias para o cumprimento dos objec%vos ambientais.
-‐ Os Planos Específicos de Gestão de Águas, complementares dos Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica, e que podem abranger uma sub-‐bacia ou uma área geográfica especifica, ou ainda um problema, %po de água, aspecto específico ou sector de ac%vidade económica com interacção significa%va com as águas; estes planos devem ter um conteúdo similar ao dos Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica, com as necessárias adaptações e simplificações, e devem cumprir as demais obrigações que resultem da Lei da Água e da legislação complementar nela prevista.
UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Ao abrigo do princípio da precaução e da prevenção, as ac%vidades que tenham um impacte significa%vo no estado das águas só podem ser desenvolvidas desde que ao abrigo de dtulo de u%lização.
Regime de Concessão e Licenciamento
Nos termos do Decreto-‐Lei 226-‐A/2007, de 31 de Maio, que estabelece o regime da u%lização dos recursos hídricos, regulamentando a Lei da Água, o direito de u%lização priva%va de domínio público só pode ser atribuída por licença ou por concessão, qualquer que seja a natureza e a forma jurídica do seu %tular, não podendo ser adquirido por usucapião ou por qualquer outro dtulo. Verificam-‐se portanto duas situações:
-‐ Estão sujeitas a concessão, entre outras, a captação de água para abastecimento público, para rega de áreas superiores a 50 ha e para produção de energia e a implantação de infra-‐estruturas hidráulicas que se des%nem a esses fins
-‐ Estão sujeitas a licença prévia, entre outras, a rejeição de águas residuais e a imersão de resíduos; a implantação de infra-‐estruturas hidráulicas; a instalação de infra-‐estruturas e equipamentos flutuantes.
No caso de conflito entre diversas u%lizações do domínio público hídrico são seguidos os critérios de preferência estabelecidos no Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica, sendo, em qualquer caso, dada prioridade à captação de água para abastecimento público face aos demais usos.
Regime de autorizações
Quando estejam em causa recursos hídricos par%culares, u%lizações como construções, implantação de infra-‐estruturas hidráulicas e captação de águas, rejeição de águas residuais e imersão de resíduos, aterros e escavações, estão sujeita a autorização prévia da respec%va ARH.
Regime de comunicação prévia
Quando estejam em causa recursos hídricos par%culares, a autorização pode ser subs%tuída pela comunicação prévia de início de u%lização às autoridades competentes, nos termos e condições previstos no regulamento anexo ao plano de gestão de bacia ou ao plano especial de ordenamento do território aplicável. A captação de águas cujos meios de extracção não excedam os 5 cv, carece apenas de comunicação prévia.
Delegação de competências
Podem ser delegadas total ou parcialmente, pela Administrações das Regiões Hidrográficas, as seguintes competências nas en%dades a seguir indicadas, mediante a prévia celebração de protocolos ou contratos de parceria:
-‐ Nas autarquias, poderes de licenciamento e fiscalização de u%lização de águas e poderes para elaboração e execução de planos específicos de gestão das águas ou programas de medidas;
-‐ Nas associações de u%lizadores e em concessionários de u%lização de recursos hídricos, poderes para elaboração e execução de planos específicos de águas ou para a elaboração e execução de programas de medidas.
-‐ No Ins%tuto para a Conservação da Natureza, poderes de licenciamento e fiscalização de u%lização de águas sitas em área classificada sob sua jurisdição ou poderes para elaboração e execução de planos específicos de águas ou de programas de medidas.
Associações de U%lizadores dos Recursos Hídricos:
A totalidade ou parte dos u%lizadores do domínio público hídrico de uma bacia ou sub-‐bacia hidrográfica pode cons%tuir-‐se em Associação de U%lizadores ou conferir mandato a estas com o objec%vo de gerir em comum as licenças ou concessões de uma ou mais u%lizações afins do domínio público hídrico. As associações são pessoas colec%vas de direito privado cujo modo de criação, reconhecimento, estatutos e regras de funcionamento são objecto de normas constantes do Decreto-‐Lei n.º 348/2007, de 19 de Outubro.
Pode a Administração de Recursos Hídricos atribuir como incen%vo à cons%tuição da Associação de U%lizadores e à sua colaboração na gestão dos recursos hídricos parte dos valores provenientes da taxa dos recursos hídricos, através da celebração de Contratos Programa.
Sempre que for reconhecido pelo Governo como vantajoso para uma mais racional gestão das águas, podem ser concedidos direitos de preferência à Associações de U%lizadores já cons%tuídas na atribuição de novas licenças e concessões.
As ARH podem delegar numa Associação de U%lizadores competências de gestão da totalidade ou parte das águas abrangidas pelos dtulos de u%lização geridos pela Associação.
Pode também ser concedida pelo Estado à Associação de U%lizadores a exploração total ou parcial de empreendimentos de fins múl%plos.
A Lei da Água, recomenda o
emprego de instrumentos
económicos
e
financeiros
na
racionalização
do
aproveitamento dos recursos hídricos. O
aproveitamento
de
águas e a
ocupação
do domínio público hídrico, a descarga
de
efluentes
, a extracção de
inertes
ou a
u%lização
de águas
cujo planeamento e monitorização são assegurados pelo
Estado, são ac%vidades às quais estão associados
custos
públicos e benehcios par%culares
muito significa%vos, e que
mais significa%vos se vão tornando à medida que se agrava a
escassez dos recursos hídricos e se intensifica a ac%vidade de
planeamento, gestão e protecção destes recursos a que as
autoridades públicas estão obrigadas.
REGIME ECONÓMICO E FINANCEIRO
DOS RECURSOS HÍDRICOS
O regime económico e financeiro aprovado promove a u%lização
sustentável dos recursos hídricos, designadamente mediante:
-‐ A internalização dos custos decorrentes de ac%vidades suscepdveis de causar um impacte nega%vo no estado de qualidade e de quan%dade de água, e em especial através da aplicação do princípio do poluidor-‐pagador e do u%lizador-‐ pagador;
-‐ A recuperação dos custos das prestações públicas que proporcionem vantagens aos u%lizadores ou que envolvam a realização de despesas públicas, designadamente através das prestações dos serviços de fiscalização, de planeamento e de protecção da quan%dade e da qualidade das águas;
-‐ A recuperação dos custos dos serviços de águas, incluindo os custos de escassez. As polí%cas de preços da água devem cons%tuir incen%vos adequados para que os u%lizadores u%lizem eficientemente os recursos hídricos, devendo atender-‐se às consequências sociais, ambientais e económicas da recuperação dos custos, bem como às condições geográficas e climatéricas da região ou regiões afectadas.