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A percepção dos professores de uma escola particular de Viçosa sobre o ruído nas salas de aula

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Academic year: 2021

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A percepção dos professores de

uma escola particular de Viçosa

sobre o ruído nas salas de aula

The perception of the teachers of a private

school in Viçosa on classroom noise

Resumo

Introdução:as construções das escolas do Brasil, normalmente, não apresentam nenhum tipo de tratamento acústico específico para oferecer ao aluno salas de aulas com boas condições de acústica. Desta forma o ambiente escolar não oferece, muitas vezes, condições adequadas para o aprendizado e para a saúde vocal do professor. Objetivo: investigar o nível de percepção do corpo docente, de uma escola da rede particular de Viçosa, quanto ao ruído escolar; investigar os níveis de ruído em sala de aula. Método: um questionário sobre a percepção dos professores quanto ao ruído no ambiente escolar foi aplicado em 21 professores e foram realizadas medições dos níveis de pressão sonora no interior das salas de aula em diferentes horários. Resultado: 100% dos professores da Educação Infantil, 80% dos professores do Ensino Fundamental I e 71% do Ensino Fundamental II referiram que o ruído prejudica o trabalho e a sua saúde. 100% dos professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I e 80% dos professores do Ensino Fundamental II relataram que o ruído altera o comportamento dos seus alunos. Apurou-se que na escola em questão, os níveis de ruído estiveram acima do permitido pelas NBR em vigor, mantendo médias entre 76,07 a 80,21dBA. Com as salas vazias a média permaneceu abaixo do limite, 45dBA. Conclusão: O corpo docente percebe os prejuízos causados pelo ruído competitivo em sala de aula. Foram constatados que os níveis de pressão sonora do ruído nas salas de aula foram maiores do que os índices recomendados pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).

Palavras-chave: Ruído. Aprendizagem. Percepção da fala. Voz.

Maria Eliana R. Ribeiro, Fga 1

Regina Lúcia de S. Oliveira, Fga1

Teresa M. Momenshon dos Santos, Fga2

Renata Coelho Scharlach, Fga3

1Fonoaudiólogas, especialistas em Audiologia pelo Instituto de Estudos Avançados da Audição – IEAA.

2Professora Doutora do Curso de

Graduação e Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Diretora do Instituto de Estudos Avançados da Audição – IEAA.

3Professora Doutora do Programa

de Mestrado Profissional em

Reabilitação do Equilíbrio

Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN Brasil) e do Instituto de Estudos Avançados da Audição – IEAA.

Autor para correspondência:

Renata Coelho Scharlach Rua Maria Cândida 1813,

São Paulo, CEP: 02.071-022

E-mail: rescharlach@hotmail.com F l á v i

(2)

Introdução

Os problemas relacionados à qualidade do ambiente escolar não têm sido considerados ao se construir uma escola. Aspectos importantes como temperatura, circulação de ar e ambiente sonoro estão sendo relevados em detrimento de uma melhor localização, diminuição de custos entre outros. Dentre vários itens importantes para o conforto no ambiente escolar este estudo abordará apenas o aspecto sonoro.

O pouco conhecimento por parte dos professores e alunos sobre este tema evidencia uma realidade preocupante. Há necessidade de que os mesmos possam, pelo conhecimento, auxiliar na identificação, minimização e superação das interferências negativas que um ambiente acusticamente inadequado possa trazer para o processo de ensino-aprendizagem e à saúde de professores e alunos.

Vários estudos têm demonstrado que em sala de aula, o ruído causado por fontes internas (conversas, mobiliário, equipamentos) e por fontes externas (tráfego, movimentação de pessoas, proximidade dos centros urbanos) encontra-se acima dos valores recomendados pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS)1-7. Desta forma, o rendimento no processo ensino aprendizagem sofre interferências, pois não existe um ambiente propício à concentração e ao entendimento da fala.

Segundo a Norma NBR 10152 da Associação Brasileira de Normas e Técnicas, os níveis de ruído nas escolas não deveriam ultrapassar 50dB (NPS), permanecendo abaixo da voz humana, que é de 60dB em intensidade normal8.

Níveis de pressão sonora elevados comprometem a inteligibilidade da fala, fazendo com que o locutor, neste caso o professor, aumente o volume da voz intensificando o seu esforço a fim de ser compreendido. Todo esse esforço pode ser causador de efeitos nocivos à sua saúde.

Alguns efeitos decorrentes da presença do ruído em sala de aula são: dificuldade em compreender a fala, diminuição da concentração dos alunos, irritabilidade ou estresse e problemas vocais nos professores provenientes da necessidade de elevar a intensidade vocal9.

Frente a estas considerações, o presente trabalho tem como objetivos: 1. investigar se o corpo docente percebe os prejuízos causados pelo ruído competitivo em sala de aula; 2. mensurar o nível de pressão sonora do ruído das salas de aula de uma escola da rede particular de Viçosa.

Método

b ei ro et al , 2 01 0

(3)

cinco salas de aula ocupadas pelo Ensino Fundamental I no período vespertino e pelo Ensino Fundamental II no período matutino. Uma sala de dança está localizada no terceiro andar.

Participaram desta pesquisa 21 professores, sete do Ensino Fundamental II no período matutino, cinco do Ensino Fundamental I do período vespertino e nove professores da Educação Infantil no período vespertino. Antes de responderem ao questionário todos leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

O estudo desenvolveu-se em dois momentos. No primeiro, foi aplicado um questionário direcionado aos professores da instituição referente à influência do ruído competitivo no ambiente escolar. Este questionário foi composto por 16 questões, sendo 15 objetivas e uma aberta. No segundo momento, foi realizada a mensuração dos níveis de pressão sonora nas salas de aula, em diferentes horários, e durante atividades diversas acompanhando a rotina escolar e também fora do horário de aula. Para esta mensuração foi utilizado medidor de nível de pressão sonora da marca TES, modelo - 1351, que registra de forma direta o nível de pressão sonora de um fenômeno acústico. Foi utilizada a curva de ponderação “A”, por apresentar resposta mais próxima do ouvido humano e leitura lenta, em decorrência das situações de grande flutuação.

Os valores mensurados foram agrupados em três categorias: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II. Para análise dos resultados, foi feita uma comparação dos níveis de pressão sonora obtidos nas salas de aula com o limite tolerável proposto pela ABNT.

As respostas apresentadas pelos professores no questionário sobre o conhecimento com relação ao prejuízo causado pelo excesso de ruído em sala de aula foram reunidas e representadas por intermédio de gráficos. As respostas dos professores para as diferentes questões foram divididas em três grupos, a saber: Educação Infantil, Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II.

Resultados

Na primeira parte da pesquisa foram analisadas as respostas apresentadas pelos professores no questionário. Os gráficos a seguir permitem uma análise descritiva dos resultados obtidos (Figuras 1 a 12).

(4)

O barulho na sua sala de aula prejudica o seu trabalho? 100,00 0,00 0,00 80,00 20,00 0,00 71,43 14,29 14,29

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 1. Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à interferência do ruído na sala de aula prejudicando no trabalho.

Você considera que o ruído em sala de aula afeta sua saúde?

100,00 0,00 0,00 80,00 20,00 0,00 71,43 14,29 14,29

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 2: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à influência do ruído na saúde.

(5)

Figura 3: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à necessidade de elevar a voz em sala de aula.

Você tem cansaço vocal ao final da jornada?

100,00 0,00 0,00 80,00 20,00 0,00 42,86 28,57 28,57

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 4: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto ao cansaço vocal no final da jornada de trabalho.

Quando está em sala de aula sente necessidade de elevar a voz?

77,78 0,00 22,22 80,00 20,00 0,00 71,43 28,57 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

(6)

Você tem algum desses sintomas? 77,78 66,67 77,78 33,33 33,33 55,56 77,78 33,33 44,44 60,00 80,00 40,00 60,00 20,00 20,00 20,00 40,00 20,00 71,43 57,14 57,14 0,00 0,00 14,29 0,00 14,29 0,00 Can saço Men tal Dor de cab eça Dor de Gar gan ta Rou quid ão Tontu ra Dor nas Costas Irritação Inso nia zumb ido % Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 5: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto aos sintomas extra-auditivos

Você acha que algo pode ser feito para minimizar o ruído em sala de aula? 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 71,43 28,57 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 6: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à possibilidade de redução de ruído em sala de aula.

(7)

Você acha que o ruído em sala de aula prejudica o rendimento escolar dos alunos?

100,00 0,00 0,00 80,00 20,00 0,00 42,86 57,14 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 7: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à interferência do ruído no rendimento escolar.

Existe algum momento em que o barulho externo é intenso?

100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 42,86 57,14 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 8: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à interferência do ruído externo.

(8)

Você percebe se quando há barulho, há mudança de comportamento em seus alunos?

100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 85,71 14,29 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 9: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à mudança de comportamento dos alunos frente a presença do ruído.

Quais dessas fontes de ruído Você identifica em sua sala de aula?

0,00 100,00 44,44 0,00 0,00 66,67 22,22 22,22 11,11 22,22 11,11 0,00 0,00 60,00 80,00 40,00 0,00 0,00 60,00 20,00 40,00 60,00 0,00 0,00 20,00 0,00 42,86 0,00 42,86 0,00 0,00 71,43 14,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 14,29 ven tilad or recr eio aula de educação físi ca ar co ndici onad o rua próp rios alun os quad ra de esp ortes sica dança rever ber ação (eco ) can tina( processador)co nstr ução cel ular % Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 10: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto às fontes de ruído identificadas em sala de aula.

(9)

Você sabe qual o nível de ruído máximo recomendado pela ABNT no interior das salas de aula?

0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 100,00 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 11: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto ao conhecimento das normas da ABNT referentes ao ruído no ambiente escolar.

Na sua opinião, a manutenção dos equipamentos pode auxiliar na redução do nível de ruído nas salas de aula?

44,44 55,56 0,00 80,00 20,00 0,00 100,00 0,00 0,00

sim não às vezes

%

Educação infantil Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II

Figura 12: Gráfico das respostas fornecidas pelos professores quanto à influência da manutenção dos equipamentos na redução do ruído.

(10)

N ív e l d e P re ss ã o S o n o ra 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 _ X=45 UCL=50,00 LCL=40,00 Controle do ruído comparado ao admitido pela NBR 10.152

Figura 14: Gráfico referente à média do ruído nas salas da educação infantil comparado às NBR 10.152. N ív e l d e P re ss ã o S o n o ra 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 _ X=78,41 UCL=95,02 LCL=61,81 controle de ruído

Figura 13: gráfico referente à média do ruído nas salas da educação infantil

Legenda: UCL – (Up Control Line) - Linha Superior de Controle LCL – (Low Control Line) – Linha Inferior de Controle X – Média aritmética

Os gráficos (figuras 13 a 19) a seguir representam à variação da pressão sonora em sala de aula de forma que no eixo X estão as diversas medições realizadas utilizando o decibelímetro e no eixo Y o nível de pressão em dB(A). Nas Figuras 13 e 14 visualiza-se a variação do nível de pressão sonora nas salas de Educação Infantil.

Nos gráficos 15 e 16 verifica-se a variação do nível de pressão sonora nas salas do Ensino Fundamental I.

(11)

ve l d e Pr es o So no ra 100 90 80 70 60 50 _ X=76,07 UCL=93,78 LCL=58,37 controle do ruído

Figura 17: gráfico referente à média do ruído nas salas da Educação Fundamental II.

ve l d e Pr es o So no ra 110 100 90 80 70 60 50 40 _ X=45 UCL=50,00 LCL=40,00 Controle de ruído comparado ao admitido pela NBR 10.152

Figura 16: gráfico referente à média do ruído nas salas da Educação Fundamental I comparado às NBR 10.152. N ív e l d e P re ss ã o S o n o ra 100 90 80 70 60 _ X=80,21 UCL=94,71 LCL=65,72 Controle de ruído

Figura 15: gráfico referente à média do ruído nas salas da Educação Fundamental I.

Nos gráficos 17 e 18 é observada a variação do nível de pressão sonora nas salas do Ensino Fundamental II.

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N ív e l d e P re ss ã o S o n o ra 100 90 80 70 60 50 40 _ X=45 UCL=50,00 LCL=40,00 Controle de ruído comparado ao admitido pela NBR 10.152

Figura 18: gráfico referente à média do ruído nas salas da Educação Fundamental II comparado às NBR 10.152.

Na figura 19 é apresentada a variação do nível de pressão sonora medida no intervalo de almoço, quando não havia a presença de alunos na escola, comparada com os níveis preconizados pelo NBR10.152.

A tabela a seguir contém as informações sobre as médias, medianas, valores máximos e mínimos de pressão sonora e o desvio padrão, obtidos nas salas

N ív e l d e P re ss ã o S o n o ra 70 65 60 55 50 45 40 _ X=45 UCL=50,00 LCL=40,00

Controle de ruído comparado ao admitido pela NBR 10.152

Figura 19: gráfico referente à média do ruído nas salas de aula com a escola vazia.

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Tabela 1- Valores médios, medianos, e o desvio padrão dos níveis de pressão sonora obtidos nas salas de aulas, separadas por nível de escolaridade.

Nível Média das medições obtidas (dBA) Mediana das medições obtidas (dBA) Valor máximo obtido (dBA) Valor mínimo obtido (dBA) Desvio padrão Número de medições Sala - Educação Infantil 78,41 79,9 124 47,7 9,748 143 Sala - Ensino Fundamental I 80,21 80,1 102,9 59,2 10,328 138 Sala - Ensino Fundamental II 76,07 77,6 101,1 52 11,087 122 Salas Vazias 45 46,5 68,5 40 4,124 80

No decorrer da pesquisa ao ocorrer algum evento que sensibilizasse o decibelímetro foi registrada a frequência de ocorrência e a sua intensidade para se saber quanto e de que forma cada evento influenciou na composição do ruído em sala de aula. Estas anotações estão expostas no Quadro 1 em ordem decrescente de ocorrências.

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Eventos

Frequência de ocorrências

Média (dBA)

atividade de rotina sem outras

interferências 155 63,35

ventilador ligado 43 65,45

arrastar cadeira 30 78,46

música 22 79,65

aula de dança 21 90,39

-sala normal com crianças brincando

no pátio 17 84,17

-recreio 16 83,13

-aula de dança no andar de cima 14 83,47

-barulho no corredor 13 87,2

-pergunta dos alunos 12 51,4

-aula em área externa 12 80

-aula de dança com tambor na quadra 12 97,8

-atividade na quadra 11 85,53

-sala normal com atividade na quadra

externa 10 86,74

-educação física ao lado 9 74,35

-barulho do portão 9 79

-arrasto de cadeira com ventilador

ligado e conversa entre alunos 9 88,73

-cigarra (inseto) 8 56,25

-barulho de crianças no parque e

arrasto de cadeira 8 72,81

-arrasto de cadeira com ventilador

ligado 6 83,8

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Quadro 1 – Frequência de ocorrência dos eventos sonoros em sala de aula e o valor médio do nível de pressão sonora mensurado

Discussão

Os altos níveis de pressão sonora de ruído no ambiente aumentam a interferência na comunicação comprometendo o reconhecimento da fala. Desta forma, verifica-se, quase que automaticamente, um aumento da intensidade vocal em professores e alunos10.

O professor normalmente tem que superar os ruídos competitivos para ser entendido, exigindo maior esforço vocal desencadeando alterações vocais11. Além das alterações vocais o ruído pode ser causador de outros efeitos à saúde do homem. Dentre eles, os mais comuns são: perda auditiva, insônia, alterações hormonais, estresse, problemas cardíacos, digestivos, nervosismo e dificuldades de comunicação9.

No ambiente escolar, o ruído não é apenas um incômodo, mas interfere diretamente no rendimento das atividades de ensino, tanto para alunos como para professores.

A escola estudada neste trabalho se encaixa no problema discutido na literatura citada, pois os resultados mostram que os professores percebem que o ruído em sala é intenso (Figura 1), principalmente nas salas de Educação Infantil, onde o barulho é constante como revela a Figura 13. No entanto, desconhecem a existência de normas que regulamentam o nível de ruído nas salas de aula (Figura 11).

-barulho de material escolar caindo 4 69,55

-ventilador ligado e barulho no

corredor 4 72,15

-estourar bola de chiclete 3 51,56

-aula de dança na sala de cima e

barulho no corredor 3 76,46

-barulho de carro 2 49,8

-risadas 2 83,4

-alunos gritando em sala de aula 2 116,65

-aplausos 2 82,85

-telefone fora da sala 2 74,2

-tosse 1 77,7

-sinal 1 74,2

-educação física ao lado e bebe

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Também se pode notar que entre os professores 18 (85,7%) têm sintomas que podem estar relacionados ao ruído competitivo, como: cansaço mental (71,4%), dor de cabeça (66,6%), dor de garganta (61,9%), irritação (38%) e rouquidão (28,5%) (Figura 5). Além disso, têm consciência de que o ruído pode prejudicar sua saúde (Figura 2). A maioria deles 18 (85,7%) sente a necessidade de elevar a voz durante as aulas (Figura 3) e em consequência tem cansaço vocal ao fim da jornada (um pouco menos no ensino fundamental II). Libardi citou em seu estudo que há urgência em alertar a sociedade, especialmente os profissionais da saúde sobre os efeitos decorrentes da exposição ao ruído4.

Os professores percebem também a mudança de comportamento nos seus alunos quando há barulho intenso (Figura 9), e acham que isto prejudica o rendimento escolar. Isto só não foi observado no Ensino Fundamental II, o que se justifica, pois o barulho é menos intenso que nas demais turmas (Figura 17), com uma média 76,07 dB(A). Vale ressaltar que o horário das aulas do Ensino Fundamental II é diferenciado, sendo assim o ruído externo é menos intenso (Figura 8).

Quanto às fontes de ruído, os professores da educação infantil identificaram como prejudiciais o recreio (100%), a educação física (44,44%) e os próprios alunos (66,67%). Os professores do ensino fundamental I identificaram como prejudiciais o recreio (80%), os próprios alunos (60%), os ventiladores (60%) e as aulas de dança (60%). Já os professores do ensino fundamental II citaram os próprios alunos (71,43%), os ventiladores (42,86%) a as aulas de educação física (42,86%) - (Figura 10).

A maioria dos professores 19 (90,4%) relatou que algo pode ser feito para minimizar o ruído em sala (figura 6) e citaram como exemplo: manutenção dos ventiladores, a troca das cadeiras de ferro, área de parque mais afastada das salas de aula e a troca dos pisos frios.

Quanto às medições do nível de pressão sonora na escola, sabe-se que de acordo com NBR 10.151(ABNT, 2000)5 o nível de ruído para área estritamente residencial urbana, hospitais ou de escolas é 50 dB(A) para o período diurno, horário em que foram realizadas as medições. Comparando o valor especificado pela norma com os resultados obtidos nesta pesquisa nas diferentes salas de aula verificou-se que estas estão bem acima do nível de ruído estabelecido.

Foi observado que a média do nível de pressão sonora na Educação Infantil foi de 78,41 dB(A) com variações entre picos e fundos menores, mantendo-se dentro das linhas de controle(Figura 13), mostrando mantendo-ser um ruído mais constante do que o das salas de aula do ensino Fundamental I que foi de 80,21 dB(A) (Figura 15) e no ensino fundamental II 76,07 dB(A) (Figura 17), onde as variações são maiores saindo tanto acima quanto abaixo do Limite de Controle Superior e Inferior.

(17)

As salas de aula do ensino fundamental I encontram-se no segundo andar e sofrem maior influência do ruído causado pelas crianças da educação infantil que estão na área externa, quadra de esportes e, principalmente, da sala de dança que fica no terceiro andar.

O ensino fundamental II funciona no horário matutino, as salas de aula encontram-se no segundo andar e sofrem maior influência do ruído causado pelos próprios alunos, arrasto de cadeiras, material escolar e circulação nos corredores.

Houve momentos de variação de picos em que a Educação Infantil chegou a apresentar 124 dB(A) (crianças gritando em comemoração a uma competição). No Ensino Fundamental I verificou-se pico de 102,9 dB(A) em uma atividade de música e no Ensino Fundamental II pico de 101,1 dB(A) em situações de correção de tarefa. Esses picos permaneceram por pouco tempo.

Foi feita também uma aferição no horário de almoço quando não havia alunos na escola, apenas os funcionários da limpeza (Figura 19). Observou-se um pico de 68,5dB (arrasto de cadeira), porém, comparando os resultados obtidos para o ruído de fundo nestas medições, verificou-se que a escola apresentou valores recomendados pelas normas, ou seja, menores que 50 dB (A). Em seu estudo, Eniz (2004) observou que metade das escolas pesquisadas mesmo durante o recesso apresentou níveis de ruído acima dos valores recomendados para conforto acústico, porém com a presença dos alunos o nível de pressão sonora aumentou, assim como na presente pesquisa3.

Durante as medições foram observados alguns eventos que sensibilizavam o decibelímetro, estes foram registrados para controle (Quadro 1). Este quadro mostra esses eventos dispostos em ordem decrescente de ocorrências. A análise deste quadro possibilita a interferência da administração da escola nos eventos que mais ocorrem ou nos que têm maior intensidade de pressão sonora. Percebe-se, por exemplo, uma média elevada nos níveis de pressão sonora causados por atividades na área externa (quadra, parque, aulas de educação física e dança), alunos gritando, e arrasto de cadeira somada às conversas dos alunos. Hans (2001) observou valores de nível de pressão sonora máximo causados pelos próprios estudantes em decorrência da movimentação destes (queda de objeto, movimentação de móveis, manuseio de equipamentos e gritos), concluindo que uma mudança de atitude dos alunos pode alterar os níveis de ruído2.

Conclusão

De acordo com as respostas dos docentes, constatou-se que os professores sentem os prejuízos causados pelo ruído. Eles também desconhecem que existem normas que regulam este assunto.

Fatores que contribuem para o agravamento do problema: intervalos diferenciados para turmas com faixa etária distintas, atividades recreativas em espaço próximo às salas de aulas. Além disso, a manutenção simples, como a colocação de borracha nos pés das cadeiras e mesas, utilizadas nas salas de aulas, também contribui para a redução dos níveis de ruído.

(18)

O estudo revela que a escola avaliada não atende as especificações das normas regulamentadoras. A escola tem suas dependências afetadas pelo próprio mobiliário e pela estrutura da escola. Os valores encontrados estão muito acima do estabelecido como confortável. Este tipo de ambiente interfere no processo ensino-aprendizagem e ainda compromete a qualidade de vida daqueles que ali trabalham.

Abstract

Introduction: the construction of schools in Brazil, usually do not exhibit any kind of specific acoustic treatment to provide the student with good acoustic conditions in classroom. Thus the school environment does not usually offer appropriate conditions for learning and for the vocal health of teachers. Objective: to investigate the perception of the teachers of a private school in Viçosa, regarding school noise; to investigate noise levels in classroom. Method: a questionnaire on the teachers' perception about the noise in school environment was applied to 21 teachers and the sound pressure levels were measured inside the classrooms at different times of the day. Results: 100% of kindergarten teachers, 80% of elementary school teachers I and 71% of elementary school II teachers indicated that noise disturb work and health. 100% of kindergarten teachers and elementary school I and 80% of elementary school II teachers reported that noise changes the behavior of their students. It was found that in this school, the noise levels were above those recommended by the NBR, with averages between 76.07 and 80.21 dBA. In empty classrooms, noise levels were 45dB(A), below the maximum recommended threshold. Conclusion: the teachers are aware of the negative effects caused by noise competition in classroom. It was detected that the noise sound pressure levels inside the classrooms were higher than the rates recommended by the Brazilian Association of Technical Standards and (ABNT).

Key Words: Noise, learning, speech intelligibility, voice disorders.

Referências

[1] Oliveira MEA. Saúde Ambiental: a interferência no ambiente escolar. Nova Iguaçu.1999. Disponível em

<http://www.unig.br/facbs/fonoaudiologia/artigo1_fono.doc> Acesso em 12 ago. 2008, 23:17:37.

[2] Hans FR. Avaliação de Ruído em Escolas. Rio Grande do Sul: UFRS-PROMEC, 2001. Disponível em:

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[3] Eniz A. O. Poluição Sonora em escolas do Distrito Federal. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2004. Disponível em:

<http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_arquivos/6/TDE-2004-09-17T134958Z-122/Publico/ Dissertacaoalexandre.pdf> Acesso em 17 de ago. 2008.

[4] Libardi A, Gonçalves CGO, Vieira TPG, Silverio KCA, Rossi D,

Penteado R Z. O ruído em sala de aula e a percepção dos professores de uma escola de ensino fundamental de Piracicaba. Distúrbios da Comunicação 2006; 18(2):167-78.

[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.151: Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento. Rio de Janeiro, 2000.

[6] WHO. Noise. Environmental Health Criteria Document n. 12. Geneva, 1980. Disponível em:

<http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc012.htm> Acesso em: 17 ago. 2008, 19:05:28.

[7] WHO. Guidelines for Community Noise 1999. London, 1999. Disponível em: <http://www.who.int/docstore/peh/noise/guidelines2.html> Acesso em: 17 ago. 2008, 19:30:02.

[8] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.152: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1987.

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[10] Gerges SNY. Ruído: fundamentos e controle. 2. ed. Revista e Ampliada Florianópolis: NR Editora, 2000.

[11] Dreossi RCF, Momensohn-Santos,TM. O Ruído e sua interferência sobre estudantes em sala de aula:revisão de literatura. Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2005;17(2):251-8.

Referências

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