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Advogada Chefe da Divisão Sindical da CNC

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Academic year: 2021

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R E L A Ç Õ E S I N T E R N A C I O N A I S Órgão

Organização Internacional do Trabalho - OIT Representação Eventual

103ª Conferência Internacional do Trabalho Representante

Patrícia Cerqueira Coimbra Duque Advogada

Chefe da Divisão Sindical da CNC

Decisões:

Representantes de governos, empregadores, trabalhadores e conselheiros técnicos dos 185 Estados Membros da OIT reuniram-se em Genebra, entre os dias 28 de maio e 12 de junho, para a 103ª Conferência Internacional do Trabalho.

Durante o evento, os delegados discutiram questões referentes à migração de trabalho e formas de transição da informalidade para economia formal; às estratégias do emprego (discussão recorrente); ao fortalecimento da Convenção 29 da OIT, que dispõe sobre trabalho forçado; e à aplicação das Convenções e Recomendações da OIT.

Na cerimônia de abertura, Daniel Funes de Rioja foi nomeado presidente 103ª Conferência Internacional do Trabalho. Em seu discurso de abertura, Funes de Rioja destacou que vivemos em uma época de mudanças, mas que isso não significa deixar de lado nossos valores, mas sim adaptá-los às novas situações.

Rioja é vice-presidente Executivo da Organização Internacional de Empregadores (OIE) e atua como

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vice-presidente do Conselho de Administração da OIT. Desde 1919, essa foi a terceira vez que um dos representantes dos empregadores foi eleito presidente da Conferência. Como vice-presidentes, a Conferência elegeu Alexandros Alexandris (representante governamental da Grécia), Takaaki Sakurada (representante laboral do Japão) e Jacqueline Mugo (representante dos empregadores do Quênia).

Também discursou na sessão de abertura Guy Ryder, diretor-geral da OIT, que iniciou seu pronunciamento destacando que a migração vem ocorrendo em escala cada vez maior e frequentemente está associada ao abuso de trabalhadores mais vulneráveis. Com uma estimativa de 232 milhões de trabalhadores migrantes em todo o mundo, informou que cada vez mais pessoas estão atravessando as fronteiras em busca de emprego. Assim, enfatizou a necessidade de adoção de recomendações políticas em resposta à globalização, às mudanças demográficas, aos conflitos, às desigualdades de renda e às mudanças climáticas.

Ryder também pediu atenção especial ao tema

trabalho forçado, ressaltando que há,

atualmente, no mundo cerca de 21 milhões de vítimas dessa espécie de labor. E isso não é simplesmente o resíduo de abuso de uma época passada, uma vez que ele é mutante e se recria de várias formas. No ponto, destacou que, durante a Conferência, seria discutida uma ação reforçada para acabar com o trabalho forçado, por meio da complementação da Convenção 29 da OIT.

No tocante ao tema estratégias de emprego, o diretor-geral advertiu que no cenário mundial o desemprego apresenta níveis recordes e continua

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a crescer, apesar da recuperação tímida do crescimento econômico, sendo os jovens os mais afetados.

Abordou, por fim, a questão atinente à economia informal, afirmando que a formalização promove proteção e melhores condições para os trabalhadores, bem como sustentabilidade e concorrência leal para as empresas. Frisou, ainda, que empregos de qualidade constituem peça principal para o desenvolvimento, e, portanto, esse deve ser o ponto de partida para a discussão sobre a transição do informal para a economia formal.

No dia 9 de junho foram proferidos, em plenário, os discursos do ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, Manoel Dias, e do delegado dos empregadores, Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan, respectivamente. No dia 11 de junho, proferiu seu discurso a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti.

Participaram ativamente dos trabalhos da 103ª Conferência Internacional do Trabalho, na qualidade de representantes da CNC, Josias Silva de Albuquerque, vice-presidente Administrativo; Luiz Gastão Bittencourt da Silva, 3º diretor-secretário; e Patricia Cerqueira Coimbra Duque, chefe da Divisão Sindical.

Estiveram presentes também pela CNC Luiz Gil Siuffo Pereira, vice-presidente Financeiro; Alexandre Sampaio de Abreu, Edison Ferreira de Araújo e Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, diretores; Pedro Jamil Nadaf, 2º diretor secretário; e Lidiane Duarte Nogueira, advogada da Divisão Sindical.

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Os empregadores brasileiros foram representados na Conferência por seu delegado, Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan, vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Uma discussão recorrente sobre o objetivo estratégico do emprego foi o sexto ponto da ordem do dia da 103ª Conferência Internacional do Trabalho. Destaque-se que, em relação à

Declaração da OIT sobre Justiça Social para uma Globalização Justa, adotada em 2008, essa foi a

segunda discussão recorrente sobre o objetivo estratégico de emprego no âmbito da Conferência Internacional do Trabalho. A primeira discussão recorrente sobre o emprego ocorreu em 2010.

O primeiro ponto abordado na Comissão foi o contexto e os desafios da crise mundial de emprego. Destacou-se que: há uma grave crise em muitos países: cerca de 200 milhões de pessoas estão desempregadas, sendo que, desse número, aproximadamente 40% são mulheres e jovens; o ambiente para investimentos e negócios permanece incerto; a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e o subemprego persistem; e a transição da escola para o trabalho está levando muito tempo, desconectando muitos jovens do mercado de trabalho.

Ressaltou-se, ainda, que uma série de mudanças estruturais de longo prazo está redefinindo o mundo do trabalho, como, por exemplo, a globalização, a nova geografia do crescimento, a mudança tecnológica, o desafio do desenvolvimento ambientalmente sustentável e a desconexão entre o crescimento econômico e a criação de emprego decente e produtivo. No novo contexto demográfico, vários países estão experimentando o rápido envelhecimento da

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sociedade e o aumento da migração de trabalhadores.

Constatou-se a necessidade de criação de 600 milhões de empregos nos próximos dez anos para absorver o número atual de pessoas desempregadas. Além disso, de acordo com as previsões, mais de 400 milhões de pessoas ainda vão entrar no mercado de trabalho.

A par disso, a OIT e seus constituintes estão confiantes de que podem lidar com o desafio de alcançar a recuperação e o desenvolvimento sustentável por meio da adoção de estratégias de crescimento, com foco no emprego e na inclusão equilibrada, coerente e bem articulada em todos os planos.

Enfatizou-se a importância do investimento em empregos de qualidade, para se retomar o crescimento e se promover sociedades mais inclusivas, e a importância da criação de um ambiente político propício ao desenvolvimento das empresas e do trabalho decente. A OIT deve ajudar os Estados Membros, a pedido, na promoção e na implementação do seu quadro político global para o emprego.

Desse modo, considerando-se a segunda discussão recorrente sobre o objetivo estratégico de emprego, de acordo com o monitoramento da

Declaração da OIT sobre Justiça Social para uma Globalização Justa, os progressos obtidos e os

resultados alcançados no implemento das conclusões da primeira discussão recorrente, a Conferência resolveu:

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2) convidar o Conselho de Administração da OIT a dar a devida atenção a essas conclusões e a orientar a OIT na execução de cada uma delas;

3) solicitar ao diretor-geral que: dê ciência às organizações de caráter regional e mundial das conclusões adotadas; elabore um plano de ação para acompanhar os resultados das ações daí decorrentes; considere esses resultados ao preparar futuras propostas de programas e orçamento; e mantenha o Conselho informado sobre a aplicação dessa resolução.

A Conferência Geral adotou o relatório da Comissão, tendo aprovado como conclusões gerais, e para fins de consulta com os governos, a proposta para fazer uma recomendação com o fim de facilitar a transição do informal para a economia formal.

Decidiu, ainda, incluir na ordem do dia da próxima sessão ordinária da Conferência o item intitulado Facilitar a transição da economia

informal para a economia formal, para que o tema

seja discutido uma segunda vez, tendo em vista a adoção de uma recomendação.

Durante as discussões na Comissão, foram ponderados os seguintes aspectos: que a transição da informalidade para a formalidade deve ocorrer de maneira gradual e progressiva, uma vez que a formalização deve se dar como um processo, e não como um acontecimento; que são necessárias reformas no sistema tributário dos países, estimulando as empresas a gerar empregos sustentáveis; que deve haver modificação na economia de mercado, assim como mudanças políticas e institucionais que melhorem o ambiente de negócios; que devem ser demonstrados os benefícios dessa transição, com incentivos para migração da informalidade para a formalidade; que deve haver uma expansão do

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direito de propriedade; e que as políticas públicas de empreendedorismo devem ser disseminadas pelos Estados Membros.

No entanto, houve pontos de dissenso nas discussões, notadamente no que se refere às propostas de inclusão, no texto da Recomendação, de temas como cadeia produtiva (supply chain) e terceirização (subcontracting). Devido ao impasse ocorrido, uma vez que os empregadores foram contra a inserção desses pontos no texto – até porque estes nada têm a ver com o escopo da Comissão –, os atores sociais decidiram que o texto em relação ao qual não houve acordo ficaria entre parênteses e retornaria para exame na Comissão em 2015, na continuação dessa discussão, e não no debate sobre cadeia produtiva, que só ocorrerá em 2016. A sugestão teve o aval da delegação governamental brasileira.

Assim, sugeriu-se que os Estados Membros promovam debates com os atores sociais envolvidos na questão, objetivando o alinhamento de posições e o alcance do consenso no plano nacional, a fim de facilitar os trabalhos da Comissão em 2015.

Os representantes de governos, empregadores e trabalhadores, integrantes da Comissão, destacaram a grande importância da Convenção 29, adotada em 1930, e da Convenção 105, adotada em 1957, sobre a abolição do trabalho forçado, mas concluíram que é necessário colocar em prática novas medidas para preencher as lacunas existentes.

Nesse sentido, a Conferência Internacional do Trabalho decidiu pela adoção de um protocolo para fortalecer a luta contra o trabalho forçado

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em todo o mundo. Foram 437 votos a favor, 8 votos contrários e 27 abstenções. O referido protocolo é respaldado por uma recomendação, que também foi votada, obtendo 459 votos a favor, 3 contrários e 12 abstenções.

Por maioria, a Comissão concordou que é necessário um novo instrumento legalmente vinculante que estabeleça um marco comum para os 177 Estados Membros que ratificaram a Convenção 29, bem como para os oito países que não o fizeram, com o objetivo de avançar na erradicação do trabalho forçado.

O protocolo, que atualiza a Convenção 29 da OIT sobre trabalho forçado, tem normas gerais que visam esclarecer questões e suprimir lacunas dessa convenção, como, por exemplo, a questão atinente ao tráfico de pessoas. Pode-se dizer que o documento se assemelha a uma emenda.

O protocolo robustece o marco legal internacional, ao introduzir novas obrigações relacionadas à prevenção do trabalho forçado, com a proteção das vítimas e o acesso a compensações, por exemplo, no caso de danos materiais ou físicos. Requer que os governos adotem medidas para proteger melhor os trabalhadores de práticas de recrutamento fraudulentas ou abusivas, especialmente trabalhadores migrantes, e enfatiza o papel a ser desempenhado por empregadores e trabalhadores.

A Recomendação, por sua vez, oferece diretrizes técnicas para sua aplicação. Ela não se incorpora à Convenção e não modifica o protocolo. O documento estabelece como os governos e as empresas devem implementar o protocolo.

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Com a adoção desses instrumentos, a OIT mostrou a sua capacidade de se modernizar no tocante a questões emblemáticas da realidade atual.

A 104ª Conferência Internacional do Trabalho será realizada em Genebra, em junho de 2015.

Referências

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