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SUSTENTABILIDADE: DA ESCOLA AO RIO

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Academic year: 2021

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SUSTENTABILIDADE: DA ESCOLA AO RIO

Ana Carolina Rubini Trovão – actrovao@sanepar.com.br Unidade de Serviço de Educação Ambiental

Sanepar

Avenida João Gualberto, 1259, 13º andar Juvevê

80030001 – Curitiba – Paraná

Roselis Augusta de Oliveira Presznhuk – roselisp@sanepar.com.br Unidade de Serviço de Educação Ambiental

Sanepar

Juliana Goncalves Brandani – jgbrandani@sanepar.com.br Unidade de Serviço de Educação Ambiental

Sanepar

Resumo: O projeto Sustentabilidade: da Escola ao Rio, parceria entre a empresa, a Unilivre e a SEED, mobiliza

professores e alunos, preferencialmente de Cursos Técnicos em Meio Ambiente, para atividades de educação ambiental em rios urbanos que compõe as bacias hidrográficas nas cidades onde o projeto se desenvolvem. As atividades desenvolvidas levam os participantes a perceber a realidade do rio, como influenciam e são influenciados por este recurso natural. Desta forma, estimula-se mudança de visão e de comportamento no que concerne a relação entre os seres humanos e o meio ambiente, tornando estes alunos agentes multiplicadores de atitudes proativas para a melhora da qualidade do rio. As atividades desenvolvidas são: plantio de árvores nativas nas margens do rio escolhido, coleta dos resíduos, monitoramento da qualidade da água e mobilização da comunidade com abordagem e entrega de material informativo.

Palavras-chave: Rios urbanos, Monitoramento da qualidade da água, participação social; Comunidade escolar

SUSTAINABILITY: FROM SCHOOL UNTIL THE RIVE

Abstract: The Project Sustainability: from school til the river, conducted in partnership between Sanepar, Unilivre and Parana Education Department, mobilizes teachers and students, preferably of Technical Courses on Environment, for environmental education activities in urban rivers that make up the watershed in the cities where the project is developed. Activities allow the participants to realise the real situation reality of the river, how they influence and are influenced by this natural resource. Therefore, insights and change on behaviors are encouraged, regarding the relationship between humans beings and environment, making these students to become multipliers of proactive steps to improve the quality of the river. The activities developed are: planting native trees on the chosen rivers banks, waste collection, water quality monitoring and community mobilization through the approach and delivery of information material.

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Pedro Jacobi (2003) o mundo contemporâneo é marcado por práticas e interações sociais que ocorrem num contexto de degradação do meio ambiente e do seu ecossistema. Entretanto, não se trata apenas de uma questão ambiental, posto que, implica deterioração de formas de vida e culturas. Neste cenário há o aumento das diferenças sociais, da miséria, ascendência de casos de doenças relacionadas a ausência de saneamento ambiental acessível e eficiente, aumento da

violência, de formas de discriminação e do isolamento.

Viver sempre foi perigoso e existem ciclos naturais destrutivos que geram novas situações ambientais aos quais os seres vivos precisam se adaptar para sobreviver. Entretanto, segundo Giddens (2012), os riscos que enfrentamos hoje são qualitativamente diferentes do que vivenciamos no passado.

Segundo autor, antigamente as sociedades humanas eram ameaçadas por riscos externos, ou seja, por “... perigos como seca, escassez de alimentos, terremotos e tempestades que surgiam do mundo natural e não tinham relações com as ações dos humanos.”(GUIDDENS, 2012. p.148). Atualmente, nos deparamos cotidianamente com o que autor chama de riscos

fabricados, ou seja, “... riscos que são criados pelo impacto de nosso próprio conhecimento e tecnologia sobre o mundo.” (GUIDDENS, 2012. p.148).

Entretanto, apesar de relevantes, estes riscos nem sempre são evidentes. Um exemplo desta miopia, em relação as problemáticas socioambientais são as tensões acerca dos recursos hídricos.

Trata-se de um bem vital que deveria ser compartilhado mas que, como afirma BOUGUERRA (2004), é visto como a grande fragilidade das sociedades desenvolvidas. Por isso, a competição por este recurso é acirrada, o que agrava as

disparidades quanto a gestão, qualidade e quantidade de água distribuída e consumida em diferentes lugares do mundo. Entretanto, para o autor, casos de “... boa gestão da água existem quando homens e mulheres tomam nas mãos seu destino, ou quando unem os saberes e as sabedorias tradicionais aos conhecimentos científicos sobre o solo e sobre as plantas...” (BOUGUERRA. 2004. p.14).

Mas, e esta é a questão fundamental deste estudo, como podemos nos mobilizar para uma atitude a um só tempo dialógica, cooperativa, solidária e responsável quando a grande maioria de nossos rios urbanos estão cobertos ou degradados?

Muitas pessoas não conhecem os rios que cruzam seus bairros e cidades e, portanto, não reconhecem a poluição hídrica como problema para a qualidade de vida de suas regiões.

Neste contexto, a Sanepar, empresa de água e esgoto do Paraná trabalha para a universalização dos serviços de

saneamento ambiental contribuindo para a preservação dos recursos hídricos e a melhoria da qualidade de vida da população. Para tanto, desenvolve ações pautadas por princípios sustentáveis e educação socioambiental. Neste sentido, contribui para a conscientização acerca das problemáticas socioambientais, desenvolvendo valores críticos e reflexivos voltados à conservação do meio e a melhora da qualidade de vida por meio de ações e processos pedagógicos participativos, democráticos e continuados,

Como forma de contribuir para a adoção de valores e práticas socioambientalmente responsáveis, a empresa, em parceria com a UNILIVRE e a Secretaria de Educação do Estado do Paraná, desenvolveu o projeto Sustentabilidade: da escola ao rio cujo objetivo é tornar eidente as problemáticas socioambientais em rios urbanos.

Tendo como este projeto como caso ara estudo o objetivo deste artigo é investigar o alcance e os impactos das ações socioambientais desenvolvidas sobre a percepção dos problemas socioambientais nas comunidades trabalhadas.

Para esta investigação realizamos um estudo de caso. Os dados analisados foram obtidos por meio de observação participativa e entrevistas com gestores socioambientais e membros da comunidade escolar das áreas trabalhadas entre os meses de outubro e novembro e analisados a luz d revisão bibliográfica realizada. Em função da natureza da metodologia utilizada os principais dados obtidos são qualitativos.

2. O PROJETO SUSTENTABILIDADE: DA ESCOLA AO RIO

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comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias, muitos ainda acreditam que a água possui uma suposta capacidade de desmaterialização das coisas. Por isso, práticas potencialmente nocivas a qualidade dos recursos hídricos como o mau uso do sistema de coleta de esgoto, a falta de ligação residencial a rede coletora e despejo indevido de carga orgânica são comuns.

Neste contexto, a empresa desenvolve ações pautadas por princípios sustentáveis e educação socioambiental contribuindo para a conscientização acerca das problemáticas socioambientais, em particular pertinentes a preservação dos recursos hídricos, e a melhora da qualidade de vida por meio de ações e processos pedagógicos participativos, democráticos e continuados. Um das ações desenvolvidas é o projeto Sustentabilidade: da escola ao rio. Trata-se de uma parceria com a UNILIVRE e a Secretaria de Educação do Estado do Paraná que tem o objetivode disseminar o conceito de sustentabilidade demonstrando como ele pode ser aplicado à qualidade e à conservação dos recursos hídricos e, em particular, de rios urbanos.

A iniciativa mobiliza professores e alunos, preferencialmente de Cursos Técnicos em Meio Ambiente, o desenvolvimento de atividades socioambientais nos rios que compõe as bacias hidrográficas nas quais as escolas estão inseridas.

Mesmo porque, em consonância com o que afirmam Castoli et. all (2009) desenvolver ações de educação socioambiental em escola é um importante instrumento para o despertar crítico das pessoas porque busca na reflexão as bases para as mudanças de atitude inerentes a sustentabilidade.

A metodologia do projeto é pautada pela participação da empresa, de escolas estaduais e técnicas em meio Ambiente e a comunidade local. Portanto, trata-se de uma ação integrada, que une estado e sociedade, com o objetivo de disseminar o conceito de sustentabilidade demonstrando como ele pode ser aplicado para a qualidade e para a conservação dos recursos hídricos e, em particular, dos rios urbanos.

Outros objetivos do projeto são:

• Realizar diagnósticos e análises de qualidade da água e da destinação inadequada de resíduos sólidos nas margens de rios;

• Evidenciar como o conceito de sustentabilidade se aplica às questões relativas a qualidade e conservação dos recursos hídricos;

• Formar agentes multiplicadores;

• Propiciar a alunos de Cursos Técnicos em Meio Ambiente a possibilidade de realizar coletas e análises de água em rios urbanos.

As atividades realizadas são:

Caminhada de reconhecimento do leito do rio e da bacia hidrográfica: Nesta atividade os alunos e professores se deparam com a realidade ambiental da região e da localização do rio. De forma geral, muitos trechos se encontram canalizados. O mapa da hidrografia da região é utilizado como ferramenta de trabalho para esta atividade;

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Chegada dos alunos no Zoológico Municipal para conhecer a nascente do Rio Cascavel

Monitoramento da qualidade da água: Por meio de indicadores químicos, físicos e biológicos da água, tais como: Oxigênio Dissolvido (OD), Potencial Hidrogeniônico (pH), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Resíduo Total, Nitrogênio total, Fósforo total, Temperatura da água e Turbidez e Coliformes termotolerantes os alunos podem identificar se os rios estudados estão poluídos e identificar as formas de contaminação. As coletas são mensais e são realizadas por meio de um kit de análises fornecido pela empresa;

Análise da amostra coletada do Córrego Areiãzinho – Curitiba.

Análise e coleta de resíduos sólidos nas margens do rio: Nesta ação alunos, professores e gestores socioambientais caminham ao longo do percurso do rio observando os tipos de resíduos encontrados analisando qual o melhor encaminhamento a ser tomado e recolhendo os que pertencem a classe 1. Ao final da atividade o material recolhido é pesado e encaminhado para a destinação correta;

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Coleta de resíduos Córrego Areiãzinho - Curitiba.

Plantio de árvores nativas na margem do rio: Nestas ocasiões os participantes do projeto discutem a importância da mata ciliar e plantam como forma de contribuir para a reposição da zona ripícola;

Plantio realizado no entorno do Córrego Areiãozinho – Curitiba.

Caminhada ecológica com mobilização da comunidade local: Nesta atividade os alunos entregam folder com informações ambientais e falam da importância do rio para a região;

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Entrega de folders para população da bacia hidrográfica do Córrego Vila Izabel - Curitiba

Apresentação dos resultados obtidos: Ao final do ano letivo os alunos formulam um quadro dos resultados obtidos e apresentam suas análises aos alunos que participarão do projeto no ano seguinte.

Alunos e Professores Colégio Elysio Vianna - Curitiba

No primeiro ciclo do projeto que aconteceu no segundo semestre de 2013 cerca de 700 alunos, 23 professores e 20 gestores socioambientais desenvolveram atividades socioambientais em 23 escolas no Paraná. Neste período foram mobilizadas cerca de 1.600 pessoas.

O projeto terá continuidade em 2014. No próximo ano participarão das atividades 46 escolas e aproximadamente 1.400 alunos ampliando, assim, a área de atuação e o número de rios monitorados.

3. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS EM CAMPO

Mas, As atividades desenvolvidas levam os participantes a perceber o rio, como influenciam e são influenciados por ele? Estimulam a mudança de visão e de comportamento no que concerne a relação entre os seres humanos e o meio ambiente? Tornam estes alunos agentes multiplicadores de atitudes proativas em prol da qualidade hídrica?

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Durante as viagens de acompanhamento, realizadas nas 23 escolas tivemos a oportunidades de acompanhar muitas atividades e entrevistar gestores socioambientais, professores e alunos.

Um primeiro aspecto relevante na análise são as articulações e estabelecimentos de parcerias com as Unidades Regionais da empresa e as escolas para a realização do programa. Os gestores socioambientais designados para realizar as atividades se reuniram com os Gerentes das Unidades Regionais da empresa para que juntos decidissem os rios em que o projeto poderia contribuir para as ações que já estavam sendo realizadas. As escolas próximas as estes rios foram contatadas e o projeto foi apresentado ao corpo de professores e aos alunos por meio de palestras nas quais eram apresentadas as bacias hidrográficas e as propostas de ação.

Estas negociações se mostraram importantes porque contribuíram para que as comunidades percebessem as ações desenvolvidas pela empresa, dando visibilidade e transparência aos investimentos realizados nas regiões e oferecendo dados relevantes para o planejamento de novas ações que atendam as necessidades locais.

No que concerne as escolas foi possível constatar que, de forma geral, foram receptivas ao projeto e a metodologia proposta. Em todo o Estado, foi verificada a adesão dos professores à iniciativa e o aproveitamento desta oportunidade para trabalhar conceitos técnicos que são tratados dentro da sala de aula de uma maneira prática. Desta forma, é possível afirmar que por meio desta proposta multidisciplinar os professores têm trabalhado os conteúdos de forma integrada, contribuindo assim para a formação dos alunos.

Entretanto, poucos alunos aderiram. O projeto, que previa a participação de 1.200 alunos, teve cerca de 800 participantes muitos dos quais foram desistindo ao longo do semestre em função das provas de final de ano.

Quanto aos alunos é importante ressaltar que o projeto foi mais bem aproveitado por aqueles que pertenciam a escolas Técnicas em Meio Ambiente. Segundo pudemos constatar em campo, as atividades de monitoramento e análise de qualidade de água eram percebidas como mais relevantes por estes alunos contribuía para consolidar temáticas abordadas mais

profundamente em sala de aula.

Em Ponta Grossa as professoras responsáveis pelo projeto no Colégio Estadual Polivalente solicitaram aos alunos que pesquisassem a respeito dos parâmetros físicos, químicos e biológicos utilizados no monitoramento da qualidade da água de forma que, quando em campo, compreendessem a origem do poluente e seu impacto no ambiente. Segundo os relatos no dia da coleta das amostras estes alunos encontraram com universitários que se impressionaram com o quanto eles estavam preparados para interpretar os dados obtidos na análise.

Não obstante nas atividades de abordagens a moradores e residências, alunos, professores e equipe técnica se mostraram preparados e ativos na mobilização da comunidade. Nestas ocasiões 15.000 panfletos foram distribuídos.

Em muitas situações as parcerias estabelecidas foram ampliadas envolvendo outros atores socais como prefeituras, secretarias de estado e associações de bairro o que evidencia a abrangência do projeto.

Um exemplo ocorreu em Cascavel quando professores, alunos da Colégio Estadual de educação Profissional Professor Pedro Boaretto Neto e representante da Secretaria de Meio Ambiente realizaram o plantio em parceria com o Zoológico local onde está a nascente do Rio Cascavel.

Outro exemplo ocorreu em Curitiba, durante uma atividade no Córrego Vila Izabel os alunos da Escola da Polícia Militar perceberam a necessidade da recomposição da mata ciliar e, por isso, junto com a gestora solicitaram a intervenção da Secretaria de Meio Ambiente.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise parcial dos dados qualitativos obtidos, até o presente momento, aponta para o fato de que quando os problemas socioambientais se tornam reconhecíveis e presentes em função do compartilhamento de informações e vivencias membros das instituições sociais podem, sim, assumir uma atitude mais ativa e crítica e, assim, exercerem efetivamente o controle social trabalhando em conjunto com o empresariado e o governo em prol da qualidade socioambiental do meio em que vivem.

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5. REFERÊNCIAS

LOPES, O. Coletânea de atividades de educação ambiental. Curitiba: Universidade Livre do Meio Ambiente, 2002. MMA. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Recursos Hídricos. Lei n.º 9.433 de 8 de janeiro de 1997. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/agua/recursoshidricos/ plano-nacional-de-recursos -hidricos>. Acesso em: 25 jul. 2013.

GIDDENS, Anthony. Meio Ambiente. In:Sociologia. Tradução: Ronaldo Cataldo Costa, revisão técnica: Fernando Coutinho Cotanda. 6º edição. Penso. Porto Alegre. 2012. p 121 – 154

MENDONÇA, Rita. O aprendizado do mundo. In: Conservar e criar: natureza, cultura e complexidade. São Paulo. Editora SENAC. 2005. p. 107 – 115.

BOUGUERRA, Mohamed. As batalhas da água: por um bem comum da humanidade. Tradução: Jpão Batista Kreuch. Petrópolis. Rio de Janeiro. 2004.

JACOBI, Pedro. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, nº 118, p. 189 – 205. março de 2003.

CASTOLDI, Rafael; BERNARDI, Rosangela; POLINARSKI, Celso Aparecido. Percepção dos problemas ambientais por alunos do ensino médio. Revista Brasileira de Ciência, Tecnologia e Sociedade. Volume 1. Número 1. P. 56 -80. 2009.

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