OS SALMOS
Hino à palavra criadora e providente
Hino à glória de Deus expressa na ordem do Universo
A criação nasce da Palavra. A Palavra tem uma dimensão cósmica: «tudo foi criado por Ele e para Ele» (Col 1, 16). «Tudo começou a existir por meio d’Ele, e, sem Ele, nada foi criado» (Jo 1, 3). A certeza de que tudo começou a existir pela Palavra e nada do que existe é fruto do acaso irracional, mas pertence ao desígnio de Deus (dimensão cósmica da Palavra), é louvada e cantada nos Salmos: como hino à Palavra criadora e providente e à glória de Deus expressa na ordem do Universo:
«A Palavra do Senhor criou os céus, e o sopro da Sua boca todos
os astros. Porque Ele disse e tudo foi feito, Ele ordenou e tudo
foi criado,»
(Sl 33 (32), 6.9). Canta‐se a celebração da obra de Deus na criação, a organização e a manutenção do universo.«Os céus proclamam a glória de Deus, o firmamento anuncia a
obra das Suas mãos»
(Sl 19 (18), 2). Hino à glória de Deus expressa na ordem do universo.A palavra que o homem dirige a Deus é também Palavra de
Deus
Palavra de Deus que se torna oração do homem e da
Assembleia
(O salmo é uma bênção cantada pelo povo, louvor de Deus cantado pela assembleia, aplauso de todos, palavra universal, voz da Igreja, melodiosa profissão de fé)É no Livro dos Salmos que Deus nos fornece as palavras com que podemos dirigir‐nos a Ele. A Palavra divina introduz cada um de nós no diálogo com o Senhor: o Deus que fala e vem ao encontro do homem ensina‐nos como podemos falar com Ele, dando‐Se a conhecer no diálogo. Nesta perspectiva, todo o homem aparece como o destinatário da Palavra, interpelado e chamado a entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Assim Deus torna cada um de nós capaz de escutar e responder à Palavra divina. O homem é criado na Palavra e vive nela; e não se pode compreender a si mesmo, se não
se abre a este diálogo, se não conduzir a própria vida para o colóquio com Ele. Transformando a própria vida num movimento para Deus. A Palavra de Deus revela a natureza filial e relacional da nossa vida. Por graça, somos verdadeiramente chamados a configurar‐nos com Cristo, o Filho do Pai, e a ser transformados n’Ele (DV 22, 24). É nos Salmos que encontramos articulada toda a gama de sentimentos que o homem pode ter na sua própria existência e que são sapientemente colocados diante de Deus; alegria e sofrimento, angústia e esperança, medo e perplexidade encontram lá a sua expressão. E, juntamente com os Salmos, pensamos também em numerosos textos da Sagrada Escritura que apresentam o homem a dirigir‐se a Deus sob a forma de oração de intercessão (Ex 33, 12‐16), de canto de júbilo pela vitória (Ex 15), ou de lamento no desempenho da própria missão (Jr 20, 7‐18). Deste modo, a palavra que o homem dirige a Deus torna‐se também Palavra de Deus, como confirmação do carácter dialógico de toda a revelação cristã, e a existência inteira do homem torna‐se um diálogo com Deus que fala e escuta, que chama e dinamiza a nossa vida. Aqui a Palavra de Deus
revela que toda a existência do homem está sob o chamamento divino (DV 24).
O Livro dos Salmos contém a Palavra de Deus que se torna oração do homem. Nos
outros livros do Antigo Testamento, «as palavras declaram as obras» (de Deus a favor dos homens) «e esclarecem o mistério nelas contido» (DV 2). No Saltério, as palavras do salmista exprimem, cantando‐as para Deus, as suas obras de salvação. É o mesmo
Espírito que inspira, tanto a obra de Deus, como a resposta do homem. Cristo unirá uma e outra. N’Ele, os salmos não cessam de nos ensinar a orar (CIC 2587).
Os Salmos, para além da sua componente pessoal, constituem a oração da Assembleia,
em que esta reflecte sobre a Palavra de Deus que se torna oração do Povo orante. Os salmos nutrem e exprimem a oração do povo de Deus enquanto assembleia, por ocasião das grandes festas em Jerusalém e em cada sábado nas sinagogas. Esta oração é inseparavelmente pessoal e comunitária; diz respeito aos que a fazem e a todos os homens; sobe da Terra Santa e das comunidades da Diáspora, mas abraça toda a criação; recorda os acontecimentos salvíficos do passado, mas estende‐se até à consumação da história; faz memória das promessas de Deus já realizadas, mas espera o Messias que as cumprirá definitivamente. Rezados por Cristo e n’Ele realizados, os salmos continuam a ser essenciais para a oração da sua Igreja (CIC 2586).
Os salmos são o espelho das maravilhas de Deus na história do seu povo e das situações humanas vividas pelo salmista. As expressões multiformes da oração dos
salmos tomam forma, ao mesmo tempo, na liturgia do templo e no coração do homem. Quer se trate dum hino, duma oração de aflição ou de acção de graças, de súplica individual ou comunitária, dum cântico real ou de peregrinação, ou ainda duma
meditação sapiencial. Um salmo pode reflectir um acontecimento do passado, mas
reveste‐se de tal sobriedade que pode com verdade ser rezado pelos homens de qualquer condição e de todos os tempos (CIC 2588).
Há traços constantes e comuns a todos os salmos: a simplicidade e a espontaneidade da oração; o desejar Deus em pessoa, através e com tudo o que é bom na sua criação; a situação desconfortável do crente que, no seu amor de preferência pelo Senhor, tem de se confrontar com uma multidão de inimigos e de tentações; a certeza do seu amor e a entrega à sua vontade, enquanto espera o que o Deus fiel fará. A oração dos salmos é sempre animada pelo louvor; e é por isso que o título desta colectânea corresponde bem ao que ela nos oferece: «Os Louvores». Coligida para o culto da assembleia, faz‐nos ouvir o apelo à oração e canta a resposta ao mesmo apelo: «Hallelou‐Ya» (Aleluia)! «Louvai ao Senhor!» (CIC 2589). Santo Ambrósio dizia: «Haverá coisa melhor que um salmo? É por isso que David diz, e muito bem: “Louvai o Senhor, porque salmodiar é bom: para o nosso Deus, louvor suave e belo!” E é verdade. Porque o salmo é uma bênção cantada pelo povo, louvor de Deus cantado pela assembleia, aplauso de todos, palavra universal, voz da Igreja, melodiosa profissão de fé. xxxxxxxxxxxxxxxxx……….xxxxxxxxxxxxxxxxxxx Livro dos Salmos (http://www.gotquestions.org/Portugues/Livro‐de‐Salmos.html#ixzz31Gna5SNV) Autor: As breves descrições que introduzem os salmos referem David como autor de 73 Salmos. A personalidade e identidade de David estão claramente estampadas em muitos desses salmos. Embora seja claro que David escreveu muitos dos salmos individuais, ele definitivamente não é o autor de toda a colecção. Dois dos salmos (72 e 127) são atribuídos a Salomão. O Salmo 90 é uma oração atribuída a Moisés. Outro grupo de 12 salmos (50 e 73‐83) é atribuído à família de Asaf. Os filhos de Coré escreveram 11 salmos (42, 44‐49, 84‐85,87‐88). O Salmo 88 é atribuído a Hemã, enquanto que o Salmo 89 é atribuído a Etã, o ezraíta. Com a exceção de Salomão e Moisés, todos esses autores adicionais foram sacerdotes ou levitas responsáveis pelo fornecimento de música para a adoração no santuário durante o reinado de David. Cinquenta dos salmos não mencionam qualquer pessoa específica como seu autor.
O Livro dos Salmos não é verdadeiramente um livro, nem foi feito de uma só vez nem tem uma doutrina uniforme e explícita
Quando foi escrito: Um exame cuidadoso da questão da autoria, bem como dos assuntos abrangidos pelos Salmos em si, revela que cobrem um período de muitos séculos. O salmo mais antigo da colecção é provavelmente a oração de Moisés (Sl 90
(89) – Brevidade da vida humana), uma reflexão sobre a fragilidade do homem em
comparação com a eternidade de Deus. O mais recente é provavelmente o Salmo 137
(136 – Junto dos rios da Babilónia), uma canção de lamento claramente escrita durante os dias em que os hebreus estavam em cativeiro pelos babilónios, cerca de 586‐538 AC.
É claro que os 150 salmos individuais foram escritos por diferentes pessoas durante um período de mil anos na história de Israel. Eles provavelmente foram compilados e agrupados na sua forma actual por algum editor desconhecido a seguir ao cativeiro cerca do ano 537 AC. O Livro dos Salmos é o mais longo livro da Bíblia e é também um dos mais diversos, já que os salmos lidam com temas como Deus e Sua criação, guerra, adoração, sabedoria, o pecado e o mal, julgamento, justiça e a vinda do Messias. Como coletânea de cânticos ou poemas espirituais, muitos dos quais foram compostos para adoração, por meio da música, no Tabernáculo e no Templo, eles revelam a atitude da alma na presença de Deus, quando contempla a história vivida, a experiência presente e a esperança profética. Cada salmo é a expressão dum consciencioso auto‐ exame da alma frente a seu Deus, sentido e conhecido profundamente.
Resumo: O Livro dos Salmos é uma colecção de orações, poemas e hinos que transformam os pensamentos sobre Deus, por parte do adorador, em louvor e adoração. Partes deste livro foram usadas como um hinário nos cultos de adoração do antigo Israel. A herança musical dos salmos é demonstrada pelo seu título. Ele vem de uma palavra grega que significa “uma música cantada com acompanhamento de um instrumento musical”. Salmos messiânicos Prenúncios: A promessa de Deus da vinda de um Salvador para o Seu povo é um tema recorrente nos Salmos. Fotos proféticas do Messias são vistas em numerosos salmos. O Salmo 2, 1‐12 retrata o triunfo do Messias e do reino. O Salmo 16, 8‐11 preanuncia a Sua morte e ressurreição. O Salmo 22 mostra‐nos o sofrimento do Salvador na cruz e apresenta profecias detalhadas da crucificação, que em Cristo foram cumpridas com perfeição. As glórias do Messias e Sua noiva estão em exposição no Salmo 45, 6‐7, enquanto que nos Salmos 72, 6‐17, 89, 3‐37, 110, 1‐7 e 132, 12‐18 apresentam a glória e a universalidade do Seu reinado.
PROFECIAS ESPECÍFICAS SOBRE O MESSIAS NOS SALMOS
SALMO REALIZAÇÃO CRISTO REI SOFREDOR RESSUSCITOU SUBIU AO PAI
2 Deus e o Seu Ungido Este é o Meu Filho muito amado (Mt 3,17) Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei (Sl 2,7) 110 Promessas de Deus ao Seu ungido Se David lhe chama Senhor, como é seu filho? (Mt 22,45) Disse o Senhor ao Meu Senhor: senta‐te à minha direita (Sl 110, 1) 45 Poema para o Rei O Teu trono ó Deus permanece pelos séculos… (Heb 1, 8) O Teu trono é eterno (Sl 45, 7 72 Oração pelo Rei ideal Reinará eternamente e Seu reino não terá fim (Lc 1, 33) Rectidão, justiça, paz, protecção (Sl 72, 1.7) 72, 19 Estabeleci‐Te como Luz dos povos … (Act 13, 47) … E a terra inteira se encha da sua glória 132 Promessa de Deus a David O Senhor Deus vai dar‐lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente… (Lc 1, 32) Hei‐de colocar no teu trono um descendente da tua família (Sl 132, 11) 22 A paixão do justo 41, 10 Oração de um homem doente 55 Oração do perseguido Mt 27, 46; Lc 23, 45; Jo 20, 25.27 Mt 27, 35‐36 Lc 22. 47 Traído, desamparado, escarnecido e insultado. Traspassado nas mãos e nos pés, sortearão Suas vestes 69 O justo sofredor entre os homens 34, 21 Mt 27, 34 Jo 19, 32‐33 Beberá fel e vinagre, nenhum osso lhe será quebrado 16, 10 Deus nossa herança e fonte de vida Mc 16, 6 Act 2, 24. 34‐36 Mt 28, 6‐7 Lc 24, 6‐7 Jo 20, 8‐9 Lc 20, 34‐38 Tu não me entregarás à morada dos mortos Ressuscitou! 68, 19 Epopeia trinfal de Israel Tu subiste às alturas e levaste contigo prisioneiros Mc 16, 19 Mt 24, 51 Act 1, 9‐11 Foi arrebatado ao Céu e sentou‐Se à direita de Deus
Aplicação Prática: Cantar é um dos resultados de ser cheio do Espírito Santo ou da palavra de Cristo. Os salmos são o “livro de música” da igreja primitiva que refletia a nova verdade em Cristo.
Deus é o mesmo Senhor em todos os salmos. No entanto, respondemos a Ele de formas diferentes, de acordo com as circunstâncias específicas de nossas vidas. Deus vai muito para além das nossas experiências humanas, mas encontra‐se também suficientemente perto para ser tocado e caminha sempre ao nosso lado nos caminhos percorridos da vida. Podemos trazer todos os nossos sentimentos a Deus. Não importa se é uma queixa ou apenas pensamentos negativos. Podemos ter a certeza de que Ele vai ouvir e entender. O salmista ensina‐nos que a oração mais profunda de todas é um clamor de socorro quando nos encontramos oprimidos pelos problemas da vida. ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐xxxxxxxxxxx‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
Os Salmos traduzem a concepção de Deus e de todos os elementos decisivos da experiência religiosa: um Deus que governa o mundo, a vida e a história. Um Deus que é acolhedor e próximo e que está sempre disposto a entender os pedidos de socorro, os gritos de desespero e os anseios de esperança do indivíduo e da comunidade. Classificação dos Salmos Tendo embora aspectos semelhantes, como expressão de vida religiosa e de oração, os Salmos apresentam diversos géneros literários: Salmos de louvor ou hinos – 8, 19, 29, 33, 100, 103, 104, 111, 113, 114, 117, 135, 136, 145‐150.