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2015: UM ANO DECISIVO

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Academic year: 2021

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1. EMENTA: o presente trabalho tem por objetivo abordar as necessidades de

mudanças para que o país volte a crescer mais do que neste momento, com um patamar de inflação menor do que o atual. O trabalho busca identificar as variáveis chaves para a evolução do modelo de crescimento.

2. INTRODUÇÃO

De forma bastante difusa os analistas apostam em um ano de 2015 muito complicado. As projeções são de crescimento ainda inferior a 2%, juros acima dos 12% ao final do próximo ano e inflação ao redor de 6% em 2015. Esse cenário está calcado em duas alternativas de ação de governo, que gerariam praticamente os mesmos resultados quantitativos, porém com um forte diferencial de qualidade: O Governo eleito (Situação ou Oposição) entende que há necessidade de mudança de rumo na economia e no ambiente de negócios, e promove os ajustes necessários, ou parte deles;

O Governo Eleito acredita que o atual modelo deve ser mantido (essa hipótese é provável apenas em caso de reeleição).

Em ambos os casos o país passaria por um período de fraco crescimento e consumo no ano que vem. No primeiro caso, por uma boa razão: ajustes duros no ano, mas que fariam o país voltar a crescer a partir da recuperação das perspectivas e da confiança dos empresários e investidores. No segundo caso o ano seria fraco justamente por conta da falta de perspectivas dos empresários e da queda de confiança no país (de consumidores, investidores nacionais e externos), sem perspectiva de melhoras posteriores.

3. ANÁLISE

A FecomercioSP vê com preocupação o potencial de crescimento do país sendo reduzido a cada ano que passa. Com queda da confiança dos empresários e um

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ambiente pouco propício a negócios dificilmente o país escapará da armadilha de baixo crescimento. Com baixa produtividade, o modelo calcado em consumo fatalmente não permitira ao país retomar o controle inflacionário. Ou seja, mantido o atual modelo a tendência é de que o quadro se mantenha da forma em que está, ou até possa se deteriorar a depender das condições de financiamento internacional. A entidade acredita que algumas ações são de fato prioritárias para que o país retome ao trilho do elevado crescimento e da aceleração do consumo. Vale salientar que, de forma geral uma ação acaba tendo impacto sobre as outras, mostrando que as variáveis que fomentam o crescimento são interdependentes. Em resumo, não há como imaginar a redução da inflação sem o investimento em produtividade, etc. Seguem alguns tópicos de forma resumida:

I. Agenda Positiva:

O país precisa retomar uma agenda de reformas, que seja identificada com a necessidade dos investidores. Sem a recuperação da confiança de investidores e empresários no país, não haverá investimentos e, portanto, não haverá crescimento, senão espasmódicos. Esta agenda tem que ser crível, factível e executada desde o primeiro dia de governo. Dela constam reformas para simplificar a tributação (nem se fala ainda em redução da Carga Tributária por não ser factível), retomada da Reforma da Previdência, Redução dos processos burocráticos, redução do número de ministérios e secretarias para o essencial. Se crível e factível, os empresários estarão dispostos a voltar a apostar no Brasil como um dos motores do crescimento global.

II. Recuperar o “tripé” econômico de Política Fiscal, Monetária e

Cambial em harmonia:

Desde o final do governo anterior até o momento, o aparato clássico de política econômica foi abandonado. A importância dada à política monetária e fiscal se reduziu e o governo se utilizou até mesmo do

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câmbio como variável de estímulo à produção nacional. O modelo de consumo (sem ganhos de produtividade) tomou o lugar da heterodoxia, e os resultados não foram os desejados. O modelo de consumo, de escolha de campeões, e baseado em uma nova leitura do “desenvolvimentismo” não é apto a manter taxas elevadas de crescimento econômico no longo prazo. A retomada de uma Política Monetária e Fiscal austera e da livre flutuação do câmbio, além dos benefícios diretos traria, de positivo, ao país, a retomada da confiança dos empresários no potencial de longo prazo do país, hoje muito desacreditado.

III. Limitar Gastos Públicos por Lei:

Uma das formas de se contribuir para a manutenção de uma política fiscal austera é limitar gastos públicos por Lei. O ideal seria que essa limitação fosse baseada no crescimento econômico, da seguinte forma: os gastos públicos poderiam crescer apenas uma fração do crescimento econômico, no máximo no mesmo patamar. Para que essa estratégia obtenha sucesso, também tem que ser crível. Portanto não adianta imaginar crescimento 0 dos gastos públicos ou redução. A FecomercioSP acredita que se a Lei dispusesse que o crescimento do gasto público nos próximos 10 anos teria que ser um ponto percentual inferior ao crescimento do PIB e posteriormente limitasse a 100% do crescimento do PIB. Desta forma nos primeiros dez anos haveria redução da dívida pública e posteriormente o equilíbrio estável de longo prazo. Essa ação é extremamente importante na recuperação da confiança.

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O incremento das intervenções do setor público sobre a economia às vezes são necessários, como na crise de 2008, quando o governo conseguiu garantir a manutenção das linhas de crédito através dos Bancos Públicos, entre outras medidas. Todavia há um risco nesta estratégia: o de se manter elevado o grau de interferência por um período além do necessário, como de fato ocorreu. Os aspectos negativos, então, passam a pesar mais do que os efeitos positivos de uma intervenção, principalmente quando esta é mal calibrada em termos de profundidade e prazo. Os exemplos mais evidentes dos efeitos negativos dessa ingerência estão na Petrobrás e no setor elétrico. No caso da Petrobrás a empresa sofre danos por não poder elevar os preços dos combustíveis. Os resultados são bizarros, pois, nos momentos em que o preço do barril de petróleo sobe, as ações da Petrobras caem, pois esta, ao invés de se beneficiar da alta de preços de seu produto, tem que elevar os subsídios para manter os preços estáveis ao consumidor. No caso do setor elétrico, a quebra de contratos e a redução forçada das contas de luz geraram os mesmos efeitos negativos sobre os valores da empresa. Em ambos os casos além da perda imediata de valor das empresas, há forte dano à confiabilidade destas. Investidores fogem de negócios onde seu poder de gerenciamento é constantemente tolhido por medidas oblíquas, como gerenciar a inflação às custas de perdas em alguns setores.

V. Resgate da credibilidade nas grandes estatais como a Petrobras:

Empresas do tamanho da Petrobras têm efeitos econômicos que vão além do seu tamanho. O sucesso da Petrobras, no caso brasileiro, tem forte correlação com o sucesso do país e traz efeitos muito positivos

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para a economia dado que a empresa é o maior investidor individual na economia nacional. Quando os investidores perdem a confiança na empresa, ou quando a própria empresa perde capacidade de investimento por aumento das dívidas e redução dos ativos, o país todo perde. Os efeitos em “cascata” são significativos neste caso. Para piorar, o insucesso recente da Petrobrás e das empresas do Setor Elétrico minam a evolução da infra-estrutura no país e reafirmam que as intervenções estatais em geral são deletérias no modelo econômico ideal de mercado. Portanto é necessário resgatar a credibilidade dessas empresas, que, de fato passa por reduzir o grau de intervenção do setor público na economia, recompondo o caixa e a capacidade de investimento destas, bem como sua atratividade para os investidores e parceiros.

VI. Reduzir a Inflação:

A inflação é variável chave na economia. Sua elevação desorganiza o sistema de preços e acaba por reduzir a produtividade média da economia, por impor às empresas maior conservadorismo e mais incertezas. Além disso, e merecedor de muita atenção, há enorme risco de que uma aceleração inflacionária traga inevitavelmente maiores pressões no sentido de intensificar o uso os instrumentos de indexação, o que levaria o país a um caminho sem retorno em termos de descontrole dos preços. Para o consumidor os danos vão além disso: reduzem o valor real de seus rendimentos, o que, de forma direta e rápida, afeta seu humor e sua confiança na economia. Esse consumidor resignado compra menos e se vê insatisfeito, fator que gera perdas em série na economia. Combater a inflação depende também de outras ações aqui já previstas, como o aumento da austeridade monetária e fiscal.

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VII. Ampliar a inserção internacional (maior abertura ao comércio exterior):

O Brasil ainda tem um perfil internacional muito protecionista e fechado. Em um ambiente global de abertura e muitas torças comerciais e financeiras, o maior grau de abertura garantiria maior acesso a investimentos, a tecnologia e ganhos de produtividade. Maior competição e maior vigor econômico. Evidentemente o aumento da abertura da economia brasileira não pode ser imediato e indiscriminado. O país precisa antes, minimizar as diferenças do ambiente competitivo, mas não pode, sob o argumento de proteger a indústria nacional, permanecer indeterminadamente ineficiente e fechado.

VIII. Investir em Capital Humano de forma moderna:

O investimento em Capital Humano tem sido o motor do desenvolvimento de todas as economias emergentes que aceleraram suas economias nas últimas décadas. Foi através da educação que Coréia do Sul, por exemplo, passou a ser uma economia de ponta. Mas não basta investir, há que se investir “certo”. Por certo entenda-se: direcionar o sistema de ensino básico e técnico para a nova realidade econômica. No caso da FecomercioSP, por se tratar da entidade representativa do Comércio, Serviços e Turismo, essa variável é ainda mais nevrálgica. A entidade entende que o sistema de ensino (público e privado) não é adequado às novas necessidades, não forma nem prepara o profissional do futuro. É ainda voltado para trás, quando a indústria era o motor do crescimento do país. O Brasil tem enorme potencial de Serviços e Turismo, por exemplo, quase que totalmente inexplorados. O Brasil é um grande importador de serviços, justamente por não ter capacidade de se suprir. Todas as mudanças passam por uma revolução

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educacional, que não só inclua o máximo possível, mas que também seja adequada para as necessidades do futuro. Neste aspecto SENAC tem larga experiência e tem mostrado grande eficiência, porém, sozinho, é insuficiente para as necessidades do país.

IX. Fazer com que o investimento privado seja o motor da economia:

O setor público é “ruim de serviço” de forma geral. Isso é verdade tanto no Brasil quanto em qualquer outro país. Os crivos de eficiência e as condições de contratação e de controle do setor público estão muito aquém do que ocorre no setor privado. Sendo assim, quanto mais governo menor a produtividade e o desenvolvimento econômico. O exemplo mais claro disso é exatamente a China, que é usada como argumento para a necessidade do Estado Grande. A China tem crescido aceleradamente nos últimos anos, e, não por coincidência esse foi o período de redução da participação do Estado na economia e aumento do estímulo ao investimento privado chinês e internacional (abertura também foi chave para o crescimento na China). No Brasil o caminho oposto foi adotado e, entre 1995 e o atual momento a arrecadação tributária saltou de 25% do PIB para quase 40% do PIB, evidenciando a inversão da lógica da eficiência estatal Vs. privada.

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que diante do material exposto que, o melhor caminho seria mostrar o que cada entidade representativa na sociedade vislumbra como caminho ideal de políticas econômicas e sociais. As medidas acima devem ser adotadas em conjunto, pois são complementares entre si. Não é possível imaginar o combate à inflação sem austeridade monetária, fiscal ou com forte intervenção do governo sobre a economia. Também fica evidente que o Brasil dentro do cenário atual está fadado a crescer ao ritmo de 2% a 3% (talvez menos) enquanto este persistir.

Referências

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