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Ensaio de medição da Radiação Ionizante em Voo

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Ensaio de medição da Radiação Ionizante em

Voo

Marco Aurélio Barros Fortes - Engenheiro Aeronáutico Claudio Antonio Federico - Doutor

Marlon Antonio Pereira - Mestre Heloísa Helena de Castilho Pereira - Mestre Hanna Flávia Santana dos Santos - Estudante Adriane Cristina Mendes Prado - Engenheira Aeronáutico

Instituto de Estudos Avançados - IEAv. Glaucio Cavalcanti Viegas - 1º Tenente Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo - IPEV Palavras Chave: Ensaio, voo, radiação, AMAS.

BIOGRAFIA

Eng. Marco Aurélio B. Fortes - Engenheiro Aeronáutico - Graduado em Engenharia Aeronáutica e Espaço pela Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP (2012), Bolsista de iniciação científica na Divisão de Ciências Atmosférica – IEA/ACA em São José dos Campos de 2010 a 2012. Atual colaborador no Projeto “Efeitos das Radiações Ionizantes em Sistemas Aeronáuticos – ERISA” (erisa.ieav.cta.br).

Dr. Claudio A. Federico – Físico - Mestre e doutor em Tecnologia Nuclear - USP, pesquisador no IEAv e gerente do projeto ERISA. Graduado em Ciências com habilitação em Física pela Faculdade de Ciências Aplicadas de São José dos Campos (1992), mestrado em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (2002) e doutorado em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (2011). Tecnologista Sênior e Supervisor de Radioproteção no Instituto de Estudos Avançados, credenciado pela CNEN. Professor de Graduação na Universidade Paulista – UNIP e de Pós-graduação no Programa de Pós-graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais do ITA/IEAv/IAE. Me. Marlon A. Pereira – Graduado em Engenharia Industrial Química pela Faculdade de Engenharia Química de Lorena (FENQUIL), atual Escola Engenharia de Lorena (USP), 2002. Adjunto do Serviço e Proteção Radiológica do CTA. Mestrado em Ciências e Tecnologias Espaciais pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (2013). Tecnologista Pleno com atuação como adjunto ao supervisor de proteção radiológica no Instituto de Estudos Avançados. Atual aluno de doutorado do Programa de pós-graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais do ITA/IEAv/IAE e colaborador do projeto ERISA.

Me. Heloísa - Mestre em Ciências e Tecnologias Espaciais - ITA (2013). Engenheira de Desenvolvimento e Aplicação pela Henkel (2002-2008). Graduada em Engenharia Industrial Química pela Faculdade de Engenharia Química

de Lorena (FENQUIL), atual Escola Engenharia de Lorena (USP), 2001. Vêm trabalhado em projetos de pesquisa na área de dosimetria e blindagem no setor aeroespacial desde 2008. Colaboradora do projeto ERISA.

Hanna Flávia S. dos Santos - Estudante de graduação em Biomedicina pela Universidade Paulista (UNIP) cursando o quinto semestre com bolsa integral do ProUni, com conclusão prevista para 2016. Bolsista PIBIC de iniciação científica no Instituto de Estudos Avançados (IEAv) em São José dos Campos de 2013 a 2014, com a premiação de 3° melhor apresentação oral no III SCTI, atualmente bolsista ATP-B/CNPq no projeto “Estudo da Radiação Ionizante em Sistemas Aviônicos – ERISA”, no Laboratório de Dosimetria Aeroespacial - IEAv . Colaboradora do Projeto ERISA. Adriane Cristina M. Prado - Mestranda pelo ITA em Ciências e Tecnologias Espaciais, Engenheira Aeronáutica (UNIVAP). Graduada em Engenharia Aeronáutica e Espaço pela Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP (2012), tendo recebido menção de Honra ao Mérito do CREA-SP, por ter se destacado em primeiro lugar no referido curso. Bolsista de iniciação científica no Instituto de Estudos Avançados em São José dos Campos de 2010 a 2012 e atual aluna de mestrado do Programa de pós-graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais do ITA/IEAv/IAE, com bolsa do Programa Pró-estratégia da CAPES. Colaboradora do Projeto ERISA. Glaucio Cavalcanti - Engenheiro Mecânico (UnB). 1º Tenente no Instituto de Pesquisa e Ensaio de Voo (IPEV). Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Brasília (2007). Atual Chefe da Subdivisão de Mecânica no Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo, IPEV.

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RESUMO

Uma cooperação realizada entre o Instituto de Estudos Avançados (IEAv) e o Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo (IPEV) permitiu o aproveitamento de missões realizadas em um C99 (Embraer 145), para medidas de radiação no interior da aeronave. O presente artigo apresenta o resultado preliminar de uma destas missões, onde foi possível determinar o fluxo de partículas no interior da aeronave em função da altitude, por meio da utilização de dois tipos de espectrômetros de partículas, embarcados na aeronave. Para fins de comparação, foram utilizados dados de simulação realizados por meio do código computacional EXPACS para calcular o fluxo de partículas durante as várias etapas do voo. Também foram observados os dados dos índices geomagnéticos de forma a se detectar possíveis flutuações que pudessem influenciar o nível de radiação em altitudes de voo de aeronaves. Este estudo leva em consideração condições do ambiente como a atividade solar, a cobertura de nuvens e a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS). Os resultados demonstram o aumento da incidência de radiação com a altitude, mas a estatística mostrou-se baixa para maiores conclusões. A metodologia e instrumentação utilizadas mostraram-se adequadas para a avaliação do espectro de energia da radiação incidente.

INTRODUÇÃO

A interação da radiação de origem cósmica é composta por diversos tipos de partículas, oriundas do espaço, com amplo espectro de energias. Estas partículas sofrem interação com os átomos e moléculas da atmosfera, de forma a gerar subprodutos que compõem uma cascata de radiação secundária. Este ambiente de radiação atmosférica pode afetar tanto o ser humano como os dispositivos da aeronave, podendo comprometer a segurança de voo. Existem estudos nesta área (DYER, 2001; DUZELLIER, 2010) e devido ao aumento do fluxo aéreo e ao desenvolvimento de aeronaves com maior autonomia e maior teto operacional é necessário entender o ambiente radioativo aeronáutico, os efeitos da radiação e como ela pode interferir nos sistemas aviônicos. Para atingir este objetivo se faz necessária a coleta de dados da radiação cósmica dentro da aeronave.

Raios Cósmicos

Os raios cósmicos (RC) descobertos em 1912, renderam o premio Nobel ao australiano Victor Hess. A composição dos (RC) é de cerca de 85% de núcleos de hidrogênio, 14 % núcleos de hélio () e 1% de núcleos pesados, que são constituídos pelos elementos mais abundantes como carbono, ferro, entre outros (DYER, 1999).

A radiação cósmica pode ser de origem solar ou do meio galáctico, considerados como radiação cósmica primária. As partículas carregadas oriundas do meio interplanetário ou galáctico quando incidentes na atmosfera geram, por efeito cascata, outras partículas de alta energia. Essas partículas por meio de colisões elásticas e inelásticas com outras partículas e com núcleos dos átomos constituintes da atmosfera formam o mecanismo para radiações secundárias A radiação secundária aumenta a intensidade do fluxo de radiação, o que torna de grande interesse do setor

aeroespacial conhecer o campo de radiação sob regime de voo, pois a composição da cascata de radiação é dependente da altitude, composição da atmosfera, entre outros fatores (FEDERICO, 2012).

Campo magnético

O campo magnético da Terra atua como um escudo de proteção contra a incidência de radiação proveniente tanto do meio galáctico quanto de origem solar, assim como contra eventos de ejeção de massa coronal solar, partículas carregadas, entre outras radiações danosas. Contudo, o campo magnético sofre variações em sua intensidade, podendo facilitar ou dificultar a penetração da radiação na atmosfera. Na região próxima ao Brasil, o campo magnético sofre uma depressão em seu formato denominada Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), que é objeto de estudos e preocupações na comunidade científica.

-180 -120 -60 0 60 120 180 -90 -60 -30 0 30 60 90 L a ti tu d e (d e g re e ) Longitude (degree) 2.220E+04 2.378E+04 2.616E+04 3.255E+04 3.980E+04 4.830E+04 5.705E+04 6.108E+04 6.660E+04

Figura 1 Região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS). A unidade da escala está em nT. (Extraído de

FEDERICO, 2012).

As medidas do campo magnético são feitas por magnetômetros espalhados pela Terra. O Instituto Alemão Helmoltz Center

Potzdam, gerencia dados do campo magnético mundial, de

forma a processá-los e fornecer o resultado na forma de um índice de abrangência planetária, denominado como índice Kp (índice K planetário), que varia de 0 a 9 conforme o grau de perturbação correspondente ao campo magnético na superfície terrestre entre outros fatores (LOUIS, 2012).

No Brasil quem monitora e fornece dados de índice K, para a América do Sul, denominado pela sigla Ksa, é o centro EMBRACE inserido no INPE (DENARDIN, 2013).

A radiação na atmosfera

O fluxo da radiação na atmosfera é modulado principalmente pelo ciclo solar e pelo clima espacial, e aumenta com a latitude geomagnética e com a altitude, até atingir um máximo entre 15 e 20 km, denominado máximo de Pfotzer. O período de máximo e mínimo da atividade solar é correlacionado com a taxa de contagem de nêutrons no solo (FEDERICO, 2011), assim quando o potencial solar é máximo o fluxo de nêutrons é mínimo e quando o sol está no mínimo solar o fluxo de nêutrons é máximo na atmosfera.

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O fluxo de partículas e a taxa de dose também são alterados na atmosfera quando ocorre uma ejeção de massa coronal do sol, e estes eventos podem provocar mudanças significativas no fluxo de radiação em altitudes típicas de voo e consequentemente na taxa de efeitos da radiação, dentre os quais destaca-se os efeitos conhecidos como “Single Event Effects” (SEE), resultantes da deposição localizada de energia por uma partícula única, que pode resultar em efeitos eletrônicos como a comutação de bits em células de memória (DYER, 2003).

Radiação Ionizante

É denominada radiação ionizante toda e qualquer tipo de radiação capaz de provocar a liberação de cargas elétricas ao interagir com o meio, porém, essa radiação se distingue conforme sua origem e espectro de energia (OKUNO e YOSHIMURA, 2010).

Efeito da Radiação Ionizante Em Sistemas Aviônicos

Quando uma partícula de radiação incidente atravessa o meio, esta deposita sua energia parcialmente ou totalmente de forma a liberar íons no meio. O acumulo de cargas liberados em componentes eletrônicos pode gerar anomalias do comportamento em memórias, transistores, entre outros fatores (CLAEYS E SIMOEN, 2002).

Nos dispositivos eletrônicos os efeitos da radiação podem aparecer como uma mudança transitória ou permanente dos parâmetros elétricos dos componentes do circuito, seu mau funcionamento ou a sua falha completa. Estes efeitos podem ser divididos em dois grupos. Os efeitos cumulativos que dependem da dose acumulada no dispositivo durante o voo e os efeitos estocásticos que são efeitos probabilísticos.

Os efeitos cumulativos podem ser classificados em Total

Ionization Dose (TID) e Displacement Dose (DD). Já os

efeitos estocásticos são genericamente chamados de Single

Event Effects (SEE) e podem ser divididos em efeitos

permanentes de SEE e transientes de SEE. (MAUNER, 2008; GONÇALES, 2002).

A partícula ao interagir com o material transfere parte de sua energia para o meio. Esta transferência é em função do caminho percorrido pela radiação. A grandeza utilizada para mensurar esse é denominada como Transferência Linear de Energia (do Inglês, Linear Energy Transfer - LET). A unidade usual é dada como energia (keV) por unidade de percurso (µm) como demonstrado na Equação (1.

m

keV

LET

(1) Dose de radiação

A radiação incidente em um meio material deposita energia conforme interage com o meio e existem diversos fatores que alteram a forma com que esta energia é depositada no meio. A quantidade de energia depositada por unidade de massa é a definição da grandeza dose absorvida, ou simplesmente dose. No Sistema Internacional de unidades,

esta grandeza é mensurada em unidades de Gray (Gy) em homenagem a Louis Harold Gray em 1975, de forma que um Gray equivale à um Joule de energia absorvida em um quilograma de matéria, conforme exemplificado pela Equação (2.

kg

J

Gy

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Quando a partícula carregada incide sob o meio material, pode sofrer interação com os elétrons ou com os núcleos dos átomos, porém a probabilidade de interação com a camada eletrônica é mais predominante. A interação pode provocar a ionização do meio devido à liberação de cargas, ocasionado pela transferência de energia da partícula de radiação com o meio material. A liberação de cargas em componentes eletrônicos gera diferença de potencial o que favorece a mobilidade dos elétrons, quando a mobilidade dos elétrons em dispositivos ou componentes eletrônicos é alcançada, estes estão sujeitos a alteração anômala como pulso de corrente. Existem equipamentos desenvolvidos para quantificar o fluxo de partículas provenientes da radiação cósmica e determinar a dose depositada no circuito em unidades de Gray (DACHEV, 2014).

Espectrômetro de LET (Liulin-6B)

O Liulin-6B é um equipamento de detecção de radiação ionizante baseado em diodos tipo PIN, capaz de registrar a passagem de radiações diretamente ionizantes e classifica-las de acordo com a energia depositada na camada de silício do elemento sensor. Dessa forma, pode-se determinar o fluxo de partículas que depositam energia entre 0,0407 MeV e 20,83 MeV no elemento sensor, correspondentes à LETs que variam de 0,135 a 69,4 keV/µm, de forma a apresentar um espectro de LET da radiação incidente, classificado em 256 canais de resolução.

O ciclo de coleta dos dados pode variar de 10s à 300s em intervalos de tempo pré-determinados e o número de ciclos de coleta é virtualmente indeterminado, dependendo somente da capacidade do cartão de memória utilizado no equipamento. Por tratar-se de equipamento que mede o número de partículas por intervalo de LET no silício, seu resultado é de grande interesse para fins de avaliação de efeitos da radiação em dispositivos eletrônicos, já que tais efeitos são dependentes do fluxo e do LET da radiação incidente.

O estudo da relação entre as medidas de radiação ionizante em diferentes altitudes, dentro da AMAS, considerando fatores geomagnéticos e solares são a motivação deste trabalho. Assim busca-se quantificar a intensidade de radiação em regime de voo, relacionado aos fatores geomagnéticos e solares.

Cálculos de estimativa

Alguns códigos computacionais podem ser utilizados para estimar o fluxo de várias partículas, considerando variáveis como rigidez magnética, coordenadas geográficas, data, atividade solar, entre outros. No presente estudo foi utilizado o código EXPACS, desenvolvido a partir de simulações da interação da radiação cósmica pelo método de Monte Carlo, por meio do código PHITS, posteriormente parametrizadas em

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um código analítico denominado PARMA (SATO e NIITA, 2006; SATO et al., 2008).

METODOLOGIA

A medição foi realizada em aproveitamento de uma missão realizada no dia 08/03/2015 com decolagem do aeroporto de São José dos Campos, em um C99 (EMB 145), com destino à Canoas, RS e posterior retorno. Tal rota cruza uma região fortemente afetada pela AMAS (Figura 1) em que o campo magnético sofre depressão.

O equipamento Liulin-6B foi utilizado nesta missão, regulado para adquirir dados de espectro de LET a cada 10 segundos. No voo de retorno o equipamento foi movimentado dentro da aeronave, no decorrer do voo, com a finalidade de se verificar possíveis alterações devidas a espalhamentos de radiação cósmica nas estruturas, que pudessem influenciar o fluxo de radiação dentro da aeronave. A Tabela 1 descreve o desenrolar da missão, bem como posicionamento do equipamento dentro da aeronave em cada etapa da missão.

Tabela 1 Etapas da missão (dados de tempo em horário local).

Missão Etapa Posição Hora início Hora final SJC-Canoas 1 Compartimento de bagagem superior 19:40 21:49 Canoas-SJC 2 Seção traseira da cabine de passageiros 22:45 23:50 3 Meio da cabine de passageiros 23:50 00:20 4 Seção dianteira da cabine de passageiros 00:20 01:06

Durante a maior parte da missão a aeronave permaneceu entre as duas primeiras camadas de nuvens, que se apresentaram cobertas. Próximo ao aeroporto de SJC, no retorno de Canoas, foi constatado precipitação ("chuvisco") por tempo inferior a 1 min.

Foram realizados cálculos, utilizando o código computacional EXPACS, avaliando a contribuição de nêutrons durante todas as etapas do voo, com a finalidade de comparar, de forma relativa, o perfil temporal do fluxo de partículas (número de partículas por unidade de área por unidade de tempo) com o obtido pelo equipamento de medida. Embora seja conhecido que o nêutron não é detectado diretamente pelo espectrômetro de LET, sua interação com o núcleo de outros átomos ou seu decaimento, pode liberar outras partículas ionizantes que podem ser detectadas pelo espectrômetro de LET, resultando em um sinal mensurável, embora não facilmente relacionável com o fluxo de nêutrons.

As estimativas de fluxo de partículas efetuadas por meio do código EXPACS foram calculadas para as diferentes altitudes em pontos representativos da viagem, cuja localização pode ser visualizada na Figura 2, com o

potencial solar de 683 MeV obtido pela FAA (FAA, 2011), dado este preliminar, baseado em medidas de nêutrons no solo da Estação do Instituto Geofísico Polar da Rússia. Os resultados do EXPACS são apresentados para a posição da cabine dentro da aeronave.

Figura 2 Localização dos pontos utilizados para os cálculos no EXPACS. Extraído e adaptado de Google Maps (2015).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Detalhes do perfil do voo como altitude de cruzeiro, tempo de pouso e decolagem são apresentados na Figura 3. A altitude de voo atingiu cerca de 4000 m logo após decolar do aeroporto de SJC, em seguida foi mantida nivelada em torno de 6500 m até próximo ao pouso, quando manteve-se com voo nivelado em torno de 3000 m antes de descer para o pouso.

No retorno a São José dos Campos a aeronave manteve-se sob regime de voo nivelado predominantemente na altitude próxima de 7000 m até estabelecer o procedimento de pouso no aeroporto de SJC.

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08/08 /20 15 19 :00 08/08 /20 15 20 :00 08/08 /20 15 21 :00 08/08 /20 15 22 :00 08/08 /20 15 23 :00 08/08 /20 15 24 :00 09/08 /20 15 01 :00 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Altitude (m ) Data

Figura 3 Perfil de voo dia 08/03/2015 a 09/03/2015 com origem de São José dos Campos - SP destino Canoas - RS e logo após, decolagem de Canoas sentido São José dos Campos. O tempo está em hora local de Brasília

(GMT-3).

O índices Kp, processados por German Reseach Center for

Geosciences (2015), e Ksa, processados pelo EMBRACE,

são apresentados na Figura 4, onde pode-se observar que não houveram períodos de perturbação moderada ou alta (maior do que 3) durante todo o decorrer da missão. Adicionalmente, na Figura 5 pode-se observar os dados das estações de monitoramento de nêutrons em solo de Oulu (Finlândia) e Newark (EUA), de onde pode-se confirmar que não houveram variações significativas nos fluxos de radiação cósmica incidente na Terra durante o período do ensaio. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 KP 08/03 /2015 18:00 08/03 /2015 21:00 09/03 /2015 00:00 09/03 /2015 03:00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 KSA

Figura 4 Índice Ksa e Kp correspondente ao período de missão. 08/03 /2015 19 :00 08/03 /2015 20 :00 08/03 /2015 21 :00 08/03 /2015 22 :00 08/03 /2015 23 :00 08/03 /2015 24 :00 09/03 /2015 01 :00 09/03 /2015 02 :00 86 88 90 92 94 96 98 100 102 104 106 Flu xo d e n êu tro ns ( con tag em /min ) Data (dd/mm/aaaa hh:mm) NEWK OULU

Figura 5: Dados de fluxo de nêutrons para as estações em solo de Newark (NEWK) e Oulu (OULU).

Os dados de fluxo de partículas detectados pelo Liulin-6B e do fluxo de nêutrons calculados pelo software EXPACS são observados na , para fins apenas de avaliação do comportamento da curva, devido ao fato de que as grandezas medidas pelo Liullin-6B e calculadas pelo EXPACS estarem relacionadas fisicamente, mas não poderem ser diretamente comparadas, em valor absoluto, conforme explicado anteriormente.

Os nêutrons são gerados na atmosfera devido a interações atômicas, geralmente devido a prótons oriundos da Radiação Cósmica (RC). Devido a este fato é possível indicar que o incremento da quantidade de nêutron indicado pelo EXPACS está relacionado à contagem de partículas do detector do Liulin-6B. Assim observa-se que nas altitudes de translado é possível observar o aumento da contagem de partículas como também há o aumento do fluxo de nêutron calculado pelo EXPACS, em relação às baixas altitudes.

Pode-se observar também nos dados calculados pelo EXPACS a inclinação dos patamares para os trechos de voo de cruzeiro, que ocorrem devido à variação de latitude da aeronave, que implica em variação na incidência de radiação. Na viagem de ida ocorre um aumento da incidência de radiação cósmica enquanto na viagem de volta ocorre a diminuição da mesma.

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0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 08/03 /2015 19:00 08/03 /2015 20:00 08/03 /2015 21:00 08/03 /2015 22:00 08/03 /2015 23:00 08/03 /2015 24:00 09/03 /2015 01:00 09/03 /2015 02:00 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 Flu xo EXPA CS nêu tro ns/cm ²/s Flu xo L iulin-6 B par tícu las/cm ²/s

Figura 6: Indicação do fluxo de partículas detectados pelo equipamento Liulin-6B e o perfil de fluxo de nêutrons calculados pelo software EXPACS, para fins

de comparação dos comportamentos.

A intenção de deslocar o equipamento Liulin-6B dentro da aeronave durante o voo é para avaliar a distribuição em energia do fluxo de radiação ao longo da aeronave. Na Figura 7 é apresentado o espectro de contagens da radiação incidente em cada posição medida na aeronave, de onde se pode observar que a maior parte das partículas são detectadas nos primeiros canais do espectro, correspondentes a baixas energias depositadas pela radiação no sensor. Na mesma Figura pode ser observada pouca variação entre os pontos medidos em cada etapa, não ocorrendo interações de partículas de altas energias, que seriam detectadas em canais mais altos do espectro.

A variação na quantidade de partículas detectadas em cada etapa não é um parâmetro conclusivo, pois está relacionada ao tempo total da medida e é influenciada pela modulação da taxa de incidência de RC, causada pela variação na latitude da aeronave durante a missão.

Partindo deste espectro em canais é possível, mediante calibração adequada, obter o espectro da distribuição de LET das partículas incidentes, que é um parâmetro fundamental para se avaliar a susceptibilidade de dispositivos eletrônicos para efeitos de radiação ionizante. Partículas de maior LET depositam energia em canais mais elevados, sendo mais susceptíveis à ocasionar efeitos em sistemas eletrônicos. 0 5 10 15 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Cont ag em po r ca na l Canal Etapas: 1 2 3 4

Figura 7: Espectro das partículas incidentes para cada etapa da missão.

Na Figura 7 porem, estima-se que seria necessário um maior tempo de voo para aumentar a quantidade de contagens por canal, permitindo uma melhor avaliação da distribuição das energias das partículas da RC no interior da aeronave.

CONCLUSÕES

Foi observado que, conforme o ganho de altitude da aeronave, aumenta a contagem de fluxo de partículas detectada pelo equipamento Liulin-6B. Este aumento é confirmado por meio do calculo realizado pelo código EXPACS, seguindo as altitudes indicadas pelo GPS do Liulin-6B, o que demonstra semelhanças no perfil da intensidade do fluxo de nêutrons que aumenta com a altitude.

A estatística obtida não permitiu observar claramente o efeito da latitude no campo de radiação incidente, embora o mesmo possa ser claramente evidenciado pelo cálculo realizado por meio do código EXPACS. Sabe-se que as partículas geradas pela reação de nêutrons produzidos na atmosfera podem interagir com os materiais que compõem a aeronave ou átomos da atmosfera, entre outros fatores, que alteram sua energia e, consequentemente seu LET. Embora o trabalho tenha determinado o espectro das partículas incidentes em termos de canais de energia, a baixa estatística não permitiu observar diferenças entre os espectros coletados em cada região da aeronave.

Ressalta-se a importância de dar continuidade ao presente estudo de forma a poder-se caracterizar o campo de radiação incidente na região do Brasil, principalmente para a região da anomalia AMAS e fortalecer a cooperação entre as Instituições envolvidas,

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao IPEv pelos voos em aproveitamento, para aquisição de dados de fluxo de radiação.

Os autores agradecem ao CNPq pelo financiamento dos projetos ERISA (http://erisa.ieav.cta.br) e DRIEAB (Processos CNPq 402209/2013-3 e 481432/2013-2), ao EMBRACE pelo fornecimento dos dados de Ksa, ao German Reseach Center

for Geosciences pelos dados de Kp e à Neutron Bartol Research pelo fornecimento dos dados de nêutrons nas

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REFERÊNCIAS

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Referências

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