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ISBN FORMAÇÃO DE LEITOR PARA O ATO DE LER: REPENSAR, PLANEJAR E EXECUTAR

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Academic year: 2021

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ISBN 978-85-7846-516-2

FORMAÇÃO DE LEITOR PARA O ATO DE LER: REPENSAR, PLANEJAR E EXECUTAR

Aline Jéssica Vilas Boas Soares Bernardes1 Pós-graduanda em Psicopedagogia/FAEL

Email: vilasboas_aline@hotmail.com Sandra Aparecida Pires Franco² Email: sandrafranco26@hotmail.com Eixo 1: Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica

Resumo: Este trabalho tem por objetivo ressaltar a importância do planejamento no contexto escolar para a formação do leitor no ato de ler, visto a relevância que a leitura representa no desenvolvimento das práticas sociais, trazendo significado ao contexto social da criança. A pesquisa retrata o trabalho que vem sendo realizado em uma Escola Municipal da cidade de Toledo no Oeste do Paraná, após o pior resultado entre as escolas do município no IDEB - o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que é calculado com base no aprendizado dos alunos em português e matemática (Prova Brasil). Tendo como referencial teórico os pressupostos do Materialismo Histórico e Dialético, a Psicologia Histórico-Cultural e a Pedagogia Histórico-Crítica, objetivou-se com o projeto ”Linguagem e Seus Usos” promover o ato de ler por meio de leitura literária. Os resultados vêm apontando a relevância da mediação docente nas práticas leitoras dos estudantes, como um agente que conhece o ato de ler, ou pelo menos se espera, com autoridade.

Palavras-chave: Planejamento, Ato de Ler, Mediação.

Introdução

Em uma sociedade cada vez mais agitada, planejar as ações é mais do que somente organizar a rotina. É uma questão de necessidade. Isso fica ainda mais evidente na ação docente, já que como apresenta Gasparin (2007) o sucesso do

1 Graduada em Pedagogia e Pós-graduada em Docência no Ensino Superior pela FASUL - Faculdade Sul Brasil. Pós-graduanda em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial pela FAEL - Faculdade Educacional da Lapa. Email: vilasboas_aline@hotmail.com

² Graduada em Letras e em Pedagogia pela UEM. Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2003). Doutora em Letras na UEL (2008). Professora Adjunta do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina - UEL, na área de Didática e professora do Programa de Pós-Graduação em Educação – UEL. Email: sandrafranco26@hotmail.com

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178 desenvolvimento de um trabalho pedagógico está diretamente ligado às ações, estratégias, metodologia e técnicas que o educador determina antes de sua execução para elaborar e reelaborar o conhecimento científico.

Isso não é diferente na formação de sujeitos leitores no ato de ler, visto que é uma tarefa um tanto quanto complexa. Ter uma intervenção didática, pensada voltada ao leitor é imprescindível ainda mais por entender que a escola é muitas vezes, o único lugar em que as crianças realizam práticas de leitura. O educador precisa ter a consciência do papel social que a educação exerce e a grande responsabilidade que tem na mediação dos conhecimentos historicamente produzidos.

Diante do baixo resultado de uma Escola Municipal na cidade de Toledo no Oeste do Paraná no IDEB - o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica fica evidente a importância de rever as ações pedagógicas, a fim de melhorar o desempenho dos estudantes, não para a execução de testes, mas para sua formação social como um todo.

Com a abordagem teórica baseada nos pressupostos do Materialismo Histórico e Dialético, da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica objetivou-se com o projeto intitulado como ”Linguagem e Seus Usos” o desenvolvimento de uma cultura leitora nos estudantes, por meio de texto literário. Além de um professor responsável pelo programa, os regentes também têm atuado de forma significativa nesse processo. O trabalho continua sendo realizado, porém a grande rotatividade de professores tem dificultado alcançar o desenvolvimento pleno do trabalho.

Por se tratar de uma realidade muito carente, a tarefa tem sido ainda mais desafiadora. Faltam recursos: material, humano e cultural na escola e na comunidade para contribuir na execução do projeto.

Desenvolvimento

Diante dos resultados negativos alcançados no IDEB, a equipe escolar se mobilizou para repensar as ações pedagógicas voltadas principalmente à língua portuguesa, já que o desempenho foi mais preocupante nesta área. Várias reflexões e leituras foram realizadas para decidir qual seria a melhor mediação diante

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179 dos fatos. Os planos de aula foram revistos para identificar onde era preciso melhorar. Como ressalva Vasconcellos (2002), o planejamento é um aliado da prática docente. Isso evita trabalhos mecanizados e improvisos que em nada resolvem na aquisição dos conhecimentos.

Repensado o trabalho já realizado, verificou-se que havia uma necessidade da implantação de um projeto voltado para o ato de ler. Segundo Girotto (2016), o aluno tem sido culpabilizado por seu insucesso escolar. No entanto, a ação docente no início da alfabetização é marcada pela memorização, decifração de sílabas e atividades gramaticais em textos fragmentados ou até mesmo gêneros literários que sofrem a escolarização imprópria, um trabalho segmentado composto por palavras ocas, causando estranhamento ao aluno, perde-se o significado social e humanizador que a linguagem deveria exercer, distanciando-o cada vez mais do estatuto de leitor. Partindo dessa premissa, como ter um resultado diferente de fracasso, quando as oportunidades de ampliar os conhecimentos dos alunos são resumidas e empobrecidas a atividades tão descontextualizadas?

Com a intenção de não cometer mais tais erros, os professores se comprometeram com o projeto e começaram a contextualizar melhor os conteúdos aplicados. Em uma perspectiva Histórico-Cultural baseada em Vygotski e amparada pelo Materialismo Histórico e Dialético, os educadores passaram a visualizar seus estudantes como um ser social, que transforma a si e ao contexto por meio de suas interações mediante a suas necessidades. Entendendo como Vygotski (1991a) que o desenvolvimento do individuo está intimamente ligado ao contexto sócio-cultural ao qual pertence, logo, a escola não deve ser um ambiente a parte da realidade do aluno e sim um lugar de superação e transformação do indivíduo e do seu meio de convívio.

Nesse sentido, o professor como mediador passou a atuar no processo de ensino-aprendizagem tendo como ponto de partida a realidade social e os conhecimentos empíricos dos alunos. Entender quem o estudante é e o contexto a que pertence, permite identificar que caminhos deverão ser seguidos pelo educador rumo ao conhecimento cientifico. É necessário apresentar os conteúdos, problematizá-los, instrumentalizar apresentando o conceito cientifico para alcançar a catarse, ou seja, a prática social com o novo conceito adquirido. O conhecimento deixa de ser as experiências do aluno para ser julgamentos concretos que contribuem para uma visão de mundo mais rica socialmente. (GASPARIN, 2007)

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180 Identificando quem são os alunos, o projeto passou a ser desenvolvido. Recebeu o nome de “Linguagem e Seus Usos” por entender que a linguagem é um instrumento humanizador de liberdade e mudança social. A língua só faz sentido quando revelada e colocada em práticas sociais de uso. Dando ênfase a importância de ofertar um ensino de qualidade as crianças, Girotto (2016 p.47) ressalta que ao:

Negar a elas esse direito é não só destituí-las da conquista de sua identidade leitora, de construir suas histórias de leituras, o seu sentido para ser e estar no mundo, para agir, pensar e sentir, em toda sua humanidade, mas é abortar suas potencialidades, é assassiná-las em palavras-signos, é assassiná-las em leituras. As crianças não são incapazes como muitos de nós as levamos a crer, mas vão criando imensas reservas cognitivas, justamente pelas “dificuldades de ‘ensinagem’” que “no fundo, no fundo” representam as próprias reservas cognitivas de sua Educação Básica e de sua formação inicial no Ensino Superior.

Compreendendo que mesmo com as fragilidades que os professores tinham diante da importância de se trabalhar de modo contextualizado, todos perceberam que era preciso deixar de lado textos fragmentados encontrados em materiais didáticos e literaturas resumidas, empobrecidas ou usadas tal e somente para trabalhar conteúdos escolares, em prol de um trabalho interdisciplinar, concreto voltado as práticas humanas sociais.

O professor responsável pelo projeto trabalha com textos e obras literárias. Apresenta a obra, chama a atenção para o livro: capa, título, ilustrações e autor. A leitura acontece de diferentes modos: alunos ouvintes, um ou mais alunos leitores, leitura silenciosa, contação de história pelo professor caracterizado ou não. Isso é feito sem cobranças descontextualizadas dos conteúdos. Há momentos de estudo das obras, mas também de contemplação da arte. Os alunos também pegam livros na biblioteca e a cada semana, o professor seleciona um gênero textual para ser lido e são feitos debates sobre o que leram como uma espécie de “clube do livro”.

Com as turmas da pré escola, 1º e 2º ano, além do projeto “Linguagem e Seus Usos” que é ajustado para a idade deles, a professora direciona o projeto “Mochila Viajante” em que todos os dias uma criança leva para casa uma mochila com um livro, selecionado previamente pelo educador com a ajuda das crianças, juntamente com um mascote e um diário de bordo onde os pais juntos com o filho registram como foi este momento. Tem funcionado e as crianças amam a experiência.

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181 O trabalho tem caminhado, no entanto, a escola ainda encontra dificuldades em dar uma sequência por se tratar de uma escola com grande rotatividade de profissionais. Mas ao identificar que os alunos que atendem são muito carentes e que a cultura leitora parece mais distante a eles, apresentar a literatura, principalmente a este público que pouco reconhece o sabor cultural das artes é com nos diz Candido (2004) “um direito humano indispensável”. É uma questão de necessidade de primeira ordem.

Conclusão

Para conseguir chegar aos objetivos esperados, é preciso organizar os passos para alcançá-lo. O planejamento é um exercício fundamental no trabalho do docente. Organizar, refletir, pesquisar, investigar são ações anteriores ao trabalho pedagógico desenvolvido pelo educador. Quando a protagonista da história Alice No

Pais Das Maravilhas se perde e busca encontrar o caminho, um gato em cima de uma

árvore sabiamente a responde: “para quem não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”. Na educação não há, ou ao menos não deveria ter, espaço para improvisos.

Apresentar as crianças produções literárias é mais que formar leitores, é oportunizar experiências cultural e historicamente construídas, possibilitar ampliação da visão de mundo, é desenvolver o homem social e cognitivamente e torná-lo agente de transformação de si e de seu contexto.

Os resultados do projeto ainda não podem ser “medidos” em número. O relato dos professores é de que os progressos já são visíveis. Os alunos buscam novas obras, se interessam mais pelas aulas que tem sido contextualizada, a escrita e a leitura tem melhorado e o projeto tem atingido até mesmo os pais que participam e colaboram. Uma coisa é certa, o caminho trilhado aponta que a trajetória está correta.

Referências Bibliográficas

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182 GASPARIN, J. L. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 4.ed. Campinas: Autores Associados, 2007.

GIROTTO, C. G. G. S. Celebrando Possibilidades Leitoras: As crianças necessitam, podem e apreciam ler já desde a pequena infância. Revista Brasileira de

Alfabetização - ABAlf, v. 1, n. 4, p. 35-48, jul./dez. 2016.

VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo. Libertad. 2002.

VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Fontes Editora Ltda, 1991a.

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