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Cultura Material em Exposição: Museu do Couro e do Zé Didor, Campo Maior, Piauí

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Academic year: 2021

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1 Cultura Materialem Exposição: Museu do Couro e do Zé Didor, Campo Maior, Piauí

Felipe de Sousa Soares* Felipe Rocha Carvalho Lima** Petherson Farias de Oliveira*** 1. Introdução

O texto visa apresentar proposta de estudo dos acervos arqueológicos dos museus do Couro e “Zé Didor”, ambos na cidade de Campo Maior – PI, localizada a 86 km de Teresina.

Antes abordaremos as primeiras formações de museus e acervos no Brasil. Os primeiros museus surgiram no século XIX e foi a história natural que mais se sustentou nesse meio, aos poucos algumas ciências que estavam dando seus “primeiros passos” como a etnologia, a antropologia e a arqueologia se inseriram nos museus (SILVA, 2008, p. 42). Sendo que “(...) o Museu Nacional – Rio de Janeiro, o Museu Paraense Emílio Goeldi – Belém e o Museu Paulista – São Paulo; contribuíram para a sedimentação no país de várias ciências (...)” (SILVA, 2008, p. 42), como as citadas anteriormente. Os primeiros acervos foram formados a partir de expedições de naturalistas estrangeiros

[...] em busca de espécimes para as suas coleções. A palavra de ordem era salvar o que mais se pudesse, uma vez que imperava a idéia de que essas culturas se extinguiriam, estando os ‘vestígios’ mais bem preservados nos museus metropolitanos. (SCHWARCS, 1993, p. 69 Apud SILVA, 2008).

Os museus têm um papel importante na sociedade, visando o seu desenvolvimento a partir dos trabalhos de pesquisa, preservação e comunicação (BRUNO; NEVES, 1989, p. 39), e o Brasil conta com diversos museus, a maioria deles apresenta a cultura material como exposição, onde algumas mostras são temáticas e outras são regionais. O museu deve ser considerado um espaço destinado à obtenção de conhecimento e reflexão, e a “exposição” é o veículo responsável pelo diálogo com o público (BRUNO; NEVES, 1989, p. 39-40).

O Museu do Couro é do tipo público, foi fundado em 1983, com financiamento da SUDENE. O seu objetivo, como o próprio nome diz, é a valorização do couro na história de Campo Maior, pois foi uma das principais atividades econômicas da cidade. O seu acervo hoje é bem diversificado, tendo coleções de numismática, passando por armas de

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2 fogo, indumentárias de couro, até madeira trabalhada manualmente, como por exemplo, pilões.

O Museu do “Zé Didor” é um museu particular, foi criada em 1994 por José Cardoso da Silva Neto (o próprio Zé Didor), a partir de doações pessoais de quem freqüentava o seu bar (misto bar-museu), considerado um dos maiores museus privados do Brasil e ficou reconhecido como instituição de utilidade pública em nível municipal, estadual e federal. Para geri-lo juridicamente foi criada a Fundação Cardoso Neto. Hoje o museu do “Zé Didor” se encontra nas instalações da estação da Rede Ferroviária Federal de Campo Maior (REFFESA) e o seu acervo é bastante variado, formado por indumentárias militares, coleções de moedas, fotografias, registros escritos, materiais líticos, entre outros.

O que buscamos com esta proposta de investigação é contribuir para a socialização do acervo e do conhecimento arqueológico existente nos museus do Couro e do Zé Didor, para a população de Campo Maior e visitante em geral, e mais:

Pesquisar sobre a origem das instituições Museu do Couro e Museu do Zé Didor e dos acervos nelas existentes;

Desenvolver estudos de curadoria técnica nos acervos arqueológicos dos museus do Couro e do Zé Didor – Campo Maior, Piauí;

Contribuir para a compreensão do potencial informativo/comunicativo dos acervos arqueológicos existentes nas instituições museológicas, para o benefício das populações locais, pois dessa forma compreenderão mais sobre suas origens, os saberes e os fazeres de seus antepassados.

A situação em que se encontram atualmente os museus do Couro e do Zé Didor é de abandono dos acervos arqueológicos. O visitante/espectador tem certa dificuldade de contextualizar o objeto em exposição com a história da Região Nordeste, pois estes, não estão acompanhados por nenhum tipo de informação.

A Musealização da Arqueologia, de forma simples, é a inserção de objetos arqueológicos nos museus. Para se estudar tais materiais tem-se que abordá-los na ótica arqueológica e museológica (SILVA, 2008, p. 17), pois “as coleções arqueológicas estão na gênese da história dos museus” (BRUNO, 1996, p. 293 Apud SILVA, 2008). O estudo da Musealização da Arqueologia no Piauí tem uma relevância no âmbito cultural, uma vez que pode contribuir para o conhecimento da arqueologia e do patrimônio

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3 arqueológico em certas áreas, como na região norte do Piauí, onde foram feitas poucas pesquisas.

Atualmente, no Piauí, na cidade de São Raimundo Nonato a aproximadamente 500 km de Teresina, se encontra a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), que desenvolve pesquisas arqueológicas no Parque Nacional Serra da Capivara, instituição onde os pesquisadores desenvolvem vários estudos sobre objetos arqueológicos, como enterramentos, materiais líticos, cerâmicas e executam exposições permanentes, com informações dos primeiros habitantes da área que hoje delimita o estado do Piauí. Essas exposições são importantes para conhecermos, como o homem interagia com o ambiente em que vivia, e entendermos como era o modo de fazer seus objetos, e para que eles o utilizavam.

Levando em consideração, a exemplo o museu da FUMDHAM, os museus da região centro norte do estado do Piauí ainda deixam muito a desejar em relação a curadoria técnica, pois muitas vezes as informações contidas nas descrições das peças são insuficiente para um entendimento básico dos visitantes. Enquanto a Fundação Museu do Homem Americano é estruturada com recursos audiovisuais didáticos, a exposição e os acervos são devidamente separados e armazenados de acordo com a classificação , que facilitam um melhor entendimento dos visitantes, os museus do “Couro” e “Zé Didor” sofrem com a falta de estrutura física e científica para sua exposição e armazenamento.

Os museus do “Zé Didor” e do Couro apresentam algumas distinções, uma delas é que o Museu do “Zé Didor” é particular e o Museu do Couro é público, sendo que o Museu do “Zé Didor” dispõe de milhares de objetos, o que dificulta a sua organização no espaço. Um aspecto em comum entre eles é que não estão mais em sua sedes de origem. O museu do Couro, por exemplo, já mudou de sede várias vezes e em muitos casos isso traz a perda de objetos. Será que encontraremos informações ou fotos dessas peças que não se encontre mais neles? No futuro, esses acervos poderão, realmente dialogar com o público, trazendo uma forma interativa com o visitante? Entretanto é importante que algumas propostas de exposições sejam apresentadas, cabendo às autoridades, cuidar desse patrimônio, sejam municipais ou estaduais.

Os bens culturais, que compõe nosso patrimônio regional, no caso os bens arqueológicos, são variados e representam vivências, memórias que quando exiladas têm a tendência de serem esquecidas e não trabalhadas, logo, não possuem

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4 representatividade, perdem a capacidade de significação (SILVA, 2008, p. 15). Uma vez que isto ocorra, o estudo do acervo de arqueologia nos museus do Zé Didor e do Couro pode contribuir tanto no que diz respeito à inserção do patrimônio arqueológico em ambientes permeados por desenvolvimentos sócio-históricos particulares, quanto no que concerne ao fornecimento de informações sobre os antigos grupos humanos que habitaram o solo piauiense e brasileiro.

A metodologia que será empregada neste Projeto vai ser agrupada em algumas partes. Em relação às coleções arqueológicas, será feita uma análise tecno-tipológica, visando à percepção de características, entre outras, como técnicas de execução, forma, função, dimensões e lugar de origem. Este último, embora não seja o foco deste estudo, tornará possível, situar os artefatos, que compõem os acervos arqueológicos no recinto, dentro do que se conhece em termos de arqueologia regional no Estado do Piauí. Esta parte do trabalho ocorrerá, por meio de uma curadoria técnica tendo em vista a preparação do inventário do acervo arqueológico.

As pesquisas ao redor das instituições museológicas exigirão consultar pesquisadores, pessoas da cidade de Campo Maior e/ou funcionários sobre coleções arqueológiaos; consultar a bibliografia histórica e arqueológica associada aos objetos que dispõe o acervo de arqueologia dos museus do Zé Didor e do Couro; percorrer salas de exposição; ler recortes de jornal sobre pesquisas arqueológicas e analisar documentações administrativas dessas instituições. Contudo, no que diz respeito às formas de extroversão serão analisados, fotografias, vídeos e expografia.

O estudo do acervo ainda está em desenvolvimento, mas apesar de não ter sido concluído podemos sugerir que os acervos dos museus do “Couro” e do “Zé Didor” precisam passar pela curadoria técnica para que os mesmos museus estejam devidamente didáticos a ponto de servirem como base de pesquisas relacionada à cultura da região do município de Campo Maior. Ou seja, uma melhor estruturação dos museus citados seria um investimento que enriqueceria fontes de pesquisa científica como o conhecimento sobre a cultura daquela região.

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5 Referências

BRUNO, M. C. Museus de arqueologia: uma história de conquistadores, abandonos e mudanças. In: Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. n. 6. São Paulo: EDUSP, 1996. BRUNO, M. C; NEVES, W. A. Ossos para o Ofício: Proposta, Execução e Avaliação de uma exposição temporária. In: Ciências em Museus, São Paulo, v.1, n. 1, p. 39-58, 1989. SILVA, A. S. N. F. da. Musealização da Arqueologia: Diagnóstico do Patrimônio

Arqueológico em museus potiguares. 2008. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

SCHWARCZ, L. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

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