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Ação e formação docente: narrativas, memórias, saberes e fazeres de professores da educação básica / Action and teacher training: narratives, memories, knowledge and doing of basic education teachers

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761

Ação e formação docente: narrativas, memórias, saberes e fazeres de professores

da educação básica

Action and teacher training: narratives, memories, knowledge and doing of basic

education teachers

DOI:10.34117/bjdv6n11-322

Recebimento dos originais: 04/10/2020 Aceitação para publicação: 16/11/2020

Regina Celi Frechiani Bitte

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo

Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação da UFES reginabitte@yahoo.com.br

Vilmar José Borges

Doutor em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista – UNESP

Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação da UFES vilmar.geo@gmail.com

RESUMO

O presente artigo tem por foco investigativo a epistemologia da prática profissional e objetiva desenvolver e socializar reflexões acerca das potencialidades formativas implícitas em narrativas e memórias da construção, reconstrução e mobilização de diferentes saberes e fazeres no processo de ser/estar professor de Geografia e História na Educação Básica. Desta forma, vimos implementando um projeto de pesquisa, tipo guarda-chuva, que agrega e dialoga com outros cinco subprojetos, tendo como metodologia a abordagem qualitativa, apoiados nos pressupostos da História Oral Temática. Ainda que de forma embrionária, a proposta de pesquisa em andamento, nos permite evidenciar a importância de estudos e pesquisas sobre a educação e sobre o ensino voltarem-se para a cotidianeidade das práticas pedagógicas, incorporando ao seu universo o espaço da vivência docente.

Palavras-chave: Epistemologia da prática profissional, Formação docente, História, Geografia. ABSTRACT

The present article has an investigative focus on the epistemology of professional practice and aims to develop and socialize reflections about the formative potentialities implicit in narratives and memories of the construction, reconstruction and mobilization of different knowledge and actions in the process of being / being a teacher of Geography and History in Basic education. Thus, we have been implementing an umbrella-type research project, which aggregates and dialogues with five other subprojects, using the qualitative approach as methodology, based on the assumptions of Thematic Oral History. Although in an embryonic way, the research proposal in progress, allows us to highlight the importance of studies and research on education and teaching to turn to the daily routine of pedagogical practices, incorporating the space of the teaching experience into its universe.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761

1 PALAVRAS INICIAIS...

A profissão docente é bastante complexa e dinâmica, envolvendo uma pluralidade de saberes em constante processo de mobilização, produção e reprodução no exercício de sua prática. Implícita e explicitamente, essa pluralidade de saberes mantém estreita e dialética relação entre a ação e a formação docente, onde ora uma alimenta ora é alimentada pela outra, exigindo, pois constantes reflexões que propiciem o estabelecimento de diálogos entre a formação e a atuação docente.

Nessa direção, o presente artigo tem por foco investigativo a epistemologia da prática profissional e objetiva desenvolver e socializar reflexões acerca das potencialidades formativas implícitas em narrativas e memórias da construção, reconstrução e mobilização de diferentes saberes e fazeres no processo de ser/estar professor de Geografia e História na Educação Básica.

Segundo Tardif (2000), a epistemologia da prática profissional caracteriza-se pelo “... estudo do conjunto dos saberes utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas tarefas” (p. 13). Portanto, o exercício para compreender a complexidade da profissão docente, visando contribuir com sua melhoria, bem como subsidiar a qualidade dos cursos de formação, requer em um primeiro momento, que se volte os olhares para os professores da educação básica, suas narrativas e memórias acerca dos truques e estratagemas utilizados pelos mesmos em seus respectivos momentos de ser/estar professor.

Assim, na perseguição do objetivo anunciado, vimos implementando um projeto de pesquisa, tipo guarda-chuva, que agrega e dialoga com outros cinco subprojetos, cujos focos tem como fio condutor a ênfase na epistemologia da prática profissional de professores atuantes na educação básica, nas áreas de Geografia e de História da Região Metropolitana da Grande Vitória-ES. As cinco pesquisas possuem abordagem qualitativa, com emprego de metodologia apoiados nos pressupostos da História Oral Temática (BOM MEIHY, 1996; POLLAK, 1992; ROUSSO, 1998), visando, em última análise, a obtenção de narrativas de professores de Geografia e de História, acerca de seus saberes e seus fazeres no exercício de suas respectivas funções.

Segundo Bom Meihy (1996)

História oral é um recurso moderno usado para a elaboração de documentos, arquivamento e estudos referentes à vida social de pessoas. Ela é sempre uma História do tempo presente e também conhecida por História viva.(...) a História Oral se apresenta como forma de captação de experiências de pessoas dispostas a falar sobre aspectos de sua vida mantendo um compromisso com o contexto social (BOM MEIHY, 1996, p. 13).

A abordagem metodológica da História Oral se mostra potente e adequada nas propostas investigativas que visam contribuir para desvelar a complexidade e processualidade do processo de efetivação da epistemologia da prática profissional (TARDIF, 2000), permitindo captar e documentar

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 o movimento do ser/se fazer/sendo professor. Possibilita documentar o não documentado (BOM MEIHY, 1996), ao resgatar e registrar relatos e narrativas acerca de experiências e vivências docentes no exercício da profissão.

Para Thompson (1998),

A História oral oferece, quanto a sua natureza, uma fonte bastante semelhante à autobiografia publicada, mas de muito maior alcance [...]. A realidade é complexa e multifacetada; e um mérito principal da História oral é que, em muito maior amplitude do que a maioria das fontes, permite que se recrie a multiplicidade original de pontos de vista (THOMPSON, 1998, p. 25-6).

Essa multiplicidade de pontos de vista docente, materializada nas suas narrativas podem desvelar memórias de seus saberes e fazeres no exercício cotidiando do ser/estar professor. Nessa direção, justifica-se, por sua vez, conforme Nóvoa (1992), voltar nossos olhares para a internalidade do processo educativo, para o professor, seus saberes e suas práticas, buscando captar como pensam, falam, trabalham na sala de aula, como transformam programas curriculares, como se apropriam de saberes, como os constroem/reconstroem e mobilizam, de como interagem com os pais dos alunos, com os alunos e com seus colegas.

Nesse movimento de voltar o foco das investigações para a internalidade do processo educativo, encontram-se ricas possibilidades e perspectivas de contribuir, também, para mitigar gargalos denunciados por Gauthier (1998), ao enfatizar que a ação e a formação docente se esbarram em dois obstáculos, quais sejam o de que a atividade docente se exerce sem revelar os saberes que lhe são inerentes e, em consequencia, a ciência da educação produzir saberes que não levam em consideração as condições concretas de exercício da profissão.

A manutenção de tais gargalos contribui para o processo de “desprofissionalização” do ensino, na medida em que impede o “desabrochar de um saber desse ofício sobre si mesmo”, favorecendo o seu contrário, qual seja o de propor “saberes sem ofício”, reduzindo a complexidade da ação e da formação docente, ao desconsiderar “o professor real, cuja atuação se dá numa verdadeira sala de aula” (GAUTHIER, 1998, p.25-6).

Segundo o referido autor, esses obstáculos impediram a emergência de saberes profissionais, favorecendo a preconcepção de ideias prejudiciais à profissionalização do ensino. Dentre tais preconcepções, destacam-se as ideias de que, para ensinar, basta conhecer o conteúdo a ser ensinado, desconsiderando outros saberes fundamentais, tais como questões relacionadas ao planejamento de atividades, de avaliação, de relações interpessoais, de disciplina, entre tantas outras.

Nesse sentido, parte-se do pressuposto de que ao desvelar a epistemologia da prática profissional, explícitas nas vozes de professores, podemos contribuir para que se contorne tais

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 obstáculos, propiciando, também, uma possível e necessária aproximação Universidade-Escolas de Educação Básica, nos processos de formação/ação docente.

Assim, torna-se fulcral compreender a constituição do saber necessário ao exercício da profissão docente, que se constitui, por sua vez, pela amálgama de múltiplos saberes, tais como os oriundos da formação profissional, dos saberes das disciplinas, dos currículos e da experiência. Conforme bem salienta Tardif (2012), o primeiro tem como referência as teorias que as ciências humanas oferecem para a educação e para os saberes pedagógicos. Os saberes das disciplinas são aqueles difundidos e selecionados pela instituição universitária, correspondendo as várias áreas e ciências de referência. Os saberes curriculares são os que a instituição escolar apresenta como aqueles a serem ensinados e os saberes da experiência são os constituídos no exercício da prática cotidiana da profissão. Considerar essa pluralidade de saberes torna-se, portanto, fundamental para a configuração da identidade e competência profissionais.

Nessa direção, nossa proposta investigativa, vinculada ao Grupo de Pesquisa Narrativas, Memórias, Saberes e Fazeres de Professores de Geografia e História da Educação Básica, conta, atualmente, com o envolvimento de quatro mestrandos do Programa de Mestrado Profissional em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, além de agregar, também, licenciando/as dos Cursos de Geografia e História, por intermédio da disciplina Estágio Curricular Supervisionado, sob responsabilidade dos dois coordenadores da mesma.

A busca por pontos de convergência e de diálogos propiciados pelos “achados” dos cinco projetos constitutivos de nossa investigação e que nos permitam contribuir para desvelar a materialização da epistemologia da prática profissional, aproximando, alimentando e subsidiando mutuamente as práticas decorrentes da ação e da formação docente constitue a essência de nossa investigação. Para tanto, justifica-se um olhar atento para as propostas e ações implementadas em cada um dos nossos cinco subprojetos de investigação.

2 TESSITURAS DA EPISTEMOLOGIA DA PRÁTICA PROFISSIONAL: MÚLTIPLOS OLHARES...

O subprojeto “O Espírito Santo na sala de aula: memórias, narrativas, saberes e fazeres de professores de História da educação básica”, tem como principal objetivo analisar a prática docente com ênfase na abordagem do ensino da História do Espírito Santo nas escolas Municipais de Vitória-ES. Portanto, a matéria prima para o seu desenvolvimento são os saberes e fazeres explícitos nas narrativas dos professores de história atuantes na educação básica.

Em seu desenvolvimento, foram realizadas entrevistas orais gravadas, permitindo a obtenção de narrativas dos professores acerca de sua formação e do labor na lida com a sala de aula. Nas

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 narrativas dos professores, a pesquisa identificou a preocupação dos mesmos em trabalhar com a construção da identidade histórica dos sujeitos pertencentes a esta região, ao buscarem a valorização da identidade capixaba.

Porem, as narrativas também apontam desafios e obstáculos para a efetivação do trabalho como a local e regional com vistas a construção da identidade. Denunciam, dentre outras, dificuldades para ter acesso a bibliografia produzida ou até mesmo a falta dela; os livros didáticos adotados pelas escolas que abordam a história nacional e Global e não contemplam a História do Espírito Santo e a falta de recursos materiais, como computadores suficientes para desenvolverem suas atividades e biblioteca com acervo precário. Destacam, que em algumas escolas existem os recursos materiais, porem estão defasados, precisando de manutenção e, até mesmo, sem conexão de internet.

A pesquisa revela, também, que para além dos problemas gerados pela escassez de trabalhos historiográficos, e pela deficiência de livros didáticos sobre História do Espírito Santo, os professores com esforço e dedicação tem buscado outras alternativas para construir seu próprio material de apoio didático.

A pesquisa sinaliza que as narrativas dos docentes entrevistados estão prenhes de sinais e pistas que os mesmos concebem a História do Espírito Santo como potente alternativa para propiciar aos estudantes o conhecimento das diversas práticas culturais presentes nas comunidades locais e na região onde habitam e, portanto, destaca a relevância e mesmo a necessidade de elaboração de material de apoio e de sustentação, destinados a subsidiar a prática docente e estimular a produção de outros saberes docentes no trato e na abordagem da História do Espírito Santo nas aulas de história.

Também o subprojeto “Direito à liberdade: contribuições do ensino de História para o protagonismo juvenil em defesa da diversidade sexual e de gênero”, em fase de desenvolvimento, objetiva socializar memórias e narrativas de docentes que atuam na região metropolitana da Grande Vitória (Cariacica, Serra, Viana, Fundão, Guarapari, Vila Velha e Vitória), acerca das potencialidades do ensino de História para o trabalho com a diversidade sexual e de gênero na Educação Básica e sua contribuição para a formação cidadã.

A pesquisa parte do pressuposto que grupos sociais foram segregados por meio de práticas e padrões de normalidade referenciados pelos princípios de grupos dominantes. Em decorrência, pressupõe, também, que o cenário de discórdia e violência que, via de regra, assola a maioria das escolas, quando se trata do assunto diversidade sexual e de gênero, ainda existe e impacta nas relações de convivência e aprendizagens, clamando por soluções.

A partir das narrativas dos professores, o estudo se propõe a analisar práticas e a discutir elementos que auxiliem na construção de uma identidade em defesa da diferença e protagonismo juvenil, em busca de uma cultura de paz. Nesses pressupostos, se propõe desenvolver estudos e

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 reflexões, na pretensão de contribuir para que essa temática saia da marginalidade e se torne protagonista das práticas educativas dentro do ambiente escolar.

Os resultados, até então obtidos, sinalizam que os professores vem trabalhando diferentes visões sobre a sexualidade e gênero buscando potencializar a cultura de paz na comunidade escolar.

Outro subprojeto de pesquisa, que também busca contribuir com as reflexões acerca da epistemologia da prática profissional, voltado para a área de Geografia é o “Ensino híbrido: narrativas, memórias, saberes e fazeres na aplicação de metodologias ativas na disciplina de Geografia”, que tem por objetivo refletir sobre os desafios encontrados nas práticas voltadas para o ensino híbrido e metodologias ativas na disciplina de Geografia em escolas públicas de Educação Básica na Região Metropolitana da Grande Vitória – ES.

Para tanto, a exemplo dos demais subprojetos, apoia-se na metodologia de pesquisa da História Oral Temática (BOM MEIHY, 1996), na busca por narrativas de três professoras, no intuito de desvelar suas perspectivas, limites e possibilidades acerca das potencialidades do ensino híbrido e das metodologias ativas como alternativas metodológicas para o processo ensino-aprendizagem de Geografia.

A pesquisa sinaliza que o ensino híbrido, não obstante os limites impostos, principalmente em decorrência da falta de infraestrutura adequada, na maioria das instituições públicas de ensino da região pesquisada, abre múltiplas possibilidades de trabalhar com as metodologias ativas, colocando o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem.

Também o subprojeto “Potencialidades das tecnologias de informação e comunicação como alternativas para o ensino de Geografia”, busca nas vozes de professores de Geografia, atuantes na educação básica contribuições que possam desvelar a epistemologia da prática profissional.

Essa pesquisa parte do pressuposto de que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) fazem parte do cotidiano de vida da grande maioria dos jovens estudantes da Educação Básica, e, nesse sentido, tornam-se potentes possibilidades para o processo de ensino-aprendizagem. Assim, busca por narrativas de professores atuantes na Educação Básica das redes pública municipal e estadual de ensino no município de Cariacica-ES, sinais e pistas que atribuam visibilidade às práticas de ensino efetivas construídas em sala de aula.

A pesquisa visa desvelar os truques e estratagemas utilizados por tais profissionais para contornarem as dificuldades e obstáculos encontrados na utilização de tais recursos em suas respectivas salas de aula. Como resultados, a investigação revela que, para além das dificuldades impostas pela realidade da escola pública, em nosso estado e país, as TICs fazem parte do cotidiano de vida social e escolar da grande maioria dos estudantes, apresentando-se com potencial necessidade de inclusão

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 social e destaca as variadas possibilidades das novas tecnologias para o ensino de Geografia e para a escola de forma geral.

Especificamente no que se refere às atividades vinculadas ao Estágio Curricular Supervisionado em Geografia e em História, o subprojeto “Ensinaraprender Geografia e História: metodologias alternativas de ensino” se situa em uma zona de transição e diálogo entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Como atividades de pesquisa, pautados nos pressupostos metodológicos da História Oral Temática (BOM MEIHY, 1996), os estagiários realizaram entrevistas com professores das duas áreas, atuantes na rede pública de ensino na Grande Vitória-ES, colhendo narrativas acerca de experiências metodológicas de ensino, desenvolvidas e implementadas em sala de aula, cujos resultados foram considerados positivos para a efetivação do processo ensino-aprendizagem.

Após transcrição e textualização das entrevistas, pautados nas narrativas dos professores, foram confeccionados vinte e um Pôsteres, socializando tais metodologias. Como atividade extensionista, os Pôsteres foram expostos em evento acadêmico, organizado pelos estagiários e realizado no Campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo, aberto ao público interno e externo da Universidade. Como resultados concretos da atividade, sinalizamos a efetivação da aproximação da Universidade com a Escola de Educação Básica, decorrente não só da atividade de pesquisa, como também, de atividades de extensão e de ensino.

Como atividade de ensino, voltado para a formação docente em Geografia e em História, pautados nas narrativas dos docentes entrevistados, foram planejadas e ofertadas, pelos próprios alunos estagiários, seis oficinas pedagógicas, sendo quatro delas adaptando exemplos de metodologias de ensino na área de Geografia e outras duas oficinas, na área de História. As oficinas pedagógicas foram oferecidas para os alunos matriculados nas disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado I – Geografia e Estágio Curricular Supervisionado II – História.

3 PALAVRAS FINAIS...

Ainda que de forma embrionária, a proposta de pesquisa em andamento, nos permite evidenciar a importância de estudos e pesquisas sobre a educação e sobre o ensino voltarem-se para a cotidianeidade das práticas pedagógicas, incorporando ao seu universo o espaço da vivência docente. Isso possibilita desvelar o saber da experiência (TARDIF, 2012), que por sua vez, modela, adequa e transforma o saber sistematizado, tornando-o acessível ao aluno.

As narrativas dos sujeitos que contribuem com os cinco subprojetos constitutivos de nossa investigação nos apontam, como ponto em comum, reafirmando os estudos de Tardif (2012), Gauthier (1998), Nóvoa (1992), que ao exercitar os saberes da experiência, os professores constroem e reconstroem a epistemologia da prática, que é um amalgama de múltiplos saberes. Portanto, torna-se

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.88525-88532, nov. 2020. ISSN 2525-8761 de mister importância, que não se perca de vista a dinamicidade desses saberes, que não podem ser vistos como saberes prontos e acabados, já que tal visão acabaria por reduzir o docente a um simples “reprodutor de conhecimentos”.

Os saberes docentes não são saberes estáticos, definitivos, ao contrário, cada um deles é, conforme Barth, citado por Fiorentini (1999), “provisório, pessoal, que evolui com o tempo e a experiência. Mas é também cultural, modificando-se a partir da troca de experiências e da reflexão coletiva” (p.3). A pesquisa reafirma, portanto, a concepção de Gauthier (1998), de que o exercício da profissão docente envolve e requer a mobilização “de vários saberes que formam uma espécie de reservatório no qual o professor se abastece para responder a exigências específicas de sua situação concreta de ensino” (1998: 28).

Portanto, a proposta de desvelar a epistemologia da prática docente, explícita nas narrativas e memórias de professores da Educação Básica acerca de seus processos de ser/estar professores de Geografia e de História significa, também, considerar que é a mescla dos mesmos, de forma integrada, interconectada e totalizante, que caracteriza, verdadeiramente, o repertório dos saberes docentes, que, via de regra, se materializam ao serem produzidos/reproduzidos e mobilizados no exercício da prática docente, ou seja, nos saberes da Experiência.

REFERÊNCIAS

BOM MEIHY, José Carlos S. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.

FIORENTINI, D., NACARATO, A. M. E PINTO, R. A. Saberes da experiência docente em

Matemática e Educação continuada. Campinas-SP: UNICAMP, 1999. (Mimeo).

GAUTHIER, Clermont. Por uma teoria da Pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí-RS: Unijuí, 1998.

NÓVOA, António. Vidas de professores. Portugal. Porto: Porto Editora, 1992.

POLLAK, Michel. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-215.

ROUSSO, Henri. A memória não é mais o que era. In: FERREIRA, Marieta de Moraes & AMADO, Janaína (coord.). Usos e Abusos da História oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.

TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação. Jan/Fev/Mar/Abr de 2000, n. 13, pp.5-24.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.

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