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A contribuição da música no ensino e educação

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Trabalho de Conclusão de Curso

A contribuição da música no ensino e educação

Fernando V. Costa Curso de Ciências Biológicas

Belo Horizonte – MG 2010

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Fernando V. Costa

Trabalho de Conclusão de Curso

A contribuição da música no ensino e educação

Projeto de Trabalho de conclusão de curso apresentado junto ao Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, como requisito parcial para obtenção do titulo de licenciado no curso de Ciências Biológicas.

Orientador: Cristina de Oliveira Moraes

Belo Horizonte – MG. 2010

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 02

2 METODOLOGIA ... 04

3 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO ENSINO E EDUCAÇÃO ... 04

4 A MÚSICA COMO REPRESENTANTE SOCIAL DENTRO E FORA DO CONTEXTO ESCOLAR ... 09

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 13

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RESUMO

A música, em sua primeira instância, é um instrumento caracteristicamente estimulador, seja de sentidos ou percepções, possui o poder de estimular os seres humanos ou facilitar seu desenvolvimento e prática em outras muitas atividades. Sabe-se que a música no âmbito da educação e ensino, desempenha o papel de estimuladora e/ou auxiliadora no ensino das disciplinas que se pautam na escala comunicativa primeiramente existente, que é a linguagem verbal, (Aleixo 2003). Partindo deste pressuposto, este trabalho propõe-se a discutir os desdobramentos e vantagens da intervenção através da música no ensino/educação e práticas sociais, bem como a forma com que pode ser trabalhada e introduzida em sala de aula, observando os avanços no auxílio da aprendizagem dos alunos e sua implicação frente as questões sociais. Para tanto, este trabalho contará com uma pesquisa bibliográfica baseada em artigos científicos, onde os artigos servirão de base para se construir algumas ponderações, críticas e análises acerca do assunto proposto.

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1 INTRODUÇÃO

Paradoxalmente observamos que estudar e ensinar música propriamente dita é diferente de utilizar-se da música como instrumento auxiliar facilitador do ensino e aprendizagem. Na medida em que a música é introduzida no desenvolvimento das atividades de ensino, o profissional que a utiliza depara-se com três questões que são pertinentes e intrínsecas a quem faz uso de tal auxílio ao ensinar. A primeira questão seria que a música utiliza-se de uma linguagem quase que exclusivamente sonora o que, na maioria das vezes, requer um esforço maior do que o de costume ao educador. O segundo ponto que deve ser observado seria que a música apresenta maior afinidade com as disciplinas que utilizam ou estudam a linguagem verbal, o que por sua vez abre o leque de opções e possibilidades ao profissional da educação que terá outra vertente de ensino a sua disposição. Por último, e não menos importante que as anteriores, identifica-se a questão de que a abstração que a linguagem musical suscita é patente e, como já foi dito, paradoxalmente facilita a compreensão do aluno e dificulta a atuação do professor/educador por fazer uso de um recurso abstrato para ensino e aprendizagem de uma ciência fundada em fatos concretos. Observa-se, também, que para tal prática, não é necessário que o professor/educador seja um profundo conhecedor de música, mas que, caso queira desenvolver um trabalho e obter bons resultados, é de extrema importância que este se disponha a ouvir, conhecer e praticar música em suas diversas modalidades sejam elas quais forem, sem preconceitos.

No desenvolvimento da prática (usar a música como auxiliadora no ensino/aprendizagem) procura-se evitar discutir acerca de elementos próprios da teoria musical. Ainda que necessários, (Ferreira 2002). Com isso acha-se cabível, pela proposta do trabalho, não abordar tais teorias musicais uma vez que estas não interessam primeiramente ao leitor, e posteriormente ao público para o qual o projeto foi desenvolvido.

Segundo Hummes (2004), como fator social, a música não pode ser tratada descontextualizada de sua produção sociocultural. Por isso a necessidade de colocar no centro da aula a relação que adolescentes e jovens mantêm com a música, e não se limitar ao estudo da prática ou do consumo musical meramente por seu conteúdo ou gênero. Com isso traça-se

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um paralelo entre a música, o ensino-aprendizagem e as práticas sociais que são de extrema importância para diagnosticar a relação ensino/aprendizagem de adolescentes e jovens em idade escolar.

Desta forma, é sabido que cada indivíduo, na sociedade de um modo geral, carrega consigo uma parcela de individualidade e representatividade frente as demais pessoas, e que sua maneira de vestir, falar, se comportar, lugares onde freqüenta, pessoas com quem possui amizade e, não menos importante, o tipo de música que gosta, refletem claramente aquilo que ele representa ou quer representar na sociedade, Muller (2000). Então, em cada parte da cidade observa-se o agrupamento de adolescentes e jovens que se vestem parecido, falam parecido, se comportam parecido e “curtem” o mesmo estilo de música. Em que se observados os comportamentos de jovens e adolescentes contemporâneos, verifica-se que a música assume o papel de “espelho”, refletindo exatamente aquilo em que o jovem vive, acredita e quer externalizar a todos. Em se tratando de adolescentes e jovens alunos do ensino regular, é preciso traçar uma linha de pensamento no que diz respeito a intensidade ou a forma pela qual a música auxilia tal aluno nas demais áreas escolares. Uma vez apontados desdobramentos positivos frente a utilização da música concomitantemente as demais disciplinas do currículo escolar, fica expressamente interessante e positivo o incentivo a tal utilização da música como auxiliadora na escola.

Portanto, a relevância desse projeto se pauta no que diz respeito ao papel da música como auxiliar na educação e ensino de tais alunos que necessitam de uma nova ótica de aprendizagem e exercício das práticas sociais, como artifício motivador e de estímulo para o desenvolvimento da expressão de cada indivíduo no tocante a escola e a sociedade. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da música no ensino e educação, de forma que possa apontar os desdobramentos e resultados frente aos alunos e verificar a forma pela qual a música pode ser trabalhada no ensino, além de revisar a literatura relacionada a música e a educação, bem como definir qual é a representatividade da música nas praticas sociais dos discentes.

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2 METODOLOGIA

Baseada em artigos científicos, o levantamento da pesquisa foi realizada a partir de dados do Google Acadêmico. Como descritores foram utilizadas as seguintes palavras chaves: importância da música na educação, história da música na educação, música como representação social e música como auxiliadora no processo de ensino aprendizagem. Os artigos incluídos no trabalho estabeleciam os seguintes critérios: exploração da música como auxiliar na educação, música no ensino regular e contribuições sociais da música na sociedade. A trajetória metodológica apoiou-se na busca sistemática em conformidade a temática proposta.

3 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO ENSINO E EDUCAÇÃO

Sabe-se que no Brasil existem inúmeras tendências musicas atreladas a diversas culturas diferentes, e que cada público se expressa na sociedade de acordo com o estilo musical que melhor se identifica o que fica claro nos gestos, valores, idéias e comportamento dos jovens nos dias de hoje. Em relação ao processo de ensino aprendizagem e a educação em si a música tem se mostrado um instrumento facilitador, auxiliar e eficaz aos educadores que a tomam como parte integrante do processo de ensino aprendizagem. Loureiro (2003) diz que “... é fundamental a análise para dimensionar o papel da música na escola para que ela possa vir a ter um valor significativo no processo de educação escolar.” Sendo assim faz-se necessária uma revisão dos trabalhos já escritos sobre este assunto a fim de ponderar-se o quão importante papel a musica exerce na educação.

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No século passado, a música era obrigatória nas escolas como o canto orfeônico, ou seja, era matéria de peso e representatividade no currículo dos alunos. Hoje se Sabe que a música perdeu sua importância no ensino regular e encontra-se, nesse aspecto, desprestigiada. Mediante isso, faz-se necessária uma abordagem não puramente mecânica da música, com a intenção de simplesmente fazer o aluno “cantar” e “cantar” sem um fundamento que represente algum tipo de estímulo a ele e que o faça reagir de forma a melhorar seu rendimento escolar nas demais disciplinas. Portanto deve ser levando em conta sua vivência e experiência pessoais, seu potencial criativo e habilidades integrando, sempre que possível e necessário, os demais conteúdos disciplinares do currículo. A priori, é necessário entender as razões pelas quais a música deixou de fazer parte do currículo básico das escolas e o porquê da sua atual desvalorização, para posteriormente discutir como a música pode atuar como auxiliadora e potencializadora do ensino e educação.

Como já mencionado, a música está sempre ligada a sociedade e ao comportamento da mesma no mundo, e cada público busca na música sua identidade enquanto pessoa social e transformador da mesma. Moura (2009) afirma que “O conceito de identidade, (...) de modo geral (...), se relaciona ao conjunto de compreensões que as pessoas mantêm sobre quem elas são e sobre o que é significativo para elas (...).”, com isso, observa-se a presença da música, de forma consistente, em todas as épocas e camadas da sociedade. Partindo do ponto de vista do histórico cultural de Minas Gerais, ainda no período colonial, a música brasileira começa a apresentar sinais de secularização (desapego ao sagrado). Isso se deve a descoberta do ouro e das pedras preciosas nas capitanias de Minas Gerais, no século VXII, o que imprime um novo caráter a nossa cultura. Em torno das minas ergue-se uma nova sociedade urbana, diferente daquela que se organizava em torno dos engenhos. A prosperidade econômica faz surgir nas vilas e lugarejos mineiros um clima favorável a cultura, atraído músicos, o que torna o período compreendido entre 1750 e 1810 um momento significativo na vida musical brasileira. É notável a presença da música na vida cotidiana mineira de então, não só nas igrejas como em outros tipos de festas sociais e militares. A música se apresentava nas casas e contava com a participação da família e até mesmo dos escravos.

O esgotamento da produção do ouro em Minas Gerais e os problemas políticos dão início a decadência e ao fim do profissionalismo musical. Tais fatos coincidem com o a chegada da família real ao Brasil, em 22 de janeiro de 1808, trazendo com ela aproximadamente 15 mil pessoas, dentre elas músicos, intelectuais e artistas. A presença da

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corte no Brasil estimula o desenvolvimento de um processo de modernização, sobretudo no Rio de Janeiro, sede do governo real. Nesse quadro surgiram algumas instituições no campo cultural, como academias militares, biblioteca real, cursos superiores e a Escola Nacional de Belas-Artes. Sendo assim, a atividade musical da época ganha uma nova expressão. Surgi a capela Real, orquestra de música erudita e uma orquestra que tocava e cantava músicas populares, constituída por músicos negros. Padre José Maurício, considerado o maior músico da época, foi nomeado, então, inspetor geral dos músicos. Musico talentoso, padre José Maurício trabalhou com afinco e dividiu sua via entra magistério e composição. Dentre suas inúmeras composições sacras e profanas estão missas, um réquiem e, pouco antes de morrer, escreveu um tratado de contraponto e harmonia, Loureiro (2003)

Com a volta de D. João VI a Portugal, em clima de tensões políticas, as atividades culturais sofreram abalos. A Capela Real perde sua força e, em conseqüência, a música religiosa cede lugar a música profana. Bandas e orquestras se espalharam por toda parte. Surge o reinado da ópera, que movimenta a vida social do Rio de Janeiro. Abrem-se salões para a sociedade elegante que começava a despertar para o requinte, o bom gosto e a sensibilidade artística. A partir daí cresce então o número de professores particulares, o que preenchia a ausência de escolas especializadas para o ensino de música. Além disso, foi grande a presença do piano nas famílias de classe média alta, em que o estudo desse instrumento passou a fazer parte de uma boa educação, Loureiro (2003)

Passados alguns anos, surge no Brasil, mais precisamente em São Paulo, no denominado Estado Novo, um brilhante músico e educador, aliado a seu amigo e companheiro de carreira João Gomes Júnior, o grande Maestro Villa Lobos. João Gomes Júnior e Villa Lobos introduzem então, uma nova maneira de ver a música na escola, condizente com o ufanismo patriótico que se observava na primeira República. O clima de nacionalismo dominante no país, a partir da revolução de 30, fez com que o ensino da música, em virtude de seu potencial formador, dentro de um processo de controle e persuasão social, crescesse em importância nas escolas, passando a ser considerado um dos principais veículos de exaltação da nacionalidade, o que veio determinar sua difusão por todo o país. Com a intervenção e a ação de três músicos-educadores modernistas, Heitor Villa-Lobos, Liddy Chiaffarelli Mignome e Antônio Sá de Pereira, intencionava-se alcançar de forma ampla todos os educandos do país, numa demonstração de suas preocupações com a educação, principalmente com a educação musical, Loureiro (2003)

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Nesta perspectiva, o presidente Getúlio Vargas assinou o decreto nº 18.890, de 18 de abril de 1932, tornando o canto orfeônico (especialidade de Villa-Lobos) obrigatório nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Passando a ser, então, um dos principais veículos de divulgação do novo regime. No mesmo ano, foram criados os cursos de pedagogia e de Música e Canto Orfeônico e o Orfeão dos professores do Distrito Federal.

Diante de tal histórico, necessita-se identificar o papel atual da música nas escolas. Como a mesma há tempos já foi retirada do currículo básico nacional, é importante analisar de que modo tal instrumento de ensino vem sendo tratada nos dias de hoje em relação a sua importância não só na educação, mas também na vida social de cada cidadão, levando em consideração seu caráter humanístico e delimitador de comportamentos. Santos (2005) ressalta que “A música não saiu das escolas, muito embora tenhamos experimentado sua presença aí sob o rótulo de “educação musical” (amenizando, talvez, o compromisso com o desenvolvimento de competências musicais). Com seus muitos ritornellos, a música está presente no espaço escolar...”. Portanto, de acordo com Snyders (1992), sabe-se que mesmo que de uma forma sucinta, a música ainda está presente nas escolas e é participante da vida escolar dos alunos.

O que é visto hoje com grande clareza é a falta de profissionais dispostos ou preparados a utilizar da música a favor da educação. Quando a música é utilizada, os resultados obtidos são satisfatórios, como afirma loureiro (2003) “... a educação musical da sociedade contemporânea promove o desenvolvimento do ser humano, não por meio do adestramento e da alienação, mas por meio da conscientização da interdependência entre o corpo e a mente, entre a razão e a sensibilidade, entre a ciência e a estética.”.

Mesmo com diversos campos de atuação existentes no que se chama “educação musical”, seja ela em escolas ou universidades, os profissionais, músicos propriamente ditos ou professores que querem utilizar-se da disciplina, esbarram em uma gama de questões inerentes a estrutura e apoio por parte do corpo docente e direção das escolas para colocar seus projetos em prática. Porém mesmo com tais problemas os que utilizam da música em suas aulas tem obtido resultados positivos (Santos 2005). Sabe-se que a música atua como um fator de equilíbrio entre o didático e o artístico propiciando ao aluno a aquisição do conhecimento musical organizado e sistematizado ao mesmo tempo em que favorece a criatividade, a imaginação e a sensibilidade. Portanto é visível a contribuição da música no ensino e educação uma vez que se pode observar como já dito, visível melhoria por parte dos

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alunos que mantiveram contato com a música durante o período escolar, seja ela educação musical propriamente dita ou simplesmente quando o professor utiliza-se da música para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem do aluno (Silva 2000).

Sendo assim, para reafirmar a importância da música na educação de um modo geral Saviani (2000, p.40), afirma que

“... A educação integral do homem (...) é uma educação de caráter desinteressado que, além do conhecimento da natureza e da cultura envolve as formas estéticas, a apreciação das coisas e das pessoas pelo que elas são em si mesmas, sem outro objetivo senão o de relacionar-se com elas. Abre-se aqui todo um campo para a educação artística que, portanto, deve integrar o currículo das escolas. E, nesse âmbito, sobreleva, em meu entender, a educação musical. Com efeito, a música é um tipo de arte com imenso potencial educativo já que, a par da manifestação estética por excelência (...) apresenta-se como um dos recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do ser humano.” (SAVIANI, 2000, p 40)

Não bastante, Merriam, 1964 apud Hummes (2004), diz que:

“Uma importante função da música é a oportunidade que ela dá para uma variedade de expressões emocionais – o descargo de pensamentos e idéias não expressadas, a correlação de uma ampla variedade de emoções e músicas, a oportunidade de “alívio” e talvez, a resolução de conflitos sociais, a manifestação da criatividade e a expressão das hostilidades”. (MERRIAM, 1964)

Sendo assim, Hummes (2004) fez um estudo de caso no qual foram entrevistados diretores de várias escolas de Porto Alegre - RS. Algumas possuíam o profissional de música em seu corpo docente e algumas não. Neste trabalho Hummes (2004) verificou que a dificuldade em se introduzir o ensino da música nas escolas é demonstrada também, de forma gritante, no que diz respeito a falta de conhecimento do assunto (música como auxiliar na educação) por parte do corpo docente das escolas, em especial dos diretores. Ainda de acordo Hummes (2004), foi verificado que em 46,2% das respostas dadas pelos diretores (na aplicação dos questionários da pesquisa), respectivo as funções atribuídas ao ensino de música, foi que a expressão das emoções é a mais importante, (Hummes 2004).

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Para tanto, Hummes (2004) apresentou um gráfico de dados aproximados que mostra a relação da música ensinada nas escolas e algumas funções que os diretores observaram que são potencializadas nos alunos:

Segundo Hummes (2004),

Fonte: HUMMES, Julia M. As funções do ensino de música na escola, sob a ótica da direção escolar: um estudo

nas escolas de Montenegro.Porto Alegre, p 90, 2004.

4 A MÚSICA COMO REPRESENTANTE SOCIAL DENTRO E FORA DO CONTEXTO ESCOLAR

É sabido que todas as pessoas constroem relações sociais com a música (Souza 2004). Diante disso, necessita-se saber quais são e através de que surgem tais relações, a fim de identificarmos se essas relações interferem de fato na sociedade e são participantes da mesma.

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De acordo com Geertz (1989), na sociedade contemporânea, identificam-se vários tipos de grupos sociais, e que esses grupos são formados por indivíduos que compartilham ideais e estilos de vida semelhantes. Tais estilos e ideais vem embasados, em sua grande maioria, pelo estilo musical a qual preferem e se identificam, de acordo com o tipo de cultura e realidade social ao qual está inserido. Isso é observado com maior veemência na adolescência. Uma vez que o adolescente encontra-se na categoria de “pessoa em desenvolvimento”, a inserção em grupos ou “tribos” contemporâneas exerce extrema importância em sua vida, pois é através dessa inserção que o adolescente vai conseguir se afirmar e interagir com a sociedade. Segundo Moura (2009),

“Identidade social diz respeito às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros. Nesse caso, as chamadas “tribos” são muito importantes porque é principalmente durante a adolescência que os indivíduos passam pelas maiores transformações, e procuram esses grupos de convívio, buscando identificação com um maior número de pessoas, bem como o a aquisição do maior número de informações possível, sobre os diversos assuntos de interesse dessa faixa de idade. (...) nessa etapa da vida ela assume um papel de proporções gigantescas. É realmente uma maneira que as pessoas utilizam para tentar se encaixar em grupos sociais, conseguir expor suas idéias num âmbito maior. Em muitos casos, é também através de um gosto musical afim, que as pessoas se identificam umas com as outras.” (MOURA 2009)

No caso de alunos do ensino regular, a problemática se firma quando se pensa no tipo de relação que este aluno mantém com a música e de que forma ele a utiliza em seu dia-a-dia, na escola e na sociedade, onde também está inserida a escola. Segundo Souza (2004) “as preferências musicais dos adolescentes estariam ligadas a gêneros musicais que para eles possuem um significado relacionado à liberdade de expressão e de mudança. Ou seja, a relação que os adolescentes mantêm com a música representa uma manifestação de uma identidade cultural caracterizada por dupla pertença: classe de idade e do meio social”. Diante disso, observa-se que a adolescência por si só já representa uma fase na qual o aluno necessita representar-se socialmente. Não bastante a sua idade, o meio sócio-cultural a qual este aluno está inserido também o faz se comportar e manter suas relações sociais de forma peculiar. A cultura musical de massa (aquela altamente difundida pela mídia) tem poder quase que ponderador e delimitante na vida dos adolescentes contemporâneos, uma vez que segundo Green (1987)... Estes “fazem parte de um processo de socialização, através dos quais os adolescentes criam suas relações sociais. Ou seja, esses gêneros musicais revestem-se aos olhos dos adolescentes de uma importância superior àquelas que se ligam às relações

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obrigatórias de família. É por isso que o adolescente, que é quase sempre um aluno, sente uma impressão muito forte de liberdade com esses gêneros musicais”.

De acordo com Fialho, 2003 apud Souza, 2004 “... Investigando o fazer musical de jovens da cultura hip hop, (...) o papel que a música ocupa na vida deles “vai muito além do significado comumente atribuído a ela, como, por exemplo, o de entretenimento”. Isso se deve ao fato de que, como já dito, cada pessoa constrói uma relação social com a música e que no caso de adolescentes em idade escolar essa relação é potencializada. A partir das vivências nos ambientes de família, mídia e escola, o repertório desses adolescentes/alunos vai se construindo e sendo cada vez mais carregado de implicações sociais que o determinam como integrante e interferente da sociedade. O que se faz importante, então, é direcionar essa relação com a música, difundida principalmente pela mídia (onde o acesso a informação é muito rápido) para a sala de aula, de um modo que a experiência individual de cada um contribua e enriqueça não só a aula, mas a conduta social e individual dos discentes, respeitando, sempre, o contexto social a qual o aluno está inserido, utilizando-se desse contexto para promover um equilíbrio entre sociedade, escola e família, (Corrêa, 2000)

Loureiro (2003) diz que “... o momento é de retomada do ensino da música nas escolas, em virtude da filosofia humanística que orienta seus parâmetros. (...)” Com isso identifica-se que a música, dentre outros inúmeros fatores, tem o poder de influenciar e representar um indivíduo social frente sua realidade. Mas como, de fato, utilizar-se da música em beneficio da educação e das praticas sócias realizadas dentro e fora das escolas? Para tanto, mapear os cenários exteriores da música com os quais os alunos vivenciam seu tempo, seu espaço e seu “mundo, e pensar sobre seus olhares em relação à música no espaço escolar, bem como “enxergar” os alunos como indivíduos socioculturais é de extrema importância. Através disso, é importante saber quais são as músicas referentes para a cultura dos alunos e com quais tipos eles se identificam dentro do contexto cultural e social, observadas no espaço/tempo em que vivem.

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Não menos importante também se faz necessário saber com se dá as relações adquiridas e herdadas ao longo da vida deste adolescente/aluno e como essas relações se expressam no espaço escolar.

“Souza afirma que Como ser social, os alunos não são iguais. Constroem-se nas vivências e nas experiências sociais em diferentes lugares, em casa, na igreja, nos bairros, escolas, e são construídos como sujeitos diferentes e diferenciados, no seu tempo-espaço. E nós, professores, não estamos diante de alunos iguais, mas jovens ou crianças que são singulares e heterogêneos socioculturalmente, e imersos na complexidade da vida humana.” (SOUZA 2004 p. 10)

Sendo assim, de acordo com Souza (2004), Os alunos estabelecem relações sociais e culturais em diferentes espaços e meios de socialização: no lugar em que residem, no bairro em que vivem, no grupo social e de amigos e, em diversas formas de lazer utilizadas no tempo livre, nos locais de práticas esportivas, na rua, no shopping, nos lugares de entretenimento da cidade, como os de grandes eventos e festas coletivas. Ou, ainda, principalmente, se relacionam de diferentes formas com as tecnologias modernas e com seus fluxos de informação e consumo, por meio dos produtos ou objetos da mídia permeados por relações pedagógicas não institucionais como televisão, rádio, cinema, revistas e computador. Tudo isso nos auxilia a compreender como os alunos assimilam, consomem, compreendem e utilizam a música em suas práticas sociais. Cada tribo musical determina o tipo de cultura ou grupo a qual aquele determinado adolescente quer fazer parte se relacionar. Nos shows de rock, rap/hip-hop, sertanejo, funk, gospel, axé, samba, pagode e demais gêneros, fica nítida a representação social que a música desempenha na vida dos adolescentes, pois ninguém vai a um show pura e simplesmente para assistir o artista em sua “performance”, mas principalmente para se relacionar socialmente com as demais pessoas e impor ali (mesmo que de um modo inconsciente), sua contribuição social individual e paradoxal as demais culturas, (Souza 2004).

O questionamento é que, de um modo retrógado a globalização, o que fica claro nos estudos já realizados sobre o assunto, é que a escola de um modo geral não tem acompanhado tal resignificação da música no contexto sociocultural dos adolescentes, que, de acordo com Small (1989), não amplia as questões relevantes da vida dos alunos para além do ambiente

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escolar. O que, por sua vez não permite aos docentes, desvendar as complexidades da música como fator de representatividade social. Há, portanto, a necessidade de uma reformulação na forma de enxergar o espaço escolar, levando, sempre, em consideração a singularidade de cada aluno, bem como seu senso comum, a fim de criar-se um ambiente extremamente estimulador e atrativo a alunos e professores.

Fica expressa a necessidade de uma resignificação da música como fator de representatividade social dentro e fora do contexto escolar. Resignificação essa que leve em consideração toda e qualquer experiência vivenciada pelo aluno, não só as relacionadas a música, com as relacionadas a família, amigos e sociedade. Somente a partir de uma mudança no modo de enxergar o aluno como ser social integrante e interferente, pode-se traçar um paralelo entre escola, aluno, professor e sociedade, a fim de estabelecer um patamar de excelência no ensino e educação contemporâneos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada aluno traz consigo suas experiências sociais e sua bagagem cultural individuais para o contexto escolar. Tais experiências são quase que em sua totalidade, potencializadas pelo gosto musical ao qual apreciam e a cultura a qual está inserido. Sabe-se se que a música possui o poder de estimular e contribuir para uma educação mais eficaz. Sendo assim, necessita-se, de alguma forma, reintroduzir o estudo da música nas escolas de uma maneira que a mesma contribua para o enriquecimento na só da aula, mas também do aluno enquanto ser sociocultural integrante e interferente da sociedade contemporânea. Para tanto é preciso delimitar padrões de inserção musical nas escolas, ponderando, sempre, as questões relacionadas a vivencia individual dos alunos, de forma a interagir com o mesmo para que se estabeleça, assim, uma relação de reciprocidade educacional e cultural.

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A adolescência, por sua vez, é marcada como o período de “desenvolvimento da pessoa” enquanto ser humano e social. Com isso, a maioria dos adolescentes vê na música uma forma de se representar perante a sociedade e impor a ela (mesmo que de forma inconsciente) aquilo que lhe cabe enquanto pessoa social, externalizando, assim, sua contribuição para a sociedade e cultura de um modo geral. Portanto é necessária uma intervenção por parte dos docentes a estes adolescentes/alunos no que diz respeito as suas contribuições individuais e culturais na escola e na sociedade (entendendo que escola faz parte da sociedade), na busca por um ensino de excelência, no qual toda e qualquer forma de experiência (seja de aluno ou professor) seja relevante. Cabe ressaltar também que a toda forma de se fazer ensinar seja dada a devida importância, considerando as demais facetas da educação que não sejam puramente formais, ou que não se encaixem no que se chama de “currículo básico” (como a música, por exemplo), para que o ensino e educação sejam em sua essência estimuladores, dinâmicos e capazes de transformar o ser humano.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CORRÊA, Marcos Kroning. Violão sem professor: um estudo sobre processos de autoaprendizagem musical com adolescentes. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- Graduação em Música, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000. Dissertação (Mestrado em Música) – Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Música, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.

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Referências

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