Problemas socioambientais e dos resíduos sólidos no entorno do lixão do Município de Apodi (RN)/Socio-environmental and solid waste problems around dump Municipality of Apodi (RN)

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761

Problemas socioambientais e dos resíduos sólidos no entorno do lixão do

Município de Apodi (RN)

Socio-environmental and solid waste problems around dump Municipality of

Apodi (RN)

DOI:10.34117/bjdv6n11-115

Recebimento dos originais:08/10/2020 Aceitação para publicação:06/11/2020

Iracilda Nazareno de Paiva Medeiros

Graduada em Gestão Ambiental pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Endereço: Rua Professor Antônio Campos, BR 110, S/N, Costa e Silva, CEP: 59600-000, Mossoró-RN, Brasil

E-mail: iracilda.nmedeiros@hotmail.com

Anne Katherine Holanda Bezerra Rosado

Doutora em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB/CCA/Campus II) e Professora Adjunta em Gestão Ambiental

Instituição: Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

E-mail: annekatherine@uern.br

Roseano Medeiros da Silva

Doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) e Professor Adjunta em Gestão Ambiental

E-mail: roseanomedeiros@uern.br

Márcia Regina Farias da Silva

Doutora em Ecologia Aplicada pela Universidade de São Paulo (USP) e Professora Adjunta em Gestão Ambiental

E-mail: marciaregina@uern.br

Andréa Celina Ferreira Demartelaere

Doutora em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB/CCA/Campus II) e Professora em Agroecologia

Instituição: Escola Técnica Estadual Senador Jessé Pinto Freire

Endereço: Rua Monsenhor Freitas, 648, Centro, CEP: 59586-000, Parazinho-RN, Brasil E-mail: andrea_celina@hotmail.com

(2)

RESUMO

Com o rápido crescimento redundante, a necessidade de cuidar adequadamente da gestão e gerenciamento dos Resíduos Sólidos impõe o dever de estudar seu destino adequado. Dessa forma, definiu-se como objetivo deste estudo verificar os procedimentos da coleta e do tratamento do espaço destinado à deposição final dos resíduos sólidos no município de Apodi (RN). Nesta pesquisa foi adotada a abordagem qualitativa, do tipo descritiva e exploratória. O público alvo foram os moradores da comunidade “Projeto de Assentamento Casulo”, localizado no entorno do lixão e o secretário de meio ambiente da Prefeitura Municipal de Apodi. A pesquisa de campo teve início no período de fevereiro de 2019 e estendeu-se até maio 2019, foram realizadas entrevistadas com um total de dez pessoas. Verificou-se o descontentamento da população que vive no entorno do lixão, que se sentem prejudicados com a proliferação de vetores, pois animais tem acesso ao lixão proliferando doenças pela região, mau cheiro, afetando-os com a intensa fumaça contribuindo para a poluição ar. Ademais, a população almeja a retirada do lixão do local para que assim eles consigam ter uma vida melhor. Percebeu-se a necessidade continua de ações de interferência por parte do poder público e órgãos competentes, pois as práticas desenvolvidas ainda são escassas. Nesse contexto, foi averiguado a necessidade da construção de um aterro sanitário em outro local, e uma proposta de recuperação ambiental da área onde se localiza o atual depósito de resíduos sólidos.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, Descarte inadequado, Meio ambiente. ABSTRACT

With the rapid redundant growth, the need to take proper care of the management and management of solid waste imposes the duty to study its proper destination. Thus, the objective of this study was to verify the procedures for collecting and treating the space destined to the final deposition of solid wastes in the city of Apodi (RN). In this research was adopted the qualitative approach, of the descriptive and exploratory type. The target audience were residents of the community "Casulo Settlement Project", located in the vicinity of the dump and the secretary of the environment of Apodi City Hall. Field research began in February 2019 and lasted until May 2019, with a total of ten people interviewed. There was discontent of the population living in the vicinity of the dump, who feel impaired by the proliferation of vectors, since animals have access to the dump proliferating diseases by the region, bad smell, affecting them with the intense smoke contributing to the air pollution. In addition, the population wants the removal of the dump of the place so that they can have a better life. It was noticed the continued need for actions of interference by the public power and competent bodies, since the practices developed are still scarce. In this context, it was verified the need to construct a landfill in another place, and a proposal of environmental recovery of the area where the current solid waste deposit is located.

Keywords: Solid waste, Inappropriate disposal, Environment.

1 INTRODUÇÃO

Desde as primeiras civilizações, o ser humano produz inevitavelmente resíduos, no início das primeiras comunidades e com o surgimento dos utensílios domésticos, vestimentas e moradias, passou-se a modificar passou-seu ambiente (ISMAEL, 2013). Na Idade Média com o surgimento e depassou-senvolvimento das cidades com a falta de preocupação sanitária, tornavam esses locais propensos a doenças resultantes

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 da falta de higiene e o acúmulo de “lixo”, que se espalhava por todo o perímetro urbano (LUCENA, 2016, p.10).

No Brasil, a partir do rápido crescimento urbano das cidades, a necessidade de cuidar adequadamente da gestão e gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) impõe, o dever de estudar uma melhor forma de lidar com os resíduos sólidos, devido aos graves problemas causados ao meio ambiente natural e urbano (TAVARES, TAVERES, 2014, p.10).

O descarte desordenado dos resíduos tornou-se um dos grandes problemas dos municípios do Brasil. Nesse sentido, o depósito de resíduos sólidos urbanos do município Apodi (RN) também é um desses chamados “lixões”, onde são depositados os resíduos de qualquer forma, sem nenhum tratamento ou cuidado necessário, contribuindo também com os problemas de ordem socioambientais, tais como: degradação das áreas circunvizinhas, poluindo os solos, o ar e os corpos hídricos próximos ao “Lixão”, aumento de doenças ocasionadas por vetores, alteração na paisagem, entre outros (LUCENA, 2016).

Nesse contexto, construiu-se a hipótese de que a disposição dos resíduos sólidos a céu aberto no lixão de Apodi (RN), representa uma ameaça potencial aos recursos ambientais locais, principalmente na qualidade ambiental do solo, do ar e das águas subterrâneas, e sociais quanto à saúde dos catadores e dos moradores do entorno do lixão, porém dentre opções de descarte, o lixão a céu aberto é a utilizada no município. Questiona-se então, quais são os problemas socioambientais no município de Apodi (RN), que são advindos da forma inadequada de disposição final dos resíduos sólidos?

Cabe ressaltar que, a preferência pela escolha da área de estudo se justifica, por perceber a falta de atenção das autoridades municipais que ainda não tomaram providência sem relação á problemática (RSU), sua má disposição no entorno do lixão de Apodi (RN), e o descarte a céu aberto, desconsiderando os riscos.

Ademais, no ano de 2010 surgiu a oportunidade de desenvolver uma pesquisa de campo no lixão, enquanto aluna da disciplina: “Gestão de Resíduos Sólidos”, no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), campus Apodi. A partir dos resultados obtidos na referida pesquisa foi possível verificar diferentes tipos de resíduos, descartados a céu aberto, dentre eles resíduos hospitalares, como seringas, entre outros materiais, considerados resíduos perigosos e que não obedecem aos critérios técnicos e legais de descarte no município de Apodi. Uma outra questão relevante para justificar a pesquisa foi a população que reside no entorno do lixão e que tem convivido com problemas socioambientais, que não tiveram alterações desde a primeira visita ao local em 2010.

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 Com base nessa reflexão, definiu-se como objetivo desta pesquisa foi verificar os procedimentos da coleta e do tratamento do espaço destinado à deposição final dos resíduos sólidos no município de Apodi (RN).

2 METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O município de Apodi – (RN) está localizado no Estado do Rio Grande do Norte, na microrregião da chapada do Apodi e mesorregião do Oeste Potiguar, região Nordeste do Brasil (SANTANA JÚNIOR, 2010). É uma das regiões potiguares de maior capital social, onde existem grupos produtivos, compreendendo associações, cooperativas, Organizações Não Governamentais (ONGs), sindicatos e assentamentos rurais.

Quadro 1. Caracterização da Área de Estudo, 2019. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

DADOS GEOGRÁFICOS

A região do município de Apodi está centrada na porção emersa da Bacia Potiguar, a qual ocupa uma área de 22. 550 km2_{abrangendo partes dos}

territórios potiguares e cearenses, no que se refere a plataforma continental (LIMA,2007). Mesmo sendo considerada uma cidade de pequeno porte, Apodi têm 34.763 habitantes (IBGE, 2010) e uma população estimada em 35.814 no ano de 2018 (IBGE, 2018), dispõe de uma área territorial de 1.602,477 km2_{(IBGE, 2018).}

CLIMA E PLUVIOMETRIA

O clima segundo Koppen é semiárido com estação chuvosa compreendida entre o verão e o outono. Sendo um clima semiárido, este tende a possuir um elevado índice de evaporação consequente de seu alto grau de radiação solar, contrapondo com índice pluviométrico inferior (LIMA, 2007).

SOLOS

O município de Apodi/RN é composto, principalmente Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Luvissolos e Neossolos. Esta associação de solos está localizada principalmente em sua parte sudeste (SANTANA JÚNIOR, 2010).

A vegetação é formada pela caatinga hiperxerófila que ocorre em áreas que se apresentam secas entre sete e dez meses por ano, e a floresta ciliar de

(5)

CARACTERÍSTICAS DA VEGETAÇÃO

carnaúba que está presente nas baixadas mais úmidas e várzeas do rio Apodi e da lagoa do Apodi (SANTANA JÚNIOR, 2010).

DIAGNÓSTICOS SOCIOECONÔMICOS

A densidade demográfica é 21,69 hab/km². Em 2016 tinha um PIB per capita de R$11,573,86. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 99 de 167 e 44 de 167. Já na comparação com cidades do Brasil todo, ficava na posição 4075 de 5570 e 3114 de 5570.

ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS

O município de Apodi encontra-se inserido, geologicamente, na Província Borborema, sendo constituído pelos litotipos dos complexos Jaguaretama e Caicó das suítes Calcialcalina de Médio a Alto Potássio Itaporanga e Intrusiva Sub alcalina a Alcalina Umarizal dos Granitoides de Quimismo Indiscriminados, além dos sedimentos das formações Açu e Jandaíra e os Depósitos Aluviares (SANTANA JÚNIOR, 2010).

Elaboração: Própria Autora, 2019.

Fonte: IBGE, 2010; SANTANA JÚNIOR, 2010; LIMA, 2007.

A área de estudo dissertada no Quadro 1, possui características peculiares com importante papel na economia do Estado do Rio Grande do Norte, isso se deve, a uma série de fatores, desde as suas características climáticas ao tipo de solo. A Figura 1 e 2 representam a localização mais específica como objeto de estudo desta pesquisa.

Figura 1. Mapa de localização do munícipio de Apodi (RN), 2019.

(6)

Figura 2. Mapa de localização do lixão, município de Apodi (RN), 2019. .

Fonte: SEMARH-RN, 2011; EMBRAPA, 2010; INPE, 2010; EMPARN, 2015.

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta pesquisa foi adotada a abordagem qualitativa, do tipo descritiva e exploratória, pois os estudos em que os dados coletados da realidade estão em um formato textual, com significados marcados pela expressão subjetiva dos sujeitos da pesquisa. Trata-se, portanto, da explicação dos fatos. Esta forma de abordagem permite a compreensão do mundo, da realidade do mundo, ou mesmo da localidade estudada. Averiguar essas características permite a produção do conhecimento sob aspectos sociais, históricos e ambientais (MINAYO, 2011).

Os tipos de pesquisas serão bibliográficos, documental e de campo, segundo Minayo (2011), divide-se em: fase exploratória que é proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo, o trabalho de campo que é colocar em prática o que foi aprendido na teoria, e a terceira etapa consiste na análise e tratamento do material empírico, por meio da interpretação dos dados.

Segundo Heerdt (2007), a pesquisa bibliográfica que é aquela que se desenvolve tentando explicar um problema a partir das teorias publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais, meios eletrônicos, etc. Esse levantamento é importante tanto nos estudos baseados em dados originais, colhidos numa pesquisa de campo, bem como aqueles inteiramente baseados em documentos. Já a pesquisa documental assemelha-se com a pesquisa bibliográfica. Ambas adotam o mesmo procedimento na coleta de dados. Enquanto a pesquisa documental utiliza fontes primárias, a pesquisa bibliográfica utiliza fontes secundárias.

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 Como técnica de coleta de dados foram realizadas entrevistas gravadas, fotografias e visita na área de estudo. Para Ventura (2002, p. 79), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão coletados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos.

2.3 REALIZAÇÃO DAS ENTREVISTAS

A entrevista foi feita através da coleta de dados sobre um determinado tema científico, e a técnica mais utilizada no processo de trabalho de campo, pois os resultados obtidos através da desta, se relacionam com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados. A técnica de coleta e observação também permite que o pesquisador tenha um contato mais direto com a realidade. Esta técnica é denominada observação assistemática, onde o pesquisador procura recolher e registrar os fatos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais, ou seja, sem planejamento ou controle. Geralmente este tipo de observação é empregado em estudos exploratórios sobre o campo a ser pesquisado (HEERDT, 2007).

As entrevistas semiestruturadas combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal (BONI; QUARESMA, 2005).

Como este é pesquisa qualitativa, foi possível o entrevistador envolver-se, com o entrevistado, no sentido de aprofundar a investigação, tornando o trabalho mais objetivo. As técnicas de entrevista aberta e semiestruturada também têm como vantagem a sua elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos (BONI; QUARESMA, 2005).

Existem várias comunidades próximas ao lixão como: projeto de Assentamento Casulo, Sítio Canto de Vara e Sítio Vertente, porém foi escolhida para desenvolver está pesquisa somente uma comunidade destas. O público alvo desta pesquisa tem como principal os moradores da comunidade “Projeto de Assentamento Casulo”, localizado no entorno do lixão e o secretário de meio ambiente da Prefeitura Municipal de Apodi. Cabe ressaltar que as entrevistas foram conduzidas, dentro dos padrões étnicos de execução, assim foi solicitado a assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (TCLE), Apêndice 1, por parte dos colaboradores. Para realização das entrevistas foi utilizado gravação pelo celular e roteiro de entrevista, que depois serão narrados com os resultados.

Assim, a pesquisa de campo teve início no período de fevereiro a maio de 2019, foram realizadas entrevistas com um total de 10 (dez) pessoas, sendo 9 (nove) pessoas da comunidade

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 “Assentamento Casulo” e 1 (uma) que representava o poder público, ou seja, o Coordenador Adjunto de Meio Ambiente de Apodi. Cabe mencionar que este não autorizou o registro da entrevista em gravação, porém ele respondeu o roteiro por escrito e o envio foi por e-mail.

Além disso, foram registradas em caderno de campo as observações realizadas durante o período da pesquisa de campo, todos as impressões em relação à comunidade foram anotadas para posterior, análise. Durante as visitas foi possível também realizar um registro fotográfico da área em estudo, com ênfase no objeto desta pesquisa, ou seja, o descarte dos resíduos sólidos.

2.4 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram expressos por meio de análise descritiva dos entrevistados, de acordo com as questões debatidas com a população, permitindo assim, melhor compreensão dos mesmos. Os resultados foram apresentados ainda por meio de registros fotográficos feitos em campo, com finalidade de demonstrar as situações descritas na pesquisa.

As entrevistas gravadas foram transcritas e as informações mais significativas foram agrupadas. Assim, após a catalogação dos dados referentes a pesquisa documental, entrevistas, observações em campo e o registro fotográfico foi possível organizá-los e descrevê-los em três eixos temáticos, que tratam da: (i) descrever e caracterizar de acordo com a percepção dos moradores locais os principais problemas socioambientais, ocasionados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos; (ii); identificar quais instrumentos o município adotar no programa de gerenciamento de RSU; (iii) identificar as forma de destinação final e os tipos de resíduos sólidos expostos no lixão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CARACTERIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS MORADORES LOCAIS ACERCA DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS OCASIONADOS PELO DESCARTE INADEQUADO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Dentro da análise da pesquisa, realizou-se uma estimativa das características da “Comunidade Assentamento Casulo”, localizado no entorno a cerca de 1 km do lixão, onde vivem 26 famílias, que além de residirem relativamente próximo ao lixão, mantém uma relação de dependência por alguns. Buscou-se identificar o gênero, a faixa etária e a escolaridade dos moradores do entorno do lixão, ou seja, da comunidade “Assentamento Casulo” para compor o perfil dos entrevistados.

(9)

Quadro 2. Caracterização dos entrevistados, moradores do Assentamento Casulo.

ENTREVISTADOS GÊNERO IDADE ESCOLARIDADE

1 F 29 a 39 anos Ensino Fundamental completo 2 M 62 anos ou mais Ensino Fundamental Incompleto

3 M 29 a 39 anos Ensino Fundamental Incompleto

4 M 62 anos ou mais Não alfabetizado

5 M 62 anos Ensino Fundamental Incompleto

6 M 29 a 39 anos Ensino Fundamental Incompleto

7 F 62 anos ou mais Ensino Fundamental Incompleto

8 F 51 a 61 anos Não alfabetizado

9 M 29 a 39 anos Ensino Fundamental Incompleto Fonte: Pesquisa de campo, 2019.

Quadro 3. Servidor da prefeitura de Apodi entrevistado.

ENTREVISTADO OCUPAÇÃO

10 COORDENADOR DE MEIO AMBIENTE

Fonte: Pesquisa de campo, 2019.

De acordo com os dados demonstrados no quadro 2, percebe-se que a maioria dos residentes da comunidade possuem 62 anos ou mais. Segundo o entrevistado 2 relata que, “chegou a morar na comunidade há 12 anos e desde que chegou já existia o lixão perto da comunidade” (Entrevistado 2, 2019) (Quadro 3).

Durante a entrevista foi perguntado aos entrevistados se o lixão causava impacto ao meio ambiente, e a maioria respondeu que não, somente depois de conversar sobre o assunto, é que eles respondiam que sim, então a idade dos entrevistados tem uma relação com o entendimento do que seria impacto.

A localização do lixão no município de Apodi gera impacto tanto no meio físico, quanto social, uma vez que em sua maioria, todo esse lixo não tem o descarte apropriado e passa a causar sérios problemas. Nesta pesquisa, por meio da observação realizada durante a visita in loco e através de entrevistas no entorno do lixão do município, foi possível identificar diversos problemas ambientais, insalubridade e vulnerabilidade.

Prob lemas Ambi entais e d e Saúd e

De acordo com os entrevistados os principais problemas enfrentados pela comunidade, mediante a proximidade do lixão, são às queimadas (Figura 3) e os “vetores e doenças”, onde segundo

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 o entrevistado 9, que é catador e convive diariamente com a realidade, afirma que as queimadas ocorrem de duas formas: “as queimadas ocorrem as vezes instantâneas devido ao acúmulo de gases. Certa vez enquanto estava trabalhando um desodorante Rexona explodiu, por sorte consegui livrar meu rosto, se não teria queimado. A outra forma de queimadas ocorre para diminuir a quantidade de lixo, e essas são as mais fortes que chega até a cidade a fumaça” (Entrevistado 9, 2019).

Figura 3. Queimadas no lixão do município de Apodi (RN), 2019.

Fonte: Autora, 2019.

De acordo com Morais et al. (2014), os relatos e dados coletados na comunidade Assentamento Casulo, é possível perceber que entre suas classificações destaca-se principalmente a fumaça pela queima irregular dos resíduos lá depositados. A prática de queimadas causa uma enorme degradação, pois a poluição atmosférica resulta da emissão de gases poluentes ou de partículas sólidas na atmosfera. Segundo Jacobi (2011), o principal fator da poluição atmosférica é a fumaça que dificulta a respiração, causando intoxicação e asfixia na população, que mora com certa proximidade do lixão, podendo causar graves doenças respiratórias. Podendo também provocar a degradação dos ecossistemas devido ao lançamento de inúmeras substâncias (radioativas, ácidas, recalcitrantes, etc).

Outro fator apontado pelos entrevistados é que quando há queimadas no lixão, a principal dificuldade que a comunidade enfrenta é a fumaça, pois afeta diretamente na saúde, quando perguntado se o entrevistado tinha algum problema de saúde, foram apontados asma e diarreia/vômito, segundo o entrevistado 8, relata que “muitas vezes tem epidemia na comunidade e várias pessoas adoecem ao menos tempo (Entrevistado 8, 2019)”. O que prevalente ocorre devido à presença de vetores.

Para Matos (2011), o processo de decomposição dos resíduos sólidos por meio da ação dos microorganismos, produz o biogás que é composto por hidrogênio, nitrogênio, gás sulfídrico dióxido

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 de carbono e metano. Este último é altamente inflamável e junto com o ar pode formar uma mistura explosiva; por isso é comum à combustão espontânea do lixo em vazadouros a céu aberto, além disso, o metano e o dióxido de carbono contribuem para a intensificação do efeito estufa.

Ainda de acordo com os entrevistados outro principal problema são os “vetores e doenças”, segundo o catador, relata que, “ eu trabalho porque é o jeito, eu sou doente e tenho asma e meus filhos sempre adoecem, teve certa vez eram os três meninos doente, todos de dor de barriga” (Entrevistado 9, 2019).

Sabemos que a qualidade de vida e a saúde das comunidades tem relação com as condições do ambiente em que vivem. Costa et al. (2015), em sua pesquisa no município de Assú, explica que os resíduos sólidos dispostos no lixão da cidade, em sua maioria fica exposta a céu aberto favorecendo a proliferação de micro vetores (moscas, mosquitos, baratas e ratos), e macro vetores (ratos, gatos, cachorros, aves, bovinos).

Esses vetores podem ser vias de acesso de agentes patogênicos para os catadores que realizam as atividades de catação sem nenhum tipo de equipamento de proteção. A contaminação pode ir além e atingir as pessoas que moram no entorno do lixão, que, geralmente, são as famílias dos catadores, esses danos também estão relacionados ao depósito de RSU de Apodi.

Prob lemas Sociai s

Na visita in loco e também através das entrevistas foi possível identificar vários problemas sociais enfrentados tanto pelos catadores como pela comunidade. Os catadores encontram-se expostos a longas jornadas de trabalho e se misturam aos resíduos que recolhem (Figura 4) e os materiais selecionados são destinados à comercialização e reciclagem (Figura 5). Quando perguntado quais os principais problemas enfrentados pelos catadores, a principal resposta foi não ter nenhum apoio do município.

O Entrevistado 9 relata que “se tivesse uma cooperativa que ajudasse na condição de trabalho, melhoraria muito para gente, hoje eu faço um salário por mês trabalhando aqui, e não temos nenhum apoio do município, nem um par de luvas, botas eles dão a gente (Entrevistado 9, 2019) ”.

(12)

Figura 4. Catadores separando o lixo na busca de obter resíduos para a reciclagem, município de Apodi (RN), 2019.

Figura 5. Material separado pelos catadores para a reciclagem no lixão do município de Apodi- (RN), 2019.

Os problemas sociais advêm justamente da realização desta atividade pelos catadores que não utilizam nenhum tipo de EPI, realizando um trabalho subumano. Sempre expostos a vetores, a animais mortos ou ainda em decomposição, ao mau cheiro de líquidos e gases decorrentes da decomposição do

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 lixo, entre outros inúmeros males, tais trabalhadores aumentam as estatísticas na ocorrência de doenças respiratórias, intoxicações e outras enfermidades.

Costa et al. (2015), afirmaram que os lixões, geralmente, são associados a ocorrências indesejáveis como a característica dos problemas sociais e econômicos com a vivência dos catadores, que se sujeitam a morar no local e através do lixo retirar o seu sustento.

A realidade dos catadores vai muito além da insalubridade inerente ao trabalho. A degradante jornada diária constitui processo marcante na vida dessas pessoas e, por vezes, fragiliza oportunidades de conseguirem outro ofício. Segundo o entrevistado 9, relata que “a gente trabalha aqui tanto pela manhã quanto a tarde, só não trabalhamos a noite devido não ser iluminado aqui durante a noite (Entrevistado 9, 2019)”.

As mulheres não estão de fora, durante a visita foi possível encontrar uma catadora trabalhando sozinha sendo a única mulher entre os catadores onde foi presenciado assédio contra ela no local.

Outro problema encontrado na comunidade foi quanto ao consumo de lixo, segundo o entrevistado 5 relata que, “aqui na comunidade existem muitas famílias carentes e que passam por dificuldade, quando elas sabem que alguns supermercados vão despejar alimentos vencidos como carnes, iogurtes, muitos deles vão até o lixão e recolhem esses alimentos para suas residências para consumirem (Entrevistado 5, 2019) ”.

Alguns problemas sociais foram encontrados na comunidade como falta de água, desvalorização imobiliária do imóvel. Segundo o entrevistado 4, relata que, “tenho muita vontade de morar em outro local, mas não consigo vender minha casa aqui por ser próximo ao lixão ninguém quer comprar (Entrevistado 4, 2019)”.

A falta de abastecimento na comunidade foi outro problema mencionado pelos entrevistados, eles não possuem abastecimento pela CAERN, e sim através de um poço em uma propriedade privada, onde os moradores pagam uma taxa de 30 reais mensal para ter acesso à água, porém ocorrem conflitos entre a comunidade e o proprietário do poço, segundo relata o entrevistado 8, “o dono quando está com raiva da gente chega a passar vários dias sem liberar água para cá, como não tenho paciência para esperar a boa vontade dele, compramos água e o carro pipa vem deixar (Entrevistado 8, 2019). 3.2 AÇÕES DO MUNICÍPIO EM RELAÇÃO AO GERECIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E AOS CATADORES

Segundo a PNRS (2010), o gerenciamento de resíduos sólidos em um município é de responsabilidade do poder público local, ou seja, as prefeituras municipais. Quando perguntado ao entrevistado 10 se em Apodi existe o gerenciamento dos resíduos sólidos ou um plano municipal de

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 gestão integrada de resíduos sólidos, relata que “Não, não existe nenhum regimento no que se diz respeito ao gerenciamento de resíduos sólidos” (Entrevistado 10).

Quase metade das 5.570 cidades brasileiras não tem atualmente um plano integrado para o manejo do lixo, segundo o Perfil dos Municípios Brasileiros – MUNIC (G1. globo, 2018). Sabe-se a importância de um plano integrado pelos municípios, pois é a condição para que as prefeituras recebam recursos, financeiros e incentivos da união para a área. Segundo o entrevistado o município já participou de duas etapas da elaboração de um plano de gestão ambiental, porém não foi finalizado, está “parado” até o momento e também não existe coleta seletiva no município.

Atualmente, os serviços relacionados a resíduos sólidos no município são executados da seguinte forma: o caminhão da prefeitura coleta na cidade e nos distritos três vezes por semana nos bairros, sendo que nos bairros comerciais são coletados todos os dias.

O resíduo coletado nas residências é transportado até o lixão e segundo o coordenador de meio ambiente do município é produzido cerca de 20 toneladas de lixo diariamente e não existe nenhum tipo de separação dos resíduos após o destino final, pois no município não tem coleta seletiva. Assim o lixo não tem quase nenhum tipo de utilidade e é despejado no depósito sem gerar nenhum tipo de lucro para o município, a não ser para os catadores que lá trabalham selecionando o lixo para vender e assim gerarem seu salário no final do mês.

Esse fato dificulta até mesmo o trabalho dos catadores que apesar de não ter uma parceria com a prefeitura para o melhoramento das condições de trabalhos, se fazem presente a cada caminhão de lixo que é despejado, onde deveriam ser vistos como um elo importante dentro do ciclo dos resíduos sólidos, e serem incentivados para atuarem em associação e cooperativas, como assim almejam.

Nesse sentido, cabe às prefeituras uma atenção especial, uma valorização do trabalho dos catadores, ao implantar um sistema de gestão integrado de resíduos sólidos, conforme aponta a Política Nacional de Resíduos Sólidos, em sua Lei 12.305/2010. Essa lei trata diretamente dos temas referentes à sustentabilidade, inserção dos catadores, design de produtos, logística reversa e responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Quando perguntando ao (entrevistado 10) se já foi tomada alguma medida para a melhoria do gerenciamento de resíduos sólidos, ele relata que, “sim, através da secretaria de Urbanismo do município, foi possível fazer uma readequação no lixão do município, evitando uma contaminação maior daquele espaço. Porém nada de muito expressivo (Entrevistado 10)”.

(15)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 A maior dificuldade que o município enfrenta com o gerenciamento dos resíduos sólidos, segundo o entrevistado é a falta de um aterro sanitário adequado e necessidade de um sistema de saneamento básico.

Portanto uma das alternativas ambientalmente viáveis é a construção de aterros sanitários, pois estes representam uma forma adequada de disposição final de resíduos com um custo relativamente baixo, comparado a outros sistemas. É importante que o projeto seja condizente com a realidade de cada município, levando em consideração características físicas, econômicas, políticos e sociais, para estar em conformidade com as necessidades locais e não venha prejudicar os agentes envolvidos neste processo.

Castro (2016), diz que no aterro sanitário o lixo é colocado dentro de valas, forradas com lonas plásticas, compactado em camadas sobre um terreno adequado e previamente preparado, para depois ser coberto com material inerte, geralmente, a própria terra. Com o passar do tempo, todo o material se decompõe e integra-se ao solo.

O terreno é impermeabilizado para permitir que os líquidos e os gases resultantes da decomposição que esses resíduos sofrem embaixo da terra, pela ação principalmente de bactérias, sejam drenados e tratados, para evitar a contaminação do ambiente. Apodi já teve um orçamento sobre um suposto aterro sanitário, porém esse assunto foi “esquecido” pela gestão.

Neste sentido, as cidades devem desenvolver um plano de gestão de resíduos sólidos, promover capacitações, investir em transparência e cobrança de taxa e tarifas adequadas que consigam custear as despesas municipais e promovam uma boa gestão de resíduos sólidos.

3.3 IDENTIFICAÇÃO DA FORMA DE DESTINAÇÃO FINAL E OS TIPOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS EXPOSTOS NO LIXÃO

Durante a visita em campo foi observado que os Resíduos Sólidos Urbanos são descartados a céu aberto sem nenhum tratamento, recobrimento, compactação ou tratamento do chorume (Figura 6).

(16)

Figura 6. Disposição de lixo domiciliar no lixão, município de Apodi (RN), 2019.

Fonte: Autora, 2019

O Chorume que é uma substância líquida resultante do processo de putrefação da matéria orgânica, ele pode atingir o lençol freático, rios e córregos, levando a contaminação para estes recursos hídricos. Os resíduos gerados por aglomerações urbanas, processos produtivos e mesmo em estações de tratamento de esgoto são um grande problema, tanto pela quantidade quanto pela toxicidade de tais rejeitos.

Verificou-se em campo, conforme ilustrado na Figura 7, que naquela área são depositados diariamente todo tipo de RSU, incluindo os resíduos sólidos domiciliares, comerciais, das instituições (escolas e órgãos públicos), derivados de podas de árvores de domicílios, da manutenção de ruas e praças, dos serviços de saúde (“lixo” hospitalar), restos de materiais de construção civil, limpezas de terrenos e muitos pneus sem uso, são completamente expostos, portanto não acondicionado de forma correta.

(17)

Figura 7. Resíduos sólidos exposto no lixão, município de Apodi – (RN), 2019.

De acordo com Azevedo et al. (2015), em estudo realizado no lixão da cidade de Pombal-PB, verificou-se que um dos processos mais degradantes do solo é a erosão, intensificada devido à retirada de vegetação. A estrutura do solo está alterada devido à deposição inadequada de resíduos perigosos, como: embalagem de óleo de automotivo, pneus, lâmpadas, produtos eletroeletrônicos, pilhas e baterias. Como pode ser observado através da Figura 7, é possível evidenciar a presença de diversos tipos de resíduos sólidos, tais como: garrafas, papéis, latas, sacolas, utensílios domésticos, restos de alimentos etc.

Foram identificados resíduos sólidos acumulados às margens da estrada de acesso ao lixão, com vários pontos de aglomeração de lixo que causam a degradação do solo e da flora das áreas próximas do deposito (Figura 8).

(18)

Figura 8. Resíduos sólidos acumulados às margens da estrada de acesso ao lixão, município de Apodi (RN), 2019.

A degradação do solo dada pelo lixão consiste na perda sua capacidade de produção, diminui a sua permeabilidade, perda de nutrientes deixando-o infértil. Diante dos principais problemas enfrentados que um lixão causa, o solo sofre um grande impacto, pois é prejudicado devido essa atividade de disposição inadequada de lixos, causando tanto a degradação física e química, como também a biológica.

Portanto, o manejo inadequado de resíduos sólidos de qualquer origem gera desperdícios, constitui ameaça constante à saúde pública e agrava a degradação ambiental, comprometendo a qualidade de vida das populações, especialmente nos centros urbanos de médio e grande porte. A situação evidencia a urgência em se adotar um sistema de conscientização educacional adequado para o manejo dos resíduos, definindo uma política para a gestão e o gerenciamento, a qual assegure a melhoria continuada do nível de qualidade de vida, promovendo ações práticas recomendadas para a saúde pública e protegendo o meio ambiente (SANCHES et al., 2006).

4 CONSIDERAÇOES FINAIS

O município estudado não tem considerado os problemas dos resíduos sólidos urbanos no entorno do lixão é possível observar diversos impactos socioambientais provenientes da disposição inadequada dos resíduos sólidos.

(19)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 É preocupante o caso do lixão do município de Apodi, pois verifica-se que não existe preocupação por parte do poder público local para a correta gestão, e a resolução dos problemas dele decorrentes.

É recomendado que o município priorize por meio da contratação de profissionais e técnicos na área de meio ambiente, implante a coleta seletiva, programas de educação ambiental tanto nas escolas como nas comunidades, amplie a coleta pública domiciliar, aumentar a quantidade de servidores e os transportes que trabalham diretamente com a gestão de resíduos, visando a coletar uma maior quantidade.

Verificou-se o descontentamento da população que vive no entorno do lixão, que se sentem prejudicados com a proliferação de vetores, pois animais tem acesso ao lixão proliferando doenças pela região, mau cheiro, além das queimadas ocasionadas no lixão, afetando-os com a intensa fumaça contribuindo para a poluição ar.

Diante desses problemas, ainda houveram relatos de várias doenças como diarreia, asma, e bronquite como provenientes dessa problemática. Ademais, a população almeja a retirada do lixão do local para que assim eles consigam ter uma vida melhor.

Vários aspectos foram evidenciados pela comunidade, como o hábito de não separar e acondicionar os resíduos para a coleta de forma adequada, dificultando o trabalho dos catadores.

Ainda pôde-se contatar que apesar dos catadores ganharem pouco com um trabalho árduo, eles se mostram satisfeitos por falta de opções de trabalho, além da consciência dos riscos que estão ocorrendo exercendo a atividade no lixão sem nenhuma proteção.

Percebeu-se a necessidade continua de ações de interferência por parte do poder público e órgãos competentes, pois as práticas desenvolvidas ainda são escassas.

Diante o estudo foi averiguado, e é recomendável que o município se adeque aos consócios, pois a Política Nacional de Resíduos Sólidos dá prioridade à formação de consórcios intermunicipais para a gestão do lixo, inclusive para obtenção de financiamento federal. O consórcio é visto como solução principalmente para os pequenos municípios, que enfrentam problemas como falta de recursos e dificuldades técnicas para gerenciar seus resíduos.

Ao se associarem entre si ou com cidades de maior porte, os pequenos municípios têm mais chances de superar a baixa capacidade técnica e de gestão e ampliar a escala de tratamento de resíduos sólidos, o que significa diminuição de custos. Além dos planos estaduais e municipais, a PNRS prevê a realização de planos intermunicipais, microrregionais e de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, que devem ser efetivados por meio de consórcios públicos.

(20)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 A implantação de um aterro sanitário torna-se uma alternativa adequada para a disposição dos resíduos do município de Apodi, portanto deve ser criado o projeto seguindo todos os critérios estabelecidos para não causar danos futuros ao meio ambiente e a participação e conscientização por parte dos órgãos municipais, e acompanhada por técnicos e estudos criteriosos.

Por fim, este estudo permitiu concluir que há também a necessidade de outros trabalhos que envolvam essa temática no município com o objetivo de subsidiar a gestão municipal na tomada de decisões que envolvam as questões relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos, do mesmo modo que, é importante que o município conscientize a população dos problemas ambientais causados pela grande geração de resíduos.

(21)

REFERÊNCIAS

ABRELPE, PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL, Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. 2017

Almeida, R. N. de et al. A problemática dos resíduos sólidos urbanos: s/i. Interfaces Cientificas: s/i, Aracaju, 2013; 2(1): 26-27.

Amorim, A, P. et al. Lixão municipal: abordagem de uma problemática ambiental na cidade do Rio Grande – RS. In Ambiente & Educação, 2010; 15(1): 65-66.

Andreoli, C. V. Resíduos Sólidos: origem, classificação e soluções para destinação final adequada, 2012. Disponível em: < https://www.agrinho.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/32_Residuos-solidos.pdf>. Acesso em: 25 de abril de 2019.

Araújo, A, B. “Análise caracterização da dinâmica da foz do rio Apodi, região de Areia Branca/RN, com base na cartografia temática multitemporal de produtos de sensores remotos”. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/ RN. 2006.

Araújo, K, K, S; Ribeiro, A, K, S, P. Perspectivas e Desafios para a Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos do Município de Marechal Deodoro – AL. Revista gestão e sustentabilidade ambiental, 2018; 7(4): 718-738.

Azevedo, P. B. de, Leite, J. C. A., Oliveira, W. S. N. de, Silva, F. M. da, Ferreira, P. M. L. Diagnóstico da degradação ambiental na área do lixão de Pombal – PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, 2015; 10(1,): 20-34.

Boni, V.; Quaresma, S, J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. 2005; 2(1): 68-80.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Saneamento. Brasília: Funasa, 2006.

BRASIL (2005). Lei Nº 11.107, de 6 de abril de 2005. Estabelece as normas gerais para contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, 2005. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm>. Acesso em: 23 abril 2019.

BRASIL (2007). Lei Nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Brasília, 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 23 de abril de 2019.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: <http://engemausp.submissao.com.br/19/anais/arquivos/10.pdf>. Acesso em abril de 2018.

(22)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 BRASIL Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política nacional de resíduos sólidos. recursos eletrônico. – 2. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012. 73 p. – (Série legislação; n. 81).

BRASIL. Lei n° 12.305/2010. Conselho Nacional do Ministério Público. Guia de atuação ministerial: encerramento dos lixões e Inclusão social e produtiva de catadoras e catadores de materiais recicláveis / Conselho Nacional do Ministério Público. Brasília: CNMP, 2014.

BRASIL. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: diagnóstico do manejo de resíduos sólidos urbanos – 2014. Brasília:

Castro, A. E. M. Papel da educação ambiental na gestão do aterro sanitário de Araranguá/SC. Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11, 2016; 01.

Costa, A, G; Sales, M, S; Cizenando, T, A, L; Lopes, T, C, S; Macêdo, I, R, C. Impactos Socioambientais Advindos do Lixão Municipal de Assú/RN. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil. Costa, B. S.; Ribeiro, J. C. J. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos: direitos e deveres. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.

ESTADÃO, 2018. Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,ainda-o-problema-dos-lixoes,70002548659. Acesso em: 14 de abril de 2019.

G1. globo.com. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/quase-metade-das-cidades-brasileiras-nao-tem-plano-para-residuos-solidos-diz-ibge.ghtml. Acesso em: 14 de abril de 2019. Gouveia, N. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com inclusão social. Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, USP. São Paulo – SP, 2012.

Heerdt, M. L. Metodologia científica e da pesquisa: livro didático / Mauri Luiz Heerdt, Vilson Leonel; design instrucional Luciano Gamez, [Carmen Maria CiprianiPandini]. – 5. ed. rev. e atual. – Palhoça: Unisul Virtual, 2007. 266 p.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2017. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/panorama>. Acesso: em maio de 2018.

Ismael, F. C. M; Leite, C. A; SILVA K. B. Proposta de um Plano de Recuperação para Área do Lixão em Pombal-PB. INTESA, 2013; 7(1): 001-019.

Jacobi, P. R.; Besen, G. R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos Avançados, v. 25, n. 71, 2011.

Jornal da Câmara. Erradicar os lixões até 2014 é o primeiro desafio. Brasília-DF, novembro de 2011. Disponível em: <https://www.internet/agencia/pdf/especialconferencia.pdf>. Acesso em: 05 de junho de 2019.

(23)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 Kronemberger, D. M. P. et al. Saneamento e meio ambiente. Atlas de saneamento, 2011. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap3.pdf. Acesso em: 17 de abril de 2019.

Lima, K. S. D. Alterações dos Parâmetros Climáticos no Município de Apodi- RN, antes e após a construção da barragem de Santa-Cruz do Apodi, e formação do lago. Mestrado em geografia. Natal- RN, 2007.

Lucena, K. A. M. Problemas ambientais gerados por aterros de resíduos sólidos não controlados: o caso de Ipueira-RN. Monografia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Caicó – RN. 2016. Matos, F, O. et al. Impactos Ambientais decorrentes do Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Belém-PA: aplicação de ferramentas de melhoria ambiental. Programa de Pós-graduação em Geografia, 2011; 12(39): 297 p.

Marconi, M. A.; Lakatos, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.

MCIDADES. SNSA, 2016. Disponível em: <http://www.snis.gov.br/diagnostico-residuos-solidos/diagnostico-rs-2014 >. Acesso em: 23 de abril de 2019.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2010. Disponível

em:https://mp-rn.jusbrasil.com.br/noticias/2182169/prefeitura-de-apodi-deposita-lixo-em-area-irregular. Acesso em: maio 2019.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2012. Minayo, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 2011.

Mucelin, C. A.; Bellini, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Sociedade & Natureza. jun. 2014. Uberlândia, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf. Acesso em: 10 de abril, 2019.

Neves, F. de O.; Mendonça, F. Por uma leitura geográfico-cultural dos resíduos sólidos: reflexões para o debate na Geografia. Cuadernos de Geografía: revista colombiana de geografia, 2016; 25(1): 153-169.

NOSSA CIÊNCIA. Caern esclarece diferença entre saneamento básico e esgotamento sanitário, 2016. Disponível em: https://nossaciencia.com.br/noticias/caern-esclarece-diferenca-entre-saneamento-basico-e-esgotamento-sanitario/. Acesso em: 17 de abril de 2019.

ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/ods6/>. Acesso em: 13 de maio de 2019.

PEGIRS/RN, Natal/RN, 158p, 2012. Disponível em:<

http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/semarh/doc/DOC000000000020200.PDF >. Acesso em: 25 abril de 2019.

(24)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p. 85684-85707 nov. 2020. ISSN 2525-8761 Persich, J. C.; Silveira, D. D. Gerenciamento de resíduos sólidos - a importância da educação ambiental no processo de implantação da coleta seletiva de lixo – o caso de ijuí/rs. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 2011; 4(4): 416 - 426.

Sanches, S. M. et al. Importância da Compostagem para a Educação Ambiental nas Escolas. Química Nova na Escola. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química. n. 23. 2006. p. 10-13.

Santana Júnior, H. E. de. Zoneamento Agroecológico do Município de Apodi/RN. 2010. 151 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2010. Disponível em: <https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/18203/1/HenriqueESJ_DISSERT.pdf>.

Acesso em: 22 Abr 2019.

Santos, M. C. L; Dias, S, L, F, G. Resíduos sólidos urbanos e seus impactos sócios. São Paulo: IEE-USP, 2012. 82 p.

Santos, T.; Rovaris, N. R. S. Cenário brasileiro da gestão dos resíduos sólidos urbanos e coleta seletiva. Anais do VI SINGEP – São Paulo – SP – Brasil – 13 e 14/11/2017.

SEMARH - Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Relatório síntese: Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte –

Silva, J, S. Gestão de Resíduos Sólidos e sua importância para a sustentabilidade urbana no Brasil: uma análise regionalizada baseada em dados do snis. Boletim regional, urbano e ambiental. Brasil. 2015. p. 66.

Silveira, R. M, C; Clementino, M. L. M. Novas Regras, Velhos Entraves: o Desafio da Gestão dos Resíduos Sólidos nos municípios Brasileiros. XVII Enanpur. São Paulo, 2017.

Tavares, F. G. R; Tavares, H. S. P. Resíduos sólidos domiciliares e seus impactos socioambientais na área urbana de Macapá-AP. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Fundação Universidade Federal do Amapá. Macapá-AP, 2014.