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Ser e como ser... eis a questão: a mudança necessária nos estilos de gestão pública

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Academic year: 2020

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S

ER E COMO SER . . .

EIS A QUESTÃO:

A m udança n ecessária nos estilos de g e stã o pública H é c to r H e r n á n G o n z á le z O s o rio

A

questão do redesenho do p a ­ p e l do Estado é objeto de im ­ portantes discussões sobre as estratégias p a ra sair do subdesenvol­ v im en to . N essas d iscussões, u m a abordagem tnais qualitativa, que su ­ bordine os problem as de ta m a n h o à definição de funções, não p o d e d ei­ x a r de considerar a fo rtn a em que essas fu n çõ es venham a ser executa ­ das. O com o ser é tão im p o rta n te quanto o ser. Nesse sentido, a ques­ tão gerencial, que se m a n ifesta na procura de novos estilos de gestão, m arcados p e la procura d a q u a lid a ­ de e um a p rática participativa, cons­ titui um a tendência institucional tão im/x>rtante quanto as diversas refor­ m a s e s tr u t u r a i s q u e b u s c a m reform ular o estado brasileiro.

A

questão do listado cncon- tra-sc no ccm c das discus­ sões políticas e econôm i­ cas dos últim os anos. As aborda­ gens sob re a q u estão podem ser a g rup adas em du as grandes ten ­ dências: as d e caráter q u a n tita ti­ vo, q u e c e n tram a análise nos p ro b le m a s deriv ad o s d o tam a­ n h o d o Estado e d o seu grau de intervenção na econom ia, e as de caráter qualitativo, q u e centram a análise nas form as d e interven­ ção d o Estado c nos setores da sociedade a quem essa ação favorece.

Ambas tendências reconhecem o esgotam ento de um certo m odelo de acumulação capitalista, onde o Estado, associado ao capital na­ cional e internacional, teve um papel preponderante, provendo a infra-estrutura necessária e subsi­ diando o capital privado através de diversos mecanismos fiscais, mo­ netários e de legislação comer­ cial. Entretanto, apesar das seme­ lhanças, existem im portantes di­ ferenças entre ambas abordagens e a sua explicitação é condição para qualquer tom ada de posição face ao tipo de Estado que querem os.

O enfoque quantitativo põe ênfa­ se na crise fiscal e n o gigantism o do Estado, cujo crescim ento exa­ g erad o com eçou n os an o s 60, q u a n d o o m o d e lo n a c io n a l desenvolvim entista m ostrava os prim eiros sinais de crise. O pro ­ cesso consolidou-se nos anos 70, com o esforço para m anter esse modelo na base do endividam ento externo, e entrou em crise total nos anos 80, cm meió às sucessi­ vas e fracassadas tentativas de

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Héctor Hernán González Osorio

estabilização, que acabaram com­ prom etendo definitivamente a efi­ ciência d o Estado como mecanis­ m o re g u la d o r da econom ia. As principais conclusões desta abor­ dagem encontram -se consubstan­ ciad as n o fam oso co n sen so de

W ashington e nas suas críticas ao

excesso de Estado1. A privatização, desregula- m entação e abertura da economia, a minimização do tama­ nho e das funções estatais, foram ap o n tad o s com o com plem entos

sine qua non das políticas de es­

tabilização c saneam ento das fi­ nanças públicas.

O enfoque qualitativo, po r sua vez, tem posto uma ênfase m aior n o s e fe ito s d a s m u d a n ç a s civilizacionais pelas quais passa a hum anidade nos últimos 20 anos e n o seu rebatim ento estatal. Os impactos das transformações cien- tifico-tecnológicas deste fim de sé­ culo atingem não som ente a esfe­ ra das relações econômicas e dos processos produtivos, aspectos cla­ ram e n te d escrito s p o r diversos autores2. A nova configuração da divisão internacional do trabalho, os fenôm enos de globalização da produção, de integração dos mer­

cados e de regionalização dos in­ vestim entos, exigem m ud an ças im portantes nas funções e na for­ ma de atuação do Estado. Mas o problem a principal não está no excesso de intervenção d o Estado c sim na forma como esta interven­ ção tem-se dado. A participação do Estado na dinâmica econômica do capitalismo brasileiro trouxe como co n seq üên cia não so m e n te um crescim ento descontrolado, mas também um processo crescente de penetração da coisa pública pela iniciativa privada, diretam ente ou através dos seus representantes3. Entre as conseqüências desse p ro ­ cesso estão a redução ao máximo da capacidade do gasto público c o sucateam ento de um a estrutura qu e foi ficando cada vez mais a serviço dos setores oligopólicos da economia nacional e seus aliados internacionais e cada vez m enos a serviço da maioria da população. Assim, o problem a fundam ental é a m udança qualitativa do Estado, em term os de redeGnição de fun­ ções e de novas formas de exercí­ cio dessas funções. O que não im­ plica a defesa do tam anho atual do Estado e sim a recuperação da sua

- Uma polêmica c cxcelcntc anilisc desta postura pode ser encontrada no artigo de José Luís FIORI; “Os moedeiros falsos", In Folha de São Paulo: 03 de julho de 199<; pp.6/6 a 6/7.

- Ver COUT1NHO, Luciano; “A terceira revolução industrial e tecnológica: as gran­ des tendências de mudança"; In F.conomia e Sociedade n°.2; IE-UNICAMP; Campinas; 1992; pp. 69 a 87 e DOS SANTOS. Theotonio; F.conomia M undial. Integração Regional

e D esenvolvim ento Sustentável-, Ed. Vozes; Pctrópolis; 1993.

5 - De grande impacto e m uito elucidativo, o caso dos anões do orçam ento talvez náo seja o mais claro neste sentido. É freqüente a presença de médios e grandes em ­ preiteiros em cargos executivos nas administrações públicas municipais ou estaduais, como reconhecim ento à sua participaçáo nas campanhas eleitorais, m uitas vezes com a missão explícita de favorecer seus negócios a partir do Estado.

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capacidade para a tu a r naquelas áreas q ue lhe são próprias e onde a iniciativa privada não encontra os estím ulos de rentabilidade que a movimentam.

Na verdade, tem se falado e escri­ to m uito sobre a necessidade de red efin ir o papel d o Estado no contexto das transformações em curso na econom ia mundial. Nes­ sas discussões, destaque especial tem sido dado a aspectos como a necessidade de fortalecimento das funções próprias ao setor público, o reforço do aparelho d o Estado com re c u r s o s fin a n c e iro s e normativos e a descentralização na execução das políticas públicas4. Entretanto, a questão da gerência propriam ente dita, das formas de exercício da função pública em term os das m udanças necessárias nos estilos de gestão, tem perm a­ necido um pouco em segundo pla­ n o , com escassas exceções5. A m áquina burocrática, que já foi eficiente face a um a economia e um a sociedade estruturadas com base n o padrão tecnológico e produtivo da 2a. Revolução Indus­ trial, vê-se defrontada hoje com ne­ cessid ad es novas, re su lta d o da conjugação dos processos de mo­ dernização com as exigências de­ correntes da miséria. Na época em que a população era majoritaria- m ente rural e encontrava-se dis­

persa no território, q uan do as ci­ dades eram poucas e m enores e as tecnologias de comunicação p re ­ cárias, aum entando assim as dis­ tâncias relativas en tre o governo central e os governos locais e difi­ cultando as com unicações h o ri­ zontais, a centralização, a hierar­ quização, a padronização e a ad­ ministração po r norm as e regula­ m entos eram todos fatores de efi­ ciência. Com efeito, um a grande quantidade de níveis interm ediá­ rios de chefia era necessária para a gestão dos subconjuntos orgâni­ cos na hierarquia administrativa (departam entos, divisões, setores etc.), reproduzindo ao interior do Estado a estrutura piramidal de ge­ rência dos processos produtivos or­ ganizados com base no paradigma

taylorista-fordista derivado da 2a.

Revolução Industrial.

Entretanto, a urbanização acelera­ da vivida pelos nossos países nos últimos 30 anos, o processo cres­ c e n te d e d e m o c ra tiz a ç ã o e conscientização cidadã e o salto científico c tecnológico sem p re ­ cedentes na área das com unica­ ções dim inuíram as distâncias re­ lativas, não som ente entre a po p u ­ lação e o governo, mas tam bém entre dirigentes e funcionários da máquina estatal, em todos os ní­ veis da a d m in istra ç ã o p ú b lica. Este fato criou um clima favorável

* - Ver neste sentido os artigos e estudos publicados pela própria ENAP, nos seus

Cadernos e na Revista do Serviço Público, bem como alguns dos textos para discussão

publicados pelo Centro de Estudos de Políticas Públicas- CEPP, do Rio de Janeiro (Telefax: 021 227 2018)

5 - Ver a este respeito: K1JKSBERG, Bernardo; Como transform ar o Estado: p a ra

além de m itos e dogmas-, ENAP; Brasília; 1993, bem como: OSBORNE, David e GAEBI.ER,

Ted. R einventando o governo-, MU Comunicação; Brasília; 199 <.____________________

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Héctor Hernán González Osorio

ao surgim ento de novas práticas gerenciais, acom panhando assim, com o acontecera no passado, as m udanças n os p ad rões o rg ani­ zacionais e funcionais dos proces­ sos produtivos industriais. Nesse sentido, vale a pena destacar dois aspectos que dizem respeito ao com o ser do Estado: a qualidade e a participação.

Não faz m uito tem po que a ques­ tão da q u alid ad e com o técnica gerencial fez a sua aparição no âm b ito d o Estado. Com base nas experiências de gestão da ini­ ciativa privada em que os ja­ p o neses foram pioneiros, criou- se a consciência de que não mais bastava com a aplicação de n o r­ m as e p ro c e d im e n to s form ais p ara te n ta r g aran tir b on s resul­ tados na adm inistração pública. Para m e lh o ra r o d e se m p e n h o d o s serviços do Estado é n e­ cessário levar cm consideração a o p in iã o dos beneficiários in term ed iário s ou finais - e esti­ m ular a com petitividade entre os p ro d u to re s desses serviços, n o ­ ções chave d o conceito d e quali­ d ad e total.

Ora, é claro que não se trata de gerenciar o Estado como se fosse um a em presa privada, porque não é. Seus objetivos, a sua missão, o seu sentido são diferentes. Trata- se sim, de incorporar m étodos e técnicas de gestão que permitam m elhorar seu desem penho e ino­ var nos seus procedim entos, de acordo com as exigências impos­ tas pela sociedade e com as possi­

bilidades tecnológicas d e nosso tempo. Não se trata tam pouco de pregar a adoção acrítica d e “paco­ tes adm inistrativos” im p o rtad o s diretam ente da iniciativa privada ou de outras realidades culturais. Trata-se, sim, de adaptar as ferra­ m entas d isp o n ív eis, c ria n d o as condições necessárias para o seu uso.

Neste sentido, o uso das ferram en­ tas da qualidade total para m elho­ rar o desem penho da função p ú ­ b lic a e d o s m é to d o s d a reengenharia organizacional para inovar nas estruturas orgânicas e funcionais, constituem , sem dúvi­ d a, p a rte d e u m a te n d ê n c ia institucional de grande im portân­ cia, no sentido de procurar novos estilos de gestão na adm inistração pública.

Por outro lado, a restauração da democracia não esteve limitada à recuperação das liberdades pú bli­ cas e ao restabelecim ento dos p ro ­ cessos eleitorais. Ela trouxe consi­ go a in co rp o raç ã o ativa d e um novo agente regulador nos proces­ sos econômicos e políticos: a cha­ mada sociedade civil organizada. Inúm eras organizaçõ es e m ovi­ m entos de cidadãos reunidos em to m o de interesses e reivindica­ ções comuns, às vezes conjunturais e outras não, invadiram a dinâm i­ ca social, m anifestando a sua des­ crença nas práticas políticas tradi­ cionais c procurando novas formas para garantir o respeito aos seus direitos e a satisfação das suas necessidades.

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ste aspecto introduz um se­ gu n d o elem ento de força na discussão sobre o necessário redesenho do papel do listado: a sua democratização, na dupla di­ m ensão das relações govemo-so- cicdadc e da sua prática funcional interna. A relação do governo com a sociedade tem sido objeto de num erosos estudos sobre a parti­ cipação popular, surgida no âmbi­ to da resistência aos regimes dita­ toriais dos últimos vinte anos. Vale a pena então pô r um a ênfase es­ pecial nas relações entre dirigen­ tes e dirigidos ao interior da má­ quina pública. Com efeito, cabe perguntar-se com o dem ocratizara relação d o Estado com o espaço social se as práticas ao interior do próprio espaço do Estado continu­ am a ser as mesmas do período autoritário. Nesse sentido, adqui­ rem particular relevância as discus­ sões sobre a democratização das funções de planejamen to governa­ m ental e sobre a introdução de novos m étodos e técnicas que es­ timulam e facilitam o trabalho co­ letivo ao interior da administração pública6.

E claro que um estilo de gestão de caráter participativo é condição

necessária, mas n ã o su ficiente, para a conquista da qualidade na função pública. Um trabalho pio ­ neiro sobre o tema aponta com o algumas estratégias possíveis nes­ te sentido, além da implantação de modelos de gestão com ênfase na participação, a criação d e um a cultura propícia ao Estado d e qua­ lidade, a aqu isição e o u so d e tecnologia adequada e avançada e o investim ento na form ação d e quadros e na melhoria d o desem ­ penh o das pessoas7. E ntretanto, esses aspectos som ente adquirem real sentido quando se pensa cm tom ar mais coletivos os processos d e to m a d a s d e d e c is ã o , potencializando assim o investi­ m ento na melhoria dos desem pe­ nhos individuais e aproveitando as possibilidades q u e oferecem as m odernas tecnologias de p ro d u ­ ção e disseminação de informação. Mas é preciso coragem para ino­ var. A questão cultural é sem dúvi­ da de fundam ental im portância e o ponto de partida do processo. A m udança dos valores, das p rá­ ticas, dos hábitos e dos tabus ca­ racterístico s da g e stã o p ú b lic a paquidérm ica que herdam os d o passado e que continua a esmagar o nosso presente, só poderá

- Particularm ente interessante neste sentido 6 o trabalho do prof. Ademar SATO. com a sua proposta de Planejamento Estratégico Democrático, dando um a dim ensão participativa aos m étodos do planejam ento estratégico situacioual e incorporando téc­ nicas de visualização e discussão derivadas da metodologia ZOPP (Ziel Orientiert Plannung Projekt) e do Logical framcwork.; Sobre a dim ensãogoverno-sociedade. ver DOWBOR, Ladislau; O poder local; Brasiliense; Col. Primeiros Passos; São Paulo; 1994. Sobre as noções de espaço social e espaço do estado, ver a excelente obra de FRIEDMANN, John;

Etnpowerment-, Blackwell Publishers; Massachussets; 1992

- Ver VIEIRA DE CARVALHO, Maria do Socorro Macedo e TONE I’, Helena Corrêa; Q ualidade na adm inistração pública; Revista de Administração Pública-RAP; Rio de Janei­ ro 28(2); 137-52. AURJUN. 199i. pp. 137-152.

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Hódor Hornán González Osorio

resu ltar de iniciativas on d e diri­ g e n te s e d irig id o s não tenham m edo de arriscar e saibam resistir às pressões d o statu quo. A resis­ tência à m udança é um obstáculo reacionário de peso c que deve ser

denunciado para asr \encddd'.

M u ita s vezes a in o v aç ã o , a criatividade, a agilidade nas res­ postas, a horizontalidade nos pro­ cessos de discussão, a coletivização das responsabilidades, o predom í­ nio da interação sobre a excelên­ cia in d iv id u a l, c a ra c te rís tic a s exigidas pela prem ência dos pro­ blem as e facilitadas pelas novas tecnologias de trabalho, são siste­ m aticam ente tolhidas pela perm a­ nên cia das práticas tradicionais q u e anquilo sam o sistem a, nos seus diversos níveis. Pior ainda, m uitas vezes, quando se trata de m udar com portam entos e estilos de governo, o discurso progressis­ ta sobre as m udanças econômico- sociais se traduz em atitudes em i­ n e n te m e n te conservadoras. O cum prim ento da norma continua sendo privilegiado em detrim en­ to do resultado; o regulamento, p o r d efin ição um a ferram enta, transforma-se em um fim em si e os procedimentos centralizados de controle são reforçados, contribu­ indo para entravar um funciona­ m ento mais eficiente.

Essa verdadeira alienação in sti­ tucional se repete nos indivíduos, com a ausência quase total de estí­ mulo ao acerto e onde a responsa­ bilidade pelos erros é sempre p nv curada na base da pirâmide hierár­ quica. Nesse contexto, a ociosidade e sempre mais segura, pois quem nada £az não corre risco de errar e o acerto não é objeto de reconheci­ m ento nem estímulo de nenhum tipo, muito menos financeiro. A crítica aos estilos dom inantes de governo, aos padrões tradicionais de com portam ento, e às práticas gerenciais habituais, tem deixado c la ro q u e o p r o b le m a d a credibilidade e da governabilidade não é decorrente só de um a ques­ tão econômica ou financeira: a cri­ se fiscal e o esgotam ento da capa­ cidade de gasto público. Está pre­ sen te nessa crise um e le m e n to im portante de subjetividade que diz respeito à um a cultura ad­ m inistrativa baseada n o a u to ri­ tarismo, na centralização, na falta de profissionalização da função pública, no conseqüente desres­ peito aos que nela trabalham e na ausência total de accou nta bilit)9 face aos cidadãos.

A perpetuação da teia burocrática e dos seus instrum entos de gestão face às dem andas urgentes e

- Ver NOGUEIRA, Marco Aurélio; ''Permanência c m udança no setor público"; In

Revista d o Serviço Publico-, Ano (5-Vol. 118 No. 1 - Jan/Jul 1994; ENAP; Brasília; 1994.

•C om o é sabido, o term o continua sem tradução literal. Som ente a criação de um a cultura diferente de gestão pública, apoiada no movimento crescente de consciên­ cia cidadã, perm itirá que a idéia de accountability possa fazer parte da nossa bagagem conceituai. Ver a este respeito, CAMPOS, Ana Maria; "Accountability: quando p o d ere­ mos traduzi-la para o português?"; In Revista de A dm inistração Pública-RN?; Rio de Janeiro 24(2)30-50; fev/abr. 1990; pp. 30-50

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dram áticas dc uma sociedade di­ lacerada pela polarização constan­ te entre riqueza e miséria, nas no­ vas condições de comunicação ge­ rad a s p e lo avanço cien tífico e tecnológico, tom aram absoluta­ m ente evidentes a ineficácia e ine­ ficiência da m áquina pública nos seus padrões atuais. Novas solu­ ções e respostas rápidas são neces­ sárias e possíveis e elas passam não som ente pela realização de refor­ mas no plano constitucional, tri­ butário ou político-eleitoral, mas também pela introdução de práti­ cas gerências diferentes, centradas na procura da qualidade e no exer­ cício da participação.

Neste m om ento da história do lis­ tado brasileiro, quando um novo governo está prestes a assumir as suas funções e quando im portan­ tes mudanças na estrutura e o fun­ cionam ento do Estado estão sen­ d o discutidas, é im portante insis­ tir neste fato: q u alq u er reforma administrativa que não considere os aspectos gerenciais estará fada­ da ao fracasso, como mostra a ex­ periência de vários governos esta­ duais e do próprio governo fede­ ral. Da mesma forma em que de nada adianta suprim ir m inistéri­ os, secretarias ou departam entos se não houver um claro entendi­ m ento prévio sobre o ser do Esta­ do, ou seja, sobre as funções que ele deve desem penhar, dc nada adiantarão tais entendim entos se

eles não forem acom panhados p o r uma decisão explícita de m udar o

com o ser da adm inistração públi­

ca, ou seja seus estilos de gestão. Algumas das discussões da II Conferência Internacional de Ciências Administrativas, realizada cm julho de 1993 na cidade dc Toluca, México, deram um desta­ que particular a esta questão, ao falar explicitamente da necessida­ de de um novo estilo gerencial pú b lico , c a ra c te riz a d o p o r se r aberto ao diálogo e à negociação, por estar baseado no contato di­ reto com os diversos agentes en ­ vo lv id o s, p o r e s tim u la r a criatividade e coletivizar o exercí­ cio do po der.10

Sc a defesa de um Estado forte não quer dizer a defesa de um Estado grande e sim dc um Estado com capacidade de cum prir as suas fun­ ções, a m udança dos estilos dc gestão tradicionais constitui um a tendência institucional que deve se r refo rçada p o r a q u e le s q u e enfatizam os aspectos qualitativos no necessário redesenho do papel do Estado.

10 - Um bom resum o com entado das conclusões da Conferência pode ser encontrado no artigo de IJARHOSA, Rizio; "Redesenho do papel do estado para o desenvolvim ento econôm ico e social"; In Política e Administração-, v.2 - No. 1; Fundação Escola dc Servi- ço Público-FESP; Rio dc Janeiro; Jan/Mar 199'i.____________________________________

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Hédor Hernán González Osorio

Resum en

SER Y CÓM O SER... HE AHÍ LA CUESTIÓN: EL CAMBIO

NECESARIO EN LOS ESTILOS DE GESTIÓN PÚBLICA

La cucstión dc rcdelinear cl papel dcl Estado cs objeto de im portan­ te s d is c u s io n e s s o b re las e s tr a té g ia s p a ra s a lir d cl s u b d e s a r r o llo . En csas d isc u s io n e s , un a b o rd a je m ás cualitativo, que subordine los pro­ blemas dc tam ano a la dcfinición de funciones, no puede dejar de co nsiderar la forma en que csas fu n cio n e s scrán ejccu tad as. El cóm o scr es tan im portante com el scr. En esc sentido, la custión gerencial, que se manifiesta cn la b ú sq u e d a d e nucvos estilos dc gestión, marcados por Ia búsqueda d c la c a lid a d y u n a p rá c tic a p a rtic ip a tiv a , c o s titu y e u n a tendcncia institucional tan impor­ tante com o las diversas reformas e s tr u c tu r a le s q u e p ro c u ra m reform ularei Estado brasileno.

A bstract

TO BE AND HOW TO BE... THAT IS THE QUESTION: THE NECESSARY CHANGE IS THE STYLES OF PUBLIC ADMINISTRATION

llie issue of redesigning the State is th c o b je c t o f im p o rta n t discussions on strategies toget out o f u n d crd ev elo p m cn t. In those d iscussio ns, a m ore qualitative

approach, which subordinatcs thc problcm s of size to definition of functions, must consider thc form in w hich fu n c tio n s w o u ld b e c x e c u te d . H ow to b e is as im portant as to be. In that sen se, the issue of adm inistration, which is manifested in thc search forncw styles m arked by the search for q u ality and by a p a rtic ip a tio n p a c tic c , is an i n s titu tio n a l tcndcncy that is as im portant as thc many structural reforms that arc aimecl at re fo rm in g th e brazilian State.

Hector Hernán G. Osorio é téc­ nico do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES.

Referências

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