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A participação política e cívica local e os aspectos demográficos: uma análise dos municípios da Bahia, Brasil

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Academic year: 2020

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Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Atribuição-NãoComercial-SemDerivações CC BY-NC-ND

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A Deus pela dádiva da vida e por estar sempre comigo. Sou grato por todos os milagres e bênçãos recebidas ao longo da vida.

Aos meus pais por todo amor, dedicação e apoio, meus exemplos. Minha eterna gratidão por tudo aquilo que representam.

Aos meus irmãos por todo afeto, estímulo e atenção.

À minha linda esposa, sempre companheira e dedicada, por todo incentivo e colaboração na realização dos nossos sonhos. Agradeço por todo amor demonstrado e palavras de ânimo.

Aos familiares e amigos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão do Mestrado. Aos meus avós (In memoriam) por todos os momentos de comunhão, recordações que permanecem vivas.

Ao meu orientador por toda partilha de conhecimento, paciência e suporte para realização desse trabalho. Muito obrigado pela notável e essencial contribuição. Por fim, deixo registrado a minha admiração.

A UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana pela oportunidade concedida para concretização deste projeto.

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Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

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A Participação Política e Cívica Local e os Aspectos Demográficos: Uma Análise dos Municípios da Bahia, Brasil

Estudos já existentes indicam que a forma como a população está distribuída entre os municípios favorece a participação política e cívica a nível local. Esta abordagem corrobora com o argumento de que o envolvimento cívico não possui caráter uniforme, mas níveis distintos entre países e entre jurisdições subnacionais. Portanto, se faz necessário compreender os fatores que favorecem e despertam a atenção dos cidadãos para o interesse público e estimulam mais envolvimento na vida cívica e política no alcance de objetivos comuns. Argui-se que a dimensão da cidade gera efeitos na participação cívica, estimulando a participação de caráter cívico e diminuindo a participação eleitoral. Pessoas em cidades maiores estão menos propensas a mobilizar-se para votar, posto que, presume-se que exista um tamanho ideal e nível de concentração da população que favorece a participação política ativa e fomento ao voto nas eleições locais. Mesmo em um país onde a regra geral é o voto compulsório, há cidadãos que tem esse direito exercido de forma facultativa, coexistindo ainda as abstenções. Em contraste com os níveis de participação eleitoral, cidades maiores tendem a apresentar níveis de participação cívica mais elevados. Neste sentido, é mister neste trabalho que tem como cerne de investigação o tamanho, a densidade e o crescimento das cidades, entender a dinâmica dos efeitos dessas medidas no envolvimento dos cidadãos na participação cívica nos 417 municípios do Estado da Bahia, Brasil. Para fins de análise, examina-se participação cívica em seu sentido mais amplo, utilizando-se um conjunto de variáveis, a fim de testar as hipóteses derivadas de pesquisas recentes, nos contextos dos EUA e de Portugal, em um ambiente brasileiro caracterizado pela heterogeneidade.

Palavras chave: Crescimento Populacional, Densidade Demográfica, Participação Cívica e Participação Política.

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Local Political and Civic Participation and the Demographic Aspects: An Analysis of the Municipalities of Bahia, Brazil

Existing studies indicate that the way the population is distributed among municipalities influences political and civic participation at the local level. This approach argues that civic engagement does not have a uniform character, but rather different levels between countries and subnational jurisdictions. Therefore, it is necessary to understand the factors that favor and stimulate citizens' attention and involvement in civic and political life in order to achieve common goals. Here, I argue that the size of the city generates effects on civic participation, since people in larger cities are less likely to mobilize to vote, since it is assumed that there is an ideal size and level of population in cities which favors active political participation in terms of voting in local elections. Even in a country where the general rule is compulsory voting, there are citizens who exercise this right on a non-mandatory basis, with abstention still remaining. In contrast, larger cities seem to stimulate civic participation in its most altruistic sense. Hence, it is necessary to understand the dynamics of the effects of these measures in the involvement of citizens in civic participation in the 417 municipalities of the State of Bahia, Brazil. For the purposes of analysis, civic participation is examined in its broadest sense using a set of variables in order to test the hypotheses derived from recent research in the contexts of the USA and Portugal in a Brazilian environment characterized by heterogeneity.

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RESUMO V

ABSTRACT VI

ÍNDICE DE TABELAS, GRÁFICOS E GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS IX

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO 11

1.1. Considerações Iniciais 11

1.2. Contextualização e Relevância do Tema 12

1.3. Objetivo Geral, Questão de Partida 13

1.4. Metodologia e Hipóteses iniciais 14

1.5. Objetivos Específicos 14

1.6. Estrutura da dissertação 15

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO DE LITERATURA 16

2.1. Participação Cívica – Notas Introdutórias 16

2.1.1. Interação Social 18

2.1.2. Aspectos Demográficos 29

CAPÍTULO 3

3. HIPÓTESE DE TRABALHO 22

3.1. Enquadramento Teórico 22

3.2. Descrição das Hipóteses 22

CAPÍTULO 4 4. ANÁLISE EMPÍRICA 25 4.1. Modelo de Análise 25 4.1.1. Unidade de Análise 26 4.1.2. Tipo de Design 26 4.2. Operacionalização da Hipóteses 26 4.3. Dados 26 4.4. Método de Análise 30 4.5. Resultados e Discussões 30

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5.1. Conclusões 41

5.2. Limitações 43

5.3. Perspectivas para investigações futuras 43

CAPÍTULO 6

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

6.1. Legislação 47

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Tabela 2 Estatística Descritiva

Tabela 3 Regressão Linear (Método dos Mínimos Quadrados) Tabela 4 Regressão Linear (Método dos Mínimos Quadrados)

Tabela 5 Regressão Binomial Negativa (Método de Máxima Verosimilhança) Tabela 6 Regressão Binomial Negativa (Método de Máxima Verosimilhança)

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Efeito contingente da interação entre população e densidade na participação eleitoral Gráfico 2 Efeito contingente da interação entre população e crescimento populacional na participação eleitoral

Gráfico 3 Efeito contingente da interação entre população e densidade na presença de ONGS Gráfico 4 Efeito contingente da interação entre população e crescimento populacional na presença de ONGS

GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS CF Constituição Federal

EUA Estados Unidos da América HAB Habitantes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KM² Quilômetro Por Metro Quadrado

ONG Organização Não-Governamental PIB Produto Interno Bruto

RMS Região Metropolitana de Salvador

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TRE/BA Tribunal Regional Eleitoral – Bahia

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“A sabedoria é a coisa principal, procure obter a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento. ” (Provérbios 4:7)

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CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Iniciais

A partir da década de 60, com o clássico estudo político comparativo, publicado em 1963, escrito por Gabriel Almond e Sidney Verba intitulado The civic culture: political attitudes and democracy in five countries (A cultura cívica: atitudes políticas e democracia em cinco países) um relevante campo de pesquisa de cultura política emerge e ganha importância dentro das ciências sociais.

Almond e Verba versam em linhas gerais sobre às condições ideais que propiciam e/ou favorecem o estabelecimento e a manutenção da estabilidade do sistema democrático. Nesse prisma, os autores descrevem orientações multidimensionais a respeito do processo de socialização envolvendo o cidadão e as instituições sociais, as pessoas com quem se relacionam, a crença no sistema político, o quanto que se conhece dele e a forma como se processam os outputs e outcomes.

Os resultados daquele estudo alertam para os diferentes níveis de participação política e cívica, corroborando com o argumento de que o envolvimento cívico não possui caráter uniforme, mas níveis distintos entre países, em virtude das diferenças de socialização e instituições sociais que variam de país para país.

O estudo das ciências sociais e políticas contemporâneas tem se interessado cada vez mais em entender os fatores que afetam a participação voluntária e ativa dos cidadãos nos processos sociais e políticos das democracias, as variáveis que a influenciam conforme os diferentes cenários político-econômicos e as variantes socioculturais inerentes a cada nação.

Segundo Almond & Verba (1963), a estabilidade da democracia pode ser afetada pela cultura cívica, sendo esta capaz de fomentar a participação política, portanto, se faz necessário compreender os agentes que favorecem e despertam a atenção dos cidadãos para o interesse público e estimulam mais envolvimento na vida cívica e política para o alcance de objetivos comuns. Portanto, a partir da literatura clássica e estudos já existentes, surgem argumentos teóricos sobre quais as variáveis determinantes para o maior ou menor grau de participação cívica a nível local. Todavia, novos fatores explicativos têm sido propostos a partir de estudos empíricos recentes, não existindo ainda um consenso teórico sobre o tema. O argumento de que as transformações e evoluções das democracias contemporâneas nas esferas sociais, econômicas, políticas e culturais são distintas e, portanto, possuem diferentes níveis de solidez, deve ser essencialmente considerado em análises empíricas. Estudos no contexto dos (EUA) Estados Unidos da América a nível local enfatizam a importância das instituições políticas, da estrutura dos

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governos locais e das áreas metropolitanas como determinantes para a participação política. Os estudos de Kelleher e Lowery (2004) apontam para a influência das instituições políticas na participação política, indicando também que a forma como a população está distribuída entre os municípios favorece a participação política a nível local.

A abordagem descrita por Oliver (2001) alega que a dimensão da cidade gera efeitos na participação cívica, argumentando que as pessoas em cidades maiores estão menos propensas a mobilizar-se em favor da comunidade local. Este argumento é tratado por diversos autores os quais sugerem a inclusão de outras componentes explicativas (Stein e Dillingham 2004; Tavares e Carr 2013). Neste sentido, é mister neste trabalho que tem como cerne de investigação o tamanho, a densidade e o crescimento das cidades, entender a dinâmica dos efeitos dessas medidas no envolvimento dos cidadãos na participação civil em um estado brasileiro.

1.2. Contextualização e Relevância do Tema

No Brasil, a partir dos anos 80 com o declínio da Ditadura Militar, as eleições indiretas para presidente da República e o retorno do pluripartidarismo, iniciou-se o processo de redemocratização. No mesmo período, eclodiu um movimento político de cunho popular denominado de Diretas já, exigindo eleições diretas para Presidente da República, evidenciando a participação civil nos processos políticos.

Em 1988, a atual carta magna do ordenamento jurídico brasileiro foi promulgada, constando no parágrafo único do artigo 1º, que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Após sete constituições, o Brasil firma-se com a Forma e Sistema de Governo, Republicano e Presidencialista, respectivamente, com um Regime Democrático viabilizador da participação popular nas decisões políticas e descentralização de políticas sociais. Atualmente, o país é constituído por 26 Estados membros mais o Distrito Federal onde está situada a capital Brasília. Os estados aglomeram-se formando as 5 regiões do país, a saber, Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Os Estados possuem uma capital política-administrativa, e subdividem-se em municípios. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2016 o Brasil possuía 5.570 municípios e, segundo a mais recente atualização do IBGE, estão distribuídos em uma área de 8.510.820,623 km². Contudo, no Brasil ainda é desconhecido como as variáveis demográficas afetam as vidas das pessoas no que tange ao envolvimento cívico. Devido à grande dimensão do país, a atuação desta pesquisa limitar-se-á ao âmbito do Estado da Bahia, argumentando que a Bahia está entre os Estados mais antigos do

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Brasil, pertencente a região Nordeste que é composta por nove Estados, alcançando o status de segunda maior em número de habitantes.

A Bahia possui a maior costa litorânea do país e notável relevância histórica. Foi na cidade de Porto Seguro que desembarcou a primeira expedição das grandes navegações portuguesas no país e, a cidade de Salvador constituiu, outrora a primeira capital do país entre os anos de 1549 e 1763.

A Bahia tem seu território constituído por 417 municípios, e segundo o IBGE possui uma área territorial de 564.722,611 km² com uma população estimada no ano de 2018 de 14.812.617 pessoas. Ao longo da história, a Bahia foi alvo de invasões, revoltas e conflitos, sendo palco de importantes decisões na construção do território brasileiro.

Portanto, hoje esse estado reflete a heterogeneidade econômica, cultural, étnica e racial, decorrente do processo histórico de formação social, com influência dos povos indígena, europeu e africano.

Rubenson (2005) defende que, em ambientes heterogêneos a luta por recursos é intensificada exigindo um maior nível de mobilização, enquanto que em ambientes onde predomina a homogeneidade, a propensão para participação é reduzida. Este argumento contraria a ideia de Alesina e La Ferrara (2002), firmada no entendimento de que em comunidades mais homogêneas, há uma maior dedicação para resolução dos conflitos coletivos.

Por tudo quanto exposto, ressalta-se a relevância do estudo da participação cívica em um ambiente brasileiro. Salienta-se ainda, as peculiaridades impostas pela Constituição Federal de 1988, caracterizada como rígida, em decorrência do trâmite necessário aos eventuais processos de alteração do seu texto.

No parágrafo 4º do artigo 60 do texto Constitucional, são abordadas as denominadas cláusulas pétreas, consideradas imutáveis, dispositivos que não podem ser objetos de emendas constitucionais e, entre estes itens está o voto, que obrigatoriamente deve ser direto, secreto, universal e periódico.

Acrescenta-se ainda o quanto descrito no artigo 14 da Constituição Federal, que rege, entre outros, sobre a soberania popular, que deve ser exercida por sufrágio universal e pela obrigatoriedade do voto para maiores de 18 anos e facultativo para maiores de 70 anos, analfabetos e maiores de dezasseis e menores de 18 anos.

1.3. Objetivo Geral e Questão de Partida

Justificada a relevância da pesquisa no território brasileiro, esta terá como base o modelo geral de participação cívica proposto por Tavares e Carr (2013) e publicado no artigo So Close, Yet So Far Away?

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The Effects Of City Size, Density And Growth On Local Civic Participation, centrando-se na ideia de que existe um tamanho ideal e nível de concentração da população que favorece a participação política ativa em termos de envolvimento cívico e, propensão ao voto nas eleições locais. Mesmo em um país onde a regra geral é o voto compulsório, há cidadãos que tem esse direito exercido de forma facultativa conforme já citado no texto, coexistindo ainda as abstenções.

Este estudo ainda terá como objetivo primário entender os efeitos dinâmicos da participação cívica nos municípios baianos, buscando responder a seguinte questão de partida:

Qual o efeito da dimensão e concentração populacional na participação política e cívica dos municípios baianos?

O argumento central é que os cidadãos baianos tendem a aumentar sua participação cívica quando as características demográficas das cidades a favorecem, facilitando o engajamento cívico, ou seja, as diferenças nos níveis de participação e envolvimento cívico entre os municípios são consequências da dimensão, densidade e crescimento da população (Tavares e Carr, 2013).

1.4. Metodologia e Hipóteses iniciais

Esta pesquisa tem como fonte os dados disponíveis na página oficial do IBGE, bem como os constantes no site do TRE/BA (Tribunal Regional Eleitoral – Bahia), TSE (Tribunal Superior Eleitoral), TCM/BA (Tribunal de Contas dos Municípios –Bahia) referente aos municípios do Estado da Bahia. Serão utilizadas variáveis e medidas de cada localidade, entre outras inerentes à aplicação do modelo de Tavares e Carr (2013) ao caso brasileiro.

As hipóteses deste trabalho versam o impacto da dimensão, taxa de crescimento e distribuição da população no território na participação eleitoral. Portanto, em primeiro plano serão verificadas as hipóteses relacionando a dimensão, densidade e taxa de crescimento das cidades com a variação nos níveis de participação eleitoral e cívica dos cidadãos.

1.5. Objetivos Específicos

Na procura de resposta à questão de investigação serão prosseguidos os seguintes objetivos específicos: 1.2.1 Analisar os efeitos do crescimento demográfico na participação cívica local;

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1.2.3 Propor ações de políticas públicas que incentivem a participação cívica a nível local de forma a atenuar possíveis efeitos negativos decorrente das relações entre as medidas testadas.

1.6. Estrutura da dissertação

Como forma de facilitar o entendimento, a presente dissertação está dividida em 6 capítulos. Este primeiro capítulo tem como objetivo apresentar o tema, contextualizando que deriva de um estudo já existente e justifica à sua aplicação em um país com ambientes institucionais distintos e, por este ser de grandes dimensões, fundamenta-se a escolha de um dos estados da Federação, apoiando-se na heterogeneidade que a constitui. Neste capítulo também são clarificados os objetivos principais e específicos.

Do capítulo 2 consta todo o enquadramento teórico que sustenta essa pesquisa, descrição de conceitos de participação cívica, as teorias que evidenciam a relação das medidas de tamanho da cidade, densidade e crescimento populacional. O capítulo seguinte será estruturado com base nos dados e métodos empregados na análise com descrição das variáveis dependentes, independentes e de controle, definindo as estratégias metodológicas para alcance dos objetivos propostos.

O capítulo 4 discute os resultados empíricos obtidos a partir da análise dos dados recolhidos, desenvolvendo a componente prática e interpretando os vetores resultantes das análises. Aqui são apresentados detalhes da pesquisa referente aos municípios baianos.

O capítulo 5 finaliza as análises, dispondo de conclusões de tudo quanto foi analisado ao longo da dissertação, limitações desta pesquisa e potenciais linhas para futuras investigações.

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CAPÍTULO 2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Participação Cívica – Notas Introdutórias

A participação cívica indica que o cidadão pode participar de decisões estratégicas e projetos, associar-se ou organizar-associar-se no ambiente em que pertence, afetando todas as suas relações interpessoais e institucionais, sendo a participação cívica um mecanismo de redução de distâncias e aumento de percepção e senso de controle (Lue, 2010).

Sintomer, et al. (2012) cita Torcal e Montero (2006), ao expor que nas democracias ocidentais, a participação do cidadão é vista como uma potencial cura contra o agudo, embora duradouro, “mal-estar” ou “crise” da representação democrática. O conceito de democracia vem evoluindo desde a antiga Grécia, onde os aristocratas gregos faziam uso do termo como forma de desprezo as pessoas comuns, sua etimologia deriva dos radicais demos (povo) e Kratos (governo), tendo então seu significado difundido como “o governo do povo” (Dahl, 2001).

A participação cívica constitui-se em uma forte evidência de um Estado democrático. Linz e Stepan (1999) descrevem cincos campos essenciais para identificação de uma democracia consolidada e, dentre estes está o reconhecimento de uma sociedade civil ativa, onde existe liberdade para os cidadãos atuarem na defesa de objetivos e interesses comuns.

A participação cívica tem a ver com a capacidade de resposta dos cidadãos e a essência da colaboração, sendo que enquanto a capacidade de resposta é vista como uma ação passiva e unidirecional às necessidades e exigências das pessoas, a participação é uma ação ativa, bidirecional com envolvimento e unificação de forças entre duas ou mais partes (Vigoda, 2002).

Em consonância com Vigoda (2002), Tavares e Rodrigues (2013) afirmam que o processo de construção da participação cívica não é de responsabilidade exclusiva de governantes ou dos cidadãos, mas decorre do interesse e envolvimento das partes, reforçando ainda a ideia de que o nível de participação não depende apenas da vontade política ou da iniciativa participativa, mas sobretudo do envolvimento e interesse dos cidadãos.

Tavares e Rodrigues (2013) alegam existirem dois grupos distintos de instrumentos disponíveis à participação local: a participação administrativa e a participação democrática. O primeiro conjunto de mecanismos permite ao cidadão o envolvimento nas atividades que ajudam a agilizar a prestação de serviços, ou seja, quantidade, qualidade, velocidade e eficiência dos serviços prestados. O segundo grupo

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oferece aos cidadãos a oportunidade de planejar e projetar políticas públicas locais, influenciando a adoção de políticas alternativas ou a participação de grupos de estudo na comunidade.

Sintomer et al. (2012) argumentam que não há um modelo constante de participação cívica,

apresentando seis ideias conceituais:

 Democracia Participativa: Este modelo é caracterizado pela atuação da sociedade civil, detentora de um poder de decisão e compensação que se traduz através dos procedimentos democráticos, entretanto legalmente a decisão final permanece sob a responsabilidade dos representantes eleitos. Neste modelo, a participação tem repercussões reais em termos de justiça social e as relações entre a sociedade civil e o sistema político.

 Democracia da Proximidade: É caracterizada principalmente pela proximidade tanto geográfica quanto pelo aumento da comunicação entre os cidadãos, administrações públicas e autoridades locais. Tem como base regras informais e deixa a sociedade civil, com apenas autonomia marginal. O modelo de democracia da proximidade é caracterizado por um baixo grau de politização e um baixo nível de mobilização. Sua força principal é melhorar a comunicação entre os cidadãos e os agentes políticos, todavia, seu ponto fraco é que os formuladores de políticas públicas tenderão a ouvir as propostas das pessoas de forma seletiva.

 Modernização Participativa: Este modelo faz uso da estratégia para legitimar e tornar as políticas públicas eficientes. O processo participativo não é político e tem apenas valor consultivo, os participantes são considerados clientes; portanto, não há interesse na integração de grupos marginalizados ou no lançamento de políticas sociais.

 Participação com Múltiplos Atores: Os cidadãos participantes formam um dos muitos distintos atores que interagem em conjunto com a iniciativa privada e do governo local. Possui uma abordagem pouco politizada, embora os procedimentos participativos possam ter poder de decisão.

 Neocorporativismo: Neste modelo, o governo local desempenha um papel forte, cercando-se de grupos organizados (ONGs, sindicatos e associações patronais), grupos sociais (idosos, grupos de imigrantes e assim por diante) e várias instituições, com o objetivo de estabelecer uma ampla consulta e alcançar o consenso social através da mediação de interesses, valores e demandas por reconhecimento por parte das várias facções na sociedade.

 Desenvolvimento Comunitário: A característica predominante deste modelo é que o processo de participação inclui a implementação de projetos em um viés que dissocia política local e

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participação civil. As margens para política representativa são bastante pequenas, dado que o novo poder emergente não está estreitamente vinculado a instituições locais.

Os modelos de participação abordados por Sintomer et al. (2012) retratam a diversidade conceitual e

prática do processo de construção de participação política e cívica. Em contraste, Tavares e Carr (2013) propõem um modelo de participação cívica com variáveis conceituais e medidas para além do quanto abordado pela literatura convencional, inclusive tratando participação política como um conjunto de ações que convergirão para um conceito mais abrangente de participação cívica.

2.1.1. Interação Social

Tavares e Carr (2013) mencionam Louis Wirth (1938) como uma obra clássica e um dos primeiros a aludir o papel do tamanho e densidade das cidades no surgimento de organizações cívicas. Para Wirth (1938), a vida urbana requer proximidade física entre os cidadãos, do contrário, a interação social será enfraquecida pelo distanciamento, fragilizando os laços parentais e familiares afetando a base tradicional de solidariedade social.

Ademais, o enfraquecimento decorrente do distanciamento físico entre os cidadãos inviabiliza as ações por parte dos cidadãos, obrigando-os a associar-se e organizar-se a grupos de interesse e objetivos comuns, resultando em um exponencial aumento de entidades voluntárias, decorrentes das diversificadas necessidades humanas (Wirth, 1938).

Nesta perspectiva, Tavares e Carr (2013) defendem que em jurisdições onde os cidadãos associam-se a entidades voluntárias e sem fins lucrativos, presumivelmente exibem maiores casos de sucesso na resolução dos problemas coletivos. Apesar desses atos não poderem ser considerados como beneficentes, concorrem para formação de uma cidadania responsável e para a promoção da confiança entre os membros da comunidade.

Todavia, ao citarem os trabalhos de Campbell (2006) e Verba & Nie (1972), Tavares e Carr (2013) estabelecem um paralelo entre os conceitos de participação política e cívica. Porquanto, para o primeiro, a participação cívica e a participação política são, de fato, duas extremidades em um continuo de ações coletivas, sendo que a participação política tem como objetivo principal a formação de políticas públicas, que com frequência conflita com as metas políticas. Em contraste, Verba & Nie (1972) reportam-se à participação cívica como não conflituosa. Entretanto, ambos os conceitos de participação se desenvolvem por ações coletivas em busca de objetivos comuns e exigindo desprendimento de recursos dos envolvidos.

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Neste sentido, os estudos apontam para indicadores socioeconómicos e para as estruturas políticas das regiões metropolitanas como fatores explicativos da participação política nas eleições locais (Oliver, 1999 e 2000; Kelleher e Lowery, 2004). A lógica diversificada dos trabalhos existentes sugere que a conjuntura local das cidades afeta os esforços dos cidadãos e predisposição para a participação política (Hiskey e Bowler, 2005). A pesquisa realizada por Eric Oliver, no contexto dos EUA, sugere a influência do tamanho da cidade como variável explicativa da participação política a nível local. No entanto, pesquisas seguintes propõem uma relação mais complexa entre estas medidas, sugerindo um efeito mediador da densidade demográfica (Stein e Dillingham, 2004) e da concentração populacional (Kelleher e Lowery, 2004). Tavares e Carr (2013), ao citar Putnam (1993) e Uslaner e Brown (2005), respectivamente, relatam o uso diversificado de indicadores tais quais o número de cooperativas per capita, a participação em unidades de socorros, a longevidade das associações locais, o voluntariado e as doações de caridade, o número de eleitores, a participação em reuniões políticas e o ato de assinar petições como indicadores das diferentes dimensões do conceito mais amplo de participação cívica. O estudo realizado por Tavares e Carr (2013), no contexto de Portugal, considera ainda a densidade demográfica e o crescimento populacional como componentes explicativos da participação cívica a nível local.

Neste trabalho serão utilizadas as medidas da dimensão, densidade demográfica e crescimento das cidades, tendo em conta a premissa de que a participação cívica aumenta, porque certas características demográficas dos municípios a propiciam.

2.1.2. Aspectos Demográficos

Robert A. Dahl (2001, p. 120), em seu livro “Sobre a Democracia”, relata a importância do tamanho de uma Unidade Política para a Democracia. Aludindo que o número de pessoas numa unidade política e a extensão do seu território tem consequências para forma de Democracia.

Dahl (2001, p. 121) indaga qual seria o tamanho ideal de uma unidade política para a democracia? E qual tamanho é pequeno demais?

Desde a Grécia Antiga buscam-se respostas para o tamanho ideal de uma polis ou uma cidade-estado autogovernada. Em 450 a.c. a população de Atenas no período áureo da democracia, conforme menciona Dahl (2001) estava em torno de sessenta mil, que segundo os estudiosos seria um número exagerado para a polis funcionar devidamente como uma democracia representativa com a participação ativa dos cidadãos, devido à complexidade em discutir determinadas temáticas em uma assembleia popular.

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Uma unidade política desta dimensão necessitaria de demasiado tempo para que todos os cidadãos se pronunciassem, mesmo se poucas pessoas falassem durante a maior parte do tempo nas reuniões. Provavelmente, o que iria expor já teria sido feito por alguém, ou porque já tinha uma decisão, ou ainda porque não se sentia seguro o suficiente para expressar-se em uma assembleia. Possivelmente, existem àqueles que não têm de fato interesse no assunto, e assim por diante, mas que, por conseguinte ao chegar a hora de votar, podem fazê-lo ou não (Dahl, 2001 p. 123).

Neste sentido, os acadêmicos modernos têm buscado compreender os efeitos da dimensão populacional sobre a qualidade da cidadania local e seu exercício, pois em cidades com tamanho excessivo as pessoas sentem que a sua capacidade de fazer a diferença na política local é significativamente diminuída devido à dimensão destas jurisdições maiores (Tavares e Carr, 2013, p. 4). No mesmo sentido, Dagger (1981) e Dahl (1967) entendem que mesmo com a vontade dos cidadãos em participar, nas grandes cidades eles têm menos possibilidades de afetar os resultados.

No entanto, com uma maior densidade populacional e uma distância geográfica reduzida, aumenta-se a oportunidade dos indivíduos se conhecerem e, portanto, a expectativa na formação de grupos e redes sociais, partilhando problemas e interesses comuns (Stein e Dillingham, 2004). Outrossim, decerto que a densidade da população pode diminuir o efeito negativo do tamanho da cidade na mobilização de grupos e aumentar a probabilidade de participação civil (Carr e Tavares, 2014).

Em um outro prisma, Tavares e Raudla (2018, p. 5) ao citar Downs (1957) e Riker e Ordeshook (1968) retratam na perspectiva do cidadão uma equação frequentemente usada para calcular os benefícios da decisão de votar e o quanto dos aspectos demográficos a compõem:

R = PB + D - C Sendo que:

R = Recompensa derivada da votação PB = Benefícios de investimento na votação, D = Benefícios de consumo da votação, e C = Custos

Aqui, corroborando com a ideia de Kaniovski e Mueller (2006), Tavares e Raudla (2018, p. 5) narram que os benefícios de investimento captariam os proveitos em ter o candidato ou partido preferido como vitorioso nas eleições. Enquanto que ao citar Fiorina (1976), Tavares e Raudla (2018, p. 6) tratam os

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benefícios de consumo como ações diretas do voto e suas variantes, consoante o valor e a sensação de satisfação em contribuir para decisão das eleições expressando suas preferências através de um dever cívico e solidariedade com seus pares.

Ocorre que, segundo Tavares e Raudla (2018, p. 6), o tamanho da jurisdição é suscetível de influenciar ambos os itens, tanto o PB (benefícios de investimento) quanto o D (benefícios de consumo), contribuindo para a decisão em votar ou não. A explicação seria através do modelo do “Eleitor Racional” de Downs (1957), onde o benefício de investimento provocaria um aumento da afluência às urnas, afetando o resultado das eleições, que, por conseguinte, sofre influência do tamanho da população, pois quanto menor a população maior a probabilidade do voto decisivo, provocando no cidadão uma sensação de participação (Tavares e Raudla, 2018).

Quanto aos benefícios de consumo, Tavares e Raudla (2018, p. 6) fazem referência a Ross e Levine (2001), na defesa de que em jurisdições menores, representantes eleitos são vistos como amigos e vizinhos que refletem os valores da comunidade e respostas às necessidades dos moradores, aumentando a pressão social para o voto (Ladner, 2002).

Neste capítulo discutimos o arcabouço teórico que fornece sustentação a este estudo. As características pertencentes aos conceitos de participação cívica, interação social e também das medidas sócio demográficas que constituem os modelos de base desta pesquisa e, principalmente, proporcionam a constituição das hipóteses apresentadas no capítulo seguinte.

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CAPÍTULO 3

3. HIPÓTESES DE TRABALHO

3.1. Enquadramento Teórico

Estudos empíricos anteriores com múltiplos indicadores (Stein e Dillingham, 2004; Kelleher e Lowery, 2004) não evidenciaram indícios suficientes para o argumento de que o tamanho da cidade dificulta a participação. Para além disso, é reconhecido que a participação cívica abrange um conjunto mais amplo de comportamentos (Tavares e Carr, 2013). Todavia, a investigação de Carr e Tavares (2014), em uma análise da participação política local em Michigan, defende que o aumento da densidade populacional reduz o efeito negativo do aumento da dimensão das cidades considerando a probabilidade de que as pessoas votam nas eleições locais. Congruente a este raciocínio, Tavares e Carr (2013) investigam as atividades de participação cívica nos 278 municípios de Portugal Continental nos anos de 2009 e 2010. Em virtude do quanto já exposto e seguindo a lógica de Tavares e Carr (2013), torna-se ainda mais intrigante a investigação em um ambiente brasileiro. Em seguida, enumeram-se as hipóteses a serem testadas a partir destes estudos empíricos anteriores.

3.2. Descrição das Hipóteses

H0: A participação cívica não tem relação com aspectos demográficos;

A hipótese nula salienta a existência da possibilidade de uma relação nula entre as medidas testadas. H1: Municípios com populações maiores tendem a apresentar taxas mais baixas de participação cívica (Tavares e Carr, 2013);

O argumento é de que a população dos municípios (nº de residentes) pode ser fator condicionante das taxas de participação eleitoral. Considerar-se-á que os municípios que apresentam elevados índices no tamanho da população, entretanto, distribuídas geograficamente de forma a promover uma desconcentração populacional a nível local, os vizinhos e familiares estarão menos propensos a construção de laços, redes e grupos sociais, provocando para além da sensação de impotência virtual o sentimento de que sua participação ativa é indiferente para os resultados, enfraquecendo as relações entre cidadãos e desestimulado a participação política (Carr, 2008; Dagger, 1981; Stein e Dillingham,

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2004; Wirth, 1938). Ademais, Tavares e Carr (2013) ao mencionar o estudo feito por Oliver (2000), realçam as descobertas de que a participação política diminui em jurisdições mais povoadas.

H2: Municípios com populações mais densas são propensos a apresentar taxas mais elevadas de participação cívica (Tavares e Carr, 2013);

A densidade populacional (Hab/Km²) representa a divisão entre o número de habitantes (população absoluta) e a área de um local, de modo que, quanto menos habitado é um dado local, menor tende a ser a densidade populacional em questão. Destarte, a premissa sustenta-se na ideia de que em jurisdições com densidade demográfica robusta e, portanto, elevada concentração populacional, a comunicação e a propensão às relações é favorecida, facilitando a organização de associações, aumentando o estímulo a participação cívica e política (Carr, 2008; Stein e Dillingham, 2004).

H3: A densidade populacional tem um efeito contingente positivo sobre a relação entre o tamanho da população local e os níveis de participação cívica (Tavares e Carr, 2013);

A existência de uma eventual relação da densidade populacional e o tamanho da população (nº de residentes) local pode influenciar positivamente a vida dos cidadãos e evidenciar níveis mais altos de participação civil. Segundo Carr (2008), o efeito negativo do tamanho da cidade é atenuado pela densidade populacional, na lógica de que a concentração populacional favorece o contato e, por conseguinte a formação de redes e grupos entre vizinhos e familiares impelindo assim a participação. H4: Jurisdições de crescimento mais elevadas tendem a apresentar menores taxas de participação cívica (Tavares e Carr, 2013);

Em acordo com o IBGE, a taxa de crescimento populacional absoluto indica o ritmo do acréscimo ou diminuição populacional em determinado espaço geográfico no período considerado. Nesta ótica, Oliver (2000) argumenta que cidades de crescimento acelerado oferecem piores cenários para o envolvimento cívico, considerando-se a dificuldade em estabelecer conexões e vínculos sociais, fragilizando ações e comportamentos coletivos.

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H5: O crescimento da população tem um efeito contingente negativo sobre a relação entre o tamanho da população local e os níveis de participação cívica (Tavares e Carr, 2013).

Novos residentes são menos propensos ao apego psicológico para a comunidade local, devido inclusive ao tempo que se leva para desenvolver laços sociais, fragilizando as relações, ocasionando um obstáculo às mobilizações e dificultando condutas de cooperação. No entanto, em grandes cidades os cidadãos possuem expectativas de que outros se envolverão em atividades cívicas, resultando em uma possível relação negativa entre tamanho da cidade e participação civil, sendo agravada pelas altas taxas de crescimento populacional (Oliver, 2001).

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CAPÍTULO 4

4. ANÁLISE EMPÍRICA

4.1. Modelo de Análise

Esta investigação sustentar-se-á com os dados disponibilizados pelos órgãos brasileiros oficiais e de controle. Serão utilizadas duas variáveis dependentes, sendo a primeira, o percentual do eleitorado votante nas eleições locais para prefeito realizadas simultaneamente em cada município, empregada para medir a participação política, conforme o banco de dados estatístico constante na página oficial do TSE. A segunda variável dependente é o número de Organizações não governamentais (ONGS) em cada município, utilizada para mensurar o grau de participação cívica. Os dados das ONGS estão publicados no site de consulta pública OngsBrasil. A utilização destas duas variáveis para aferir a participação cívica em geral deve-se ao argumento de que a participação cívica tem diferentes nuances, sendo possível que os fatores que levam a um incremento da probabilidade de votar podem ser inerentemente distintos dos fatores que estimulam a participação cívica com um caráter mais altruísta (Tavares e Carr, 2013). As ONGS fazem parte do Terceiro Setor e, no Brasil, são entidades sem fins lucrativos que realizam diversos tipos de ações solidárias para públicos específicos, atuando nas áreas da saúde, de educação, de assistência social, econômica, ambiental, religiosa, entre outras. Geralmente têm caráter assistencialista e associativo para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Possuem ainda objetos sociais diversos como sejam creches, lares de idosos, assistência domiciliária, atividades de cultura, desporto e lazer para jovens, cuidados para os desabrigados, associações de bairro, recuperação de viciados e de cunho religioso. Estas associações civis, apesar de não estatais, atuam na esfera pública e possuem personalidade jurídica de direito privado. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o ordenamento jurídico brasileiro não aborda a figura da ONG, pelo que a sigla é usada de forma genérica para identificar organizações do terceiro setor que atuam sem fins lucrativos, usualmente, sendo tratadas apenas pelo Código Civil como Associações.

As variáveis independentes incluem os percentuais da população residente em cada município, a densidade demográfica, o percentual do crescimento populacional do município, Produto Interno Bruto (PIB) per capita, margem de vitória dos candidatos (diferença percentual entre os primeiros e segundos lugares nas eleições locais), percentual de eleitorado menor de 18 anos e maior de 70 anos (voto facultativo), variável dicotómica para identificar os municípios que pertencem à Região Metropolitana de Salvador (RMS), percentual de abstenções nas eleições locais, percentual de naturais dos municípios, percentual de brancos, percentual de católicos e percentual de analfabetos de cada cidade. As relações

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esperadas entre as variáveis teóricas e de controle e as variáveis dependentes encontram-se expressas na coluna da direita da Tabela 1.

4.1.1. Unidade De Análise

Os 417 municípios baianos com dados disponíveis dos anos de 2010, 2014, 2016 e 2018. 4.1.2. Tipo De Design

Não-Experimental (Estudo Transversal / Cross-section)

4.2. Operacionalização das Hipóteses

Para fins de análise serão adotadas 2 variáveis dependentes e 13 independentes, dos tipos discreta e contínua, medidas pelas escalas Intervalar e proporcional (razão). Para as hipóteses de interação (hipóteses 3 e 5) será aplicada a recomendação de Brambor, Clark e Golder (2006), adotada por Tavares e Carr (2013), onde o efeito da variável independente X na variável dependente Y, depende do efeito de uma terceira variável, Z.

Z: Y = B0 + B1X1 + B2Z1 + B3X1Z1 + . . . + ε.

4.3. Dados

Tabela 1 – Variáveis, Indicadores, Fontes e Relação Esperada

VARIÁVEIS INDICADORES FONTE1 RELAÇÃO

ESPERADA DEPENDENTES

Participação eleitoral Nº de Votantes (%) http://www.tse.jus.br/ Participação cívica Nº Absoluto de ONGS (UN) http://www.ongsbrasil.com.br/

TEÓRICAS

População Residentes (LN) https://www.ibge.gov.br/ -/+

Densidade Populacional Nº Hab/Km² (LN) https://www.ibge.gov.br/ + População X Densidade Demográfica - Crescimento Populacional 2010-2017 Percentual https://www.ibge.gov.br/ - Log População X Crescimento Pop. -

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CONTROLE

PIB Per Capita Log Natural https://www.ibge.gov.br/ +

Margem De Vitória

Diferença percentual entre o 1º (eleito) e o 2º classificados na eleição para prefeito

http://www.tse.jus.br/

-

Eleitores com Idade 16 ≥

17 Anos e ≥ 70 Anos Voto Facultativo (%) http://www.tse.jus.br/ - Naturais Do Município Nascidos Municípios (%) nos https://www.ibge.gov.br/ + Brancos com Idade ≥ 10

Anos (%) https://www.ibge.gov.br/ +

Católicos (%) https://www.ibge.gov.br/ +

Analfabetos com Idade ≥

15 Anos (%) https://www.ibge.gov.br/ -

Variáveis Dependentes

A primeira medida utilizada, descrita em percentual para capturar a participação política ativa, é expressada pela razão do número de votantes nas eleições municipais para prefeito (2016), sobre o total do eleitorado apto a votar no mesmo ano. Apesar de não ser uma medida tão forte quanto filiação partidária e participação em reuniões políticas, segundo Tavares e Carr (2013), é o indicador mais adequado para aferir participação política ao nível agregado dos aspectos demográficos das cidades. A segunda variável dependente utilizada para exprimir uma dimensão do conceito de participação cívica é o número absoluto de ONGS em cada município, salientando-se que para a existência dessa variável são imprescindíveis as atividades de voluntariado.

Ambas as medidas fazem parte do conjunto de indicadores utilizados por Tavares e Carr (2013) para revelar as diferentes dimensões de participação cívica.

Variáveis Independentes – Teóricas

O modelo desta pesquisa se propõe a investigar os efeitos dos aspectos demográficos na participação cívica nos municípios. Com o objetivo de atender os pressupostos de normalidade, as variáveis teóricas – população residente e densidade populacional de cada município – são apresentadas em formato de logaritmo natural. O percentual de crescimento populacional foi apurado com base no censo demográfico 2010 (IBGE) e a estimativa populacional em 2017 (IBGE), utilizando a seguinte equação:

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(𝐴𝑛𝑜 2 – 𝐴𝑛𝑜 1)

𝐴𝑛𝑜 1 ∗ 100 = %

Foram utilizados os números estimados para 2017, haja vista, a pesquisa do censo demográfico IBGE seguir um critério decenal.

Seguindo o modelo de Tavares e Carr (2013), é testada a interação decorrente dos efeitos da variável densidade sobre as variáveis população e crescimento populacional, sendo expectáveis coeficientes negativos para estas relações, enquanto espera-se uma relação positiva entre a densidade populacional e a participação cívica.

Variáveis Independentes – De controle

Para além das variáveis teóricas de interesse, os modelos econométricos estimados incluem um conjunto de variáveis de controle que a literatura indica serem fatores que influenciam a participação cívica. Almond, G. & Verba, S. (1963) reportam uma associação positiva entre a riqueza econômica e a participação política e cívica do indivíduo e Brady, Verba & Schlozman (1995) argumentam que indivíduos com menos acesso a recursos, a saber, dinheiro, tempo e competências cívicas são menos propensos a votar. Portanto, para controlar os efeitos dessa variação, além do atendimento aos requisitos de normalidade, o modelo utiliza o logaritmo natural da renda per capita (2014).

A legislação brasileira prevê a possibilidade de voto facultativo para um conjunto de indivíduos. Em consonância com essa legislação, para fins da análise, incluem-se três variáveis relacionadas com os grupos desobrigados ao exercício do voto no Brasil: votantes com menos de 18 anos, votantes com mais de 70 anos e analfabetos com idade superior a 15 anos. Estas variáveis são expressas através de percentuais. Ressalta-se que para o restante eleitorado o voto é obrigatório.

O modelo inclui igualmente uma variável que representa a margem de vitória das eleições, sendo esta, a diferença em percentual entre o vencedor e o segundo colocado nas eleições locais para o ciclo de 2016. Para esta medida é esperado um coeficiente negativo, pois eleições mais disputadas devem estimular o voto (Franklin, 2003; Tavares e Carr, 2013; Tavares e Raudla, 2018; Wood, 2002).

Os modelos de regressão incluem ainda os percentuais dos nascidos no município, de católicos e de brancos. Esta última medida é composta por pessoas com idade igual ou superior a dez anos, consideradas pelo IBGE possuidoras do fenótipo da raça branca.

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A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis utilizadas na análise. De destacar que a média da participação eleitoral é de 75,6%, com um valor máximo de 92,5% no município de Madre de Deus e um valor mínimo de 36,6% no município de Crisópolis. No que diz respeito às ONGS, o valor médio é de duas por município, com um mínimo de zero em diversos municípios e um máximo de 277 em Salvador.

Tabela 2 – Estatística Descritiva2

VARIÁVEIS

DEPENDENTES OBS MEAN STD. DEV. MIN MAX

Votantes E. Locais

(2016) 417 75.62342 7.86354 36.56952 92.54194 Org. Não gov.

(2018) 417 2.069544 14.03832 0 277 Variáveis independentes Variáveis teóricas Log. População (2010) 417 9.844579 0.7951388 7.867871 14.79971 Log. Densidade (2010) 417 3.197697 1.088829 -0.0618754 8.258254 Log pop. X log

densidade 417 31.86155 12.91605 -0.5631884 122.2197 Crescimento 2010-2017 417 6.962193 7.954317 -36.68656 40.46708 Log pop. x cr 2017 417 70.17568 78.55106 -325.0091 429.3524 Variáveis de controle Log PIB per capita

(2014) 417 8.98034 0.5103854 8.034466 11.53408 Eleitorado 16≤17 anos (2016) 417 2.335931 0.835651 0.4040504 5.94696 Eleitorado ≥70 anos (2016) 417 7.148894 1.89902 1.349305 13.28502 Margem de vitória (2016) 417 15.43191 16.78943 0.0876808 100 Naturais do município (2010) 417 75.26717 11.1336 15.18 96.18 Brancos ≥ 10 anos (2010) 417 22.72062 9.274539 5.2 54.6 Católicos (2010) 417 74.42285 12.73679 37.27 95.54 Analfabetos ≥ 15 anos (2010) 417 23.86631 6.04509 3.98 40.96

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4.4. Métodos de Análise

A seção seguinte apresenta e discute os resultados da análise inferencial. Para estimar os modelos que utilizam a percentagem de votantes como variável dependente foi empregue o método de mínimos quadrados com erros padrão robustos para corrigir a heterocedasticidade presente em diversas variáveis. No caso dos modelos em que o número de ONGS é a variável dependente, foi necessário optar por um modelo de regressão apropriado a variáveis de contagem. O modelo habitualmente utilizado nestas situações é o modelo de regressão de Poisson. Contudo, este modelo obriga a que a média condicional da distribuição da variável seja igual à variância condicional (equidispersão). Quando este pressuposto não se cumpre, é necessário adotar um modelo alternativo: regressão binomial negativa. Um teste de Hausmann revela a presença de dispersão excessiva (variância condicional superior à média condicional), pelo que optou-se por um modelo de regressão binomial negativa.

4.5. Resultados e Discussão

A Tabela 3 apresenta os resultados da estimação por método de mínimos quadrados dos modelos de determinantes da participação eleitoral. Quatro especificações são apresentadas. A primeira inclui apenas as variáveis teóricas de interesse: população e densidade populacional. A segunda especificação contém as variáveis teóricas bem como todas as variáveis de controle. O modelo 3 é idêntico ao modelo 1, mas inclui igualmente a variável de interação entre população e densidade correspondente à hipótese 3. A última especificação inclui o modelo completo, com as variáveis teóricas, o termo de interação e as variáveis de controle.

Os resultados proporcionam apoio inequívoco à primeira hipótese. Na especificação completa sem termo de interação (modelo 2), uma variação de 1-log na variável População resulta num decréscimo de três pontos percentuais na participação eleitoral. Este resultado é consistente com os obtidos por Tavares e Carr (2013) para o caso dos municípios portugueses. A participação eleitoral parece apresentar valores mais elevados em municípios de menor dimensão e valores mais reduzidos em municípios mais populosos. Estes resultados são robustos independentemente da especificação utilizada.

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Tabela 3 – Regressão Linear (Método de Mínimos Quadrados)

Variáveis Participação Eleitoral

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Variáveis Teóricas População -2.488*** (0.479) -3.052*** (0.605) -4.010*** (1.036) -5.712*** (0.834) Densidade População X Densidade Variáveis de Controle Eleitorado 16≤17 Anos Eleitorado ≥70 Anos Margem de Vitória PIB Per Capita Naturais do Município Brancos ≥ 10 Anos Católicos Analfabetos ≥ 15 Anos Constante 0.332 (0.414) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 99.06*** (4.217) 0.091 (0.357) ---- 2.325*** (0.447) -1.829*** (0.152) -0.268*** (0.031) 1.250* (0.664) 0.150*** (0.029) 0.144*** (0.031) -0.015 (0.028) -0.349*** (0.058) 100.79*** (10.46) -3.558* (2.155) 0.381* (0.202) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 114.34*** (10.24) -6.606*** (1.833) 0.651*** (0.171) 2.034*** (0.406) -1.905*** (0.147) -0.275*** (0.030) 1.016 (0.651) 0.157*** (0.028) 0.139*** (0.030) -0.013 (0.028) -0.330*** (0.057) 130.08*** (13.13) Observações Teste F Prob > F R2 417 15.67 0.000 0.055 417 35.70 0.000 0.597 417 10.66 0.000 0.060 417 38.01 0.000 0.610 Notas: Erros padrão robustos entre parênteses. ***p < .01; **p < .05; *p < .10

No que diz respeito à segunda hipótese, os resultados indicam um efeito inconclusivo. A variável densidade apresenta o esperado efeito positivo nas duas primeiras especificações, mas este resultado não é estatisticamente significativo. Nas duas últimas especificações, densidade apresenta um coeficiente negativo, o que significa que maior densidade populacional parece ter um efeito nefasto para

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a participação eleitoral. No entanto, é de sublinhar que, em modelos com termos de interação, os efeitos aditivos das variáveis devem ser interpretados com precaução. Assim, concluímos que o resultado relativo à segunda hipótese é inconclusivo.

De modo a testar o efeito na participação eleitoral da interação entre população e densidade foi incluído um termo multiplicativo nas especificações 3 e 4 da Tabela 3. O termo multiplicativo é estatisticamente significativo em ambos os casos, com forte significância no modelo 4. Para uma melhor visualização deste efeito, o Gráfico 1 apresenta o efeito para diferentes valores de densidade. Como é possível observar, a população do município tem um efeito negativo na participação eleitoral, mas este efeito é mitigado à medida que a densidade populacional aumenta. Este resultado é estatisticamente significativo para a quase totalidade do espectro de valores de densidade populacional, com a excepção dos valores acima dos 7 logs (a partir dos quais o intervalo de confiança abrange o valor de zero).

Gráfico 1 – Efeito contingente da interação entre população e densidade na participação eleitoral

As variáveis de controle têm comportamentos largamente esperados. Maiores percentuais de idosos e analfabetos reduzem a participação eleitoral, ao passo que municípios com maior PIB per capita apresentam maior percentual de voto. Conforme as expectativas, menores margens de vitória levam a maior participação eleitoral graças à maior competitividade das corridas eleitorais. Municípios com maiores percentuais de brancos e naturais do município apresentam igualmente taxas de participação eleitoral mais elevadas. O único resultado inesperado nas variáveis de controle é o facto de o voto facultativo dos mais jovens aparecer associado a valores mais elevados de participação. Tal fato pode

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ficar a dever-se a um entusiasmo inicial e vontade de aceder ao voto por parte de quem ainda não tinha essa possibilidade.

Do mesmo modo, a Tabela 4 apresenta os resultados estimados através do método de mínimos quadrados dos determinantes da participação eleitoral. Quatro modelos com diferentes especificações são apresentados. Desta vez, a primeira inclui as variáveis teóricas pertinentes: população e crescimento populacional. A segunda especificação contém as variáveis teóricas, bem como todas as variáveis de controle. Destarte, o modelo 3 é semelhante ao modelo 1, mas inclui a variável de interação entre população e crescimento populacional correspondente à hipótese 5. A última especificação inclui o modelo completo, com as variáveis teóricas, o termo de interação e as variáveis de controle.

Os resultados sustentam incontestavelmente a hipótese 4. Na especificação completa sem o termo de interação (modelo 2), os resultados mostram que a variação de 1-Log na População provoca um decréscimo aproximado de 3 pontos percentuais na Participação Eleitoral. Os resultados relativos à densidade populacional e ao crescimento populacional não apresentam relação estatisticamente significativa com a participação eleitoral. Em suma, os resultados indicam que os valores de crescimento populacional dos municípios não aparentam estar associados às taxas de participação eleitoral. Para além disso, o termo de interação não apresenta valores estatisticamente significativos, pelo que se deduz que o crescimento populacional não tem efeito mediador sobre a relação entre a dimensão populacional e a taxa de participação eleitoral. Este resultado é largamente suportado pelo Gráfico 2, como veremos em parágrafo posterior. Para mais, na capacidade de explicação das variáveis, consta-se o coeficiente de determinação (R²) que revela a consistência do modelo, sendo este capaz de explicar 59,7% (modelo 2) da variação na variável dependente (participação eleitoral). Os resultados são consistentes com pesquisas anteriores, reafirmando a potencialidade teórica das variáveis explicativas.

Quanto as variáveis de controle, mais uma vez apresentam-se em conformidade com o esperado, observando-se níveis de participação eleitoral menor em cidades com uma maior quantidade de idosos e analfabetos, não obstante a esta lógica, municípios com maiores índices de PIB Per Capita possuem maior afluência às urnas, assim como as cidades com maiores taxas de naturais e brancos. Ao contrário do esperado, a percentagem de católicos não se apresenta associada com a participação eleitoral. Ademais, em relação à comparação de variâncias (Teste F), nota-se que em todas as especificações (modelos) os valores apresentados são significativos.

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Tabela 4 – Regressão Linear (Método de Mínimos Quadrados)

Variáveis Participação Eleitoral

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Variáveis Teóricas População -2.760*** (0.419) -3.041*** (0.610) -3.084*** (0.580) -3.209*** (0.657) Densidade Crescimento Populacional População X Crescimento Variáveis de Controle Eleitorado 16≤17 Anos Eleitorado ≥70 Anos Margem de Vitória PIB Per Capita

Naturais do Município Brancos ≥ 10 Anos Católicos Analfabetos ≥ 15 Anos Constante ---- 0.182*** (0.044) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 101.52*** (4.083) 0.092 (0.358) -0.008 (0.036) 2.341*** (0.451) -1.837*** (0.153) -0.268*** (0.031) 1.249* (0.666) 0.150*** (0.029) 0.144*** (0.031) -0.014 (0.029) -0.353*** (0.059) 100.83*** (10.455) ---- -0.126 (0.353) 0.032 (0.037) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 104.60*** (5.578) 0.088 (0.358) -0.198 (0.400) 0.020 (0.042) 2.355*** (0.456) -1.832*** (0.155) -0.269*** (0.031) 1.211* (0.669) 0.153*** (0.030) 0.143*** (0.031) -0.016 (0.029) -0.350*** (0.060) 102.54*** (10.593) Observações Teste F Prob > F R2 417 25.71 0.000 0.085 417 32.53 0.000 0.597 417 17.03 0.000 0.086 417 29.88 0.000 0.598 Notas: Erros padrão robustos entre parênteses. ***p < .01; **p < .05; *p < .10

De maneira a examinar o efeito multiplicativo entre as variáveis população e crescimento na participação eleitoral, foi inserido um termo de interação nas especificações 3 e 4 da Tabela 4. O termo multiplicativo

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não é estatisticamente significativo. Por esse motivo, em relação a hipótese 5, não é possível afirmar um efeito de diferentes níveis de crescimento populacional sobre o impacto negativo da dimensão populacional na participação eleitoral. O Gráfico 2 ilustra, de forma mais clara, a ausência do efeito. Como se pode notar, a dimensão populacional das cidades tem um efeito negativo na participação eleitoral, mas este efeito permanece praticamente inalterado para os diversos níveis de crescimento populacional. Além disso, o efeito não é estatisticamente significativo, com a exceção dos valores em torno da média do crescimento populacional, próximos de 7%.

Gráfico 2 – Efeito contingente da interação entre população e crescimento populacional na participação eleitoral

As Tabelas 5 e 6 apresentam os resultados da estimação por Método de Máxima Verosimilhança dos modelos determinantes da participação cívica com a presença das ONGS. De forma análoga aos modelos da participação eleitoral, são propostos quatro modelos de base para as especificações, sendo estes idênticos aos constantes nas tabelas 3 e 4, respectivamente.

Assim sendo, para a Tabela 5, o primeiro modelo inclui as variáveis teóricas, população e densidade populacional. A segunda especificação contém as variáveis teóricas, bem como todas as variáveis de controle. Destarte, o modelo 3 é semelhante ao modelo 1, mas inclui a variável de interação entre população e densidade, correspondente a hipótese 3. A última especificação inclui o modelo completo, com as variáveis teóricas, o termo de interação e as variáveis de controle.

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Tabela 5 - Regressão Binomial Negativa (Método de Máxima Verosimilhança)

Variáveis Organizações não governamentais

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4

Variáveis Teóricas População 1.233*** (0.0864091) 1.001*** (0.096) 1.719*** (0.191) 1.352*** (0.197) Densidade População X Densidade Variáveis de Controle Eleitorado 16≤17 Anos Eleitorado ≥70 Anos Margem de Vitória PIB Per Capita

Naturais do Município Brancos ≥ 10 Anos Católicos Analfabetos ≥ 15 Anos Constante 0.178*** (0.067) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- -13.01*** (0.779) -0.084 (0.072) ---- -0.351*** (0.109) -0.047 (0.054) 0.0001 (0.004) -0.147 (0.163) 0.011 (0.008) -0.026** (0.012) -0.0003 (0.016) -0.055** (0.026) -6.41*** (2.035) 1.341*** (0.352) -0.110*** (0.033) ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- -18.05*** (1.872) 0.674* (0.368) -0.070** (0.032) -0.288** (0.113) -0.034 (0.054) 0.002 (0.004) -0.148 (0.167) 0.011 (0.008) -0.027** (0.012) -0.001 (0.016) -0.055** (0.027) -10.30*** (2.915) Observações Wald chi2(2) Prob > chi2 Pseudo R2 Log pseudolikelihood 417 318.74 0.000 0.206 -530.81 417 581.88 0.000 0.235 -511.55 417 473.60 0.000 0.210 -527.88 417 619.86 0.000 0.236 -510.28 Notas: Erros padrão robustos entre parênteses. ***p < .01; **p < .05; *p < .10

Quanto a hipótese 1, os resultados da especificação completa (modelo 2) não fornecem apoio para sustentação da hipótese. O coeficiente da variável população tem um efeito positivo sobre a quantidade de ONGS, sugerindo que em municípios de maior dimensão as taxas de participação cívica são mais elevadas. Embora este resultado não suporte a hipótese 1, ele confirma a ideia que participação política

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e participação cívica são inerentemente diferentes, sendo o efeito da variável população negativo no primeiro caso e positivo no segundo. Com relação a hipótese 2, dentre as quatro especificações da densidade, no modelo 2 foi o único caso com um coeficiente negativo, embora não estatisticamente significativo. Em todos os restantes, a densidade tem o esperado efeito positivo sobre a participação cívica.

No que tange as variáveis de controle, elas têm comportamentos diferentes dos previstos. Municípios que possuem maiores percentuais de eleitores com voto facultativo (jovens, idosos e analfabetos) tendem a apresentar menores taxas de Participação Cívica. Este efeito é contrário à ideia que populações mais vulneráveis requerem a maior presença de ONGS. Das restantes variáveis de controle, apenas o percentual de brancos é estatisticamente significativo e na direção antecipada. Municípios com maior percentual de brancos apresentam menor volume de ONGS, indicando que estas organizações tendem a surgir em municípios com maior percentual de minorias. Nenhuma das restantes variáveis apresentam valores estatisticamente significativos.

Gráfico 3 – Efeito contingente da interação entre população e densidade na presença de ONGS

De modo a testar a hipótese 3, nos modelos 3 e 4 foi inserido o termo multiplicativo entre as variáveis população e densidade populacional e, este termo provoca um efeito decrescente na participação cívica. Assim, constata-se que o aumento da densidade populacional resulta em detrimento do efeito positivo da dimensão populacional nas ONGS. Para melhor entender o efeito do termo de interação na participação cívica, medida pela presença das ONGS, observa-se o Gráfico 3. Nota-se que para os

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diversos valores de densidade, municípios com populações mais elevadas tendem a possuir mais ONGS e, por conseguinte apresentarem taxas mais altas de participação cívica. No entanto, à medida que a densidade populacional aumenta, o efeito da variável população na participação cívica decresce. Este efeito apresenta significância estatística ao longo de todos os valores de densidade populacional, com a exceção dos valores mais baixos e próximos de zero (em que as bandas do intervalo de confiança de 95% são mais alargadas).

Da Tabela 6, consta que o primeiro modelo inclui as variáveis teóricas, população e crescimento populacional. A segunda especificação contém as variáveis teóricas, bem como todas as variáveis de controle. O modelo 3 é semelhante ao modelo 1, mas inclui a variável de interação entre população e crescimento, correspondente a hipótese 5. A última especificação inclui o modelo completo, com as variáveis teóricas, o termo de interação e as variáveis de controle.

Os resultados da especificação completa (modelo 2) demonstram que à proporção da variação de 1-Log na população dos municípios, resulta em um acréscimo na quantidade de ONGS e, por conseguinte nas taxas de participação cívica. No que se refere a hipótese 1, os resultados não oferecem suporte para à sua sustentação, mas sugerem um efeito contrário aquele verificado entre a dimensão populacional e a participação eleitoral.

No que diz respeito a hipótese 2, os resultados não oferecem apoio para à sua confirmação. Como é possível observar na segunda especificação, as variações na densidade populacional não apresentam um efeito estatisticamente significativo sobre a participação cívica. Os resultados também não suportam a hipótese 4. Verificamos que nas especificações 3 e 4, a participação cívica aumenta à medida que os municípios crescem, sugerindo que os municípios com elevadas taxas de crescimento apresentam maiores taxas de participação cívica. Este resultado aponta para um crescimento do número de ONGS em municípios que enfrentam crescimento mais acelerado.

Em relação as variáveis de controle, municípios que possuem elevados percentuais de eleitores com voto facultativo (jovens, idosos e analfabetos) tendem a apresentar taxas mais reduzidas de participação cívica. Este resultado contradiz a nossa expectativa de que a presença de populações mais vulneráveis justificaria um maior número de ONGS. Municípios com maiores percentuais de brancos apresentam taxas mais baixas de participação cívica, o que aponta para a presença de ONGS em municípios com maior proporção de populações minoritárias. Nenhuma das restantes variáveis de controle apresenta resultados estatisticamente significativos.

Imagem

Tabela 1 – Variáveis, Indicadores, Fontes e Relação Esperada
Tabela 2 – Estatística Descritiva 2
Tabela 3 – Regressão Linear (Método de Mínimos Quadrados)
Gráfico 1 – Efeito contingente da interação entre população e densidade na participação eleitoral
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