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PERCEPÇÃO DE RISCO DA INFECÇÃO PELO HIV ENTRE ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO DISTRITO FEDERAL

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Academic year: 2019

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PERCEPÇÃO DE RISCO DA INFECÇÃO PELO HIV ENTRE ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO DISTRITO FEDERAL

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KELLY APARECIDA PALMA ALVES

PERCEPÇÃO DE RISCO DA INFECÇÃO PELO HIV ENTRE ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Nantua Evangelista

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ADOLESCENTES GRÁVIDAS NO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília.

Aprovado em 30 de julho de 2010

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Nantua Evangelista - (presidente) Departamento de Enfermagem – FS/UnB

Prof.ª Dr.ª Dirce Guilhem - (membro efetivo) Departamento de Enfermagem – FS/UnB

Prof. Dr. Mauro Niskier Sanchez - (membro efetivo)

Programa Nacional de Controle da Tuberculose - Ministério da Saúde

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A minha orientadora, professora Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista pela confiança, estímulo, amizade e pela agradável convivência nos últimos anos. Meus agradecimentos e admiração.

Aos meus pais responsáveis pela minha educação, pelo apoio, carinho e amor e por entenderem a distância durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores e servidores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Ao Eduardo Bonilha da biblioteca do Ministério da Saúde pela eficiência e atenção na busca dos artigos.

A Maria Auxiliadora Nantua pelo apoio e estímulo.

Aos colegas da Escola Superior de Ciências da Saúde pelo apoio e incentivo especialmente para as amigas da primeira série do curso de enfermagem.

Aos colegas do Núcleo de Vigilância Epidemiológica pela motivação e apoio.

A Leiva, Leide, Betânia, Líria pela amizade sempre presente.

A Sirlene pelos momentos tão valiosos de conversa e descontração.

Aos meus ex-alunos da Faculdade Alvorada e Universidade Católica de Brasília pelo apoio e colaboração na fase de coleta de dados.

Aos meus padrinhos por apoiarem meus estudos e por acreditarem em mim.

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A Dr.ª Dirce Guilhem e ao Dr. Mauro Niskier Sanchez por aceitarem discutir este trabalho.

Aos diretores e servidores das Unidades de Saúde da SES/DF pelo apoio na coleta de dados.

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“É preciso defender a igualdade sempre que a diferença gerar inferioridade, defender a diferença sempre que a igualdade implicar em descaracterização”

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Percepção de risco da infecção pelo HIV entre adolescentes grávidas no Distrito Federal

A elevada freqüência de gravidez entre adolescentes tem revelado práticas sexuais desprotegidas com conseqüente risco de adquirir DST/HIV/aids. Realizou-se um estudo transversal com objetivo de analisar a percepção de risco da infecção pelo HIV entre as adolescentes grávidas, atendidas pela rede pública de saúde do Distrito Federal. Foram entrevistadas, de abril a novembro de 2009, 336 gestantes de 13 a 19 anos de idade. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da SES/DF (Parecer 033/2009). O banco de dados foi realizado por meio do software SPSS e na análise estatística utilizou-se o teste χ2 de Pearson. A média e a mediana em

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Perceived risk of HIV infection among pregnant teenagers in the Federal District.

The high rate of teenage pregnancies has shown unprotected sexual intercourse with a consequent risk of acquiring STD/HIV/AIDS. A cross-sectional study aimed to examine the perceived risk of HIV infection among pregnant teenagers who were patients of the Federal District public health network was conducted. From April to November 2009, 336 women between the ages of 13 and 19 were interviewed. This study was approved by the SES/DF Ethics Committee (Opinion 033/2009). The database was created using SPSS software and the statistical analysis was conducted using the Pearson χ2 test. The mean and median in relation to age was

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Figura 1 - Mapa do Distrito Federal do Brasil ... 34

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Tabela 1 - Distribuição dos nascidos vivos, população adolescente, amostra e fração de amostragem por regional de residência e Unidade de Saúde, em mulheres entre 10 e 19 anos, no ano de 2005, Distrito Federal, Brasil – 2005 ... 36

Tabela 2 - Distribuição das adolescentes grávidas segundo características sociodemográficas, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 42

Tabela 3 - Distribuição das adolescentes grávidas segundo religião e cor/raça, Distrito Federal, Brasil - 2009 ... 43

Tabela 4 - Características socioeconômicas das adolescentes grávidas, Distrito Federal, Brasil - 2009 ... 44

Tabela 5 - Distribuição das adolescentes segundo o local de residência, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 45

Tabela 6 - Distribuição das adolescentes grávidas segundo o estilo de vida, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 46

Tabela 7 - Características da primeira relação sexual segundo informações das adolescentes gestantes no Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 47

Tabela 8 - Características da última relação sexual descritas pelas gestantes adolescentes, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 48

Tabela 9 - Aspectos relacionados à saúde da mulher e comportamento sexual das adolescentes gestantes no Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 49

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Tabela 12 - Atitudes das adolescentes grávidas em relação ao uso do preservativo, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 53

Tabela 13 - Percepção do risco de adquirir o HIV ao engravidar pelas adolescentes grávidas no Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 54

Tabela 14 - Percepção atual do risco de adquirir o HIV pelas adolescentes grávidas residentes no Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 55

Tabela 15 - Distribuição dos participantes segundo percepção de risco para adquirir o HIV ao engravidar, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 56

Tabela 16 - Distribuição dos participantes segundo percepção de risco para adquirir o HIV ao engravidar, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 58

Tabela 17 - Distribuição das adolescentes segundo percepção atual do risco de adquirir o HIV, Distrito Federal, Brasil – 2009 ... 59

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Quadro 1 - Resumo dos critérios de definição de caso de aids em indivíduos com 13 anos de idade ou mais (Brasil, 2003). ... 39

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DST: Doenças sexualmente transmissíveis DF: Distrito Federal

ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente ES: Espírito Santo

CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento CAPS: Centro de Atenção Psicossocial

SES/DF: Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal Elisa: Enzyme Linked Immunosorbent Assay

EIA: Enzyme Immuno Assay

Meia: Microparticle Enzyme Immuno Assay PCR: Polimerase Chain Reaction

Nasba: Nucleic Acid Sequence Based Amplification

TIG: teste imunológico para gravidez

SPSS: Statistical Package for the Social Sciences

ACO: anticoncepcional oral PI: Piauí

SP: São Paulo PB: Paraíba

PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios EUA: Estados Unidos da América

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1. INTRODUÇÃO ... 19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 21

2.1 CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA ... 21

2.2 INICIAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA ... 23

2.3 PROTEÇÃO CONTRA AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INFECÇÃO PELO HIV E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ... 24

2.4 GÊNERO E SEXUALIDADE ... 25

2.5 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E INFECÇÃO PELO HIV NA ADOLESCÊNCIA ... 27

2.6 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ... 28

2.7 VULNERABILIDADES ... 28

2.8 EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA ... 30

3. OBJETIVOS ... 32

3.1 OBJETIVO GERAL ... 32

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 32

4. MÉTODOS ... 33

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ... 33

4.2 ÁREA DE TRABALHO ... 33

4.3 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ... 35

4.4 AMOSTRA ... 35

4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ... 37

4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ... 37

4.7 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ... 37

4.8 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ ... 38

4.9 ANÁLISE DOS DADOS ... 39

4.10 ASPECTOS ÉTICOS ... 39

5. RESULTADOS ... 40

6. DISCUSSÃO ... 60

7. CONCLUSÕES ... 78

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 80

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APÊNDICES ... 94

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1. INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (1) circunscreve a adolescência como a segunda década da vida do ser humano (10 a 19 anos). É, sobretudo, nessa etapa do ciclo vital que a sexualidade apresenta-se como elemento significativo da formação da identidade, manifestada por múltiplas identificações, como a da imagem corporal, da descoberta do “outro” como objeto de amor ou desejo, da descoberta de si e das relações com familiares, com grupos, com profissionais (2) e com a sociedade. Adicionalmente, há mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais que suscitam a adoção de práticas e comportamentos novos na busca de autonomia, bem como a exposição a riscos de diversas naturezas (3).

É nessa fase que o adolescente inicia a vida sexual, que se caracteriza por ser cada vez mais precoce (4), ocorrendo em geral com o uso inconsistente do preservativo (4, 5, 6, 7) e com uma baixa adesão às medidas de planejamento familiar, o que termina por contribuir para aumentar a vulnerabilidade dos jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DST), ao HIV e à gravidez. O elevado número de casos de gestação entre as adolescentes (8) revela práticas sexuais desprotegidas.

Dentre os fatores que interferem no uso consistente do preservativo pelos adolescentes, destacam-se o sentimento de invulnerabilidade, a confiança estabelecida nos relacionamentos afetivos (9, 10, 11), as dificuldades de acesso ao preservativo, a crença na diminuição do prazer (9), as atividades sexuais não programadas (9), o enfoque moralista do discurso dos profissionais de saúde, quando se referem à sexualidade do adolescente (9, 10), o fatalismo ou a negação da doença (9), a percepção da aids como mais um risco dentre outros mais emergentes, como a miséria, a violência, o desemprego e a discriminação (9).

A esses fatores acrescentam-se a resistência inerente aos adolescentes de se reconhecerem nas mensagens de alerta acerca da aids, uma vez que predomina nesse segmento o pensamento mágico e a crença de que dificilmente algo de ruim poderia acontecer a eles, além de um sentimento de que gozam de uma certa imunidade quanto aos riscos decorrentes da prática do sexo desprotegido (10).

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reconhecer-se na situação de risco e conscientizar-se da importância da utilização dos recursos disponíveis para sua proteção (9).

No tocante às adolescentes, porém, as questões de gênero (12) representam um obstáculo para a percepção de risco do HIV, visto que tais questões se apresentam de forma desfavorável nas mulheres, transformando-as em desiguais e tornando-as vulneráveis tanto do ponto de vista das formas e níveis de discriminação quanto do exercício da sexualidade (13). Enfim, as assimetrias de gênero na relação homem x mulher desencadeiam submissão feminina (14), limitando o poder de negociação das adolescentes durante os relacionamentos sexuais e, consequentemente, a sua proteção contra as DST, o HIV e a gravidez (13).

O reflexo dessa situação se mostra nos dados referentes à epidemia de aids no Brasil. Dentre os 587 casos notificados em 2008, 55,0% eram do sexo feminino, com idade entre 13 e 19 anos (15). No que diz respeito à gravidez na adolescência, em 2006, 21,5% dos casos de gestações no Brasil envolveram esse grupo. No Distrito Federal (DF), por exemplo, a representatividade no mesmo grupo foi de 15,5% das grávidas (16).

Diante disso, faz-se necessário que as adolescentes, de maneira geral, venham a ter conhecimentos e habilidades que as auxiliem na adoção de comportamentos que previnam a infecção pelo HIV e a gravidez precoce, o que determina a necessidade constante de um trabalho educativo junto a essa população.

Nesse contexto de fragilidade vivenciada pelas adolescentes, torna-se mister compreender como elas perceberam o risco da infecção pelo HIV frente à gravidez. Da mesma forma, há a necessidade de se compreender o porquê da não adesão aos métodos preventivos da gravidez e da infecção pelo HIV, por parte dos adolescentes.

Por sua vez, estes dados deverão servir de subsídio para o planejamento das ações preventivas junto a esse segmento social. As informações aqui obtidas poderão auxiliar na construção de conteúdos pedagógicos dentro da educação formal, ou seja, essas informações poderão direcionar as ações de educação em saúde nas escolas.

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Enfim, as informações obtidas poderão ser usadas para direcionar as ações de prevenção e promoção à saúde sexual das equipes de saúde da família, visto que poderão expressar a realidade das áreas das equipes de saúde da família.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA

A adolescência é a etapa da vida compreendida entre a infância e a fase adulta, sendo marcada por um complexo processo de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial (17).

Para a Organização Mundial da Saúde (1) a adolescência compreende a segunda década da vida do indivíduo (de 10 a 19 anos), enquanto o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera adolescência a faixa etária compreendida entre 12 e 18 anos (17, 18, 19). Como se percebe, existe um descompasso entre a fixação etária do Estatuto da Criança e do Adolescente e a da Organização Mundial da Saúde, também adotada pelo Ministério da Saúde.

É importante dizer que a adoção do critério cronológico objetiva a identificação de requisitos que orientem a investigação epidemiológica, as estratégias de elaboração de políticas de desenvolvimento coletivo e as programações de serviços sociais e de saúde pública (17).

Ressaltando-se que os critérios biológicos, psicológicos e sociais também devem ser considerados na abordagem conceitual da adolescência, alguns autores classificam a adolescência em fases, a saber:

A adolescência precoce (de 10 a 14 anos) é o período em que se inicia a maturação física puberal, havendo um extremo interesse e curiosidade sobre o próprio corpo, além de as fantasias sexuais serem frequentes, podendo servir como motivo de culpa, com destaque para a atividade masturbatória (20, 21, 22, 23).

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marcada pela menarca no sexo feminino e a pela semenarca nos homens. Por um lado, o comportamento sexual costuma ser de natureza exploratória, por meio de encontros marcados, de carícias, de relações casuais, observando-se a necessidade de experimentação sexual. Nessa fase, existe uma preocupação com a aparência física, sendo bastante forte a influência da moda (20, 21, 22, 23).

Na adolescência tardia (de 17 a 19 anos), presencia-se a consolidação da identidade, que deve ser alcançada para que ocorra a incorporação de responsabilidades e do papel de adulto. Nesse momento, o relacionamento com o parceiro do sexo oposto torna-se estreito, íntimo e afetuoso. Além disso, é nessa fase que o adolescente busca a viabilidade econômica e a estabilidade social, por meio de preocupações mais consistentes, finalizando com a escolha profissional (20, 21, 22, 23).

Pode-se inferir daí que a transição vivenciada pelo adolescente é uma das mais complexas do ciclo vital. As mudanças do próprio corpo, no processo denominado de puberdade, e as modificações que incidem nas vivências relacionadas com os outros adquirem novos significados e níveis de integração pessoal, isto é, a crescente constituição da identidade torna-se caracterizada pela autonomia pessoal. Para a maioria dos adolescentes, é uma época de expansão de horizontes e autodescobertas (24).

É sobretudo nesse intervalo da vida que a sexualidade apresenta-se como elemento significante na formação da identidade do adolescente, manifestada por múltiplas identificações, como a da imagem corporal, da descoberta do “outro” como objeto de amor ou desejo e da descoberta de si e das relações com os familiares, grupos e profissionais (2, 25).

(23)

2.2 INICIAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA

A primeira relação sexual é considerada um marco na vida reprodutiva de qualquer indivíduo e tem ocorrido cada vez mais precocemente (27, 28, 29, 30).

Segundo Costa et al. (20), as adolescentes do sexo feminino iniciam a vida sexual entre 15 e 17 anos e, no sexo masculino, dos 13 aos 15 anos. Essa relação envolve como par romântico os próprios adolescentes, sem aconselhamento médico prévio e “escondido” (31).

Estudos realizados nos anos 90 mostraram que a média de idade da primeira relação sexual em adolescentes do sexo feminino era de 16 anos e que 70,0% dos adolescentes com 19 anos tiveram pelos menos uma relação sexual, quando se consideraram ambos os sexos. Em 2000, no Brasil, a média de idade da primeira relação sexual em meninas foi de 15 anos (25).

Ressalta-se que a iniciação sexual em idades mais tardias motiva os adolescentes à busca de mais informações sobre métodos de proteção (30), o que constitui-se fator protetor contra as DST/aids.

A literatura tem revelado que, na maioria das vezes, a iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino ocorre mais precocemente do que a do sexo feminino (4). Além disso, os indivíduos negros, aqueles adolescentes sem acesso ao sistema educacional ou de baixa escolaridade, pertencentes a grupos sociais mais desfavorecidos, trabalhadores e sem religião, são os mais propensos a iniciar-se sexualmente na adolescência precoce (32).

Vale ressaltar que os motivos que desencadeiam a primeira relação sexual vão desde a pressão do companheiro, a rebeldia, a insegurança, o medo de perder o namorado, a vingança da família, o desejo de ser aceito pelo grupo ou de se sentir mulher, além de se ter curiosidade, estar sob efeito de álcool e drogas ou apaixonado (31, 33).

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necessário algum envolvimento afetivo para a iniciação sexual, o que não ocorre com os homens (20, 33).

Cabe assinalar que a maioria dos adolescentes, mesmo conhecendo os métodos contraceptivos, inicia a vida sexual sem proteção contra a gravidez precoce e as DST/aids (33).

2.3 PROTEÇÃO CONTRA AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INFECÇÃO PELO HIV E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

O uso do preservativo é uma importante forma de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis, a infecção pelo HIV e a gravidez não planejada.

Dentre os diversos estudos realizados com adolescentes sobre o uso de métodos de proteção/contracepção, vários deles mostraram que, embora o conhecimento sobre os métodos contraceptivos seja elevado, e que houve um aumento considerável da proteção nos últimos anos isso não implicou necessariamente no uso adequado ou regular desses recursos, nem que esse uso seja uma realidade em todos os adolescentes e na totalidade das relações sexuais (34, 35, 36).

Neste contexto, os fatores que influenciam a decisão do sexo protegido dependem da relação existente entre os parceiros. Aliás, convém ressaltar que um dos principais fatores para o não uso do preservativo é a presença do parceiro fixo (37, 38, 39).

Segundo Aquino et al. (40), há uma tendência de relaxamento das práticas de proteção para a gravidez, à medida que se consolidam relacionamentos mais estáveis. O que consequentemente interfere diretamente na proteção contra as DST e a infecção pelo HIV.

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Além disso, estudos indicam que a frequência do uso do preservativo aumenta, proporcionalmente com o nível de escolaridade (44, 45).

Um estudo realizado por Miranda et al. (34), com adolescentes do sexo feminino, em Vitória/ES, no ano de 2002, mostrou que o nível de escolaridade é uma variável explicativa da diferença de comportamento, no que se refere às práticas sexuais de risco. As adolescentes com maior grau de escolaridade relataram o uso mais frequente do preservativo, inclusive na primeira e na última relação sexual, revelando, assim, regularidade na proteção.

Outro caso de comportamento sexual de risco dos adolescentes foi abordado por Griep et al. (38), em um estudo com adolescentes entre 13 e 19 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 2003, em que ficou evidenciada a “confiança no parceiro” como um dos principais fatores apontados para o não uso do preservativo, principalmente entre as meninas. Estas também referiram ao fato de que o “parceiro não aceita” o uso do preservativo.

Neste contexto, é relevante destacar que frequentemente o comportamento feminino ainda se encontra vinculado à subalternidade na relação mulher x homem. Quando o relacionamento envolve afeto, é comum a sensação ilusória de invulnerabilidade, como se o amor garantisse “proteção” contra a infecção pelo HIV (38, 39).

2.4 GÊNERO E SEXUALIDADE

O gênero imprime normas, valores, percepções e representações que acompanham a vida das pessoas, legitimando a identidade. Por isso, sua análise tem contribuído enormemente para a discussão da sexualidade (29).

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desigualdades também delineiam diferentes formas e níveis de discriminação quanto ao exercício da sexualidade feminina (46).

Com efeito, a naturalização desse modelo de gênero pode causar impacto à saúde, uma vez que, para cumprir os padrões do que é ser homem ou mulher, ambos têm que desempenhar uma prática sexual que lhes é nociva do ponto de vista do risco às DST/aids e à própria vida (29).

Neste contexto, os exercícios da sexualidade são profundamente marcados pela desvalorização do feminino e pelo domínio do masculino, gerando, assim, conflitos, frustrações e violências que atingem ambos os sexos, em suas vivências do prazer e da afetividade (47). Tais valores, incorporados tanto pelo homem quanto pela mulher, terminam por resultar em riscos e problemas para ambos, sobretudo a partir da adolescência, com o início da prática sexual. O modo cultural de, por exemplo, as adolescentes lidarem não só com o próprio corpo, mas com o dos outros, bem como com o afeto, o sexo, os desejos, as frustrações, as fantasias e as idealizações. O modo como vêem e enfrentam o mundo e o que nele acontece, o que identificam, ou não, como risco à sua saúde. Tudo isso as leva a se expor, ou não, a problemas variados no âmbito da sexualidade e reprodução (47).

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2.5 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E INFECÇÃO PELO HIV NA ADOLESCÊNCIA

Com o avanço da epidemia da infecção pelo HIV, as doenças sexualmente transmissíveis assumiram um papel ainda mais relevante, principalmente quando foi mostrado que estas facilitam a propagação do vírus da imunodeficiência (46).

No tocante à adolescência, fatores biológicos, psíquicos e sociais podem aumentar a vulnerabilidade desse grupo às doenças sexualmente transmissíveis e à infecção pelo HIV (48).

Do ponto de vista biológico, a existência de uma imaturidade do epitélio cilíndrico do colo do útero e da proteção imunológica local nas adolescentes (22), associada ao fato de que a superfície da mucosa vaginal exposta ao sêmen é relativamente extensa, e que este tem concentração de HIV (livre e no interior das células) significativamente maior do que o líquido vaginal (49) e, nas adolescentes pós-menarca, a imaturidade do colo do útero associada a um pH vaginal elevado (50) determina uma fragilização adicional frente à infecção pelo HIV e às DST. No âmbito psíquico, esta é uma fase de definição da identidade sexual com experimentação e variabilidade de parceiros (22, 42). Na esfera social, a baixa escolaridade e o baixo nível socioeconômico estão associados às DST (22, 42).

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2.6 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A iniciação sexual precoce e o uso inadequado de preservativos associado à prática sexual com múltiplos parceiros tornam as adolescentes vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis, à infecção pelo HIV e à gravidez precoce (4, 25, 28, 33, 39, 52, 53). O termo precoce é designado para a fecundidade de mulheres abaixo dos 20 anos de idade, não apenas por motivos biológicos, mas também pelas implicações sociais, bem como pelas consequências negativas no nível educacional e econômico (52).

Tem-se como pressuposto que a gravidez na adolescência é vivida de múltiplas formas e que os contextos sociais definem universos de possibilidades e de significações diferentes entre os jovens de distintas classes sociais (40).

A gravidez na adolescência, conforme se sabe, está associada a altas taxas de morbimortalidade materna, maiores riscos de aborto, complicações no parto e prematuridade. Do ponto de vista social, há que se considerar o aumento no potencial de perda de oportunidades educacionais e de trabalho, entre aquelas adolescentes que engravidam. Sendo assim, as mães adolescentes podem ser forçadas a abandonar a escola mais cedo, vendo reduzidas as chances de conseguirem uma inserção em atividades produtivas que exijam maior qualificação (35, 54).

As adolescentes engravidam na sua grande maioria sem planejamento por falta de informação, por um difícil acesso aos serviços de saúde, por desconhecimento sobre métodos anticoncepcionais, pela busca afetiva de um objeto de amor ou somente por experimentação sexual (55).

2.7 VULNERABILIDADES

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Essa nova abordagem busca superar conceitos como “grupo e comportamento de risco”, que vinham servindo como base para a orientação e avaliação de ações preventivas em HIV/aids, contribuindo, assim, para uma ampliação do foco da atenção para a sociedade como um todo e não apenas para grupos isolados (57, 58).

A vulnerabilidade pode ser definida como:

[...] a situação resultante de uma conjunção de fatores individuais (biológicos, cognitivos e comportamentais), programáticos (programas de prevenção, educação, controle e assistência, bem como vontade política), sociais (relacionados às questões econômicas e sociais) e culturais (submissão a padrões e crenças morais, hierarquias, relações de poder, questões de gênero), interdependentes e mutuamente influenciáveis, assumindo pesos e significados diversos que variam no decorrer do tempo e determinam o grau de susceptibilidade de indivíduos e grupos em relação a questões de saúde (Guilhem (14), p. 63-64).

Este conceito difere do conceito de risco, pois não visa distinguir a probabilidade de uma pessoa se expor ao HIV, mas busca fornecer elementos para avaliar objetivamente as diferentes chances que cada pessoa ou grupo populacional específico tem de se contaminar, considerando o conjunto formado por algumas características individuais e sociais de seu cotidiano, julgadas relevantes para a maior exposição ou menor chance de proteção diante do problema (59).

Segundo Ayres et al. (57, 58), a vulnerabilidade procura particularizar as diferentes situações de suscetibilidade dos sujeitos (individuais e/ou coletivos) frente à epidemia da aids. Além do mais, para o enfrentamento do problema de maneira concreta, é necessário um enfoque interdisciplinar e intersetorial.

Ao se pensar na vulnerabilidade a que as mulheres estão expostas, é preciso enfatizar a importância de se investir no empowerment1 feminino, sabendo-se que a mudança de comportamento não é determinada apenas pela fórmula “conhecimento + vontade”, mas envolve outros fatores como coerções, recursos de ordem cultural, econômica, política, jurídica e até policial, que estão distribuídos de forma desigual entre os gêneros, países, segmentos sociais, grupos étnicos e faixa etária (59), ou

1 Empowerment – não há um termo que permita uma tradução adequada, mas tem sido

(30)

seja, a mudança de comportamento dependerá das alternativas e perspectivas que se apresentam para o indivíduo ao longo da vida (60).

Neste sentido a aquisição de poder por parte das mulheres é resultado de sua capacidade de duvidar, de desiludir-se das crenças de que o casamento/união estável é uma forma de proteção contra o HIV (14), sendo necessário para o fortalecimento da capacidade de negociação sexual das mulheres intervenções de cunho cultural (61).

Segundo Barbosa (61) a percepção de risco é um aspecto importante para

avaliar a vulnerabilidade das mulheres a aids. É importante salientar que a percepção de risco envolve a compreensão e capacidade de assimilação das informações acerca da aids pelo indivíduo. Essa construção de conhecimento é mediada por questões de gênero, classe social, raça e outros componentes sociais. (60).

Assim, o contexto de vida da adolescente pode predispô-la a comportamentos sexuais que a coloque em maior vulnerabilidade. Essas características do contexto podem estar relacionadas as questões de gênero, a iniciação sexual precoce, a competência verbal de negociar o uso do preservativo, ao desejo de planejar o futuro, os aspectos familiares, as pressões grupais, a auto-estima (62), o próprio desenvolvimento cognitivo da adolescência, as dificuldades econômicas, o acesso a educação e serviços de saúde de qualidade, tais aspectos também influenciam diretamente a percepção de risco acerca da aids.

2.8 EDUCAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA

A educação sexual tem o objetivo de contribuir para que os adolescentes tenham uma visão positiva da sexualidade, fazendo com que eles desenvolvam uma comunicação clara nas relações interpessoais, elaborem os próprios valores a partir de um pensamento crítico e tomem decisões responsáveis a respeito da própria vida sexual (2).

(31)

muitas informações sobre sexo, nem sempre sabem tanto quanto aparentam saber, além de possuírem pouco acesso à orientação e aos serviços de planejamento familiar, sendo a fonte do saber, muitas vezes, conceitos equivocados, carregados de tabus, oriundo de colegas e amigos que também não tiveram acesso à educação em sexualidade. Dessa forma, a desinformação neste setor se torna um círculo vicioso, difícil de romper.

Por sua vez, inúmeros serviços de saúde encontram-se despreparados para o trabalho com adolescentes, sem foco voltado para a atenção às peculiaridades e complexidades das suas necessidades. Dentre as dificuldades mais comuns, encontra-se a falta de suportes e espaços apropriados às suas demandas, seja no campo da orientação, seja no da proteção ou recuperação da saúde sexual e reprodutiva. Não raras vezes, os sentidos do corpo e as desigualdades e diferenças de distintas ordens são ignoradas, num processo de homogenização e simplificação da saúde do adolescente (47).

Neste sentido, é preciso ressaltar que a saúde sexual e reprodutiva depende de uma série de condições socioculturais propícias, como adequadas condições de vida, serviços de saúde de qualidade e padrões culturais de subjetividade e comportamentos favoráveis. De acordo com o acesso a certas condições sociais e a tradução de grupo social e familiar de referência, dos valores e comportamentos legitimados em torno dos corpos, modelam-se as necessidades em saúde sexual e reprodutiva na adolescência (47).

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Estudar a percepção de risco das adolescentes grávidas acerca da infecção pelo HIV no Distrito Federal em 2009.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar o perfil das adolescentes grávidas no Distrito Federal.

• Levantar os fatores que influenciaram o não uso do preservativo entre as adolescentes gestantes.

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4. MÉTODOS

4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal. Segundo Pereira (63), o estudo transversal é uma pesquisa em que a relação exposição-doença é examinada em uma dada população, em um particular momento. Ela fornece um retrato de como as variáveis estão relacionadas naquele momento.

4.2 ÁREA DE TRABALHO

O presente trabalho foi desenvolvido junto à Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. O Distrito Federal, sede do Governo Brasileiro, encontra-se localizado na Região Centro-Oeste do Brasil e faz divisa com os Estados de Goiás e Minas Gerais. Possui uma extensão territorial de 5.802 km2 e uma população de 2.606.885 habitantes, com densidade demográfica de 449,3 hab/km2. O clima predominante no Distrito Federal é conhecido como tropical de altitude, com verão úmido e chuvoso e inverno seco (com umidade relativa de 20% ou abaixo) e frio. A temperatura média anual é de 21ºC, com máxima histórica de 35,8ºC e mínima histórica de 1,6ºC (64).

(34)

Figura 1 – Mapa do Distrito Federal do Brasil (66). Fonte: Ministério dos transportes, Brasil.

(35)

4.3 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um roteiro de entrevista previamente estabelecido e testado, por um estudo piloto, com adolescentes não incluídas na população do estudo.

O instrumento para registro das informações (Apêndice A) continha dados sociodemográficos (idade, estado civil, local de residência, renda, escolaridade, profissão, religião, raça/cor), hábitos de vida (consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas), antecedentes pessoais (número de gestações, histórico de DST, transfusão de sangue, tatuagem/piercing, realização de Papanicolau, prostituição e número de parceiros), dados sobre o comportamento sexual (primeira relação sexual, uso do preservativo, uso de métodos contraceptivos, última relação sexual) além das fontes de informações acerca do HIV/aids/gravidez e percepção de risco para a infecção pelo HIV ao engravidar e atualmente.

4.4 AMOSTRA

(36)

Tabela 1 - Distribuição dos nascidos vivos, população adolescente, amostra e fração de amostragem por regional de residência e Unidade de Saúde, em mulheres entre 10 e 19 anos, no ano de 2005, Distrito Federal, Brasil – 2005

Local de residência

Idade (10 a 19 anos) Nascidos

vivos N* n** f=n/N

Planaltina 691 18138 331 1,82%

Sobradinho 491 15337 330 2,15%

Gama 393 14682 329 2,24%

Santa Maria 505 14544 329 2,26%

Paranoá 402 7156 322 4,50%

São Sebastião 357 6902 321 4,65%

Brazlandia 275 6618 321 4,84%

Ceilândia 1.153 39723 334 0,84%

Recanto das Emas 453 11674 327 2,80%

Samambaia 801 23051 332 1,44%

Taguatinga 607 28771 333 1,16%

Asa Norte 107 10797 327 3,03%

Cruzeiro 67 6796 321 4,72%

Lago Norte 74 3633 308 8,49%

Asa Sul 136 11238 327 2,91%

Candangolândia 50 2032 289 14,23%

Guará 353 13282 329 2,47%

Lago Sul 33 2696 300 11,11%

N. Bandeirante 80 4043 311 7,69%

Riacho Fundo 180 5310 317 5,97%

Distrito Federal 7245*** 246791 336 0,14%

Adolescentes grávidas no DF 7245 264 3,64%

* N=Tamanho da população ** n=Tamanho da amostra

*** A estimativa de dados ignorados foi de 37 adolescentes em 2005, segundo dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

Com base nestes dados, foi calculado o tamanho da amostra (n) a ser estudada, considerando a seguinte fórmula (68):

z

d

z

p p N p np n 2 2 2 2 2 ) 1 ( ) 1 ( ) 1 ( α α − + − −

= , onde:

N = Tamanho da população geral de adolescentes p = Estimativa da proporção

(37)

z

α2= Abscissa de distribuição normal padrão correspondente à área da cauda

2

α

Sendo assim,

α 1-α/2 Z z2 p p(1-p) d d2

5,00% 97,50% 1,96 3,8415 0,0364 0,0351 2% 0,04%

Em resumo, a amostra foi calculada em 336 adolescentes grávidas residentes no Distrito Federal.

4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídas todas as adolescentes grávidas, independentemente de idade, sexo, cor, raça e religião, residentes no Distrito Federal, que procuraram atendimento pré-natal entre abril e novembro de 2009, na rede de saúde pública do DF e que aceitaram participar do estudo.

4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídas as adolescentes gestantes procedentes do Distrito Federal que não concordaram em participar da pesquisa e as grávidas que não realizaram o pré-natal, bem como as que foram acompanhadas exclusivamente na rede privada de saúde.

4.7 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

(38)

19 anos residentes no Distrito Federal, bem como o total de adolescentes por regional de saúde do DF. Esses dados foram utilizados para o cálculo da amostra.

Foram selecionados, por sorteio, 22 serviços de assistência pré-natal (Apêndice B) da Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) e realizada uma sensibilização dos gestores acerca da proposta da pesquisa. Em seguida, foi solicitado, dessas unidades de saúde, o cronograma de consultas e de reuniões de pré-natal das gestantes adolescentes.

Após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, foi realizada a coleta de dados. Durante o trabalho de campo, três Unidades de Saúde foram substituídas, também por sorteio, por não apresentarem registro do atendimento objeto do estudo.

A população alvo foi constituída pelas adolescentes grávidas que procuraram as unidades de saúde para realização do pré-natal, no período de abril a novembro de 2009. A escolha das adolescentes foi aleatória. As adolescentes foram contatadas para a entrevista na sala de espera de consultórios ou em reuniões do pré-natal, nas unidades de saúde selecionadas.

A média de gestantes levantada por unidade de saúde foi de aproximadamente 15 pessoas. Cada entrevista teve uma duração média de 20 minutos, tendo sido garantida a privacidade da adolescente gestante durante esta.

A coleta dos dados foi realizada pela autora da pesquisa e por monitores treinados.

4.8 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ

(39)

Quadro 2 - Critérios para o diagnóstico da gravidez (70).

Atraso ou irregularidade menstrual, náuseas e aumento do volume abdominal

Avaliar: • Ciclo menstrual

• Data da última menstruação • Atividade sexual

Atraso menstrual em mulheres maiores de 10 anos com atividade sexual

Solicitar teste imunológico de gravidez (TIG)

Resultado Positivo

Gravidez confirmada

4.9 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram organizados em um banco de dados, por meio do

software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 15.0, e, na análise estatística, utilizou-se o teste qui-quadrado.

4.10 ASPECTOS ÉTICOS

(40)

5. RESULTADOS

A população do presente estudo constituiu-se de 336 adolescentes grávidas residentes no Distrito Federal no ano de 2009. Os dados foram levantados no Programa de Pré-natal das Unidades Públicas de Saúde do Distrito Federal no ano de 2009.

As características sociodemográficas das adolescentes podem ser observadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição das adolescentes grávidas segundo características sociodemográficas, Distrito Federal, Brasil – 2009

Variáveis n (336) %

Idade (anos)

13 01 0,3

14 12 3,6

15 23 6,8

16 56 16,7

17 65 19,3

18 73 21,7

19 106 31,5

Estado Civil

Solteira 133 39,6

Casada 48 14,3

União consensuada 154 45,8

Separada/divorciada 01 0,3

Reside com

Pai/mãe 72 21,4

Pais 44 13,1

Parceiro 202 60,1

Avós 07 2,1

Sozinha 02 0,6

Outros 09 2,7

(41)

A análise da Tabela 2 mostrou, quanto à coabitação, que 202 das adolescentes moravam com o parceiro (60,1%), 44 (13,1%) residiam com os pais e 72 (21,4%) viviam com um dos genitores, sendo que, na maioria dos casos, com a mãe (91,6%). As demais entrevistadas moravam ou com avós (2,1%), ou sozinhas (0,6%), ou com amigos, tios e irmãos (2,7%).

Os dados relativos à crença religiosa e cor/raça das adolescentes grávidas estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição das adolescentes grávidas segundo religião e cor/raça, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis n (336) %

Religião

Evangélica 102 30,4

Católica 178 53,0

Nenhuma 50 14,9

Outras 06 1,8

Cor/raça

Branca 62 18,5

Parda 200 59,5

Preta 59 17,6

Amarela 11 3,3

Indígena 04 1,2

Considerando a Tabela 3, a religião predominante foi a católica, com 178 adolescentes (53,0%), seguida da evangélica, com 102 (30,4%). Cinquenta das interrogadas (14,9%) não se referiram a qualquer religião. Outras religiões citadas pelas adolescentes foram a espírita, com quatro adeptas (1,2%), a umbanda, com uma, e a mórmon, também com uma, perfazendo 0,3%, respectivamente. A maior parte das entrevistadas considerou-se de cor parda - 200 delas (59,5%), seguida da raça branca (18,5%) e da preta (17,6%). Houve também o relato de 11 participantes (3,3%) que se consideraram amarelas e quatro casos (1,2%) que se declararam indígenas (Tabela 3).

(42)

Tabela 4 - Características socioeconômicas das adolescentes grávidas, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis n (336) %

Frequenta escola?

Sim 117 34,8

Não 219 65,2

Escolaridade (anos)

Analfabeta 01 0,3

1 a 3 08 2,4

4 a 7 110 32,7

8 a 11 199 59,2

≥ 12 18 5,4

Trabalha?

Sim 73 21,7

Não 263 78,3

Renda familiar (salários mínimos)*

Até 1 83 24,7

> 1 a 2 146 43,5

> 2 a 5 92 27,4

≥ 6 11 3,3

Não sabe 04 1,2

*O salário mínimo na época do estudo era de R$ 465,00 (Equivalente a 248,66 dólares).

Ao analisar a Tabela 4, verificou-se que a maior parte das gestantes adolescentes não frequentava escola (65,2%). Quanto à escolaridade, foi possível observar que uma adolescente era analfabeta (0,3%), 110 (32,7%) possuíam entre quatro a sete anos de estudo e a maior parte - 199 entrevistadas (59,2%) frequentou ou concluiu o 2º Grau. Dezoito adolescentes do estudo iniciaram o Ensino Superior (5,4%).

Considerando a inserção das adolescentes no mercado de trabalho, verificou-se que 21,7% das gestantes estudadas assinalaram atividade laboral. No que verificou-se refere à renda familiar das adolescentes entrevistadas, um total de 229 gestantes (68,2%) viviam com até dois salários mínimos, 92 (27,4%) informaram renda familiar entre dois e cinco salários mínimos, em 11 casos (3,3%), a participação familiar alcançava de seis a mais salários mínimos e quatro adolescentes (1,2%) não souberam responder essa questão.

(43)

Tabela 5 - Distribuição das adolescentes segundo o local de residência, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis n %

Local de Residência

Águas Claras 01 0,3

Asa Norte 01 0,3

Asa Sul 14 4,2

Brazlândia 20 6,0

Ceilândia 55 16,4

Cruzeiro 01 0,3

Gama 29 8,6

Guará 15 4,5

Núcleo Bandeirante 12 3,6

Planaltina 21 6,3

Recanto das Emas 24 7,1

Riacho Fundo 04 1,2

Samambaia 38 11,3

Santa Maria 21 6,3

São Sebastião 20 6,0

Sobradinho 18 5,4

Taguatinga 22 6,5

Varjão 20 6,0

Total 336 100

A maior parte da população entrevistada residia em domicílios situados em regiões periféricas do Distrito Federal (95,5%), segundo os dados da Tabela 5.

Durante a coleta de dados, foi observado que parte das adolescentes teve seu pré-natal realizado em Centros de Saúde próximos ao local de trabalho e não da residência. As Regionais Administrativas com maior número de entrevistadas foram: Ceilândia (16,4%), Samambaia (11,3%) e o Gama (8,6%).

(44)

Tabela 6 - Distribuição das adolescentes grávidas segundo o estilo de vida, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis n (336) %

Consumo de bebidas alcoólicas nos últimos doze meses

Uma vez por semana 52 15,5

Mais de uma vez por semana 18 5,4

Uma vez por mês 42 12,5

Menos de uma vez por mês 14 4,2

Não utilizou 210 62,5

Uso de tabaco (nº cigarros/dia)

1 a 4 17 5,1

5 a 9 09 2,7

10 a 19 10 3,0

≥ 20 03 0,9

Não utiliza 297 88,4

Uso de outras drogas ilícitas nos últimos doze meses

Somente maconha 10 3,0

Somente cocaína aspirada 04 1,2

Maconha e cocaína aspirada 09 2,7

Maconha e crack 01 0,3

Cocaína aspirada e crack 01 0,3

Anfetaminas 01 0,3

Não utilizou 310 92,3

Ao se questionarem as gestantes quanto ao uso regular de bebida alcoólica, ficou evidente que a maioria das entrevistadas não consumia álcool (62,5%). Setenta adolescentes (20,9%) revelaram o consumo de álcool pelo menos uma vez por semana e 12,5%, uma vez ao mês. Em relação ao uso do tabaco, 39 gestantes (11,6%) fumavam regularmente. Cinco por cento das adolescentes relataram fumar um a quatro cigarros/dia, 2,7% consumiam de cinco a nove cigarros/dia e 3,9% utilizavam mais de dez cigarros diariamente (Tabela 6).

Quanto ao contato com drogas ilícitas, 26 entrevistadas (7,7%) admitiram o seu consumo, entretanto a maior parte (92,3%) não fazia uso de tal tipo de droga. Dentre as drogas ilícitas mais utilizadas, a maconha foi a predominante, com 20 usuárias (6,0%). A cocaína foi relatada para consumo pelas gestantes em 14 casos (4,2%). Com relação à cocaína vs crack, o percentual foi de 0,6% e à cocaína vs maconha, 2,7% foi o que se revelou. Não houve relato de uso de drogas ilícitas injetáveis (Tabela 6).

(45)

Tabela 7 - Características da primeira relação sexual, segundo informações das adolescentes gestantes no Distrito Federal, Brasil - 2009

Variável n (336) %

Idade (anos)

11 a 15 206 61,3

16 a 19 130 38,7

Motivações para a realização da atividade sexual

Vontade 188 56,0

Curiosidade 61 18,2

Não sabe 32 9,5

Pressão do parceiro 22 6,6

Prova de amor 13 3,9

Casamento 11 3,3

Pressão das amigas 05 1,5

Desafiar os pais 03 0,9

Foi obrigada 01 0,3

Métodos preventivos utilizados

Preservativo 212 63,1

ACO* e preservativo 03 0,9

ACO* 12 3,6

Coito interrompido 01 0,3

Contracepção de emergência 01 0,3

Nenhum 106 31,5

Não sabe 01 0,3

*ACO: anticoncepcional oral

Quando se analisou a idade da primeira relação sexual entre as adolescentes entrevistadas (Tabela 7), verificou-se que esta ocorrera em média aos 14,8 anos, sendo que, no relato de 206 delas (61,3%), o primeiro coito aconteceu antes dos 15 anos de idade. O principal motivo relacionado pelas entrevistadas para a iniciação sexual foi a própria vontade com 188 citações (56,0%), seguido da curiosidade - 61 adolescentes (18,2%) e da pressão por parte dos parceiros com 22 gestantes (6,6%).

Outras participantes afirmaram que a primeira relação sexual ocorreu como prova de amor ao namorado - 13 (3,9%), ou em função de casamento - 11 (3,3%).

Cinco entrevistadas informaram que as amigas influenciaram no processo decisório de iniciação sexual (1,5%). Três adolescentes referiram-se ao fato de que queriam desafiar os pais (0,9%). Uma afirmou que foi obrigada pelo parceiro (0,3%) e 32 (9,5%) não souberam explicar o motivo.

(46)

adolescentes. Em três casos (0,9%) foi relatado o uso concomitante do preservativo e do anticoncepcional oral. Uma adolescente utilizou o coito interrompido e outra recorreu à contracepção de emergência. Em contrapartida, 106 delas (31,5%) iniciaram a vida sexual sem proteção contra a gravidez/DST/aids (Tabela 7).

A seguir, a Tabela 8 apresenta a distribuição das participantes segundo as características da última relação sexual.

Tabela 8 - Características da última relação sexual descritas pelas gestantes adolescentes, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variável N %

Métodos utilizados (n=336)

Preservativo 50 14,9

ACO* 13 3,9

Não sabe 02 0,6

Nenhum 271 80,7

Motivo para a não utilização do método preventivo (n=271)

Estava grávida 122 45,0

Não gosta de usar 49 18,0

Não pensou nisso durante o contato sexual 45 16,6

Parceiro não quis usar 15 5,6

Parceiro fixo 13 4,8

Não planejava ter relações sexuais 08 2,9

Planejava ficar grávida 05 1,9

Não quis usar 03 1,1

Motivos religiosos 02 0,7

Estava alcoolizada 02 0,7

Medo de perder o parceiro 01 0,4

Responsabilidade do parceiro 01 0,4

Não sabe 05 1,9

*ACO: Anticoncepcional oral

Na análise do uso de métodos preventivos utilizados pelas gestantes na sua última relação sexual (Tabela 8), observou-se uma redução do quantitativo de adolescentes que utilizaram algum método de proteção, em comparação com o relato do primeiro coito. Dessa forma, na última relação sexual, 50 adolescentes (14,9%) faziam uso de preservativo, 13 participantes (3,9%) relataram o uso de anticoncepcional oral, duas delas (0,6%) não souberam informar o método utilizado e 271 delas, ou seja, 80,7% das entrevistadas não utilizaram nenhuma proteção.

(47)

analisadas, foram: a referência à gravidez em curso com 122 casos (45,0%), não gostar de usar métodos preventivos com 49 entrevistadas (18,0%), não pensar nisso no momento do contato sexual (16,6%), parceiro não aceita (5,6%), entre outros fatores. O parceiro fixo foi citado como um dos motivos que levaram à não proteção da adolescente durante o último ato sexual com 4,8% das respostas (Tabela 8).

Na Tabela 9, observam-se aspectos relacionados à saúde da mulher e ao comportamento sexual das adolescentes.

Tabela 9 – Aspectos relacionados à saúde da mulher e ao comportamento sexual das adolescentes gestantes no Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis n %

Número de gestações (n=336)

Uma 258 76,8

Duas 63 18,8

Três 15 4,5

Papanicolau nos últimos 2 anos (n=336) 193 57,4

Teste sorológico para HIV (n=336) 225 67,0

História de DST (n=336) 30 8,9

Prostituição (n=336) 05 1,5

Hemotransfusão (n=336) 05 1,5

Tatuagem (n=336) 82 24,4

Piercing (n=336) 102 30,4

Frequência do uso do preservativo (n=336)

Sempre 58 17,3

Raramente 66 19,6

Às vezes 123 36,6

Nunca 88 26,2

Não informado 01 0,3

Uso do preservativo com parceiro fixo (n=336) 138 41,1

Uso do preservativo com parceiro eventual (n=184*) 167 91,0

Acha fácil o acesso ao preservativo (n=336) 272 81,0

Número de parceiros sexuais na vida (n=336)

Um 138 41,0

Dois a cinco 176 52,4

≥ seis 22 6,6

*39 não responderam a essa questão e 113 consideraram que nunca tiveram parceiro eventual.

(48)

Papanicolau nos últimos dois anos e o acesso ao teste HIV foi relatado por 67,0% da população pesquisada. Trinta entrevistadas (8,9%) assinalaram doença sexualmente transmissível. Houve registro de prática de prostituição por cinco participantes do estudo (1,5%). Foi observado uso de piercing e tatuagem em 24,4% e 30,4% das adolescentes analisadas, respectivamente. E, cinco delas foram submetidas a hemotransfusão (1,5%).

Ao considerar a frequência da utilização do preservativo nos contatos sexuais, destacou-se o uso “sempre” do preservativo relatado por 58 adolescentes (17,3%). Das entrevistadas, 154 (45,8%) declararam sua utilização “raramente ou nunca”. Ficou evidente também que 123 entrevistadas (36,6%) usavam “às vezes” este método preventivo (Tabela 9).

Neste estudo (Tabela 9), ao se analisar o número de parceiros por adolescente grávida, observou-se um registro médio de 2,76 parceiros sexuais por pessoa entrevistada. Cento e trinta e oito adolescentes analisadas afirmaram ter tido um parceiro na vida, atingindo um total de 41,0%, 176 (52,4%) registraram de dois a cinco parceiros sexuais e 22 delas, de seis ou mais parceiros. Quanto ao acesso das adolescentes à camisinha, 272 adolescentes (81%) assinalaram não terem dificuldade na sua aquisição desse método.

(49)

Tabela 10 - Justificativa das adolescentes grávidas para o uso ou não do preservativo com parceiro fixo, Distrito Federal, Brasil - 2009

Motivos n %

Motivos para usar o preservativo com parceiro fixo (n=140)

Evitar DST/HIV 41 29,7

Evitar DST/HIV e gravidez 27 19,6

Acha mais seguro 19 13,8

Evitar gravidez 14 10,1

Desconfiança no parceiro 14 10,1

Outros 10 7,3

Não sabe 15 9,4

Motivos para não usar o preservativo com parceiro fixo (n=196)

Confiança no parceiro 85 43,3

Não gosta de usar 49 25,0

Usa ACO* 17 9,0

Estava grávida 13 6,6

Parceiro não aceita 06 3,0

Outros 06 3,0

Não sabe 20 10,2

*ACO: Anticoncepcional oral

Quando questionadas sobre o uso do preservativo com parceiro fixo, 140 entrevistadas (41,1%) faziam uso. Duas adolescentes não responderam a esse questionamento (0,6%) e 196 (58,3%) informaram que não faziam uso de preservativos quando a relação sexual envolvia parceiro fixo.

Os principais motivos para a utilização do condom com o parceiro fixo envolveram a prevenção de DST/HIV 41,0 (29,7%), para evitar DST/HIV e gravidez 27,0 (19,6%), por segurança 19,0 (13,8%), para evitar a gravidez 14,0 (10,1%) ou porque desconfiavam do parceiro 14,0 (10,1%).

(50)

providenciar o uso da camisinha (0,3%). Outro dado relevante foi o “não sabe” explicar o motivo da busca de proteção, com 10,2% das observações.

Tabela 11 - Justificativa das adolescentes grávidas para o uso ou não do preservativo com parceiro eventual, Distrito Federal, Brasil - 2009

Motivos n %

Motivos para usar o preservativo com parceiro eventual (n=167)

Evitar DST/HIV 69 41,2

Desconfiança no parceiro 36 21,3

Evitar DST/HIV e gravidez 28 17,1

Evitar gravidez 15 9,0

Outros 10 6,0

Não sabe 09 5,4

Motivos para não usar o preservativo com parceiro eventual (n=17)

Não gosta de usar 06 35,2

Confiança no parceiro 03 17,6

Não pensa nisso na hora 01 6,0

Não sabe onde obter 01 6,0

Não sabe 06 35,2

*ACO: Anticoncepcional oral

Ao se interrogar acerca do parceiro eventual, 113 (33,6%) consideraram que nunca tiveram parceiro eventual e 39 (11,6%) não responderam a essa questão.

A utilização do preservativo com parceiro fixo 167 adolescentes responderam que utilizam o preservativo com parceiro eventual para prevenir DST/HIV 69,0 (41,2%), porque desconfiam do parceiro 36,0 (21,3%), para evitar DST/HIV e gravidez 28,0 (17,1%) ou para evitar a gravidez 15,0 (9,0%).

Dezessete participantes afirmaram não fazer uso do método preventivo. Seis pessoas informaram “não gostar de usar” (35,2%), três referiram-se à “confiança no parceiro” (17,6%), uma, “não pensar nisso na hora” (6,0%) e outra “não sabe onde obter o preservativo”. O relato de “não saber explicar o motivo” foi abordado por seis adolescentes do estudo (35,2%).

(51)

Tabela 12 – Atitudes das adolescentes grávidas em relação ao uso do preservativo, Distrito Federal, Brasil - 2009

* Uma participante não respondeu

Neste estudo (Tabela 12), a adolescente foi questionada se em algum momento da vida quis usar o preservativo com alguém que não o queria. Das 335 que responderam a esta questão, 111 entrevistadas (33,2%) afirmaram que, em algum momento da vida, foram submetidas a esse enfrentamento com o parceiro, no caso, o parceiro não queria fazer o uso da camisinha.

Diante da recusa do parceiro, 79 mulheres (71,2%) efetivaram o contato sexual, enquanto as demais - 32 adolescentes (28,8%) - recusaram o coito. Dentre as que informaram ter tido relação sexual, 27 delas (34,2%) utilizaram o preservativo, mais da metade das adolescentes (60,8%) afirmou que não se protegeu e em quatro casos (5,1%) tiveram contato sexual sem penetração. Uma adolescente se recusou a responder a esta questão.

Outro aspecto abordado neste estudo foi a percepção do risco de contrair a infecção pelo HIV. Neste sentido, as adolescentes foram questionadas acerca de como percebiam esta questão em dois momentos distintos da vida: ao engravidar (Tabela 13) e atualmente (Tabela 14).

Variáveis n %

Querer o uso do preservativo com parceiro que não o quer (n=335*)

Sim 111 33,2

Não 224 66,8

Teve relação sexual? (n=111)

Sim 79 71,2

Não 32 28,8

A relação sexual ocorreu de fato? (n=79)

Com a utilização do preservativo 27 34,2

Sem a utilização do preservativo 48 60,8

(52)

Tabela 13 - Percepção do risco de adquirir o HIV ao engravidar pelas adolescentes grávidas no Distrito Federal, Brasil – 2009

Nesta casuística, 33,3%, ou seja, 112 gestantes entrevistadas, entendiam que elas foram submetidas ao risco de se infectar com o HIV ao engravidar. As demais gestantes não assinalaram risco (66,7%).

A justificativa para se considerar em risco de contaminação com o HIV foi a de não ter utilizado o preservativo, com predominância de 39,3% dos relatos. Vinte e uma adolescentes (18,7%) acreditavam que todas as pessoas corriam esse risco, 11 delas (10,0%) desconfiavam do parceiro e sete (6,2%), por desconhecerem o perfil viral do companheiro. Outros motivos relacionados por três adolescentes (2,7%) envolviam o rompimento da camisinha. Duas entrevistadas (1,8%) informaram que o parceiro nunca foi submetido ao teste anti-HIV, duas participantes (1,8%) registraram múltiplos parceiros, cinco delas (4,4%) sabiam que a doença pelo HIV era de fácil contaminação e 17 entrevistadas (15,1%) não souberam explicar os motivos (Tabela 13).

Duzentos e vinte e quatro adolescentes (66,7%) acreditavam que não correram qualquer risco de se contaminar com o HIV. Cem entrevistadas (44,6%) justificaram que confiavam no parceiro, 23 casos (10,2%) relataram que o parceiro era saudável, 14 delas possuíam parceiro fixo (6,2%), 13 (6,0%) foram testadas para

Variáveis n %

Acredita que ao engravidar você correu o risco de adquirir o HIV?

Sim 112 33,3

Não 224 66,7

Motivos para se considerar em risco (n=112)

Não utilizou preservativo 44 39,3

Todos correm riscos 21 18,7

Desconfiança no parceiro 11 10,0

Não sabia se o parceiro tem o vírus 07 6,2

Fácil contaminação 05 4,4

Preservativo rompeu 03 2,7

Parceiro nunca fez o teste anti-HIV 02 1,8

Múltiplos parceiros 02 1,8

Não sabe 17 15,1

Motivos para não se considerar em risco (n=224)

Confiança no parceiro 100 44,6

Parceiro saudável 23 10,2

Parceiro fixo 14 6,2

Fez o teste 13 6,0

Parceiro não tem o vírus 10 4,4

Usou preservativo 06 2,7

Parceiro doava sangue 04 1,8

Primeira relação sexual de ambos 03 1,3

Outros 09 4,0

(53)

a infecção pelo HIV, 10 delas (4,4%) acreditavam que o parceiro não era portador do vírus HIV. Seis entrevistadas (2,7%) utilizaram preservativos - daí se sentirem seguras quanto a não se contaminar com o vírus HIV. Em quatro casos, o parceiro era doador de sangue (1,8%). Ser a primeira relação sexual de ambos foi citado por três entrevistadas (1,3%) e, quarenta e duas adolescentes (18,8%) não souberam responder a este questionamento (Tabela 13).

A Tabela 13 mostra a percepção atual do risco de se contrair a infecção pelo HIV.

Tabela 14 - Percepção atual do risco de adquirir o HIV pelas adolescentes grávidas residentes no Distrito Federal, Brasil - 2009

Ressalta-se que, da totalidade dos casos estudados, 25,0% das mulheres adolescentes entrevistadas se consideram em risco para contrair a infecção pelo HIV (Tabela 14). Deste total de adolescentes, 28 (33,3%) alegaram que todas as pessoas corriam riscos. Em 18 entrevistadas, os relatos do risco estavam associados (21,4%) à desconfiança do parceiro, 18 delas (21,4%) por não utilizarem camisinha na totalidade das relações sexuais e quatro (4,8%) acreditavam que o HIV era de fácil contaminação. O desconhecimento do perfil viral do parceiro foi descrito por cinco entrevistadas (3,6%). O fato de não possuírem parceiro fixo (2,4%) foi tido

Variáveis n %

Considera-se em risco de adquirir atualmente o HIV?

Sim 84 25,0

Não 252 75,0

Motivos para se considerarem em risco (n=84)

Todos correm risco 28 33,3

Desconfiança no parceiro 18 21,4

Não usa preservativo sempre 18 21,4

Fácil contaminação 04 4,8

Não sabe se o parceiro tem o vírus 03 3,6

Sem parceiro fixo 02 2,4

Não sabe 11 13,1

Motivos para não se considerarem em risco (n=252)

Confiança no parceiro 69 27,4

Parceiro fixo 64 25,4

Parceiro saudável 16 6,4

Fez o teste 11 4,4

Sempre usa preservativo 09 3,6

Sem parceiro 05 1,9

Difícil adquirir o vírus 05 1,9

Parceiro não tem o vírus 02 0,8

(54)

como agravante do risco de aquisição da infecção pelo HIV (2,4%). Onze participantes não responderam à questão.

Cabe ressaltar que a maior parte das entrevistadas não se percebeu em risco de contaminação pelo HIV. As explicações para a “suposta proteção” englobaram a confiança no parceiro - 69 entrevistadas (27,4%) - ter parceiro fixo - 64 das mulheres (25,4%), o parceiro se encontrava saudável - 16 citações (6,4%), ter realizado o teste anti-HIV - 11 entrevistadas (4,4%) e sempre utilizar preservativo com 09 registros (3,6%). Também, entre aquelas gestantes que não perceberam o risco de se infectar com o HIV, o fato de não possuir parceiro no momento foi referido por cinco pessoas (1,9%). Outras cinco adolescentes (1,9%) acreditavam que era difícil adquirir o HIV. Duas, por sua vez, imaginavam que o parceiro se encontrava sem o vírus, o que as levou a acreditar que não correram riscos. Setenta e uma adolescentes (28,2%) não souberam quais os motivos relacionados à suposta proteção ao vírus (Tabela 14).

A distribuição das adolescentes segundo a percepção do risco de adquirir o HIV ao engravidar encontra-se representada nas Tabelas 15 e 16.

Tabela 15 – Distribuição dos participantes segundo a percepção de risco para adquirir o HIV ao engravidar, Distrito Federal, Brasil - 2009

Variáveis

Você acha que ao engravidar correu o risco de adquirir o

HIV? Valor

de p*

Total n Sim n (%) Não n (%) Idade (anos)

13 a 17 55 (35,0) 102 (65,0)

0,288

157

18 a 19 53 (29,6) 126 (70,4) 179

Estado Civil

Solteira 50 (37,9) 82 (62,1)

0,080

132 Casada/união

Consensuada

58 (28,7) 144 (71,3) 202

Escolaridade (anos)

Zero a sete 44 (37,0) 75 (63,0) 0,160 119

≥ oito 64 (29,5) 153 (70,5) 217

Religião

Católica 57 (32,0) 121 (68,0) 0,565 101

Evangélica 29 (28,7) 72 (71,3) 178

Coabitação

Pai/Mãe/Pais 44 (37,9) 72 (62,1) 0,111 116

Parceiro/marido 56 (29,2) 136 (70,8) 192

(55)

Na análise da percepção de risco ou não da infecção HIV da adolescente ao engravidar (tabela 15), verificou-se que aquelas entrevistadas pertencentes ao grupo etário de 13 a 17 anos, perceberam mais risco de adquirir o vírus HIV (35,0%) do que aquelas na faixa de idade de 18 e 19 anos (29,6%), entretanto, não houve associação estatística significativa (p=0,288). Na análise da percepção de risco ou não de infecção pelo HIV da adolescente ao engravidar (Tabela 15), verificou-se que, embora as participantes solteiras (37,9%) estejam mais cientes do risco de contaminação com o HIV do que as casadas ou em união consensuada (p=0,080).

Na comparação dos dados referentes à escolaridade, as adolescentes com até sete anos de estudo perceberam mais o risco de adquirir a infecção pelo HIV (37,0%), sem, todavia, haver associação significativa (p=0,160).

Quanto ao efeito do pertencimento religioso, apesar de ter sido observado uma porcentagem maior de entrevistadas católicas com percepção de risco (32,0%), se comparadas às evangélicas (28,7%), essa associação não foi estatisticamente significativa (p=0,565).

Imagem

Figura 1 – Mapa do Distrito Federal do Brasil (66).
Tabela  1  -  Distribuição  dos  nascidos  vivos,  população  adolescente,  amostra e fração de amostragem por regional de residência e Unidade de  Saúde, em mulheres entre 10 e 19 anos, no ano de 2005, Distrito Federal,  Brasil – 2005   Local de residênci
Tabela  2  –  Distribuição  das  adolescentes  grávidas  segundo  características  sociodemográficas, Distrito Federal, Brasil – 2009
Tabela  3  –  Distribuição  das  adolescentes  grávidas  segundo  religião  e  cor/raça,  Distrito Federal, Brasil - 2009
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