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A ACUMULAQAO DO CAPITAL NO BRASIL:~ EXPANSAO E CRISE

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Academic year: 2019

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UNIVERSIDADE TECNICA DE LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA

A ACUMULAQAO DO

CAPITAL NO BRASIL:

~

EXPANSAO E CRISE

VOL II

Nelson Rosas Ribeiro

(2)

i

I N D I C E

VOLUME

Afrr-adec 1 mentos • • • • • . . . • . • • • • • • • . • . • • . • . • . i i

I nd ice . . . . iv

At.I"eviatUl'as 8 s!n,bo los . • • • • . . • • • • • • • • . . • • . . • • • • • • • • • • • • • viii

I n tr-od u ~~ o . . . • . . x i

2

1.1 - Esboco Histbrico da Industrializa~~o . • • • . • • . . . 3

1. 1.1 As premissas rta industrializa~~o e as primeiras

empr-esas.. . . . • . . • . . . • . • . . 6

1.1.1.1- A forma~~o do mercado de Fnr~a de Trabalho •.•••. 11

1 "' < r )

~ .. ..[_ .. ..L-.£..- As condi~B~s para a acumula~~o do Gapitai • . . • • • . l7

1.1.1.3- As primeiras empresas . . . • • • • . . . • • • • • • • . • • . • • • . 21

1.1.2 - Os grandes impulsos da industr-ializa~ao: as duas gu2rras mundiais e a crise de 1929 • • • • • • • • • . . • . . 32

1. 1. 2.1 A primeira guerra mundial . • • • . • . . • . • • . • • . . • . • • • . 33

1.1.2.2- A crise de 1929-1933 e a crise do cat~ •.•.•.•.•• 36

1 . 1 . 2 . 3 - A segunda guerra mundial • • • . . . . • . • . . • • • • • • . • . • • • 45

1.1.3 -A industrializa~~o no pbs-guerra • • . . . . • . . . • . . . 51

1.1.4 -A industrializap~o no dec~nio 1955-1964 . . . • 59

1.1.4.1 - 0 governo de Juscelino Kubitschek .•••••..•••..•• 61

1.1.4.2 - 0 governo Joao Goulart. • . . • . • . • . • • . • . • • • . • • • • . . . 71

1_2 - A transforma~~o da economia agr~ria em agr~rio

-i n d u s t r -i a l . . . 75

1. 2.1 - A forma~ao e o desenvolvimento do mercado

inter-no .••••••••..•.••..••••••••.••••••••••••••• 76

(3)

- A gubst!tuiQ~o das importa~~es e a

.:;,;, ·:~,

/ ~--· ,..r":·.\. , \

I ti. I " ' 1

- ('?,:t,i/ '

• ··~." ~·I

internacior(a'j ··...,~/

·,./01-· ,.·

liza~ao do processo produtivo . . . • . . 92

1.3 -A concentra~ao da Produ~~o e do Capital . . . • . . 131

1. 3. 1 - A concentra~ao da produ~ao industrial e da

for~a de trabalho . . . • . . 131

1.3.2 -A importancia dos grandes grupos monopolistas •.• 148

1 . 3 . 2 . 1 - Os ramos monopolizados • • • • • . • • • . . . • . . . • • . . 150

1.3.2.2 As maiores empresas- Estudo de uma amostra ..•.• 156

1. 3. 3 - Os bancos eo capital financeiro • • . • • . . • . . . • . • . . 162

L3.4 - 0 papel do capital estrangeiro . . . . • . . . • . . 166

1.3.5 -A ac~ao do Estado e a infla~ao •••••....•..••.•.• 180

1.4 - Conclus~o da Parte ! . . . 191

PARTE II - AS CRISES NO CAPITALISMO - Uma visAo marxista. 203

A crise e a t~oria ..••.•••..••••.••.•..•..••••.• 204

2.1.1 -As interpreta~6es tebricas da crise ••••••....••• 204

2.1. 2 - Os erros das an~lises ••••••.•..••••.•.•...•..•.. 218

2.1.3 -As causas dos erros da teoria •••••••••.••••••••• 225

2 . 1 . 3 . 1 - A (im)possibilidade da crise Retro!:>pP-ctiva

histbrica . . . • . • • . . • . . . • • • • • • • • • • • • . • • • . • 220

2.1.3.2- Do conceito de "crise" ao de ciclo econbmico ••.. 229

2.1.3.3- 0 pbs-crise dos 30 e a procura do controlo do

c i c 1 0 . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 233

2.1.3.4- A supressao etimolbgica da crise •••••.•••••.••.• 237

2.1.3.5 -A polltica anti-clclica pbs-keynesiana e o

desa-parecimento do ciclo •••••••••••••••••••••••••••• 238

2.1.3.6 - Da ilusao do capitalismo pbs-clclico as

limita-~6es da teoria • . . . • . . . . • • • • . • • . . . . • . · ••.. 247

(4)

2.1.4.1- A teoria do ciclo e Marx •.••....•.••...•••.•••• , Qijl

2.1.4.2- 0 pre9o da omiss~o... . . . 258

2.2

2.2.1

A crise, urn fenbmeno posslvel . . . . 261

-A mercadoria e o germe da crise . . . 263

2.2.1.1- Urn modelo teOrico abstracto . . . 264

2.2.1.2- 0 movimento das mercadorias e as equa~aes de

valor . • . . . • . • • • • • • . . • • . • . . • . . . • . . . • . . . • • • 267

- 0 suraimento da possibilidade das crises . . . 278

2.2.3 - 0 desenvolvimento da possibiiidade das c1·ises . . . 280

2.2.3.1 -A circula9~o M-D-M e a primeira forma d& crise .. 281

2.2.3.2 A segunda forma da crise . • • . • • . . . • . . . • . . 286

2:.3 - A crise, um fen6meno necess~rio . • . . . • . . . 291

2.3.1

2.3.2

2.3.3

2.3.4

- 0 Dinheiro como meio de circulaptlo na

circula-ptlo capitalista de mercadorias . . . • . . . • . . . 293

0 Dinheiro como meio de pagamento na

circula-9~o capitalista de mercadorias . . • . . . 300

-A circulap~o D-M-D" e as formas da crise . . . • . . . . 303

- 0 capitalismo E a necessidade das crises • . • . . • . . 334

2.4 -A crise clclica de sobreprodu~tlo - lei

econbmi-ca do econbmi-capitalismo •••....••••••••.••••..••••••.•. 352

2.4.1 A causa da crise . . • . • • • • • • . • . . • • . . • • . . • . • . . . 353

2.4.2 - 0 car~cter ci c 1 i co das crises... . . . • • • . . . 378

(5)

VOLUI1E I l

PARTE I I I -- ~- C~_l S_E J;;CONQ_f1 I CA NO BI~A~_!_~!. - Os a nos 60. • • • . . 400

3. i 3. 1. 1 3.1.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 Da formac3o das cnndicBes necessArias A mani-festac~o da crise . . • . . . • . • . . • . . • . . • • • 401

-A passagem da possibilidade ~ neccssidade •.••••• 403 - A marcha para a cr1se . . . • . • • • . . . • • • • . • . • . . • • • • • • 418

-As caracter!sticas do ciclo econbmico . . . • . 450

- Propostas de periodiza~~o • . • . . . • • • • . • . . • • • • 451

- A fase de crise/depress~o • . • • . . . • . • • . • 469

-A reanimac~o . • . . . • • . . • . • . . . • . . . • • • . • • • • • • • • • 531

3.3 - 0 "milagre econbmico" • . • • • • • . . . . • • • . • . • . • . • . . • • • 560

3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.4, - 0 auge do ciclo •..••..••...•••••.•••••••••••••.• 561

- 0 fim do "milagre" -entrada em novo ciclo •.•••• 566 -A continua~~o do movimento clclico . • • . . • . . • • • • • • 571

- S5ntese e conclus6es da Parte I I I • • . . . . • . . · . • . • . . 575

CONSIDERACOES FINAlS . . . • . 584

NOT AS Pa:r-te I. , . . . . • • . . . • . -... - . • . . . • • . . . . • . . • = = 591

Parte I I . . . . • • • • • • • • . • • • • • • • . • • • • • • • • • • • • • • 623

Parte I I I • • • . • • . • • • • • • • . . . • . . . • • • • • • • • • • • • • 630

(6)

PARTE

I I I

A CRISE ECONOMICA NO BRASIL

Os

anos 60

3.1 - Da

Forma~ao das Coodi~oea Necessariaa

a

Manifesta9ao da Crise

• • • • • • • • • • • • • • •

401

3.2- As Caractar!sticas do Cic1o Economico ••••••••••••

450

3.3-0 "Mi1agre Ecooomico" ••••••••••••••••••••••••••••

560

(7)

3.1 - Da formac;o das coodic8es oecess~rias

i

manifestac~o

da crise.

C ····~

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•I (•1! -; ,.:

0 estudo teorico efectuado em 2.2 levou-nos a

des-tacar os elementos que tornavam o fenomeno da crise ciclica

possivel.

Vimos entao que tais elementos so podiam se

encon-trar no Modo de Prcdugao Capitalists e que a passagem da po~

sibilidade

a

necessidade da crise so se daria quando 0 nivel

de desenvolvimento das forgas produtiv-as atingisse W1l gn:au C!,

paz de provocar o agugamento da contradigao fundamental do

sistema e das suas formas de manifestagao (2.3, 2.4).

Foi essa a razao que nos lev.ou ao estudo emp{rico

da economia brasileira e a concentrar nossa atengao na indU£!

trializagao, por ser esta o factor determinants da dinamica

do capitalismo.

0 caracter retardatario da integragao do Brasil na

economia mundial fez com que 0 processo economico tivesse ini

cialmente determinagao externa. Nestas circunstancias qual

-quer variagao dos ritmos de crescimento da economia do pa!s

DaO passava de ressacas provocadas pelas flutuag8es da 8COD£

mia mundial.

A base interna para a CTise so se vai gerando

a

m~

dida que a produgao fabril capitalists se instala e se

(8)

pas-sam pouco a pouco a deixar de ser meros reflexes dos movimea

tos externos e vao se dando corn base no agugamento das contr~

digoes da acumulagao capitalista interna. Pouco a pouco o p~

pel das contradigoes internas cresce e ern determinada altura

elas adquirem urn significado decisive. A crise passa a expri

,..

mir, cada vez menos, a sobreprodugao externa e caua vez mais

a sobreproaugao da propria industria (Mendelson, 1959, p.l47)

A

analise emp{rica feita na Parte

I

mostrou-nos que

a partir dO in{~io QO se~lllO R~tUal 8: rnaiS partiCUlarmente,

depois da Primeira Guerra Mundial a produgao fabril no pa{s

havia atingido urn consideravel grau de deseowolvimento o que

nos permite falar da existeocia dos elementos necessaries que

coostituem as coouigoes de possibilidade do fenomeno das cri

ses.

Mas, embora possamos falar da existencia das formas

da crise que, como vimos no Parte

II

1

estao relaciooadas com

as fungoes

ao

dioheiro, o fenomeno da sobreprodugao general!

zaaa oao pode ocorrer. 0 pa{s ainda possui grandes espagos

economicos a serem ocupados pelo capital, quer seja ao n{vel

,..

,

,..

dugao de bens de consume industriais e agr~colas. Sao espagos

que constituem reservas do capitalismo e sao preenchidos de

, . ,..

fora, atraves das ~mportagoes.

No entaoto, a produgao fabril capitalista ioterna

ja tern um tal grau de desenvolvimento que entra em choque

a-traves do comercio internacional com os outros centres indu~

triais mais avangados.

E

por isso que a Primeira Guerra

Mun-dial e a Crise de 1929, alem dos efeitos negatives de arrasta

mento da economia do pa{s (crise refletida), tem efeitos posi

tivos, estimulando a produgao interna a ocupar os espa<;os dei

(9)

dial, ao reduzir a pressao externa, contribui para interior!

zar cada vez mais a produg~o fabril, desenvolver as forgas

produtivas e dessa forma ampliar a base interna para a crise.

3.1.1 - A passagem da possibilidade

a

necessidade.

Uma vez observada a existencia das formas da crise

j~ nas duas primeiras d~cadas do s~culo actual, afim de

ana-lisarmos o desenvolvimento da necessidade do fenomeno,

deve-mos deslocar a observagao para o seu conteudo: o crescimento

da produgao capitalista de mercadorias, a ampliagao dos mer~

cauos (de mercadorias e de fo~ga de trabalho) e o aumento das

contradig5es ao M.P.G.

Acompanhamos a evolugao do aurnento da produgao

ca-pitalista de mercadorias, nao apenas na parte historica

(1.1), mas tamb~m em l. 2, ao estudarmos a formagao

do mercado interno (1.2.1) e a internalizagao do processo pr£

- dutivo (1.2.2).

Vimos entao como a produgao interna, particularmeQ

te a partir da Segunda Guerra Mundial, alcangou urn considera

Vel grau de desenvolvimento e OS varios sectores e ramos

fo-ram sendo progressivamente interiorizados. 0 mercado interno

foi-se integrando e as relag5es de trabalho assalariado

fo-ram-se generalizando. Ampliou-se desse modo o numero de consu

""

mi~ores, quer de bens de consume, quer de meics de produ~ao.

Mas, tamoem observ;mos como as contradig5es do si2

tema foram aumentando de intensidade. Particularmente _em 1. 3,

verificamos, atraves das suas ftormas de manifestagao, ~omo a

contradigao fundamental do sistema se agravou.

(10)

processo de industrializagao, observou-se muito cedo a exace~

bagao da apropriagao privada capitalista, na concentragao ra

pida d& produgao e do capital ( l. 3) 0 que a.eu oril_2;em

a

formagao precoce de monopolies e oligarquias monopolistas. Si

multaneamente aeu-se o aumento do processo de socializ.agao da

produgao, quer com o aumento aa divisao social do trabalho e

a ocupagao dos espagos geograficos do pals pelo capital, quer

com o aumen~o da divisao t~cnica do trabalho dentro das grag

des empresas que entao se c:oostituiram.

0 processo de concentragao e centralizagao do capi

tal dando-se simultaneamente com a concentragao da forga de

trabalho foi, no caso do Brasil, duplamente desfavoravel

pa-ra OS assalariados. Devido

a

explosao demografica, 0

proces-SO deu-se sob forte pressao da oferta, facto agravado pela e2_

·trutura da propriedade fundiaria e peles migragoes em

dire-"'

gao aos centros urbanos. Por outro lado, do pooto de vista da

procura, os investimentos foram feitos utilizanuo tecnologias

poupadoras de trabalho.

Nessas condigoes, as contradigoes do sistema tend~

riam naturalmente a agugarem-se com muita rapidez criando-se

assim, as condigoes necessaries para a explosao da

cri-se de sobreprodugao. Escri-se agugamento premature nao poderia,

porem,levar

a

sobreprodugao generalizada antes que fossem es

gotadas todas as reservas pre-existentes. Poderiam ocorrer a

penas crises sectoriais e efectivamente ocorreram. Veja-se

.,

por exemplo as crises do sector textil

(N-).1.1-a)j.

Enquan-to nao fossem instalados, senao Enquan-todos, pelo menos a grande

maioria dos sectores e ramos industriais, enquanto o parque

industrial interno nao tivesse capacidade e integragao

sufi-ciente para efectuar a sua reprodugao alargada fundamentalmeu

~" I l

(11)

nao se tornaria urn fenomeno real.

E

por isso que nao tern sentido falar-se em ciclo

economico antes de serem criadas tais condigoes, facto que

so se deu na decada de 60.

Nao se pode considerar qualquer movimento da econo

mia como crise ciclica de sobreprodugao. Infelizmente, a grag

de confusao teorica que se criou, sabre esse assunto, tern si

do de tal ordem que aificulta a observagao do investigador.

Esta conf'usao nao e apenas em relagao ao conceito de "crise"

mas tambem em relagao ao conceito "ciclo" que tern sido usado

para definir qualquer variagau da actividade economica. No

caso do Brasil sao conhecidos OS chamados Ciclo do agucar,

Ciclo do ouro, Ciclo do cafe, Ciclo da borracha, etc. Todos

eases "ciclos" representaram apenas per{odos nos quais as cog

,

junturas da economia mundial levaram a que florescesse no pa1s

empreendimentos que se destinavam

a

exploragao de tais

produ-tos e que entraram em decadencia, uma vez cessado o estimulo

externo que os gerou.

Em per{odos mais recentes, o termo "ciclo" tern

si-do tamb9m. usado para referir as oscilagoes da economia ocor-,..

ridas como reflexos das crises mundiais (N- 3.1.1-b). Tais

movimentos, a rigor, nao deveriam ser confundidos COm OS "ci

clos economicos". Alias, o comportamento da economia brasilei

ra, ao recuperar-se nest as ocasioes mais rapidamente do que a ~·:

conomia mundial,demonstrou que essas crises nao eram de sobr~

produga~pois tiveram como resposta o crescimento da

produ-gao interna que passava progressivamente a ocupar os espagos

economicos deixados livres pela redugao das importagoes.

As evidencias emp{ricas que demonstram como a

ocu-pagao desses espagos termioou no in{cio da decada de 60

ja

(12)

priocipalmeo-te em 1.2. e.(l.J)

Elas permi tiram-nos 'conc1uir que, naquela ocasiao,

no sector agricola, particularmente nas culturas fundamentais,

estavam liquidadas as relagoes de produgao pre-capitalistas e

que este sector conseguia responder satisfatoriamente ao

au-mente da procura urbana. Permitiu-uos concluir tambem que a

produgao interna, quer de produtos industriais, quer de

pro-dutos agr{colas era capaz de satisfazer a procura solvente e

portanto, o pa{s podia efectuar sua reproducao amnliada em

bases nacionais.

Ha

varios autores que observaram esse processo e o

referiram em seus trabalhos.

Serra, por exsmplo, ao analisar o periodo imediat~

mente anterior aos anos 60 afirma:

"0 desenvolvimento da produgao de bens de capital

no per{odo em questao, acompanhado. de uma expansao signific~

tiva da produgao de insumos basicos destinados a este setor

ou ao de duraveis de consume, sem duvida provocou uma relati

va endogeceizacao da dinamica ciclica da economia brasileira,

de bens de capital

internali-za os mecanismos de aceleragao ~ desaceleragao que se

associ-am aos movimencos c{clicos". (Serra, 1978, p. 29)

Mais adiante o mesmo autor lamenta:

"Essa endogeneizacao, no entanto, nao foi completa,

porquanto, como vimos, parte substancial dos bens de capital

ofertados continuava provindo de importagoes". (Idem, p. 29).

Conceigao Tavares faz uma analise mais detalhada

do processo. A fase de implantagao do sector industrial

e

situada em periodos anteriores a 1930.

"Se por industrializagao, entendemos a implantagao

,

(13)

de urn setor ~e produ9ao industrial, este surge muito antes de

1930 e nao como resposta 8 uma crise uo setor externo, mas

sim num auge do caf~, como o prolongamento e diversifica9;0

do capital cafeeiro." (Tavarest 1974, p. 115).

A fase de passagem da submissao formal

a

submissao

real do trabalho ao capital, durante a qual rela9oes de prod~

9ao capitalistas foram liquidadas, que ela intitula de "con§.

titui9ao de for9as produtivas especificamente capitalistas",

situa-a como tendo sido iniciada em 1933/37, prolongando-se

ate depois dos anos 50.

"Se, ao contrario, tomarmos este conceito como o de

"constitui9ao de for9as produtivas especificameote

capita.lis-tas" (o conceito e industrializa9ao), isto e, capazes de afi

an9ar a dominancia do capit;al industrial no processo global

de acumula9ao, tern de esperar-se ate a decada de 1950 para

que isto se verifique mediante a entrada decisiva do Estado

e das empresas internacionais. (Tavares, 1974, p. 115).

Concei9ao Tavares considera que o per{odo de substi

tui9ao de importa9oes se deu entre 1930 e 1950.

"Este per{odo desde a crise ate come9os da decada

de 1950, seria 0 unico que poderia merecer com certa propri~

dade a designa9ao de "substitui9ao de imporl:ia9oes" dado que,

a partir de uma capacidade para importar que diminui em

ter.~-mos absolutes, se conseguiu promover um intenso crescimento

Critica ·

i a utilizagao do conceito de

substitui-fW f'W , , , I

gao de importagoes,para a1em desse per1odo ( .fa-1o icorrect~

mente), e intitula a industrializagao Gomo "industxializagao

restringida". (Idem, p. 118)

(14)

acurnu-lagao, o processo, ate

1955,8

limitado.

"Neste per:lodo de industrializagao, pela primeira

vez na historia da economia brasileira se combinam dois fat£

res contraditorios, que permitem identificar uma nova dinarni

• • , f'V

ca de crescimento. 0 pr1me1ro e que o processo de expansao

industrial comanda o rnovimento de acumulagao de capital, em ,

que o segmento urbano da renda e o deterrninante principal das

condigoes de demands efetiva, vale dizer da realizagao dos

lucros. 0 segundo, resulta de que o desenvolvimento das

for-gas produtivas e os suportes internes da acurnulagao urbana

sao insuficientes para ~.mplantar a grande industria de base

necessaria ao crescimento da capacidade produtiva adiante da

propria demanda. Assim, a estrutura tecnica e financeira do

capital, continua dando os limites endogenos de sua propria

reproducao ampliada, d.ificultando a "auto-deterrninagao" do

processo de desenvolvimento". (Tavares,

1974,

p.ll8)

(*).

A autora no entanto,charna a atengao para o

proces-so de endogeneizagao do procesproces-so produtivo:

, rv , ,

"0 importante porem, nao e o carater substitutive

- ,.

da prouugao industrial, que permite atender inicialrnente a

uma demanda cativa, e desde a{ expandir-se. 0 ponto central

e de que este incremento de produgao permite, pela primeira

vez na historia da industria, reproduzir conjuntamente a

for-ca de trabalho, e parte do for-capital constante industrial, num

movimento endogeoo de acumulacao. (Tavares,

1974,

p.

120).

Desenvolvendo a sua tese, Conceigao Tavares demon~

tra que as reservas de mercado preexistentes se esgotam por

volta dos anos

1956/57

(pag.

133)

e finalrnente, que na

dec:a-da de

60:

"A economia brasileira, depois que seu processo de

(15)

acumulagao passou a estar oasicamente determinado

endogenamen-te pela expansao e diversificagao do setor industrial, vale

dizer alcangada determinada dimensao dos setores produtores

de bens de producao e de consume uuravel, esta su,jeita a

ci-clos de expansao e a problemas de realizacao que podem ou

nao se desenvolver. numa crisep como em qualquer economia

capi-talista.

(*)

(Tavares, 1974, p.l37).

Aqui esta o reconhecimen~o

aa

marcha ua acumulagao

para a sua fase ciclica.

t

lamentavel, por~m, a concepgao de

ciclo que esta subjacente a estas afirmag5es e que as tornam

limitadas. Nao sao "ciclos de expansao" e "problemas de

rea-lizagao" mais sim o fenomeno da crise ciclica de

sobreprodu-gao e, portanto, a afirmag~o deveria ser corrigida na sua pa~

,...

te final substituindo-se o ·~odem ou nao se desenvolver" por

11Certamente se desenvolverao!! e eo uao ~l:ltaria certo dizer

0

"como em qua1quer economia capitalista~ Infelizmente

C.Tava-. res nao pode ver isto, por limitagoes de ordem cient{fica '

pois ainda esta dominada pela ilusao do "capitalismo post-c{

clico. "

Um outro autor, A. C. Sochaczewski, no

i

seu trabalho

sobre o per{odo 1952/68, ao analisar o processo de substitui

"' ,.. ,

gao de importagoes, tambem observa o esgotamento das reservas

de mercado no in{cio dos anos 60:

"The capacity installed in the early 1960's was

sufficient to supply the pre-existing market and its //

current expansion in the following years with no pressure

upon production." (Sochaczewski, 1981, pp.234/235)

Muitas outras evidencias qualitativas poderiam ser

acrescentadas para reforgar a conc1usao de que, no in{cio

(16)

dos anos 60 a acumulagao do capital no Brasil havia atingido

a sua maturidade e a economia preparava-se para a crise geral.

0 caminho seguido, como

ja

pudemos observar,teve

muitas particularidades. Se tivessemos seguido o processo cla~

sico da acumulagao a crise geral ae sobreprodugao deveria ter

si~o precedida por uma sucessao de crises parciais, ~ medida

em que o capital fossa ocupando os espagos dispon!veis,

sec-tor a secsec-tor.

I'"

provocado superprodugac

faria a taxa ae lucre cair nestes sectores e os capitais se

transferirern para outras actividades. A sobreprodugao

provo-caria tarnbem o aumento da concorrencia entre as ernpresas do

sector o~e leveria

a

falencias aos mais fracos e ao

est!mu-lo a novos investimentos dos mais fortes que, por sua vez,f~

riam encomendas de maquinas e equipamentos ao sector I,prod~

I'"

tor de meios de produgao, est1rnulando-o.

Essa renovagao do capital fixo das empresas

marca-ria, ao mesmo tempo o r{tmo para o novo movirnento c{clico que

iria pouco a pouco arrastando e sincronizando os damais ramos

e sectores. 0 processo iria assim, caminha.mio po.ra a sobreprQ.

dugao geral, como ocorreu no pa{s modelo do capitalismo, a I~

glaterra.

0 . caso brasileiro nao podia deixar de diferir do

modelo original, diante das caracter!sticas particulares de

que ele se reveste.

Em primeiro lugar as dificuldades para importar co~

tribuiram para criar urn grau urn tanto excessive de protegao

as industrias locais.

economia

Em segundo lugar o elevado grau de rnonopolizagao da

(17)

as empresas concorrentes reduzindo as falencias e dificultan

do o saneamento da economia.

Em terceiro lugar a existencia de urn abundante exer

cito industrial de reserva, exercendo uma constante pressao

para baixo nos salaries, nao criou incentives

a

introdugao

ae novas tecnologias poupadoras de trabalho.

Como consequencia foi possivel garantir uma

razca-vel taxa de lucro mesmo operanuo em condigoes de baixa prod~

tividade, . ~

.

.

o que provocou uma Sltuagao de certo atraso cron1co

em alguns ramos do chamado sector tradicional (industria de

alimentos e de bens ue consumo nao d.tuaveis). Mais uma vez a

industria textil serve de exemplo.

Em quarto lugar, essa relativa "estagnagao", por

seu lado, repercutiu-se no sector produtor de meios de prod~

gao, nao ~ontribuindo para a sua dinamizagao, diante do "bai

xo" volume de encomendas e, por isso, exercendo urn papel

de-sacelerador no seu desenvolvimeoto.

Tudo isso torna-se muito significative se

lembrar-mos uma outra circunstancia envolvente de todo o processo: a

ina.ustrializagao nao lieve de enfrentar 0 desaiio da descober

ta de novas tecnicas e da criagao de novos equipamentos. Por

ter sido atrasada, ela

ja

encontrou disponiveis, no mercado

mundial, todos os recursos tecnicos e os equipamentos de que

necessitava.

E

claro que existiam tambem os interesses dos

grandes monopolios e dos pa{ses mais avangados. Esse facto

apenas fez com que as decisoes se deslocassem do campo

pura-mente economico para a esfera politica 0 que ampliou ! , a

re-percussao e a importancia da politica economica no caminho e£

tao seguido.

(18)

412

la pol!tica economica contribuiu e continua a contribuir

pa-ra fortalecer a ilus~o subjectivists de que ela determina o

,

.

'"'

processo econom1co. ~squecem-se os economistas de que ela

a-penas pode moaificar a acgio das leis economicas dentro de

,.. ,

certos limites, mas nao revoga-las. . ,

~m quinlJo lugar na que a.estacar urn 1'acto que demon§!_

tra a afirmagao anterior. Todos os elementos que retardavarn

o avango do processo de acumulagao do capital e adiavam sua

ent..,..RdR nfl f':::~s~=> rlfl sobr.eproduQao geral recebem urn duro golpe

prod.uto da pol!tica economica: o Plano de :£11.etas. Este foi o

acontecimento que permitiu a economia dar o ~ltimo passe em

direcgao

a

crise.

. , ,

Com efeito, Ja demonstramos que, por si so, a

pro-dugao fabril, ao criar a possibilidade do aumento

aa

produgao

em grande escala e por saltos, gera as premissas para a

cri-se. 0 Plano de Metas veio inteocionalmente preencher, no fuu

,

.

.

dameotal, os espagos econom1cos a1oda vagos e o volume dos

iovestimentos proporcionou a instalagao, em grande escala,de

capital fixe. nas novas empresas eotao criadas.

cum curto espago de tempo, por urn lade, e par outre criou com

Urn ootavel sincrooismo, uma salida base material para a

Cri-se. Nessas circunstaocias era de se prever que, quando os iU

,

,..

,

vestimeotos completassem o seu per1odo de maturagao, o pa1s

eotraria na fase de crise e fa-lo-!a pela primeira vez em sua

historia. As questoes discut!veis restringiam-se apenas ao

memento em que isso ocorreria e quais seriam os ageotes defla

gradores. A existencia do processo em si deveria estar fora

de questao pois ele ocorreria quaisquer que fossem as deci

(19)

413

til a busca do culpado pelo ocorrido pois, 0 unico culpado e

o proprio processo de acumulagao capitalista.

A importancia do Plano de Metas para a complement~

gao do processo de industrializagao do pais foi observada por

, .

var1os autores.

M. Conceigao Tavares, em 1974, ao aualisar o Plano

de Metas afirmava:

"Tanto o tipo de crescimento da capacidade

produti-~; muito na frente da demanda pre-existente; c0~o 0 c~~e~~~

concentrado do bloco de investimentos no tempo, nao se

pare-cern, em nada, com a anterior etapa de industrializagao do

a-pes Guerra'i. (Tavares, 1974, p.l3l). ( *)

Alem de observar a diierenga qualitativa em relagao

ao processo anterior ela via a importancia para o progresso

da acurnulagao:

"O "boom" de investimentos do per{odo 1957/61 n~o

se distribui por v~rios setores industrials j~ existentes,r~

,..

presentando ampliagoes marginais da capacidade produtiva

in-dustrial, senao que represents, alem de urn salta tecnologieo,

~ salto na capacidade p~o~utiva existeute, concentrawdo em

tres ou quatro ramos, basicamente materinl de transporte, ru~

terial eletrico e metal-mecanica, de pouco peso relative na

estrutura produtiva anterior, e de elevada complementaridade

inter-industrial. (Tavares, 1974, p. 139).

(*).

A autora observa com justeza o efeito de arrastameQ

to que foi exercido sobre os outros sectores:

"Urn padrao de investimento como o assinalado e sua

introdugao em forma brusca e concentrada no tempo, gera urn P2

deroso efeito acelerador, sobre a renda urbana e a

(20)

de produtiva do setor de bens de capital.Este efeito se ace~

tua pelo alto grau de complementaridade tecnologica dos

pro-jetos de investimentos, com efeitos dinamicos, em

cadeia,so-bre as demandas inter-setoriais dentro do proprio complexo

industrial em expansao. (Tavares, 1974, p.l41).

(*).

Alem disso, Conceigao Tavares ooserva que os inve£

timentos feitos com o Plano de Metas criavam as condigoes p~

ra a sobreacumulagao do capital.

"Assim, durante a implantagao·e expansao inicial da

grande empresa estrangeira terminal, nos novos setores de m~

terial de transporte e eletrico' a .fai:xa. d.as pequenas e med!_

as empresas suosidiarias estendeu-se aceleradamente, arcando

com grande parte dos custos primaries do produto terminado.

A produgao de partes e pegas pelas empresas nacionais, perm~

tiu .as grandes empreEas, que atuam como oligopsonio de compra,

aumenta.r seus lucros extraordinarios durante a etapa .expansi

va, em que

e

muito alto o lucre do monopolio. Verifica-se,

pois, uma tendencia

a

sobreacumulacao e a urn crescimento da

capacidade a urn ritmo superior ao crescimento da demanda.

(Tavares, 1974, p.l45)

(*)

Chama a atengao ainda para factores que levavam

a

instalagao de capacidade ociosa:

"Os novos setores industriais implantados a partir

de 1957 estavam, em geral, superdimensionados para atender

a

, necessa

-rias para operar as novas plantas superavam as dimensoes de

,

mercado, como, sobretudo, porque foram atraJ.das para u~

mes-mo setor de investimentos varias empresas, especialmente fi~

(21)

liais estrangeiras ae distintas procedencias (americanas, e~

ropeias e japonesas principalmente), que disputavam as

opor-tunidades existentes num mercado em expansao, extremamente

protegido e cujos gastos em equipamentos estavam fortemente

su.bsidj_ados." (Tava:res1 1974, p.l47)

Urn outro autor, J.R. Wells, no seu meticuloso

tra-balho sabre a crise dos anos 60, escrito em 1977, tambem

su-blinha a importancia uos investimentos resultantes do Plano

de IVIetas:

"The main cause of rapid economic growth during the

1956 to 1962 was the high level of investment (in both public

and private sectors) linked to the establishment of the

auto-mobile industry7 to the expansion of the capital goods and

basic input sectors and to the development of the necessary

eccnomic infrastructure. Since investment in both the private

and public sectors was closely related to the expansion of

the consumer durables industry, high and rising levels of

investment required and were accompanied by a rapid growth

of private consumption." (Wells, 1977, p.344).

A importancia dos investimentos das empresas

estatais, no mesmo per{odo e destacado por Sochaczewski nos se

-guintes termos:

"In the period 1957/61 investment of these

enterprises increased at an annual real rate (average) of

35%i representing the whole bloc of investments in infra

-structure attached to the Plano de Metas, especially the

large projects in steel, electric power plants and oil

refinaries.

Wd

have already had the opportunity to examine

the outcome of the Plano de Met~s but it is worthwhile to

(22)

surpassed. In 1962 the expansion came to an abrupt halt."

(Sochaczewski, 1981, p. 232).

Carlos Lessa, depois de analisar o Plano de Metas,

sublinha a sua irnportancia nos seguintes terrnos:

/'"

"A conclusao do Plano ue Metas, de certa forma,

coincide com a finalizagao do longo processo de

diversifica-gao industrial atravessado pela economia brasileira no conte~

to do modelo de desenvolvirnento por substituigao de

importa-,..

~oes. ... No perlodc 57/61 o PIB cresccu 7,9% G~ ,.,,..,..,;-.,.,..,~"Pl.. ""' ..., .... Owl .... '""" _, 1 '--''"'

aa no quinquenio precedente. Tal resultado decorreu do esfo£

go concentrado de investimentos na rnontagern de urn sistema ig

dustrial integrado em termos verticais, onde se fizessem pr~

sentes, com peso, setores produ~ores de bens de capital e de

insurnos basicos. Se bern que esta estrutura industrial ainda

apresente algumas desconexoes, o principal foi realizado. Em

termos gualitativos, o Brasil abre a decada dos 60 com urn

perfil indusGrial de economia madura.'' (*) (Lessa, 1983, p.

85).

Lessa observa .. ainda que a criagao de uma "estrut!:!

ra iDUUStrial integradali UiSpUS HaS jJl.'e-l;OthiigOeS £JeCt:SSai'i8S

para a corregao das disparidades" existentes na economia mas

nao as eliminou. "Pelo contrario, a evolugao parece ter

acentuado os desn1veis pre-existentes na economia. Ao manter

a

parte do progresso economico, sob distintos angulos, 0

se-tor primario, as regioes menos desenvolvidas e o segmento m~

joritario da populagao, a evolugao economica acentuou OS de~

n1veis setoriais, regionais e sociais." (Lessa, 1983, p.87).

Mas, Lessa percebeu que a economia chegara a urn im

portante ponto de mudanga qualitativa:

(23)

"Ao abrir-se, por conseguinte, o outro per:lodo, a

economia nacional aefrontar-se-ia com a matura9ao de todas

essas tensoes latentes. Tais desajustes encontraw uma

econo-mia mais diversificada, com processes mais capitalistas de

producao e com importantes setores altamente sens1veis a

in-flexoes no r1tmo de crescimento, portanto, vulneravel a uma

deprassao conjuntural gerada internamente, ao contrario dos

anos do decenio passado."

(*)

(Lessa,

1983,

pp.

90/91)

Resumindo o que foi dito, as evidencias emp:lricas

permitem-nos concluir que, no in:lcio dos anos 60, o processo

de acurnulaQao capitalista, no Brasil, atingiu o ponto de

mu-danQa qualitativa a partir ao qual manifestar-se-ia

inexora-velrnente a crise c:lclica de sobreproduQao.

Varios aucores observaram tal .mudanQa sem no enta~

to dela tirar as conclusoes que se impunham. Faltou-lhes o

I

instrumental teorico adequado para isso. Esta: falta debilitou

as analises e reduziu a capacidade explicativa das conclusoes.

"' / "

Mais dificil ainda se tornou fazer previsoes para a evoluQao

futura.

Para chegar a esse momen~o de viragem da economia

gerado pelas leis objectivas do Modo de ProduQaO Capitallsta,

foi inegavel o papel acelerador desempenhado pela pol:ltica

economica com o Plano de Metas pois, as ac9oes empreendidas

no ambito desse plano contribuiram:

-para acelerar o esgotamento_das "reservas" do C§!,

pitalismo, caracter:lsticas das economias subdesenvolvidas; ,

.

- para preencher os espaQOS econom1cos vagos;

- para instalar rapidamente OS ramos ainda nao exi2

tentes, completando a integraQao do parque industrial do pa:ls;

(24)

- para acelerar a sincroniza9ao do movimento de ro

ta9ao do capital fixe dos diferentes ramos e sectores;

- para que a realiza9ao da reprodu9ao alargada se

desse em bases nacionais.

Uma vez criadas essas condi9oes a crise de sobre

produ9io transformava-se, de urn fen6meno necess~rio, em urn

fen6meno inevitavel, aguardando apenas urn agente deflagrador

para manifestar-se como urn fen6meno real.

3.1.2 -

A marcha para a crise

Embora a fase da crise s6 se tenha deelarado em mea

dos de

1963,

a partir de

1961

a econornia inicia sua leota mar

cha nessa direcgao.

g

facto conhecido que a entrada nesta.fase do ciclo

e

geralmente rapida e explosiva. A lentidao com que o proce~

so se desenvolve, no case brasileiro, constitui urna

particu-laridade.

Apesar de pouco cornum, esse deslizarnento para o

abismo nao

e

de todo inusitado. Ele

e

referido por Mendelson,

·' ~

no seu livre Ja citado, como uma das deforma9oes ocasionadas

no ciclo, pelo capitalismo mooopolista. Mendelson utiliza a

expressao "entrar rastejando oa crise". (Mendelson,

1959,

cap. II).

Era previslvel que essa "entrada rastejante" no ci

clo se verificasse na economia brasileira.

Em primeiro lugar por tratar-se da entrada na

pri-meira crise geral de sobreprodu9ao. Por isso, o processo de

,..

renova9ao do capital fixe, base material da crise, ainda nao

(25)

terior, essa sincronizag~o sofreu a acg~o de forgas contradi

torias sendo, por urn lado, retardada pela existencia das "r~

servas" ou "espagos economicos" e, por outro, acelerada por

medidas de pol{tica economica. Para que se completasse tinha

a necessidade, por maioria de razao, de receber 0 impacto de

uma crise.

Em segundo lugar merecem destaque as

caracter:lsti.-cas proprias das economias subdesenvolvidas e as

especifici-dades do pa{s. Tambem vimos que o avango do processo de indu~

trializag~o, tendo se dado na epoca do capitalismo monopolis

ta, trouxe consigo as peculiaridades desse novo ca?italismo

(as tecnologias, os tipos de industrias, os monopolies, as

multinacionais, etc.). No entanto, n~o foram totalmente

eli-minadas as caracter{sticas socio-economicas de uma economia

subdesenvolvida e algumas foram mesmo exacerbadas, como por

exemplo, as desigualdades entre os sectores, as desigualdades

regionais, etc. A isso juntaram-se ainda as particularidades

do pa:ls como a abundancia de terras e outros recursos natu

-rais, a extens~o geografica, a explosao demografica, etc.

Em terceiro lugar referimos a co~juntura mundial

de expansao economica dentro da qual se desenvolve: a crise.

Se por urn lado ela nos permite uma vis~o clara do caracter

,... . /

interno do processo, por outro ela exerceu uma acgao ant1-c~

clica espontanea favorecendo o aumento das exportagoes (por

exemplo, o est{mulo ao sector de minerag~o).

,

Em quarto lugar convem lembrar os efeitos dos inves

timentos efectuados no contexte do Plano de Metas. Estes

in-vestimentos distribuiram-se num espago de 4 a 5 anos e ·por

, ,...

varios ramos com tempos de maturagao diferentes. Consequent~

mente a entrada em funcionamento das novas empresas distribu

(26)

cado desses investimentos, por outro lado, impunha a sua con

tinuagao mesmo depois de surgirem os primeiros sintomas ~a

crise 0 que tambem exerceu uma acgao anti-ciclica nao progra

mada. (Veja-se o exemplo aas duas grandes siderurgicas

USIMINAS e COSIPA e a rer'inaria Duque de Ca xias que ainda es

tavam em construgao em

1962.

Tambem naquele ano decorriam as

obras de ampliag-ao das re1'inarias Mataripe e Landulfo Alves.

0 efeito provocado por essas obras no sector produtor de Me~

os de Produgao iuvcr~6~ 36 ~c~p:etamente no ano seguinte qua£

do elas terminaram e esses gigantes dos ramos siderurgico e

de derivados do petroleo entraram no mercado com todo o seu

novo potencial produtivo.)

Embora outras razoes ainda pudessem ser apontadas,

estas ja sao suficientes para explicar 0 caracter

"rastejan-te" da entrada da economia brasileira na fase da crise.

A teoria afirma ainda que a entrada na crise deve

ser obrigatoriamente precedida pela exist;ncia potencial do

fenomeno em estado latente. Devera haver .. uma superampliagao

anterior do aparelho produtivo com o·aumento mais que propO£

cional aa capacidade instalad.a, particularmente nos sectores

que foroecem os elementos materiais do capital fixo. Essa

superacumulagao devera provocar o crescimento potencial da

capacidade ociosa e o aumento da formagao dos estoques. A

superprodugao latente podera ter uma duragao maier ou menor

dependendo da complexidade da rede comercial de distribuigao

e do volume e extensao do credito e das instituigoes finance~

ras. (Mendelson,

1959,

cap. II).

Uma vez existindo a sobreprodugao latente, ela

de-, ~

vera obrigatoriamente transformar-se em sobreprodugao real.

Este salto pode ser provocado por urn fenomeno monetario qual

.

,..

(27)

do credito.

Muitas sao as evidencias que dernonstrbrn que, nos

prirneiros anos da decada de 60, a superprodugao latente que

se vinha gerando a parti~ da segunda metade da decada anteri

or, se aproxirnava da sua maturidade.

Fishlow referindo-se ao modelo de substituigao de

importagoes afirma:

"No Brasil$ esse modelo parece ter se realizado ate

as Jltimas consequencias. 0 boom de investimentos substitut!

vos do fim dos anos

50

foi logo seguido de uma desaceleragao

do crescimento no inlcio da decada de 60, com a queda dos iQ

centivos para investir •••• Os ultimos bens substitu{dos uti

lizavam novos insurnos tambem substitu{dos; os investimentos

assi~ correlacionados amplificaram o efeito c.urrn!lativo= A

exisvencia de uma importante capacidade ociosR passou a ser

amplamente reconhecida

a

medida em que declinavam OS lndices

de crescimento; ••• Assim, em

1961

a taxa de crescirnento do

investimento em equipamento (nao se incluindo aqui as

insta-lagoes) ja ueclinara perceptivelmente com relagao aos n1veis

de

1957-1960,

antes mesmo que o~escimento do produto

sere-duzisse." (Fishlow,

1974,

p.

45). (*).

A observagao de Fishlow e compativel com a teoria

que apresentamos. A analise dos investimentos costuma ser fe!

ta, pelos economistas, apenas do ponto de vista do valor e

dos ritmos ou taXC:i.S J.e cresciruento! Isto na6

e

suficiente.Pa

ra que se possa compreender a realidade e precise tambem

le-var em consideragao os Valores de Uso, ou seja, analisar em

que tipo de Meios de Produgao tais investimentos estao a se

,

(28)

materializar.

E

evidente que,

a

medida ern que,(gragas

a

lei da ~

narquia da produgao),se instal8Va capacidade p~odutiva

exce-dentaria o ritrno de crescirnento dos investirnentos ern

equipa-mentes tenderia a decrescer fazendo aurnentar mais

rapidarnen-te a ociosidade do sector produtor de meios de produgao.

Es-te sector, por sua vez,

ja

havia sido instalado sob o impacto

da procura provocada pelo Plano de Metas e, portanto,

super-dimension ado.

E

tambem evidente que, mesrno caindo o ritrno dos irr

,

vestirnentos, o produto tenderia a crescer. Esta e urna caracte

ristica da sobreprodugao pois, uma vez assumida a forma prod~

tiva, o capital so pode cumprir as fungoes inerentes a esta

forma: produzir. Nao imports se a procura solvente esta ou

""

nao satisfeita.

As observagoes de Fishlow sao, portanto, compat{

-veis com as oossas formu.lagoes teoricas. Ele proprio

demons-tra ter a ideia de que se avizinha:va uma crise ciclica

quan-do afirma:

~~For sua propria natureza, o processo de substitui

gao de importagoes reforga a sensibilidade do mercado as

in-fluencias c{clicas." (Fishlow, 1974, p. 44) •. ( *)

Chega mesmo a lamentar que: " ••• Os processes cicli

cos tern recebido pouca atengao nas economies desenvolvidas,

sobretudo porque se garante o nivel da demanda global." (idem,.

P• 43).

, , :

Esta tarnbem · influenciado pela ideia do

capita-lismo post-ciclico e considers a tendencia para o ciclo, da

economia brasileira como uma "fraqueza potencial" que reside

(29)

na ••• "capacidade da economia manter seu impulse actual sem

interrupgao c:lclica". (idem, p. 43).

Fishlow ao nao entender que o ciclo nao e uma "fr2_

queza" mas sim uma lei do capitalismo esta impedido

teorica-men~e de tirar das suas observag6es as conclus6es que se

im-punham. 0 subjetivismo da sua analise resalta na afirmag~o:

nniante dessa queda mal compreendida do inveatimea

to clclico, a politica economica esbarrou com graodes difi

-culdade<:: e fi!:!e,!!'e!Jte; nao obteve sucesso." (Fishlow, 1974,

A existencia de capacidade ociosa no in:lcio dos

anos 60

e

tambem vista por Serra. Ao criticar as diferentes

teorias sobre a crise (ja citadas em outre ponte des~e traba

lho), Serra afirma que ••• ''a automobilistica, o sector de

bens de capital e a industria de alimentos operavam com cap2.

cid.ade ociosa."(Serra, 1978, p.32).

Afirma ainda que: "As margens de ociosidade •••

viram-se, alern do mais, dilatadas em virtude do superdimensi

onamento na instalagao de alguns ramos do sector de bens de

capital e de tens de consumo duraveis. Esse problema deveu-se

a

concorrencia oligopolista de empresas multinacionais,

pro-curando garantir tanto fatias futuras no mercado quanta

usu-fruir das facilidades e incentives oferecidos pelo governo."

••• "Assim, estima-se que na industria

automobil:ls-tica, no comego dos anos 60, a margem de capacidade ociosa

se elevava a 50%.,. (Serra, 1978, p. 33).

Na industria automobillstica, um outro autor cita

como exemplo que, em 1961, foram produzidos 145.674 automo

-,

(30)

veis quando a capacidade instalada das fabricas permitiria

produzir 350 000. (Bailly, 1964, p. 126).

A existencia de capacidade ociosa no sector de ali

mentes

e

destacada por Bergsman. Ele cita urna pesquisa feita

pela Fundagao Getulio Vargas em 136 firrnas deste sector, no

periodo 1962/4. Apresentamos os dados no quadro a seguir.

,

Q-3.1. 2-a INDUSTRIA DE ALIMENTOS - CAPACIDADE OCIOSA

Percentagern das firmas

lQ

...

'-'

46 61 75 85

Percenta em ue ca • ociosa

- 40 - 30 - 20 - 10

Fonte: A industria de A1imehtos no Brasil, FGV, 1966,

p. 123. (Bergsrnan, 1970, p.l46).

A investigagao dcmonstrou que 18% das ernpresas po~

suiam capacidade ociosa igua1 ou superior a 50%. A grande mai

oria das empresas, 85%, possuia capacidade ociosa igual ou su

perior a 10%.

A industria de bens ue capital

e

referida por W.Baer

e A.Maneschi como possuindo tarnbem capacidade ocioAa.

Ci-tam o estudo de Leff sobre este sector cujos dados apresenta

mos no quadro a seguir. (Leff, 1968)

Q-3.1.2-b

I

INDlJSTRIA DE BENS DE CAPITAL - C:APACIDADE OCIOSA

1960

Tipo de industria Capacidade utilizada

Geradores a v2por. Altos-fornos

Estruturas metalicas e altos-fornos • 21%

Turbinas electricas ••••••••••••••••• 20%

Caldeiras de pressao (tubes de grd. diam.) 43%

, 481

Geradores electricos •••••••••••••••• ~

Transformadores de baixa para alta volt. 21%

Fonte: Leff, N.,The Brazilian Capital Goods Industry.(Leff,l968)

(31)

Mas, Baer e Maneschi tambem acreditam no

desenvol-vimento "equilibrado" . .lUes acham que "certas deficiencies

da demanda" que o modelo lhes apontou"devem ser corrigidas

antes que a economia possa retomar sua tendencia expansioni~

ta". (Baer,Maneschi, 1969, p. 88). Eles observaram corretamen

,

te que num.pal.s em desenvolvimento "surgindo a capacidade oci

osa t come gam os problemas" (idem p. 90). r1as, achavam ser po~

sivel "salvar a economia do estado em que se encontra" (p.91)

Bt"'f"1.q"tvrP.~ riA"t!m ... A rAn_-ri An •• t:aca"" 0 da pOl J.'tJ." r-a &:>Cono'mJ." r>a" ( n 90) 8

- - - ... ~ ~ . . . - t '.r'.

com isso conseguir a "utilizag~o plena da capacidade instal~

da • " ( p • 9 0 ) •

:E:'mbora observando corretamente a existencia de

al-

r-guns problemas na economia, os autores, com a sua adesao

de-clarada

a

tese estagnacionista (pp. 90/91), pretendem

"insu-lar os principais factores que estao subjacentes ao actual

desempenho menos satisfatorio da economia brasileira"(p.91),

mas, com isto, nao conseguem sequer observar 0 "rnilagre" que,

em 1969, ano em que escreveram o ensaio , ja estava em

mar-cha.

cia de capacidade ociosa ao analisar o que ela chama de"des~

juste dinamico entre a estrutura de oferta e demanda

indus-,..

triais". Ao analisar o sector produtor de bens de produgao

afirma:

"Este sector, que inclui todo o tipo de insumos de

uso difundido e de bens de capital, comega a ter problemas

de capacidade ociosa iovoluntaria na decada de sessenta, com

excegao da grande siderurgia e metalurgia produtora de nao

ferrosos. 0 investimento em equipamentos havia avangado muito

adiante da demanda, em alguns ramos da mecanica pesada, alem

(32)

(Tavares, 1974, p. 149).

~avares refere as investigagoes feitas pe1a CEPAL

sobre a produgao de equipamentos de base e maquinas-ferrameu

tas em que "demonstram a ?bunaante capacidade subutilizada

que prevalecia ja em 1960." (idem p. 149). E cla via corret~

mente as razoes que agravavam este problema citando a

impos-sibilidad.e do aumen"Go da procura pelo pr·oprio sector, a redu

gao da procura para reposigao ao parque industrial devido

a

sua "juventud.e'i, a 1'al ta ae estimulos para a modernizagao do

roo

"sector trad.iciona1" e a queda da procura pe1a fina1izagao

simu1tanea dos grandes projcctos do complexo metal-mecanico,

e1e proprio "com grandes margens de capacidade sub-utilizada~'

(Tavares, 1974, p. 150). Conceigao Tavares chega mesmo a ref~

rir que a industria de equipamentos e maquinas-ferramentas

teria antecipado sua crise se nao tivesse sido executado nos

anos 1962/63 o grande projecto da Refinaria Duque de Ca~das.

(idem p. i5l).

Mais adiante ela vai concluir que ••• "tanto as teu

dencias da demanda como as margens de capacidade sub-utiliz2_

da, eram desfavoraveis para os tres grandes sectores produti

vos no comego da decada de sessenta." (idem p. 169). E, obse!:

vando a sobreprodugao 1atente

nevi taveis: ( *)

descreve as consequencia

i-"··· o excesso de capacidade e o excesso de

poupan-CP. inteT'DR dAB AmnreAas sern aplicagao nos respectivos setores.

tern urn efeiGo depressive sobre a taxa de investimento privado.

Quaodo este comega a cair, arrasta consigo uma queda na taxa

de emprego e nos n{veis de dcmanda efetiva, que por sua vez

leva

a

quebra das empresas marginais nesses setores." (p.l69).

(*)-Os sectores sao:Bens de produgao;Bens de consumo duravel;

"" ,

(33)

Estas afirmao~es de Conceio~o Tavares, com ef~ito,

sao a descrioao da passagem da sobreproduoao latente

a

sua

forma de manifestagao fenomenal.

0 estudo da evolugao da capacidade ociosa e em gra~

de par~e dificultado pela falta de daaos. Isto obrigou-nos a

colher informag5es parcelares apresentadas por v~rios auto

-res, segunuo criterios aiferentes.

Apesar ae acreditar que as informag~es apresentadas

sao suficientes para demonstrar 0 que pretend:lamos comp1eme~

ta-1as-emos com os dados globais forneciaos por Edmar L.

Ba-cha, com base em um trabalho efectuado pelo Departamento de

Economia do Banco Central do Brasil, a partir das e:atat:lsticas

da Fundagao Getulio Vargas. Lamentavelmente Bacha nao

escla-,

rece a metodologia utilizaaa o que dificulta um pouco a

ana-lise. (Bacha, 1980).

Q-.3.1.2-c INDICES DOS PRODUTOS POTENCIAL E AC~UAL 1952-1970

Produto actual: 1970 = 100

Ana 1952 1953 1954 1955 1956 1957 195X 1959 1960 1961 1962 1963 1964 iW.S 1966 1007 196H 1969 uno

Produto potencial

(1) :u.7 34.1 ~l6.6 39.3 ·12.2 4!1.4 411.7 52.3 56.2 60.4 65.0 70.1 75.5 Hi.3 R1.6 !~1.3 101.5 lO!J..I 117.11

Produto actual {2) 31.7 32.6 36.0 31:1.6 40.0 43.4 46.9 49.7 54.6 60.4 63.8 65.0 67.1 £!£! ! Ua'o4 71.7 75.2 ~.6

!J 1.9

100.0

(1)-{2)

I

(1)

{.3) 0.000 0.017 O.OIIS 0.055 0.()41) u.mx 0.052 O.U2!J 0.000 o.ow 0.07H 0.125 0.177 0.222 0.25-1 0.214 O.HJO 0.17H

Fonte: Departamento Economico do Banco Central do Brasil.Dados

(34)

0 quadro foi construido tomando como base o Produto

actual no ano de 1970. A coluna

(3)

e

a que nos interessa co

mo indicador da capacidade ociusa pois mostra a parte do pr£

dUtO potencial que nao f'oi convertiida em produgao real. Em

termos de percentagem esta produgao nao realizada foi nula

fY

em 1952, o que representa a utili~agao total da capacidade

instalada, situagao que voltou novamente a ocorrer em 1961.

Nesse per{odo o maximo de ociosidade observado foi de 5,5%

em 1956.

A partir de 1962, esta capacidade ociosa voltou a cres

cer ult:....·apassando 0 n{vel maximo anterior em 1963, com 7,8%.

A escala com dois d{gitos foi atingida em 1964, com 12,5% e

0 ponto maximo em 1967 quando 25,4% do produtc potencial nao

,

e produzido.

Os dados tornam evidente o processo Qe entrada da eco

nomia na fase da crise. Mostram tambem que esta fase e prec~

dida por urn per{od.o em que a produg.ao cresce rna is rapidamente,

o que ocorreu nos a nos 1959/60 e 1960/61. Nesses anos,eg

quanto o produto potencial cresceu de

3,9

e 4,2 , o produto

real cresceu de

4,9

B 5:6 respectivamente~

Se tivessemos os indices do consumo calculados com a

mesma metodologia, esse quadro permitir-nos-{a observar

a variagao dos estoques, outro indicador importante da

exis-tencia da sobreprodugao 1atente. Infelizmente isto nao e PO&

sivel. Alias, a falta de dados sobre este problema

e

referida

por mui~os autores. Existem apenas inumeras referencias

qua-1itativas nas publicagoes da epoca.

As estat{sticas oficiais nao nos permitem grandes con

c1usoes. Aparentemente elas poderiam nos servir de argumento

(35)

juntura Econ5mica mostram que desde 1947 at~ 1951 h~ uma

va-ria9ao negativa dos estoques, come9ando de -0,6 rnilhoes de

cruzeiros em 1947 e assumindo, nos anos seguintes, os valores:

-0,4 ; -2,9 ; -2,0 ; -2,7 (em rnilhoes de cruzeiros de 1957).

Em 1951 a varia9ao ainda

e

negativa (-2,7). Deste ano em dian

te os valores podern ser acompanhados no quadro a seguir.

Q-3. .... l .2-d INVEBTIMENTO TOTAL (FBCF - VE) 1952/69

'

A nos

I

:E'orma9ao Brut a de Ca.pitaJ H'ivn Varia9ao de Investimento

e.stoques Total

1952 84,8 1,7 86,5

1953 71,6 - 2,3 69,3

1954 77,8 4,7 82,6

1955 73,4 9,6 83,0

1956 79,1 - 0,2 78,9

1957 89,7 14,7 104,4

1958 95,0 8,3 103,3

1959 107,3

I

19,5 126,8

1960 111,7 10,3 122,0

l Q{:;l 11'7.A 1 h I:; 1"l"l a

__ _,_..._ ...

,.,,

•'"'''""'

.J....I~t~

l962 121,0 19,2 140,2

1963 117,6 9,1 126,7

1964 120,5 17,4 137,9

1965 117,4· 32,0 149,4

1966 141,0 - 0,2 . 140,8

1967 143,7 ?,2 150,9

1968 173,5 7,9 181,4

1969 187,1

-

187,1

Fonte: Centro de Contas Nacionais, Divisao de Contabilidade

Social - IBRE/FGV. (Conjuntura Economica, l972-ll,p.24)

A partir de 1954 ate 1965, com uma unica excep9aO do

ano de 1956 em que a varia9ao ~ negativa, os estoques crescem.

Esse crescimento e particularmente signi£icativo entre OS

anos de 1959 e 1962, quando se situam na casa das dezenas de

milhoes de cruzeiros (entre 19,5 e 10,3). No ano de 1963 a

varia9ao cai para 9,1 milhoes de cruzeiros (ano da crise) e

nos anos seguintes volta a crescer atingi~do 0 ponto maximo

em 1965, o pior ano da crise. Em 1966 a varia9ao volta a ser

negativa (-0,2 milhoes de cruzeiros).

(36)

Essas variagoes sao compat.:Lveis corn a nossa formulagao

teorica. 0 crescimento dos estoque~ no per{odo 1959/62 ccnfi~

maria a forrnagao da sobreprodugao latente. A queda no volume

para 9,1 milhoes de cruzeiros em 1963 seria explicada pelo

inlcio lento da crise, com a redugao da produqao a urn r{tmo

superior ao consume. 0 crescirnen~o do rnontante da variagao

em 1964 e 1965 seria o resultado da queda no consume nos anos

da crise. A variagao negativa em 1966 representaria a

prepa-g8o da economia para a retomada, com a liq~iie~E~ ~8 c3toques

a pregos reduzidos, fal~ncias, etc.

A elevada variagao ern 1965 teria certarnente a influ~n

cia das excelentes colheitas daqucle ano agricola.

gstas conclusoes a.evern, porem ser relativizadas. A re

vista Conjuntura ~conomica chama a atengao para a influencia

dos estoques do cafe sabre a variaqao total. A revista

atri-bui os valores negatives ~ liquidagao dos estoques de cafe do

governo e OS valores elevados no per{odo 1957/61,

a

COinpra de

novas safras (Conjuntura Econornica, 1972-ll, p.28). Nada

re-fere a respeito das variagoes dal em ·diante.

A

falta ~e slamsntos qua nos permitam avaliar o p~

so quantitativa deste produto nos cstoques totais obrigarn-nos!

a por estes dados sob reserva.

Para a analise do perlodo que antecede a crise

e

ainda irnportante considerar a variagao do consurno quer seja

. ~

produtivo ou pessoal. Observaremos a evolugao do consume prQ

dutivo atraves dos investimentos em capital fixo cuja queda

tern sido apontada como causa da crise, criando viva polemica. ·

A observagao dos dados oficiais apresentados no qu~

dro Q-3 .1. 2-d permite concluir que a forrnagao bruta do capi

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