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INGLÊS E A ESCOLA PÚBLICA: UM ESTUDO DO REAL

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Revista do Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Culturas e Artes – UNIGRANRIO

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INGLÊS E A ESCOLA PÚBLICA: UM ESTUDO DO REAL

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Joyce Rodrigues Lage Teixeia2 Victor Ramos da Silva3

Resumo: Este artigo tem como objetivo falar sobre a realidade do ensino das escolas públicas no Brasil. Primeiramente com ajuda da Lei de diretrizes e bases da educação nacional e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) definiremos o porquê de se aprender uma segunda língua no Brasil. Depois, trataremos da relação do ensino da língua inglesa nas escolas públicas, da importância de se aprender uma nova língua definindo o porquê de ao final de sete anos os alunos das escolas publicas não saem bilíngues como nos cursos. Como base foi utilizada entrevistas com membros do corpo docente e discente dos anos finais do ensino fundamental, além do livro: Ensino e aprendizagem de língua inglesa: conversas com especialistas, de vários autores, livro este que leva em conta a realidade do ensino e da aprendizagem de língua inglesa dentro das escolas públicas. Palavras-chave: língua inglesa; realidade; escolas públicas.

ENGLISH AND THE PUBLIC SCHOOL: A STUDY OF THE REAL

Abstract: This paper has the purpose to talk about the reality of teaching in Brazilian public schools. Firstly, with the help of Law of Directives and Bases of National Education and of the National Curricular Parameters (PCNs), Hence, it will be defined the reason why it is important to learn a second language in Brazil. Then, it will be treated how the process of teaching English in Brazilian public schools develops. Furthermore, the importance of learning a new language setting the motive and why, after seven years, public school students are not as bilingual as courses students are. As basis, interviews were used with members of the teaching staff, as well as, learners of the final years of primary school. Moreover, the book: Teaching and learning English language: conversations with experts, which take into account the teaching and learning process within Brazilian public schools.

Keywords: English; reality; public schools.

INTRODUÇÃO

Temos visto que a cada dia aprender uma língua estrangeira tem ganhado um grande espaço não só dentro do Brasil como pelo mundo todo, tornando-se um ideal que tem

1 Este artigo foi originalmente escrito para o “Workshop de Língua Inglesa, Linguística Aplicada e suas

interfaces”, do Programa de Pós-Graduação em Língua Inglesa das Faculdades Integradas Campo-grandenses.

2 Discente do Programa de Pós-Graduação em Língua Inglesa das Faculdades Integradas

Campo-Grandenses.

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163 despertado cada vez mais o interesse das pessoas, no entanto, qual seria a necessidade de

se aprender uma nova língua estrangeira, em especial a língua inglesa? Para LIMA (2010, p. 9), “A necessidade de aprender a língua inglesa tem se justificado por razões que vão de status à real exigência de dialogar com um mundo sem fronteira”.

Vemos que aprender uma língua estrangeira abrange diversos aspectos, que vão desde a vontade de se aprender uma nova língua, uma nova cultura a real necessidade que o mundo atual nos implica de se aprender uma nova língua para conquistar um bom emprego. No entanto, acredita-se que o mundo atual tem influenciado de maneira geral a não só os brasileiros como as outras nações a estudar a língua inglesa, no Brasil houve um grande crescimento de aprendizes devido à copa do mundo e as futuras olímpiadas, contudo, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira teve de ser incluída as grades curriculares das escolas públicas em 1996.

Apesar, das escolas terem inserido em seu cotidiano o oferecimento de uma língua estrangeira para seus alunos, em especial a língua inglesa, observamos que ainda há muitas falhas na hora de ensinar e adquirir aprendizado dentro das unidades escolares. Percebe-se que há grandes dificuldades para ensinar a língua inglesa e estas dificuldades deixam lacunas abertas que impedem o aluno de reter os conhecimentos oferecidos no momento da aula de língua inglesa. Essas lacunas abrangem aspectos como falta de preparo e capacitações para os professores, falta de interesse por parte dos alunos, pois sabemos que na adolescência muitas vezes os alunos não dão a devida importância para o que é ensinado, e também a falta de materiais e recursos a serem oferecidos para que os alunos consigam aprender da melhor forma possível.

LÍNGUA INGLESA NO BRASIL

No Brasil, o estudo de uma língua estrangeira dentro das escolas públicas foi instituído pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, sancionada pelo Presidente da República da época Fernando Henrique Cardoso. De acordo com esta lei, mais conhecida pela sigla LDB o ensino de pelo menos uma língua estrangeira deve ser aplicado de forma obrigatória a partir do 6° ano de escolaridade estendendo-se até o ensino médio nas escolas publicas, podendo ser constatado no artigo 26°, 5° paragrafo em que diz: “Na parte diversificada do currículo

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164 será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma

língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição” (LDB, 1996, p. 11).

Dentro de nosso país é direito de toda criança receber uma educação de qualidade e gratuita podendo estar devidamente matriculado a partir dos sete anos de idade em uma escola pública que visa oferecer aos alunos um ensino de qualidade através dos profissionais da educação. Porém, é comum vermos nas escolas a língua inglesa sendo ensinada como escolha da língua estrangeira moderna, no entanto apesar da criança começar a frequentar a escola cedo, o ensino da língua estrangeira só começa a ser ensinado cinco anos depois, não tendo como enfoque a habilidade oral no ensino da língua. ‘‘Deste modo, considerar o desenvolvimento de habilidades orais como central no ensino de Língua Estrangeira no Brasil não leva em conta o critério de relevância social para a sua aprendizagem’’ (PCN Ensino Fundamental, 1998, p. 20).

O PCN de língua estrangeira afirma que o foco para ensinar uma língua estrangeira nas escolas brasileiras estará nas habilidades de leitura, porque “[...] a leitura atende, por um lado, às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade que o aluno pode usar em seu contexto social imediato” (PCN Ensino Fundamental 1998, p. 20). Além disso, o PCN, também afirma que a habilidade de leitura será a mais utilizada pelos estudantes já que essa habilidade será a mais pedida em exames de vestibular. ‘‘Isso não quer dizer, contudo, que dependendo dessas condições, os objetivos não possam incluir outras habilidades, tais como compreensão oral e produção oral e escrita’’ (PCN Ensino Fundamental, 1998, p. 21).

Em relação ao ensino de língua inglesa no Brasil, ‘‘a ideia de ensinar uma língua estrangeira nas escolas públicas tem suas raízes no período em que éramos colônia de Portugal quando aprender uma língua estrangeira já era privilégio de poucos’’ (Fogaça & Nunes, 2006). Constata-se que o ensino não adveio somente com a LDB em 1996 e sim que o estudo de uma segunda língua já era importante desde os tempos coloniais, enfatizando a importância de aprendermos uma língua estrangeira, privilegiando o uso da língua escolhida moderna que já poderia ser a língua inglesa e assim conhecendo e incluindo-se a uma nova cultura, além de estar buscando uma nova fonte de conhecimentos.

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165 Portanto, acredita-se que aprender uma nova língua é estar integrando-se a uma

nova cultura. O aprendiz não deve esquecer ou deixar de lado sua própria cultura e sua língua materna, mas acreditar que o aprendizado pode fazer a diferença na sua própria vida e mente, já que quando a pessoa se entrega a aprender coisas novas e o aprendiz acredita ser capaz de aprender, ele estará abrindo caminhos para que o aprendizado faça parte de sua vida, levando-o a caminhos em que o inglês trará benefícios não só para sua vida pessoal, mas também para o lado profissional.

Segundo LIMA (2010, p. 9), ‘‘O rápido processo de globalização tem exigido que as pessoas se qualifiquem e se preparem para acompanhar a evolução deste mundo [...]’’, sendo assim no nosso país não poderia ser diferente e cada vez mais vemos um crescimento do uso da língua inglesa, o interesse de se aprender uma nova língua vem sido despertado porque o mundo esta evoluindo e a língua inglesa tem sido vista como uma língua mundial, em que é preciso aprende-la para comunicar-se com o mundo. Este processo de aprendizagem não só envolve cultura ou globalização, mas também, capitalismo, já que, ‘‘O ensino de língua inglesa tem se consolidado e se tornado grande fonte de renda [...]’’ (Lima, 2010, p. 9).

LÍNGUA INGLESA E A ESCOLA PÚBLICA

Com a LDB, em 1996, as escolas públicas passaram a oferecer aos alunos o ensino da Língua Inglesa, porém a qualidade do ensino ainda não é suficiente para que os estudantes saiam bilíngues após quatro anos de ensino fundamental e três anos de ensino médio. ‘‘É realmente preocupante a situação do ensino/aprendizagem de inglês na escola pública, visto que a maioria dos alunos, ao final de sete anos de estudo, parece estar estudando inglês pela primeira vez’’ (BERNARDO, 2007, p. 5). Acredita-se que as escolas públicas ainda não estão prontas para oferecer um aprendizado eficaz da segunda língua e que a falha no ensino envolve vários fatores dentro das escolas brasileiras.

Alguns livros específicos para professores de língua inglesa apontam como causas para a ineficiência do ensino/aprendizagem de inglês os seguintes fatores: (des)motivação, recursos didáticos escassos, classes numerosas, pouca qualificação docente, utilização de metodologias inadequadas e a condição sócio-cultural do aluno, dentre outros. (BERNARDO, 2007, p. 5)

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166 Por isso ainda é comum encontrarmos nas escolas públicas problemas que

refletem na aprendizagem dos alunos, desmotivação por parte de alunos e professores, desvalorização dos professores por vários motivos, falta de materiais didáticos, uma classe muito cheia e falta de capacitações para os professores para que assim eles possam desenvolver uma aula mais dinâmica e/ou que surta mais efeito. Pode-se certificar-se desses problemas dentro do PCN de língua estrangeira que não deixa de citá-los, mostrando assim a realidade do ensino nas escolas brasileiras:

Deve-se considerar também o fato de que as condições na sala de aula da maioria das escolas brasileiras (carga horária reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades orais por parte da maioria dos professores, material didático reduzido a giz e livro didático etc.) podem inviabilizar o ensino das quatro habilidades comunicativas. Assim, o foco na leitura pode ser justificado pela função social das línguas estrangeiras no país e também pelos objetivos realizáveis tendo em vista as condições existentes. (PCN Ensino Fundamental, 1998, p. 21).

Esta realidade não está só ligada ao ensino de uma língua estrangeira, mas também a todas as disciplinas lecionadas nas escolas públicas e que não deixam de ser verídicas a todo instante. Na maioria das vezes as classes são formadas por quarenta alunos que são seres que necessitam de olhares mais atenciosos voltados para eles e para a forma de ensiná-los, no entanto, com classes lotadas o professor não consegue oferecer atenção individual a seus alunos, a falta de material didático também pode influenciar muito na aprendizagem dos alunos, já que se o ensino sempre for oferecido no quadro os alunos podem sentir-se desmotivados a aprender uma nova língua.

No entanto, acredita-se que os alunos matriculados nas escolas públicas são aqueles que têm menores condições financeiras e que assim dependem do ensino público para obterem uma formação adequada e de qualidade para que futuramente possam concorrer a vagas em universidades ou até mesmo já saiam aptos ao mercado de trabalho. Sabe-se que atualmente aqueles que têm em seu currículo fluência na língua inglesa podem conseguir vagas de empregos melhores e com salários mais altos. No entanto, o que deve ser feito em relação aos alunos que não tem condições financeiras de buscar um ensino de qualidade por fora, já que a escola poderia ser o lugar de aprendizado e conquista da fluência por ensinar a mesma língua durante sete anos corridos.

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Se o ensino de uma língua estrangeira é dever da escola, e se grande parte das escolas oferece exclusivamente o inglês, e ainda se, no caso dos alunos das camadas populares, a escola pública é o único lugar de aprendizado desse idioma, é de se esperar que seu ensino seja eficaz e significativo para eles, possibilitando-lhes o acesso ao direito de formação integral do indivíduo a fim de que possam exercer a tão proclamada “cidadania” e utilizar o conhecimento adquirido como mecanismo de inclusão social [...]. (BERNARDO, 2007, p. 4)

É importante ressaltar aqui a importância de se aprender uma segunda língua “[...] tão importante como qualquer outra do currículo, do ponto de vista da formação do indivíduo [...]” (PCN Ensino Médio, 1999, p. 147). É importante que o aluno saiba para que ele está aprendendo a língua inglesa e que benefícios esse estudo o trará futuramente, já que a língua inglesa tem ganhado um grande espaço no mercado de trabalho nos últimos tempos, para que assim o aluno possa valorizar cada minuto em que o ensino será passado. Pensando nisso, muitas pessoas recorrem a um nível de estudo mais eficaz e assim aqueles que possuem condições financeiras melhores matriculam-se em cursos de inglês que visa tornar o aluno bilíngue quando se trata de ensinar uma segunda língua.

Da mesma forma, o documento Síntese do II Encontro Nacional Sobre a Prática de Línguas Estrangeiras (2001), conhecido como Carta de Pelotas afirma que “o ensino regular não tem sido capaz de garantir o direito à aprendizagem de línguas, direito esse que acaba sendo usufruído apenas pela camada mais afluente da população”. Sendo incapaz de propiciar um ensino de línguas eficaz a função parece ter sido absorvida pelos cursos de idiomas. (COELHO, 2005, p. 14)

Através desta informação, podemos crer que o ensino de língua inglesa dentro das escolas públicas não tem sido suficiente para que o aluno saia apto a ser um bom falante e que cada dia quem busca esta habilidade procura um curso de idiomas. Os cursos de idiomas propiciam aos alunos a capacidade de se tornarem bons falantes dentro da área de língua inglesa.

Em relação à valorização do ensino, acredita-se que isso não acontecerá de maneira nenhuma sozinho. Para que, haja uma valorização do ensino da língua inglesa em nosso país é necessário que se comece pelos profissionais da educação, ou seja, pelos próprios professores de inglês que aliados aos professores das demais disciplinas, podem iniciar uma campanha de valorização da escola e do ensino-aprendizagem. Sabemos que a escolas públicas são repletas de problemas, inclusive depara-se com falta de interesse

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168 vindo dos alunos, que quando tem a oportunidade de estudar, não valorizam o

aprendizado e acabam desviando-se do objetivo que é aprender e compartilhar conhecimentos.

O ensino de língua inglesa não recebe nenhum tipo de avaliação oficial, como acontece com as matérias de Língua Portuguesa e Matemática, portanto, não sabemos se o que é proposto oficialmente é cumprido. Assim, a sociedade não sabe para quê e por quê a escola ensina inglês, então constrói a ideia de que o inglês está na escola por que o “mundo está globalizado”, “as empresas pagam melhor a quem fala inglês” e etc.. ( MORETTI, 2012, p. 13)

Os professores podem e devem incentivar seus alunos a buscarem conhecimentos da língua inglesa, instruírem que o mundo em que vivemos sofreu algumas mudanças, e hoje quem tem conhecimento de uma nova língua é visto diferente pelo mercado de trabalho, já que este valoriza e oferece melhores salários a quem fala língua inglesa, visto que esta língua e seu uso têm crescido a cada dia mais, pois tem sido vista como uma língua mundial.

UM ESTUDO DO REAL

Pretende-se nesta parte do trabalho, dar destaque ao trabalho de campo4 feito com base em entrevistas com alunos do ensino fundamental II e duas professoras de inglês, a primeira de uma escola pública municipal, localizada na cidade de Itaguaí, e a segunda professora de uma escola particular, localizada na cidade de Seropédica, ambas as escolas são situadas no estado do Rio de Janeiro. O principal objetivo deste capítulo é mostrar a realidade de como é ensinado inglês nas escolas públicas.

Com base em entrevista feita pelos alunos, constata-se que a maior parte dos alunos reconhece que aprender inglês atualmente tem seu valor e sua devida importância, contudo, torna-se difícil aprender uma nova língua sem conhecer antes um pouco da cultura da nova língua. Esta cultura tem a ver com as crenças e percepções de um povo (Cf. LIMA, 2010, p. 181), o que seria bem interessante para que os alunos se familiarizassem conhecendo um pouco da cultura da língua inglesa.

4 Devo um agradecimento especial à escola, aos alunos e as professoras que com boa vontade aceitaram ser

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O desenvolvimento da competência comunicativa da língua-alvo deve estar atrelado a seu desenvolvimento comunicativo intercultural. [...] Não se deve ensinar uma língua estrangeira sem ao menos oferecer aos aprendizes alguma visão do universo cultural no qual essa língua está inserida. ( LIMA, 2010, p. 189)

Infelizmente, pode-se constatar que dificilmente os alunos recebem base da cultura da língua inglesa, na verdade, a realidade dos alunos das escolas públicas é bem diferente dos alunos das escolas particulares, os alunos são mais carentes, poucos são os que conhecem bem a sua própria cidade, então como irão conhecer um pouco da cultura de outro país se não for apresentado pelo professor, fazendo um processo de intertextualidade dentro dos textos e das leituras que serão oferecidas.

Ao analisar a escola pública na qual o trabalho foi desenvolvido, foi possível constatar que os alunos acreditam que o inglês é uma língua importante, mas são poucos os alunos que acreditam que futuramente precisarão utilizar esta língua para comunicar-se, no entanto, acredito que este pensamento deveria ser trabalhado pelos professores em sala de aula como se fosse um processo de valorização de uma nova cultura, de uma nova língua, fazendo uso sempre da língua estrangeira dentro da sala de aula.

Se o profissional de língua estrangeira não fizer uso do idioma na sala de aula, ele estará abrindo mão da qualificação que mais o caracteriza e que o distingue de professores de outras matérias: a sua condição de ser bilíngue, de poder transitar entre duas culturas, a materna e a estrangeira. (SCHMITZ, 2010, p. 17)

Em entrevista com a professora da escola pública, ela argumenta que os alunos não saem bilíngues devido ao curto período de tempo com os alunos, que há um planejamento para ser seguido e o número de alunos dentro da sala de aula é muito grande e por isso nem sempre se consegue dar atenção a todos os alunos como se deveria. SCHMITZ (2010, p. 14) também constata esta realidade dentro da sala de aula e diz que ‘‘A carga horária nem sempre é favorável para a disciplina de língua estrangeira nas escolas públicas. O número de horas é pouco, e o tempo é limitado não permite dar atenção igual a todas as habilidades’’.

Em relação aos materiais e recursos que são utilizados para estudar a língua inglesa, vemos que são poucos materiais, em entrevista com os alunos, eles dizem que as aulas poderiam ser mais dinâmicas, que a professora poderia trabalhar mais músicas porque as

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170 aulas são feitas somente no quadro branco, ou seja, os alunos estão sempre copiando do

quadro o que os impede de trabalhar a pronuncia, constata-se também que poucas turmas receberam livro de língua estrangeira para ajuda-los no processo de aprendizagem.

Com o livro a professora poderia trabalhar não só a cultura do país da língua estrangeira, como também, trabalhar a leitura como recomenda o PCN, e por consequência trabalharia a fala, a pronuncia de palavras e frases juntamente com a turma, encorajando os alunos a falar e a ler em voz alta, encorajando-os a aprenderem visto que só se aprende tentando acertar e mostrando que os erros fazem parte do processo de aprendizagem.

Pois (Cf. SCHMITZ, 2010, p. 140), quando o aluno não tem o costume de ouvir a língua inglesa e falar, a tendência será de esquecer o que foi aprendido, e por isso o ideal é despertar no aluno o interesse de aprender, seja com aulas simples ou dinâmicas, para que o aluno sinta-se despertado a continuar estudando a língua e assim não venha a se esquecer dos conhecimentos internalizados, não perdendo a coragem de tentar participar das aulas.

A professora diz que como no PCN, ela tenta focar na leitura, porém obtém poucos resultados já que nem todos os alunos conseguem aprender e assimilar o que está sendo oferecido, já o caso de outros alunos são que não ocorre a valorização do ensino em que está sendo proposto, por isso vale lembrar ‘‘[...] que a função do ensino e da aprendizagem de línguas estrangeiras está relacionada ao momento cultural vivido pelos estudantes’’ (OLIVEIRA, 2010, p. 23).

É fundamental, que os alunos reconheçam a função da língua inglesa nas escolas, porém é necessário que seja desenvolvido um programa dentro das escolas públicas que tenha como objetivo ajudar o aluno a reconhecer a importância de se estudar a língua inglesa e que diferenças esse conhecimento trará em sua vida profissional futura. ‘‘Se não houver uma função clara, um objetivo claro, para a aprendizagem, não se pode justificar a manutenção de uma língua estrangeira no currículo das escolas públicas’’ (OLIVEIRA, 2010, p. 22)

Quando na entrevista aos alunos se é perguntado o que poderia ser feito para melhorar o ensino de inglês durante as aulas, obtemos diversas respostas, entre elas os alunos relatam a ausência de recursos didáticos, como os livros, pedem professores mais pacientes e mais tempo de aula para treinarem mais o inglês, e até mesmo relatam seus

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171 próprios problemas de comportamento durante as aulas, dizendo que a turma poderia

fazer mais silêncio durante as aulas para prestar mais atenção no que está sendo ensinado, no entanto, conseguem reconhecer a importância do aprendizado.

Como já foi dito, nesta escola, a maioria dos alunos reconhece que futuramente possam precisar do inglês para comunicar-se ou para trabalhar, no entanto acham importante dar continuidade ao aprendizado em alguma escola de idiomas.

No primeiro gráfico vemos o resultado dos alunos que acham que precisarão do inglês para comunicar-se e/ou para o trabalho, sendo assim analisado em porcentagem, concluímos que 40% dos alunos reconhecem que certamente precisarão do inglês e 60% responderam que talvez, e nenhum aluno respondeu que não, por isso, certamente eles acreditam que a língua inglesa é uma língua importante.

Gráfico 1

Já o segundo gráfico mostra como os alunos acham importante dar continuidade aos estudos de língua inglesa dentro das escolas de idiomas, 80% dos alunos entrevistados responderam que sim, 10% dos alunos responderam que não e outros 10% responderam que talvez, mostrando assim que a maioria dos alunos acredita que o ensino das escolas públicas não será suficiente para torna-los bilíngues e para ter melhores resultados devem matricular-se em um curso de inglês.

Gráfico 2 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Sim Não Talvez

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172 Sendo assim, reconhecemos que ‘‘O ensino públIco que antes era reconhecido e

escolhido pelas elites do país (Bohn, 2003), hoje se encontra empobrecido e frequentado, quase que somente, pela população menos favorecida’’ (COELHO, 2005, p. 13). Por isso, analisaremos agora, uma pequena entrevista feita com a professora da escola particular, para que dessa maneira, possamos distinguir a diferença de uma escola pública para uma escola particular.

Primeiramente constata-se a diferença na maneira de ensinar e de avaliar os alunos, a professora relata que em suas aulas além de fazer uso do livro didático, ela faz uso de outros recursos didáticos que seriam cartazes, vídeos e músicas, e que os conteúdos são focados na gramática, porém ela faz uso do método audiovisual, que trabalham os sentidos visuais e auditivos, unindo os dois, os alunos conseguem aprender com mais facilidade.

Quando lhe foi perguntado qual a importância de se ensinar e aprender inglês nas escolas, ela responde que o ensino deve estar focado para a vida em sociedade, visto que a língua inglesa está inserida em nossas vidas. A professora também disse, que para que ocorra aprendizado é necessário interesse não só por parte dos alunos, como também por parte dos professores.

O ensino de língua estrangeira (doravante LE) no Brasil é uma das áreas prejudicadas neste contexto. Os professores de LE se sentem desanimados e se vêem limitados diante das condições da sala de aula que encontram, como por exemplo, o número grande de alunos por turma, o número reduzido de horas aulas semanais e a falta de recursos didáticos. Segundo Paiva (1997), alguns desses argumentos podem se constituir em crenças que são usados para justificar que não é possível aprender inglês em escola pública. (COELHO, 2005, p. 13)

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Sim Não Talvez

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173 Realmente, através deste artigo pudemos ver um pouco da realidade das escolas

públicas, e que muitos fatores estão envolvidos para se obter sucesso na relação ensino-aprendizagem. Contudo, os professores não devem se deixar desanimar, e pararem de oferecer o melhor para seus alunos, é certo que dentro das escolas públicas há uma decadência na falta de materiais e recursos que nas escolas particulares não há. No entanto, todos nós, professores, devemos continuar lutando e acreditando que o melhor vai chegar e que o sucesso será parte do processo de aprendizagem dos alunos.

Interessante também seria se o governo ou estado oferecessem aos seus professores oportunidades de continuarem estudando, se especializando, pois, ‘‘sem dúvida, nem todos os cursos de graduação em língua inglesa preparam o aluno para falar o idioma’’ (SCHMITZ, 2010, p. 20). Por isso, o ideal seria que mesmo depois de formado o professor de continuidade aos seus estudos, se preparando da melhor forma possível para atender as necessidades de seus alunos.

Pois, (Cf. SCHMITZ, 2010, p. 20) o curso de graduação não consegue preparar adequadamente os alunos de letras por se tratar de duas habilitações (inglês-português) e por isso o ideal é que o aluno de letras busque conhecimentos extras, diferente da grade curricular oferecido pela faculdade, por exemplo, busquem se matricular em um curso de inglês para assim melhorar a sua proficiência na língua estrangeira.

CONCLUSÃO

Este trabalho visou mostrar a realidade das escolas públicas brasileiras, nos dando à oportunidade de refletir sobre o que falta nas escolas públicas para que haja mais sucesso no aprendizado dos alunos, dessa maneira, podem-se constatar alguns aspectos relevantes para as possíveis causas pela qual o aluno não alcança o aprendizado, envolvendo uma série de fatores como falta de valorização do ensino, falta de recursos e materiais para um melhor desenvolvimento das atividades propostas, profissionais sem formação continuada entre outros, sendo assim, o trabalho trouxe reflexões sobre o ensino e sobre a maneira de ensinar.

É necessário, portanto, que a iniciação para um trabalho que faça a diferença na vida dos alunos das escolas públicas venha diretamente dos professores, para que seu trabalho vá além de ensinar a língua inglesa, e que mesmo diante das dificuldades o

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174 professor possa abrir os olhos de seus alunos para uma nova cultura, dessa maneira, o

professor deve ver que ‘‘Seu trabalho compete à retirada do aluno de uma pequena redoma de vidro que é seu universo particular e o apresentar a cultura e diversidade global possibilitando a ele trocar informações e coconstruir conhecimentos’’(SILVA, 2011: 11) É de extrema importância (Cf. SILVA, 2011, p. 11) que tenhamos dentro das escolas, não só nas escolas públicas como em todas, docentes que sejam capazes de enxergar a dificuldade de seus alunos e que compreendam que é necessário buscar formas para incentivar seus alunos para que assim sintam-se motivados a buscar conhecimento. O professor, precisa estar apto a aceitar mudanças positivas na forma em que se trabalha e buscar levar para dentro de sala de aula atividades que trabalhem o conteúdo pedido, como também, interessem aos alunos para que assim a aula seja mais dinâmica e assim os alunos consigam aprender da melhor maneira possível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDO, Aline Cajé. Língua Inglesa na escola pública e a relação com o saber. Interdisciplinar, Aracaju, v. 4, n. 4, p.94-105, dez. 2007.

COELHO, Hilda Simone Henriques. ‘‘É possível aprender inglês na escola?’’ Crenças de professores e alunos sobre o ensino de inglês em escolas públicas. 145 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Faculdade de Letras da Ufmg, Belo Horizonte, 2005. LDB. 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

LIMA, Diógenes Cândido de et al. Ensino e aprendizagem de língua inglesa: conversa com especialistas. São Paulo: Parábola, 2010.

MORETTI, Lindiane Viviane et al. A desvalorização do ensino de inglês nas escolas públicas e as consequências para o mercado. Revista Científica Hermes, São Paulo, n. 7, p.155-168, 2012.

PARÂMETROS curriculares nacionais de línguas estrangeiras. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1996.

SILVA, Victor Ramos da. Aspectos prioritários para o ensino de línguas estrangeiras nas escolas modernas. Revista Philologus, Rio de Janeiro, set. 2011.

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