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Equívocos de uma Casa da Cultura e do artista francano

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Academic year: 2020

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CONTEXTO HISTÓRICO

As soluções para a habitação social no Brasil, mes-mo antes da criação do extinto BNH, sempre foram pautadas por uma dura realidade: a crônica falta de mo-radias e a má distribuição de renda no país produziram

a ocupação de áreas de risco e lugares inadequados para edificar pelas classes trabalhadoras, constituindo fave-las, mocambos, palafitas, habitações precárias, insegu-ras e insalubres.

Franca (SP), cidade de médio porte localizada no

Equívocos de uma Casa da Cultura e do artista francano

Mauro Ferreira1; Daniele Caroline David2

Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre a política pública cultural local através da implantação, pela

Prefeitura Municipal de Franca (SP), da “Casa da Cultura e do Artista Francano” e como a mesma vem, ainda em obras, interferindo no setor cultural da cidade. Os procedimentos metodológicos empregados incluem a coleta de informações e dados do projeto de arquitetura junto à imprensa e à Prefeitura sobre a obra, o registro fotográfico do local antes e durante as obras e uma revisão bibliográfica sobre a implantação de unidades culturais em regiões centrais das cidades médias e grandes no Brasil, como fatores de desenvolvimento econômico e social (Vargas & Castilho, 2006). Através das informações e elementos obtidos elaborou-se análise crítica sobre a obra em questão, anunciada em 2011, embora desde 2003 já existissem discussões sobre o assunto. Dentre os pontos analisados, destacam-se o local de implantação da Casa da Cultura, na região central da cidade e a justificativa utilizada pela municipalidade, da preservação da memória local. Outro aspecto analisado é a questão do partido arquitetônico e a proposta adotada para construção do edifício, considerando o projeto divulgado na imprensa, bem como seu programa de necessidades, prazos de execução e as possíveis alterações projetuais perceptíveis na execução do mesmo. Com isso, foi possível avaliar o processo de implantação desse novo equipamento cultural da cidade e como irá interferir no setor cultural no meio urbano e se atende às metas do Plano Nacional de Cultura (Minc, 2012), já que Franca se mostra deficitária nesse setor, verificando-se que as demais regiões de planejamento (norte, sul, leste e oeste) previstas em lei (Franca, 2014) não possuem nenhum equipamento público de cultura e sua local-ização apenas reforça a exclusão de grande parcela da população em usufruir das políticas públicas culturais, em desacordo com as diretrizes do Plano Nacional Setorial de Museus (Minc/IBRAM, 2010) e que não irá resolver a precariedade e dificuldades de acesso atuais.

Palavras-chave: Cultura; Arquitetura; Preservação.

Abstract: The objective of this study is to reflect about a local public cultural politics through the implantation of

a “Cultural House and the Franca Artist” by the Franca City Hall, and how that House has been interfering in the cultural sector of the city, even being still in construction. The methodology includes the construction data collec-tion and informacollec-tion on its architecture project with the press and the City Hall, the photographic register about the local before and during the construction and a bibliographic review about the implantation of cultural units in central regions of medium and big cities in Brazil, such as social and economic development factors (Vargas & Castilho, 2006). Through the information and elements obtained a critical analysis about the construction in ques-tion was carried out in 2011, although there have been discussions about this topic since 2003. Among the issues analyzed, two of them were highlighted - the implantation site of the Cultural House in the central part of the city and the justification used by the municipality, for the preservation of the local memory. Another aspect analyzed is the matter of the architecture party and the proposition adopted for the building construction, considering the project announced in the media as well as its program of needs, deadlines and the possible project alterations re-alized during execution. With all this, it was possible to evaluate the implantation process of this city new cultural instrument and how it will interfere with the cultural sector in the urban atmosphere and if it meets the objectives of the National Cultural Plan (Minc, 2012), since Franca shows to have a deficit in this sector, checking that the other planning regions (north, south, east and west), supported by law (Franca, 2014) do not own any public cul-tural instrument and its location only reinforces the exclusion of a great part of the population to participate in the public cultural politics, in disagreement with the Museum Sectoral National Plan (Minc/IBRAM, 2010) which will not solve the precariousness and difficulties of the current access.

Keywords: Culture; Architecture; Preservation.

Misunderstandings about a cultural house and the franca artist

1Docente da Fundação de Ensino Superior de Passos (FESP|UEMG); Professor e pesquisador do LabDES (UNESP - Franca);

bolsista pós-doc FAPESP. Email: mauroferreira52@yahoo.com.br

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extremo nordeste paulista e caracterizada por sua im-portante indústria calçadista, possui 336.734 mil ha-bitantes em 20131, não foi exceção neste quadro, pois

ocupações de áreas públicas e habitações de risco sempre existiram ao longo de sua história. No entanto, houve momentos em que existiram investimentos em habitação na região central da cidade, a despeito de sua expansão horizontal marcada por uma periferia habita-cional extensiva e rarefeita, mostrada em vários estu-dos como de FELDMAN (2002), CHIQUITO (2006), FUENTES (2006) e FERREIRA (2007).

Neste sentido, interessa verificar outros modos de produção de moradias para a população de renda mais baixa em locais privilegiados por infraestrutura e boa localização, como a produção rentista por capitalistas que preferiam aplicar parte de seus recursos em mora-dias de aluguel, apesar da política governamental cami-nhar em direção oposta. Para BONDUKI (1998:241), “a Lei do Inquilinato funcionou como instrumento de política econômica, no sentido de desestimular os in-vestimentos imobiliários e assim redirecionar os recur-sos internos, sob a forma de capital, para a implementa-ção e o fortalecimento do parque industrial”.

Em 1942, o ditador Getúlio Vargas decretou a proi-bição do aumento de aluguéis2, dentro de sua política de

tentar conter a insatisfação popular com a alta de preços, a inflação e o desemprego urbano por medidas populis-tas e de aplicabilidade remota. A crescente urbanização e a falta de uma política habitacional consistente (na prática, realizada pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAPs), era suprida parcialmente pelos inves-timentos privados em moradias de aluguel. A proibição formal de reajustes, porém, seria de difícil controle pelo governo, numa situação de expansão urbana, de crescen-te industrialização e urbanização. Mesmo com os riscos e insegurança gerados pela Lei do Inquilinato, a garantia da propriedade imobiliária era um ativo de alta liquidez, motivo pelo qual muitos empresários continuaram apli-cando em imóveis de locação (BONDUKI, 1998).

Após o final da ditadura Vargas, em 1945, esta situa-ção não teve seu panorama modificado. Em Franca, um conjunto de sete pequenas moradias, construídas logo após o final da II Guerra Mundial forneciam testemu-nho significativo desta forma de produzir moradia para famílias de menor renda em zona central da cidade, pró-ximas à praça de Nossa Senhora da Conceição, entre as ruas doutor Alcindo Conrado (antiga rua Silva Jardim), Monsenhor Rosa e praça Carlos Pacheco de Macedo. Naquela época, a cidade tinha aproximadamente trinta mil habitantes na zona urbana e sua economia ainda gi-rava em torno da produção agropastoril, pois a indústria

1Estimativa populacional em 2013 a partir de censo realizado em

2010 pelo IBGE.

2Decreto-lei n. 4598, de 20 de agosto de 1942, iniciou a segunda

fase da legislação do inquilinato na era Vargas.

calçadista local estava iniciando a decolagem do seu processo de modernização (FERREIRA, 1989).

As casas foram construídas a mando de Elias Motta, um dos pioneiros da indústria coureira em Franca que, para isso, contratou o construtor licenciado Nilo Pirro e o projetista José Garcia. São casas geminadas, com um programa bastante simples, destinado a famílias de trabalhadores de baixa renda e com poucos filhos: um pequeno alpendre, uma sala, dois dormitórios, uma co-zinha, um banheiro e uma área de serviço3.

Numa delas, nasceu a atriz de teatro, cinema e TV Regina Blois Duarte, em 5 de fevereiro de 1947, filha de um militar, instrutor do Tiro de Guerra de Franca. A certidão de nascimento da atriz define o endereço do nascimento como Rua Silva Jardim, 322, cuja deno-minação foi posteriormente alterada para Rua Doutor Alcindo Ribeiro Conrado4. As construções foram feitas

por etapas: primeiro as duas casas geminadas voltadas para a rua Silva Jardim (onde nasceu Regina Duarte), posteriormente as duas também iguais, com a mesma solução arquitetônica, voltadas para a praça Carlos Pa-checo, e finalmente as três voltadas para a rua Monse-nhor Rosa. O Tiro de Guerra, naquela época, realizava sua instrução no descampado que é hoje a Praça Carlos Pacheco, provavelmente um dos motivos que levaram o pai da futura atriz a morar nas proximidades.

A área construída das edificações varia entre 60 e 86 m2 e durante pelo menos três décadas foram basicamente

alugadas como habitação5. Apesar do programa bastante

simples para as moradias, houve uma preocupação esté-tica com a aparência das edificações no projeto, através do uso de pilaretes pré-moldados torneados, detalhes de frisos, paredes recortadas inclinadas, concordâncias de vão em curvas. Os materiais empregados na construção foram usuais do período na cidade: paredes construídas com tijolos cerâmicos maciços, rebocados; esquadrias de portas e venezianas em madeira e aberturas basculan-tes em ferro. A estrutura do telhado é de madeira, com telhas francesas cerâmicas na cobertura. O forro era de tábuas, menos na cozinha, onde uma treliça foi utilizada para escape da fumaça do fogão a lenha.

Com o desenvolvimento da cidade e a transforma-ção da região, bastante próxima à praça central da

ci-3Não conseguimos localizar o projeto aprovado das duas primeiras

unidades, (aquelas situadas à rua dr. Alcindo Conrado, números 1516 e 1522) porém elas eram iguais às situadas defronte a rua Os-car Brasilino Santos números 1513 e 1521 (praça Carlos Pacheco), aprovadas pela Prefeitura em 8 de setembro de 1948. As outras três unidades foram aprovadas em 23 de setembro de 1948, voltadas para a rua Monsenhor Rosa, números 387, 1393 e 1399. Pode-se pres-supor que, na verdade, elas tenham até sido construídas antes ou que já estivessem em obras, tratando-se de uma regularização, prática não pouco usual naquele período.

4Cópia da certidão de nascimento, Processo número 30.132/2003,

folha 12, Prefeitura Municipal de Franca.

5Cf. plantas aprovadas pela Prefeitura Municipal e arquivadas no

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dias10, mas sua entrega ocorreu somente em maio de

2014, após duas prorrogações de prazo justificadas pela Prefeitura pelas dificuldades de trabalhar no centro da cidade e pelas chuvas. Para a diretora de fiscalização de obras públicas de Franca, Gilcelene Nicolau Silva, esse atraso nem deveria ser caracterizado como tal. “O edital da obra foi feito com um prazo inadequado. Uma obra daquela não se faz em nove meses. O tempo era insuficiente”, afirmou. “É uma obra de enorme comple-xidade, feita em um local muito delicado e muito movi-mentado (MARTINS, 2013)”.

• O Projeto

O edifício, licitado com projeto desenvolvido pela própria prefeitura, tem um programa ambicioso: um te-atro, o “museu da Regina Duarte”, espaços administra-tivos, cafeteria, espaços expositivos e outras atividades artísticas e culturais, com área construída prevista de aproximadamente mil e duzentos metros quadrados.

Trata-se de um “cubo” imaginário dividido em duas partes com três pavimentos (Figura 1). Seus acessos principais se darão pela Praça Carlos Pacheco e pela rua dos fundos (Alcindo Conrado), que atravessa o cor-po do “cubo”, como uma rua coberta e tem sobre si as pontes que interligam os pavimentos superiores. Ao in-vés de preservar e recuperar os imóveis habitacionais existentes como sugerira o CONDEPHAT em 2003 e como havia dito o prefeito, eles foram demolidos, er-guendo-se o “cubo” dentro do vazio gerado pela de-molição, mantendo apenas partes da fachada de alguns deles (na verdade uma falsa fachada que funciona como um tapume fora de lugar) (Figura 2). Os vãos decor-rentes do projeto original das moradias ou mesmo os modificados ao longo do tempo foram preenchidos com tijolos e rebocados com argamassa, vedando a visibili-dade interna do térreo. A Carta de Veneza, documento internacional que define diretrizes para intervenções em obras de interesse histórico, foi desconhecida pelo projeto. Suas recomendações, como dos artigos abaixo, foram ignoradas pelo projeto de arquitetura, pois afinal, para que conservar fachadas (como um cenário inútil), se era a moradia proletária (principalmente aquela onde nasceu a atriz), que desapareceu, o mais importante a preservar?

Art 5º A conservação dos monumentos é sempre favore-cida pela sua afetação a uma função útil à sociedade: tal afe-tação é pois desejável mas não deve alterar a disposição ou a decoração de edifícios. É dentro destes limites que se devem conceber e que se pode autorizar as adaptações exigidas pela evolução dos usos e dos costumeschecar os principais aspectos. Artº 6º- A conservação de um monumento implica a conser-vação de um enquadramento à sua escala. Quando subsiste

10PORTAL GCN. Disponível em

:<http://www.gcn.net.br/noti- cia/168580/franca/2012/04/CASA-DA-CULTURA-D0-ARTIS-TA-FRANCAN0-ENTRA-EM-FASE-DE-LICITACA0-168580> Acesso em: 29 abr. 2014.

dade e dos seus principais estabelecimentos comerciais e bancários, as habitações foram se transformando em escritórios, lojas e “repúblicas” estudantis, geralmente de alunos do campus da UNESP, que ficava apenas dois quarteirões do local, mas o conjunto ainda guardava parte significativa de suas feições originais.

A CASA DA CULTURA E DO ARTISTA FRANCANO • Local de Implantação

Por volta de 2003, um editor de revistas16 local

sugeriu a ideia de implantar um novo equipamen-to cultural a partir da doação de figurinos utilizados pela atriz Regina Duarte, na casa onde ela nasceu e o CONDEPHAT municipal, à época, estudou a possibili-dade de tombá-la, o que não ocorreu até o final da ges-tão municipal 2001-2004.

Em 2009, já em outra gestão, a prefeitura desapro-priou os sete imóveis do conjunto7 e removeu seus

usu-ários de imediato mediante decisão judicial, justificadas pela construção da Casa da Cultura e do Artista Fran-cano que abrigaria o acervo a ser doado pela artista. A prefeitura depositou em juízo o valor avaliado diante da recusa à desapropriação dos proprietários do imóvel e obteve a imissão de posse dos imóveis. Foram gastos na desapropriação R$ 1.121.625,87 milhão de reais, sem contar os valores dos processos movidos pelos proprie-tários e locaproprie-tários expulsos, que podem se transformar em precatórios para futuras administrações, pois até o momento a ação não foi concluída8.

Segundo entrevista do prefeito à época de divulga-ção do projeto, “além de abrigar a casa de uma artis-ta nacional, o conjunto conartis-ta um pouco da história da habitação social de Franca”, acrescentando que o con-junto guarda uma porção da paisagem urbana típica do início dos anos 50. No primeiro piso, será preservada a casa onde nasceu Regina Duarte, tanto no seu aspecto interno como externo”9.

Em visita do governador do Estado à cidade em 28 de fevereiro de 2011, anunciou-se oficialmente que no local seria erguida uma casa da cultura em três pavimentos, sendo liberado pelo Estado o valor de três milhões de reais para as obras através de convênio com o Município. Sua construção foi iniciada em julho de 2012, com previsão contratual inicial de finalização em 240

6O empresário e editor César Colleti, amigo pessoal da atriz Regina

Duarte. Ver revista Enfoque, nº 121, julho/2011 – p.52-56.

7Decretos ns. 9.384, de 10 de dezembro de 2009 e 9.400, de 07 de

janeiro de 2010, declararam de utilidade pública os imóveis pela Prefeitura Municipal de Franca com vistas a implantar a Casa da Cultura e do Artista Francano.

8Processo nº 196.01.2010.000963-7/000000-000 - nº ordem 64/2010

- Possessórias em geral - MUNICÍPIO DE FRANCA X ELIAS DE OLIVEIRA MOTTA E OUTROS – COMARCA DE FRANCA TERCEIRA VARA CÍVEL.

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pessoas e uso de eventual rota de fuga. A rampa cons-truída, que não constava do projeto inicial, não obedece às normas da NBR-9050, com larguras diferentes em quatro trechos. Observações iniciais do prédio recém-i-naugurado mostram inúmeras outras patologias de pro-jeto e execução, porém para descrevê-las seria necessá-rio estudar com maior detalhe o edifício, o que não foi possível, pois os autores não conseguiram acesso aos projetos efetivamente utilizados na obra e sequer ao real autor do projeto de arquitetura.

CONCLUSÃO

Os equipamentos públicos culturais de Franca são insuficientes para o porte da cidade. São apenas sete equipamentos, inseridos em um diâmetro de três quilô-metros a partir da praça e região central da cidade.

Em sua maioria, os equipamentos estão instalados em edificações adaptadas que necessitam de urgentes obras de conservação e restauração, como o Museu His-tórico e a Biblioteca da Estação. Um rápido olhar sobre o mapa da cidade permite constatar que regiões populo-sas como Aeroporto ou Leporace não possuem nenhum equipamento cultural da prefeitura, demonstrando a precariedade e a falta de investimentos do governo no setor. A implantação da Casa da Cultura e do Artista Francano no local escolhido local e com as feições ado-tadas por sua arquitetura abre margens para discussão sobre o setor cultural da cidade, sua distribuição espa-cial e função soespa-cial.

Equipamentos culturais, para funcionar, não pre-cisam ser obras novas, faraônicas ou consumir muito o enquadramento tradicional, este deverá ser conservado, e

qualquer construção nova, qualquer distribuição e qualquer arranjo susceptível de alterar as relações de volume e cor, devem ser prescritos.(IPHAN, 1964:2).

Provavelmente em função das sucessivas alterações no projeto arquitetônico original, a falta de detalhamen-to adequado gerou situações que causam estranheza: le-vantou-se o centro da platibanda para esconder a cume-eira do telhado, gerando um ruído na fachada externa do “cubo”. O revestimento do “cubo” e suas empenas rebocadas e pintadas com tinta látex vão gerar contínua necessidade de manutenção, ação em que, geralmente, prefeituras não são bem avaliadas. As aberturas com vi-dro temperado, aparentemente não obedecem às áreas mínimas para ventilação e iluminação naturais exigidas pelo Código de Obras do município e não foi execu-tado um sistema de ar condicionado. Não foi prevista nenhuma vaga de estacionamento na edificação, apesar da exigência legal, numa área objeto de acirrado debate sobre a falta de vagas para veículos entre várias enti-dades comerciais e a prefeitura, que gerou uma carta aberta à população publicada na imprensa local pela Associação Comercial e Industrial de Franca - ACIF, com críticas à Prefeitura.11

Os usuários, ao descer pelas escadarias (cujo proje-to interno foi bastante alterado em relação à Figura 1) no pavimento térreo deparam-se com curvas de 90° e redução da largura da saída, dificultando o trânsito de

11Disponível em: <

http://www.acifranca.com.br/noticias1.asp?codi-go=832> Acesso em: 29 abr. 2014.

Figura1: Planta do pavimento térreo da Casa da Cultura (ENFOQUE, 2011:53). Fonte: Um moderno Centro Cultural para Franca. Enfoque Franca, Franca-SP, n. 121, p. 53, jul, 2011.

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BONDUKI, Nabil. Origens da Habitação Social no

Brasil. Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria. São Paulo: Estação

Liber-dade/Fapesp, 1998.

CHIQUITO, Elisângela. Expansão Urbana e Meio

Ambiente nas Cidades não-metropolitanas: o caso de Franca - SP. São Carlos: EESC/USP. 2006.

ENFOQUE. nº 121, julho/2011 – p.52-56. Franca:

Iz-zon, 2011.

FELDMAN,Sarah (coord.) Relatório da Pesquisa

Programas de Gestão Integrada para o Município de Franca. São Carlos: FAPESP/ EESCUSP:2002.

FUENTES, Maria Cecilia Sodré. Conjunto

Residen-cial Parque Vicente Leporace: marco de novas con-cepções urbanísticas na trajetória do BNH.

Disser-tação (Mestrado em Engenharia Urbana). São Carlos: UFSCar, 2006.

FERREIRA, Mauro. O Espaço Edificado e a

Indús-tria Calçadista de Franca. Dissertação de Mestrado,

São Carlos: EESC/USP, 1989.

_____ Planejamento Urbano nos tempos do

SER-FHAU: o processo de construção e implementação

dinheiro público. Seus programas, objeto de concurso público de projetos, deveriam ser elaborados a partir de um processo prévio de discussão com criadores, produtores de cultura, usuários e especialmente artis-tas, no sentido de que sua arquitetura e funcionamento atendam suas necessidades e aspirações. Governantes autocráticos erram sempre. Ao decidir sozinho, como um faraó, o administrador terá erigido, à sua feição e semelhança, sua pirâmide a ser inaugurada com discur-sos, pompa e circunstância. Mas terá valido a pena para a cidade investir milhões de reais para tal resultado?

O edifício, que já custou no mínimo R$ 3,8 milhões aos contribuintes, não resolve os principais problemas do setor cultural, da preservação do patrimônio históri-co e da região central. Ao históri-contrário, sua históri-construção só exacerba a acintosa falta de diálogo, insensibilidade e descaso da administração municipal com a cidade, sua arquitetura, cultura e patrimônio.

REFERÊNCIAS

ACIF. Disponível em: <http://www.acifranca.com.br/ noticias1.asp?codigo=832> Acesso: 29 abr. 2014.

Figura 2. (a), (b) e (c) Situação dos imóveis onde seria construída a futura Casa da Cultura em 2003; (d)

Facha-da mantiFacha-da Facha-das habitações que ali existiam

. Fonte: Autoria e arquivo Mauro Ferreira

(a)

(b)

(6)

IPHAN. Disponível em :< http://portal.iphan.gov.br>

Acesso em: 29 abr. 2014

MARTINS, Paulo Comércio da Franca. Franca, 16 Ago. 2013. Caderno local p.03.

do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Franca. São Carlos: EESC/USP, 2007.

GCN. Disponível em :< http://www.gcn.net.

br/noticia/168580/franca/2012/04/CASA-DA- -CULTURA-D0-ARTISTA-FRANCAN0-EN-T R A - E M - FA S E - D E - L I C I -CULTURA-D0-ARTISTA-FRANCAN0-EN-TA C A 0 - 1 6 8 5 8 0 > Acesso em: 29 abr. 2014.

Imagem

Figura 2. (a), (b) e (c) Situação dos imóveis onde seria construída a futura Casa da Cultura em 2003; (d)  Facha- Facha-da mantiFacha-da Facha-das habitações que ali existiam

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