Revista Brasileira
Atividade fisica
Saude
·
EFElTOS DE UMPROGRAMADETRElNAMENTO
CONTRA RESlSTENClA SOBRE AFOR~A
MUSCULAR DE MULHERES lDOSAS
ALINE RODRIGUES BARBOSA
FCF/FEA/FSP - PRONUT- USP - Curso de p6
s-gradua-c;:ao lnterunidades em Nutric;:ao Humana Aplicada / Uni-versidade de Sao Paulo
JOSE MARIA SANTAREM WILSON JACOB FILHO
CECAFI - FMUSP - Departamento de Clinica Medica /
Faculdade de Medicina /Universidade de Sao Paulo MARIA DE FATIMA NUNES MARUCCI
FSP/USP - Departamento de NutriC;ao/Faculdade de
Saude Publica /Universidade da Sao Paulo
Esse estudo analisou os efeitos de 10 semanas de treinamento contra resistencia sobre a forfa muscular de11mulheres idosas(68,91±5,43anos). A forfa depreensao manual (ambas as maos)foi avaliada antes e ap6s10 semanas. Aforfa muscular isotonica foi avaliada pelas cargasdetreinamento (iniciale final). Ap6sas avaliafoes iniciais, os individuos iniciaram 0programa de treinamento deintensidade progressiva, empregando contrafao muscular concentrica e excentrica, utilizando oito exercfcios (peito, costas,ombro,biceps, triceps, coxa, panturrilha eabdome). aprograma de treinamento resultou em aumentos significativos (p<0,00l) naforfa muscular isotonica, para todos os exercfcios, com aumentos percentuais que varia ram de 25,91%a49,09%, para triceps e panturrilha, respectivamente. Verificaram-se tambem, aumentos significativos (p<0,001) na forfa de preensao manual de ambas as maos. Conclui-se que0
programa detreinamento utilizado eseguro e eficaz para aumentar aforfa muscular dasmulheres idosas.
PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento, Exercfcio, Treinamento de forfa.
EFFECTS OF RESISTANCE TRAINING PROGRAM ON MUSCLE STRENGTH OF ELDERLY WOMEN
~:
ab$tract
This study analyzed the effectsofa 10-wk resistance training program on muscfe strengthIn11elderfy women (68.91±5.43yr.). Handgripstrength (both hands) was assessed before andafter 10 weeks. TheIsotonic muscle strength were assessed bytheweight of training (initial and final).After initial tests,the subjects began a progressive-resistance training program, employing concentric and eccentric muscle contraction. Theprogram consisting of eight exercises for all body(chest,back,shoulder, biceps, triceps, thigh,calf and abdomen). Thetraining program resulted insignificant increase (p<0.00l) in isotonicmuscle strength,forall exercises,withincreases rangedfrom25.91% to49.09%, for tricepsand calf,respectively. It wasobservedsignificant increase (p <0,00l) in hand grip strength (both hands) inthetraining group.Inconclusion, the training program utilized waseffective inincrease muscle strength.
Atividade Fisica)2" Saude
¥,::,:/"(",
INTRODU~AO
o
numero de indivfduos idosos vem aumen-tando consideravelmente nas ultimas decadas e esse aumento vem sendo acompanhado por mTI
crescente interesse em relac,:aoas alterac,:oesfisi
-ologicas normais que incidem na capacidade fun-cional dos v:hios orgaos esistemas a medida que avanc,:aa idade.
A interac,:aode fatores endogenos (interac,:oes geneticas e neuroendocrinas) e ambientais ( nu-tric,:ao,atividade ffsica, doenc,:as etc...)in£luenci
-am essas alterac,:oes, que acontecem em ritmos diferentes nos diversos sistemas e nao seguem a mesma idade cronologica (SCHROLL, 1994).
Assim, muito do declfnio associado ao processo de envelhecimento pode ser resultado do estilo de vida dos indivfduos, e nao apenas uma carac-terfstica propria e inevitavel desse processo .
A atividade ffsica(AF)regular parece ter e£ei
-tos positivos em varias func,:oesfisiologicas, e uma forma de AF, que vem sendo bastante estudada em indivfduos idosos na ultima decada e 0 trei
-namento contra resistencia (TCR). 0TCR, tam
-bem conhecido como treinamento de forc,:a,e uma forma de exercfcio que requer que a musculatura corporal se mova (ou esforce para se mover) con
-tra uma forc,:aoponente, geralmente oferecida por algum tipo de equipamento. A meta principal dessa forma de trabalho e promover adaptac,:oes fisiologicas e morfologicas no musculo (FLECK
&KRAEMER, 1997).
A importancia do TCR, como uma ativida
-de ffsica com repercussoes na prevenc,:ao e reabi
-litac,:aode indivfduos idosos, em parametros fun
-cionais e metabolicos como sarcopenia, osteoporose, obesidade e controle de peso, capa
-cidade funcional etc. foi reconhecida recentemen
-te por entidades como 0 American College of
Sports Medicine (ACSM, 1998) e National Institutes of Health (NIH, 1995), sendo assim, recomendado para esses indivfduos.
o
conhecimento das respostas ao TCR nos indivfduos idosos, e necessario para recomendar e planejar melhores programas de exercfcios ffsi-cos para esse segmento da populac,:ao.Observa
-se uma grande diversidade nos protocolos de trei-namento utilizados no que diz respeito aos grupamentos musculares treinados, intensidade, frequencia e perfodo de extensaodo treinamento empregado (FIATARONE et al., 1990j NICHOLS
et al. 1993j TREUTH et al., 1994j CAMPBELL
et al., 1999). Alem disso, existe alguma relutan
-cia em submeter os indivfduos idosos a tr eina-men to de alta intensidade. Assimf 0 objetivo do
presente estudo foi avaliar os efeitos de treina-men to contra resistenciaf de intensidade
progres-siva, na forc,:amuscular de mulheres idosas, uti
-lizando um programa classico, habitualmente
utilizado para induzir hipertrofia e forc, :amuscu-lar em indivfduos adultos.
MATERIAL
E METODOS
Individuos - 0 estudo foi realizado com 12
indivfduos do sexo feminino com idade entre 62 e 78 anos/ recrutados nas proximidades da Divisao deMedicina de Reabilitac,:aodoHospital das Clf-nicasf da Faculdade de Medicina daUniversidade
deSaoPaulo (DMR - FMUSP)/ na cidade de Sao Paulo,no ana de 1999. Todas as participantes de
-ram sua autorizac,:aopor escrito, de acordo comas normas eticas exigidas pela Resoluc,:aonO196/out.,
1996 (Conselho Nacional de Saude). 0protocolo do estudo foi aprovado pelos comites de etica das Faculdade de Saude Publica e Faculdade de Me di-cina da Universidade de Sao Paulo.
Os indivfduos deste estudo foram s ubmeti-dos a uma avaliac,:aomedica inicialf que incluiu
exames clfnico e bioqufmico. Apressao arterial de repouso foi avaliada em exame clfnico geralj
sen-do tambem realizado 0 ECG (eletrocardiograma)
de esforc,:oem avaliac,:ao inicial seletiva. Foram
adotados como criterios de exclusao para partici-par do estudo: indivfduos engajados em algum tipo de programa de exercfcio ffsico regular nos 3 me-ses anteriores ao estudoj graves insuficiencias:
cardfaca, coronariana, respiratoriaf renal, e hepa
-ticaj artropatias sintomaticasj osteoporose
inten-saj diabetes instavel; doenc,:as neurologicas incapacitantesj hipertensao arterial grave.
Foi adotado como criterio de exclusao, du
-rante a realizac,:aodo estudo, 0 indivfduo que por
qualquer motivof tivesse 3 faltas consecutivas.
Os indivfduos for am instrufdos a nao participa-rem de outros programas de exercfcio ffsico e nao alterar seus habitos do dia a dia, durante a reali-zac,:aodo presente estudo.
- A massa corporal foi medida em balanc,:a eletronica, marca TANITA de 150 kg de capaci-dade e sensibilicapaci-dade de 100gf com 0 indivfduo
Aestatura foi medida com antropometro fixado
a
parede, de acordo com a Programa Biol6gicoInternacional (TANNER et al. 1969). Duas
me-didas foram realizadas e a media utilizada nas
analises.
Protocolo de treinamento
Foram utilizados aparelhos com sistema
dealavancas (MAXIFLEXBIODELTA, Joinville,
SC). Os individuos foram submetidos a
treina-menta contra resistencia, com intensidade
pro-gressiva, com exercicios dinamicos de trabalho
concentrico e excentrico, para melnbros
supe-riores, tronco e membros inferiores. 0
progra-ma de treinamento teve dura<.;aode 10
sema-nas, foi realizado 3 vezes par semana, em dias
alternados, com aproximadamente 85
minu-tos de dura<.;ao,totalizando 27 sess6es. Na
se-mana anterior ao inicio do treinamento for am
conduzidas 3 sess6es de exercicio, em dias
al-ternados, com a intuito de tornar as
individu-as familiarizados com a equipamento e as
tec-nicas dos exercicios.
Foram utilizados 8 tipos diferentes de
exer-cicios:
Peito -flexao horizontal do ombro com
ex-tensao docotovelo, individuo sentado. Principais
musculos atuantes: peitoral maior, delt6ide
an-terior, serratil etriceps braquial.
Costas -extensao do ombro, da coluna edo
quadril, com flexao do cotovelo, individuo
senta-do.Principais musculos atuantes: grande dorsal,
redondo maior emenor, romb6ide, trapezio,
infra-espinhal, paravertebrais, gluteos eposteriores da
coxa, biceps braquial, braquioradial, braquial,
flexores
.
do punho e dedos.Ombro - abdu<.;aodo ombro com extensao
do cotovelo, individuo sentado. Principais
mus-culos utilizados: delt6ides, triceps braquial e
trapezio.
Biceps - flexao do cotovelo, individuo
sen-tado: Principais musculos utilizados: biceps
braquial, braquial, braquioradial, flexores do
pu-nho ededos.
Triceps - extensao do cotovelo, individuo
sentado. Principal musculo utilizado: triceps
braquial.
Coxa - extensao do joelho e quadril,
indivi-duo sentado. Principais grupos musculares
exer-citados: quadriceps, gluteo maximo, posteriores
da coxa eparavertebrais.
Panturrilha - flexao plantar dotornozelo,
in-dividuo sentado. Musculos principais atuantes :
gastrocnemios e s6leo.
Abdome - flexao da coluna e flexao parcial
do quadril, individuo sentado. Principais
mus-culosutilizados: reto abdominal, abdominal
obli-quo e transverso, iliopsoas.
Os individuos executaram primeiramente os
exercicios para grandes grupamentos
muscula-res edepois asdemais. Nao foi realizado nenhum
tipo de exercicio de alongamento, antes au ap6s
otreinamento(BARBOSA et al., sd),e tambem
nenhum exercicio, para aquecimento, de
nature-zaaer6bia. Ap6s 3minutos de exercicios de
aque-cimento geral, cadaindividuo executou as
seguin-tes series:
• para os exercicios depeito, costas e coxa,
foram executadas 5 series de 6 a 10 repeti<.;6es,
com cargas progressivas: a 1adebaixa
intensida-de, a 2a de intensidade moderada, e as demais
executadas com uma carga que podia ser
utiliza-da apenas entre 6e 10 repeti<.;6es(sem contra<.;ao
muscular maxima). Quando aindividuo
aumen-tava sua for<.;aaoponto de realizar 10 repeti<.;6es
com facilidade, era adicionada uma nova carga,
suficiente para a numero de repeti<.;6esvoltar ao
nivel inicial (6). Este numero de series e
repeti-<.;6esehabitualmente utilizado par atletas e
tec-nicos, para estimular a hipertrofia muscular
(FLECK&KRAEMER, 1997).
• Para asexercicios de ombro biceps etriceps
foram executadas 3 series de 6 a 10 repeti<.;6es,
sendo a 1a de intensidade moderada e as duas
ultimas com uma carga que podia ser utilizada
apenas entre 6 e 10 repeti<.;6es (sem contrac;ao
muscular maxima). Quando aindividuo
aumen-tava sua forc;a ao ponto de realizar 10 repetic;6es
com facilidade, era adicionada uma nova carga,
suficiente para a numero de repetic;6es voltar ao
nivel inicial. 0 menor numero de series para
es-ses exercicios se justifica pelas suas a<.;6es
sinergicas nos exercicios anteriores.
• Para os exercicios de panturrilha e
abdo-minal foram executadas 3 series de lOa 15
repe-tic;6es,sendo a 1a de intensidade moderada e as
seguintes com uma carga que podia ser
sustenta-da entre 10 e15repetic;6es. Quando a individuo
aumentava sua forc;a ao ponto de realizar 15
re-petic;6es com facilidade, era adicionada uma nova
carga, suficiente para a numero de repeti<.;6es
series tambem se justifica pelas suas ac;6es
sinergicas nos exercicios anteriores e 0 maior
numero de repetic;6es se justifica pelo consenso
tecnico de que os resultados saG melhores/
em-bora nao se tenha uma confirmac;ao ou explica-c;aopara esse procedimento.
Para cada exercicio foirealizado um
descan-so de cerca de 2 minutos entre as series/
poden-do este tempo ser prolongapoden-do caso a frequencia
cardiaca ultrapassasse 75%da frequencia
cardi-aca maxima prevista para a idade/ predita a
par-tir da f6rmula 220-idade (anos)/ verificada ap6s
cad a serie.
Em relac;ao
a
respirac;ao/ os individuos fo-ram encorajados a expirar durante a ac;aocon-centrica e inspirar na ac;ao excentrica/ em' cada
repetic;ao. Foram evitadas a apneia e a contrac;ao
muscular maximal avaliada pela contrac;ao
mus-cular isotonica com velocidade lenta/ tendendo a
isometrical devido ao efeito da fadiga. Desta for-ma se preveniu a elevaC;aoexcessiva da pressao
arterial (FLECK&KRAEMER/ 1997).
o
treinamento foi conduzido porprofissio-nal de educac;ao fisica e medico. Todos os
proce-dimentos experimentais foram realizados na
Di-visao de Medicina de Reabilitac;ao do HC
-FMUSP.
Avalim;iio da forc;a muscular isotonica -A
forc;a muscular isotonica foi avaliada pelas
car-gas de treinarIlento para cada exercicio (peito/
costas/ ombro/ biceps/ triceps/ coxal panturrilha/
abdome)/ ou seja a maior carga utilizada no
pri-meiro dia de treinamento e a maior carga usada
no ultimo dia da 1
oa
semana de treinamento. Essacarga e a carga maxima com a qual a pessoa
con-segue realizar 0 numero de repetic;6es
planeja-das/ sem isometria e sem apneia (WILMORE/
1974; TREUTH et al./ 1994).
Avaliac;iio da forc;adepreensiio manual -A
forc;a maxuna de preensao manual
(dinamometria) foi medida por meio de
dinamometro (TAKEI KIKI KOGYO TK 1201/
Tapao)/ ajustado para cada individuo de acordo
com 0 tamanho das maos. 0 teste foi realizado
com os individuos em pelem posic;ao ereta e com
os brac;os totalmente estendidos ao longo do
cor-po. 0 dinamometro ficou segura pela mao que
estava sendo submetida ao teste/ ficando 0
mos-trador da forc;avoltado externamente. Os
indivi-duos entao/ executaram a maior preensao
ma-nual que conseguiram. Esse procedimento foi repetido 3 vezes/ para cada mao/ com um minu-to de intervalo entre as execuc;6es/ sendo
compu-tado 0maior dos tres valores. A categorizac;ao da
forc;a de preensao foi dada utilizando os valores
obtidos para cada mao.
Awilise dos dados - A analise dos dados foi
feita de forma descritiva para tcidas as variaveis/
em cada individuo do grupo de estudo. Foi
calcu-lada a diferenc;a das medias de cada variavel rela-tivas ao momento final menos'o momento inici-all para os dois grupos/ e os respectivos desvios padrao. A determinac;ao da significancia da
dife-renc;a entre medias/ foi feita a partir do /Itest
e'
para alnostras pequenas/ COInorecomendado par
SPENCE et al./ (1983). Para 0 processamento e
analise estatistica dos dados foi utilizado 0
INSTAT(versao V2.01/ Graphpad Software/ San
Diego/ CA).
Na amostra inicial do presente estudo/
fo-ram selecionadas 12 mulheres idosas. Desse
to-tal/ uma abandonou 0 estudo antes do tennino/
por motivos pessoais. Assim a amostra final foi
composta de 11 individuos. Na tabela 1/po
de-mos verificar as caracteristicas fisicas das idosas
participantes do estudo.
Forc;amuscular isotonica - Encontrou-se/
para todos os grupos musculares treinados,
au-mento significativo (p<O/OOI) da forc;a
muscu-lar.Observou-se/ na tabela 2/ as cargas de
treina-mento utilizadas nos motreina-mentos inicial e final/
para todos os exercicios executados. Na figura 1/
pode-se observar os percentuais de alterac;ao para
todos os grupamentos musculares. Os
percentuais de aumento variaram bastante/ de
acordo com determinado exercicio, de 25/91 % ±
3/03% (media e desvio-padrao) para 0 triceps/ a
49/09 ± 2/85 para a panturrilha.
Forc;ade preensiio manual - Na tabela 3/
podemos observar que 0 TCR resultou em
au-mentos signihcativos (p<O/OOI)/ na
dinamometria manual de ambas as maos/
totalizando aumento medio de 8± 4% e 9±5% para mao direita e esquerda/ respectivamente.
Tabela 1-Caracterfsticas ffsicas das mulheres idosas, nos dois momentos de avalia~ao (SP,1999).
Variavel TO TF
Idade 68,9H 5,43 69,18± 5,47
(anos) (62 - 79) (63-79)
Massa corporal (kg) 64,13± 10,78 64,02± 10,23
(50,00 -86,40) (50,60 - 84,60)
Estatura 155,OH 5,26 155,04 ± 5,29
(em.) (147,80 -163,30) (147,80-163,30)
Va/ores de media ± desvio-padrao, va/ores minimos e maximos de 11 idosas ns, nao significativo
"""\
FIGURA 1- Percentual de altera~ao na for~a muscular dinamica ap6s 10 semanas de TCR,em 11 mulhe-res idosas. A for~a muscular isotonica foi avaliada para peito (PT),costas {(T), coxa {CXl,ombro (OB), bfceps (BPl,trfceps{TP), panturrilha (PR) e abdome (AB) (SP,1999).
65
1
60i
55i
50 o leu 45 ~ 40 •... 2 35 eu 30 ~ 25 rf2. 20 15 10l
5o
Peito Costas Coxa Ombro Bleeps Triceps Panturrilha Abdome Carga inicial (kg) 8,56 ± 1,29 28,00 ± 2,68 30,36 ± 2,94 3,45 ± 1,29 3,82 ± 0,60 6,73 ± 0,90 24,09 ± 2,02 23,18±2,52 Carga final (kg) 11,09+1,64* 37,82 ± 2,09 * 41,36 ± 3,93 * 5,18 ± 1,54 * 4,9H 0,70 * 8,27 ± 0,65 * 35,91 ± 3,75 * 31,36 ± 3,23 * Va/ores de media ± desvio-padrilO*diferenc;a significativa em re/ac;aoao momento inicia/, p5,.0,001
Diferenya TO/TF (kg) 2,55± 0,93 9,82 ± 2,09 11,00 ± 2,28 1,73 ± 0,47 1,09 ± 0,30 1,55 ± 0,52 11,82 ± 2,52 8,18 ± 2,52
Atividade Ffsica
Sl~
Saude -INICIAL FINAL Dinamometria 22,9 ± 4,7* 24,7 ±4,9 * Direita (kg) (17,0 - 28,0) (18,0 - 29,5) Dinamometria 22,4 ±3,0* 24,3 ±3,5 * Esquerda (Kg) (18,0 - 26,5) (19,5 - 29,0)Media ± desvio-padrao, va/ores minimos emaximos de 11 idosas
*significativo, p<O,001
:E
de amplo conhecimento que 0 increme n-tona for<;amuscular se da atraves de treiname n-to com altas cargas, ou de alta intensidade, con-tudo, existe alguma relutancia em aplicar esse principio em treinanlento com individuos ido
-sos. Dessa forma, observa-se na literatura Ulna
diversidade na metodologia utilizada para
avali-ar os efeitos de diferentes programas de trein
a-mento no aUlnento da for<;amuscular nesses
in-dividuos, dificultando uma compara<;ao acurada. Varias diferen<;as sao observadas entre os
programas de treinamento empregados nos es -tudos, como: extensao do treinalnento, numero
de sess6es semanais, numero de series execut
a-das, grupo muscular treinado e numero deexe
r-cicios para determinado grupo muscular,
diferen-<;asnas cargas utilizadas para diferentes nivels pre treinamento dos individuos, diferen<;asnos aparelhos utilizados etc. (FRONTERA etal.,1988;
HAGBERGet al., 1989; FIATARONE etal.,1990j
BROWN et al., 1990; MEREDITH et al., 1992j
KOFFLER et al., 1992j ROMAN et al., 1993j
TREUTH et al., 1994j CAMPBELL et al.,1999).
o
programa utilizado em nosso estudo ehabitualmente usado com 0 objetivo de aumen-.
to de massa muscular e for<;apor esportistas e atletas. Dados estatfsticos evidenciando muito
baixa evidencia de les6es eintercorrencias pato -16gicasno treinamento com pesos corretamente
orientado (MAZUR et al., 1993j FALB &
TENENBAUM, 1996L e a constata<;ao deefeitos
mciximos nos objetivos pretendidos, estimularam
a ideia de aplica<;ao dessa abordagem do treina-mento para popula<;6es idosas.
Embora, no presente estudo, nao tenha sido
verificada a for<;aisotonica para a grupo contr
o-Ie, assume-se que as altera<;6es na fun<;aom us-cular foram conseqU:encia da interven<;ao rea
li-zada. Os resultados do presente estudo, como ja era esperado, refor<;amapremissa de quemulh
e-res idosas podem serengajadas em programas de
treinamento contra resistencia de intensidade
progressiva, abrangendo grupos musculares do
corpo todo, e que esse modelo de treinamento
pode resultar em aumentos significativos na for
-<;amuscular.
Os individuos do presente estudo mostra
-ram um aumento acentuado para cada um dos oito exercicios executados, alem do aumento ve
-rificado no teste defor<;ade preensao manual. A
magnitude dos aumentos variaram de 25,91% a
49,09% em rela<;ao aos valores iniciais, para
triceps epanturrilha, respectivamente. Os valo-res absolutos variaram de 1,09 kg,para abiceps, a 11,82 kg, para apanturrilha.
Varios estudos anteriores demonstraram que individuos, de ambos as sexos, saG capazes de aumentar sua for<;amuscular atraves de treina
-mento contra resistencia. Contudo, grande parte
desses estudos utilizaram apenas poucos exerc
ici-ose para membros especfficos. FRONTERA etal.
(1988), FIATARONE et al.(l990) e MEREDITH et al.(1992) usaram apenas dois exercicios envol -vendo osmusculos extenso res eflexoresda coxa,
sendo que somente a segundo estudo citado foi
realizado com mulheres. Vale ressaltar que em
estudos realizados com homens e mulheres
(HAGBERGetal.,. 1989j FIATARONEetal.,1990j
CAMPBELLet al., 1994L nao foram observadas
for<;a,entre as sexos.
Em 1991, CHARETTE et al.demonstraram que mulheres idosas poderiam seengajar, defor
-ma segura, em programas de treinamento de for -<;a,de alta intensidade, envolvendo mais que dais exercicios e abrangendo outros grupos muscula-res alem dos extensores e flexores da coxa.
Os ganhos medias na for<;amuscular, verifi
-cado nos estudo de FIATARONE et al.(1990), ap6s 8 semanas de treinamento, foram de 174% ±
31%.No estudo de FRONTERA et al. (1988), as
aumentos observados foram de 107,4% e226,7%,
para for<;ados extensores e flexor do joelho, res -pectivamente.
o
aumento, para a exercicio de coxa, verifi -cadoneste estudo, 37,09% ± 10,44%, foi supe ri-or ao encontrado par CHARETTE et al. (1991),28,3% ± 5,7%, em 13 mulheres idosas submeti -das a 12 semanas detreinamento de alta intensi
-dade, envolvendo sete exercicios para as Ine m-bros inferiores.
Uma passive! explica<;ao para as diferen<;as entre as aumentos percentuais de ganho de fo r-<;aentre as individuos dos estudos citados a ci-ma e apresente estudo, pode ser anivel deco n-dicionamento pre- treinamento das par ticipan-tes dos estudos.
Estudos anteriores, utilizando treinamento
para a corpo todo, realizado com homens e mu-lheres idosos, como adeHAGBERG etal. (1989),
observaram pouco aumento, embora significa
ti-va, na for<;amuscular, contudo a treinamento empregado foi de baixa a moderada intensidade,
nao sendo capaz portanto de acentuar a for<;a muscular.
o
estudo deTREUTH etal. (1994), embora tenha utilizado treinamento para a corpo todo, apresenta as resultados para for<;amuscular(3RM), em somat6rio dosval ores (kg)para parte inferior do corpo, parte superior e corpo todo. Contudo, as autores nao somam todas as cargas
dos grupos treinados, citados na metodologia, a que torna dificil a compara<;ao com este estudo.
Aocomparar as valores obtidos neste estu
-do, para membros inferiores (media dos
percentuais de altera<;ao de coxa e panturrilha),
obtem-se aumento de 43,09% ± 11,09 %,bem
pr6ximo do percentual obtido par TREUTH et
al. (1994) para membros inferiores, 42% ± 14%.
o
presente estudo foirealizado em 10semanas,au 27 sessoes, as individuos do estudo de
TREUTH et al. (1994) foram submetidos a 16 semanas detreinamento, totalizando aproxima
-damente 48 sessoes. Pode-se tambem, observar
diferen<;as no numero de series erepeti<;oes dos exercicios entre as dais estudos (tabela 18). As-sim, pode-se dizer que a aumento verificado nes -te estudo foi superior ao de TREUTH et al., su -pando que as individuos deste estudo aumen
ta-riam mais sua for<;ano prolongamento do tre i-nalnento.
Existe um alto grau de especificidade na res -posta ao treinamento, jaobservada porvarios au-tares (DUCHATEAU &. HAINAUT, 1984j FRONTERA et al. ,1988j FIATARONE et al.,
1990, BROWN etal., 1990).As medidas defor<;a
no treinamento isot6nico, utilizado em nossa
in-terven<;ao, aumentaram mais do que a teste de
dinamometria manual, que euma medida de for
-<;aisometrica. Provavelmente, a especificidade do treinamento e devido a adapta<;oes favor<iveisque ocorrem tanto no pr6prio musculo quanta na or -ganiza<;aoneural e na excitabilidade para deter -minado movimento voluntario (RUTHERFORD
et al., 1986; GRIMBY et al., 1992). Embora no
presente estudo nao se tenha treinado diretame n-te as musculos envolvidos na preensao manual,
esses musculos tambem foram ativados durante
a protocolo de treinamento.
Os mecanismos envolvidos no aumento da
for<;amuscular, nos individuos idosos, nao sao
ainda totalmente esclarecidos, e nao foram ava -liados no presente estudo. Dais mecanismos tem
sido citados como provaveis responsaveis pela indu<;ao do treinamento nos ganhos de for<;a:
aumento no recrutamento neuromuscular e
hipertroha muscular (BROWN et al., 1990;
FIATARONE et al., 1990; ROMAN et al. 1993). Os primeiros estudos de for<;acom individ
u-asidosos (MORITANI &.DeVRIES1980),citavam a melhora na ativa<;aoneural como fator prepo n-derante para a ganho de for<;anesses individuos.
Contudo, a metodologia utilizada por esses auto
-res (antropometria) pode nao ter sido sensivel a bastante para detectar hipertrofia muscular.
Estudos posteriores, utilizando bi6psia, tomografia computadorizada e ressonancia rnag
-netica, puderam observar que ahipertrofia mus -cular tambem parece ser responsavel par uma parcela dos aumentos de for<;a muscular
verificada nos individuos idosos (FIATARONEet
al., 1990; GRIMBY et al., 1992j ROMAN et al.,
Atividade Fisica;;;
9
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:SaudeCONCLUSOES
o
programa de TCR, com intensidade pro -gressiva, foi capaz deprovo car um aumento acen -tuado e significativo (p<O,OOl) na forc;a musc u-lar das mulheres idosas, em todos os exercicios executados. 0 treinamento (isot6nico) tambemfoi eficaz no aumento da forc;a de preensao ma
-nual (isometricaL embora 0percentual de aume n-to tenha sido menor do que 0 observado para os exercicios executados. Isso reforc;a a ideia de que
os individuos idosos mantem a capacidade de
aumentar aforc;aInuscular, embora os mecanis
-mos responsaveis par esse aumento nao tenham sido verificados neste estudo. Independente dos
mecanismos envolvidos no incremento da farc;a muscular, os resultados sugerem que 0TCR pode
ter um papel importante na prevenc;ao das per
-das de forc;a associadas
a
idade.A ausencia de les6es musculo-esqueleticas e intercorrencias cardiovasculares no presente
estudo, sugere que autilizac;ao de exercicios com pesos e sistema de alavancas, com cargas dificeis
para 6-10 repetic;6es, seja uma abordagem seg
u-ra para ser utilizada com pessoas idosas.
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