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A importância do envolvimento da comunidade na conservação ambiental da Estação Ecológica De Águas Emendadas / The importance of community involvement in the environmental conservation of the Águas Emendadas Ecological Station

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761

A importância do envolvimento da comunidade na conservação ambiental da

Estação Ecológica De Águas Emendadas

The importance of community involvement in the environmental conservation

of the Águas Emendadas Ecological Station

DOI:10.34117/bjdv6n9-002

Recebimento dos originais: 08/08/2020 Aceitação para publicação: 01/09/2020

Evelyn de Moura Alves

Graduada em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Brasília - IFB

Pós-graduanda em Gestão das Políticas Sociais pela Universidade Paulista - UNIP Planaltina – DF

E-mail: evelynmouraa@gmail.com

RESUMO

A Estação Ecológica de Águas Emendadas possui um vasto campo para pesquisas científicas em diversas áreas de conhecimento. O presente trabalho tem como foco analisar a importância da sua preservação, tendo como objetivo geral identificar a relação da comunidade de Planaltina-DF com a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Devido ao crescimento da cidade de Planaltina-DF e a pressão antrópica, é necessário pensar em um modo de gestão da Estação Ecológica Águas Emendadas, à qual por meio de políticas públicas ambientais, possa ser integrada a sociedade, para que assim o crescimento populacional não seja um risco a preservação, mas seja uma oportunidade de melhorar a fiscalização e o funcionamento dela. A metodologia adotada tem a abordagem qualitativa-quantitativa, para a obtenção de dados foi aplicado questionário para uma amostra da população de Planaltina-DF e foram realizadas entrevistas com servidores da ESECAE. A partir dos resultados foi identificado que é preciso maior divulgação da Estação, pois a relação da comunidade sobre a Estação é de pouco conhecimento e pouco envolvimento.

Palavras-chave: Política Pública Ambiental. Estação Ecológica. Educação Ambiental.

ABSTRACT

The Águas Emendadas Ecological Station has a wide field for scientific research in several areas of knowledge. This study focused on analyzing the importance of its preservation, having as general objective to identify the relation of the community of Planaltina-DF with the Águas Emendadas Ecological Station. Due to the growth of the city of Planaltina-DF and the anthropic pressure, it is necessary to think about a way of managing the Águas Emendadas Ecological Station, which through public environmental policies can be integrated into the society, so that the population pressure does not increase the risks to the Station preservation improving its supervision and functioning. The methodology adopted was a qualitative-quantitative approach. To obtain data, a questionnaire was applied to a sample of the population of Planaltina-DF and interviews were conducted with ESECAE servers. Through the results it was identified that there is a need for greater dissemination of the Station, because the community relationship about the Station is of low knowledge and involvement.

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o Distrito Federal tem sofrido forte crescimento populacional, além do aumento na produção agrícola, na infraestrutura, no desenvolvimento industrial e exploração do subsolo (INSTITUTO BRASÍLIA AMBIENTAL, 2014). Ao levar em consideração que todo o território do Distrito Federal se encontra no bioma Cerrado, o qual é uma das 25 áreas consideradas mundialmente críticas para conservação, essa pressão antrópica atua de forma negativa na preservação da natureza (IBRAM, 2014).

Nesse sentido, as Unidades de Conservação (UC) são fundamentais para preservação desse bioma. Segundo Bezerra, Carvalho e Lyra (2018), a implementação das UCs é uma demanda da sociedade, além de ser uma estratégia necessária aos governos para proteger as gerações futuras, com relação a preservação da biodiversidade e sustentabilidade. Além disso, para essas referidas autoras, as UCs são consideradas como “instrumento da política pública ambiental, a gestão dessas áreas não pode deixar de ser objeto de avaliação no campo da implementação da política pública voltada para resultados” (BEZERRA; CARVALHO; LYRA, 2018, p. 1).

O Distrito Federal possui o maior número de Unidades de Conservação entre as Unidades da Federação (IBRAM, 2014), dentre elas está a Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE) criada em 1968, localizada na cidade de Planaltina-DF, onde possui um fenômeno hidrográfico de importância nacional devido a uma única nascente que dá origem a duas das maiores bacias hidrográficas do Brasil, as bacias do rio Maranhão (Tocantins) e do rio São Bartolomeu (Paraná) que se encontram em direções opostas (IBRAM,2014).

Os córregos Vereda Grande, Cascarra, Brejinho, Fumal, Mestre D’Armas são os principais afluentes da Estação Ecológica de Águas Emendadas, tais cursos d’agua contribuem para a captação de água pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) e para abastecimento de produtores rurais de Planaltina-DF.

A cidade de Planaltina-DF nos últimos anos tem crescido demasiadamente (Figura 1), o que impacta de forma direta a ESECAE já que os principais e mais graves problemas ambientais ocorrem devido à urbanização e seus efeitos, pois ela provoca a contaminação do solo e da água. Além disso, a ESECAE possui uma grande variedade de flora e fauna que constantemente são atingidas por ações humanas, como queimadas, caças predatórias e pescas ilegais na Lagoa Bonita (IBRAM, 2014).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 1 – Crescimento da cidade de Planaltina – DF, circulada de vermelho.

A B

Fonte: Google Earth. A – ano de 1984; B – ano de 2016

Assim, é necessário um trabalho que identifique o estado de conhecimento que relacione a sociedade local com a Estação e o seu envolvimento relativo à sua conservação. Essa identificação, em primeira instância, pode gerar argumentos indispensáveis para um planejamento que vise a conservação da Estação e seu uso sustentável para o benefício da sociedade em seu entorno. Desta forma, esta pesquisa buscará responder a seguinte pergunta: Qual é a relação da comunidade de Planaltina-DF com a Estação Ecológica de Águas Emendadas?

2 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS

As estações ecológicas são áreas de preservação integral e que protegem ao menos 90% do seu território. A função das estações ecológicas é principalmente a preservação da natureza, mas também pode se realizar pesquisas científicas com autorização, sendo a visitação proibida a sociedade em geral, permitida apenas para agendamentos voltados para a educação ambiental (IBRAM, 2014).

Após a inauguração de Brasília, em 1966, foi proposto pelo biólogo Ezechias Heringer, a criação de uma reserva biológica onde se encontram as Águas Emendadas, pois se entendia que era necessário preservar essa área do Cerrado brasileiro. Após maiores estudos sobre a área, foi instalada a Reserva Biológica de Águas Emendadas por meio do decreto nº 771 de 1968. No entanto, apenas vinte anos depois, a reserva passou a ser Estação Ecológica de Águas Emendadas por meio do Decreto nº 11.137 (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 2005).

A Estação Ecológica de Águas Emendadas está localizada na cidade de Planaltina-DF e possui uma área aproximada de 9.500 ha. Ela possui esse nome por ser onde ocorre um fenômeno natural único, em quem duas grandes bacias hidrográficas da América Latina nascem de um mesmo ponto de uma vereda de 6km de extensão, sendo que apesar de brotarem num mesmo lugar, elas

B

A

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seguem em direções opostas. Para o norte, o Córrego Vereda Grande que desagua no Rio Maranhão e segue para a Bacia do Rio Tocantins, e para o sul o Córrego do Brejinho que segue para o Rio São Bartolomeu e assim compõe a Bacia do Rio Prata (IBRAM, 2014).

Em 2018, no seu aniversário de 50 anos de criação, a Estação Ecológica de Águas Emendadas recebeu Escudo de Água e Patrimônio do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS-Holanda), se tornando o sexto lugar no mundo e o primeiro na América Latina a receber esse escudo. A Estação Ecológica de Águas Emendadas foi identificada como uma área simbólica e com conexões culturais, históricas e naturais (IBRAM, 2018).

3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No Brasil, a Educação Ambiental (EA), passou a ser uma área de conhecimento a partir dos anos 1970. Ela se constituiu já como um campo plural e diversificado que contribui para várias disciplinas (LIMA, 2009). Segundo a lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, educação ambiental são

os processos por meio dos quais a sociedade constrói seus valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999). Além disso, no art. 2o a educação ambiental é estabelecida como um “componente

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (BRASIL, 1999).

Segundo Alcântara et al. (2012), a educação ambiental deve ser vista como uma mudança de atitudes, voltada para a transformação social envolvendo a sustentabilidade por meio de intervenções integradoras. O Programa Nacional de Educação Ambiental (2014) ressalta que a educação ambiental deve ser pautada por uma abordagem sistêmica, integrando os múltiplos aspectos do problema ambiental. Diante disso, é preciso reconhecer as inter-relações, os diferentes níveis da realidade, para que assim se construam diferente olhares decorrentes das diferentes culturas e trajetórias individuais e coletivas.

3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA

Existem diversos conceitos do que seria política pública, mas de uma forma ou outra, a maioria busca ter uma visão do todo. Pode-se afirmar então, que a política pública, segundo Heidemann, são “decisões e ações de governo e de outros atores sociais” (2009 apud BIASOLI; SORRENTINO, 2018, p. 4), ou seja, é o conjunto de ações direcionadas para o bem comum, coletivo. De acordo com Biasoli e Sorrentino, para uma política ser de fato pública não importa se quem toma as decisões tem personalidade jurídica estatal ou não, mas se as decisões tomadas são de interesse

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coletivo. Essa abordagem é nomeada por Secchi de “Multicêntrica”, na qual diversos atores podem estar em múltiplos centros de tomadas de decisão (2013 apud BIASOLI; SORRENTINO, 2018). Para Theodor Lowi “a política pública faz a política”, ou seja, cada política pública irá encontrar diversas formas de apoio e de rejeição, e que disputas em torno de sua decisão passam por diferentes arenas (SOUZA, 2006).

Adotado o conceito de política pública, no Brasil começa a se falar em educação ambiental desse modo em 1981 quando foi criada a Política Nacional do Meio Ambiente, por meio da lei nº 6.938/81, na qual no art. 2º esclarece como objetivo a “preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida”, tendo em vista assegurar as condições ao desenvolvimento socioeconômico (BRASIL, 1981). No inciso X desse mesmo artigo, garante como princípio a “educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.” Além disso, na Constituição Federal de 1988, no art. 225, inciso VI, ratifica a promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1988). Nesse sentido, a Educação Ambiental ganha espaço como política pública no Brasil, já que uma política pública é uma resposta de diferentes atores, nesse caso do Estado, para um problema ou uma demanda específica da sociedade, que nessa situação é a crescente deterioração do meio ambiente, juntamente com a necessidade de transformação do pensamento e atitudes dos indivíduos para o meio sustentável.

4 METODOLOGIA

Esta pesquisa é classificada descritiva no quesito quanto aos fins segundo Vergara (2013), pois buscou responder qual a relação da comunidade de Planaltina-DF com a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Pesquisa de campo, pois coletou dados por meio de questionário estruturado com uma amostra da população de Planaltina-DF e entrevista semiestruturada com os servidores da ESECAE e atores chaves pré-identificados da Estação. Teve abordagem qualitativa pois preocupa-se com a relação da comunidade de Planaltina-DF e a ESECAE, e quantitativa pois buscou responder essa relação com base em dados estatísticos.

4.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Participaram da pesquisa moradores de Planaltina-DF e servidores da ESECAE. Segundo os dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) feita pela Codeplan em 2015, a população urbana estimada de Planaltina-DF era de 189.412 habitantes. Com base nesse valor, foi

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realizado o cálculo amostral, adotando-se um erro amostral de 5% e nível de confiança de 90%, resultando em 112 questionários a serem respondidos. Desse modo, foram enviados o questionário para 150 pessoas no período de três meses e foi obtido o valor de 116 respondentes, na qual essas responderam por meio do formulário Google©. Participaram da pesquisa também, três servidores da ESECAE e um policial militar ambiental por meio de entrevista semiestruturada e gravada para análise.

4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

As entrevistas ocorreram no Centro de Informações da ESECAE, na Administração da ESECAE e no Batalhão Ambiental da Polícia Militar do DF, com gravação e transcrição do conteúdo. Para análise de conteúdo, foi utilizado o software IRAMUTEQ, ligado ao software R, que realiza o processamento e análises estatísticas de textos produzidos. Por meio desse software foi feita uma análise de quatro entrevistas utilizando a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que identifica as palavras com maior grau de significância dentro de cada classe identificada pelo software. Foi feito ainda, Análise de Similitude, por meio do IRAMUTEQ, que permite analisar as semelhanças e a relação entre as palavras.

Dos entrevistados, três são servidores da ESECAE e um é policial militar do Batalhão Ambiental. Foram feitas 16 questões, das quais 5 eram relacionadas as perguntas do questionário, 5 relacionadas ao envolvimento da comunidade e 6 relacionadas as políticas públicas. Em seguida, as respostas foram comparadas com a análise de dados dos questionários e com o conteúdo do referencial teórico, para que assim fosse possível indicar melhorias que envolvessem e estimulassem a população na preservação da ESECAE.

4.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Para análise de dados do questionário foram utilizadas tabelas do Excel® para calcular a frequência relativa. Em seguida foram feitos gráficos para demonstração de dados e tabelas dinâmicas relacionando as perguntas de temáticas iguais ou conectadas.

Na construção a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), por meio do IRAMUTEQ, os discursos das entrevistas foram separados em cinco classes, em que o software disponibilizou as palavras que mais são pronunciadas e as colocou de forma hierárquica, com maior número de ocorrência para o menor. Para nomear as classes, foi identificado em quais respostas dos entrevistados cada palavra aparecia. Com base nisso, foi identificado que as palavras da classe 1 apareciam quando os entrevistados respondiam as perguntas relacionadas a comunidade de

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Planaltina-DF, por isso ela foi denominada “Visão da Comunidade”. Na Classe 2, as palavras aparecem em respostas sobre questões internas e externas, sendo assim, ela recebeu o nome de “Interação servidores e público”. Na classe 3, as palavras foram em relação as respostas sobre a “Importância da Estação”. Na classe 4, foram respostas sobre “Educação Ambiental”. E na classe 5, aparecem as palavras que se relacionam com as perguntas sobre as “Principais instituições e suas ações”.

Para Análise de Similitude, também por meio do IRAMUTEQ, foram analisadas as palavras com mais ocorrências e as palavras que se conectavam a elas. Para isso, foi preciso identificar em quais respostas essas ocorrências apareciam e em quais temas elas estavam interligadas.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 116 questionários aplicados, foram 90 mulheres e 26 homens respondentes. Evidencia-se, por meio da Tabela 1, que mais da metade dos respondentes não conhecem a Estação, totalizando 53%, desses 84% são mulheres e 16% são homens. Dos 47% que responderam que não conhecem, 70% são do sexo feminino e 30% são do sexo masculino. Tanto quem conhece, quanto quem não conhece a Estação, em sua maioria, está cursando o ensino superior. Esse resultado evidencia que independente da escolaridade, a maioria das pessoas não conhece a Estação, sendo indispensável investir em políticas de difusão sobre a existência da ESECAE, tanto em escolas da Educação Básica quanto em Universidades.

Tabela 1. Escolaridade dos respondentes que afirmaram conhecer a ESECAE.

Sim Não

Você conhece a Estação Ecológica de Águas Emendadas

47% 53%

SEXO FEMININO MASCULINO FEMININO MASCULINO

70% 30% 84% 16% ESCOLARIDADE Ensino Fundamental completo 5% - - - Ensino Fundamental cursando 3% - - -

Ensino médio completo 18% 37,5% 23% 10%

Ensino médio cursando 8% - 10% -

Ensino superior completo 24% 37,5% 18% 50%

Ensino superior cursando 42% 25% 49% 40%

Fonte: Dados da Pesquisa

Na pergunta “você sabe qual a importância da Estação Ecológica de Águas Emendadas?”, das 116 respostas, 58% disseram que não sabem e 42% disserem que sim, no entanto dos

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respondentes que menos conhecem a Estação se encontram nas faixas etárias entre 12 e 15 anos, sendo 4% quem sabem e 9% não sabem dessa importância. Entre 16 a 19 anos, 6% sabem da importância da Estação, enquanto 25% não sabem. Esses resultados enfatizam a necessidade de ações de educação ambiental na ESECAE direcionadas aos jovens de 12 a 19 anos, pois nessas faixas etárias são alunos que se encontram no ensino fundamental 2, ensino médio e iniciação à faculdade, então poderia haver uma ação diferenciada para atrair esses jovens e inseri-los no contexto de preservação.

Conforme a Tabela 2, dos que conhecem a Estação, 3% não se sentem responsáveis por ela e 44% se sentem. No entanto, entre os que não conhecem a Estação, 11% não se sentem responsáveis por ela e 42% pessoas sim. Essas pessoas que não conhecem a estação, mas que se sentem responsáveis por ela, podem se sentir assim por consciência ambiental, ou seja, mesmo não a conhecendo elas têm a consciência de que as suas atitudes para com o meio ambiente podem afetar sua preservação e por isso se sentem responsáveis. Além do mais, a autora perguntou a oito pessoas sobre o que elas haviam entendido do verbo “conhecer” dessa pergunta e três responderam que pensaram em “conhecer” como sinônimo de “conhecer pessoalmente”, outras três entendem tanto como “conhecer pessoalmente” quanto “já ter ouvido falar sobre”, e duas responderam que entenderam a pergunta como “saber o que é”. Provavelmente uma parte dos respondentes também pensou no sentido de conhecer como “visitar”, porém não era nesse contexto que a pergunta abordava e sim na perspectiva de “saber o que é”. Por conta disso, podem ter respondido que não conhecem (pessoalmente), mas se sentem responsáveis porque sabem o que é. Nesse sentido, pode-se chegar à conclusão que independente de já conhecer pessoalmente ou não, é possível fazer um trabalho de conscientização das pessoas para que cada vez mais elas se sintam responsáveis.

Tabela 2. Relação, em percentual, das pessoas que conhecem a ESECAE e se sentem responsáveis por ela.

Sim Não

Você conhece a Estação Ecológica de Águas Emendadas

47% 53%

Você se sente responsável pela preservação da Estação Ecológica de Águas Emendadas?

Sim Não Sim Não

44% 3% 42% 11%

Fonte: Dados da Pesquisa.

Também foi analisada a relação bairro-importância, na qual três bairros se destacaram com maior número de respostas, Arapoangas, Setor Tradicional e Vila Buritis. No Arapoangas, 10 pessoas responderam que não sabem qual a importância da ESECAE, enquanto 12 responderam que

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sabem. No Setor Tradicional, 11 responderam que não sabem a importância e 6 disseram que sim, e na Vila Buritis, 19 responderam que não sabem e 12 responderam que sabem a importância (

Tabela 3). Portanto, segundo o questionário, a proximidade física com a ESECAE não parece

ser um fator determinante para que as pessoas conheçam a Estação, entretanto, na entrevista, em uma das falas de um entrevistado ele comentou que no bairro de Mestre D´armas que é onde se encontra o Centro de Informação, existe um grupo de pessoas que são como fiscais da Estação. Já no bairro Jardim Roriz existe muitos moradores que são flagrados invadindo a Estação:

“Especificamente aquele pessoal ali da região do Mestre D´armas, tem uma comunidade lá que eles são como fiscais naquela parte (...) Ir principalmente nesse público do Roriz que tem o maior nível de incidência, pois eles saem de lá e vem banhar na Reserva, proporcionando até queimadas também, faz uso de entorpecentes, então a gente tem abordado muito esse público aqui.” (Entrevistado 4).

Tabela 3. Dados de quem sabe a importância em relação a distância do bairro que mora com a ESECAE.

Bairro Distância aproximada

Não Sim Total Geral km

Arapoangas 20 10 12 22

Setor Tradicional 11 11 6 17

Vila Buritis 11 19 12 31

Fonte: Dados da Pesquisa.

Na questão “Você já visitou a Estação Ecológica de Águas Emendadas?”, evidenciou-se, conforme a Tabela 4, que 78% pessoas responderam que “não” e 22% responderam que “sim”. Dos que não visitaram a Estação, 5% responderam que a Estação existe para captação de água, 6% para educação ambiental, 47% para preservação de nascentes, 17% para proteção da fauna e flora, 0,86% acha que tanto para proteção ambiental, quanto para educação e 0,86% respondeu todos os itens anteriores. Dos que já visitaram a Estação, 3% pensam que ela existe para captação de Água, 3% para educação ambiental, 15% para preservação de nascentes e 2% para proteção da fauna e da flora. Tanto entre os que já visitaram, quanto os que não visitaram, a maioria acredita que a Estação existe para preservação de nascentes. A baixa percepção dos moradores sobre a existência da Estação para educação ambiental evidencia que é propício investir mais nesse quesito, já que também é um dos objetivos das unidades de conservação.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 4. Percentual de quem já visitou a ESECAE e do porquê que ela existe.

Você já visitou a Estação Ecológica de Águas Emendadas?

Não Sim

Para você, por que a Estação Ecológica de Águas

Emendadas existe?

77,59% 22,41%

Para captação de Água 5,17% 3,45%

Para educação ambiental 6,03% 2,59%

Para preservação de nascentes 47,41% 14,66%

Para proteção da fauna e flora 17,24% 1,72%

Tanto para proteção ambiental, quanto para educação

0,86% -

Todos itens anteriores 0,86% -

Fonte: Dados da Pesquisa.

Ao responder à pergunta “Para você, quem é o responsável pela preservação da ESECAE?”, 18,26% disseram que é a cidade de Planaltina-DF, 28,70% acreditam que é a sociedade e 53,04% que é o Governo. Nota-se que a minoria acredita que a cidade de Planaltina-DF é responsável pela ESECAE. Quando se fez a mesma pergunta para os entrevistados, conforme Quadro 2, todos falaram em questão de hierarquia, sendo que foi adotado um nome fictício para o responsável que foi citado:

Quadro 2 - Falas dos entrevistados.

Entrevistado 1: “Bom, o responsável direto mesmo que é o chefe mesmo, ele que comanda. Quer dizer, é uma equipe, mas o chefe é o, falando de hierarquia, ele é o responsável, ele que comanda as ações. Muitas das vezes ele que recebe o que é externo, o que é de fora pra dentro, mas ele que é responsável mesmo pela reserva e que faz as coisas mesmo funcionar”

Entrevistado 2: “O GDF que é o responsável, aí tem o órgão que atua do meio ambiente que é o IBRAM e a Estação tem também o gestor responsável aqui né. Então o IBRAM que é o responsável, que é o órgão vinculado ao governo da administração direta do GDF.”

Entrevistado 3: “É o chefe”

Entrevistado 4: “O IBRAM é o órgão administrativo e a administração é por meio dele, hoje na pessoa do chefe, ele é o administrador de águas emendadas na parte

administrativa. Agora, quem faz a prevenção no combate ao crime ambiental, até crime comum também, é a polícia militar e o batalhão ambiental é esse que faz a segurança, faz o patrulhamento, a prevenção na parte criminal.”

Fonte: dados da pesquisa.

Em um estudo de caso realizado por Rodrigues et al. (2012) no Distrito de Paranapiacaba e Parque Andreense, localizado no município de Santo André-SP, ao serem questionados sobre o responsável pelo meio ambiente local, 68% dos entrevistados apontam que a reponsabilidade é compartilhada entre a prefeitura e a população local. Isso indica que é preciso difundir para a

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população de Planaltina-DF que ela também tem responsabilidade junto com o governo na gestão da ESECAE, pois se os próprios moradores da cidade não se veem como responsáveis, a preservação da ESECAE pode se tornar mais difícil, uma vez que sua gestão necessita da colaboração de todos.

5.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA OS RESPONDENTES

No questionamento “você acha importante a educação ambiental”, todas as pessoas responderam que sim, porém, apenas 8% já participaram de algum programa de educação ambiental na ESECAE e 92% não participaram (Tabela 5). Essa porcentagem dos que nunca participaram de nenhum programa de educação ambiental na ESECAE mostra que a Educação Ambiental na Estação Ecológica requer mais eficácia para atingir mais pessoas. Além do mais, todos responderam que acham importante a educação ambiental, desse modo é um público aberto a aprender essa temática, o que é um fator imprescindível para promover programas de educação ambiental eficazes.

Tabela 5. Percentual dos respondentes que já participaram de programas de educação ambiental na ESECAE.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Ao serem perguntadas sobre o interesse em participar de programas de educação ambiental, as pessoas que demostram mais interesse estão nas faixas etárias de 12 a 15 anos e mais de 30 anos (Figura 2). Isso revela que é essencial investir em políticas públicas de educação ambiental para jovens, em virtude de ser um público aberto a se aprofundar nesse tema. Por outro lado, pessoas com mais de 30 anos também estão acessíveis a essas políticas, o que pode promover grandes resultados para preservação da ESECAE, pois além de participar dos programas, podem ser difusoras para seus filhos e colegas de trabalho, por exemplo.

Não Sim

“Você acha importante a Educação Ambiental? 0% 100%

Não Sim

“Você já participou de algum programa de

educação ambiental na Estação Ecológica de Águas Emendadas?”

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 2. Percentual das pessoas que tem interesse em participar de programas de educação ambiental.

Fonte: dados da pesquisa.

A pergunta aberta “você faz alguma coisa para ajudar na preservação da Estação Ecológica de Águas Emendadas? Se sim, o que?”, mostrou que 71% não fazem nada para ajudar na preservação da ESECAE e 14% disseram que ajudam não jogando lixo na rua, 4% responderam que evitam o desperdício de água, 4% disseram que não poluem e 3% disseram apenas “sim” (Figura 3). Considerando que 4% disseram que não poluem e 3% disseram apenas sim, não fica muito claro o que é contribuir para a preservação da ESECAE. Então, quase 80% não ajudam a preservar a ESECAE de forma ativa. Isso indica a necessidade de disseminar ações de preservação do meio ambiente para moradores de Planaltina-DF, para que possam contribuir com a conservação da ESECAE.

Figura 3. Respostas do que os respondentes fazem para ajudar na preservação da ESECAE.

Fonte: dados da pesquisa.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% Não Sim 12 a 15 anos 16 a 19 anos 20 a 25 anos 26 a 30 anos Mais de 30 anos 71% 14% 4% 4% 3% 4% Não

Sim, não jogo lixo na rua Sim, evito desperdicio de água Sim

Sim, orientar crianças e conscientização da fauna Sim, não poluindo

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Por fim, a questão “O que você pode fazer para ajudar a conservar a ESECAE?” mostrou, de acordo com a Figura 4, que 52% responderam que podem ajudar ao não jogar lixo nas ruas e estradas, 31% disseram “não desperdiçar água”, 6% assinalou “não caçar ou comprar animais silvestres”, 5% responderam todas as alternativas, 3% podem ajudar ao denunciar queimadas, 1% respondeu economizar energia e 1% marcou outros. Essas informações mostram que não é preciso muito para ajudar na conservação da ESECAE, atitudes simples de rotina são capazes de contribuir para sua preservação. Os resultados evidenciam, ainda, que é necessário investir mais em divulgação para denunciar queimadas, pois na época de seca do cerrado esse é um dos principais problemas na proteção da flora e da fauna da ESECAE.

Figura 4. O que os respondentes podem fazer para ajudar a conservar a ESECAE.

Fonte: dados da pesquisa.

5.2 DAS ENTREVISTAS

Para complementar com os dados do questionário, foram realizadas quatro entrevistas que trouxeram informações importantes para discussão da pesquisa. Na análise de conteúdo do corpus, derivado da transcrição de quatro entrevistas com três servidores da ESECAE e um policial militar do batalhão ambiental, foram observadas por meio do software IRAMUTEQ, 4.214 ocorrências de palavras, 959 formas distintas, com média das formas de 34,8 palavras por segmento. Esse corpus foi dividido pelo programa em 121 segmentos de texto dos quais 109, ou seja, 90,08% do total foi analisado. Após a CHD foram identificadas cinco classes constituídas das palavras com o maior grau de significância em relação ao tema da classe. Pode-se observar na Figura 5, o dendograma que demonstra as classes constituídas das partições do conteúdo, a porcentagem de cada representação no corpus, o tema e 17 palavras mais representativas segundo a análise.

52,59% 31,03% 6,03% 5,17% 3,45% 0,86% 0,86% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% N ã o j o g a r l i x o n a r u a s e … N ã o d e s p e r d i ç a r Á g u a N ã o c a ç a r o u c o m p r a r … T o d a s a s a l t e r n a t i v a s D e n u n c i a r q u e i m a d a s E c o n o m i z a r e n e r g i a O u t r o s Total

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 5. Dendograma representativo das classes e palavras que se destacaram

Fonte: Dados da pesquisa.

Na classe 1, na qual foi intiludado com “Visão da Comunidade” e que teve 19,3% do corpus analisado, a palavra que mais apareceu foi “pessoal”, como pode-se perceber na fala de um dos entrevistados: “Aqui é muito importante para todo mundo, mas a maioria do pessoal não sabe que existe essas águas emendadas. Isso é muito bom vocês estarem fazendo isso para ter mais conhecimento pra todo mundo.” (Entrevistado 3).

Na classe 2, “Interação”, as palvras que mais aparecem é “vir” e “quando”, principalmente quando é perguntado sobre quem cuida da Estação e como é feita administração dela:

“Bom, quem cuida na realidade somo nós, somos poucas pessoas, antes quando nós ‘veio’ pra cá, que nós ‘veio’ emprestado de outro órgão, nós ‘veio’ com 63, hoje dos 63 só tem 14 no máximo. E ai chegaram os vigilantes também que ajuda a cuidar na vigilância e na conservação, como também a menina (da limpeza) que trabalha aqui, e isso faz parte da equipe que é comandada pelo chefe.” (Entrevistado 1).

Na classe 3, “Importancia da Estação”, a palavra que com maior incidência é “morador”, principalmente nas perguntas sobre qual a importância da ESECAE e se a comunidade está envolvida na preservação:

“Eu vejo assim, é importante não só para os moradores de Planaltina-DF, mas também a nível global. Eu vejo que os moradores de Planaltina são privilegiados de terem aqui uma Estação Ecológica de tamanha importância a nível mundial.” (Entrevistado 4).

Na classe 4, “Educação Ambiental”, as palavras que mais aprecem é “preservação” e “estação”, essencialmente quando é feito as perguntas sobre o que fazer para aumentar o

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envolvimento da comunidade com a ESECAE e quais tipos de políticas públicas podem atingir o maior número de pessoas na conservação da ESECAE:

“Preservar o meio ambiente, aqui de maneira em geral, todas as pessoas que adentram a Estação Ecológica, essa unidade de conservação, é pedido pra que elas ajudem na preservação da fauna e da flora e da conservação de maneira em geral da unidade, por que é uma área restrita, mais pra pesquisas, mas poderia também ser mais aberta a comunidade para que ela possa conhecer melhor.” (Entrevistado 2).

“Divulgação e conscientização do público, divulgando a estação ecológica na preservação ambiental, na educação ambiental, contratação de pessoas pra que o quadro de funcionário seja maior, pois atualmente nós somos muito poucos funcionários pra cuidar de uma área grande que precisa mais de monitoramento, precisa mais de acompanhamento e também de compras de equipamentos, e que o GDF possa olhar pra unidade de conservação e dar mais ênfase pra preservação do meio ambiente, comprando mais equipamentos tais de monitoramento, rádios, e investindo também na contratação de pessoas, somos muitos poucos funcionários pra cuidar melhor, se fossemos mais funcionários poderíamos cuidar melhor da estação.” (Entrevistado 2).

Na classe 5, “Principais instituiçoes e suas ações”, as palavras que mais aparecem é “militar”, “policia” e “administração”, essencialmente na pergunta quem são as principais instituições que atuam, ajudam na preservação da ESECAE:

“O bombeiro mlitar é uma instituição parceira, os órgãos do DF como a administração regional, DER, a secretaria de agricultura SEAGRI, também são instituições parceiras que servem tratores, patrol, pás mecânicas pra ajudar no aceiro negro, além do bombeiro e da polícia militar ambiental que ajuda a fazer o monitoramento aqui dentro e coibir a entrada de pessoas não autorizadas, tais como caçadores, pescadores, então a polícia militar também ajuda muito.” (Entrevistado 2).

“Também tem os pesquisadores que fazem parte desse processo, alguns biólogos, estudantes, tem umas câmeras colocadas ai que eles observam os animais, e isso serve também como informante pra gente também porque algumas dessas câmeras já capturaram até caçadores, cachorro de caça. Então está todo mundo envolvido nesse processo, as principais é IBRAM e polícia militar, ai tem UNB e outros órgãos de pesquisa.” (Entrevistado 4).

5.3 ANÁLISE DE SIMILITUDE

Além da análise de hierarquia de palavras, é possível identificar as conexidade entre as palavras por meio da análise de similitude feto também pelo IRAMUTEQ (Figura 6). Observa-se que há seis palavras que mais se destacam nos discursos: “Aqui”, “Gente”, “Não”, “Também”, “Porque” e “Mais”. Delas se ramificam outras que apresentam expressão significativa, como na palavra “aqui” se ramificam “água”, “morador”, “Planaltina”, “importancia”, isso testifica que a Estação tem sua importancia pelo fenomeno das águas, mas também para o morador de Planaltina. Na palavra “gente”, há conexão com “caçador”, “entrar” e “queimado”, o que mostra que mesmo a Estação sendo tão importante, tem sido ameaçada por caçadores, queimadas e por entradas proibidas. As palavras que se ramificam com “não”, são: “governo”, “envolver” e “falar”, o que nos

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discursos estão relacionadas do governo não envolver e não falar como necessário para a divulgação da Estação. Na palavra “também”, há conexão com “prevenção”, “monitoramento” e “administração”, o que evidencia que além da educação ambiental, no local também é feito a prevenção de queimadas na época da seca, o monitoramento pela polícia militar ambiental e administração feita pelo IBRAM. Na palavra “porque”, se ramificam “reserva”, “achar” “meio” e “ambiente”, o que nos discursos sempre quando havia alguma justificativa na opinião dos entrevistados a reserva e o meio ambiente eram os principais fatores a serem preservados.

Por fim, a palavra “mais” se conecta com “divulgação”, “conhecimento”, “participar” e “preservação”, o que enfatiza a necessidade de mais divulgação da Estação, principalmente em relação aos programas de educação ambiental, o que leva a mais conhecimento, maior participação e preservação do local.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p.64053-64072 ,sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 6. Árvore de similitude resultante da análise dos discursos

Fonte: dados da pesquisa

6 CONCLUSÃO

É fundamental que haja maior valorização da ESECAE, pois ela se encontra no bioma cerrado que está, a cada ano, sofrendo mais com a perda de habitat. Para que isso seja evitado com a ESECAE nos próximos anos, é preciso envolver os moradores de Planaltina-DF nas políticas públicas de educação ambiental e de divulgação da sua importância, voltadas para jovens e adultos, pois conforme resultado dessa pesquisa, a maioria não tem conhecimento sobre a Estação. Desse modo, à medida que a população estiver mais próxima da ESECAE, consciente da necessidade da sua preservação, virão maiores benefícios para a Estação e para a população.

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Pode-se afirmar que a relação dos moradores de Planaltina-DF sobre a Estação é de pouco envolvimento, já que para isso os moradores precisariam estar mais inseridos em projetos de educação ambiental e contribuindo concretamente com ações sustentáveis, pois poucos já participaram de programas voltados para a educação ambiental e a maioria diz não fazer nada para ajudar na preservação da Estação. Além disso, com as entrevistas, foi constatado que há pouco envolvimento da Comunidade e que muitos não sabem sua importância ou para que ela existe.

Nesse sentido, quando não há participação da comunidade, a conservação e a preservação da Estação tornam-se mais difíceis, pois essas não podem ser de responsabilidade apenas do Estado, apesar de ele ter um papel fundamental sobre a ESECAE e nas tomadas de decisões sustentáveis. Além disso, o Governo precisa, como já exposto pelos entrevistados da pesquisa, contratar novos servidores para contribuir com a conservação da Estação que possui um território vasto, o que necessita de um número maior de pessoas trabalhando. Isso junto com a participação da comunidade de Planaltina-DF contribuirá para melhoria na preservação da ESECAE.

Por fim, torna-se importante estudos nessa área, para que mais pessoas conheçam e se mobilizem para contribuir com ações sustentáveis. Para futuras pesquisas, fica como sugestão, estudar quais ações de educação ambiental é mais eficiente na Estação Ecológica, estudos sobre o motivo que temas ambientais não estão em pauta na agenda do governo, apenas quando uma tragédia ambiental acontece. E como usar a educação ambiental para falar não apenas de ações para prevenir a destruição do meio ambiente, mas também de ações para melhorar a preservação e conservação.

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Figura 1 – Crescimento da cidade de Planaltina – DF, circulada de vermelho.
Tabela 1. Escolaridade dos respondentes que afirmaram conhecer a ESECAE.
Tabela 2. Relação, em percentual, das pessoas que conhecem a ESECAE e se sentem responsáveis por ela
Tabela  3 ). Portanto, segundo o questionário, a proximidade física com a ESECAE não parece  ser um fator determinante para que as pessoas conheçam a Estação, entretanto, na entrevista, em  uma das  falas de um  entrevistado ele comentou  que no bairro de
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