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O CHÃO SOB NOSSOS PÉS: UMA ABORDAGEM PRÁTICA DE ENSINO SOBRE SOLOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA E DO MUNDO VIVIDO

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844 Nº 2, volume 12, article nº 1, April/June 2017 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v12n2a1 Accepted: 23/08/2016 Published: 24/06/2017

ISSN: 16799844 – InterSciencePlace – International Scientific Journal Páginas 1 de 173

O CHÃO SOB NOSSOS PÉS: UMA ABORDAGEM PRÁTICA

DE ENSINO SOBRE SOLOS A PARTIR DA EXPERIÊNCIA E

DO MUNDO VIVIDO.

UNDER OUR FEET FLOOR: AN APPROACH TEACHING

PRACTICE ON SOIL FROM EXPERIENCE AND LIVED

WORLD.

Marcos Vinicius Santos Dourado ¹

¹ Universidade Estadual de Goiás (UEG/Campus Formosa), RJ,Brasil, mvsd82@gmail.com

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo demonstrar como o uso do mundo

vivido tem importância para o ensino de Geografia no Ensino Médio, no caso, utilizando com local para a execução da pesquisa uma unidade escolar em tempo integral, mais precisamente em uma turma da segunda série da referida modalidade. Sobre a metodologia, em relação aos procedimentos técnicos, tendo como espelho desta experiência científica, o conteúdo de solos e sua abordagem no 1º bimestre da 2ª série da modalidade supracitada foi adotado o arcabouço da Pesquisa-Ação, que é uma pesquisa concebida tendo uma associação com uma ação ou com uma resolução dos problemas coletivos, onde, pesquisadores e os participantes da situação ou da problemática estão envolvidos de forma cooperada ou participativa. Onde foi selecionada uma turma, traçado o perfil desta e, a partir disso foi feito o planejamento organizando uma sequência didática com aula teórica, aula prática, através da vivência na pesquisa de campo e posterior aplicação de avaliação escrita com o intuito de levantar dados sobre os procedimentos adotados para posterior análise. O processo ocorreu de forma tranquila e gradativa, onde se teve resultado positivo, que se pode observar que as aulas ligadas a uma metodologia que leve em conta os aspectos do mundo vivido e da experiência do cotidiano do aluno, principalmente no que tange os aspectos físico-naturais, neste caso mais

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específico, os conhecimentos e habilidades a serem desenvolvidas sobre os solos no ensino médio, são de grande valia e relevância para o processo de ensino e aprendizagem em Geografia.

Palavras-Chave: Geografia; Solos; Mundo Vivido.

Abstract: This research aims to demonstrate how the use of the lived world

is important for the teaching of geography in high school, if using with place for carrying out research a school unit full time, more precisely in a class of the second series said mode. On the methodology in relation to technical procedures, with the mirror of this scientific experiment, the content of soils and their approach in the 1st quarter of the 2nd series of the aforementioned method was adopted the framework of Action Research, which is a survey designed with an association suit or with a resolution of collective problems, where researchers and participants of the situation or the problem are involved in a cooperative and participatory manner. Where we selected a class, draw the profile of this and, as it was done planning organizing a didactic sequence of lecture, practical class, through experience in field research and subsequent application of written evaluation in order to collect data on the procedures adopted for further analysis. The process went smoothly and gradually, where it tested positive, one can observe that the classes related to a methodology that takes into account aspects of the lived world and experience of the student's daily life, especially regarding the physical aspects -naturais in this more specific case, the knowledge and skills to be developed on soils in high school, are of great value and relevance to the process of teaching and learning in geography.

Keywords: Geography; Soils; Lived world.

1- Introdução

No cotidiano das práticas de ensino de geografia na educação básica, observa-se certo distanciamento das ações pedagógicas no que tange a utilização do mundo vivido do aluno, do seu conhecimento prévio, da educação familiar e de sua experiência. Isso fica mais evidente quando o enfoque se dá nos aspectos físico-naturais da Geografia: Clima, Relevo, Vegetação, Hidrografia e Solos, onde muitas vezes por falta de preparo e insegurança, os professores não enfocam e não dão a devida importância por essa vertente na geografia escolar.

A partir da experiência vivida em sala de aula, através dos anos, pode se observar claramente a dificuldade do aluno na disciplina de Geografia e o

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desinteresse pela gama de conteúdos e habilidades por ela apresentados. Segundo (Cassab 2009), A artificialização do processo, a falta de contextualização da teoria e prática, o uso do mundo vivido, de aspectos do cotidiano do aluno e a não referencia dos lugares reconhecidos através da experiência dos discentes fazem com que esta prática seja demasiadamente fria e longe do objetivo central que é a formação cidadã.

A relevância se dá na questão das práticas de reflexão e crítica que dentro do processo de ensino e aprendizagem são importantíssimas para o professor e também para contribuir para o debate sobre a questão que envolve o ensino da geografia e da importância da análise dos dados de uma forma coerente, concisa e crítica que contribua para a melhoria nas práticas de ensino oferecidas aos alunos.

De acordo com (Barbosa 2008) a Geografia tem um papel fundamental nas escolas, que é de fazer com que os educandos possam compreender o espaço nas suas formas dinâmicas e nas suas transformações ao longo do tempo. Segundo (Callai, 2005, p. 237) “Fazer a análise geográfica significa dar conta de estudar, analisar, compreender o mundo com o olhar espacial”.

Justamente pela Geografia ter um objeto de estudo dinâmico e mutável é necessário rever constantemente às práticas de ensino no sentido de promover, dentro das escolas, uma aprendizagem que traga relevância para os alunos. A Geografia escolar precisa mudar, “para levar o educando a compreender o mundo em que vivemos, para ajuda-lo a entender as relações problemáticas entre sociedade e natureza e entre todas as escalas geográficas, ou ela vai acabar virando uma peça de museu” (Vesentini, 2004, p. 220).

2- Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia

Segundo a Secretaria de Educação Fundamental (2001), o papel principal da Geografia, na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais, se refere à compreensão e intervenção na realidade social. Por meio dela podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a natureza na construção de seu espaço, as características dos lugares, as múltiplas relações de um lugar

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para outro, distancias, diferenciação do espaço no passado e no presente.

Objetiva também que um aluno do ensino fundamental, consiga observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características de um determinado lugar em diferentes espaços geográficos.

Para a Secretaria de Educação Fundamental (2001) o lugar e a região eram vistos antigamente como o resultado da interação entre o homem e a natureza. Atualmente essa visão vem mudando gradativamente a categoria de lugar, assim como de paisagem vem sendo mudada pela nova Geografia. O Lugar deixa de ser apenas espaço em que ocorrem as relações entre o homem e a natureza.

Para La Blache os conceitos de lugar, paisagem e região, com territorialidade, se sobrepunham. A ligação dos homens com os lugares ao longo da Historia produzia um instrumento técnico e cultural que acabava dando a esses lugares a sua identidade, criando padrões de comportamento herdado e transmitidos a outras gerações. Secretaria de Educação Fundamental (2001 p.20)

Para La Blache apud Secretaria de Educação Fundamental (2001) paisagem define a região e é exatamente na região que temos a dimensão de uma realidade territorial concreta, física, representando um quadro de referência para a população que a habita. Com essa afirmação temos o conceito que região e paisagem é fundamental para a compreensão da diversidade do mundo.

Secretaria de Educação Fundamental (2001) afirma que, na Geografia Tradicional a simples descrição tornou-se insuficiente como método. Esses métodos e teorias de análise tornaram-se insuficientes para apreender a complexidade do espaço. Deve se buscar explicações mais plurais, que promovam a integração da Geografia com outros campos de saber. Sendo essa uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia dos últimos tempos, busca não apenas uma descrição centrada na descrição empírica das paisagens, como também explicações exclusivamente politicas ou econômicas do mundo.

Essas mudanças tiveram repercussões diversas no ensino fundamental, de forma positiva, já que motivaram a inovação e a produção de novos modelos didáticos. Mas que mesmo assim ainda muito se deve mudar, já que; ainda existem

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muitos professores principalmente os professores das séries iniciais, utilizado como método apenas na descrição dos fatos e apoiando-se quase exclusivamente no livro didático, que ainda, em sua grande maioria, fundamenta-se em uma Geografia Tradicional.

Para os Parâmetros Curriculares Nacionais (2011), a Geografia tem como responsabilidade, ser uma área do conhecimento que ajudará o aluno a compreender o mundo, explicável e passível de transformações. Essa é a temática atual trabalhada pela Geografia, sendo possível encontrar em diversas bibliografias, questões que entrelaçam os temas de estudo da Geografia, com as questões sociais apontadas como prioritárias nos Parâmetros Curriculares Nacionais. E que ela abrange temas transversais considerados como questões emergenciais para conquistas da cidadania.

2.1- Solos: Conceitos Básicos

Para Prado (1995) apud Lepsch (2011), na gênese do solo não ocorre um processo isoladamente, mas a predominância de pelo menos um deles. Os processos de formação do solo são principalmente: adições; transformações; transportes e remanejos mecânicos; e perdas.

Os sistemas naturais podem consistir de uma ou mais substâncias e de uma ou mais fases. De acordo com Resende et. al. (2007), os horizontes podem se diferir entre si, entre os solos e dentro de cada solo, através das suas propriedades: constituição; cor; textura; estrutura; cerosidade; porosidade; consistência; cimentação; pedoclima; e pedoforma.

O solo é constituído por minerais e poros (ocupados por água e ar), e, também matéria orgânica e organismos. A natureza e proporção de cada um desses constituintes podem variar em de acordo com o ambiente, clima, uso e ocupação, dentre outros (Resende et. al., 2007).

A diversidade dos ecossistemas do território brasileiro é extremamente grande e os solos, que são parte integrante desse complexo de recursos naturais,

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também variam significativamente. Com base no Mapa de Solos do Brasil (Embrapa, 1981) e no atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999), pode-se distinguir 13 grandes classes de solos mapeáveis e representativas das paisagens brasileiras.

As grandes classes de solos subdividem-se em diferentes tipos, conforme as características próprias de cada solo, separando-os em unidades mais homogêneas. As definições, conceitos e critérios taxonômicos utilizados na classificação e diferenciação dos mais variados tipos de solos brasileiros estão detalhados no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999).

2.2- A Geografia, o ensino e o Mundo Vivido: Breve discussão.

O Debate sobre a relevância de se abordar o mundo vivido dos alunos já é motivo de estudos por vários pesquisadores, como: Kaercher (1999a), Castellar (2000), Freire (2001), Cavalcanti (2001), Callai (2000). Quando se valoriza o que é concreto, visível, sentido pelos alunos pode-se quebrar o distanciamento e trazer para a realidade do aluno os aspectos relacionados ao conteúdo e a prática do ensino e da aprendizagem se torna mais prazerosa e motivadora.

Levando-se em conta que cada indivíduo possui uma carga histórica de conhecimentos adquiridos através da experiência, da educação informal, quando significamos e é realizado um “link” com o conteúdo formal da Geografia o processo se torna mais efetivo e o ganho de aprendizagem é bem maior.

Além destes autores citados temos vários outros artigos como o de Santos (2012) que aborda a importância de uma prática de ensino de Geografia voltada para uma abordagem através do conhecimento construído pela experiência vivida através do lugar, onde fica bem claro em seus escritos que é de suma importância essa ligação para o bom efeito no processo de ensino e aprendizagem em Geografia.

No trabalho de Alves e Alves (2010), também envereda pela perspectiva do mundo vivido só que utilizando como instrumento a aula de campo como ferramenta

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metodológica para leitura de mundo. As autoras destacam que a leitura do mundo vivido se faz importante pois, embora nem todos os fenômenos sejam evidentes, estes são constantes e afetam nossa conduta em demasia, e de formas muitas vezes não perceptíveis.

Para as autoras a aula de campo, através da leitura do mundo vivido e da experiência na prática de ensino de Geografia, traz uma aproximação entre teoria e prática, sendo uma possibilidade positiva e reflexiva na interface do ensino e aprendizagem no cotidiano escolar.

Ao relacionar os resultados encontrados nestes trabalhos destacados e a proposta desta pesquisa observa-se que há uma linha coerente nos resultados, haja vista que todos apresentaram bons resultados no desenvolvimento de uma prática de ensino voltada através da experiência, do conhecimento vivido no lugar e que só abordar o trato científico sem levar em conta as características locais do espaço em que se está inserida torna o ensino mais difícil, cansativo e demasiadamente abstrato para os alunos.

Cabe ressaltar que mesmo com a abordagem do cotidiano, do mundo vivido, da experiências vividas no lugar é dever do professor manter o rigor científico do que é trabalhado não omitindo das discussões científicas inseridas nos processos, tendo em vista que o amadurecimento intelectual dos alunos também se dá pelo conhecimento dentro de uma metodologia que alinhe experiência vivida e o rigor cientifico, assim poderá ter um desenvolvimento de uma prática de ensino e aprendizagem satisfatória.

3- Metodologia

Foi selecionada a turma do 2º ano “C” por questões de cronograma de datas, para que haja uma tranquilidade no desenvolver da pesquisa e posterior análise dos dados. A turma possui 26 alunos com idade média de 15,6 anos. Sendo, 16 meninos (62%) e 10 meninas (38%).

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planejamento da abordagem em sala de aula. Para tanto foi definido uma quantidade de 04 (quatro) aulas para a total execução da proposta, sendo: 01 aula teórica, abordando os principais conceitos que servem de base para o estudo dos Solos na Educação Básica, tais como: Pedogênese, processo de formação dos solos, fatores de formação, intemperismo e tipos de intemperismo, componentes do Solo, Classificação e tipos de Solos, caracteristicas do solo: cor, textura, fração granulométrica, importância ambiental dos solos, Erosão e tipos de Erosão. Todos abordados de forma bem clara, simples e direta, pois trata-se de um nível básico de ensino.

Após a execução da aula teórica, se realizou a aula prática de campo (Figura 01) com o intuito de mostrar o solo in situ, e trazer a experiência e a vivência do contato com o estudo do solo, demonstrando e exemplificando de forma bem lúdica os conceitos trabalhados previamente em sala de aula. Também foram realizadas coletas de algumas amostras para serem trabalhadas na Escola, haja visto que alguns alunos não puderam ir à campo participar da aula prática.

Figura 01: Aula de campo. Fonte: DOURADO, M.V.S, (2015).

Após a aula prática e com as amostras que foram recolhidas, cabe destacar que as amostras retiradas foram de mérito ilustrativo e pedagógico, sem qualquer menção ou protocolo científico conforme demarca os manuais técnicos da

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Pedologia. Já com as amostras foram realizadas no Colégio em sala, uma aula para que os alunos que não tiveram contato em campo possa ao menos ver (Figura 02) e conhecer um pouco dos variados tipos de solos da região da cidade de Formosa Goiás e do Colégio Sérgio Fayad.

Figura 02: Aula com as amostras de solo. Fonte: DOURADO, M.V.S, (2015).

4- Resultados

Diante da aplicação da avaliação sobre a sequência didática estabelecida obteve-se os resultados apresentados a seguir:

A primeira questão abordada trabalhava a ideia do entendimento do aluno sobre o que seria Solo, numa perspectiva conceitual, dentre as várias respostas foram apontadas ideias de fragmentação das rochas junto a materiais orgânicos e minerais. Também foram apontadas a relação do termo familiar “terra” associado ao significado do Solo, é interessante destacar que quando tratavam apenas a palavra “Solo” faziam uma ligação sinonímia a “terra”.

Também foram expostos conceitos como: “Solo é a camada superficial da Terra que possui diferentes tipos dependendo da dinâmica do clima e do relevo”. Aqui fica evidente a internalização da ideia de sistema e a visão holística dentro das temáticas físico-naturais em relação ao solo. O aluno consegue correlacionar todos os aspectos, não trabalhando mais de forma isolada cada perspectiva.

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De forma geral, os alunos tiveram um ótimo desempenho, 85% de acertos e apenas 4% de erros. Cabe destacar que o erro foi destacado por alinhar a ideia de solo apenas a rocha, não fazendo qualquer distinção de processo de transformação, destruição, matéria orgânica ou mineral. Do total cerca de 11% dos alunos não responderam a questão, isso talvez se implique a não associação da ideia de Solo enquanto conceito ou o não reconhecimento do termo.

A segunda questão abordou a importância do Solo para nosso planeta e sociedade, aqui se objetivou identificar se o aluno abstraiu ideias sobre a relevância ambiental do Solo para a vida.

Dentre as respostas apresentadas podemos correlacionar com o mundo vivido dos alunos, haja vista que a cidade de Formosa Goiás, a qual se localiza o Colégio tem como perfil econômico uma grande imersão no agronegócio, por isso em praticamente todas as respostas temos alguma relação com agricultura ou pecuária por parte dos alunos.

O desempenho dos alunos foi ótimo, quase que a totalidade conseguiu o acerto, não tiveram erros, pois todos que responderam de alguma maneira conseguiram expressar a ideia de importância dos solos. 4% não fizeram, a possibilidade é que talvez não tenham entendido o enunciado da questão, por isso deixaram em branco.

A terceira questão apontavam as ideias sobre os fatores de formação do solo, para aferir se os alunos entenderam quais são os pontos que desencadeiam o processo de formação dos solos e se sabem identifica-los. Este ponto é importante para a internalização do processo de formação dos solos.

Essa questão foi a que os alunos tiveram o pior desempenho, talvez por não ter elucidado de forma mais prática e próxima da realidade nas aulas teórica e prática de campo. Mesmo com o baixo desempenho, ainda sim foi satisfatório com 64% de acertos mais que o número de erros e os que não responderam.

Em relação aos erros, muitos associaram a ideia dos processos em si (a água, o vento, entre outros) não identificando os fatores de forma mais clara e direta possível.

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A quarta questão, tem por objetivo aferir se o aluno consegue alinhar a ideia dos tipos de Solos aos solos existentes no Brasil e associá-los ao seu cotidiano, no caso, pela localização da cidade em meio ao Domínio Morfoclimático do Cerrado, sendo assim dentro do seu mundo vivido.

As respostas foram interessantes, pois a grande maioria conseguiu associar os tipos de solos existentes no Brasil e no Cerrado de forma bastante clara. Tendo um desempenho de 92% de acertos nota-se claramente que os alunos conseguem reconhecer e espacializar os tipos de solos existentes no Brasil em escala nacional e os do Cerrado em escala Regional.

A quinta questão, tinha por objetivo saber se os alunos conseguiam relacionar os tipos de solos predominantes nas escalas nacional e regional, numa escala local através da sua experiência, do cotidiano de observação e de seu mundo vivido. Esse ponto é importante para trazer mais próximo do aluno o aspecto científico dentro da sua rotina de vida diária, quebrando a barreira de que este estudo seria algo além da sua realidade.

Dentre as respostas encontradas podemos destacar: “A presença de Latossolo, Cascalho”; “Argissolos, Solos encharcados”; “Latossolo Vermelho e Amarelo”; “Latossolo de cores avermelhadas e amareladas”. Nota-se claramente que os alunos conseguem relacionar os tipos de solos existentes com, por exemplo, da sua casa, de sua escola.

A sexta questão, o aluno deveria destacar qual a diferença entre os dois tipos: Ravina e Voçoroca e se eles conseguem identificar essas formações em seu cotidiano, no caso, na sua cidade, no seu bairro. Tornando a experiência e o cotidiano relacionado com o conhecimento cientifica abordado. Aqui se destacam algumas respostas tais como: “Sim, conheço duas na minha cidade, a Barroquinha e a do Brocotó (Duas grandes voçorocas existentes na cidade)”; “A Ravina tem um aprofundamento menor que a voçoroca que é o extremo da erosão e atinge o lençol freático”; “Voçorocas são mais profundas que Ravinas”; “Conheço várias no Colégio Agrícola de Formosa”.

Pode-se perceber claramente que os alunos conseguem identificar os processos erosivos e que o conceito está bem internalizado diante do seu cotidiano

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e seu mundo vivido. Novamente os alunos tiveram um ótimo desempenho, porém a quantidade de erros foi um pouco maior devido à especificidade técnica dos conceitos e da sua diferenciação nos estágios de evolução do processo erosivo em si.

A última questão era na verdade uma opinião do aluno em relação às aulas sobre solos se gostaram da proposta apresentada e a justificativa da resposta. 77% dos alunos gostaram, como destacado em algumas respostas: “Foi uma aula dinâmica e muito interessante”; “O trabalho de coleta de Solos foi muito legal”; “Foi uma aula que facilitou o aprendizado”; “Sim porque saímos da sala e tivemos uma aula dinâmica e fez com que aprendêssemos mais”; “Sim, porque tive a oportunidade de conhecer o solo com mais detalhes e descobri a importância dela para nossa sociedade”; “Sim, gostei da aula prática, com a explicação bem detalhada”; “Sim, foi uma aula dinâmica e prática descobrindo o Latossolo na Escola”; “É uma matéria interessante mesmo sem sair de sala”.

Nota-se que segundo a avaliação dos alunos o planejamento foi de sucesso pode destacar também elevado numero dos que não responderam, os motivos podem-se ser porque não gostaram da abordagem e não quiseram expor suas ideias ou simplesmente não tiveram tempo suficiente pra responder a questão.

5- Conclusões

O uso do cotidiano e do mundo vivido é de grande valia para o ensino, uma vez que eles proporcionam aos alunos um reconhecimento real, onde poderão compreender fatos visíveis do seu cotidiano e do seu ambiente. O Ensino da Geografia há muito embate em uma série de conflitos que vão desde as várias formas de interpretação dos professores e dos alunos, tornando-a uma disciplina de “memorização”, realidade esta que há anos contribui para o atraso desta ciência e do surgimento de diversas concepções renovadas e criticas acerca de sua identidade. Assim, o professor com os alunos tentam superar esses desafios impostos ao decorrer da história da disciplina em âmbito escolar.

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uma grande responsabilidade no que diz respeito à formação do homem, trazendo lhe uma série de conhecimento científicos, através de uma reflexão, de uma crítica, além de uma abordagem distante, trazendo para o seu dia-a-dia. O Ensino das temáticas físico-naturais, como destacado neste trabalho sobre solos, necessita desta aproximação com o mundo vivido do aluno, do contrário estará sempre fadada ao distanciamento, a memorização e ao contra-gosto dos alunos.

6- Referências

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Figura 01: Aula de campo.
Figura 02: Aula com as amostras de solo.

Referências

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