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Habilidades sociais de crianças em uma instituição de ensino pública e a relação com a aprendizagem / Social skills of children in a public education institution and the relationship with learning

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 69842-69853, sep. 2020. ISSN 2525-8761

Habilidades sociais de crianças em uma instituição de ensino pública e a

relação com a aprendizagem

Social skills of children in a public education institution and the relationship

with learning

DOI:10.34117/bjdv6n9-434

Recebimento dos originais: 08/08/2020 Aceitação para publicação: 18/09/2020

Vanina Papini Góes Teixeira

Mestre em Psicologia

Docente Titular do Centro Universitário Cesmac

Endereço: Av. Dr. Antônio Gomes de Barros, 79, Apto. 501ª, Jatiúca. CEP 57.036-000. Maceió-AL

E-mail: vanina.papini@cesmac.edu.br

Ednúbia dos Santos da Silva

Graduada em Psicologia E-mail: essilva17@hotmail.com

RESUMO

INTRODUÇÃO: O processo de socialização é fundamental no desenvolvimento da criança, na ampliação da interação social e no desenvolvimento da capacidade e aprendizagem. OBJETIVO: Identificar a relação entre Habilidades Sociais e dificuldade de aprendizagem em crianças de uma escola pública. MÉTODO: Trata-se de um estudo transversal. Participaram 21 crianças de ambos os sexos com idades entre 7 a 11 anos, que cursavam do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Aplicou-se um questionário com dados sociodemográficos com os pais, e em seguida utilizou-se o Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS-BR) que avalia habilidades sociais e competência acadêmica. RESULTADOS: Os resultados indicaram que quanto menor é o repertório de habilidades sociais, mais baixo é a competência acadêmica. DISCUSSÃO: Corroborado por outras pesquisas que apontam a mesma correlação, ou seja, crianças com o repertório de habilidades sociais abaixo da média inferior apresentam baixa competência acadêmica. CONCLUSÃO: Diante do exposto, pode-se dizer que o papel do professor também deve ser o de desenvolvimento de treinamentos sociais e práticas educativas, que possa servir como fator preventivo para minimizar o fracasso escolar.

Palavras-chave: Crianças, Aprendizagem, Habilidades Sociais. ABSTRACT

INTRODUCTION: The socialization process is fundamental in the development of the child, to increase of social interaction and in the evolution of learning capacity. OBJECTIVE: To identify the relationship between social skills and learning difficulties in children in a public school. METHOD: This is a cross-sectional study. Twenty-one children of both sexes, aged 7 to 11 years, who attended the 1st to 5th grades of elementary school, participated. A questionnaire with sociodemographic data was applied with the parents, followed by the Social Skills Assessment System (SSRS-BR) that assesses social skills and academic competence. RESULTS: The results indicated a positive correlation that the lower the repertoire of social skills, the lower is an academic

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competence. DISCUSSION: Corroborated by other studies that point to the same correlation, that is, children with the repertoire of social skills below the lower average present low academic competence. CONCLUSION: Therefore, it can be said that the role of the teacher should also be the development of social training and educational practices, which can serve as a preventive factor to minimize school failure.

Keywords: Children, Learning, Social Skills.

1 INTRODUÇÃO

O ser humano, em se tratando de um ser gregário, necessita de interações sociais para possibilitar o seu desenvolvimento de maneira adequada. Percebe-se que as crianças, desde pequeninas, vão em busca de outras crianças para brincar, para compartilhar experiências, para conversar, para fazer amigos, sendo estes momentos cruciais para o aprendizado de noções de respeito, de socialização. De acordo com Del Prette e Del Prette (2005), o processo de socialização é fundamental no desenvolvimento da criança e é caracterizado pela aquisição, ampliação e aprimoramento dos comportamentos sociais e pela compreensão gradual dos valores e normas, fundamentais para o funcionamento da vida em sociedade.

Segundo Del Prette e Del Prette (2011), as habilidades sociais (HS) são aprendidas para a apresentação de comportamentos eficazes e adequados, diante de diversas situações do dia-a-dia, podendo o aprendizado se dar de maneira não sistemática e sistemática, nas relações interpessoais. No primeiro caso, os pais, os amigos, e a mídia em geral são importantes agentes educativos no ensino de habilidades sociais. No segundo caso, elas podem ser aprendidas por meio de Programas de Treinamento de Habilidades Sociais, tanto terapêuticos quanto preventivos.

Diversos teóricos definem as habilidades sociais como um conjunto de comportamentos e maneiras de expressar sentimentos, opiniões e formas de mostrar respeito aos outros e a si mesmo, ou seja, uma descrição de desempenhos apresentados pelos indivíduos em situações de relações e interações interpessoais (CABALLO, 1996; DEL PRETTE E DELPRETTE, 1999; MARTURANO, BOLSONI-SILVA, 2002).

Sendo assim, as Habilidades Sociais podem ser compreendidas como as diferentes manifestações de comportamentos públicos entre duas ou mais pessoas, possibilitando que esta relação seja sadia e respeitosas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2005). Na área da educação, as habilidade sociais desempenham um importante papel nas interações sociais que ocorrem no processo ensino-aprendizagem, seja estudante-professor, como também estudante-estudante.

Alguns estudos sobre habilidades sociais têm sugerido que crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar problemas de comportamento, e vice-versa, ficando caracterizado,

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assim, como uma comorbidade frequente entre esses dois transtornos (BANDEIRA, ROCHA, MAGALHÃES, DEL PRETTE E DEL PRETTE, 2006; SANTOS E GRAMINHA, 2006).

Segundo Caldarella e Merrell (1997), as crianças que apresentam comportamentos sociais habilidosos são portadoras de um conjunto de repertórios essenciais para a definição do sucesso das interações sociais em idade escolar tais como cooperar, oferecer ajuda, cumprimentar, expressar sentimentos, respeitar, participar, elogiar, criticar positivamente, saber esperar, entre outros.

Del Prette e Del Prette (2001; 2003) apontam que há uma relação direta entre dificuldade de aprendizagem com déficits de habilidades sociais, e sugerem duas possibilidades para a associação entre déficits de habilidades sociais e dificuldades de aprendizagem: a primeira diz que os déficits no repertório de habilidades sociais levariam a dificuldades de aprendizagem porque prejudicariam a qualidade da relação com colegas de classe e professores, reduzindo o acesso à informação e à construção social de conhecimentos; e a segunda, seria que as dificuldades de aprendizagem e/ou baixa competência social gerariam percepções e emoções negativas no aluno afetando a motivação para o envolvimento na tarefa e no desempenho das funções cognitivas importantes para o aprendizado.

Sendo assim, a relevância desta pesquisa se deve ao fato de que é de extrema importância que as escolas adotem programas nos quais as crianças sejam avaliadas quanto ao desenvolvimento das habilidades sociais, para que a partir dos resultados, possa-se encontrar a necessidade das crianças e promover o treinamento de desenvolvimento de repertório comportamentos socialmente habilidosos, e, com isso impactar de maneira positiva e significativa na melhoria da competência acadêmica dessas crianças. Com isso possibilita maior adesão aos estudos e minimização do fracasso escolar, bem como da evasão escolar.

Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar a relação entre Habilidades Sociais e dificuldade de aprendizagem em crianças de uma escola pública.

2 MÉTODO

O estudo foi conduzido de acordo com as normas de Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Estácio de Alagoas, CAAE 68354117.0.0000.5012.

Trata-se de um estudo analítico, observacional, transversal. Foi conduzido em uma escola pública na cidade de Maceió. A amostra foi composta por 21 crianças de ambos os sexos, com idade entre 7 e 11 anos de idade (M=9,12, DP=1,32), que frequentavam do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.

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As crianças foram indicadas por seus professores, por apresentarem tanto dificuldades de aprendizagem como problemas de comportamento.

Inicialmente utilizou-se um questionário sociodemográfico, aplicados com o pai ou mãe da criança, para caracterização da amostra. Em seguida utilizou-se o Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS-BR). É uma versão traduzida do Social Skills Rating System (SSRS), de Gresham e Elliott (1990), adaptada culturalmente para o Brasil (Del Prette, 2003) e validado no ano de 2016 (BANDEIRA, DEL PRETTE, DEl PRETTE e MAGALHÃES, 2009; FREITAS e DEL PRETTE, 2010). O SSRS-BR permite mapear três áreas do repertório comportamental da criança – habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica – por meio de formulários respondidos pela própria criança, por seus pais e pelos seus professores. O presente estudo utilizou os formulários de auto avaliação respondido pela própria criança (habilidades sociais), o formulário de avaliação pelos pais (habilidades sociais e problemas de comportamento) e de avaliação pelo professor (habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica).

O escore total e os escores das subescalas para cada criança foram computados e organizados em planilhas no programa SPSS, versão 21.0. Foram realizadas análises descritivas (média e desvio-padrão) para cada um dos indicadores, procedendo-se, então, a comparações entre instrumentos tomando-se como referência os dados normativos dos instrumentos. Para isso, foram realizados o Teste t (STUDENT, 1908), para comparação com a amostra normativa dos instrumentos, bem como testes para amostras pareadas e independentes.

3 RESULTADOS

Os dados referentes às características da amostra, no que se refere a dados sociodemográficos, que foram coletados para este estudo, estão disponibilizados nas tabelas 1 e 2. Inicialmente foi realizada a análise da estatística descritiva, envolvendo os cálculos de média, desvio padrão e frequência.

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Tabela 1. Dados demográficos da amostra (n=21).

Frequência (N=21) Percentual (%) Sexo Masculino 12 57,1 Feminino 9 42,9 Ano Escolar 1º. Ano 2 9,5 2º. Ano 4 19,0 3º. Ano 3 14,3 4º. Ano 7 33,3 5º. Ano 5 23,8 Autores, 2018.

Os alunos que fizeram parte da amostra são, em sua maioria, do sexo masculino, 12 meninos (57,1%), enquanto que as meninas somam 9 participantes (42,9%). Observou-se que a distribuição por ano de estudo é diversificada, sendo distribuído da seguinte forma: 2 alunos estão cursando o primeiro ano (9,5%), 4 alunos estão no segundo ano (19%), 3 alunos cursam o terceiro ano (14,3%), a maioria está cursando o quarto ano, 7 alunos (33,3%) e 5 alunos cursam o quinto ano (23,8%).

Tabela 2. Dados da amostra (N=21).

N Mínimo Máximo Média Desvio

Padrão (DP) Idade 21 7 11 9,33 1,32 Anos de Escolaridade Formal 21 1 5 3,43 1,33 Autores, 2018.

O grupo apresenta uma média de idade intermediária (M=9,33; DP=1,32) e em relação aos anos de escolaridade, que foram medidos por anos, de estudo formal, completados uma média baixa (M=3,43; DP=1,33).

No que se refere a avaliação das habilidades sociais, os dados estão apresentados na tabela 3. De acordo com a avaliação das próprias crianças tem-se uma pontuação baixa (M=23,24; DP=3,94) e em relação a avaliação realizada pelos professores acerca das habilidades sociais dessas mesmas crianças, tem-se um valor ainda inferior (M=22,29; DP=5,79).

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Tabela 3. Escores médios de Habilidades Sociais avaliadas no SSRS por crianças e professores.

Habilidades Sociais

M DP Erro Padrão IC 95%

SSRS

Habilidades Sociais – Crianças 23,24 3,94 0,859 20,45 – 24,03 SSRS

Habilidades Sociais – Professores

22,29 5,79 1,265 18,65 – 23,92

Nota: M = média; DP = desvio padrão; IC = intervalo de confiança.

A Tabela 4 apresenta os resultados da avaliação em relação à competência acadêmica do mesmo grupo de crianças, esta realizada apenas pelos professores. Verifica-se um escore médio baixo (M=19,62; DP=7,09).

Tabela 4. Escore médio de Competência Acadêmica avaliada pelos professores

Competência Acadêmica

M DP Erro

Padrão IC 95%

Competência Acadêmica –

Professores 19,62 7,09 1,548 15,39 – 21,85

Nota: M = média; DP = desvio padrão; IC = intervalo de confiança.

Através do teste t de Student (Tabela 5) observa-se que não há diferença estatisticamente significativa entre as avaliações das habilidades sociais realizadas pelas crianças e pelos professores, teste t [(20) = 0,729, p = 0,474)].

Tabela 5. Teste t para diferenças de média (n=21)

Médias Teste t

Variáveis Crianças Professore

s t P D IC95%

Habilidades

Sociais 23.24 22.29 .729 .474 .20 -1.77 – 3.68

Nota: t = teste t student; p = significância; d = tamanho do efeito; IC = intervalo de confiança.

Na tabela 6 estão as informações relativas às habilidades sociais (avaliadas por professores e pelas próprias crianças) e sua associação com a competência acadêmica (avaliada apenas pelos professores), para tanto foi utilizado o método de correlação bivariada de Pearson (r).

Foi encontrada uma correlação positiva forte entre a avaliação das habilidades sociais pelos professores e competência acadêmica (r = 0,629; p = 0,002), resultado estatisticamente significativo, indicando que quanto menor o nível de habilidades sociais menor é a competência acadêmica da

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criança. Não foi encontrada correlação forte entre a avaliação das habilidades sociais realizada pelas crianças e a competência acadêmica, realizada pelos professores.

Tabela 6. Correlação entre habilidades sociais e Competência acadêmica.

Competência Acadêmica Habilidades Sociais Professores .629 .002** Habilidades Sociais Crianças .326 .085 Nota: **a correlação é significativa no nível 0.01.

A Tabela7 indica que os resultados da avaliação dos professores, sobre as habilidades sociais das crianças, através do instrumento SSRS-BR; percebe-se que as crianças situaram-se significativamente abaixo dos dados da amostra de referência (t(20) = 8,22; p < 0,05). Quanto aos dados de auto avalição, as crianças deste estudo apresentaram escores estatisticamente significativos maiores que a média dos dados relativos à amostra de normatização do instrumento (t(20) = 7,57; p < 0,05).

No que se refere à competência acadêmica, avaliação esta realizada apenas pelos professores, observou-se que o grupo em estudo também apresenta níveis bem abaixo quando comparados aos dados das normas de referência (t(20)=6,34; p <0.05).

Estes resultados apontam uma conformidade com outros estudos realizados na área, que utilizaram o mesmo instrumento para aferição das habilidades sociais e competência acadêmica.

Tabela 7. Habilidades Sociais (HS) e Competência Acadêmica (CA) avaliados no SSRS por professores e crianças.

Avaliador/avaliado Habilidades Sociais Competência Acadêmica

M (DP) M (DP)

Professor AM 22,29 (5,79) 19,62 (7,09)

NR 47,74 (7,00) 36,68 (7,22)

Criança AM 23,24 (3,94)

NR 41,46 (5,14)

Nota: AM = amostra do estudo; NR = Norma de referência do instrumento.

4 DISCUSSÃO

O presente estudo foi realizado com crianças que cursavam do 1° ao 5° ano do ensino fundamental em uma escola pública, com o objetivo de verificar a relação entre habilidades sociais e competência acadêmica destas crianças. Os resultados apontam que há uma correlação positiva entre as habilidades sociais e a competência acadêmica significativa, no grupo investigado.

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se que quanto menor é o repertório de habilidades sociais, mais baixo é a competência acadêmica da criança. Os resultados encontrados são corroborados com pesquisas realizadas e descritas, sugerindo que crianças com dificuldades de aprendizagem também apresentam dificuldades nas habilidades sociais (MOLINA, 2003; BANDEIRA et al., 2009).

Pode-se verificar em outro estudo semelhante, realizado por Lemos e Meneses (2002), que investigaram a relação entre a competência social da criança no ambiente escolar, verificou-se que os alunos que apresentam baixa realização acadêmica, apresentam o nível baixo de habilidades sociais.

Os resultados deste estudo apontam que a grande maioria das crianças (80.9%) apresenta o repertório de habilidades sociais abaixo da média inferior, e entre eles (70,59%) apresentam baixa competência acadêmica. Dos que apresentam baixa competência acadêmica, 28.64% são classificados como os piores alunos, enquanto 11,23% apresentam uma dificuldade de aprendizagem significativa. Esses dados se apresentam mais elevados do que outros estudos que investigam a competência acadêmica, como o estudo de Carneiro e colaboradores (2003) que encontrou um percentual de 15,2% de alunos que apresentam dificuldades elevadas de aprendizagem e alunos que são considerados com o pior desempenho.

Essa diferença pode ser explicada primeiro pelo número de participantes ser pequeno no presente estudo, como também devido a grande diversidade em relação ao contexto social, uma vez que o estudo de Carneiro e cols. (2003) foi realizado em Campinas, e este em Alagoas, estado com um dos piores IDHs do país. Além disso, o presente estudo avaliou a aprendizagem geral, enquanto o outro avaliou a capacidade de aprendizagem escrita.

Os achados deste estudo sugerem a existência direta da correlação entre o repertório de habilidades sociais e dificuldade de aprendizagem, consistentemente observada na literatura. A pesquisa de Molina (2003), além de verificar a relação totalmente estabelecida entre o repertório de habilidades sociais e aas dificuldades de aprendizagem, propôs uma intervenção de treinamento de habilidades sociais, e após isto realizou nova avaliação, identificando que as crianças que desenvolveram as suas habilidades sociais, também apresentaram uma melhora bastante significativa na competência acadêmica, confirmando a relação entre os dois construtos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo verificou que existe uma relação direta e estatisticamente significativa entre o repertório de habilidades sociais e as dificuldades de aprendizagem na amostra pesquisada, confirmando achados de outros estudos que se propuseram a buscar essa relação.

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Isto leva à compreensão da importância do desenvolvimento de comportamentos socialmente habilidosos para que atuem como fator protetivo da competência acadêmica, podendo, então, minimizar o fracasso escolar. Além disso, fica claro que é extremamente importante que programas que promovam o desenvolvimento das habilidades sociais sejam desenvolvidos e implantados nas escolas.

Sendo assim, sugere-se que mais pesquisas sejam realizadas, com amostras de diferentes regiões, níveis socioeconômicos, e modelo de escola, fazendo-se inclusive comparativos entre escolas privadas e públicas, para que os dados apurados sirvam de parâmetro para uma reformulação na forma de ensinar e aprender. Particularmente nesta pesquisa, dois aspectos dificultaram a condução da pesquisa com um maior número de sujeitos, a adesão dos familiares à pesquisa, bem como a dificuldade de horários disponíveis para responder aos instrumentos.

A escola terá um papel fundamental para melhoria da adesão dos pais à pesquisas dessa natureza, uma vez que é interessante os achados para a melhoria da qualidade do aprendizado e das relações entre as crianças, e entre estas e a comunidade escolar.

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REFERÊNCIAS

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BANDEIRA, Marina et al. Validação das escalas de habilidades sociais, comportamentos problemáticos e competência acadêmica (SSRS-BR) no ensino fundamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25(2), 271-282, 2009.

CABALLO, V. E. Treinamento em habilidades sociais. In V. E. Caballo, (Ed.), Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento (pp 365-367). São Paulo: Livraria Santos, 1996. CALDARELLA, P.; MERRELL, K. W. Common dimensions of social skills of children and adolescents: A taxonomy of positive behaviors. School Psychology Review. 26, 264-278, 1997. CARNEIRO, G. R. S.; MARTINELLI, S. C.; SISTO, F. F. Autoconceito e dificuldades de aprendizagem na escrita. Psicologia: Reflexão e Critica, 2003. 16(3), 427-434.

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: Terapia e educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais e dificuldade de aprendizagem: teoria e pesquisa sob um enfoque multimodal. In A. Del Prette; Z. A. P. Del Prette (Orgs.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (pp. 167-206). Campinas: Alínea, 2003.

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes, 2005.

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FREITAS, L. C.; DEL PRETTE, Z. A. P. Validade de critério do Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS-BR). Psicologia: Reflexão e Crítica, 23(3), 430-439, 2010.

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QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

Seção 1 1. Código:

2. Idade: 3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Qual ano está cursando: 5. Já foi reprovado? ( ) Sim ( ) Não 6. Pais:

7. Idades: Mãe_______ Pai_________ 8. Estado Civil: 9. Escolaridade: Mãe _______ Pai:_______ 10. Renda Familiar:

11. Ocupação: Mãe ___________________________ Pai_____________________________ Seção 2

12. A criança apresenta dificuldade de aprendizagem?

( ) Sim ( ) Não Qual?

13. Marque as afirmações que correspondem à criança.

( ) Elogia outras crianças, expressando sentimentos positivos.

( ) Reparte o lanche ou brinquedos com outras crianças sem os pais pedirem

( ) Evita atividades que requerem cooperação, preferindo as que pode realizar sozinha. ( ) É frequentemente agressivo (a) com colegas ou outras crianças.

( ) Relaciona-se bem com outras crianças.

( ) Fica contente quando algo de bom acontece a outras crianças. ( ) Expressa seus sentimentos (alegria, tristeza, raiva,...).

( ) Demonstra interesse pelos outros.

( ) Oferece ajuda quando percebe que alguém está precisando.

14. Como é o comportamento da criança fora da escola ( ) Ruim ( ) Bom ( ) Muito

bom

APÊNDICE

Imagem

Tabela 1. Dados demográficos da amostra (n=21).
Tabela 3. Escores médios de Habilidades Sociais avaliadas no SSRS por crianças e professores
Tabela 7. Habilidades Sociais (HS) e Competência Acadêmica (CA) avaliados no SSRS por professores e crianças

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