• Nenhum resultado encontrado

Design e saúde: especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Design e saúde: especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde."

Copied!
137
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN

THIEGO BARROS DE ALMEIDA BRANDÃO

DESIGN E SAÚDE: especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde

Campina Grande - PB 2020

(2)

THIEGO BARROS DE ALMEIDA BRANDÃO

DESIGN E SAÚDE: especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Campina Grande como exigência para obtenção do grau de mestre em Design.

Linha de Pesquisa: Ergonomia

Orientador: Prof. Dr. Juscelino de Farias Maribondo

Campina Grande - PB 2020

(3)

FOLHA DE APROVAÇÃO

THIEGO BARROS DE ALMEIDA BRANDÃO

DESIGN E SAÚDE: especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Campina Grande como exigência para obtenção do grau de mestre em Design.

Data de depósito: 27/12/2019 Data da defesa: 14/02/2020 Aprovado em:14/02/2020 BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Juscelino de Farias Maribondo Presidente da banca e orientador Universidade Federal de Campina Grande

Prof. Dr. Fernando Antonio de Farias Aires Júnior Membro efetivo, externo ao programa

Universidade Estadual da Paraíba

Profa. Dra. Ísis Tatiane de Barros Macedo Veloso

Membro efetivo, interno ao programa Universidade Federal de Campina Grande

Campina Grande - PB 2020

(4)

A Deus, luz para meu caminho, a verdade e a vida.

Dedico essa dissertação aos meus filhos Thiego Henrique, Lara e Gabriel (ainda na barriga da mamãe), amor verdadeiro e fortaleza para os meus dias. Minha família, minha vida.

Dedico ainda, a todos que apesar das adversidades, acreditam e buscam a construção de uma sociedade igualitária e fazem, das suas pesquisas, formas de contribuir para um mundo melhor.

(5)

AGRADECIMENTOS

A minha luta constante pelo conhecimento, por luz e a incessantemente busca pelo reconhecimento de todos, gerou o presente estudo, que não seria possível sem o apoio de pessoas que acreditaram em mim e contribuíram para a conclusão do mesmo. A lista de nomes é imensa, pelo mesmo motivo peço desculpas, caso tenha esquecido de mencionar alguém, saibam que o reconhecimento sempre lhes será dado, agradeço.

Agradeço diariamente à Deus por ter me dado força e luz nos momentos mais difíceis, ter me concebido à paz, à saúde e o sucesso para enfrentar esse desafio que encarei com fé e coragem.

Aos meus filhos Thiego Henrique e Lara Brandão, meus filhos tão amados, que ensinam diariamente o sentido da vida. Sem isso não sou ninguém. Pelos momentos de ausência, peço perdão. Saibam que cada palavra escrita tem um pouco de lágrima, suor, alegria e amor, mas foi por vocês.

Ao meu filho Gabriel, que ainda não nasceu, mas que chega como uma dádiva em momentos tão atribulados, papai já te ama.

À minha esposa, por todas as palavras e silêncio de motivação.

Ao meu pai, Vicente Brandão, por todo o auxílio na pesquisa. Pelo tempo dedicado a me ajudar na coleta de informações para essa dissertação. Agradeço sempre pelos livros que me foram dados de presente, ainda quando criança e hoje sei que isso foi fundamental na minha formação.

À minha mãe, Soraya Brandão, pela inspiração em sempre chegar mais longe e por me fazer capaz de acreditar que é possível.

Aos dois, por terem construído em mim uma base forte, através do amor, carinho e educação, que me permite olhar para frente sem medo de encarar os desafios que venham a surgir.

Às minhas irmãs, Rebeca e Eduarda Brandão, por dar a sustentação necessária para continuar trilhando esse objetivo.

À toda minha família, que mesmo distante puderam orar e desejar sucesso para minha vida. Aos meus amigos, que ao lado de minha família formam a fortaleza em que posso me apoiar.

(6)

Tia Ana, que além do apoio encarou esse desafio de confeccionar o jaleco que projetei e que com toda sua maestria fez com que a apresentação fosse realmente diferenciada.

Os mais sinceros agradecimentos e reconhecimento por tudo ao Professor (sim com P maiúsculo) Juscelino, não apenas por todo o esforço, orientações, incentivos e defesas, mas por demonstrar que é possível acreditar em mais um sonho apesar das dificuldades. Resumi-lo como orientador é insuficiente para apresentar toda sua grandeza. Tenho certeza que ele sabe a importância que teve para mim, na qualificação da minha trajetória pessoal e profissional.

Por todo apoio até chegar a esse estágio à minha colega, Izabel Leite.

À cada um dos meus colegas de mestrado que faço questão de nominar para eternizar a importância que eles tiveram para esse resultado: Alberthy Coelho, Daniel Andrade, Eduardo Jorge, Érika Danielly, Raíssa Albuquerque, Renan Sena, Valter Oliveira, Vanessa Ferreira, Walísson Adalberto e Yasmine Laíse. Pelo carinho que me acolheram e pelo estímulo constante em conseguir chegar até o presente momento, afinal, no fim todos seremos mestres.

Aos meus professores da graduação e grandes amigos José Nivaldo e Aarão Júnior por sempre acreditarem no meu potencial e por todas as vibrações positivas desde o início do processo.

À Universidade Federal de Campina Grande, e ao Programa de Pós-Graduação em Design, pela oportunidade de qualificação profissional e pelas condições necessárias para esse momento. Aos integrantes do PPG Design, pela sua dedicação, carinho e atenção.

Ao SENAI e a Faculdade Rebouças pelo apoio, sou grato.

Agradeço também aos meus colegas de trabalho que trouxeram um enorme auxilio, principalmente nos momentos de maior angustia e ansiedade, trazendo conforto e tranquilidade. Agradeço aos mesmos também pelo esforço de todos para que o trabalho pudesse se concretizar.

A lista é enorme como falado anteriormente, por isso reafirmo todos são lembrados em cada fase e em cada palavra, por isso novamente agradeço profundamente.

(7)

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.

(...)

Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina. (Paulo Freire, 1996).

(8)

BRANDÃO, Thiego Barros de Almeida. DESIGN E SAÚDE: especificações de

projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde.

Campina Grande, 2020. Universidade Federal de Campina Grande, UFCG.

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é estabelecer as especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo jaleco para profissionais de saúde. A metodologia utilizada em apoio a este estudo faz parte de uma das fases apresentadas na metodologia de projeto para o desenvolvimento de sistemas modulares denominada: Projeto Informacional. Entre os resultados apresentados destacam-se: o público alvo da pesquisa; as necessidades dos interessados no projeto; a classificação das necessidades estabelecidas em função do Ciclo de Vida do Produto; o estabelecimento dos requisitos de projeto; o estabelecimento do produto meta existente no mercado a ser superado pelo projeto desenvolvido; a estratégia para o desenvolvimento do novo produto; a classificação, por grau de importância, dos requisitos de projeto e, por fim, as especificações de projeto que auxiliam os designers/engenheiros no desenvolvimento do novo produto. Como conclusão do desenvolvimento destas especificações de projeto, percebe-se a importância de ser sistemático e metodológico na busca pelas informações que norteiam o projeto, na identificação das necessidades dos interessados no projeto, na tradução destas necessidades na “voz” do designers/engenharia e nos demais relacionamentos existentes entre necessidades, requisitos de projeto e produtos existentes no mercado, a fim de aclarar o que realmente o responsável pelo projeto deve atender para que a demanda inicial do projeto tenha êxito.

(9)

BRANDÃO, Thiego Barros de Almeida. DESIGN AND HEALTH: design

specifications for the development of a new coat for health workers.Campina

Grande, 2020.Federal University of Campina Grande, UFCG.

ABSTRACT

This research has an objective establish project's specifications for development of a new type lab's coat for healthcare professionals. Support methodology used to this activity is part of one the phases used in the design methodology for the

deployment of systems modular called: design informational. In the group of results presented, be noteworthy the target group of evidence out research, needs of those interested in the project, the classification of the requirements established according to Product Life Cycle, the establishment of the project requirements, the establishment of the target product existing in the market a be overcome by the developed project, strategy for the development of new product, classification, by degree of importance, requirements design and, finally, design specifications that help designers / engineers in development of new product. As a conclusion to development these specifications, was note importance of being systematic and methodological in searching information that guides the project is perceived, in identifying of needs those interested in the project, in translating these needs into the “voice” of the designers / engineering and in others existing needs relationships between, design requirements and existing products in market in order to clarify what the person in charge of project must really doing in order for the beginner project demand to be outstanding.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Forma gráfica de representar os estágios do processo de projeto por meio

de fluxogramas ... 22

Figura 02 – Representação gráfica para o termo “passo” ... 22

Figura 03 – Representação de um problema de natureza técnica por meio de uma caixa preta ... 23

Figura 04 – Desdobramento do processo de projeto na engenharia ... 24

Figura 05 – Processo de projeto para o desenvolvimento de um produto industrial contendo o “como” e o “com que” ... 26

Figura 06 – Representação do processo de desenvolvimento de um produto industrial ... 27

Figura 07 – Fase 1: projeto informacional ... 28

Figura 08 – Desdobramento da primeira fase do processo de projeto: projeto informacional ... 29

Figura 09 – Ciclo de Vida do Produto ... 30

Figura10 – Quadro de comparação de produtos ... 31

Figura 11 – Estratégia de projeto para o desenvolvimento do produto ... 32

Figura 12 – Matriz da Casa da Qualidade ... 33

Figura 14 – Procedimento Cirúrgico (2.300 a. C) ... 38

Figura 15 – Circuncisão egípcia ... 38

Figura 16 – Tratamento médico (1.400 a. C)... 39

Figura 17 – Representação das indumentárias médicas (idade média) ... 40

Figura 18 – A anatomia de dr. Willem van der mer in Delft, pintura de Pieter van Mierevelt ... 41

Figura 19 – Lição de anatomia do dr. Tulp, pintura de Rembrandt van Rijn ... 42

Figura 20 – A clínica Agnew, pintura de Thomas Eakins ... 44

Figura 21 – Eepresentação do uniforme das Irmãs de Caridade ... 48

Figura 22 – Reprodução de enfermaria (1856) ... 49

Figura 23 – Desfile das enfermeiras do exército brasileiro ... 51

Figura 24 – Vestimenta da Cruz Vermelha... 52

Figura 25– Uniforme da fase preliminar (iniciadas) ... 53

Figura 26– Alunas no estágio hospitalar (juramento) ... 54

Figura 27 – Alunas no estágio hospitalar (apresentação) ... 54

(11)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Classificação das roupas de proteção ... 57

Quadro 02 – Classificação das vestimentas de agentes de saúde ... 58

Quadro 03 – Público alvo e suas necessidades ... 70

Quadro 04 – Considerações acerca da problemática a partir da pesquisa na literatura especializada ... 73

Quadro 05 – Necessidades do mercado ... 80

Quadro 06 – Atributos de ciclo de vida do produto ... 81

Quadro 07 – Requisitos de projeto para o desenvolvimento do novo jaleco ... 84

Quadro 08 – Classificação, por grau de importância, dos requisitos de projeto ... 87

(12)

SUMÁRIO CAPÍTULO I ... 14 1INTRODUÇÃO ... 14 1.1CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ... 14 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 GERAL ... 17 1.2.2 ESPECÍFICOS ... 17 1.3 JUSTIFICATIVA ... 18 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA... 19 1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 19 CAPÍTULO II ... 21

2. O PROCESSO DE PROJETO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO INDUSTRIALIZADO ... 21

2.1. OS ESTÁGIOS DO PROCESSO DE PROJETO ... 21

2.2. FASE 1–PROJETO INFORMACIONAL ... 28

2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 35

3 JALECOS: HISTÓRIA, TIPOS, FINALIDADES ... 37

3.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DAS VESTIMENTAS MÉDICAS ... 37

3.2 VESTIMENTAS DE ENFERMAGEM ... 45

3.3 TIPOS DE JALECOS ... 55

3.4 FINALIDADES E ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ... 59

3.5. O JALECO COMO DEPÓSITO DE VETORES PATÓGENOS ... 62

3.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 65 CAPÍTULO IV ... 67 4 METODOLOGIA ... 67 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 67 4.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ... 67 CAPÍTULO V ... 70

(13)

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 70

5.1 O PÚBLICO ALVO E SUAS NECESSIDADES ... 70

5.2 NECESSIDADES ESTABELECIDAS A PARTIR DA PESQUISA NA LITERATURA ESPECIALIZADA ... 71

5.3 NECESSIDADES ESTABELECIDAS A PARTIR DA PESQUISA EFETUADA NO MERCADO ... 80

5.4 NECESSIDADES OBTIDAS NA PESQUISA CLASSIFICADAS A PARTIR DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO ... 81

5.5 ESTABELECIMENTO DOS REQUISITOS DE PROJETO ... 83

5.6 CLASSIFICAÇÃO POR GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS REQUISITOS DE PROJETO ... 87

5.7 ESTABELECIMENTO DAS ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO ... 89

6 CONCLUSÕES ... 99

REFERÊNCIAS ... 101

APÊNDICES ... 110

(14)

CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema

Apontado como necessidade básica da humanidade, as discussões acerca da saúde vêm se tornando cada vez mais exaustivas graças a sua pluralidade de definições e do seu poder de afetar a sociedade.

Compreendida por muitos como a ausência de enfermidades, a saúde possui uma complexa definição, por vezes, considerada insatisfatória. A Organização Mundial de Saúde – OMS tinha a percepção da saúde como estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou de enfermidade (CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1946).

Essa definição faz-nos reconhecer que a saúde não pode ser considerada apenas objeto de estudos biomédicos. Afinal, a saúde se apresenta como elemento interdisciplinar que permeia diversas áreas do conhecimento, tais como: design, psicologia, engenharia de materiais, desenvolvimento de máquinas e equipamentos, nanotecnologia, ergonomia e diversas outras que tenham como meta obter melhorias na promoção da saúde e, essencialmente, a preocupação com o desenvolvimento de atividades biológicas (micro-organismos, cultura de células, parasitas, toxinas e príons) que possam oferecer ameaças à população.

Existem riscos que são inerentes às profissões da área da saúde, podendo ser maximizado de acordo com as características das atividades, das práticas, dos hábitos, do espaço, do tempo de exposição, do contato e da circunstância. Tendo como objetivo monitorar, controlar e mitigar os riscos decorrentes das atividades de saúde e/ou da exposição a organismos que podem causar danos ao bem-estar das pessoas, a reflexão sobre biossegurança vem ganhando preocupações cada vez mais veementes.

Identificadas como Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde, as IRAS são mencionadas como um dos principais problemas de saúde pública e se referem às enfermidades adquiridas por profissionais de saúde e pelos pacientes durante a execução de procedimentos de cuidado da saúde (hospitalares, ambulatoriais ou

(15)

domiciliares). Estas infecções comprometem a segurança e a qualidade assistencial dos pacientes, pois são responsáveis pelo aumento das taxas de morbidade, prolongamento do tempo de internação e aumento dos custos de internação (OLIVEIRA e SILVA, 2015). Assim sendo, se faz necessário a adoção de medidas nas práticas hospitalares e/ou ambulatoriais que gerem melhorias da qualidade da assistência e diminua a infecção cruzada (SILVA et al, 2015).

As IRAS, anteriormente denominadas de Infecções Hospitalares, tratam-se de qualquer síndrome contaminante adquirida durante ou após o procedimento ambulatorial, quando relacionadas ao período de atendimento ou tratamento de uma enfermidade em instituições de saúde. A mudança do termo dá-se pela compreensão de que tais infecções não são necessariamente adquiridas em hospitais. Elas podem estar relacionadas, além dos procedimentos ambulatoriais, aos cuidados domiciliares ou quando são adquiridas pelos próprios agentes de saúde durante a execução de suas atividades.

A ocorrência da IRAS está diretamente relacionada à exposição com vetores de infecção, idade, condição clínica, tempo e tipo de exposição, tratamento e forma de atuação profissional.

O ambiente hospitalar pode ser considerado um potencial reservatório de infecção, e devido à necessidade dos profissionais de saúde utilizarem diversos itens no seu dia a dia, tais como: canetas, mobiliários, estetoscópios, celulares, jalecos, entre outros, estes se tornam vetores de contaminação hospitalar.

O jaleco, pela característica de ser utilizado diariamente pela equipe de saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, técnicos de enfermagens, técnicos laboratoriais, estudantes, entre outros), pode ser apontado como um dos maiores transmissores e reservatórios de micro-organismos dentro do ambiente hospitalar. Diante deste fato, é recomendado que os agentes de saúde busquem adotar medidas de biossegurança. A primeira ação no controle das infecções associadas aos cuidados de saúde é identificar a provável fonte de contaminação em cada hospital. Com o aumento dos níveis de múltiplas bactérias resistentes aos antibióticos em ambientes hospitalares, o papel dos fatores ambientais na propagação das infecções hospitalares vem sendo cada vez mais estudado.

Já é de conhecimento público que os uniformes de enfermeiros e outras vestes hospitalares foram apontados como um dos principais agentes na transmissão de

(16)

bactérias patogênicas, como por exemplo, o Staphylococcus aureus existente dentro do ambiente hospitalar. Portanto, a presença de bactérias em jalecos e sua possível disseminação devem ser investigadas (MORAVVEJ et al, 2013, p. 18, tradução nossa).

O jaleco, através do tecido, da forma, dos elementos de junção e em conjunto com a umidade e o calor, cria condições favoráveis para a proliferação e sobrevivência dos micro-organismos que são responsáveis pelas IRAS (ROZMAN et al, 2017).

Pesquisas revelam que em 95,8% dos jalecos analisados nos ambientes hospitalares foram detectados a presença de bactérias (CEARÁ, 2014). Isto ocorre devido a vários fatores, entre eles, a maneira como o jaleco é confeccionado (adição de bolsos, cortes laterais, tamanhos excessivos, por exemplo) que induzem os profissionais de saúde a alguns movimentos involuntários. Estes movimentos, ao tocar o paciente e os objetos, pode, dependendo da má higienização de mãos, objetos ou jaleco, transmitir doenças.

Apesar desse fato, o jaleco se presta ao papel de proteção do profissional de saúde, devendo ser repensado para promover ainda mais segurança. Outro fator que deve ser levado em consideração é que o jaleco faz parte da identificação e consolidação das profissões de saúde.

O projeto de um jaleco também deve prever a segurança, o conforto, saúde e a eficácia (resultado) dos movimentos realizados pelos usuários. Estes são, por exemplo, aspectos defendidos pela Ergonomia, seja no desenvolvimento de um produto ou de um sistema de trabalho (IIDA, 2005; FALZON, 2007; MARTINS e LOPES, 2009).

Por estar em contato direto com a pele, o conforto de um vestuário pode ser traduzido através de aspectos sensoriais: visual (conforto estético e cultural), térmico (frio e quente), dor (áspero, picante, apertado) e quanto ao toque (liso, macio, rugoso, fresco, quente). Essas interações estimulam sensações térmicas, mecânicas e visuais, devendo ser levadas em consideração na busca pelo estado de conforto do jaleco (BROEGA e SILVA, 2010).

Diante do exposto, o designer tem um papel fundamental de pesquisar, idealizar, experimentar, desenvolver, promover melhorias e dar novas funções a objetos, devendo, antes de tudo, decodificar as demandas dos usuários e compreender como os mesmos se relacionam com o produto criado. Em vestuários,

(17)

os designers devem se atentar para novos materiais, funcionalidade, proteção, saúde, novas tecnologias e outras inovações, se preocupando com o conforto, o movimento e a segurança.

A complexidade que permeia o desenvolvimento de um jaleco se deve à relação da tríade: ambiente – produto – usuário e as consequências causadas por eles (ser um elemento de proteção e, ao mesmo tempo, ser o principal vetor de contaminação). Neste contexto, a área de design pode contribuir, uma vez que a mesma pode atuar nos vários níveis do desenvolvimento de um projeto, assim como apresentar ferramentas destinadas a conduzir, identificar e até mesmo solucionar parte dessas consequências (SANTOS, REZENDE e ARAÚJO, 2014).

Diante do exposto, e procurando contribuir para o projeto de um novo jaleco destinado a profissionais de saúde, levanta-se o seguinte questionamento: quais

informações coletar para estabelecer as especificações de projeto que auxiliem os designers a propor este novo jaleco?

1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Estabelecer as especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo modelo de jaleco utilizado por profissionais de saúde.

1.2.2 Específicos

Para que o objetivo geral seja atingido se faz necessário o desenvolvimento dos seguintes objetivos específicos:

• levantar informações de projeto envolvendo a confecção de jalecos; • definir os principais interessados no desenvolvimento de um novo jaleco; • estabelecer as necessidades dos interessados no projeto;

• classificar as necessidades de acordo com o ciclo de vida do produto; • estabelecer e classificar os requisitos de projeto para o desenvolvimento do

(18)

• apresentar as especificações de projeto para assegurar que as necessidades dos interessados no projeto sejam contempladas.

1.3 Justificativa

Este trabalho se justifica devido a vários aspectos, mas destacar-se-ão os seguintes: discutir o papel do jaleco não como um vestuário e sim como um equipamento de proteção individual; levantar informações para o desenvolvimento de um novo jaleco destinado a profissionais de saúde; fazer uso de um processo sistemático e metodológico no desenvolvimento de um produto industrial e aplicar uma metodologia de projeto de uso das engenharias dentro do campo de estudo do design. O jaleco, por questões históricas, sociais e culturais, vem sendo associado com o profissionalismo e a confiabilidade do profissional. É comum encontrar jalecos no mercado com apliques, rendas, excessivo número de costuras, bolsos e fendas que não se justificam do ponto de vista de assepsia e cuidados quanto à redução ou eliminação de áreas contaminantes. Isto termina por expor não só o profissional de saúde como também aqueles no entorno do mesmo. Levantar os devidos parâmetros de projeto que possam auxiliar a desenvolver um novo jaleco adequado quanto à redução de contaminantes biológicos se faz necessário e, pode-se afirmar, urgente.

Assim sendo, é preciso trazer novos conhecimentos sobre este produto para que futuramente ele saia da qualidade de vestuário e passe a ser o que se espera dele: um item de proteção para o profissional de saúde e seus pacientes, ou seja, passe a ser um Equipamento de Proteção Individual (EPI). Para tanto, se faz necessário estabelecer especificações de projeto que auxiliem os designers a conceber tal produto. Para que isto seja possível, o agir de forma sistemática e metodológica é o caminho mais assertivo. Sob este aspecto, o uso e aplicação de uma metodologia de projeto que detalhe as atividades de projeto e apresente as ferramentas de apoio ao desenvolvimento de cada atividade se caracteriza como a ação mais correta.

Por fim, além do exposto, e por ser a Pós-Graduação o campo mais adequado a esta finalidade, a aplicação de uma metodologia de projeto utilizada em outra área de atuação, no caso, a área das engenharias, amplia o conhecimento sobre este

(19)

assunto dentro de uma das áreas de pesquisa do design, que é a de desenvolvimento e aplicação de metodologias de projeto.

1.4 Delimitação da pesquisa

Em função do amplo domínio de estudo que envolve o assunto, delimitou-se este trabalho em cinco pontos, a saber: 1) quanto ao local da pesquisa; 2) quanto ao agente de saúde; 3) quanto à atividade desenvolvida; 4) quanto aos modelos de jalecos pesquisados e, 5) quanto aos aspectos de design.

Quanto ao local da pesquisa: a busca se deu em nível de Brasil e do estado da Paraíba em empresas com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE:

Seção C – Indústrias de Transformação

Divisão 14 – Confecção de Artigos do Vestuário a Acessórios Grupo 14.1 – Confecção de artigos do vestuário e acessórios Classe – 14.13-4 – Confecção de roupas profissionais

Subclasse – 1413-4/01 – Confecção de roupas profissionais, exceto sob medida e 1413-4/02 – Confecção, sob medida, de roupas profissionais, assim como na rede mundial de computadores por meio de sites especializados.

Quanto ao agente de saúde: ficou delimitada a função dos profissionais que realizam prestação de serviços em estabelecimentos de atendimento de saúde.

Quanto à atividade desenvolvida: este trabalho está delimitado nas atividades ambulatoriais, em razão da maior possibilidade de predominância das IRAS.

Quanto aos modelos de vestimentas: foi definido o tipo ambulatorial da linha enfermagem, em função destes serem os mais utilizados na literatura especializada.

Quanto aos aspectos de design: neste trabalho deu-se ênfase aos aspectos das cores, modelagem, material, processo de fabricação e elementos que compõem o jaleco.

1.5 Estrutura da dissertação

(20)

O Capítulo I se destina a contextualizar e apresentar o problema, os objetivos (geral e específicos), as justificativas, a delimitação do trabalho e a forma como o texto foi estruturado.

O Capítulo II trata do processo de projeto utilizado para o desenvolvimento de um produto industrial a partir de uma metodologia de projeto concebida por Maribondo (2000). Nesta seção, apresenta-se, em detalhes, o processo de projeto dando destaque a primeira fase do processo de projeto, denominada: projeto informacional.

O Capítulo III é destinado à história, os tipos e as finalidades do jaleco. É um breve resgate do que já foi publicado sobre o assunto a fim de levantar informações necessárias ao entendimento do porquê do jaleco ser assim concebido.

O Capítulo IV trata da metodologia da pesquisa. Para tanto, se faz a sua caracterização e apresenta-se o processo metodológico utilizado para estabelecer as especificações de projeto do novo jaleco para profissionais de saúde.

O Capítulo V se destina a apresentar e discutir os resultados encontrados a partir da metodologia de projeto mencionada no Capítulo IV.

No Capítulo VI são apresentadas as conclusões da pesquisa e as recomendações para trabalhos futuros e, por fim, são apresentados os Apêndices e os Anexos que auxiliam a complementar as informações desta pesquisa.

(21)

CAPÍTULO II

2. O PROCESSO DE PROJETO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO INDUSTRIALIZADO

O objetivo deste capítulo é discutir sobre o processo de projeto para o desenvolvimento de um produto industrial baseado em Maribondo (2000), chamando atenção para os principais estágios que o compõe, destacando a primeira fase do processo de projeto que tem por produto final as especificações de projeto.

2.1. Os estágios do processo de projeto

O inventor e filósofo estadunidense Charles Franklin Kettering, líder de pesquisa da General Motors, de 1920 a 1947, proferiu uma frase que é referência para os desenvolvedores de produtos industriais, a saber: “Um problema bem definido já é metade de um problema resolvido”. Em outras palavras, se a necessidade inicial que gera o projeto não for bem esclarecida, a solução apresentada pode não contemplar os desejos do contratante do projeto. Neste contexto, se faz necessário reduzir a complexidade do problema apresentado a partir do desmembramento do processo de projeto em estágios de complexidade menor a fim de encontrar soluções parciais mais simples, que auxiliarão a solucionar o problema de projeto inicial. Estes estágios podem ser denominados de forma variável a partir de vários autores/pesquisadores que trabalham na área de desenvolvimento de produtos, podendo-se destacar as seguintes palavras-chave: fase, etapas, tarefas, passos.

O termo fase é denominado para definir um dos estágios do processo de projeto, aquele de maior complexidade, onde a informação ainda não é clara o suficiente para auxiliar o designer/projetista a apresentar a solução do problema de projeto. Geralmente, neste estágio, o responsável pelo desenvolvimento do produto não dispõe de informações suficiente para apresentar uma solução adequada a esta atividade do processo de projeto. Quando isto ocorre, se faz necessário desdobrar este estágio de projeto em outros de menor complexidade denominado de etapas.

As etapas compreendem atividades a serem executadas pelos responsáveis pelo projeto do produto que trazem, em si, informações mais claras do que as

(22)

apresentadas no estágio anterior, porém, ainda com certo grau de complexidade que, em muitos casos, precisam ser desdobradas mais uma vez. Quando isto se faz presente, surgem os estágios denominados de tarefas.

As tarefas compreendem atividades de projeto mais simples e de fácil compreensão por parte de quem precisa fazer uso de um processo metodológico e que são, geralmente, acompanhadas de ferramentas de apoio destinadas à sua execução.

Os passos, por sua vez, também são atividades consideradas de mais fácil compreensão, estando ao nível das tarefas e, quando são empregados, se faz geralmente sem os estágios mencionados anteriormente, isto é, cada atividade do processo de projeto já é assim denominada: passo 1, passo 2, passo 3 e assim por diante.

A representação gráfica destes termos no processo de projeto é por meio de retângulos com seu respectivo desdobramento, conforme se apresenta na Figura 01.

Figura 01 – Forma gráfica de representar os estágios do processo de projeto por meio de fluxogramas

FASE DENOMINAÇÃO DA FASE

ETAPA DENOMINAÇÃO DA ETAPA

Atividade Denominação da atividade

Fonte: Maribondo (2000).

Quando se faz uso do termo “passo” não se requer este desdobramento. Vide Figura 02.

Figura 02 – Representação gráfica para o termo “passo”

PASSO 1 DENOMINAÇÃO DO PASSO 1

PASSO ... DENOMINAÇÃO DO PASSO ...

PASSO n DENOMINAÇÃO DO PASSO n

Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2019).

Os retângulos, no fluxograma, representam a maneira “COMO” o designer/projetista deve executar sua ação para encontrar uma dada resposta para o

(23)

problema de projeto. Por se tratar de uma ação o texto deve iniciar SEMPRE por um verbo no infinitivo, exemplo: projetar, conceber, apresentar, entre outros.

Esta forma de comunicar a maneira como o designer/projetista deve proceder para encontrar a solução para o problema de projeto auxilia, principalmente, no treinamento de novos designers/projetistas, como também no desenvolvimento de problemas complexos ou que manipulam muitas variáveis no processo de projeto ou se necessitam de vários especialistas em áreas técnicas específicas, as quais necessitam um gerenciamento e a alocação de um gerente de projeto.

Os problemas de engenharia, geralmente, tratam a sua complexidade como sendo uma “caixa preta” (Figura 03).

Figura 03 – Representação de um problema de natureza técnica por meio de uma caixa preta

PROCESSO

ENTRADAS SAÍDAS

Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2019).

Assim, as entradas constituem as energias, os materiais e os sinais e, após o processamento, entregam as saídas na forma de produtos e respectivas transformações das suas energias, materiais e sinais.

No contexto do processo de projeto, as entradas são os desejos, as necessidades e as faltas e as saídas são os produtos projetados. O processo de projeto, por sua vez, é quebrado, desdobrado em quatro estágios denominados de projeto informacional, projeto conceitual, projeto preliminar e projeto detalhado (Figura 04).

(24)

Figura 04 – Desdobramento do processo de projeto na engenharia

FASE 1 PROJETO INFORMACIONAL

FASE 2 PROJETO CONCEITUAL

FASE 3 PROJETO PRELIMINAR

FASE 4 PROJETO DETALHADO

NECESSIDADE

PRODUTO

Caixa preta

Fonte: Baseado em Maribondo (2000).

O projeto informacional tem por objetivo esclarecer a necessidade do contratante do projeto a fim de gerar as especificações de projeto para o desenvolvimento do produto. Trata-se de um estágio que busca “tirar” da mente do contratante o que ele deseja para, após um entendimento melhor do pedido de projeto, a partir do levantamento de várias informações relacionadas ao tema de projeto, apresentar um texto contendo informações importantes e adequadas para a solução de projeto.

O projeto conceitual tem por objetivo visualizar, por meio de desenhos ou imagens, a melhor solução de projeto que contemplam as especificações estabelecidas no estágio anterior.

O projeto preliminar tem por objetivo o dimensionamento do conceito estabelecido na fase do projeto conceitual. Neste momento, busca-se estabelecer o diagrama de equilíbrio de forças, calculam-se os momentos, estabelecem-se os materiais, determinam-se as tensões que estes materiais suportam e realizam-se simulações dinâmicas visando estabelecer as resistências e as espessuras para os materiais que compõem os diversos itens que irão compor o produto.

O projeto detalhado tem por objetivo preparar a documentação necessária para a construção do protótipo do projeto. Neste momento, são desenvolvidos os desenhos

(25)

técnicos contendo o conjunto, os detalhes do conjunto, as peças, a cotagem das peças, os ajustes dimensionais e geométricos necessários aos encaixes e funcionamentos das peças e conjuntos, a lista dos materiais contendo a sua identificação, denominação, quantidades e as especificações para a sua aquisição. Ao fim deste estágio, o projeto está concluso devendo, tal documentação (desenhos técnicos), seguir para a fase de pré-produção, ou seja, para a fase de construção e teste de protótipos.

É importante destacar que cada um desses estágios do processo de projeto necessita de ferramentas de apoio para a sua execução e que cada resultado obtido seja avaliado. Em caso de avaliação positiva segue-se o fluxo e, em caso de resposta negativa, retornam-se a estágios anteriores para suprir as falhas identificadas. A Figura 05 mostra um fluxograma mais detalhado do processo de projeto, apresentando o “COMO” deve ser feito e o “COM QUÊ” deve ser feita cada atividade. O “COMO” está representado dentro de cada retângulo e o “COM QUÊ” representado pelo símbolo: . Além desse símbolo, percebe-se, observando a Figura 05, a existência de setas contínuas, setas tracejadas, losangos, paralelogramos, balões e folheto.

As setas contínuas representam o fluxo normal do processo de projeto, ou seja, quando as avaliações dos produtos entregues em cada fase recebem como resposta a palavra “SIM”.

As setas tracejadas, em vermelho, representam o retorno a um processo anterior em função de uma avaliação negativa (NÃO) de algum produto entregue em alguma das fases do processo de projeto.

Os losangos, em amarelo, representam o momento da avaliação do produto entregue. Serve como uma válvula controladora de fluxo do tipo passa / não-passa. Repostas positivas fazem com que o fluxo prossiga. Respostas negativas fazem com que se volte a estágios anteriores em busca de novas informações.

Os paralelogramos, em azul claro, representam as entradas e saídas de informações em cada um dos estágios do processo de projeto.

(26)

Figura 05 – Processo de projeto para o desenvolvimento de um produto industrial contendo o “COMO” e o “COM QUE”

FASE 1 PROJETO INFORMACIONAL

FASE 2 PROJETO CONCEITUAL

FASE 3 PROJETO PRELIMINAR

FASE 4 PROJETO DETALHADO

Ferramentas de apoio a fase do projeto informacional Especificações de projeto Adequadas? INÍCIO DO PROJETO Necessidade, desejo, falta

Ferramentas de apoio a fase do projeto conceitual

Concepção de projeto

Adequada?

Ferramentas de apoio a fase do projeto preliminar Dimensionamento da concepção de projeto Adequado? FIM DO PROJETO

Ferramentas de apoio a fase do projeto detalhado Detalhamento da documentação de projeto Adequado? SIM

Documentos para a fase de pré-produção SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO

Fonte: Baseado em Maribondo (2000).

Os balões, em verde, representam o início e o fim do processo de projeto e, por fim, o folheto representa a documentação final a ser entregue caracterizando o fim do projeto. É bem verdade que em cada um dos estágios do processo de projeto são gerados documentos e podem ser impressos. No entanto, como forma de melhor diagramar, o processo de projeto apenas os representa no final de todo o processo.

(27)

Todo este processo de projeto precisa ser gerenciado e, para tanto, se faz necessário definir “QUEM?”, “COM QUANTO?” e “EM QUE TEMPO” cada um destes estágios precisa ser desenvolvido. Outro aspecto é a definição da qualidade do produto que se entrega em cada estágio, os riscos envolvidos, as mudanças de rotas e a forma de comunicação da equipe que irá desenvolver o projeto. Juntas, tais informações, guiam os designers/projetistas no desenvolvimento de um produto industrial.

Esse processo pode ser representado por um funil ou uma pirâmide invertida onde, no início, se faz necessário um maior número de informações que vão reduzindo à medida que o produto vai sendo melhor definido. Veja representação apresentado na Figura 06.

Figura 06 – Representação do processo de desenvolvimento de um produto industrial

Fonte: Adaptado de Maribondo (2000).

Esta representação visualizada na Figura 06 corrobora com a frase inicial de que “um problema bem definido já é metade de um problema resolvido”. Percebe-se, observando a ilustração da Figura 06, que a fase do projeto informacional é uma fase de maiores dúvidas e, portanto, a que requer maior tempo de desenvolvimento a fim de que tais dúvidas sejam dirimidas. Continuar com o processo de projeto sem ter as informações devidas para uma tomada de decisão irá acarretar numa solução de projeto inadequada. Por isso, se faz importante compreender bem o que vem a ser as especificações de projeto. De maneira figura da, tais especificações representam o “MAPA”, o “GUIA” para o desenvolvimento do projeto. A questão maior é: como se faz

(28)

para se estabelecer as especificações de projeto? Para maiores explicações apresenta-se a secção 2.2 denominada: Fase 1 – Projeto informacional.

2.2. Fase 1 – Projeto Informacional

A Fase 1, denominada de “PROJETO INFORMACIONAL”, requer entradas, processamento e saídas.

Figura 07–Fase 1: Projeto Informacional

FASE 1 PROJETO INFORMACIONAL

Ferramentas de apoio a fase do projeto informacional Especificações de projeto Adequadas? INÍCIO DO PROJETO Necessidade, desejo, falta SIM NÃO

Fonte: Baseado em Maribondo (2000).

A entrada desta fase é a necessidade, o desejo ou a falta externada pelo contratante do projeto. O processamento é o próprio “Projeto Informacional” e a saída corresponde às “ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO”.

A necessidade é formalizada a partir de um documento que pode ser uma ordem de serviço ou uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Neste tipo de documento são registradas as informações iniciais do contratante, a forma de contato, algumas restrições iniciais do projeto quanto ao tempo, ao custo, a qualidade, entre outros, e a partir daí, o processo de busca e esclarecimento maior sobre o problema se desenvolve.

(29)

Figura 08 – Desdobramento da primeira fase do processo de projeto: PROJETO INFORMACIONAL

Qual a necessidade, o desejo ou a falta a ser atendida? INÍCIO DO

PROJETO

FASE 1 PROJETO INFORMACIONAL

ETAPA 1.1

Identificar o público alvo (Cliente, usuário, fornecedores, patrocinadores, equipe de projeto, demais envolvidos e

interessados no projeto)

ETAPA 1.2 Pesquisar no mercado o que já existe sobre o problema de projeto

ETAPA 1.3 Pesquisar na literatura especializada o que já se publicou sobre o problema de projeto

ETAPA 1.4 Estabelecer as necessidades do seu público alvo

ETAPA 1.5 Definir o produto concorrente a ser superado

ETAPA 1.6 Estabelecer a estratégia de desenvolvimento do projeto

ETAPA 1.7 Estabelecer os requisitos de projeto

ETAPA 1.8 Classificar os requisitos de projeto por ordem de importância

ETAPA 1.9 Resolver as contradições existentes entre os requisitos de projeto estabelecidos

ETAPA 1.10 Estabelecer as especificações de projeto

ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO Adequadas?

Sim

Não

Usar a Ordem de serviço e, em seguida, criar a lista de clientes, a lista de patrocinadores, a lista de fornecedores, a lista de outros interessados no projeto Sites de busca e visitas nos locais. Buscar por produtos/serviços na Internet, visitar lojas e estabelecimentos comerciais Sites de pesquisa, bancos de patentes, base de dados de universidades e de centros de pesquisas

Usar as fases do Ciclo de Vida do Produto para organizar as necessidades estabelecidas

Usar a comparação entre produtos (Benchmarking) para realizar estas etapas

Usar a lista de necessidades estabelecida na Etapa 1.4 e outras listas de requisitos de projeto publicadas ou existentes na literatura especializada

Usar a Matriz da Casa Qualidade Usar a TRIZ (Teoria Inventiva da Solução de Problemas)

Quadro de especificações de projeto

Definir o responsável pela gestão desta fase

Estimar os recursos envolvidos Monitorar o projeto e administrar os riscos Definir a qualidade dos resultados Manter a comunicação atualizada

Como será realizado o projeto? Quais meios serão utilizados para realizar cada Etapa?

Quem, com quanto e em que tempo será realizada cada

Etapa? Estabelecer o cronograma de atividades Estabelecer o perfil da equipe de trabalho Fonte: Maribondo (2019).

A Fase do “PROJETO INFORMACIONAL” é desdobrada em 10 (dez) etapas. Cada uma destas etapas precisa ser desenvolvida por meio de ferramentas de apoio ao processo de projeto e toda a Fase deve ser gerenciada para que o objetivo seja exitoso, estabelecendo as “ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO” para o desenvolvimento do produto.

A primeira etapa da primeira fase, denominada de Etapa 1.1, se destina a definir o público alvo e os interessados pelo projeto. O primeiro público alvo é o contratante do projeto e os demais são todos aqueles que, de alguma forma, irão contribuir com o projeto, seja como patrocinador, desenvolvedores, usuários, entre outros, a fim de entrevistá-los e obter informações sobre as possíveis necessidades a serem atendidas pelo produto em desenvolvimento.

A segunda etapa, denominada de Etapa 1.2, se destina a buscar no mercado produtos e informações relacionadas à necessidade inicial. Neste momento, a busca na Internet, em lojas e departamentos especializados se faz necessário. A intenção é

(30)

encontrar produtos que estão sendo comercializados que possam atender (totalmente ou parcialmente) ao problema de projeto. Estas informações se destinam a estabelecer, no transcorrer do processo de projeto, o produto meta a ser superado e as estratégias para o desenvolvimento do projeto em curso.

A terceira etapa, denominada de Etapa 1.3, busca informações na literatura especializada sobre trabalhos publicados envolvendo o tema do projeto que possam melhor embasar as decisões do processo de projeto. Neste contexto, artigos, dissertações, teses, normas técnicas, patentes e demais centros, institutos e instituições de pesquisa devem ser identificados, suas informações analisadas e sintetizadas.

A quarta etapa, denominada de Etapa 1.4, visa estabelecer as necessidades encontradas a partir de entrevistas com o público alvo e o demais interessados no projeto, das pesquisas efetuadas na literatura especializada e no mercado, tendo como premissa o Ciclo de Vida do Produto - (CVP). (Vide Figura 09). Dependendo do tipo de produto que está sendo desenvolvido, podem-se priorizar algumas dessas fases e não a sua totalidade.

Figura 09 – Ciclo de Vida do Produto

FASE 1 PRODUÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 3 ARMAZENAMENTO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 4 DISTRIBUIÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 5 VENDA Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 6 USO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 7 MANUTENÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

FASE 8 REPENSAR, REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR

Estabelecer as necessidades relacionadas a esta fase

FASE 9 DISPOSIÇÃO FINAL Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

INÍCIO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Necessidade, desejo, falta INÍCIO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO

FASE 2 EMBALAMENTO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

(31)

A quinta etapa, denominada de Etapa 1.5, tem por objetivo determinar qual é o produto meta a ser superado, ou seja, o produto que já se encontra no mercado que é exitoso, mas que precisa ser vencido pelo projeto em desenvolvimento. Para definir qual produto existente é este, é preciso que as necessidades estejam estabelecidas na etapa anterior, para que se possa usar um quadro (Quadro de comparação de produtos – Benchmarking) que auxilia o designer/projetista neste momento do projeto (Vide Figura 10).

Figura 10 – Quadro de comparação de produtos

PRODUÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

ARMAZENAMENTO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

DISTRIBUIÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

VENDA Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

USO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

MANUTENÇÃO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

REPENSAR, REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR

Estabelecer as necessidades relacionadas a esta fase

DISPOSIÇÃO FINAL Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase

X Não atende X X Não atende X Não atende X X X X X X X X X X X X X Produto 1 Produto 2 Produto 3 Produto 4 ... Produto n

PRODUTOS EXISTENTES NO MERCADO

5 4 3 4 3

Somatório das necessidades atendidas

Produto meta

Classificação geral

EMBALAMENTO Estabelecer as necessidades

relacionadas a esta fase Não atende X X

Fonte: Elaborado pelo pesquisador (2019).

As linhas deste Quadro são constituídas das necessidades estabelecidas a partir de cada fase do CVP e as colunas são preenchidas pelos produtos encontrados no mercado. A parte central do Quadro, na cor cinza, se destina aos relacionamentos entre as necessidades e os produtos existentes. Neste momento, pode-se, de maneira simples, marcar qual produto atende à necessidade, colocando um “X”, ou deixando em “branco”, o quadrado cujo produto não atende à necessidade correlacionada. O

(32)

produto meta é estabelecido pelo maior somatório dos “X” marcados em cada coluna do Quadro de Comparação de Produtos.

A sexta etapa, denominada de Etapa 1.6, se destina a estabelecer a estratégia de desenvolvimento do produto a partir do que já existe no mercado. A Figura 10 auxilia a visualizar como elaborar esta estratégia.

Percebe-se, pela Figura 10, que o produto meta é aquele que possui a maior quantidade de “X” marcado no Quadro de relacionamentos (“produto 1”, que possui cinco marcações no total). Percebe-se, também, que este produto não atende determinadas necessidades. A partir desta constatação é que é estabelecida a estratégia de desenvolvimento do produto. Caso o produto em desenvolvimento supra estas carências, a partir do desenvolvimento de soluções ou por meio de soluções já existentes em outros produtos (marcados em cor verde), é possível, em tese, apresentar um produto mais competitivo no mercado, ou seja, o produto ideal para as necessidades estabelecidas. A estratégia de projeto, neste caso, segue a linha em vermelho. Ela define o caminho de como o designer pode desenvolver o produto ideal.

Figura 11 – Estratégia de projeto para o desenvolvimento do produto

(33)

A sétima etapa, denominada de Etapa 1.7, busca estabelecer os requisitos de projeto a partir das necessidades estabelecidas a partir do público alvo e dos interessados no projeto, assim como das necessidades obtidas através das pesquisas efetuadas no mercado e na literatura especializada. Neste contexto, os requisitos de projeto compreendem uma interpretação técnica, por parte dos designers/projetistas/engenheiros, que visa transformar a necessidade estabelecida em um termo técnico: um número e uma unidade. Exemplo: supondo que a necessidade estabelecida fosse “baixo custo”, o requisito de projeto correspondente a esta necessidade poderia ser: R$ 200,00 (duzentos reais). Onde 200,00 é o número e “R$” é a unidade. Há de se chamar a atenção que para cada necessidade deve existir, pelo menos, um requisito de projeto associado. No entanto, a necessidade pode gerar mais de um requisito de projeto. Isto dependerá das discussões da equipe de projeto envolvida no processo. Por exemplo: a equipe pode chegar à conclusão para que a necessidade “baixo custo” seja contemplada no projeto, além do requisito ser R$ 200,00, sejam ainda criados os seguintes requisitos: 80% do material reciclado; reduzir de 200 para 150 peças que compõem o produto, entre outras.

A oitava etapa, denominada de Etapa 1.8, busca classificar os requisitos de projeto. Esta classificação é realizada com auxílio da ferramenta de apoio ao processo de projeto denominada: Matriz da Casa da Qualidade (Vide Figura 12).

Figura 12 – Matriz da Casa da Qualidade

(34)

Esta matriz relaciona as necessidades com os requisitos de projeto, ou seja, relaciona os “QUÊS” com os “COMOS”, visando classificá-los por grau de importância. Este cálculo pode levar em consideração o telhado (triângulo na parte superior da matriz) ou não. Além desta classificação dos requisitos de projeto, pode-se trabalhar o produto meta e as estratégias do projeto, pois todas as variáveis podem ser trabalhadas nesta matriz. A intenção com esta priorização é garantir quais requisitos de projeto devem ser contemplados com a conclusão do projeto do produto. Isto é posto, pois, muitas vezes, o número de requisitos de projeto é tão elevado que é preciso definir os 10 primeiros, os 20 primeiros ou os 100 primeiros requisitos de projeto a serem atendidos. Tudo depende do tipo de projeto que está sendo realizado e como a equipe de projeto estabelece os requisitos de projeto a partir das necessidades estabelecidas.

A nona etapa, denominada de Etapa 1.9, se destina a resolver as contradições de projeto, isto é, os problemas que podem surgir em função de se querer minimizar ou maximizar determinados tipos de requisitos de projeto. Por exemplo: caso se deseje reduzir o peso e aumentar a resistência, tem-se uma contradição. Nestes casos, busca-se a ferramenta de apoio ao processo de projeto, denominada de TRIZ (Teoria da Resolução de Problemas Inventivos) que, através de parâmetros de engenharia, princípios inventivos e da Matriz de Contradições, auxilia o designer a solucionar tais problemas de projeto. Esta ferramenta foi inicialmente desenvolvida nos anos 40 pelo Russo G. S. Altshuller, nascido em Tashkent, Rússia, em 15 de outubro de 1926 e falecido em Baku, Azerbaijão, em 24 de setembro de 1998, sendo a sigla estabelecida nos anos de 1970. Atualmente, existem fóruns, livros, artigos, dissertações e teses que melhor detalham a aplicação desta ferramenta de apoio ao processo de projeto.Maiores informações podem ser obtidas em Terninko, Zusman e Zlotin (1998),Salamatov (1999), Savransky (2000), entre outros.

A décima etapa, denominada de Etapa 1.10, visa estabelecer as especificações de projeto. Após classificar os requisitos de projeto e informar se deseja maximizar ou minimizar o seu efeito e identificar as contradições de projeto, chega-se ao momento de informar, por meio de um texto objetivo, como o requisito de projeto será contemplado no projeto em desenvolvimento. Exemplo: supondo que o requisito de projeto número 1seja atender à necessidade “baixo custo” que gerou o requisito de projeto “R$ 200,00”, então, a especificação de projeto a ser apresentada poderia ser:

(35)

“use materiais padronizados facilmente encontrados no mercado ou faça uso de materiais recicláveis”. O Quadro 01 auxilia a reunir estas informações do processo de projeto.

Figura 13 – Quadro de especificações de projeto

Fonte: Maribondo (2000).

A partir do seu preenchimento, a equipe de projeto o usará para auxiliá-la a estabelecer a concepção de projeto e as demais fases do processo. Qualquer alteração, nesta fase ou nas demais fases do processo de projeto, necessariamente este Quadro sofrerá modificações.

2.3. Considerações finais

O termo técnico “especificações de projeto” compreendem orientações, aos designers/projetistas/engenheiros, destinadas ao entendimento de como os requisitos de projeto serão inseridos e visualizados no desenvolvimento do produto industrial. O termo pode não ser padronizado nas várias formações acadêmicas, em função das influências das escolas de pensamento no desenvolvimento de projeto de produto, mas será adotado, neste trabalho, assim como é adotado nos trabalhos das áreas de engenharia mecânica e de produção que abordam o desenvolvimento de produtos industriais. Isto se faz importante, pois traz para a área do design uma linguagem e

(36)

uma forma de proceder que pode, ainda, não estar presente no dia a dia das escolas desta área de conhecimento, trazendo “luz” para futuras discussões sobre padronização de termos técnicos e desdobramento do processo de projeto.

(37)

CAPÍTULO III

3 JALECOS: história, tipos, finalidades

3.1 História e evolução das vestimentas médicas

O vestuário acompanha o ser humano desde a Pré-história. Desempenhando, inicialmente, a função de proteção das intempéries da natureza, ganha, posteriormente, a conotação de questões sociais, políticas, culturais, religiosas ou morais da humanidade.

Além da necessidade de acompanhar a evolução da sociedade, as roupas passaram a cumprir uma série de requisitos práticos e de proteção, sendo relacionadas com as atividades exercidas por cada membro da sociedade. Consoante às funções, o nível de proteção determina o tipo de vestimenta adequada ao trabalho.

Nas indumentárias médicas, muitas exigências devem ser cumpridas para evitar a contaminação cruzada e para salvaguardar os profissionais. Apesar dessa preocupação, a história revela que nem sempre foi assim, além de haver poucos registros, estima-se que as primeiras vestimentas destinadas às atividades biomédicas surgiram por volta dos anos 2.300 a. C. (BRAGA, 2008).

Datados desse período, tem-se duas imagens que demonstram alguns procedimentos médicos, como uma circuncisão (Figura 14) e um tratamento (Figura 15), onde, em ambos os casos, é possível observar a utilização de vestimentas brancas, representando assepsia e preocupação em demonstrar pureza (paz). Os egípcios deixaram legados no tratamento da saúde, principalmente, por seus registros escritos, apontados como manuais médicos, como no caso do Papiro Ebers, onde eram registrados doenças e tratamentos (BBC, 2017). Apesar disso, os escritos que falam sobre o uso de vestimentas apropriadas para as ações de saúde são posteriores às imagens, datando por volta de 500 e 600 anos a. C.

De acordo com Braga (2008, p. 03),

As primeiras anotações existentes datam de 500 e 600 anos a.C. Advertem os médicos da época, quanto à necessidade de banhos frequentes, uso de roupas brancas e limpas, unhas e cabelos bem aparados como medidas de prevenção de doenças.

(38)

A Figura 14 representa a antiga prática médica egípcia, onde é realizada uma circuncisão, procedimento praticado por razões higiênicas e religiosas, um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos da medicina.

Figura 14 – Procedimento cirúrgico (2.300 a. C)

Fonte:Vayera (2014).

Como a Figura 14 trata-se de uma escultura, não é possível identificar as cores das vestimentas utilizadas pelos médicos, mas sabe-se, através de relatos, que esses profissionais utilizavam vestes brancas (principalmente pelas questões religiosas). Em uma representação artística desse procedimento, pode-se identificar as cores e os hieróglifos, escrita pictográfica utilizada pela antiga sociedade egípcia.

Figura 15 – Circuncisão egípcia

(39)

Na Figura 15, pintura que retrata a circuncisão, é possível ver a utilização do hedjet (branco), como cor para a vestimenta dos puros, e utilizadas em objetos simbólicos religiosos.

Ainda sobre as atividades médicas do antigo Egito, a Figura 16 retrata um tratamento de um enfermo, onde ambos (médico e paciente) utilizam roupas brancas, podendo representar limpeza, enquanto que os outros presentes estão com roupas com tons mais cinzentos.

Figura 16 – Tratamento médico (1.400 a. C)

Fonte: Braga (2008).

A Figura 16 também reforça que a medicina no antigo Egito era uma associação entre conhecimento e a religião, enquanto o sacerdote faz o tratamento os demais têm a função de fazer adorações. Por muito tempo, em diversas sociedades, as doenças eram consideradas manifestações (castigos) dos deuses, e os sacerdotes teriam o papel de expulsar os maus espíritos e de apaziguar as iras dos céus. A utilização de vestes brancas eram formas de demonstrar que essas pessoas eram puras (médicos) ou que buscavam alcançar a purificação (enfermos).

Por não se tratar de uma roupa específica para procedimentos, as vestimentas dos sacerdotes do antigo Egito não são consideradas como percussores dos jalecos dos profissionais de saúde, e sim indumentárias voltadas para o status e profissão e não para atuação profissional.

Pela escassez dos registros, há um salto na história dessa vestimenta, passando do antigo Egito para a Idade Média, onde há indícios de que os jalecos

(40)

tenham surgidos na Europa durante esse período. Tendo como função de proteger os médicos da peste bubônica, doença responsável pela dizimação de parte da população do continente europeu, as indumentárias médicas eram confeccionadas em tecidos grossos, escuros e encerados (para evitar a entrada de fluídos) e vinham acompanhados de óculos, botas, luvas, chapéus e máscaras escuras para proteger a respiração, que aparentavam bicos de aves, onde em seu interior possuíam ervas medicinais e substâncias aromáticas, como uma espécie de filtro para evitar a inalação de possíveis miasmas. Outro elemento que compunha esse visual médico, era um casaco de couro preto, o que é considerado o primeiro jaleco da história. (TONIAL, 2018; PEREIRA, 2016; LEÃO, 2010). As longas vestes protegiam os médicos das picadas de pulgas.

Essa vestimenta pode ser melhor compreendida com o auxílio da Figura 17, onde através de um infográfico russo é explicado cada elemento necessário para a prática de combate a doenças.

Figura 17 – Representação das indumentárias médicas (Idade Média)

(41)

Na Figura 17 também é possível ver alguns outros acessórios que compunham a indumentária, como um cajado que tinha como função de afastar enfermos em momentos de desespero dos mesmos, cebolas presas a uma espécie de fio preso ao cinto e um pomander (uma espécie de pingente que armazenava ervas e óleos) para disfarçar odores.

Por muito tempo, essa foi considerada a vestimenta adequada para combater diversas doenças, pois os médicos estavam protegidos de insetos, fluídos, inalações e contatos. Com o controle da epidemia da peste bubônica, alguns elementos foram retirados da vestimenta, permanecendo o jaleco de cor escura.

Através das representações artísticas, é possível identificar como eram as atividades dos médicos e de demais profissões que retratam situações cotidianas e revelam algumas características necessárias para compreensão da sociedade. Como se pode observar através da Figura 18, era comum que estudantes de medicina acompanhassem atividades de dissecação de corpos no decorrer das aulas de anatomia, revelando os trajes utilizados pelos médicos naquelas épocas.

Figura 18 – A anatomia de Dr. Willem van der Mer in Delft, pintura de Pieter van Mierevelt

(42)

Na Figura 18, pintura do ano de 1627, é possível identificar que o médico e os demais presentes ao recinto utilizam-se de roupas escuras e rufos (espécie de gola inserida sob as roupas) que não possuem função para as atividades de saúde.

Convidado pelo anatomista Nicolaes Tulp, Rembrant representa uma aula anual de anatomia, mostrando a dissecação de um cadáver, conforme apresentado na Figura 19. Nessa obra, é possível observar as cores escuras das vestimentas e, ainda, a utilização de chapéu, pelo médico, além de outras práticas inadequadas para evitar contaminação, como a ausência da utilização de máscaras.

Figura 19 – Lição de Anatomia do Dr. Tulp, pintura de Rembrandt van Rijn

Fonte:Viana (2018).

Executada em 1632, a pintura demonstrada na Figura 19, por se tratar de um afresco que retratava uma situação real, é possível perceber a ausência de equipamentos de proteção individual, prática comum após o controle da peste negra. A indumentária escura servia para evidenciar as manchas de sangue. Ao longo da história da arte será possível identificar outros quadros que retratam esse cenário das práticas médicas.

Identificado através de relatos no livro: “A vida e obra de Semmelweis”, escrito por Louis-Ferdinand Céline, os vestuários médicos tinham cores escuras (pretos, marrons, verde-musgo), onde as manchas de sangue deveriam ser mantidas no jaleco, como forma de demonstração de competência, pois isso validava a quantidade

(43)

de atendimentos e procedimentos cirúrgicos feitos pelo profissional, o que deveria conquistar o respeito por parte da comunidade (CALLEGARI, 2004).

Durante sua pesquisa, Ignáz Semmelweis, médico húngaro, investigou a diferença de taxa de mortalidade entre dois setores da maternidade, onde muitas mulheres morriam após darem à luz, com a doença denominada de febre puerperal, que matou também crianças recém-nascidas. Semmelweis observou que as mulheres se internavam nos hospitais para fazer o parto e, após esse feito, contraíam a doença e vinham a óbito. Já quanto aos partos realizados em casa, mesmo que feito através de parteiras, esporadicamente ocorria a febre puerperal. Isso fez com que o médico húngaro começasse a identificar a relação dos óbitos com as práticas médicas (MATTOS, 2017).

Foi observado, que a causa inicial dessas infecções ocorria pela transmissão de patógenos, através de mãos sujas e matéria cadavérica obtidas nos atos de dissecação de cadáveres com bisturis que, posteriormente, sem assepsia alguma, seriam utilizados nos partos. Com as mãos sujas, com as roupas, instrumentos cirúrgicos contaminados, havia todas as condições para que os micro-organismos se proliferassem, ocasionando as infecções. O simples ato de lavar as mãos evitaria tal contaminação.

De acordo com Callegari (2004, p. 43):

Semmelweis, constatou que, a falta de assepsia dos médicos matava pacientes, sendo incompreendido e hostilizado por seus colegas de profissão. Somente Pasteur, na segunda metade do século XIX, conseguiria demonstrar definitivamente a letalidade dos agentes microbianos, tornando incontestável a necessidade de assepsia e limpeza dos ambientes hospitalares. Com tal conhecimento da origem das doenças, nada mais apropriado para os profissionais do que roupas de cores claras, pois facilitam a visualização de manchas, sujeiras, respingos de sangue e outras substâncias.

Estas constatações realizadas pelo médico húngaro e a confirmação por Louis Pasteur, fizeram com que os médicos adotassem práticas de assepsia, lavagem das mãos e a utilização de jalecos, luvas, óculos, entre outros. Alguns anos passaram-se da validação da teoria de Semmelweis, até a utilização efetiva das medidas apresentadas por ele para prevenir as mortes nos ambientes hospitalares. Apenas no século 19 foi que o jaleco começou a ser confeccionado em tecidos brancos e sua utilização limpa tornou-se norma (MATTOS, 2017; BRAGA, 2008; CALLEGARI, 2004).

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

A participação foi observada durante todas as fases do roadmap (Alinhamento, Prova de Conceito, Piloto e Expansão), promovendo a utilização do sistema implementado e a

a) política nacional de desenvolvimento do turismo; b) promoção e divulgação do turismo nacional, no país e no exterior; c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

Podem treinar tropas (fornecidas pelo cliente) ou levá-las para combate. Geralmente, organizam-se de forma ad-hoc, que respondem a solicitações de Estados; 2)