• Nenhum resultado encontrado

MinistériodoDesenvolvimento-Diagnósticodocomplexodasaúde

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MinistériodoDesenvolvimento-Diagnósticodocomplexodasaúde"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

5.2 Complexo da Saúde Diagnóstico

Em todo o mundo, os gastos com prestação de serviços de saúde são crescentes, em razão de mudanças demográficas (envelhecimento da população), epidemiológicas (predomínio de doenças crônico-degenerativas) e da introdução de novos produtos. De 1960 a 1990, as despesas deste tipo nos dez países mais desenvolvidos situaram-se entre 6% e 13% do produto gerado na economia.

No Brasil, o complexo industrial da saúde – fabricantes de vacinas, hemoderivados, reagentes para diagnósticos, fármacos e medicamentos, equipamentos médicos e insumos; prestadores de serviços públicos, privados e filantrópicos – representa mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Somando-se gastos federais aos valores aplicados por Estados e municípios, os recursos públicos destinados ao complexo da saúde chegam a 3,2% do PIB.

Com faturamento anual de R$ 16 bilhões, o sistema privado de planos e seguros atende 41 milhões de pessoas, cerca de 30% dos brasileiros. O restante da população utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS).

É significativa a participação do setor de saúde nas atividades nacionais de ciência e tecnologia: o complexo recebe 25% das verbas para este fim previstas no orçamento das agências federais de fomento.

Na indústria farmacêutica – um dos cinco segmentos em que se subdivide o complexo da saúde – o mercado mundial ainda é muito concentrado. Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália e Reino Unido representam 75% das transações. O Brasil ocupa 8ª posição, de acordo com dados de 1999.

As empresas que lideram o setor são de grande porte, com atuação globalizada. Desde o início da década de 90, a indústria farmacêutica vem passando por processo de fusões e aquisições. Em quatro anos, os 11 maiores grupos elevaram sua participação no mercado mundial de 36% para 50%.

(2)

Principais mercados na indústria farmacêutica – 1999 (em US$ milhões) País Valor EUA 130.000 Japão 53.400 Alemanha 18.500 França 17.700 Itália 11.300 Reino Unido 11.000 Espanha 6.600 Brasil 6.200 China 6.200 Argentina 4.900 México 4.000 Índia 3.400 Total mundial 324.100

Fonte: IMS Pharmaceutical World Market Review (2000).

A indústria de vacinas, outro segmento do complexo da saúde, vem sofrendo impacto da moderna biotecnologia e passou a receber investimentos privados em volumes elevados. Em 2000, apenas quatro grupos farmacêuticos (Glaxo SmithKline, Merck, Aventis e American Home Products) detinham quase 80% do mercado mundial, avaliado em US$ 6,9 bilhões.

No Brasil, a demanda por vacinação era quase toda atendida por importações ou por produção privada. Em meados da década de 80, um programa governamental e alterou esse quadro. Apesar de não ter atingido a auto-suficiência, o país tem hoje a maior capacidade instalada de produção de vacinas da América Latina e uma das maiores entre os países em desenvolvimento.

Das 20 maiores empresas mundiais da indústria de equipamentos e materiais, 13 são americanas. Os Estados Unidos respondem por 44% do valor da produção global, estimada em US$ 105 bilhões em 1999. O governo exerce papel central no setor.

No Brasil, a indústria de equipamentos e materiais foi se estruturando desde os anos 50. Mas foi no período entre 1995 a 2000 que a demanda interna e

(3)

a receita das empresas cresceram: o faturamento aumentou 160%, enquanto o consumo, em dólar, subiu 50%.

No segmento de reagentes para diagnósticos, que também integra o complexo da saúde, a liderança mundial é exercida por grandes empresas de alta tecnologia. Em 1998, o mercado girava US$ 19 bilhões e as oito maiores companhias da área respondiam por 70% do total.

O mercado brasileiro também é liderado por fabricantes multinacionais, cabendo às empresas locais a especialização nas etapas finais dos processos de elaboração de kits para diagnóstico e atividades de montagem, embalagem e distribuição.

O setor de hemoderivados também exibe organização de mercado e configuração da cadeia produtiva mundial semelhantes aos da indústria farmacêutica. No Brasil, o cenário é diferente. Como não é permitida a comercialização de sangue e seus derivados, a responsabilidade pela oferta fica com o setor público.

A produção de soro do Brasil atende toda a demanda do mercado nacional. Houve um processo importante de melhoria da qualidade dos produtos locais, a partir do aproveitamento das especificidades brasileiras no setor – como a diversidade de animais peçonhentos – e dos investimentos públicos na modernização tecnológica.

Comércio internacional

As indústrias que compõem o complexo da saúde no Brasil perderam competitividade internacional ao longo da década. O déficit acumulado cresceu sete vezes entre o final da década de 80 e 2001, saindo um patamar de US$ 700 milhões para US$ 3,5 bilhões.

As exportações brasileiras das indústrias que compõem o complexo da saúde destinam-se principalmente para o Mercosul (25%). Outros 16% seguem para o Nafta e 19% para a União Européia.

(4)

Em relação às importações, o Nafta e a União Européia têm papel de destaque: respondem por 28% e 36% do total, respectivamente. Do déficit verificado em 2001, quase 70% estão concentrados nesses dois blocos.

Comércio exterior do complexo da saúde (em US$ milhões)

Exportação Importação Saldo

1997 521 3.288 (2.768)

1998 600 3.861 (3.261)

1999 591 3.883 (3.292)

2000 549 3.679 (3.130)

2001 553 4.016 (3.463)

Fonte: Elaboração própria a partir de levantamento efetuado pelo NEIT-IE-UNICAMP junto à Secex

A abertura do mercado brasileiro aos produtos estrangeiros, em 1990, contribuiu para o aumento das vendas de medicamentos e fármacos trazidos do exterior, revertendo o processo de substituição de importações. O faturamento do setor expandiu-se 180%, saindo de US$ 3,6 bilhões em 1992 para US$ 10 bilhões em 1998, apesar das baixas taxas de crescimento do PIB observadas no período. As dez maiores empresas do setor detêm 44% do mercado brasileiro.

As aquisições de medicamentos e fármacos realizadas pelo país no exterior vêm aumentando. Os maiores valores foram registrados em meados da década passada. Ao longo dos anos 90, o déficit comercial do segmento subiu 350%, de US$ 440 milhões para US$ 2,1 bilhões em 2001.

As importações brasileiras de medicamentos e fármacos são concentradas nos países da União Européia (37% do total) e do Nafta (25%), onde estão as matrizes das empresas líderes do mercado mundial.

(5)

Dez maiores empresas farmacêuticas no mercado brasileiro – 1998

Empresa R$ milhões Participação (%)

Novartis 749.2 6,26

Roche 652.7 5,45

Bristol-Meyers Squibb 640.2 5,35

Hoechst Marion Roussel 623.7 5,21

Aché/Prodome 558 4,66 Jansen Cilag 446.3 3,73 Boehringer Ingelheim 445.4 3,72 Glaxo Wellcome 412.6 3,45 Schering Plough 378.1 3,16 Eli Lilly 357.4 2,99 Total 5.263,6 43,98

Fonte: Callegari (2000), apud Quental, Gadelha e Fialho (2001)

No caso dos medicamentos, o Brasil – que até o começo da década passada, era praticamente auto-suficiente – já importava US$ 784 milhões em 1997. Em 2001, o valor chegou a US$ 1 bilhão. Das aquisições, 32% vêm da União Européia e 22% do Nafta. Em relação aos fármacos, as importações saltaram de US$ 430 milhões em 1990 para US$ 1,4 bilhão em 2001, com destaque para as compras junto à União Européia (36%) e ao Nafta (12%).

Na indústria de vacinas, a relação entre importação e produção nacional praticamente se inverteu entre 1996 e 2000. Os produtores nacionais atenderam 63% da demanda interna em 2000. Em 1996, 61% do mercado era abastecido por importações.

O déficit comercial brasileiro de vacinas está concentrado na União Européia, de onde vem 80% das compras. As exportações são insignificantes e ganharam pequena importância apenas em 2001. Se os acordos de transferência de tecnologia com a União Européia forem bem sucedidos, espera-se que o déficit do segmento seja reduzido.

A produção de equipamentos e materiais, crescente no país, depende de insumos importados, com maior conteúdo tecnológico. O déficit comercial nesse

(6)

segmento quadruplicou do final dos anos 80 até 1996, saltando de US$ 200 milhões para US$ 800 milhões.

De 1997 a 2001, as exportações brasileiras de equipamentos e materiais mantiveram-se em um nível baixo. Nesse período, a participação do Nafta entre os mercados de destino oscilou entre 20% e 24%, enquanto a da União Européia esteve entre 9% e 15%. Do lado das importações, os países europeus e os do Nafta respondem por 70% a 75% do suprimento do mercado nacional.

O volume das importações e exportações brasileiras de reagentes para diagnóstico tem se mantido estável nos últimos cinco anos, apresentando déficit anual da ordem de US$ 125 milhões. As compras externas concentram-se nos países do Nafta e da União Européia, que respondem por 80% das importações e do déficit comercial brasileiro.

As importações de hemoderivados quase triplicaram no período de 1997 a 2001, enquanto as exportações tiveram crescimento quase insignificante. O déficit atingido em 2001 foi da ordem de US$ 200 milhões, refletindo o alto grau de dependência tecnológica do Brasil neste segmento. As compras externas do país concentram-se em países da União Européia.

Impacto das negociações com a Alca e União Européia

A globalização tem proporcionado ao Brasil um padrão assimétrico de inserção internacional nos negócios envolvendo o complexo da saúde. Enquanto as exportações do país são destinadas a mercados muito pouco dinâmicos, como a América Latina, as importações são ascendentes em razão da grande competitividade das empresas líderes do mercado, localizadas no Nafta e na União Européia.

A defasagem tecnológica das indústrias da saúde no Brasil em relação aos países desenvolvidos é cada vez maior. Com exceção do segmento de vacinas, a atuação das empresas do complexo no país está sendo direcionada para atividades de menor densidade tecnológica.

(7)

Na política tarifária brasileira, é importante destacar dois tipos de produtos. Existem bens cuja tarifa de importação é muito baixa, como vacinas, medicamentos, fármacos, equipamentos e materiais médicos sem similares nacionais. Para esses artigos, não haveria muito a negociar, a não ser algum nível de proteção para a produção local.

Por outro lado existem produtos, como equipamentos e materiais médico-hospitalares com similares no Brasil, com tarifas significativas (cerca de 14%). Nesses casos, o espaço de negociação é limitado já que as tarifas praticadas nos blocos desenvolvidos são muito baixas – entre 0% e 5%. Assim, a política tarifária mostra-se como um instrumento importante, e ao mesmo tempo bastante limitado, para o desenvolvimento do ramo no país.

Desafios a serem enfrentados

O complexo da saúde tem grande importância econômica e potencial de inovações, funcionando como porta para entrada de novos paradigmas tecnológicos determinantes para a competitividade nacional no longo prazo.

A análise dos segmentos do complexo da saúde demonstra que há um hiato tecnológico entre as atividades realizadas pelas indústrias instaladas no Brasil em relação ao que é desenvolvido nos países desenvolvidos. Como esse setor é altamente impactado pelas inovações tecnológicas, conclui-se que a ausência de uma política de integração entre pesquisa e empresas poderá gerar perda progressiva de competitividade nos próximos dez anos, com aumento expressivo do déficit comercial brasileiro nessa área.

A atuação governamental é determinante para o estabelecimento de estratégias de desenvolvimento industrial do complexo da saúde. Como exemplo podem ser citados o crescimento da fabricação de medicamentos genéricos, a incorporação de novas biotecnologias em vacinas e a indústria de equipamentos, que se beneficia da demanda pública.

(8)

• Criar nichos tecnológicos, a partir da capacidade científica já adquirida no país e da abrangência das ações do Estado na área da saúde, com objetivo de transformar o potencial de pesquisa local em produtos e processos competitivos no mercado mundial;

• Utilizar o poder de compra do Estado brasileiro nas negociações

internacionais, como instrumento para o desenvolvimento do complexo da saúde no país;

• Criar programas de desenvolvimento do complexo da saúde, a partir do conceito de vulnerabilidade das políticas sociais brasileiras, que têm dependência acentuada de divisas sujeitas a oscilações do mercado internacional.

• Articular a política social brasileira com a política industrial e tecnológica, contribuindo para um padrão de desenvolvimento baseado no bem-estar e na inovação.

Referências

Documentos relacionados

Enquanto nos EUA e em grande parte da Europa o conceito precedeu à realidade política, aqui foi o contrário: as ficções orientadoras de um destino nacional foram improvisadas quando

Enfim, tudo o que você precisa saber e conhecer para estar um passo à fren- te, de modo a enfrentar o seu concurso com confiança.. Sabemos que dentre os maiores obstáculos na

(Ufg) Para medir a área de uma fazenda de forma triangular, um agrimensor, utilizando um sistema de localização por satélite, encontrou como vértices desse triângulo os pontos

Neste sentido, a Agência Nacional de Águas - ANA está empenhada em estabelecer um sistema de outorga (direito de utilizar os rios), em articulação com os governos estaduais,

“ofender os princípios da propor- cionalidade e da igualdade”, o ODH insta a Câmara Municipal de Loures a rever o seu entendi- mento e a fornecer água da rede pública

bicolor apresenta maior semelhança média (cinco caracteres em comum) com M. quadrifasciata, enquanto esta última exibe o mesmo número de caracteres de M. quadrifasciata

R E S U M O A terra sigillata, objecto desta publicação, integra a colecção de materiais arqueológicos de época romana provenientes de meio aquático, do fundão de Tróia,

Então, o presente trabalho pretende, a partir de uma leitura crítica do percentual de participação da China nas relações comerciais com o Brasil e da análise dos principais