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Industrialização, urbanização, êxodo rural no Sudoeste do Paraná

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Academic year: 2021

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

VOLMIR DE SIQUEIRA

INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇAO, ÊXODO

RURAL NO SUDOESTE DO PARANÁ

IJUÍ-RS

2012

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RURAL NO SUDOESTE DO PARANÁ

Trabalho de Conclusão do Curso

apresentado ao Curso de

Licenciatura em Geografia da

Universidade Regional do Noroeste

do Estado do Rio Grande do Sul –

UNIJUI, como requisito parcial à

obtenção do título de Licenciatura em

Geografia.

Autor: Volmir Siqueira

Orientador: Prof°. Dr. Leonardo Dirceu Azambuja

IJUÍ-RS

2012

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A urbanização brasileira tornou-se um fator determinante na organização do espaço a partir, sobretudo, da década de 1940, quando a industrialização cresceu muito com a instalação, principalmente, de muitas empresas estrangeiras no território. Neste contexto, o presente trabalho visa apresentar uma caracterização geral do processo de industrialização, urbanização e êxodo rural no Sudoeste do Paraná. Buscamos, nesta reflexão, demonstrar o desenvolvimento dos principais centros urbanos regionais, bem como, caracterizar, as principais mudanças que ocorreram no desenvolvimento histórico da região. Metodologicamente utilizamos numa série histórica os dados dos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como parâmetro para a análise. O processo de industrialização no Sudoeste paranaense é bastante recente, com início na década de 1970 nos setores madeireiro, mobiliário e alimentício. Porém, é a partir do final dos anos 1980 que começa a diversificação dos ramos industriais. Surgem novos setores, não ligados diretamente à produção agrícola, como as indústrias de plásticos, de eletrodomésticos e a de confecções, a qual possui o maior número de estabelecimentos e pessoal ocupado no Sudoeste, provocando mudanças significativas na economia regional, principalmente, onde há concentrações nos chamados parques industriais. Tal expansão está relacionada com os incentivos infra estruturais e tributários de prefeituras municipais aos industriais e pela presença de mão de obra extremamente barata.

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INTRODUÇÃO ...06 1. INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO NO BRASIL

1.1 Urbanização e Êxodo Rural no Brasil...08 1.2 Industrialização e Urbanização no Brasil...12

2. O SUDOESTE DO PARANÁ

2.1 Processo de Industrialização no Sudoeste do Paraná...19 2.2 Urbanização e Êxodo Rural no Sudoeste do Paraná...31

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INTRODUÇÃO

Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica sobre as relações existentes entre o processo de industrialização, urbanização e o êxodo rural. No primeiro capítulo fazemos uma abordagem mais ampla mencionando essas relações num contexto nacional. Já no segundo capítulo tratamos sobre industrialização, urbanização e êxodo rural no Sudoeste do Paraná. Nesse comparativo de acontecimentos entre o “todo” Brasil, e a “parte” Sudoeste do Paraná, se estabelece um paralelo de eventos semelhantes, principalmente no aspecto sócio econômico.

Observamos que tanto as causas, como as consequências do êxodo rural são diversas, mas o que se evidencia como principal causa é o processo de industrialização, que certamente gerou fatores positivos e negativos para os segmentos sociais e econômicos.

O declínio da ocupação no campo ocasionando o êxodo rural e consequentemente o crescimento das cidades, principalmente das grandes metrópoles, é apontado pelo aumento significativo do setor terciário. A história registra a urbanização como antecedente a industrialização, porém, esta se intensificou com o crescimento industrial.

As migrações internas, que em poucas décadas esvaziaram as áreas rurais do país e sustentaram o enorme crescimento da oferta de mão de obra para os mercados industriais do centro-sul brasileiro deram substância a um processo acelerado de urbanização em todo o território, concomitante a uma expressiva concentração populacional nas regiões de maior dinamismo econômico.

Buscamos analisar o processo de urbanização na mesorregião Sudoeste do Paraná, evidenciando a origem dos centros urbanos e seu desenvolvimento histórico, atribuindo destaque para o processo de crescimento dos espaços e subespaços urbanos regionais, que posteriormente tornaram-se cidades. Na sequência, fazemos a análise do processo de espacialização urbana no Sudoeste paranaense. Utilizamos a noção espaço-tempo como referencial para análise, ou seja, as periodizações, em que, estes “pedaços” do tempo foram definidos pelas décadas em que os dados populacionais do IBGE foram coletados, sendo estes os

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Censos Demográficos do IBGE de 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e a Contagem Populacional de 2010. Por fim, objetivamos aprofundar a análise da urbanização no Sudoeste paranaense, agrupando e demonstrando algumas características e possíveis tendências deste processo nesta região.

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1. INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO NO BRASIL

Neste capítulo, iremos contextualizar e analisar a situação migratória em estudo de forma mais ampla. Esse processo se estabelece de acordo com as necessidades sócio - econômicas predominantes em cada região, sendo importante, contextualizar a pesquisa bibliográfica sobre o assunto, do geral para o específico, ou seja, de nível nacional para o regional.

1.1 Urbanização e Êxodo Rural no Brasil

As migrações internas, que consistem num fluxo populacional e que alteram a situação demográfica das regiões, decorrem de alterações sociais e espaciais verificadas nas regiões brasileiras, e em grande número de nossos Estados. O Êxodo Rural possivelmente foi uma das maiores transformações que ocorreram em todo Brasil, ocasionando efeitos inevitáveis.

O fenômeno é antigo e remonta pelo menos ao século XVII, decorrente de vários motivos e prosseguem de uma ou de outra região, das áreas mais pobres para as mais desenvolvidas, das zonas rurais em direção às maiores cidades, ocasionando um problema grave para um país ainda despovoado: o êxodo rural em benefício de uma crescente urbanização.

De acordo com Santos e Silveira:

A mecanização e depois a cientificização do mundo rural contribuíram, certamente, para a queda da participação da população rural na população total do Brasil, que passou de 68,76% em 1940 para 54,93% em 1960, 32,30% em 1980 e 21,64% em 1996. ( 2005, p. 211)

A imigração do homem do campo para as cidades parece vir de várias causas, como a seca que castiga algumas regiões do país, os incentivos agrícolas, os baixos preços de produtos, a política agrícola do governo que visa incentivar a produção de produtos destinados à exportação e ainda, conforme (Santos e Silveira,

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2005, p. 213) “... devido a uma combinação explosiva de uma estrutura fundiária, (...) e da modernização capitalista do campo”. Além disso, há um efeito de atração, onde os meios de comunicação apresentam as cidades, como fontes da realização dos desejos, criando assim uma ilusão em “morar na cidade”.

O enfoque histórico costuma destacar a vocação estrutural do capitalismo a um desenvolvimento desigual no espaço. As diferenças entre o campo e a cidade, bem como as desigualdades entre as regiões aparecem como fatores determinantes e explicativos dos fluxos de população (Vainer, 1996). Nessa visão a saída de uma região é resultado de conflitos antagônicos entre capital e o trabalho, os quais continuam nos locais de chegada, já que fazem parte do capitalismo. As razões de saída são priorizadas em relação aos fatores de atração, que nunca teriam força suficiente para tirar as pessoas de seu meio social. A ideia de migração espontânea é fortemente combatida sob esta perspectiva, enfatizando-se o direcionamento dos fluxos de acordo com as necessidades do modelo econômico, responsável pelas determinações estruturais.

A migração campo cidade é um processo universal, em que as populações rurais transferem-se para as cidades, trocando, portanto as atividades rurais pelas atividades urbanas, principalmente na indústria, comércio e servições.

De acordo com Santos e Silveira:

A ideologia do consumo, do crescimento econômico e do planejamento foram os grandes instrumentos políticos e os grandes provedores das ideias que iriam guiar a reconstrução ou a remodelação dos espaços nacionais, juntamente com a da economia, da sociedade e, portanto, da política. Para realizar qualquer desses desígnios impunha-se equipar o território, integrá-lo mediante recursos modernos. O caminho da integração do território e da economia apontado para todos os países era tanto mais facilitado e tanto mais rápido quanto maior o número de opções a atingir e a organizar (2005, p. 47).

Em países desenvolvidos, que realizaram sua transformação industrial e por isso dispõem de um grande setor secundário, é a tecnologia e a mecanização no campo que liberam cada vez mais mão de obra, que parte assim para as cidades, onde será absorvida pelas indústrias e pelas funções terciárias delas decorrentes. Desta forma, é um movimento positivo visto que cada vez menos população no campo produz cada vez mais, ao mesmo tempo em que a urbanização se apoia na

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oferta crescente de empregos, principalmente no comércio e nos serviços. Nesse sentido a ideologia se concretiza sendo que há uma integração entre territórios e recursos modernos.

Por outro lado nos países subdesenvolvidos, onde a industrialização é fraca o fenômeno tem outra dinâmica. Acontece que a grande população rural, com fracos rendimentos frente à carência de recursos tecnológicos e, portanto, com baixo nível de vida, se sente atraída pela perspectiva de um emprego urbano, o que representa melhora no padrão de vida, migrando em larga escala para as cidades.

Ocorre então que, possuindo uma fraca industrialização, a cidade não apresenta uma oferta de empregos compatíveis com a procura, em razão de que, não absorve boa parte da mão de obra migrante, mesmo porque, esta carece de qualificação, havendo em consequência, a marginalização populacional, o que vai refletir-se na formação de favelas.

Assim, o volume de população rural que aflui às cidades nos países subdesenvolvidos cria uma série de problemas urbanos, não só a sua morfologia, mas também em matéria de empregos, de assistência médico social, de habitação, de transportes, de educação e de abastecimento.

Segundo Santos e Silveira:

[...] apesar da industrialização, o país conserva uma série de condições de subdesenvolvimento, muitas vezes agravadas pelo crescimento econômico, a saber, disparidades regionais pronunciadas, enormes desigualdades de renda e uma crescente tendência ao empobrecimento das classes subprivilegiadas [...] Santos e Silveira (2005, p. 51)

A mão de obra das classes que não foram absorvidas pela indústria, tende a uma terceirização forçada, visto que ainda o sistema produtivo se mostra cada vez mais independente de recursos nacionais havendo então, o aumento da demanda de trabalho autônomo.

No Brasil há uma forte urbanização que decorre da combinação de fatores. Na verdade, a precariedade de condições de vida em boa parte das áreas rurais brasileiras, em contraste com certas conquistas dos trabalhadores urbanos tem ensejado o êxodo rural e criado com isso, todo um elenco de problemas nas grandes cidades, que não apresentavam capacidade de gerenciar esses problemas, como a

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escassez de moradia, falta de saneamento básico, precariedade nas condições de vida dos operários.

No Brasil, a maioria da população migrou para o meio urbano, em poucas décadas, levando em conta que o processo industrial de 1930, acelerou-se na década de cinquenta, o que coincide, com a fase de desenvolvimento industrial, quando houve muitos investimentos internacionais, formando um mercado nacional centralizado, criando oferta de empregos e assim reforçando os atrativos exercidos pelas cidades.

Até 1960, o Brasil conservou a maior parte de sua população no meio rural. A partir dessa década, entretanto, as facilidades de deslocamento determinada pelas novas rodovias mudaram o panorama, concentrando a cada ano uma porcentagem maior de habitantes nos centros urbanos.

Com isso, Santos e Silveira, afirmam que:

A industrialização e a produção agrícola mais moderna [...] constitui o conteúdo mais visível do novo processo territorial. Acelera-se a tendência à disparidade estrutural de um espaço nacional já diferenciado, com a produção de uma situação em que se torna mais clara a existência de uma periferia e de um polo [...], as desigualdades assim instaladas tendem a agravar-se cada vez mais. ( 2005, p. 46)

A migração do campo para a cidade é um processo universal rumo ao desenvolvimento econômico, em que as populações rurais transferem-se para as cidades trocando, portanto, as atividades rurais pelas atividades urbanas, isto é, indústria, comércio e serviços. Motivados pela atração salarial exercida pelas cidades grandes, a facilidade de deslocamento que se amplia com o desenvolvimento de vias de comunicações e as condições incertas da vida rural em muitas regiões do país, favorecem o fenômeno da urbanização e transformam a vida de nossas cidades (sobretudo capitais), quase sempre incapazes de absorver profissional e socialmente a população decorrente do êxodo rural.

As migrações internas no Brasil constituíram e ainda constituem um gravíssimo problema social pelo ajustamento forçado que impõem ao retirante, problemas econômicos, quer pelo despovoamento a que submetem suas regiões de origem, principalmente pela mudança da atividade econômica do migrante, quer pela

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aglomeração nos centros urbanos. Assim agricultores transformam-se bruscamente em operários que estão longe de substituir o indivíduo preparado para tal fim.

1.2 Industrialização e Urbanização no Brasil

A modernização das economias, o emprego cada vez maior da tecnologia, o progresso dos transportes, a intensificação dos intercâmbios faz com que o mercado de consumo que assume a hegemonia de todo o sistema de produção, impondo cada vez mais a necessidade de barateamento dos custos e despertando a procura de melhores lucros. Urge, a racionalização da produção, com o emprego de pouca mão de obra, alta mecanização e tecnologia, o que esbarra muitas vezes nos obstáculos causados por regimes de pequenas propriedades, que não comportam grandes investimentos. Nestas condições, a tendência é a ampliação da malha fundiária.

A constante evolução do homem faz com que ele, de maneira inevitável, altere o equilíbrio natural do ambiente. Para (Sanches, 2005, p. 212), “cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair da natureza recursos que [...] podem alterar de modo profundo a funcionalidade harmônica dos ambientes naturais”. Sendo que, há sempre uma preocupação imediatista visando lucros.

Sobre a evolução, técnico industrial e a qualidade de vida, Sanches (2005) afirma ainda que:

“O avanço técnico e cientifico e o crescente processo de industrialização, seja nos países ricos, seja nos pobres, nos capitalistas ou nos socialistas, vêm progressivamente interferindo, agredindo e alterando a natureza, em benefício dos interesses imediatos dos homens” (Sanches, 2005, p. 211).

Enquanto o homem se utilizava da natureza para sua sobrevivência, se via também mais próximo da natureza. A partir do acréscimo do conhecimento técnico cientifico, principalmente com o capitalismo, os interesses das sociedades humanas ficam mais para questões econômicas do que ambientais.

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[...] a invenção e difusão das máquinas e a elaboração de formas de organização mais complexas permitem outros usos do território. [...] o período técnico testemunha a emergência do espaço mecanizado. São as lógicas e os tempos humanos impondo-se à natureza. ( 2005, p. 31).

A industrialização e a urbanização são partes de um processo histórico de evolução do feudalismo para o capitalismo. Situação em que tanto as transformações políticas como as econômicas são vistas como projeto social da burguesia na construção do capitalismo.

O avanço tecnológico torna-se praticamente um fenômeno incontrolável e imensurável de forma global, definindo o desenvolvimento como um processo amplo de transformações abrangendo a totalidade da sociedade.

É visível que a industrialização é o principal fator da urbanização no Brasil na medida em que ela provocou a formação de centros de polarização, que receberam um grande contingente populacional resultante do êxodo rural.

A modernização agrícola aumenta a produção, a produtividade e a rentabilidade da agricultura, porém, traz como consequência, principalmente, o desemprego de um grande número de trabalhadores rurais. A mecanização agrícola é um processo que se expandiu nas décadas de setenta e oitenta. Geralmente impulsionado pelo aumento da produção de soja para exportação.

Havia no Brasil um fenômeno paralelo ao da mecanização. Sempre ocorreram sucessivas concentrações de propriedade em áreas antes ocupadas por pequenas propriedades. Nesse processo de ocupação os pequenos proprietários são desalojados pela grande propriedade e empurrados para fronteiras mais distantes ou para os centros urbanos.

Considerando que nossa exportação depende, em grande parte, da agricultura e que nossa industrialização é, predominantemente, apoiada na transformação de produtos agrícolas, acentua-se então, a gravidade desse desequilíbrio.

A diminuição do interesse pela agricultura acaba, indiretamente, encarecendo a vida nas cidades, e desajustando ainda mais esses migrantes. A falta de uma qualificação profissional leva o homem do campo a aceitar o subemprego e, com ele, o marginalismo social.

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A generalização do trabalho assalariado, a separação do local de trabalho de domicílio, [...] tornaram o estilo de pensar e viver radicalmente diferente daqueles encontrados nas sociedades agrícolas, regidas geralmente pelos ciclos da natureza. [...]. Sem dúvida, porem, as cidades e, mais ainda, as metrópoles tornaram-se o habitat da maior parte da população mundial, impondo um estilo de vida que pouco ou nada era regulado pelos padrões típicos das sociedades agrícolas ( 2001, p. 13).

A alteração das relações de trabalho na agricultura, parceiros e meeiros, colonos e moradores das fazendas são substituídos por assalariados temporários (boias frias), que residem nos centros urbanos e trabalham no campo em períodos de colheita ou plantio. Essa situação cresceu com a promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural (1964), que assegurava aos trabalhadores do campo os direitos garantidos para os trabalhadores urbanos. Essa lei, que tinha como objetivo beneficiar os moradores rurais acelerou sua expulsão, pois os tornava mão de obra mais cara.

Há um crescimento considerável das áreas periféricas das grandes cidades. Para reforçar essa constatação para o caso brasileiro, podem-se considerar os dados do IBGE, conforme Maricato:

A concentração urbana foi uma das características desse crescimento (urbano): 32,9% da população urbana moram em 11 metrópoles, onde estão também 82,1% dos domicílios localizados em favelas do total nacional, o que revela o caráter concentrador da pobreza urbana nas metrópoles (Maricato, 2006, p. 215).

Essa é uma realidade que desperta interesse de profissionais de diversas áreas: sociólogos, urbanistas e arquitetos, planejadores urbanos, psicólogos, geógrafos, políticos e religiosos sobre o complexo problema relacionado à garantia e qualidade de vida, havendo toda uma preocupação por diversos meios culturais e científicos em compreender a vida dos que moram em espaços marginais.

O crescimento exponencial de algumas das principais cidades brasileiras e o aumento da população urbana, que tem ocorrido nos últimos anos em todo o país, e também a simples visão da paisagem urbana da maioria das cidades, mostram não só os contrastes físicos como também as contradições sociais e as hierarquias sócio espaciais, o que é uma realidade bastante presente nas cidades brasileiras, onde cada vez mais são produzidos lugares periféricos.

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As grandes cidades apresentam um aspecto de “dualismo”: de um lado, elevado padrão urbanístico com áreas bem equipadas, bem servidas, destinadas às camadas mais ricas da sociedade, de outro, áreas periféricas, desassistidas e muitas vezes com ausência completa de infraestrutura, onde vive a população mais pobre.

Essa urbanização excessiva nas ultimas décadas do século XX ocorreu também como resultado de uma mudança produtiva na economia do país, que ocasionou intensos movimentos migratórios do campo para a cidade, citados anteriormente e, posteriormente até houve alguns avanços significativos no âmbito das condições sanitárias da vida urbana.

A urbanização intensa, mais do que tudo, provocou um crescimento concentrado em algumas grandes cidades; esse fenômeno que pode ser denominado “metropolização” tem sido apontado para explicar a dinâmica urbana de cidades do mundo inteiro. No Brasil, e em outras regiões da periferia do capitalismo, esse processo ocorre com traços peculiares, entre os quais parecem ser recorrentes a ampliação de grandes cidades, regiões ou aglomerações urbanas em algumas áreas mais que em outras.

O critério principal nessa categorização é o crescimento descontrolado da população urbana resultante da globalização da economia de mercado e responsável por muitos outros problemas, que presenciamos diariamente como o aumento da violência, não só nos grandes centros, mas em todo o país de uma forma geral, resultado de um desequilíbrio demográfico causado principalmente pela evasão do campo, onde a família, que é a base da sociedade, é a mais afetada e consequentemente há uma mudança nas demais relações sociais. Surge uma transformação radical de hábitos, o ritmo de vida, das pessoas sofre grandes alterações. As famílias já não encontram mais momentos para se reunir, pois cada membro trabalha em horários diferentes.

Com pouca escolaridade as pessoas oriundas da agricultura, não encontram um bom emprego. O homem e a mulher despreparados para o mercado de trabalho enfrentarão os trabalhos mais forçados e com baixa remuneração. Os filhos, mesmo em idade escolar, são muitas vezes obrigados a trabalhar para ajudar no orçamento

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da família, parando com os estudos e o que é mais grave, abrindo mão da infância. Alguns passarão a maior parte do tempo na rua, expostos a todo perigo.

Para Santos e Silveira, novas características do processo migratório tem especial importância, pois delas resultam novos desenhos espaciais:

A questão da fluidez do espaço apresenta-se agora em outros termos. Como a informação e as finanças passam a ser dados importantes, se não fundamentais, na arquitetura da vida social, o espaço total de um país, isto é, o seu território enquanto suporte da produção em todas as suas instâncias, equivale ao mercado. Desse ponto de vista distinguem-se, no país, áreas onde a informação e as finanças têm maior ou menor influência, da mesma maneira que antes a questão se colocava quanto aos produtos e à mão-de-obra. Embora as estatísticas por elas mesmas não o digam, definem-se agora densidades diferentes, novos usos e uma nova escassez ( 2005, p.53).

As tendências atuais, marcadas pelo pós-fordismo e pelo neoliberalismo, apontam para uma fragmentação e descontinuidade na qual o espaço ganha novos atributos e significados. A desindustrialização, o desemprego tecnológico, a desmetropolização e a “dissolução” da metrópole (Santos, 1993), indicam novas características para as migrações.

Com a globalização, as informações e as tecnologias de um modo geral, estão presentes de maneira uniforme em todo o território brasileiro e no mundo.

Conforme Santos e Silveira:

O mundo de hoje é cenário do chamado “tempo real”, porque a informação se pode transmitir instantaneamente. Desse modo, as ações se concretizam não apenas no lugar escolhido, mas também na hora adequada, conferindo maior eficácia, maior produtividade e maior rentabilidade aos propósitos daqueles que as controlam... ( 2005, p. 98)

O fato de a tecnologia estar presente em todos os lugares faz com que os recursos de um modo geral estejam ao alcance, mesmo para o cidadão do campo que deixa então de ser visto como uma pessoa desinformada, passando a se sentir incluído na sociedade.

A concentração demográfica inevitavelmente ocasionada pela industrialização é um fenômeno de macro urbanização, que de acordo com (Santos e Silveira, 2005, p.206) “[...], ganhou, nas últimas décadas, importância fundamental: concentração

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da população e da pobreza, contemporânea da rarefação rural e da dispersão geográfica das classes médias [...]”.

Os mesmos autores afirmam que segundo dados de 1999, aumenta o desemprego no Brasil, no período:

Novas formas técnicas e organizacionais, como a informatização e a automação das tarefas tanto nas atividades agropecuárias quanto na indústria e nos serviços, os novos modos de circulação, os atuais tipos de contratação e as políticas trabalhistas, conduziam, entre outros aspectos, a uma precarização das relações de emprego e a um aumento do desemprego [...]. (Santos e Silveira, 2005, p. 220)

Esse fato é um círculo vicioso que cada vez toma proporções maiores. Havendo uma grande difusão de recursos tecnológicos. E como dizem (Santos e Silveira, 2005, p. 226), “A modernização agrícola foi, ao mesmo tempo, causa e consequência dessa difusão”.

A preocupação com educação e saúde, também é um fator considerável para a saída do trabalhador do campo para cidade, em busca de mais recursos, sendo que havia pouco investimento nesses aspectos. Atualmente em meios rurais são ofertadas as escolas do campo, que segundo as diretrizes curriculares possuem fundamentos básicos característicos às necessidades do aluno do campo, para então atender as peculiaridades regionais, culturais, sociais e econômicas das famílias do campo.

Como afirma Santos (1996), a urbanização no Brasil é um fenômeno determinante na sua organização e transformação espacial. Entre 1940 e 1980, ocorre uma espécie de inversão quanto ao lugar de residência da população brasileira. A taxa de urbanização no Brasil durante esse período aumenta de 26,35% para 68,86%. Nesses quarenta anos, a população total do Brasil triplica, enquanto que a população urbana se multiplica por sete vezes e meia. Na década de 1990, a população urbana brasileira ultrapassa os 77%, apresentando um índice quase igual ao da população total de 1980 Santos (1996).

Segundo o autor, é entre o período de 1970 a 1980 que o crescimento da população urbana supera o da população rural. Isso significa que o processo de urbanização no Brasil conhece uma aceleração, consolidando-se na década de 1980. Desse modo, o forte movimento de urbanização que se verifica a partir do fim

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da Segunda Guerra Mundial, mostrou-se associado a um intenso crescimento demográfico, resultado da natalidade elevada e menor índice de mortalidade, resultado dos progressos sanitários e, pela melhoria relativa nos padrões de vida. Outro elemento da ascendente urbanização brasileira está, ligada diretamente aos processos hegemônicos de expansão e concentração do capitalismo mundial, desencadeados nos países subdesenvolvidos através da industrialização.

Analisando a história brasileira, percebemos que desde o tempo da colonização os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Qualquer região do país que receba investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumentam a oferta de emprego, receberá também pessoas dispostas a preencher os novos postos de trabalho.

Assim, nesse contexto em que a urbanização se alastra espacialmente, as características gerais do processo de urbanização se fazem presentes nos diversos espaços e subespaços que compõe o território brasileiro, inclusive na mesorregião do Sudoeste paranaense, que teve praticamente uma inversão populacional nos espaços urbanos e rurais que trataremos no capítulo seguinte.

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2. O SUDOESTE DO PARANÁ

Neste capítulo trataremos sobre industrialização e urbanização no Sudoeste do Paraná. Faremos uma abordagem mais regional sobre esses processos, que são reflexos das tendências nacionais, para estabelecer um paralelo de eventos semelhantes, principalmente no aspecto sócio econômico.

2.1. Processo de Industrialização no Sudoeste do Paraná

A região Sudoeste do Paraná está localizada no Terceiro Planalto Paranaense e de acordo com o IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (2004) abrange uma área de 1.163.842,64 hectares, que corresponde a cerca de 6% do território estadual. Ela faz fronteira, a oeste com a República da Argentina, através da foz do Rio Iguaçu e, ao sul, com o Estado de Santa Catarina. Possui como principal limite geográfico, ao norte, o Rio Iguaçu. É constituída por 37 municípios, dos quais se destacam pelas dimensões populacionais e também por seus níveis de urbanização, os municípios de Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos.

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Figura 1 – Mapa do Estado do Paraná dividido em Regiões:

Fonte: Disponível em http://www.agroecologiaparana.com.br/mapa-do-parana acesso em 27 de novembro de 2012.

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Figura 2 - Mapa da Micro Região do Sudoeste do Paraná

Fonte: Disponível em http://www.agroecologiaparana.com.br/mapa-do-parana, acesso em 27 de novembro de 2012.

Para Flores (2009), o processo de urbanização no Sudoeste do Paraná, região povoada a partir da década de 1940, teve como principal fator a industrialização, que foi de grande importância para o desenvolvimento desta região, gerando inúmeras transformações socioeconômicas. Neste contexto, algumas empresas se destacaram historicamente. A maior parte da indústria regional ainda se concentra nos municípios de Francisco Beltrão, Pato Branco, Dois Vizinhos, Ampere, Coronel Vivida, Chopinzinho, Capanema e Santo Antônio do Sudoeste.

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A População total da região do Sudoeste do paranaense de acordo com dados do Censo Demográfico do IBGE de 1960 era de 225.347, habitantes, onde 88% da população morava na zona rural e apenas 12% pertencia a zona urbana. O município de Pato Branco tinha a população rural cinco vezes maior que a urbana, e era na época considerado o maior núcleo urbano daquela região. Depois vinha Francisco Beltrão, com a população rural de 50.507 habitantes e 4.989 habitantes urbanos, sendo uma urbanização de apenas 9%. Enquanto que os demais municípios eram detentores de um grau de crescimento situado entre 13 e 6%, como por exemplo, Santo Antônio do Sudoeste com 23.864 habitantes rurais e apenas 1.280 urbanos.

A elevação populacional urbana é reflexo de uma maior dinâmica nos centro e de uma migração continua de camponeses para as cidades. Nos anos 90 a tendência à urbanização no Sudoeste do Paraná continua forte e crescente. De acordo com o Censo Demográfico de 1991, a p0opulação total da região estava em 523.958 habitantes, com uma população rural de 277.238 habitantes, enquanto a população urbana chegava a 246.720 habitantes. Logo, o grau de urbanização do Sudoeste Paranaense atingem os expressivos 47%.

Atualmente, podemos verificar a diferença populacional, tanto entre a população urbana e rural, como em relação à população total do Sudoeste do Paraná, observando os dados da tabela abaixo:

Tabela Populacional da Região Sudoeste do Paraná, por Município, segundo Censo 2010.

Município População Total População Urbana População Rural

Capanema 18.526 11.150 7.376 Planalto 13.654 6.068 7.586 Pérola do Oeste 6.761 3.187 3.574 Bela Vista da Caroba 3.945 1.041 2.904 Pranchita 5.628 3.605 2.023 Santo Antonio do 18.893 13.711 5.182

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Sudoeste

Bom Jesus do Sul 3.796 933 2.863

Barracão 9.735 7.008 2.727

Flor da Serra do Sul 4.726 1.644 3.082

Salgado Filho 4.403 2.254 2.149 Manfrinópolis 3.127 652 2.475 Pinhal de São Bento 2.625 1.166 1.459 Ampere 17.308 13.257 4.051 Santa Izabel do Oeste 13.132 7.421 5.711 Realeza 16.338 11.796 4.542 Francisco Beltrão 78.943 67.449 11.494 Marmeleiro 13.900 8.824 5.076 Renascença 6.812 3.485 3.327 Nova Esperança do Sudoeste 5.098 1.744 3.354 Enéas Marques 6.103 2.126 3.977 Verê 7.878 3.281 4.597 Salto do Lontra 13.689 7.431 6.258 Dois Vizinhos 36.179 28.095 8.084 Nova Prata do Iguaçu 10.377 6.067 4.310 Boa Esperança do Iguaçu 2.764 953 1.811

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Cruzeiro do Iguaçu 4.278 2.623 1.655

São Jorge D'Oeste 9.085 5.214 3.871

Sulina 3.394 1.390 2.004 Saudade do Iguaçu 5.028 2.503 2.525 São João 10.599 6.735 3.864 Chopinzinho 19.679 12.508 7.171 Itapejara D'Oeste 10.531 6.987 3.544 Coronel Vivida 21.749 15.445 6.304 Bom Sucesso do Sul 3.293 1.581 1.712 Pato Branco 72.370 68.091 4.279 Vitorino 6.513 3.988 2.525 Mariópolis 6.268 4.469 1.799 TOTAL 497.127 345.882 151.245

Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 acesso em 27 de Novembro de 2012.

Ao analisarmos os dados do Censo de 2010 podemos perceber que a população total do Sudoeste paranaense diminuiu, em relação a década de 90, mas quanto a população urbana, houve um acréscimo acentuado, contrapondo a rural que nesse caso sofreu um decréscimo considerável.

De acordo com dados do IBGE (2007), os municípios mais industrializados da região são os que possuem populações urbanas maiores e, os municípios menos industrializados possuem cidades com populações pequenas. Em ambos os casos, a maioria dos moradores são operários que trabalham nas indústrias.

Como afirma Corrêa (1970), a formação inicial dos núcleos urbanos no Sudoeste paranaense, foi o resultado da necessidade de comercialização dos produtos rurais e distribuição de bens e serviços relacionados às necessidades de

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venda e compra de produtos pelos colonos, gerando as migrações do campo para as cidades especialmente intra regionais. Estas migrações eram especialmente de famílias de pequenos agricultores oriundo principalmente de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Outro fator importante para o surgimento dos núcleos urbanos foi a existência de algumas serrarias distribuídas pelo território do Sudoeste paranaense, que provocaram em decorrência do fenômeno, um núcleo cuja função inicial foi a industrial e que constituíram fator de atração de população, pois foram importantes no sentido da ocupação, estimulando a abertura de estradas para o transporte.

Fase que antecedia a colonização, uma companhia madeireira instalava uma serraria no meio da mata, surgindo em torno dela um aglomerado de função industrial, onde alguns comerciantes se estabeleciam para atender às necessidades dos operários. Desse modo, com a penetração espontânea de colonos nas áreas pertencentes ou não às madeireiras, formava-se um núcleo populacional, que passava a ser o ponto focal importante daquele lugar, que até então era predominantemente rural.

Nesses núcleos havia incentivo para a instalação de estabelecimentos comerciais, de prestação de serviços e outros, os quais foram atividades responsáveis pelo crescimento das cidades.

Como diz Corrêa (1970), a cidade de Realeza tem seu início, enquadrada neste processo, pois surge em decorrência da instalação, por volta de 1960, de uma serraria das indústrias CAZACA Ltda., que loteou as terras em torno do seu estabelecimento industrial. O resultado disso foi o surgimento de um núcleo urbano, que, mais tarde, veio a se tornar o atual município de Realeza. A cidade de Santa Isabel do Oeste também teve as suas origens assemelhadas a este processo.

Na argumentação de Corrêa (1970), a rede de centros urbanos, caracteriza-se por caracteriza-ser muito recente, o que traduzia a ocupação recente da região pelos colonos produtores e consumidores. Assim sendo, esse caráter da rede de centros aparece claramente quando se verifica o número de centros administrativos existentes em 1950 e 1960. Para o autor, em 1950, em toda a região Sudoeste paranaense existiam apenas duas vilas: Pato Branco e Chopinzinho, que faziam parte,

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respectivamente, dos municípios de Clevelândia e Palmas, cujas sedes municipais situam-se fora da região.

Em 1960, quando a população regional tinha ascendido de cerca de 65.000 habitantes (em 1950) para 225.347, já existiam 7 sedes municipais e 18 vilas. Das 24 cidades existentes em 1969, em 1960, onde 9 eram vilas e 8 constituíam povoados. Das 57 vilas existentes em 1970, só existiam 9 em 1960; as outras foram constituindo-se em povoados. Assim, conforme Corrêa (1970) a formação da rede de centros iniciou-se entre 1945 e 1960. Deste modo, o aparecimento de centros urbanos no Sudoeste paranaense decorreu das necessidades dos colonos produtores-consumidores.

Entendemos que todos os centros urbanos do Sudoeste paranaense passaram, numa primeira fase, a se vincularem com as áreas rurais próximas. O crescimento desses centros esteve sempre ligado às necessidades do mundo colonial, ou seja, da zona rural, mas a diferenciação entre eles processou-se de acordo com as facilidades que tiveram de se tornarem focos de áreas maiores e mais povoadas.

Os centros, que se diferenciaram dos demais, foram: Pato Branco, Francisco Beltrão, Chopinzinho, Coronel Vivida, Capanema, Santo Antonio do Sudoeste, Barracão e Dois vizinhos, enquanto as demais sedes municipais permaneceram com atuação, quer de compra de produtos rurais, quer de venda de bens de consumo, limitada, basicamente, às áreas rurais próximas.

De acordo com Corrêa (1970), outro elemento importante no processo, é que os numerosos centros urbanos do Sudoeste paranaense não se originaram concomitantemente. Com o povoamento, verificou-se, primeiramente, a ocupação na periferia oriental, centro-meridional e ocidental da região, em função disso, apareciam às sete primeiras sedes municipais, sendo elas respectivamente: Pato Branco, Coronel Vivida, Chopinzinho, Francisco Beltrão, Capanema, Santo Antonio do Sudoeste e Barracão. Entre eles, a diferenciação mais notável ocorre ao centro urbano de Pato Branco, o qual se destaca dos demais como principal núcleo de distribuição de bens e serviços em fase inicial. Seu domínio regional se origina da sua formação originaria a mais tempo, que se fez acompanhar, até 1950, de uma posição vantajosa face à circulação e face à área mais densamente ocupada da

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região. Além de Pato Branco, na década de 1920, existiam outros pequenos núcleos urbanos, que viviam também da troca de produtos característicos da região: Chopim, sede da antiga e pouco expressiva colônia militar (atualmente Chopinzinho), Barracão, que era fronteira dos núcleos de Dionísio Cerqueira pertencendo ao estado de Santa Catarina, Bernardo de Irigoyen, pertencendo à Argentina; e Santo Antonio, atual Santo Antônio do Sudoeste, ao lado do núcleo argentino de San Antônio.

Em 1930, já se percebia uma diferenciação entre os núcleos urbanos da região, pois a erva-mate deixava de ser o produto mais valorizado. Essa diferença encontra uma de suas razões no fato de que o aumento de população que se verificou até este período, se fez, sobretudo, em torno e nas proximidades de Pato Branco. Segundo Boneti (1998), essa população era, em parte, constituída de luso-brasileiros, que viviam do novo produto valorizado da região, os suínos, que se criavam soltos no mato e eram engordados na roça de milho.

O aumento da população em torno de Pato Branco deve-se ao fato de que, desde a década de 1930, o aglomerado se constituía em “ponto final” de uma estrada carroçável. Para Corrêa (1970), Pato Branco era o ponto final da circulação rodoviária, ligando-se a União da Vitória e a Porto União, por uma precária linha de ônibus. Vinculada, assim, a estas cidades, a vila de Pato Branco era, em 1940, o principal centro da região, comprando e distribuindo produtos em todo o território do Sudoeste paranaense.

De acordo com Corrêa:

Em 1948, quando começavam a surgir os povoados de Mariópolis, Vitorino, Enéas Marques e Coronel Vivida, Pato Branco destacava-se nitidamente dos demais núcleos, possuindo firmas varejistas que distribuíam, entre outros artigos, máquinas de costura, cofres, pneumáticos, aparelhos de rádio, ferragens, etc. Possuía, ainda, entre outros estabelecimentos, uma torrefação de café, selaria, oficina mecânica, escritório de contabilidade, um recém-inaugurado hospital dotado de aparelho de raio X, e uma de suas firmas possuía uma filial na Vila Marrecas, o atual município de Francisco Beltrão (Corrêa, 1970, p. 132).

Entre os anos de 1950 e 1955, quando o povoamento começou a se estender por toda a região do Sudoeste paranaense, tendo surgido em decorrência de sete sedes municipais, a cidade de Pato Branco contava com 3.434 habitantes em 1950,

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e deste modo, como bem afirmou Corrêa (1970), reforçou a sua posição de localidade central mais importante, adquirindo novas funções exclusivas, tais como: curso ginasial, estação de rádio e agência bancária. Porém, a partir de 1950, a Vila Marrecas, que se torna posteriormente o município de Francisco Beltrão, progressivamente se transforma no mais importante centro coletor da produção rural e forte rival de Pato Branco na distribuição de bens de consumo. Entretanto, a função regional de distribuição de Pato Branco ali permaneceria e se ampliaria.

Alguns comerciantes, ligados ao comércio colonial de compra e venda de produtos, ao perceberem que Pato Branco perdia aquela hegemonia para Francisco Beltrão, se especializaram. Contavam, para isso, com a existência de um mercado em ampliação. De acordo com Corrêa (1970, p. 132), “é o caso, por exemplo, da firma O. N. Amadori & Cia Ltda., cuja origem remonta a fins da década de 1940, como firma de comércio colonial, em 1957, constituía-se em concessionária da Ford”.

Também alguns comerciantes distribuidores, habituados a manterem contato com o mercado consumidor e vendo esse mercado se ampliar e ser conquistado por Francisco Beltrão especializaram contatos já estabelecidos com firmas de fora da região e a existência de certo capital acumulado, que lhes garantiriam uma base para a especialização, já parcialmente garantida pela expansão do mercado. Corrêa (1970) cita o exemplo da empresa DIVECAR, cujas origens remontam a 1947, quando foi fundada uma oficina mecânica e comércio de autopeças e, em 1959, transformou-se em concessionária da Chevrolet.

Para Corrêa (1970), tanto a concessionária da Ford como a da Chevrolet constituíram, em 1968, atributos funcionais exclusivos de Pato Branco. Sendo o principal centro de distribuição do Sudoeste, lá se estabeleceram com exclusividade na região, com novas firmas de distribuição de bens e serviços material dentário, em 1960, médicos de olhos, ouvido, nariz e garganta, em 1963, órgãos administrativos regionais, de 1962 a 1967.

Flores (2009) afirma que a partir da década de 1970, o capital financeiro teve grande importância na modernização da agricultura e na instalação de novas unidades industriais como os casos dos segmentos do vestuário e de embalagens plásticas. Esse capital teve atuação tanto na agricultura como na indústria e

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desintegrou um complexo rural existente no Sudoeste do Paraná, o qual se mantinha com uma pequena produção mercantil tanto de grãos, carnes, como de atividades artesanais, o que “alguns pensadores marxistas”, chamariam de pequena indústria rural.

Conforme o autor, a partir dos anos de 1980, mesmo sendo num período compreendido por uma fase recessiva do ciclo de desenvolvimento econômico, é possível observar um crescimento em alguns países, enquanto que outros enfrentam dificuldades tecnológicas em introduzir inovações para tornar o trabalho mais produtivo.

Nessa região do Paraná, houve alguns condicionantes na instalação das indústrias a partir de 1990, entre os quais, a obtenção de algumas matérias primas; a formação social, constituída por pequenos proprietários de terras, fator que permitiu a chegada da indústria avícola, pois eles cediam suas terras como hipoteca nos empréstimos necessários para a construção dos aviários e a mão de obra na criação das aves. De modo geral, a mão de obra é de custo atraente comparando as outras regiões do país.

O autor afirma ainda que, o Sudoeste paranaense apresenta, em alguns casos, como nos segmentos avícola e de eletrodomésticos, certos complexos industriais. A renda da terra apresenta-se como um problema ao processo de urbanização e o sistema capitalista de produção encontra estratégias para subordinar a renda da terra. No caso dessa região é verificada a importância das políticas municipais, na doação ou empréstimos de terrenos, barracões industriais e na maioria dos casos, incentivos fiscais para atrair novas empresas, principalmente nos municípios de Francisco Beltrão, Pato Branco, Dois Vizinhos e Ampere.

A relevância das inovações nas unidades industriais é percebida por Flores (2009), sendo que, algumas investem na aproximação da empresa com os clientes, outras, aperfeiçoam métodos produtivos, com o objetivo de reduzir custos de produção e melhorar a qualidade do produto final, e ainda existe outra forma de inovação que ocorre por meio de capitalistas empreendedores, onde os proprietários foram representantes comerciais, o que fez com que se tornassem bons conhecedores das necessidades da demanda.

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A industrialização representa um processo de suma importância para o desenvolvimento do Sudoeste paranaense, que contribuiu consideravelmente para retirar essa região do isolamento, integrando-a tanto na economia nacional, como internacional.

Conforme Flores (2009):

Contrariando certos movimentos sociais, ONG S, etc., que acreditavam que a economia urbana, inclusive a indústria, não consegue absorver a força de trabalho liberada pela agricultura e, então procuram incentivar a contenção do êxodo rural, ficando o homem no campo; verificamos que, apesar de todas as inovações que eliminam postos de trabalho, a economia (indústria, comércio e serviços), consegue aumentar absolutamente a oferta de trabalho (...), verificamos que a indústria contribuiu notavelmente para o processo de urbanização regional, além de contribuir para a geração de renda. Também verificamos que essa renda gerada, apesar da concentração inerente ao sistema capitalista de produção, resultou numa melhoria das condições de vida (...).

Para Flores, mesmo com a migração do camponês para as cidades, na região do Sudoeste do Paraná, a indústria absorveu a mão de obra, e por outro lado, a produção no campo, mesmo com menos trabalhadores, teve um aumento na produtividade, devido inovações tecnológicas ocorridas pela industrialização também na agricultura.

Nesse sentido, a posição hierárquica de Pato Branco é visível e deve-se à capacidade de seus comerciantes em tirar proveito da situação que possuíam num passado próximo, quando perceberem mudanças nas relações, se especializaram para sobreviverem e, consequentemente para obterem mais lucros, sendo que, desse modo, mantiveram para Pato Branco a posição de principal centro urbano do Sudoeste paranaense.

A diferenciação de Pato Branco dos demais núcleos encontra as suas bases, em última analise, na maior especialização de seus serviços ofertados, que até então, puderam propiciar uma posição de “domínio” regional. Esta especialização foi indubitavelmente de caráter determinando para gerir um centro polarizador na região Sudoeste paranaense. Assim, o que se deve ressaltar é o fato de que, além do Sudoeste paranaense ser uma região de ocupação recente, já na década de 1960, se verifica o aparecimento de uma rede de localidades centrais urbanas, como

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categorias hierárquicas bem definidas, e o que as definiu foi o caráter da relação produção e consumo desenvolvido na região, como bem afirmou Corrêa (1970).

2.2 Urbanização e êxodo Rural no Sudoeste do Paraná

Na década de 1960, a maior parte da população do Sudoeste paranaense vivia na zona rural. De acordo com os dados do Censo Demográfico do IBGE de 1960, a população total era constituída de 225.347 habitantes. O grau de urbanização da região ficava em torno de 12%, consequentemente, 88% da população vivia no campo. Nesse período, a maioria dos municípios apresentava uma população rural superior à urbana. Em média, a população rural do município de Pato Branco era formada por 41.248 habitantes, e a população urbana ficava em torno de 10.333 habitantes, com a população rural praticamente cinco vezes superior à urbana. A urbanização de Pato Branco, em 1960, era de 20%, o que tornava, o principal núcleo urbano da região.

Nesse período, a maioria dos municípios apresentava uma população rural superior à urbana. O grau de urbanização de Pato Branco, em 1960, era de 20%, o que o tornava, o principal núcleo urbano da região.

O município de Francisco Beltrão, disputava nessa década o posto de principal centro urbano da região.

Os outros municípios que existiam nessa década eram: Capanema, que possuía, cerca de 23.864 habitantes localizado na zona rural e 2. da região do Sudoeste paranaense em 1970, já demonstravam uma população urbana bem maior. Em consequência, o grau de urbanização destes municípios se mostrava mais considerável. Pode-se verificar que Itapejara do Oeste e Chopinzinho apresentavam um grau de urbanização entre 21 e 26%. Capanema, Realeza, Santa Izabel do Oeste e Ampére tinham seus graus de urbanização situados na faixa de 15 a 19%. Chopinzinho, São João, Dois Vizinhos, Verê Enéas Marques, Salto do Lontra, Salgado Filho, Barracão e Pérola do Oeste, apresentavam seus graus de urbanização entre 7 e 12%.

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Esse crescimento da urbanização regional que foi mostrado nos dados acima acontece principalmente, acompanhando a tendência geral do Brasil nesta década, que, de acordo com Santos (1996):

(...) entre 1960 e 1970 no Brasil, se intensifica e se afirma à vocação a aglomeração, a urbanização ascende sobre as forças da concentração fundiária, o êxodo rural, as oportunidades de trabalho, que surgem neste aglomerado urbano que se forma rapidamente atraiam enormes contingentes de migrantes, que sonham com uma vida melhor, e com mais oportunidades para sobreviver (1996, p. 31).

Na década de 1980, a urbanização do Sudoeste paranaense continua crescendo e se desenvolvendo, aumento de serviços, empregos e, também a população. A região, possuía, de acordo com os dados do Censo demográfico de 1980, aproximadamente 521.249 habitantes, mas ainda, nessa época, a população rural é muito superior à população urbana, sendo a rural em torno de 354.343 habitantes, e a população urbana de 166.906 habitantes. Com isso, o grau de urbanização regional eleva-se para 32%, dando um salto considerável em relação à década de 1970, praticamente duplicando a população que residia na zona urbana e, como verificado pelo IPARDES (2004), com uma taxa de crescimento urbana bastante elevada, em torno de 7,6% a. a.

O município de Pato Branco, nessa década apresentava-se, com uma população rural de 14.467, e a população urbana situava-se em 31.470 habitantes, superando, dessa forma, pela primeira vez, a população rural. O grau de urbanização situa-se, surpreendentemente, em 68%. Seu crescimento urbano, de 1970 a 1980, é de 51%.

De acordo com Magalhães (1996), Pato Branco, no contexto regional:

(...) foi um dos primeiros municípios a ter maior população rural do que urbana, resultado, principalmente, de um forte êxodo rural que desloca pessoas para a cidade de Pato Branco e de outras cidades localizadas na própria região do Sudoeste. Outro fator importante, é que moradores da

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zona rural de Pato Branco, neste êxodo, se dirigem para outros centros, principalmente a região metropolitana do Paraná, e para os Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Amazônia (1996, p. 39).

Outro município que, na década de 1980, alcança uma maior população urbana que rural é Francisco Beltrão. A população rural, era de 20.473 habitantes e a urbana de 28.289 habitantes. Portanto, o grau de urbanização atinge a marca de 58%. O crescimento da população urbana, de 1970 a 1980, é de 53%. De um modo geral, essa década reflete um aumento significativo em um grande número de municípios da região para com sua população urbana.

Em verdade, Coronel Vivida, Realeza e Mariópolis, têm o grau de urbanização entre 40 e 37%. Já, Dois Vizinhos, São Jorge do Oeste, Renascença, Vitorino, Itapejara do Oeste, Santo Antônio do Sudoeste, Santa Izabel do Oeste e Capanema apresentam uma urbanização entre 32 e 25%. Os municípios que apresentavam menor grau de urbanização, nessa década, se situavam entre 22 e 10%, sendo estes; Chopinzinho, São João, Salto do Lontra, Enéas Marques, Verê, Barracão, Salgado Filho, Marmeleiro, Pérola do Oeste e Planalto. Desse modo, a década de 1980 marca, principalmente, o aumento considerável da população urbana, refletindo em um aumento no grau de urbanização de todos os municípios que formavam o território do Sudoeste na presente década e também, como reflexo disso, dois municípios (Pato Branco e Francisco Beltrão) superaram a casa dos 50% de população urbana no contexto regional.

Assa elevação populacional urbana que se observa no período, é um reflexo, de uma maior dinâmica nos centros e de uma migração contínua de camponeses para as cidades. Nos anos de 1991 a tendência à urbanização no Sudoeste do Paraná continua forte e crescente. De acordo com o Censo Demográfico de 1991, a população total da região estava em 523.958 habitantes, com uma população rural de 277.238 habitantes, enquanto a população urbana chega a 246.720 habitantes. Logo, o grau de urbanização do Sudoeste paranaense atinge os expressivos 47%.

A ascendente população urbana é reflexo de um processo de migração rural-urbana muito intenso nesta região. No que se refere ao crescimento dos centros ao crescimento dos centros, verifica-se uma elevação da complexidade da malha urbana, refletindo em um surgimento de uma infraestrutura urbana maior, com maior

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número de empregos, serviços especializados e maior distribuição dos produtos rurais que, mesmo com a diminuição da população rural, aumenta a produtividade através da modernização agrícola.

O município de Pato Branco, como verificado em outras décadas, apresenta, em 1991, uma população urbana superior a rural. A população rural era de 12.269 habitantes, já sua população urbana eleva-se para 43.406. Seu grau de urbanização situa-se em 77%. O crescimento urbano de 1980 a 1991 é de 27%. Mesmo sendo um município com características de produções agrícolas bem fortes e presentes, este já demonstrava uma população muito presente, habitando na zona urbana de maneira bem expressiva.

Francisco Beltrão tem sua população urbana aumentada de maneira significativa, para 45.622 habitantes, já a população rural, continua a diminuir, situando em 15.650 habitantes fazendo com que seu grau de urbanização eleva-se para 64% e o crescimento urbano de 1980 a 1991, é de 38%. Este crescimento urbano é reflexo de uma maior atração de pessoas para esta cidade, em virtude das demais indústrias, que ali se instalaram. Nesse sentido, que merece destaque a Sadia S/A, que instala um frigorífico, no município, gerando muitos empregos na cidade e criando, assim, uma dinâmica econômica.

O município que merece destaque em termos de crescimento populacional urbano é Dois Vizinhos, pois sua população urbana chega em 43.406 habitantes, tendo um crescimento urbano, de 1980 a 1991, de 45%. Já a população rural situa-se em 18.065 habitantes. Logo, o grau de urbanização eleva-situa-se para 55%. Isso acontece em virtude da instalação do Frigorífico da Sadia S/A, que gera uma atração de pessoas para a cidade, e, portanto, uma maior dinâmica urbana para o município.

Nessa década, a maioria dos municípios do Sudoeste paranaense tem um acréscimo elevado na população urbana, consequentemente seus graus de urbanização se torna mais expressivos no contexto regional. Coronel Vivida, Mariópolis, Itapejara do Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Realeza, Ampére e Santo Antônio do Sudoeste, apresentam grau de urbanização entre 55% e 43%.

Os municípios de Chopinzinho, São João, São Jorge do Oeste, Nova Esperança do Sudoeste, Bela Esperança do Iguaçu, Santa Izabel, Pérola do Oeste,

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Saudade do Iguaçu, Marmeleiro, Vitorino, Capanema e Nova Prata do Iguaçu, apresentam grau de urbanização entre 40 e 33%.

Já os municípios de Sulina, Verê, Renascença, Flor da Serra do Sul, Barracão, Pranchita, Planalto e Salto do Lontra, apresentavam grau de urbanização entre 32 e 22%. Outros municípios, com menor expressão em sua população urbana, são: Enéas Marques, Manfrinópolis, Salgado Filho, Bom Jesus do Sul e Bela Vista da Caroba, que apresentam de 17 a 9% em grau de urbanização.

Desse modo, a população urbana cresce principalmente em função da migração da população rural e urbana para as cidades que, dessa maneira, se tornam maiores. Porém, isso não reflete em termos de transformações espaciais mais profundas, na paisagem dos centros urbanos sudoestinos, exceto os mais complexos, como Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos. A região ainda continua como centro de produção agrícola, apenas contando com serviços urbanos mais especializados e uma malha urbana de fluxos e fixos mais complexa e mais valiosa economicamente. Em função disso, os centros urbanos criam um maior dinamismo, tanto para o escoamento da produção agrícola, como para o comércio, com a prestação de serviços privados e serviços públicos.

A população rural do Sudoeste do Paraná, em 1996, era de 217.973 habitantes, e a população urbana situava-se em 254.452 habitantes. O grau de urbanização nesse ano situava-se em 54%. Contudo, este aumento da população urbana não reflete em crescimento da população regional, que no ano de 1996, diminui para 472.425 habitantes. Cerca de 9% a menos de população total no Sudoeste em relação ao ano de 1991.

O município de Pato Branco atinge, em 1996, 48.921 habitantes urbanos, cerca de 84% de grau de urbanização, com crescimento populacional urbano, de 1991 a 1996, de 11%. Mas a população rural diminui para 8.829 habitantes.

O município de Francisco Beltrão apresenta, em 1996, uma população urbana muito considerável, possuindo aproximadamente 52.031 habitantes, e 13.699 habitantes na zona rural. Logo, seu grau de urbanização ascende aos expressivos 79%, e seu crescimento populacional urbano de 1991 a 1996, é de 12%. O mesmo processo migratório que esvazia a zona rural ascende a urbanização e desloca migrantes para outros centros.

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O processo tem influência decisiva para com o desenvolvimento urbano de Francisco Beltrão. O fator que merece destaque, para o crescimento urbano desta cidade, se deve à produção do Frigorífico da Sadia S/A, que se instala na cidade e cria um maior dinamismo. A empresa, que atua na produção de alimentos, atrai um contingente expressivo de habitantes em áreas próximas à sua localização geográfica, bem como influencia na dinâmica populacional da cidade e do campo. Contudo, o que merece destaque, é seu papel enquanto capital industrial que necessita de maior mão de obra para produção/expansão, que reflete diretamente no aumento da população urbana e dessa forma, da expansão urbana no município.

Outro município importante, enquanto centro dinâmico urbano para a região é Dois Vizinhos que, no ano de 1996, apresenta população urbana com 21.669 habitantes, já a população rural neste mesmo ano, é de 10.415 pessoas. O grau de urbanização é de 67%. O município tem uma dinâmica urbana muito parecida com o município de Francisco Beltrão, principalmente, por deter em seu território outro frigorífico da Sadia S/A, que atrai população para as proximidades da empresa, criando maior dinamismo à cidade e, portanto, destacando-se por ter uma considerável população urbana, no cenário regional do Sudoeste paranaense.

De modo geral, a maior parte dos municípios em 1996 apresenta um grau de urbanização superior em relação aos anos anteriores. Contudo, isto não reflete em termos quantitativos de população total regional, mas estritamente qualitativos, quando se atem a “olhar” o grau de urbanização. Neste cenário o município de Coronel Vivida apresenta uma população urbana de 13.481 e uma população rural de 10.557 pessoas. Logo, seu grau de urbanização ficava em torno de 56%.

Outros municípios do Sudoeste tiveram seu grau de urbanização elevado, fato que não reflete em aumento de números totais da população dos municípios. Verificam-se, os casos de Mariópolis, Saudade do Iguaçu, Realeza, Ampére, Santo Antônio do Sudoeste e Barracão, que apresentavam seus graus de urbanização entre 67 e 49%. Em outros municípios, como Chopinzinho, Itapejara do Oeste, Bom Sucesso do Sul, Vitorino, Renascença, Marmeleiro, Salgado Filho, São João, São Jorge do Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Nova Prata do Iguaçu, Santa Izabel, Santo do Lontra, Pranchita, Pérola do Oeste, Capanema e Planalto verificavam-se graus de urbanização entre 46 e 32%. Já os municípios de Sulina, Verê, Enéas Marques,

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Nova Esperança do Sudoeste, Pinhal de São Bento e Boa Esperança do Iguaçu apresentavam de 30 a 16% o grau de urbanização.

Alguns municípios, com menor expressão em grau de urbanização, são: Flor da Serra do Sul, Manfrinópolis, Bom Jesus do Sul e Bela Vista da Caroba, com 9% e 3% respectivamente.

Sob o ângulo da urbanização, o ano de 1996 ascende à tendência do Sudoeste paranaense com o aumento de sua população urbana na maioria dos municípios que compõe a região. Isto acarreta, em números gerais de população regional, em uma diminuição da população, onde migrantes de origem rural se deslocam para centros mais dinâmicos do próprio Sudoeste (Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos) e, principalmente, para outros centros, onde merece destaque a região metropolitana de Curitiba. Também, ocorre deslocamento para alguns municípios do estado de Santa Catarina (principalmente Joinvile e Florianópolis) e para os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Amazônia e o Acre (Magalhães, 1996; Magalhães, 2003).

É no ano de 2000 que a população urbana reflete números significativos em termos regionais e, consequentemente, na produção do espaço urbano. A população total permanece estável em relação ao ano de 1996. São em torno de 472.626 habitantes no Sudoeste no ano de 2000. Contudo, o crescimento se deve ao aumento da população urbana regional. São cerca de, 286.434 pessoas. Logo, a população rural é de 186.192 habitantes. O grau de urbanização, no ano de 2000, chega à marca considerável de 61%. Dentre os 37 municípios que compõe a região, 18 destes têm seu grau de urbanização acima de 50%, e, 19 deles, têm grau de urbanização abaixo de 50%. Portanto, pode-se perceber que, praticamente, metade dos municípios do Sudoeste têm grau de urbanização acima de 50%. Portanto, pode-se observar que, praticamente, metade dos municípios do Sudoeste têm grau de urbanização acima de 50%.

Portanto a maioria dos municípios do Sudoeste do Paraná, no ano 2000, tem diminuição da população rural e, consequentemente, ocorre aumento da população urbana.

Neste cenário urbano, o município de Pato Branco é o que apresenta o maior grau de urbanização, reafirmando a tendência que se fazia presente em anos

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anteriores. No ano de 2000, o município atinge os surpreendentes 91% de grau de urbanização. A população urbana é de 56.805, enquanto a rural é de apenas 5.429 habitantes. Logo, o crescimento populacional urbano, no período de 1996 a 2000, é de 16%. Isso se deve a uma maior modernização/mecanização da agricultura do município e, consequentemente, a uma maior demanda de pessoas para a cidade, êxodo rural. A cidade, ao se tornar um centro maior, atrai mais habitantes, os quais se deslocam de outros municípios do próprio Sudoeste paranaense, bem como de outras regiões do Paraná e até de outros estados brasileiros, principalmente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Logo, observa-se que este município atinge, no ano de 2000, maior dinamismo; na divisão territorial do trabalho aparece cada vez maior, resultado diretamente ligado à instalação, de diversas empresas que atuam em seu território, destacando-o, como verificado pelo IPARDES (2004, p. 23), como um centro tecnológico regional.

Já, Francisco Beltrão é outro município que ganha destaque enquanto centro urbano. No ano de 2000, é o maior município em termos populacionais da região. A população urbana atinge 54.831 habitantes, sendo que a rural situa-se em 12.301 pessoas. O grau de urbanização é o segundo maior da região, por volta de 81%. O crescimento populacional urbano, de 1996 a 2000, é de 5%. Desse modo, esta realidade se deve também, a modernização agrícola, que expulsa habitantes do campo para cidade e, com a atuação de diversas empresas no município, tendo como principal, a Sadia S/A, que cria maior dinamismo à economia da cidade, através da geração de aproximadamente 2.000 empregos diretos, no ano de 2000. A importância da empresa na construção do espaço urbano é tanta que nos arredores da mesma, constitui-se um centro urbano, que serve diretamente de mão de obra para o complexo industrial, denominada de “cidade norte”.

Outro município de destaque no cenário regional urbano é Dois Vizinhos, que no ano de 2000, tem população urbana de 22.382 pessoas e população rural de 9.604 habitantes. Logo, o grau de urbanização é de 69%. O crescimento da população urbana foi de 3%. Sendo assim, a cidade cria um maior dinamismo urbano o que também se verifica pela atuação de uma unidade da Sadia S/A, que gera muitos empregos, agregando muita mão de obra, fazendo crescer o espaço urbano do município.

Referências

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