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O código de trânsito brasileiro, suas medidas administrativas e a imposição das penalidades

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ALCEU HENKE

O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, SUAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS E A IMPOSIÇÃO DAS PENALIDADES

IJUÍ (RS) 2011

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ALCEU HENKE

O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, SUAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS E A IMPOSIÇÃO DAS PENALIDADES

Monografia Final do Curso de Graduação em Direito, objetivando a aprovação no componente curricular Monografia. UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DEJ – Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador: MSc. Aldemir Berwig

IJUÍ (RS) 2011

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Dedico aos meus filhos Anrafel, Anderson e Ana Rita que sempre manifestaram apoio irrestrito à minha dedicação ao trânsito.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela saúde, pelas dificuldades e pela oportunidade de crescimento nesta área de conhecimento, agradeço também imensamente à minha esposa Rita pelo apoio incondicional em todos os momentos desta minha caminhada na graduação e pelos caminhos da vida já trilhados.

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Trânsito Seguro é Possível, com o Comprometimento Responsável de toda Sociedade Organizada

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RESUMO

O presente trabalho de pesquisa monográfica faz um breve resgate histórico do centenário da legislação de trânsito no Brasil, analisando as penalidades e medidas administrativas bem como sua correta implementação, discorrendo sobre princípios basilares da Constituição Federal e aqueles constantes da legislação do processo administrativo federal tendo em vista a previsão pelo CTB,a compreensão do tipo infracional de conduzir veículo automotor sem registro e licenciamento, bem como a repercussão da implementação de medida administrativa de remoção do veículo no patrimônio do proprietário, por fim analisando a inconstitucionalidade desta medida. Palavras-Chave: Medida Administrativa - Remoção - Registro - Licenciamento - Penalidade Administrativa - Princípios

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ABSTRACT

The present research monograph gives a brief historical review of the centenary of traffic law in Brazil, analyzing the penalties and administrative measures as well as its correct implementation. It is a discussion on the basic principles of the Constitution and those contained in the legislation of the federal administrative process taking view the prediction by the CTB, understanding the type of infraction to drive a motor vehicle without registration and licensing, as well as the impact of the implementation of administrative measures on removal of the vehicle owner's equity, and finally analyzing the constitutionality of this measure.

Keywords: Administrative Measure - Removal - Register - Licensing - Administrative Penalty - Principles

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO BRASILEIRA ... 10

1.1 O centenário da legislação de trânsito no Brasil ... 10

1.2 As penalidades administrativas do CTB ... 11

1.3 Os princípios norteadores da atuação administrativa do Estado ... 15

1.4 As medidas administrativas do CTB ... 26

2 APLICAÇÃO DE PENALIDADE E MEDIDA ADMINISTRATIVA PARA CONDUÇÃO DE VEÍCULO SEM REGISTRO E LICENCIAMENTO ... 35

2.1 O Código de Trânsito Brasileiro e o direito de propriedade ... 35

2.2 O registro e licenciamento de veículos automotores ... 37

2.3 A infração de trânsito por falta de registro e licenciamento e as consequências estabelecidas pelo CTB ... 39

CONCLUSÃO ... 46

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa pretende abordar o tipo infracional de conduzir veículo automotor sem registro e licenciamento de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, a medida administrativa e a penalidade aplicada ao caso.

A pesquisa foi desenvolvida em dois capítulos. No primeiro apresenta o resgate histórico da legislação de trânsito, que em 2010 comemorou o seu centenário, passando a abordar as penalidades administrativas e sua aplicação, as medidas administrativas e sua implementação, tudo de acordo com o CTB e normas complementares, passando pela análise aos princípios constitucionais e princípios norteadores da legislação do processo administrativo no âmbito federal.

No segundo analisar a aplicação de penalidade e medida administrativa para o tipo infracional de condução de veículo automotor sem registro e licenciamento, análise ao direito de propriedade, a conceituação de registro e licenciamento e às conseqüências à inobservância do tipo infracional de acordo com o CTB

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1 LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO BRASILEIRA

O presente capítulo pretende resgatar o aspecto histórico a conceituação e o entendimento das penalidades e medidas administrativas.

1.1 O centenário da legislação de trânsito no Brasil

O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), em recende publicação comemorativa dos 100 anos de legislação de trânsito no Brasil, realizou um resgate histórico de todos os textos legais publicados a partir de 1910, inclusive resoluções e portarias que eram e são de competência exclusiva do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) de acordo com os Códigos de Trânsito de 1941, 1966 e 1998.

O primeiro diploma legal sobre trânsito foi o decreto n° 8.324 de 27 de outubro de 1910, que aprovou o regulamento para o serviço subvencionado de transporte por automóveis, denominando os condutores ainda como motorneiros, exigindo destes que devem diminuir a marcha ou parar diante qualquer situação em que pudessem acidentar-se.

Em 1922 através do decreto legislativo n° 4.460 de 11 de janeiro, proibiu-se a circulação dos carros de boi pelas estradas de rodagem e regrou a carga máxima dos veículos.

Já em 24 de julho de 1928 o decreto n° 18.323 aprova o regulamento de circulação internacional de automóveis, no território nacional, sinalização viária, segurança no trânsito e polícia nas estradas de rodagem, ano em que foi criada a Polícia Rodoviária Federal no governo do Presidente da República, Waschinton Luis Pereira de Souza.

O primeiro Código Nacional de Trânsito surge em 28 de janeiro de 1941, através do Decreto-Lei n° 2.994 e teve a duração de apenas oito meses e após foi revogado pelo Decreto-Lei n° 3.651 de 25 de setembro de 1941 que deu nova redação ao Código e criou o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), subordinado diretamente ao Ministério da Justiça e negócios interiores, já em 21 de

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setembro de 1966 através da Lei nº 5.108, foi promulgado o segundo Código Nacional de Trânsito, mesmo antes de ser regulamentado sofreu alterações pelo Decreto n° 237/1967, vigorando por trinta e um anos até a instituição do atual e denominado de Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei n° 9.503 de 23 de setembro de 1997, entrando em vigor em 22 de janeiro de 1998.

A necessidade da instituição do atual Código de Trânsito Brasileiro estava intimamente ligado ao comportamento dos motoristas de veículos automotores e pedestres demonstrando despreparo e inadequação de condutas frente ao trânsito, tanto nas áreas urbanas e rurais.

O referido código atualizou regras de circulação e introduziu normas relativas a comportamento de pedestres e condutores, objetivando uma política de humanização no trânsito, garantindo a cada cidadão o princípio do trânsito em condições seguras, objetivando também a segurança dos veículos às condições das vias públicas, tipificando infrações, estabelecendo penalidades pela inobservância das infrações de forma a reprimir e desincentivar condutas transgressoras que por derradeiro tem ceifado vidas diariamente em todo o nosso país.

O Código de Trânsito atribuiu competências aos órgãos e entidades de trânsito dentro de suas circunscrições de forma que cada órgão e entidade venha à disciplinar o tráfego de veículos, pessoas e animais, de acordo com a necessidade e característica peculiares de cada localidade ou região.

A Constituição Brasileira de 1988, contemplou no seu art. 21, inciso XI, é de competência privativa da União legislar sobre trânsito e transporte.

1.2 As penalidades administrativas do CTB

O CTB no seu artigo 256 determina que a autoridade de trânsito na esfera das competências estabelecidas no código e dentro da sua circunscrição, deverá aplicar, pela inobservância às infrações nele previstas, às seguintes penalidades:

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II – multa;

III – suspensão do direito de dirigir; IV – apreensão do veículo

V – cassação da Carteira Nacional de Habilitação; VI – cassação da permissão para dirigir;

VII – frequência obrigatória em curso de reciclagem.

Cada penalidade apresenta a sua particularidade, inicialmente falando da “advertência por escrito” que poderá ser aplicada em substituição à multa quando tratar-se de infração de natureza leve ou média cometida por condutores ou proprietários de veículos. Quando a multa é aplicada aos pedestres esta poderá ser substituída por participação do infrator em cursos de segurança viária, à critério da autoridade de trânsito.

Toda infração terá prevista como penalidade pelo menos a multa, podendo ser de natureza leve (03 pontos), média (04 pontos), grave (05 pontos) e gravíssima (07 pontos), sendo todas infrações definidas quanto à gravidade pelo legislador, que também previu para um grupo de dez artigos do CTB que são tipos infracionais de trânsito de natureza gravíssima atribuída pelo legislador conhecidos como fatores multiplicadores (multas agravadas) por três, por cinco e por até cinco vezes1 o valor da multa de natureza gravíssima, conforme cada tipo infracional previsto de forma específica.

A suspensão do direito de dirigir será aplicada nos casos previstos pelo CTB pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de um ano, no caso de reincidência nos próximos doze meses, a suspensão será pelo prazo mínimo de seis meses até o máximo de dois anos, com critérios estabelecidos pelo CONTRAN. A suspensão também se dará sempre que o infrator atingir a soma de vinte pontos em seu prontuário de habilitação em doze meses ou quando pela infração cometida, haja previsão de forma específica a penalidade de suspensão do direito de dirigir.

A apreensão do veículo se dará por um prazo de até 30 dias regulamentadas pelo CONTRAN. No entanto, há previsão desta penalidade para os tipos infracionais

1 O CTB previu a penalidade dos artigos 162, 163, 164, 165, 173, 174, 176, 193, 218 e 246, como multas agravadas significando que o valor da multa será multiplicado por 3, por cinco e excepcionalmente a critério da autoridade dentro de sua discricionariedade de 1 a 5 vezes.

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determinados, sendo a falta de registro e de licenciamento um deles. Esta apreensão se dará depois do encerramento do processo administrativo para aplicação da pena e consiste na entrega do veículo pelo proprietário ao depósito credenciado pelo órgão que impôs a penalidade, onde permanecerá sob custódia do órgão ou entidade apreendedora, com ônus para o seu proprietário.

A cassação da Carteira Nacional de Habilitação, penalidade imposta ao condutor que tiver o seu direito de dirigir suspenso e for flagrado conduzindo veículo em via pública ou no caso de reincidência nos tipos infracionais dos artigos 162, 163, 164, 165, 173, 174 e 175 num período de doze meses, podendo o condutor voltar a reabilitar-se após decorridos dois anos da cassação.

A cassação da Permissão para dirigir se dará pelos mesmos motivos ensejadores da cassação da CNH, o diferencial é que a Permissão é o documento de habilitação com validade para um ano. Neste período, o condutor, não cometendo nenhuma infração de natureza grave, gravíssima ou reincidência de infração média garantirá habilitação definitiva; então, todos os condutores definitivamente habilitados renovarão exame médicos e psicológicos de cinco em cinco anos e de três em três para aquelas pessoas com idade superior a sessenta e cinco anos de idade.

Quanto a penalidade de frequência obrigatória em curso de reciclagem o legislador apenas inseri-a no rol de penalidades previstas pelo CTB, na legislação complementar tratou ela apenas como curso de reciclagem conforme Resolução n° 182 de 09 de setembro de 2005 do CONTRAN, porém todos infratores para efeito do curso é como se nunca tivessem sido habilitados anteriormente, pois terão a carga horária de 30h de curso, e após, se aprovados, voltarão à conduzir na categoria de habilitação que se encontravam antes da imposição da penalidade de suspensão ou cassação da habilitação.

Para aplicação das penalidades acima previstas os órgãos e entidades de trânsito necessitam obrigatoriamente da instauração de um processo administrativo que existe no âmbito da função administrativa e prevista pelo CTB e normas complementares.

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Teve significativa mudança o processo administrativo previsto pelo CTB, tendo em vista a publicação da Súmula Vinculante n° 21 que afirma que é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. O CTB previa o pagamento da penalidade de multa para recorrer para segunda instância o que não é mais possível, inclusive tendo sido revogado o § 2º do art.288 do CTB pela Lei nº 12.249 de 11 de junho de 2010.

A Constituição Federal de 1988 contemplou o termo processo para significar a processualidade administrativa, nestes termos: art. 5º, inc. LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

O Código de Trânsito por ocasião da distribuição de competências atribuiu ao CONTRAN a regulamentação do CTB, no entanto, este deixou de regulamentar a aplicação da penalidade de advertência por escrito, apreensão do veículo, cassação da permissão para conduzir e frequência obrigatória em curso de reciclagem. O CTB apenas contemplou no capítulo VIII DO PROCESSO ADMINISTRATIVO a multa, a suspensão do direito de dirigir e a cassação da Carteira Nacional de Habilitação.

Quanto às finalidades do processo administrativo ensina Medauar (2010, p. 168-169),

As várias finalidades do processo administrativo apresentam-se cumulativas sem se excluírem, embora sejam expostas de modo separado, por exigências de sistematização científica: Garantia; Melhor conteúdo das decisões; Legitimação do poder; Correto desempenho da função; Justiça na Administração; Aproximação entre Administração e cidadãos; Sistematização de atuações administrativas e facilitar o controle da Administração.

Para a aplicação das penalidades previstas pelo CTB é necessário que estejam presentes alguns princípio basilares consagrados na nossa Constituição e na legislação infra-constitucional qual sejam: Lei 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro) e Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública federal.

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1.3 Os princípios norteadores da atuação administrativa do Estado

Neste ponto abordamos os princípios constitucionais bem como os princípios consagrados na legislação infraconstitucional no âmbito da administração pública federal.

Princípio basilares consagrados na Constituição Federal de 1988

Os princípios fundamentais da administração pública estão arrolados na Constituição Federal, no artigo 37, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (grifo nosso)

Necessário se faz a análise individualizada de cada princípio para atribuição de validade à cada ato da administração pública.

a) Princípio da legalidade

O Princípio da Legalidade é um princípio jurídico fundamental, sendo a expressão maior do Estado Democrático de Direito, a garantia vital de que a sociedade não está presa às vontades particulares (pessoais), daquele que governa. Por essa razão, seus efeitos e importância são bastante visíveis no ordenamento jurídico, bem como na vida social.

O próprio nome (legalidade) evidencia, que esse princípio diz respeito à obediência à lei. Para a Administração Pública a sua importância é latente, uma vez que esse princípio aproxima o Estado do cidadão.

Destarte, o mais importante é o dito princípio genérico, que vale para todos. É encontrado no inciso II do art. 5º da nossa Carta Magna, que diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei.”

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Portanto, esse princípio determina que, em qualquer atividade, a Administração Pública está estritamente vinculada à lei. Desta forma, se não houver previsão legal, nada pode ser feito.

Entretanto, para o cidadão, esse princípio significa que pode fazer de tudo, exceto o que a lei proíbe. Enquanto, a Administração Pública só pode fazer o que a lei autoriza, estando “engessada”, na ausência de tal previsão, uma vez que seus atos têm que estar sempre escudados na lei.

Assim, diferente da atividade particular, a Administração Pública está atrelada a um permissivo legal, o que significa que o administrador público está totalmente sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum; logo ao particular é dado fazer tudo quando não estiver proibido e ao administrador somente o que estiver permitido na lei.

Isto posto, podemos afirmar que se trata do princípio maior do nosso sistema legal, que, como o sistema que é, tem vários princípios norteadores, os quais atingem tanto a aplicação do Direito como a sua elaboração.

b) Princípio da moralidade

É o Princípio da Moralidade que impõe aos agentes públicos agirem em conformidade com valores éticos que não aqueles decorrentes da moral comum, mas sim retirados da conduta interna da Administração, o que significa dizer: a moral que se relaciona ao princípio é jurídica e não subjetiva ligada a outros princípios.

Esse princípio (moralidade pública) contempla a determinação jurídica da observância de preceitos éticos produzidos pela sociedade, variáveis segundo as circunstâncias de cada caso.

A nossa Carta Magna elegeu como um de seus princípios fundamentais a moralidade (a administração não pode desprezar o ético/probidade) como um todo, abrindo o caminho para a superação impunidade na Administração Pública,

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confiando assim em uma nova ordem administrativa baseada na confiança, na boa-fé, na honradez e na probidade.

Zelar pela moralidade administrativa significa zelar pela correta utilização dos instrumentos para isso existente na ordem jurídica, em especial, o processo administrativo, pela extrema amplitude de investigação que nele se permite, chegando mesmo ao mérito do ato ou da decisão, ao questionamento de sua oportunidade e conveniência.

c) Princípio da impessoalidade

A atuação administrativa deve visar sempre à satisfação do interesse coletivo, sem corresponder ao atendimento do interesse exclusivo do administrado e do administrador.

Portanto, não deve haver favoritismo ou privilégios, o interesse público é o norteador das ações da Administração Publica.

d) Princípio da publicidade

Esse princípio refere-se ao dever do administrador de manter absoluta transparência de seus comportamentos, levando a terceiros o conhecimento de ato ou atividade administrativa, a fim de facilitar o controle e conferir possibilidade de execução.

O princípio da publicidade trata-se, portanto da divulgação dos atos ao público, sendo aplicável a todos os Poderes, em todos os níveis de governo. Como regra, os atos praticados pelos agentes administrativos não devem ser sigilosos. Assim, salvo as ressalvas legalmente estabelecidas e as decorrentes de razões de ordem lógica, o processo administrativo deve ser público (acessível ao público em geral), não apenas às partes envolvidas.

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e) Princípio da eficiência

O principio da eficiência foi inserido pela Emenda Constitucional nº 19/98. Esse princípio consiste em realizar as atribuições de uma função pública com competência, presteza, perfeição, economia e rendimento funcional, buscando, com isso, superar as expectativas do cidadão-cliente.

Para a consagração deste princípio administrativo recomenda a demissão do servidor comprovadamente ineficiente e desidioso no exercício da função pública.

Princípios consagrados na Lei nº 9.784/99

A Lei nº 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, em seu art. 2º, estabelece outros princípios além daqueles elencados na Constituição Federal:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da

legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. (grifo nosso).

Aplicados subsidiariamente ao Código de Trânsito Brasileiro no que couber.

a) Princípio da finalidade

A norma administrativa, segundo esse princípio, deve ser interpretada e aplicada da forma que melhor garanta a realização do fim público a que se dirige.

O que da sentido a uma norma é precisamente a finalidade a que se destina. Portanto, é na finalidade da lei que reside o critério norteador de sua correta aplicação, pois é em nome de um dado objetivo que se confere competência aos agentes da Administração Pública.

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Naturalmente, é necessário analisar o caso concreto (suas circunstâncias) se o ato em exame atendeu ou concorreu para o atendimento do específico interesse público almejado pela previsão normativa genérica, ou seja, atingiu sua finalidade.

b) Princípio da motivação

A motivação é uma exigência do Estado de Direito, ao qual é inerente, entre outros direitos dos administrados, o direito a uma decisão fundada, motivada, com explicitação dos motivos. Assim, esse princípio determina que a autoridade administrativa deve apresentar as razões que a levaram a tomar uma decisão.

A ausência desse princípio (decisão sem a explicitação dos motivos) torna-se extremamente difícil sindicar, sopesar ou aferir a correção daquilo que foi decidido. Portanto, é essencial que se apontem os fatos, as inferências feitas e os fundamentos da decisão.

Assim, a falta de motivação (a qual afere a verdadeira intenção do agente) no ato discricionário abre a possibilidade de ocorrência de desvio ou abuso de poder, dada a dificuldade ou, mesmo, a impossibilidade de efetivo controle judicial.

De acordo com art. 50 da Lei Federal nº 9.784/99, os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

a) neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; b) imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

c) decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; d) dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; e) decidam recursos administrativos;

f) decorram de reexame de ofício;

g) deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

h) importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

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A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

Por fim, necessário se faz destacar que a motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais deve constar em ata ou de termo escrito específico.

c) Princípio da razoabilidade

O princípio da razoabilidade está implícito na Constituição Federal, sendo muito utilizado pela doutrina e pelos Tribunais Superiores. Origina-se da idéia de razoabilidade da doutrina norte-americana, e foi derivado do princípio do devido processo legal.

O principio da razoabilidade, também chamado de princípio da proporcionalidade ou princípio da adequação dos meios aos fins, é um método utilizado no Direito Constitucional brasileiro para resolver a colisão de princípios jurídicos, sendo estes entendidos como valores, bens, interesses.

A essência do princípio da razoabilidade é o senso comum, ou mais exatamente, de bom senso, aplicada ao Direito. Esse bom senso (jurídico) se faz necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito.

Portanto, de acordo como o princípio da razoabilidade terá a Administração Pública que obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional. Nesse passo, o administrador terá a liberdade de adotar a providência mais adequada dentre aquelas cabíveis, não pode ele, naturalmente, transpor os limites estabelecidos em lei.

Essa razoabilidade (bom senso) outorga ao administrador ponderar sobre o que melhor possa atender ao interesse público naquela situação.

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Isto posto, necessário se faz destacar, que o ato administrativo que não observa o princípio da razoabilidade, não está em conformidade com a Lei, e assim, é passível de controle pelo Poder Judiciário.

d) Princípio da proporcionalidade

Apesar da importância da proporcionalidade para o direito constitucional, a comunidade científica ainda não formou um consenso em torno de sua terminologia. Dentre os termos utilizados na linguagem jurídica, relativos a proporcionalidade, temos: princípio da proporcionalidade, preceito da proporcionalidade, dever de proporcionalidade, proibição de excesso, proibição de não-suficiência e regra da proporcionalidade. No Brasil, o termo mais usual é o princípio da proporcionalidade.

O princípio da proporcionalidade é utilizado como método de solução e tem a função primária de preservar direitos fundamentais. Pois, verifica-se que os direitos fundamentais vivem em uma tensão permanente, limitando-se reciprocamente, isto é, ora um prevalecerá em detrimento do outro, ora acontecerá o contrário.

De fato, as normas constitucionais de um modo geral, sobretudo as definidoras de direitos fundamentais, muitas vezes, se encontram em situações conflitantes, daí surge o princípio da proporcionalidade como um instrumento utilizado para melhor solucionar tais conflitos.

As colisões de direitos fundamentais são exemplos típicos de casos difícil solução. Assim se caracterizam, porque o que colidem, são direitos fundamentais expressos por normas constitucionais, com idêntica hierarquia e força vinculativa, o que torna imperativa uma decisão, que satisfaça os postulados da unidade da Constituição, da máxima efetividade dos direitos fundamentais e da concordância prática.

A solução da colisão é necessária, e, além da utilização dos princípios ou postulados específicos da interpretação constitucional, exige sobre tudo a aplicação do princípio da proporcionalidade e a argumentação consistente.

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Cabe destacar que se vem admitindo a aplicação da regra da proporcionalidade para obrigações de ações positivas. Nessa hipótese, a regra da proporcionalidade é aplicada no sentido da proibição da não-suficiência (proibição da insuficiência).

Por esse caminho, o da proibição de não-suficiência, a regra da proporcionalidade exige que o Legislativo, bem como o Executivo, ao vincularem-se a uma obrigação, não deixem de promover os limites mínimos. Assim, o Estado estaria limitado, de um lado, por meio dos limites superiores da proibição de excesso e, de outro lado, por meio de limites inferiores da proibição de não-suficiência (proibição da insuficiência).

O princípio da proporcionalidade, fruto da inspiração germânica, tem se tornado mais presente em nosso ordenamento jurídico, isto graças à doutrina e jurisprudência constitucional brasileira. Este princípio tem a função primária de preservar os direitos fundamentais.

Portanto, o princípio da proporcionalidade decorre de um juízo de adequação da medida adotada, para que esta possa alcançar o fim proposto (objetivo); através de uma reduzida interferência sobre direitos fundamentais individuais, limitando-se ao estritamente necessário para atingir a finalidade que a justifica; e, através de uma justa medida de ponderação (bom senso) de interesses ao caso concreto.

Por fim, tem-se que a utilização do princípio da proporcionalidade com a ponderação dos direitos fundamentais ou princípios constitucionais, deve ser feita à luz do caso concreto quando, de fato, haja uma colisão entre os mesmos, sem a necessária concordância entre ambos.

e) Princípio da ampla defesa

A nossa Carta Magna, em seu art. 5º inciso LV, assegura aos litigantes em geral, tanto na esfera administrativa quanto judicial, o direito à defesa, com os meios a ela inerentes.

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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

O princípio da ampla defesa agrega todos meios para isso necessários, tais como: assegurar o acesso aos autos, possibilitar a apresentação de razões e documentos, produzir provas testemunhais ou periciais e conhecer os fundamentos e a motivação da decisão proferida.

Assim, o direito à ampla defesa impõe à autoridade o dever de fiel observância das normas processuais e de todos os princípios jurídicos incidentes sobre o processo.

f) Princípio do contraditório

O princípio do contraditório determina que a parte seja efetivamente ouvida e que seus argumentos sejam efetivamente considerados no julgamento.

Para tal, a instrução do processo deve ser contraditória, ou seja, é essencial que ao interessado ou acusado seja dada a possibilidade de produzir suas próprias razões e provas e, mais que isso, que lhe seja dada a possibilidade de examinar e contestar argumentos, fundamentos e elementos probantes que lhe sejam favoráveis.

g) Princípio da segurança jurídica

O princípio da segurança jurídica, também chamado de princípio da estabilidade das relações jurídicas impede a desconstituição injustificada de atos ou situações jurídicas, mesmo que tenha ocorrido alguma inconformidade com o texto legal durante sua constituição.

Ocorre que a desconstituição do ato ou da situação jurídica por ele criada pode ser mais prejudicial do que sua manutenção. Assim, não há razão para invalidar ato que tenha atingido sua finalidade, sem causar dano algum, seja ao interesse público, seja a direitos de terceiros.

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h) Princípio do interesse público

A própria nomenclatura - Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado - por si só, já da dimensão do seu intento.

Portanto, a finalidade da lei sempre será a realização do interesse público, entendido como o interesse da coletividade (comum). Cada norma visa a satisfação de um determinado interesse público, mas a concretização de cada específico interesse público concorre par a realização do interesse público em sentido amplo (interesse de todos os cidadãos).

Trata-se, da preservação do interesse coletivo (público), o qual resulta (nasce) do conjunto dos interesses que os indivíduos, pessoalmente têm, quando considerados em sua qualidade de membros da sociedade.

De acordo com Grau (2005, p. 142-143)

Os princípios gerais do direito não são resgatados fora do ordenamento jurídico, são, na verdade descobertos no seu interior, o que equivale dizer que, já estão positivados, ou seja, são simplesmente reconhecidos no instante do descobrimento do princípio. Eles não preexistem externamente ao ordenamento, sendo descobertos justamente porque já se encontravam em estado de latência no interior de determinado ordenamento jurídico. Os princípios implícitos, são descobertos em textos normativos do direito posto ou no direito pressuposto de uma determinada sociedade. O direito, então, brota da sociedade, e, quando o estado põe a lei torna-se direito posto (direito positivo). A elaboração do direito posto é condicionada pelo direito pressuposto, não podendo ser criado arbitrariamente, mas tem o condão de modificar o direito pressuposto. O direito pressuposto é, portanto, a sede dos princípios.

Portanto o CTB apresenta certa complexidade na aplicação das penalidades previstas no seu art. 256, pois no Capítulo II, que trata do Sistema Nacional de Trânsito, em sua Seção II da Composição e da Competência do Sistema Nacional de Trânsito, o legislador, atribuiu competências ao Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN), Conselho de trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE), Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), órgãos executivos e rodoviários municipais, Polícia Rodoviária Federal e Juntas Administrativas de

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Recursos e Infrações (JARI), sendo que todo o Sistema Nacional de Trânsito é coordenado e subordinado ao Ministério das Cidades.

O CTB determinou no seu artigo 12 que é de competência do CONTRAN estabelecer as normas regulamentares referidas neste código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito, definiu ainda o CTB quais as penalidades que cada órgão ou entidade de trânsito poderá aplicar e da possibilidade de realização de convênios com outros órgãos). O CONTRAN instituiu a tabela de distribuição de competência dos órgãos executivos de trânsito(quais tipos infracionais que cada órgão terá competência legal para fiscalizar) de acordo com a Resolução n° 66, de 23 de setembro de 1998 do CONTRAN

Para ilustrar vamos imaginar que a Policial Militar em Ijuí, RS, numa fiscalização de rotina constata que determinado condutor não possui Carteira Nacional de Habilitação e não é o proprietário do veículo.

Inicialmente é importante salientar que por força do CTB às Policias Militares não fiscalizam trânsito exceto se mantiverem convênio com órgãos que detém competência para fiscalização de trânsito para esta tipificação de infração de trânsito (que é o ESTADO), o policial militar lavrará auto de infração e dentro das possibilidades colherá assinatura do infrator, valendo esta como notificação do cometimento da infração, como esta é uma infração de responsabilidade solidária de infrator e proprietário, vejamos o condutor infrator foi notificado do cometimento da infração pois foi colhida sua assinatura no ato faltando portanto a expedição da notificação do cometimento da infração ao proprietário do veículo, que deverá ser expedida no prazo máximo de 30 dias após o cometimento da infração(Resolução n°149, de 19 de setembro de 2003 do CONTRAN), da qual os infratores poderão apresentar a defesa da autuação com prazo estipulado nunca inferior a quinze dias do recebimento da notificação, portanto os infratores detém a faculdade de apresentar defesa até a data aprazada à autoridade de trânsito do órgão autuador, que será julgada, caso procedente o Auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente e comunicado o proprietário do veículo, caso improcedente será expedida Notificação de Imposição da Penalidade, notificado o proprietário, abre-se o prazo para recurso que não será inferior a 30 dias e a data limite para

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apresentação é coincidente com o vencimento no caso de multa, a autoridade que penalizou receberá o recurso e enviará para a JARI, que julgará o recurso, caso improcedente será notificado o proprietário que poderá pagar a multa até o vencimento e recorrer para a segunda instância administrativa, que poderá ser o CETRAN ou Colegiado especial composto pelas JARIs do órgão da união, dependendo ser o órgão responsável pela imposição da penalidade estadual, municipal ou da união respectivamente.

No caso de suspensão do direito de dirigir e cassação da habilitação estas penalidades sempre serão impostas pelo DETRAN quando presentes os requisitos pelo que ensejam a aplicação, será aberto processo administrativo e notificado o infrator que poderá apresentar recurso, caso improvido poderá recorrer em 2ª instância para o CETRAN ou para o CONTRAN, dependendo da competência do órgão pela tipificação da infração.

Portanto nem o CTB nem as normas complementares contemplam processo administrativo para imposição de advertência por escrito, para apreensão do veículo, cassação da permissão para conduzir nem para frequência obrigatória em curso de reciclagem, demonstrando o indevido processo legal para aplicação das penalidades previstas por este instituto, pois sequer a Resolução nº 182/2005 do CONTRAN no art. 20 não trata esta última penalidade como tal, apenas como “curso reciclagem”.

1.4 As medidas administrativas do CTB

Medidas Administrativas são atos administrativos, com os atributos de presunção de legitimidade, imperatividade, auto-executoriedade e tipicidade, de competência da Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via ou seus agentes.

Ensinam Alexandrino, Marcelo e Paulo, Vicente (2009, p. 454-456):

A presunção de legitimidade ou presunção de legalidade é um atributo presente em todos os atos administrativos, quer imponham obrigações, quer reconheçam ou confiram direitos aos administrados. Esse atributo deflui da própria natureza do ato administrativo, está presente desde o nascimento do ato e independe de norma legal que o preveja.

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A auto-executoriedade é qualidade própria dos atos inerentes ao exercício de atividades típicas da administração, quando ela está atuando na condição de poder público. A necessidade de defesa ágil dos interesses da sociedade justifica essa possibilidade de a administração agir sem prévia intervenção do Poder Judiciário.

A imperatividade decorre do denominado poder extroverso do estado. Essa expressão é utilizada para representar a prerrogativa que o poder público tem de praticar atos que extravasam sua própria esfera jurídica e adentram a esfera alheia, alterando-a, independentemente da anuência prévia de qualquer pessoa. (p.454-457)

Elas tem como objetivo principal e prioritário a proteção à vida e à incolumidade física das pessoas, evitar que certas infrações continuem ou se repitam, com todas as suas consequências, assim como servir de instrumento para aplicação de algumas penalidades administrativas do CTB.

Para diversos tipos infracionais previstos no CTB do art.162 ao art.255, há previsão de implementação de mais de uma medida administrativa por infração cometida.

Não suprimem a aplicação das penalidades por infrações estabelecidas no CTB, há situações em que são implementadas em caráter complementar a estas. Diferentemente da penalidade, a aplicação de medida administrativa independe de processo administrativo.

Nem sempre elas serão executadas de imediato à autuação já que algumas delas dependem da aplicação da penalidade, como no caso do recolhimento da habilitação derivada da suspensão do direito de dirigir, bem como, da remoção do veículo no caso da aplicação da penalidade de apreensão do veículo.

Elencadas no art. 269 do CTB assim descritas: a) retenção do veículo;

b) remoção do veículo;

c) recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação; d) recolhimento da Permissão para Dirigir;

e) recolhimento do Certificado de Registro; f) recolhimento do Certificado de Licenciamento; g) transbordo do excesso de Carga;

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h) realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;

i) recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.

j) realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e de direção veicular

Iremos desenvolver agora cada uma das medidas administrativas acima elencadas.

Retenção do veículo

Medida administrativa que deverá ser aplicada toda vez que for cometida infração de trânsito e que o código preveja para esta infração a aplicação desta medida e excepcionalmente a adoção ainda de outra para a mesma infração cometida.

Ex: Art.165 Dirigir sob influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determina dependência. – Medida Administrativa – Retenção do veículo até apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação.

A retenção do veículo significa que o veículo deverá permanecer no local do cometimento da infração por um lapso temporal necessário apenas para regularização desde que as circunstâncias assim o permitam.

As infrações de trânsito previstas pelo CTB encontram-se todas descritas no capítulo XV do CTB, do artigo 162 ao 255.

Remoção do veículo

Trata-se de medida administrativa que independe de processo e que tem a finalidade de cessar a violação da norma, através da retirada do veículo de

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determinado local, utilizando-se de guincho ou similar, o qual é encaminhado para depósito fixado pela autoridade com circunscrição sobre a via.

ABREU, Waldir de(1998, p.120) relaciona a remoção do veículo à finalidade de desobstrução da via pública:

A remoção do veículo é medida administrativa que tem por objetivo proceder à desobstrução da via pública, em favor de seus usuários, seja nos acostamentos ou calçadas, ou onde lhe seja vedado permanecer.

Rizzardo (2003, p.120) destaca a necessidade de remoção para um local permitido ou determinado pela Autoridade de Trânsito:

A remoção equivale ao deslocamento ou ao afastamento de um local onde se encontra o veículo para um local permitido ou ordenado pela autoridade. Retira-se ou afasta-se de um lugar inconveniente o bem, para desobstruir, a via ou o passeio. O sentido é mais profundo do que uma simples transferência de posição ou lugar, eis que requer a colocação em lugar permitido ou determinado.

A medida administrativa de remoção do veículo, entretanto, não está associada apenas às infrações relacionadas a estacionamentos irregulares, mas também a outras infrações em que está prevista a penalidade de apreensão do veículo. Assim, entende-se que a remoção do veículo visa restabelecer as condições de segurança e a fluidez da via e, ainda, possibilitar a aplicação da penalidade de apreensão do veículo. Consiste em deslocar o veículo do local onde é verificada a infração, para depósito fixado pela Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via (artigo 271 do CTB).

Adotando a melhor doutrina, considera-se que a remoção do veículo deixará de ser aplicada, como medida administrativa, se o responsável estiver presente e se dispuser a retirá-lo do local em que se encontra estacionado de forma irregular, desde que isso ocorra antes que o veículo destinado à remoção esteja em movimento com destino ao depósito fixado pela Autoridade de Trânsito. Conforme o habeas corpus nº 63.065, relatado pelo Desembargador Euclides Custódio Silveira do Tribunal de Justiça de São Paulo (apud PINHEIRO, 2001, p. 482):

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É ilegal o guinchamento de veículo estacionado momentaneamente em local proibido se o responsável presente dispõe-se a retirá-lo incontinenti. Assim, opondo-se ele a insistência do guarda de trânsito em executar o ato ilegal, não comete o crime de resistência ou qualquer outro.

Este procedimento não se aplica aos casos em que o veículo deva ser removido em decorrência da previsão de penalidade de apreensão do veículo. Como se vê, a remoção do veículo e a retenção do veículo, não se confundem, pois são medidas administrativas distintas com natureza jurídica diversa.

Recolhimento da carteira nacional de habilitação

Medida Administrativa que será adotada de acordo com a previsão do CTB para a infração cometida .

Medida esta assim denominada pois trata-se do recolhimento daquelas habilitações de condutores que não se encontram mais naquele período de doze meses que poderíamos denominar “condutores permissionários” e condutores efetivos.

Ex: Art.173. Disputar corrida por espírito de emulação. Medida Administrativa: Recolhimento do documento de habilitação.

Portanto como é previsível que condutores “permissionários” cometam esta infração aos moldes de condutores efetivos, o legislador denominou a medida administrativa neste caso como recolhimento do documento de habilitação tendo em vista que o infrator poderia ser qualquer um deles e ser denominada de recolhimento da permissão para dirigir.

Esta medida está prevista para todos aqueles tipos infracionais em que a pena prevista além da multa é também a suspensão do direito de dirigir.

Evidentemente que recolher o documento de habilitação por ocasião da constatação da infração caracteriza pelo menos o cerceamento do direito ao contraditório e a ampla defesa.

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Recolhimento da permissão para dirigir

Medida administrativa já abordada no item anterior por tratar-se do recolhimento do documento de habilitação daquele infrator permissionário ao qual foi concedido a oportunidade de conduzir veículos automotores por doze meses e após senão cometer nenhuma infração gravíssima, grave ou reincidente de infração média estaria apto a receber a habilitação efetiva com validade de cinco anos.

É notório que o legislador optou para fazer distinção de ambos documentos de habilitação porém com a mesma finalidade, até para uma melhor compreensão do texto legal.

Ambos documentos de habilitação serão recolhidos além das previsões pelos tipos infracionais, quando houver suspeita de inautenticidade ou adulteração, sempre com contra recibo

Recolhimento do certificado de registro

Medida administrativa que será aplicada para aqueles tipos infracionais previstos e se houver suspeita de inautenticidade ou adulteração, ou se alienado o veículo, não for transferida sua propriedade no prazo de trinta dias.

Medida esta de complexa implementação, tendo em vista que o Certificado de Registro não é documento de porte obrigatório na condução de veículo automotor, logo o condutor ou proprietário não portarão este documento.

O verso do Certificado de registro é utilizado para realizar a transferência do veículo por ocasião da venda.

Recolhimento do certificado de licenciamento anual

Medida administrativa que será implementada sempre quando o tipo infracional prever que ela seja executada. As autoridades de trânsito ou seus agentes deverão recolhê-lo sempre que o tipo infracional prever a penalidade de

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apreensão do veículo e ou quando um veículo for retido por alguma irregularidade e esta não puder ser satisfeita no local da fiscalização, tão logo satisfeita e apresentado o veículo regularizado será restituído o Certificado de Licenciamento Anual (CLA), importante salientar que o recolhimento de documentos sempre se dará contra recibo.

Devendo ser recolhido também sempre que houver suspeita de inautenticidade ou adulteração e devendo ser comunicada a autoridade policial do tipo penal infringido.

Recolher o Certificado de licenciamento e de registro sempre que o artigo do tipo infracional prever a penalidade de apreensão do veiculo é ato abusivo e ilegal, mas infelizmente o CTB prevê estes procedimentos havendo o cerceamento do direito fundamental de ir e vir e o direito a ampla defesa e o contraditório, pois é proibido a circulação com veículo automotor sem possuir documentos de porte obrigatório e ao mesmo tempo recolhendo o documento sem o devido processo legal.

Transbordo do excesso de carga

Medida Administrativa implementada pelas autoridades ou seus agentes dos órgãos de trânsito fiscalizadores de veículos transportadores de cargas diversas.

Toda vez que for flagrado o veículo transportador de carga com excesso de peso, por ocasião da fiscalização através de balança rodoviária ou através do documento fiscal de porte obrigatório do transportador, será autuado, retido até a realização da descarga do excesso verificado para posterior prosseguimento na sua viagem.

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Realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica

Medida administrativa adotada sempre que condutores envolverem-se em acidentes de trânsito ou forem alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob influência de álcool.

Os respectivos testes serão realizados com o emprego de aparelhos homologados pelo CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), conhecidos popularmente por bafômetros e etilômetros.

O CTB estabelece que o agente poderá caracterizar a ingestão de bebidas alcóolicas mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor.

Serão aplicadas as medidas administrativas estabelecidas no Art.165 do CTB, ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos do caput do Art. 277 do CTB.

Art. 277. Todo condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia , exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos , em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitem certificar seu estado.

O legislador com a redação deste artigo garantiu ao condutor de veículo automotor o direito fundamental de não produzir provas contra si próprio, mas por outro lado aquele condutor que houver fundada suspeita de embriaguez que negar-se a confirmar o negar-seu estado negar-será autuado e negar-será lavrado termo de constatação de embriaguez apontando comportamento e apresentação pessoal do suspeito.

Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos

Medida administrativa com um grau maior de dificuldade para sua implementação tendo em vista muitas vezes a dificuldade de identificação do proprietário dos animais soltos e falta de depósitos para sua colocação e também

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pela falta de regulamentação quanto ao valor das multas e cobrança dos demais encargos.

O CTB prevê o recolhimento destes animais e prevê também que serão levados à hasta pública se não forem reclamados em noventa dias e o dinheiro arrecadado será para fazer frente às despesas de remoção e estada destes animais e o valor remanescente será depositado à conta do proprietário caso for devidamente identificado.

Realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros e de direção veicular

Medida administrativa implementada por ocasião do processo de habilitação em que o candidato a obtenção da primeira habilitação se sujeitará aos exames preliminares de aptidão física, mental(psicológico) e após participará de 30(trinta) horas aula teórica em Centro de Formação de Condutores assim distribuídas: 12 horas/aula de Legislação de Trânsito, 8 horas/aula de Direção defensiva, 4 horas/aula de Noções de Primeiros Socorros, 4 horas/aula de Noções de Proteção e Respeito ao Meio Ambiente e de Convívio Social no Trânsito e 2 horas/aula de Noções Sobre Funcionamento do Veículo de 2 e 4 rodas e após Prática de Direção Veicular 20 hora/aula.

Esta medida é de competência privativa dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do distrito federal(DETRAN), sendo executada pelos Centro de Formação de Condutores(CFC), que são empresas particulares e prestam serviço público.

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2 APLICAÇÃO DE PENALIDADE E MEDIDA ADMINISTRATIVA PARA CONDUÇÃO DE VEÍCULO SEM REGISTRO OU SEM LICENCIAMENTO

Com este capítulo pretendo demonstrar a aplicação correta da legislação de trânsito e advertir para o equivocado abuso na sua aplicação.

2.1 O código de trânsito brasileiro e o direito de propriedade

A Constituição Federal brasileira contempla o direito de propriedade no titulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, por isso o regime jurídico da propriedade no direito brasileiro tem seu fundamento na Constituição. Também não temos dúvida de que a propriedade é direito fundamental desde que o direito iniciou a sua positivação.

No direito Constitucional brasileiro a propriedade deve atender a sua função social(Art.5º, Inc.XXIII, CF). No entanto a função social da propriedade não se confunde com os sistemas de limitação da propriedade no que concerne ao exercício da propriedade pelo proprietário. A função social da propriedade refere-se a estrutura do direito mesmo, à propriedade.

O legislador não levou em consideração a função social da propriedade e outras garantias constitucionais para aprovar o CTB, permanecendo resquício de autoritarismo que vigeu por muitos anos no nosso país. O §2º do art.262 do CTB, determina que os veículos apreendidos somente serão restituídos após o pagamento das multas impostas, taxas e despesas com remoção e estada, ou seja, o proprietário de veículo automotor que vier ser penalizado com a apreensão do veículo está diante da obrigação de pagar todos os débitos relativos a ele para que possa exercer seu direito de propriedade.

Tratando-se da propriedade o veículo automotor, que faz parte da maioria das pessoas, para alguns sendo instrumento de trabalho, para outros um sonho de consumo, independentemente da destinação são uma realidade. No entanto, o veículo automotor é um bem de consumo que chega, em muitos casos, a ter um valor pecuniário igual ou superior ao de um imóvel. De qualquer maneira, é um bem

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que como tal, deve ser exercido sobre ele todas as prerrogativas do direito de propriedade: uso, gozo, fruição e disposição.

Para que possa haver apreensão de um veículo automotor deverá ser observada a garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso LIV, segundo a qual ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, ainda combinado com o direito de acesso à Justiça(art. 5º XXXV), ao contraditório e a plenitude da defesa (art. 5º, LV).

O que realmente ocorre na prática é que os agentes de autoridades de trânsito por ocasião da fiscalização ao se depararem com um tipo infracional que o artigo prevê a remoção do veículo, providenciam a remoção para o Centro de Remoção e Depósito. Ocorre que esta remoção com “status” de apreensão, ocorre porém sem respeitar o devido processo legal, sem oportunizar o contraditório e a ampla defesa, sendo o veículo somente liberado tão logo satisfeitas as obrigações pecuniárias, em especial ao tipo infracional de conduzir veículo sem registro e licenciamento, momento em que o proprietário recolhe os encargos, tributos, multas e despesas com remoção. A sua penalidade é uma verdadeira coação, está extinta, estando liberado o veículo para retornar a circulação.

Este ato eivado de arbitrariedades, fere mortalmente o princípio constitucional do devido processo legal.

Leciona o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, que não há necessidade da retirada definitiva do bem, bastando apenas a suspensão ou o sacrifício de quaisquer atributos inerentes ao direito de propriedade, mormente a posse, para caracterizar a privação. Ou seja, se a autoridade de trânsito irá aplicar a penalidade de apreensão do veículo por 10(dez) dias, por exemplo, ela estará suspendendo a posse do bem, que é atributo legítimo inerente ao direito de propriedade sem observar as garantias constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.

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2.2 O registro e licenciamento de veículos automotores

A competência para o Registro e Licenciamento é do órgão máximo executivo de trânsito da União (DENATRAN) conforme preceitua o art. 19 inc.VII do CTB: Expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacional de Habilitação , os Certificados de Registro e de Licenciamento Anual mediante delegação aos órgãos executivos dos Estados e do Distrito Federal (DETRAN).

Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, por sua vez, têm descritas as suas competências no art. 22 Inc. III do CTB: Vistoriar, inspecionar quanto às condições de segurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão federal competente.

Todos os veículos automotores, elétricos, articulados, reboque ou semi-reboque, são identificados pelo fabricante através de um número, combinando caracteres alfanuméricos de acordo com a legislação específica, conhecido como n° do chassi.

No entanto, todo veículo deverá ser registrado, seja ele de fabricação nacional, estrangeira ou até mesmo de fabricação artesanal previsto pela legislação pertinente.

Expressamente o CTB estabelece no art. 120 que todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou Distrito Federal (DETRAN), no município de domicílio ou residência de seu proprietário, na forma da lei.

Após o Registro será expedido o respectivo certificado conforme prevê o art. 121, de acordo com os modelos e especificações estabelecidos pelo CONTRAN, contendo as características e condições de invulnerabilidade à falsificação e à adulteração.

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Quanto ao licenciamento dos veículos o CTB disciplina no art. 130 que todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.

Ressalta o código que o primeiro licenciamento será feito simultaneamente com o registro.

O § 2º do art. 131, determina que o veículo somente será considerado licenciado estando quitados os débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados ao veículo, independentemente pelas infrações cometidas. No entanto, o CTB prevê que quem não licenciar seu veículo na data aprazada anualmente estará cometendo infração de trânsito. Neste caso, a infração é considerada gravíssima, a penalidade é de multa e apreensão de veículo, a medida administrativa é de remoção do veículo, porém só será implementada após a imposição da penalidade de apreensão do veículo.

Quando o CTB prevê a quitação de débitos relativos a tributos está implícito o IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores). O IPVA é de natureza tributária, não podendo existir a retenção do bem, como forma de coerção para pagamento do tributo e sim a ação própria que é a Ação de Execução Fiscal de acordo com a lei 6.830/1985.

A Constituição Federal determina no art. 5º, inc. LIV que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.

O legislador equivocadamente, ou propositadamente, tipificou como infração de trânsito o não pagamento de um imposto (IPVA). No entanto, pelo não pagamento do imposto na data aprazada já está previsto multa e atualização monetária dos valores devidos. Perdurando o não pagamento, irá se incluir o valor em Dívida Ativa Estadual, não conseguindo retirar certidões negativas estaduais, sem falar que por ocasião da venda deste bem, seu proprietário não conseguirá fazer a transferência sem realizar a quitação do pagamento do imposto.

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É correta a cobrança de taxas, tributos legalmente previstos, para a expedição do Certificado de Licenciamento do Veículo.

Tratar falta de pagamento de imposto (IPVA) como infração de trânsito e em caso de fiscalização coercitivamente retirar o veículo do proprietário é descabido, pois o remédio jurídico cabível ao estado é a Ação de Execução Fiscal conforme lei federal nº6830/1985. Ademais, o CTB nas suas disposições preliminares contempla que os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao sistema nacional de trânsito deverão dar prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente, não pagar imposto na data aprazada não impõe risco a ninguém. Já quanto ao princípio da ampla defesa, ao processo administrativo do CTB na aplicação das penalidades, para não deixar dúvidas quanto a aplicação das penas, deverá notificar o proprietário do veículo automotor do cometimento da infração e da imposição da penalidade, sob pena de caracterizar o indevido processo legal para imposição destas.

2.3 A infração de trânsito por falta de registro e/ou de licenciamento e as consequências estabelecidas pelo CTB

Capitulada no art. 230 inc. V do CTB: Conduzir o veículo que não esteja registrado e devidamente licenciado, a medida administrativa prevista é de remoção do veículo e a penalidade a ser aplicada é de multa e apreensão do veículo.

Por determinação legal todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semi-reboque, deve ser registrado perante o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal (DETRAN), no município de domicílio ou residência do seu proprietário na forma da lei.

Todo veículo automotor, elétrico, articulado, reboque ou semi-reboque, para transitar na via, deverá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver registrado o veículo.

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Será considerado licenciado o veículo estando quitados os débitos relativo a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vinculada ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas.

Determina a Constituição Federal no seu art. 5º, inc. LIV que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.

O art. 1º do CTB estabelece:

§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

§3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação ou omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito de trânsito seguro.

§5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.

No entanto, hodiernamente os veículos que devem ser licenciados que forem alvo de fiscalização, por ocasião da sua abordagem e se encontrarem com o licenciamento vencido ou sem registro que é em regra os veículos novos que tem a prerrogativa de circularem por 15 dias consecutivos entre a fábrica ou importador até o município de destino, a partir deste momento se o veículo for flagrado circulando sem registro e sem licenciamento, equivale-se ao veículo com licenciamento vencido, configurando o tipo infracional de “conduzir veículo que não esteja

registrado e devidamente licenciado” momento em que será lavrado auto de

infração e removido o veículo para o depósito credenciado denominado Centro de Remoção e Depósito.

No entanto a medida administrativa prevista neste tipo infracional é a de “Remoção do Veículo” medida esta que tem o condão de desobstruir a via pública ou passeio para um lugar permitido ou para um local determinado pela Autoridade de Trânsito

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Rizzardo (2003, p.120) destaca a necessidade de remoção para um local permitido ou determinado pela Autoridade de Trânsito:

A remoção equivale ao deslocamento ou ao afastamento de um local onde se encontra o veículo para um local permitido ou ordenado pela autoridade. Retira-se ou afasta-se de um lugar inconveniente o bem, para desobstruir, a via ou o passeio. O sentido é mais profundo do que uma simples transferência de posição ou lugar, eis que requer a colocação em lugar permitido ou determinado.

A medida administrativa de remoção do veículo, entretanto, não está associada apenas às infrações relacionadas a estacionamentos irregulares, situação em que é aplicada sempre após o cometimento da infração de obstrução da via, calçadas ou passeio e para implementar o cumprimento da penalidade de apreensão do veículo de até 30 dias de acordo com resolução n°53/98 do CONTRAN.. Assim, entende-se que a remoção do veículo visa restabelecer as condições de segurança e a fluidez da via e, ainda, possibilitar a aplicação da penalidade de apreensão do veículo que consiste em deslocar o veículo do local onde é verificada a infração ou local onde encontrar-se o veículo quando a penalidade de trânsito for imposta e não apresentado o veículo à autoridade impetrante da penalidade para cumprimento da pena, o veículo será removido para o depósito fixado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via (artigo 271 do CTB).

Há um equívoco na interpretação da norma jurídica com referência à aplicação da medida administrativa pois o sentido da remoção conforme descrito no item 1.3, demonstra que remover o veículo significa desobstruir a via ou o passeio e aplicada ainda supletivamente à imposição da penalidade de apreensão do veículo para que seja removido para o local determinado pela autoridade de transito para a retirada de circulação deste veiculo por um período de até 30 dias conforme Resolução 53/98 CONTRAN.

Conforme Manual de legislação de trânsito, PAULUS (2008, p.1299) este contempla o ofício n° 1239/CGJF DENATRAN datado de 05 de setembro de 2005, em resposta à solicitação feita pelo Diretor-Geral do Departamento de Polícia

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