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Envelhecimento e grupo de convivência : reflexão e prática

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

MÁRCIA CRISTINA ALMEIDA

ENVELHECIMENTO E GRUPO DE CONVIVÊNCIA: REFLEXÃO E PRÁTICA

Monografia de conclusão de Curso de Serviço Social

Ijuí, RS. 2011

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ENVELHECIMENTO E GRUPO DE CONVIVÊNCIA: reflexão e prática

Monografia apresentada para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, no Curso de Serviço Social do Departamento de Ciências Sociais, na Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS.

Orientador: Prof. Dr. Walter Frantz

Ijuí, RS. 2011

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ENVELHECIMENTO ATIVO E GRUPO DE CONVIVÊNCIA: Reflexão e Prática

Monografia apresentada para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, no Curso de Serviço Social do Departamento de Ciências Sociais, na Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS.

Banca Examinadora:

... Prof. Dr. Walter Frantz – DCS (UNIJUÌ)

... Profa. Ms. Nadia Scariot – DCS (UNIJUI)

Conceito:...

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DEDICATÓRIA

Ao tempo que tudo transforma e recria e a Deus que possibilita a renovação e os caminhos.

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“Atualmente, envelhecer não é mais um privilégio reservado a poucas pessoas. E envelhecer gozando de qualidade de vida, traduzida por autonomia para se deslocar, por um sentimento de autoestima, pelo prazer de sentir-se útil à família e porque não à sua comunidade, conhecendo e tendo acesso a seus direitos fundamentais, é para a pessoa idosa uma merecida conquista que deve tornar-se diária. A realidade de chegar a terceira idade não é mais um fardo pesado para a sociedade, mas o poder público deve ter o cuidado de trabalhar com ações preventivas direcionadas à autonomia e à manutenção da saúde do idoso”. (VERAS, 1999)

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal identificar a importância da formação de Grupos de Convivência para Idosos na perspectiva do envelhecimento ativo, como alternativa de ação do Serviço Social inserida nas diretrizes da nova Política Nacional do Idoso, que está consubstanciada na Lei nº. 8.842/94, Lei Orgânica da Assistência Social/LOAS. Segundo define esta Lei, “Envelhecer é um fenômeno social e pelo qual a sociedade e o poder público devem responsabilizar-se, através dos princípios de promoção da autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”. A metodologia utilizada para a pesquisa apresenta caráter observatório, descritivo e qualitativo, e teve como âncora a formação de um Grupo de Convivência para Idosos durante a realização da prática do Estágio Curricular III, no CRAS do município de Panambi, no Estado do Rio Grande do Sul, além de estudos referentes ao Envelhecimento. A prioridade da ação centrou-se no atendimento à população idosa de determinado bairro, em situação de vulnerabilidade social, com oferta de serviços de ordem cultural, informativa e recreativa, culminando com a divulgação dos direitos conquistados a partir do advento do Estatuto do Idoso e suas garantias, para esta população. O conhecimento obtido resultou na comprovação da importância que os Grupos de Convivência possuem quando se pretende priorizar o acesso dos mais velhos às políticas sociais e aos direitos garantidos em Lei. As ações envolveram e comprometeram os idosos com atividades de socialização, cultura e informação, e despertaram os sujeitos para a importância da participação social como forma de garantir a sua dignidade e a inclusão comunitária nessa fase da vida.

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento. Grupo de Convivência. Políticas Públicas para Idosos.

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LISTA DE SIGLAS

BPC – Benefício de Prestação Continuada CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social CRAS – Centro de Referência de Assistência Social ESF – Estratégia de Saúde da Família

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas

PNAD – Programa Nacional de Amostra por Domicílios PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PNI – Política Nacional do Idoso PSB – Proteção Social Básica

PSF – Programa de Saúde da Família SESC – Serviço Social do Comércio

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...10

1 O ENVELHECIMENTO NO SÉCULO XXI ...15

1.1 A Descoberta Do Envelhecimento Pela Sociedade ...20

1.1.1. Envelhecimento Ativo ...22

1.2. Leis E Políticas Sociais Para Garantia De Direitos...23

2 SERVIÇO SOCIAL...27

2.1 O Serviço Social e suas determinações profissionais ...30

2.1.1 Lei Orgânica da Assistência Social/ LOAS...31

2.1.2 Sistema Único de Assistência Social/ SUAS...35

2.1.3 Política Nacional do Idoso/ PNI ...36

2.2 Estatuto do Idoso...37

2.3 O Brasil e as Políticas para idosos ...48

3 GRUPO DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS: PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .50 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...55

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INTRODUÇÃO

O número de idosos cresce no Brasil e no mundo. Diante desta constatação, é urgente pensar ações de cunho social e político que deem conta das demandas trazidas pela nova geração de velhos que surge a partir do século XXI. Esta geração vem motivada pelas descobertas constantes da ciência e da tecnologia e por um conseqüente sentimento de superação que sobrepõe-se, de certa maneira, à idéia de fragilidade na fase da velhice.

A presente monografia versa sobre as perspectivas e desafios para o trabalho do Assistente Social com Grupos de Convivência para Idosos, frente ao envelhecimento da população, na sociedade contemporânea. Hoje, tem-se como meta o envelhecimento com qualidade de vida, e há uma busca constante por uma qualidade associada à vários fatores intrínsecos, como saúde, convívio social, acesso à cultura, inclusão. Assim, busca-se discutir a questão do envelhecimento, suas determinações culturais e sociais como expressão das mudanças ocorridas na história das sociedades.

Este trabalho pauta-se pela importância que deve ser dada ao Envelhecimento saudável e ativo. Tem por objetivo específico a tentativa de sensibilizar pessoas e instituições sobre a necessidade de se criar e/ou implantar efetivamente mecanismos sociais de atenção ao idoso, de despertar para o fato de que o cenário social irá mudar em algumas décadas, quando teremos mais idosos inseridos na sociedade, mas que podem continuar ativos e participantes no seu meio social. O Envelhecimento não deve ser tratado apenas com a busca de soluções na área da saúde, ou na área econômica, mas também por efetivas intervenções sociais.

Pretende-se analisar e interpretar esse processo natural na vida do ser humano que, na contemporaneidade, é influenciado pelas mudanças na ordem estrutural das famílias, a partir da luta que estas travam para sobreviver em um mundo globalizado e competitivo, entre muitas outras causas. Nesta perspectiva, destaca-se a importância de se conhecer o processo de envelhecimento natural do ser humano, bem como a evolução social que vem transformando a realidade dos

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que chegam a faixas etárias elevada: de que forma o idoso tem sido resgatado como história viva da humanidade e deve ter seus direitos respeitados e como a sociedade está se organizando para melhor acolhê-lo.

O primeiro capítulo deste trabalho aborda o envelhecimento com as tantas transformações que, no decorrer da história, foram influenciando o ser humano e reconfigurando os valores das sociedades sobre seus idosos até as novas características assumidas na sociedade atual. Transformações essas que, consequentemente, incidiram na vida de famílias inteiras, que precisaram adaptar-se ao novo modelo social. Junto a essa discussão, apresenta-se a nova face do envelhecimento, traduzido por alguns autores como a “melhor idade”, evidenciada pelo pensamento moderno sobre esse fenômeno natural e social.

Na seqüência, abordam-se as diferentes concepções de qualidade de vida, assumidas por boa parte das sociedades, evidenciadas pela mídia, que reestrutura o modo de ver o velho: o “novo velho” do século XXI. Também se destaca o tratamento destinado aos sujeitos que, talvez na fase mais frágil de suas vidas, durante muito tempo, foram vistos como pessoas incapazes, sem direitos e igualados à condição de dependentes e pesados fardos para suas famílias. Realidade esta, que está tomando nova forma através das políticas sociais destinadas ao idoso, pelas garantias de direitos essenciais previstos na Política Nacional do Idoso e efetivadas em seu Estatuto. Essa concepção de fragilidade, abandono social e familiar, não sem tempo, está deixando de existir.

Um envelhecimento saudável parte de políticas públicas destinadas à população idosa e pode tornar-se possível mediante sua efetivação. A aparente fragilização física, emocional e social do ser humano, na fase do envelhecimento, carece da atenção do poder público e da sociedade. Essa fragilidade pode ser minimizada por meio da oferta de políticas sociais que incentivem a realização de atividades cotidianas, através de uma assistência social que promova autonomia e emancipação aos idosos em situação de vulnerabilidade na sociedade.

O segundo capítulo centra o debate a partir das novas perspectivas para o trabalho do Assistente Social, apresentando a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), partindo das práticas assistencialistas, que marcaram a origem do Serviço Social. As políticas sociais assumidas pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e como este sistema se organiza no atendimento às necessidades da

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proteção social ao idoso e regula a seguridade social através da articulação de serviços continuados, benefícios, programas e projetos.

Apresenta-se a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, dando ênfase para a garantia de direitos previstos em lei, contextualizando com a conquista obtida na implantação do Estatuto do Idoso no Brasil em 2003. Este tratou de valorizar a pessoa idosa garantindo-lhe seus direitos fundamentais, reconhecendo que esta parcela da população deve receber maior respeito e atenção do Estado, da família e da sociedade civil.

O Estatuto do Idoso reconhece a importância que possuem os idosos como cidadãos, os quais deram sua parcela de contribuição social e merecem garantir sua dignidade.

Considerando a importância da inserção do trabalho do Assistente Social com idosos, na seqüência deste capítulo, discute-se a implementação das políticas sociais para o idoso como usuário do Serviço Social, pois estes estão também inseridos nas expressões da questão social, resultado da desigualdade vivenciada em nossa sociedade, seja em seu aspecto social, econômico, político e/ou cultural, e demandam intervenção. Pretende-se identificar as políticas sociais destinadas ao segmento idoso e sua relação com o trabalho do Serviço Social como suporte à sua viabilização.

O terceiro capítulo evidencia a experiência da autora, obtida através da intervenção com um grupo com idosos, acreditando ser esta uma alternativa essencial ao resgate de valores para socialização e humanização e, de certa forma, proteção aos idosos, na afirmação de políticas públicas com ações centradas para essa geração.

Para isso, apresenta-se a forma como as políticas públicas brasileiras (recentes) vêm sendo destinadas e efetivadas para o idoso. De outro modo, considera-se que, muitas vezes, o Assistente Social encontra barreiras de ordem política e cultural, que trazem dificuldades para cumprir seu “papel” social, precisando de apoio e proteção do poder público, através do reconhecimento das inúmeras expressões da questão social, para então efetivar o que está garantido em Lei.

É preciso que o profissional do Serviço Social seja comprometido e propositivo frente às demandas apresentadas pelos usuários. Na abordagem do tema referente

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à intervenção, tem-se em conta as propostas elaboradas no contexto da Política de Assistência Social e na Política Nacional do Idoso.

É importante destacar que o Grupo de Convivência de Idosos resultante dessa iniciativa, era meu antigo conhecido. Tudo começou anteriormente, no ano de 2007, através de um projeto idealizado na Secretaria da Saúde de Panambi, para hipertensos e diabéticos da terceira idade.

A idéia inicial da secretaria, para a execução e implementação do projeto, de nome Vida Ativa, foi de reunir a população idosa de todos os bairros atendidos pelo Programa de Saúde da Família (PSF), hoje denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF), para atividades recreativas que envolvessem a prática de atividade física, complementando com palestras sobre nutrição, saúde e cuidados essenciais para a melhora na qualidade de vida dos idosos, diminuindo, dessa forma, a procura por medicamentos e integrando esta população a sua comunidade de forma ativa e saudável.

Eu atuei por 2 anos como professora de Educação Física, desde a implementação do projeto nos bairros. Esta foi a minha primeira graduação em curso superior, obtida na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – RS, no ano de 1993. Trabalhei junto aos idosos, como monitora de ginástica e recreação, através do Núcleo de Estudos e apoio à Terceira Idade (NEaTI) do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), na época, década de 1990, coordenado pelo professor Juca de Oliveira, diretor do Núcleo. Sempre me interessei pela população idosa e pela possibilidade de atuar profissionalmente junto à ela.

Formamos o grupo de ginástica nos bairros Pavão/Alvis Klasener, com uma média de 35 idosos, e desde o ano de 2007 essas pessoas são assíduas praticantes de atividade física, e o grupo fortaleceu-se, acreditando na proposta pelos resultados observados na saúde de cada um.

Foi gratificante reencontrá-los um ano e meio depois, ainda reunidos e dispostos a encarar mais uma experiência de grupo, com outros objetivos, não menos importantes, que vem dando certo desde então.

Assim sendo, a metodologia utilizada para intervir com este Grupo de Convivência foi pensada a partir da pesquisa sobre o envelhecimento, sobre as mudanças sociais ocorridas através da história, sobre os padrões de comportamento da sociedade que passou a respeitar a velhice criando leis para proteção do idoso. A partir disto, montou-se um planejamento para a explanação dos temas ao grupo,

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com abertura para debates e questionamentos, em encontros quinzenais, intercalados por atividades em oficinas de artesanato e passeios na cidade, escolhidos também pelo grupo.

Utilizou-se a literatura disponível sobre o tema envelhecimento, a LOAS e o Estatuto do Idoso, consultas à internet, jornais e revistas informativas. A idéia foi promover a participação ativa dos idosos, respondendo questionários, trocando informações pertinentes e sugerindo novos debates. Durante o andamento da proposta, a cada encontro, o grupo comprometeu-se em escolher os temas que desejavam para a próxima reunião, de interesse da maioria, podendo optar por parceiros voluntários da rede de atenção no município, que está se fortalecendo.

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1 O ENVELHECIMENTO NO SÉCULO XXI

Sessenta anos. O ingresso na velhice está definido por este marco etário. Mesmo este limite não sendo fixado em normas internacionais, a idade de 60 anos tem sido aceita como padrão para definir uma pessoa como idosa.

Envelhecer não significa acumular perdas e abandonar perspectivas. O temor diante da possível aproximação com a morte se torna menos lógico se observarmos as estatísticas diárias: notamos que um grande contingente de indivíduos morre em idades muito jovens. Segundo Veras (1999), não é o envelhecimento que nos aproxima da morte, mas os fatos que ocorrem em nossa própria vida. O envelhecimento é uma dádiva que poucos recebem e menos ainda conseguem usufruir.

Imaginando a lógica da vida por esta perspectiva, acredita-se que em qualquer sociedade o idoso deve, naturalmente, ter espaço para contribuir e participar. Ele tem experiências que podem beneficiar o meio onde vive. A abordagem em torno do tema velhice vem crescendo, assim como as preocupações e cuidados para que a expectativa de vida seja maior e tenha mais qualidade.

Os investimentos ofertados em diferentes aspectos da vida social, como o econômico e o cultural amparados no desenvolvimento subjetivo de cada indivíduo, estão atualmente direcionando-se para as pessoas idosas, tamanha é a demanda que surge a partir de uma nova era onde a qualidade de vida toma conta do discurso na mídia, na medicina, nos esportes e na educação para uma vida e um envelhecimento com autonomia.

As descobertas tecnológicas que, de muitas formas, melhoram a qualidade de vida em geral e avançam nos cuidados à saúde em particular, estão entre as causas mais citadas para o envelhecimento populacional em todo mundo. O progresso inegável alcançado pela medicina, os novos medicamentos, as novas tecnologias de diagnóstico, os novos recursos de intervenção sobre o corpo, tudo colabora para que um maior número de pessoas na idade do envelhecimento alcance uma melhor qualidade de vida.

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À velhice, como processo de vida, são dados inúmeros significados, decorrentes das várias representações que esta possui na vida dos sujeitos. As pesquisas revelam que o envelhecimento e suas características fazem parte da cultura de cada lugar, assim como da importância que cada ser humano a ela confere.

É certo que, na atualidade, a velhice não possui a mesma representação que ocupava em outros momentos da história da humanidade, acompanhando a evolução cultural das sociedades.

O idoso do século XXI possui a seu favor uma gama interminável de possibilidades de bem-estar físico e emocional, em forma de programas e ações ofertadas pelo Estado, e em contrapartida, também é chamado a ocupar posição de responsabilidade na família.

O idoso, na atualidade, em muitas famílias, volta a ser parte importante no processo de reestruturação familiar. O mundo globalizado exige que a família divida-se entre o trabalho e os cuidados com os menores e, geralmente, é o idoso quem tem a tarefa de cuidar dos pequenos, enquanto os pais trabalham e trazem o sustento da casa. Esta situação familiar, em muitos casos, colabora para que o idoso deixe de aproveitar esta fase da vida, após ter contribuído para o desenvolvimento da sociedade onde está inserido.

A família é o espaço no qual, em princípio, a disponibilidade de amor gratuito e incondicional alimenta a construção/descoberta de cada indivíduo nas diferentes etapas da vida, cabendo-lhe, portanto, como função principal nos dias de hoje, a produção da identidade de seus membros, uma vez que, em suas demais funções (reprodução biológica e social), há um compartilhamento de tarefas com o Estado. Cabe-lhe também e sem dúvida alguma, o cuidado para com seus idosos, respeitando e promovendo a dignidade e o espaço necessário à saúde existencial dos mais velhos, evitando que sejam institucionalizados.

Como observa Mioto (2004), há duas leituras possíveis para a relação entre família e Estado. Se a invasão do Estado dificulta em parte a legitimidade e os valores particulares, por outro lado, é também um instrumento de emancipação dos indivíduos. Conforme a autora, da tensão que surge entre sustentação e controle, ou entre direito à proteção e direito à privacidade, é que podem surgir políticas sociais que assegurem direitos individuais a crianças, idosos e mulheres, corrigindo a

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vulnerabilidade social que é diferenciada sem, com isso, romper com a solidariedade familiar.

Frente a uma realidade de compromisso, o idoso também deve ser lembrado como aquele indivíduo que necessita de um tempo que lhe é próprio, de acordo com suas capacidades. O corpo já impõe limitações, a memória exige atenção e cuidados, o coração carece de companhia e afeto. Assim, se propõem novas afirmações sobre o indivíduo idoso, como aquele que desfruta de maior longevidade na atualidade, mas também é passível dos efeitos que o tempo certeira e naturalmente lhe impõe.

Contudo, a maioria das conceituações do senso comum sobre o envelhecimento sempre recai, primeiramente, sobre a idade cronológica de cada indivíduo. O enfoque costuma estar ligado à duração da vida como um critério principal. É claro que o aumento do tempo em idade, pela lei natural que conhecemos, resulta na diminuição da expectativa de vida, ou seja, quanto mais avançamos em anos, menos tempo possuímos para viver.

Para Olievenstein,

Envelhecer é entrar pouco a pouco, por patamares, no isolamento. Tudo começa muito tempo antes da entrada na idade avançada. (...) Não dizemos nada, cúmplices dos males que nos invadem, um depois do outro. Verificamos nossa memória. Em seguida, escondemos as crises de angústias quando a palavra familiar nos falta. (2001, p.11)

O ser humano, dotado de percepção e inteligência, pressente o envelhecimento como aquele momento de limitação que antes não existia. E esse processo repete-se independente da situação econômica ou cultural que cada um possui. É inerente a todos e a cada um de nós. De acordo com Olievenstein, o envelhecimento e seus sintomas são conhecidos. O que é menos conhecido, ou mais escondido, é o seu início. Não o início como sendo um mistério ou algo ruim, e sim como sendo o começo objetivo da velhice, ou seu nascimento. Para o autor, “o que interessa aqui, não é a velhice, é o seu nascimento, seus sinais imperceptíveis ou isolados, o olhar, inicialmente surpreso que lançamos sobre nós mesmos, que vai tornar-se nosso juiz de paz”. (2001, p. 13)

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É importante destacar o fato de que o homem nem sempre foi velho. As epidemias, a má nutrição, a própria vida de dificuldades que levava fazia com que morresse jovem. Somente alguns conseguiam prolongar sua existência.

Conforme Olievenstein (2001) através da história sabe-se que se alguém sobrevivia aos anos tornando-se idoso, era “exterminado” pela família ou pela sociedade, da maneira mais perversa, de diversas formas. “Como na seleção para os campos de concentração alemães, era preciso ser mais forte para sobreviver” (p.14)

Através da obra de Beauvoir (1990), percebe-se que os mais velhos desde muito tempo eram alvo de soluções criadas pela cultura de cada sociedade para “atenuar” o fato da sua existência, que dependiam do sentido dado à velhice em determinado contexto. Não era natural e digno envelhecer, e se o era, tratava-se de amenizar este declínio natural.

As soluções práticas adotadas pelos primitivos com relação aos problemas que os velhos lhes colocam são muito diversas: pode-se matá-los, deixar que morram, conceder-lhes um mínimo vital, assegurar-lhes um fim confortável, ou mesmo honrá-los e cumulá-los de atenções. Veremos que os povos ditos civilizados lhes aplicam os mesmos tratamentos: apenas o assassinato é proibido, quando não é disfarçado.(BEAUVOIR, 1990, p. 108)

O envelhecimento no decorrer da história possui diferentes conotações. A idéia de decadência do corpo, a aproximação do final da existência e o possível desaparecimento dos sonhos e desejos, traziam uma espécie de luto existencial. De outro modo, sabe-se que as virtudes adquiridas com o avanço da idade e a sabedoria pela experiência vivida também eram modelos de honra a quem viveu além do tempo do outro.

Estudar a condição dos velhos através das diversas épocas não é uma empresa fácil. (...) É difícil determinar. A imagem da velhice é incerta, confusa, contraditória. (...) É uma certa categoria social, mais ou menos valorizada segundo as circunstâncias. É para cada indivíduo, um destino singular – o seu próprio. (BEAUVOIR, 1990, p.109)

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Entre os séculos XII e XV, conforme Mucida (2004), a velhice era muito ligada à decadência. Era uma fase entendida como de ausência de desejos, diminuição das funções fisiológicas e de muitas doenças, com perdas irreparáveis para o indivíduo.

O envelhecimento passa a ser visto com mais otimismo a partir do século XVI, destacando o modelo de vida regrada como caminho para uma velhice tranqüila. A estética nos corpos jovens desde então já era supervalorizada, e o velho, com seu corpo frágil e marcado pelo tempo, relegado ao estereótipo de um ser doce, porém desprovido de sexualidade.

De outro modo, em sociedades antigas tradicionais, o idoso geralmente ocupava lugar privilegiado, com representações de respeito à sua sabedoria. Segundo a história, os saberes e o legado de ações que possuíam davam o verdadeiro significado à vida das gerações mais novas.

Segundo Mucida (2004), a velhice era vista como um momento digno na vida do ser humano, onde a memória do que foi vivido era considerada como riqueza a ser usufruída pelas novas gerações. Atualmente, devido ao predomínio de uma sociedade informatizada pelo avanço tecnológico mundial, entre outras coisas, esta riqueza não é mais uma referência de sabedoria para a maioria, não se compartilha mais a experiência de vida como um valor inestimável.

A história nos revela que quando se dava o devido valor às referências compartilhadas ao longo de uma vida, os sujeitos adquiriam identidades próprias, como as tradições que atravessam o tempo. À medida que se envelhecia tinha-se um lugar próprio com marcas pessoais, de uma história particular acumulada durante a longa trajetória de uma existência.

É o sentido que os homens conferem à sua existência, é seu sistema global de valores que define o sentido e o valor da velhice. Inversamente: através da maneira pela qual uma sociedade se comporta com seus velhos, ela desvela sem equívoco a verdade – muitas vezes cuidadosamente mascarada – de seus princípios e de seus fins. (BEAUVOIR, 1990, p. 108)

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Não somos iguais frente ao envelhecimento. Na contemporaneidade, nos diferenciamos pelo acesso aos diferentes instrumentos que nos permitem retardar ou minimizar as limitações ou os sinais que o envelhecer nos impõe. A velhice nasce de um longo caminho percorrido por cada indivíduo, e não em apenas alguns meses. Algumas pessoas lutam contra a decadência evidente, e se tornam mais fortes. Outros renunciam a tudo, mais cedo ou mais tarde.

É bastante difícil pensar em assumir o lugar de alguém no envelhecimento, pois cada ser preserva em si características particulares e nesta fase elas estarão latentes. Ninguém gosta da velhice, ninguém quer envelhecer, muito menos, tomar o lugar do outro para tal. E todos envelhecem, naturalmente.

Percebe-se ainda, que há uma soma de preconceitos considerável sobre a pessoa idosa. São atitudes discriminatórias, de exclusão, que estão presentes nas relações sociais como um todo. Na maioria das vezes, o envelhecimento é encarado como um processo extremamente ruim, onde o indivíduo não tem mais expectativas para sua vida e literalmente vive das lembranças do passado.

As pessoas entram na fase da velhice com uma ampla desigualdade, pois anteriormente, cada indivíduo passa por um processo que irá definir sua situação futura num mundo cada vez mais rápido entre as gerações, significando que, a partir da sua vida na juventude, o idoso poderá, ou não, ter definido uma determinada posição no “mundo dos velhos”. Portanto, a entrada na velhice com certo sucesso precisa que atitudes sejam tomadas, ativamente, e não com passividade, evitando evoluir para um estado de solidão e fragilidade.

Segundo Beauvoir (1990) para melhor compreender a realidade e a verdadeira significação da velhice é indispensável examinar o lugar que é destinado aos velhos, a partir da representação que se faz deles em diferentes épocas e, em diferentes lugares.

1.1 A Descoberta do Envelhecimento pela Sociedade

Atualmente costumamos ouvir pessoas relatarem o orgulho de haverem “conquistado” o envelhecimento, ou por terem atingido a plenitude de uma vida longa e saudável dentro dos limites naturais impostos pela passagem do tempo.

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O envelhecimento humano é um fenômeno mundial e no Brasil, os idosos, segmento da população com 60 anos ou mais, cresce vertiginosamente. O senso de 2000, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já nos informava que naquele ano os idosos somavam 15 milhões de pessoas no país. Segundo Veras e Camargo (1995), para o ano de 2025 estima-se que o número de idosos será algo em torno de 32 milhões de pessoas, fazendo com que o Brasil passe a ocupar o sexto lugar no mundo com este segmento da população.

Até 2025, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Ainda é grande a desinformação sobre a saúde do idoso e as particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a saúde pública em nosso contexto social. Entre 1980 e 2000 a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando mais de 14,5 milhões em 2000. O aumento da expectativa média de vida também aumentou acentuadamente no país. Este aumento do número de anos de vida, no entanto, precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida. (GONTIJO, 2005)

Para além dos dados estatísticos, é importante perceber o quanto o envelhecimento da população influencia o aumento do consumo, a transferência de capital e propriedades, os impostos, as pensões previdenciárias, o mercado de trabalho, a saúde e a assistência médica, a composição e a (re)organização da família. É, e deve ser pensado como um processo normal, que é irreversível para quem o alcança, porém não é uma doença.

Ser velho na contemporaneidade, no mundo ocidental, assim como estar em plena juventude ou mesmo na infância, remete a diferentes configurações de valores comparados ao que nos conta ou relembra a história das sociedades e a cultura de um modo geral.

Para Barros (2003), tudo está presente nas experiências de envelhecer: as diferenças de classe social, de gênero, de valores étnicos, as formas de inserção profissional. Essas particularidades são essenciais para reconhecer o grupo de idosos tão heterogêneos que as novas configurações sociais e familiares nos apresentam.

É perfeitamente perceptível reconhecer que o idoso de hoje não é mais a figura frágil do passado, porém, mesmo assim encontra dificuldades em acompanhar a velocidade da evolução das idéias e pensamentos contemporâneos. Segundo Bobbio (1997), a velocidade exigida demanda do velho algo que sua mente e corpo,

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pela lentidão de seus movimentos, tem dificuldade em acompanhar. Os ideais de beleza, agilidade e de atitudes rápidas postos pela contemporaneidade ainda contribuem para uma visão discriminatória do envelhecimento.

De um modo geral, o idoso do século XXI revela-se como um passageiro ativo na carona da evolução social. Pode-se dizer que, segundo estudos antropológicos, conforme Barros (2003), a novidade existente no tema velhice, sobretudo no Brasil, acompanha o próprio movimento de descoberta da velhice por toda sociedade.

Conforme Barros (2003), no Brasil, a visibilidade dada à velhice e aos idosos nos últimos anos, pode ser confirmada não só pelos dados divulgados na mídia, mas muito pela convivência diária com idosos e idosas que pode ser verificada nos espaços públicos e também privados. Aos poucos, a velhice está ultrapassando os limites impostos anteriormente pelas regras sociais ou a família e, entre outras questões, busca atrair a atenção da nossa sociedade. (p.9)

1.1.1 Envelhecimento Ativo

No pensamento contemporâneo a ordem é “envelhecer ativamente”. Envelhecimento Ativo, segundo a OMS, é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida na medida em que as pessoas ficam mais velhas. Esta idéia de envelhecimento aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. (GONTIJO, 2005)

A prática do Envelhecimento Ativo,

permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários.(GONTIJO;OPAS,2005)

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O envelhecimento ativo da população desperta para várias questões que são fundamentais para a sociedade e os formuladores de políticas. ”Se quisermos que o envelhecimento seja uma experiência positiva, uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança” (GONTIJO, 2005). A OMS adotou o termo “Envelhecimento Ativo” para expressar o processo de conquista dessa visão.

Ao contrário do que muitos podem pensar, de forma geral, hoje convivemos com o idoso que é um indivíduo curioso, determinado, capaz de reestruturar sua vida para dela beneficiar-se. Quando encerra sua vida profissional, inicia-se para ele uma nova etapa, que deverá ser prazerosa e produtiva. A procura pela chamada qualidade de vida passa a ser imprescindível e urgente para alguns. Aqueles que não desempenhavam uma profissão, também encontram a necessidade de estarem integrados ao meio social, seja através de trabalhos voluntários, de grupos de convivência, de inclusão na comunidade do bairro, etc. Tudo se traduz em saúde e bem-estar: qualidade de vida.

Muita gente se surpreende ao comprovar que pessoas aposentadas desempenham atividades físicas e intelectuais com plena efetividade.Um preconceito amplamente difundido associa o término da vida profissional com inatividade pessoal, social e doença. (MORAGAS, 2007, p. 47)

1.2 Leis e Políticas Sociais para Garantia de Direitos

A proporção da população "mais idosa” encontra-se em ascensão, transformando a pirâmide etária dentro de seu próprio grupo. Isto significa que a população idosa também está envelhecendo. Estas transformações repercutem na estrutura política, através da maior necessidade de realizar políticas públicas voltadas ao atendimento dos idosos, bem como na esfera jurídica, com a edição de legislações protetivas, que procuram efetivar e complementar o princípio da dignidade da pessoa humana.

A reprodução social inclui as dimensões materiais e simbólicas ou culturais, ou seja, de um lado, aspectos como comida e habitação, e do outro, valores e

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costumes. Da mesma forma, as políticas sociais também têm se interessado por essas dimensões, na medida em que pretendem amparar as famílias em suas necessidades materiais, sobretudo das crianças e/ou outros de seus membros vulneráveis como os idosos. (MIOTTO, 2004)

Segundo a autora, este amparo se dá através de políticas de complementação de renda ou de distribuição de bens (alimentos, medicamentos, gás, etc); bem como muitas vezes vinculam a assistência material à participação de programas que divulgam valores familiares e sociais, relacionadas, sobretudo, a saúde e educação.

Para Miotto (2004), na questão do idoso, em particular, a valorização da manutenção do vínculo familiar e, mais recentemente, o enfrentamento da questão da violência doméstica e familiar devem ser contemplados em termos legais. O idoso pela sua aparente fragilidade física e/ou emocional tem prioridade no enfrentamento destas questões.

Os desafios trazidos pelo envelhecimento da população e as conseqüentes dificuldades impostas a esta nova sociedade são perfeitamente claras, e nada é mais justo do que garantir ao idoso a sua integração na comunidade. Portanto, o envelhecimento não deve ser tratado apenas com soluções na saúde, ou na área econômica, mas também por efetivas intervenções sociais. Um envelhecimento saudável parte de políticas sociais destinadas a esta população e é possível mediante sua efetivação.

Com o decorrer da história pode-se observar, na sociedade brasileira, entre as tantas manifestações da questão social, o crescimento da desigualdade social. Esta se desencadeou por diversas mudanças ocorridas em nível mundial e que motivaram alterações profundas na economia nacional, que interferiram diretamente na criação e efetivação das políticas públicas do Brasil. São mudanças decorrentes do sistema capitalista de produção.

A família, que é a base para uma sociedade equilibrada, com o desenvolvimento sadio de seus integrantes, acompanha essas mudanças, sofrendo profundas alterações em sua estrutura, e encontra-se bastante fragilizada para garantir a proteção integral dos seus membros. O idoso, integrante principal de uma história já contada, está à mercê das novas determinações sociais e mais do que nunca deve ter amparo e proteção, do Estado, da família e da sociedade.

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Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), 2002, a população idosa, composta por pessoas com 60 anos de idade ou mais, era de aproximadamente 16 milhões de pessoas, o que correspondia à 9,3% da população brasileira. Considerando o aumento na expectativa de vida, as projeções apontam para uma população de idosos em 2020 de 25 milhões de pessoas, quase 12% da população brasileira. Por este aumento impactante na população idosa e de sua participação social, serão produzidas importantes transformações nas Políticas Públicas, principalmente na Saúde, Previdência e Assistência Social.

De acordo com esta pesquisa e dados disponíveis, em 2002, a maioria dos idosos brasileiros era de aposentados ou pensionistas. Muitos ainda trabalham desempenhando um papel importante para a manutenção da sua família. As pessoas com 60 anos ou mais, no Brasil, eram referência para suas famílias, mas um dado preocupante é de que 12% deles faziam parte de famílias unipessoais, ou seja, moravam sozinhos. (PNAD, 2002)) Estes, na maioria das vezes, vivem em situação de risco e/ou vulnerabilidade social.

Através do Serviço Social, na sociedade contemporânea, ao idoso do século XXI, com todas as peculiaridades próprias da fase de vida em que este se encontra, é possível articular e oferecer ações alternativas de atenção que beneficiem e emancipem os sujeitos. Muitas ações são direcionadas para a informação acerca dos seus direitos, das conquistas de âmbito social que os beneficiam como cidadãos, em reuniões de grupo nas suas comunidades; enfim, ações que primam pela participação social do idoso e pela sua integração comunitária. Desta forma, pretende-se resgatar a autonomia, a dignidade e o respeito que este segmento da população merece, e é seu por direito constituído.

O trabalho do Assistente Social tem como prática contribuir para a efetivação dos direitos dos idosos, reconhecendo sua cidadania e a plenitude do que está na Lei. A partir da conquista do Estatuto do Idoso, em 2006, o envelhecimento passou a ser objeto de atenção do Serviço Social, que procura efetivar ações que beneficiem e dêem autonomia ao idoso.

Através das ações do Serviço Social, surge a demanda por inovações quanto a organizar a oferta de serviços e atendimentos especiais. Estes serviços sendo orientados para o apoio e a promoção da autonomia das pessoas idosas, devem ser prestados preferencialmente em locais de fácil acesso, como os Centros de

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Referência em Assistência Social (CRAS), centros comunitários de bairros, associações em parceria, ou domicílios, de modo a evitar a institucionalização.

Para que se compreenda a inserção do Assistente Social na questão ligada ao envelhecimento e mais recentemente na promoção da idéia de envelhecimento ativo, favorecendo o que chamamos pelo senso comum de qualidade de vida, o próximo capítulo abordará o Serviço Social, um pouco da sua historicidade, a fundamentação na Lei, a criação dos Grupos de Convivência e tudo o que é pertinente na prática do profissional com os idosos.

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2 SERVIÇO SOCIAL

A evolução da humanidade e das sociedades que a compõem apresenta, na atualidade, uma profissão de Serviço Social totalmente distinta dos objetivos da atuação e da postura profissional dos Assistentes Sociais da antiguidade. Hoje, o Serviço Social desvincula-se da obrigatoriedade em servir ao poder e manter alienada toda uma classe de trabalhadores, e reveste-se de valores emancipatórios para os sujeitos.

O Serviço Social surgiu num momento de efervescência entre o capital e o proletariado no século XVIII, em meio a uma verdadeira “guerra social”. Naquele momento histórico, não havia infraestrutura urbana e a população operária, massacrada pelo capitalismo, levava uma vida subumana. Começava uma verdadeira exploração de mão-de-obra sobre a classe social trabalhadora, bancada pelo regime capitalista. Os trabalhadores passaram a ser tratados como mercadorias para comércio, e com a divisão do trabalho obrigam-se a viver apenas com o mínimo necessário para sua sobrevivência.

Culmina nesse momento o conflito entre os donos do capital e o proletariado. A partir deste contexto, os Assistentes Sociais tem na questão social a sua ferramenta básica de trabalho. Com a apropriação dos bens e da propriedade por poucos, as desigualdades se afirmam e crescem. Nessa época, surgem as classes sociais, entre trabalhadores e donos dos meios de produção – burguesia x proletariado, uma polarização entre os donos do capital e os operários.

Com o agravamento da questão social, a acumulação da pobreza pelo sistema capitalista expandiu a necessidade do trabalho dos agentes sociais. O trabalho desenvolvia-se numa prática assistencialista e assistemática, para acalmar os ânimos, mascarar as dificuldades, manter a classe trabalhadora alienada, reestruturando de certa forma, as famílias. O Serviço Social servia aos interesses da classe dominante.

No século XX, nas décadas de 1930 e 1940, o Serviço Social revitalizava o capitalismo e consolidava a hegemonia da classe burguesa. Os serviços ofertados pelos agentes sociais encobriam a exploração, e eram formas ideológicas de

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conservar as diferenças de classes. Mantinha-se uma atmosfera de conformidade com a exploração em troca de migalhas sociais.

Na sua prática alienada, os Assistentes Sociais eram muito úteis ao sistema capitalista e valorizados pela classe burguesa. Ao mesmo tempo, criavam um distanciamento da classe operária. Não respondiam a nenhum dos anseios dos trabalhadores enquanto classe oprimida e explorada.

Na década de 1930, os Assistentes Sociais tinham uma ausência de identidade profissional, devido a suas práticas assistencialistas e servidoras à classe dominante, ao Estado e à Igreja. Por não terem identidade, e terem um rigoroso controle de suas ações, os Assistentes Sociais reproduziam uma alienação política, social, econômica e cultural dentro da sociedade burguesa.

As famílias “assistidas” tinham uma ilusória melhoria em seus padrões de vida e no trabalho. Os agentes sociais tinham a intenção de agir solidariamente com os trabalhadores e suas famílias, mas a raiz de suas práticas era fundada em estratégias da classe dominante para consolidação do seu poder e manutenção da força de trabalho.

A partir de 1940, o Serviço Social passa a ser remunerado pelo Estado; anteriormente era trabalho voluntário, de cunho filantrópico, realizado por freiras e damas de caridade. A pesquisa social e os “inquéritos” pessoais, as visitas domiciliares e as entrevistas continuam sendo o fundamento do Serviço Social em casos individuais.

De acordo com Iamamoto,

O Serviço Social como profissão inscrita na divisão social do trabalho, situa-se no processo da reprodução das relações sociais, fundamentalmente como uma atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle social e na difusão da ideologia da classe dominante junto à classe trabalhadora. (p.94, 2005)

O Serviço Social, conforme Iamamoto (2005), contribui assim como um dos mecanismos institucionais mobilizados pela ação da burguesia e inserido como elemento burocrático do Estado, das empresas e outras entidades privadas, na criação de bases políticas que legitimaram o exercício do poder de classe,

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contrapondo-se às iniciativas autônomas de organização e representação dos trabalhadores.

No Brasil, o processo da erosão das bases do Serviço Social inicia no final dos anos de 1950, com a reivindicação de um novo padrão cultural e teórico pelas mudanças sociais em curso. A partir de 1964, durante o processo de Ditadura Militar no Brasil, o projeto de modernização conservador traz novas demandas ao Serviço Social que consolidam a necessidade de renovação.

Nos anos de 1960, conforme Barroco (2008), o Serviço Social tem a sua frente projeções sociais com tendências político-ideológicas do mundo contemporâneo. Foi uma década em que se questionaram valores e costumes sociais tradicionais. Houve grande movimento a favor de posicionamentos que favorecessem atitudes éticas críticas, de forma a enfrentar conflitos e instituir novos papéis e referenciais éticos, desencadeando uma crítica à alienação.

Na década de 1970, o Marxismo passa a ser utilizado, inspirado na ética cristã, como referência para análise da realidade latinoamericana, visando superar a pobreza e as desigualdades sociais. Assim, a vinculação histórica entre o Serviço Social e a Igreja Católica conta com novas bases para sua legitimação, e isso possibilita a construção da crítica ao ethos tradicional. O Serviço Social, mundialmente, começa um processo de erosão de suas bases e formas tradicionais. (BARROCO, 2008)

A partir da década de 1970 ressurgiu no Serviço Social uma coletivização do espírito questionador que e se tornou hegemônico na década de 1980. Silva (2007), descreve sobre as diversas expansões significativas na organização do Serviço Social neste período. A criação de associações e sindicatos de Assistentes Sociais por todo o país culmina por aumentar o campo de atuação dos profissionais, identificando uma demanda crescente em serviços de assessoria em organizações populares como movimentos, sindicatos, cooperativas, e outros.

O objetivo de tornar o Serviço Social uma profissão moderna num contexto de ruptura, significou, entre outros, capacitar o Assistente Social para atuar em equipe interprofissional, ampliar sua micro área de atuação para macro área. Conforme Silva (2007), a vertente modernizadora, orientada pelo desenvolvimentismo, se fundamentou no estrutural-funcionalismo, com a preocupação de repassar os programas governamentais às populações.

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Atualmente, o Serviço Social dispõe de uma gama interminável de possibilidades de intervenções sociais. O técnico Assistente Social é chamado para integrar equipes e atuar sobre demandas que acompanham a evolução da sociedade e das manifestações da questão social nos mais diversos setores de trabalho.

2.1 O Serviço Social e suas determinações profissionais

Segundo Silva, (2007), a atuação do profissional do Serviço Social tem determinação com dimensões históricas, o que situa a profissão no processo das relações sociais. Para a autora, a profissão é percebida dentro da contradição em que se inserem as relações sociais, quando os profissionais recebem “ordens” das classes dominantes para atuarem junto da classe trabalhadora. A classe dominante contrata e paga, e a outra recebe os serviços. Isto reforça a separação entre quem contrata e a demanda dos serviços. A origem dessa contradição, para ser melhor compreendida pode ser encontrada quando se busca pelo processo de institucionalização e legitimação do Serviço Social como profissão.

Silva, (2007), destaca que isto está vinculado à criação e desenvolvimento das grandes instituições assistenciais, estatais, paraestatais e autárquicas, a partir da década de 1940, quando se desenvolvia uma política econômica que favorecia a industrialização, que já vinha desde os anos de 1930.

O Serviço Social é historicamente ligado às políticas e aos programas sociais destinados aos trabalhadores mais explorados e aos diversos segmentos sociais excluídos do mercado de trabalho. Os programas e políticas que o Serviço Social executa “são definidos a partir do âmbito de atuação das organizações e destas o Serviço Social retira os elementos que delimitam a sua prática profissional”. (GENTILLI, 1998, p.42)

Entre as diversas funções do profissional do Serviço Social, Gentilli destaca que “realizam atendimentos a pessoas em diversas situações, relações e conflitos sociais de trabalho, de vida familiar, de desemprego, de vizinhança, de organização social, de benefícios e de direitos sociais e humanos”. (GENTILLI, 1998, p.43)

Quando se pensa o Serviço Social contemporâneo, é necessária a exata noção da realidade contemporânea. Conforme Iamamoto (2007) é desta forma que

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se pode questionar e desenvolver formas de primar pela qualidade do atendimento aos usuários do Serviço Social. Os Assistentes Sociais enfrentam o desafio de obter meios que possibilitem uma sobrevivência digna, na cidade ou no campo, de todos os usuários, seja defendendo o trabalho destes ou possibilitando sua organização.

O momento presente desafia os Assistentes Sociais a qualificarem-se para poder acompanhar as particularidades da questão social em diversos níveis, regionais, ou municipais, diante das estratégias de descentralização das políticas públicas.

Segundo Iamamoto,

Os Assistentes Sociais encontram-se em contato direto e cotidiano com as questões da saúde pública, (...), da terceira idade, (...), etc., acompanhando as diferentes maneiras como estas questões são experimentadas pelos sujeitos. (p. 41, 2007)

A construção da Assistência Social como direito é recente na história do Brasil. Durante muitos anos a questão social não fazia parte das formulações das idéias políticas em nosso país.

A partir da Constituição Federal de 1988, chamada Constituição Cidadã, pela primeira vez a Assistência Social é elevada à condição de Política Pública, constituindo um tripé da seguridade social com a saúde e a previdência social, no mesmo nível. Este ainda encontra-se em construção, mas é um avanço significativo para a garantia do acesso aos direitos sociais. (LOAS, MDS-2009)

2.1.1 LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social

Em 07 de dezembro de 1993, a partir da lei nº 8742, a Assistência Social passa a ser regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a qual a define no seu artigo 1º como direito do cidadão e dever do Estado, que regulamenta esse aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para a organização da Assistência Social, que é um direito e exige que haja definições de leis, normas e critérios objetivos. (LOAS-MDS, 2009)

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Algumas citações da LOAS:

CAP. 1- Das definições e dos Objetivos:

Art. 1º - A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.

Conforme disposto no art. 194 da Constituição Federal, a Assistência Social constitui umas das políticas inseridas no âmbito da seguridade social.

Portanto, segundo a LOAS, é através da realização de ações integradas que a sociedade juntamente com o poder público conseguem reivindicar e materializar suas demandas mais urgentes e básicas. Um direito inalienável.

Art. 2º - A Assistência Social tem por objetivos:

I- A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (...);

III- A promoção da integração ao mercado de trabalho;

V- A garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Parágrafo Único- A Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.

Segundo está expresso na lei, a distribuição de renda passará a ser justa para com aqueles que possuem limitações por avanço na idade ou mesmo físicas, e que necessitam prover seu próprio sustento. Um avanço na conquista da distribuição de renda com eqüidade para todos que dela necessitam.

Art. 3º - Consideram-se entidades e organizações de Assistência Social aquelas que prestarem, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos

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beneficiários abrangidos por esta lei. Bem como as que atuam na defesa e na garantia de seus direitos.

A Resolução nº 191, de 10 de novembro de 2005, do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), institui orientação para regulamentação do dispositivo em questão, indicando as características essenciais das entidades e organizações de Assistência Social. (LOAS, 2009)

CAP. 2 – Dos Princípios e das Diretrizes SEÇÃO I

Dos Princípios

Art. 4º - A Assistência Social rege-se pelos seguintes princípios: (...);

III- respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV- igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V- divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo poder público e dos critérios para sua concessão.

Alguns princípios e diretrizes para o trabalho, destacados da LOAS, são expressões dos objetivos propostos para atendimento ao segmento idoso na Assistência Social, assim como o de primar por um desenvolvimento social igualitário, que faça valer toda a expressão dos direitos fundamentais do ser humano.

Portanto, de acordo com a Política Nacional de Assistência Social 2004, a proteção social deve garantir, através da ação do profissional Assistente Social, a segurança de sobrevivência, a segurança de acolhida e a segurança de vivência familiar.

CAP. IV – Dos Benefícios, dos Programas e dos Projetos de Assistência Social

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SEÇÃO I

Do Benefício de Prestação Continuada (BPC)

Art. 20 – O BPC é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal (...) , ao idoso com sessenta e cinco (65) anos ou mais e que comprove não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.

O BPC compõe uma das ofertas de serviço da proteção social básica, e constitui-se num benefício de atendimento direto ao público, concedido diretamente ao usuário beneficiário. É uma garantia de renda básica, no valor de um salário mínimo, e foi um direito estabelecido diretamente na Constituição Federal, e regulamentado a partir da LOAS, dirigido aos portadores de deficiência e aos Idosos a partir de 65 anos de idade. Observa-se para o acesso, o critério de renda que a Lei prevê.

Este direito traduziu o princípio da certeza na Assistência Social, como política não contributiva de responsabilidade do Estado. (LOAS-MDS, 2009)

SEÇÃO III

Dos Programas de Assistência Social

Art. 24 – Os programas de Assistência Social compreendem ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.

§2º Os programas voltados ao Idoso e à integração da pessoa portadora de deficiência serão devidamente articulados com o BPC, estabelecido nesta lei.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), O BPC já alcançou cerca de 3,1 milhão de beneficiários, sendo 1,5 milhão de idosos (...). Desta forma, os programas e benefícios voltados para a garantia do direito à renda, pela primeira vez na história das políticas sociais no Brasil, alcançam uma escala que está bem próxima do que seria um cenário de Universalização.

A partir da definição do governo de estabelecer uma rede de proteção e promoção social, de modo que se cumpram determinações legais, destaca-se a iniciativa de implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

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Em setembro de 2004 foram aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), os novos rumos para a Política Nacional de Assistência Social no Brasil (PNAS), reorganizando projetos, programas, serviços e benefícios, que indicam a implantação do SUAS em 2005, como a direção para um trabalho condizente com a realidade nacional.

2.1.2 Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

O SUAS faz parte da nova política de assistência que está sendo implantada em todo o país, e, desde 15 de julho de 2005, objetiva proporcionar às famílias em situação de vulnerabilidade social e pessoal, maiores garantias de acesso aos programas sociais. É constituído pelo conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios no âmbito da Assistência Social, prestados diretamente ou através de convênios com organizações sem fins lucrativos por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, que

Tem como foco principal a atenção às famílias, seus membros e seus indivíduos e o território como base de organização, que passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam e pela sua complexidade. (PNAS, 2009)

O objetivo do SUAS centra-se em que estejam asseguradas as determinações previstas pela LOAS, que a partir dela se concretizem as normas estabelecidas e que o Governo Federal, integrado com os Estados e Municípios, possibilite uma garantia maior aos direitos universais. A ação do Governo Federal com o Estadual e Municipal se dará de forma conjunta, uma ação pública comum e integrada, para defender a inclusão, a defesa dos direitos, a proteção e a promoção social dos cidadãos do país.

Hoje a Assistência Social é um dever do Estado e um direito de quem dela necessitar. O avanço proporcionado pela PNAS é um mecanismo que passou a dar nova forma para esta política que tem seus reflexos em diferentes âmbitos do contexto social.

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A implantação do SUAS foi o mecanismo que permitiu interromper a fragmentação que até então marcou os programas no setor da Assistência Social e instituir, efetivamente, as políticas públicas da área e a transformação efetiva da Assistência em direito (LOAS- MDS, 2009)

Como política de proteção social, a partir de 2004, a Assistência Social configura-se desenhando uma nova situação para o Brasil. Ela significa a garantia para todos, que dela necessitam, e sem contribuição prévia, da provisão dessa proteção. Esta perspectiva permite apontar quem, quantos, quais e onde estão os brasileiros que demandam serviços e atenção da Assistência Social.

A nova Política Nacional de Assistência Social traz em seu bojo uma visão social capaz de captar as diferenças sociais, entendendo que proteger supõe conhecer os riscos, as vulnerabilidades sociais a que os usuários estão sujeitos, e que a população tem necessidades, mas sobretudo possui capacidades que precisam ser desenvolvidas. É uma nova visão social, que além das fragilidades pretende identificar as forças na sociedade.

A partir da conquista da LOAS em 1993, as últimas décadas significaram o reconhecimento pelo Estado da luta da sociedade brasileira, empenhada em atenuar a desigualdade social, em reivindicar os direitos dos idosos, que procura consolidar a Assistência Social como política pública e direito social.

2.1.3 Política Nacional do Idoso (PNI)

A Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. No seu artigo 1º, a LOAS, Lei nº. 8.842, prevê para a implementação da Política Nacional do Idoso, ações governamentais nas áreas de promoção e assistência social, saúde, educação, trabalho e previdência social, habitação e urbanismo, justiça e cultura, esporte e lazer.

Portanto, a Lei que ampara o idoso configura-se como uma aliada do Serviço Social no momento que, pelas ações previstas na Política Nacional, tem condições de retirar o idoso do abandono, da inércia, planejando ações de envolvimento comunitário, resgate cultural e reinserção social entre outras;retira-o do descaso da

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família, do esquecimento social e o reinsere lenta, mas efetivamente, na vida de sua comunidade propriamente dita.

A Política Nacional do Idoso está consubstanciada na Lei nº. 8,842/94, que expressa o conceito de que envelhecer é um fenômeno social e pelo qual a sociedade e o poder público devem responsabilizar-se, através dos princípios de promoção da autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Alguns princípios que regem a Política Nacional do Idoso são:

I – A Família, a Sociedade e o Estado tem o dever de assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, garantia a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem estar e direito à vida;

II- O Processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos;

III- O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

IV - As diferenças econômicas, sociais, regionais e particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na ampliação desta lei.

2.2 Estatuto do Idoso

O Brasil sempre foi considerado um país muito jovem, mas, a idéia de país do futuro, das crianças e dos jovens está perdendo espaço, em função da constatação da nova tendência mundial que é a presença intensa dos idosos no cotidiano da sociedade contemporânea.

Aos poucos, a pirâmide etária brasileira vai se invertendo, embalada pela queda da natalidade, pelos desenvolvimentos tecnológicos, pelos avanços da medicina e, principalmente, pela melhora na qualidade de vida, favorecendo o crescimento do número de idosos.

É certo que estas transformações repercutiram na estrutura política, através da maior necessidade de realizar políticas públicas voltadas ao atendimento dos idosos, bem como na esfera jurídica, com a edição de legislações protetivas, que procuram efetivar e complementar o princípio da dignidade da pessoa humana.

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Daí a importância do estudo do Estatuto do Idoso e sua relevância para as sociedades, atual e futura, sendo extremamente necessária a conscientização da população, no sentido de respeitar os direitos, a dignidade e a sabedoria de vida desta camada tão vulnerável e até bem pouco tempo desprezada da sociedade.

O advento do Estatuto do Idoso (2006), representa uma mudança de paradigma, já que amplia o sistema protetivo para esta camada da sociedade, caracterizando uma verdadeira ação afirmativa em prol da efetivação da igualdade material e social dos sujeitos. O Estatuto do Idoso se destina a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos e a partir do artigo1º, refere-se a todos os direitos que o idoso pode usufruir, e que são fundamentais e inerentes a qualquer pessoa humana.

Contextualizando, com as anotações de FRANCO (2004):

O Estatuto do Idoso visa amparar as pessoas com 60 (sessenta) anos ou mais, dispensando-lhes a devida atenção no que se refere à Seguridade Social, direitos à Saúde, à Assistência Social e à Previdência. A partir da idade fixada como ingresso na Lei, o idoso passa a gozar dos benefícios da previdência, e depois dos 65 (sessenta e cinco) anos tem a aposentadoria concedida. Muitos servidores públicos, idosos, aposentam-se com 70 anos.

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

A saúde, como direito de todos, é dever do Estado, é garantida aos cidadãos nacionais ou estrangeiros residentes no Brasil. E estes direitos, por vezes são violados, apesar de assegurados na Constituição Federal de 1988, em alguns casos devido à vulnerabilidade apresentada pela pessoa idosa.

Art. 2. O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,

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