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Amputação e os caminhos para a reabilitação: fragmentos de um caso

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Academic year: 2021

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JANIO OTTONELLI

AMPUTAÇÃO E OS CAMINHOS PARA A REABILITAÇÃO: FRAGMENTOS DE UM CASO

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

AMPUTAÇÃO E OS CAMINHOS PARA A REABILITAÇÃO: FRAGMENTOS DE UM CASO

JANIO OTTONELLI

ORIENTADOR: NILSON HEIDEMANN

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de formação de Psicólogo

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DEDICATÓRIA

A todos aqueles que de alguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo esta vida valer cada vez mais а pena.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor orientador Nilson Heidmann;

A todos os professores do curso;

Aos trabalhadores dos locais de estágio;

Aos colegas de curso;

Aos integrantes da Casa AMA da Associação de Saúde Mental – ASSAMI Ijuí;

A secretária da Unigestar;

Aos familiares;

A esposa Arlete Regina Roman;

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RESUMO

AMPUTAÇÃO E OS CAMINHOS PARA A REABILITAÇÃO: FRAGMENTOS DE UM CASO

AUTOR Janio Ottonelli

ORIENTADOR Nilson Heidemann

Este trabalho tem como objetivo descrever o percurso de um sujeito trabalhador em situação de amputação por acidente automobilístico, considerado acidente de percurso, ao longo da rede de atendimento em saúde a partir do Sistema Único de Saúde - SUS. Utilizando fragmentos de um caso acompanhado durante o estágio de psicologia vinculado a UNIGESTAR, a discussão se dá de forma a apresentar os diferentes pontos da Rede de Atenção em Saúde - RAS, que este sujeito percorre na busca pela reabilitação física, psíquica e profissional. Neste percurso se identifica especialmente a caminhada por pelo menos três das cinco redes prioritária de atenção a saúde do SUS que são a Rede de Urgência e Emergência, a Rede de Atenção Psicossocial e a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiências e a atenção básica sendo a articuladora destes diferentes pontos de cuidado.

Palavras-Chaves: acidente de percurso, amputação, sistema único de saúde, redes de atenção em saúde

ABSTRACT

This paper aims to describe the journey of a worker that suferend an amputation due to a car accident, considered a work accident, along the health care network supported by the Unified Health System.- SUS. Using pieces of a case followed during the stage, the discussion takes place in order to present different points of the health care network that this person go through in the pursuit of physical, mental and professional rehabilitation. Specially identifies, in this path, three of the five priority attention realth care network of SUS: The Urgency and Emergency Nethwork, the Psychosocial Attention Network and the Care to the Disabled People Network, the basic attention being the articulator of these diferente points of care. Key-words: work accident, amputation, unified health system, health care nethworks.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 07

2. FRAGMENTOS DO CASO... 08

3. O SUJEITO EM SITUAÇÃO DE AMPUTAÇÃO, O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AS REDES DE ATENÇÃO...09

4. A ENTRADA NA REDE DE ATENÇÃO ...14

4. 1. A URGÊNCIA E EMERGÊNCIA...14

4. 2. A PREVIDENCIA SOCIAL ...15

5. O CAMINHO PARA REABILITAÇÃO ...18

5. 1. A REABILITAÇÃO FÍSICA ...18

5.1.1. UNIDADE DE REABILITAÇÃO FÍSICA DE NÍVEL INTERMEDIÁRIO ...18

5. 2. A REABILITAÇÃO PSICOSOCIAL ...18

5.2.1. CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...18

5. 3. A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL ...23

5.3.1. O CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR ...23

5. 3. 2. A UNIGESTAR UNIJUÍ ...24

CONSIDERAÇÕES FINAIS...26

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1. INTRODUÇÃO

Estamos diante de uma realidade que espelha o sintoma da sociedade onde a violência no transito aparece, tendo em suas características, o congestionamento, o desrespeito pelos motoqueiros, a pressa, a falta de tempo em função do número de tarefas e os compromissos com horários apertados. Isso tudo vai aumentando a intolerância, a incompreensão dos motoristas e o desrespeito pelos seres humanos que habitam, e usam o mesmo espaço para o seus deslocamentos diários, principalmente nos momentos de pico, especialmente no trânsito.

Este cenário se reflete no grande número de acidentes que ocorrem nos centros urbanos e nas rodovias em que o trabalhador está exposto para cumprir sua obrigação de não chegar atrasado muitas vezes tendo que apressar a velocidade.

Dentro das estatísticas o Brasil tem um índice elevado de acidentes automobilísticos, sendo que alguns estão relacionados ao trabalho e em outros casos são acidentes de percurso. O que estaremos tratando neste trabalho é de um acidente de percurso, onde o sujeito trabalhador sofre acidente no deslocamento e os primeiros socorros são feitos por equipe de resgate que farão os atendimentos iniciais chamados pré-hospitalares, no local do acidente. Este atendimento é prestado por equipe do SAMU e dos bombeiros, encaminhando ao pronto socorro com todo o cuidado inicial na imobilização correta e sua condução segura.

Os acidentes de trabalho podem provocar a invalidez total e definitiva afetando parte ou partes do corpo com sequelas parciais ou totais trazendo efeito na vida social e psíquica do sujeito. Apesar de não ter o risco de morte a sua invalidez é definitiva, podendo ser intensamente estressante e devastadora, neste caso o acidente paralisou o assegurado e a partir da comunicação rotineira o põe novamente em movimento.

Este trabalho acontece na minha prática de estágio na ênfase organizacional e trabalho na UNIGESTAR e tem por objetivo descrever o percurso de um sujeito em situação de amputação de membro inferior por acidente automobilístico, ao longo da rede de atendimento em saúde do seu município, a partir do Sistema Único de Saúde - SUS. Utilizando fragmentos de um caso acompanhado durante o estágio, a discussão se dá de forma a apresentar os diferentes pontos da Rede de Atenção em Saúde - RAS, que este sujeito percorre na busca pela reabilitação física, psíquica e profissional.

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2. FRAGMENTOS DO CASO

“Ninguém quer saber de um cara sem perna”

Sobre o sujeito:

Masculino, branco, 43 anos, eletricista autônomo, com ensino médio incompleto, casado, pai de um filho, masculino, hoje com 20 anos de idade, município de Ijuí/RS. Esta em benefício “encostado” a 4 anos.

Sobre o acidente:

Em maio de 2012, ao se deslocar de sua casa para a residência de um cliente acontece o choque de um veículo com sua motocicleta. Em decorrência da colisão sua perna direita é esmagada; é socorrido pelo serviço local dos bombeiros e SAMU, encaminhado ao hospital de referência e passa por cirurgia e amputação transfemural.

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3. O SUJEITO EM SITUAÇÃO DE AMPUTAÇÃO, O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AS REDES DE ATENÇÃO.

Com a constituição da República de 1988, a saúde passa ser vista como um direito social, ou seja independe da condição do cidadão e o poder público possui a obrigação de garanti-lo; Segundo o artigo 196, a saúde é um direito de todos e dever do Estado. (BRASIL, 1988)

Foi durante a VIII conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, que foram sistematizados e debatidos, por quase cinco mil participantes diversos estudos e proposições para Reforma Sanitária Brasileira, sendo que o relatório final serviu como subsídio para a elaboração do artigo 196 da Constituição Federal - "Da Saúde” desdobrando-se, posteriormente, nas leis orgânicas de saúde (8.080/90 e 8142/90), que permitiram a implantação do SUS. (BRASIL, 1990)

Diferentes segmentos populares como estudantes, pesquisadores e profissionais de saúde propuseram a Reforma Sanitária. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e a Associação Brasileira e pós Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), entidades comunitárias, profissionais e sindicais constituíram um movimento social. Estes movimentos se originam da sociedade e não de governos ou de partidos.

O Sistema de Saúde não se restringe somente na compra de serviços, nas construções de novas unidades, na compra de medicamentos, mas busca também ampliar o conceito de saúde e considerar as condições de vida dos usuários, que estão relacionados ao meio físico (condições geográficas, águas, alimentação, habitação, etc) meio social, econômico e cultural (emprego, renda, educação hábitos etc), visando a garantia de acesso aos serviços de saúde e desenvolvendo atividade de promoção, proteção e recuperação da saúde.

A Lei Orgânica da Saúde (nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 e nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990) regulamentaram os dispositivos constitucionais de que a saúde é um direito de todos e um dever do estado e que cabe a sociedade, por meio de participação social, zelar pelo cumprimento desse direito. (BRASIL, 1990)

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Baseado nos preceitos constitucionais a construção do SUS se norteia por princípios doutrinários que são a universalidade, equidade e integralidade. O princípio de universalidade visa garantir acesso universal. A Equidade busca diminuir as desigualdades, tratar desigualmente os desiguais, onde há mais carência deve se dar atenção especial prevalece o senso de justiça.

Já a integralidade, enquanto princípio do Sistema Único de Saúde busca garantir ao indivíduo uma assistência à saúde que transcenda a prática curativa, contemplando o indivíduo em todos os níveis de atenção e considerando o sujeito inserido em um contexto social, familiar e cultural. O princípio da Integralidade implica em ter um olhar para o todo, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.

A caminhada que o trabalhador acidentado faz buscando sua reabilitação física, psíquica e profissional é o princípio da integralidade da atenção acontecendo na prática. Muitos vão ser os envolvidos em conjunto com ele para esse princípio acontecer e isso é fazer o SUS acontecer todos os dias.

Para organizar o SUS, também se definem princípios organizacionais, que são a regionalização e hierarquização, a descentralização com comando único e a participação popular. (PAIM, 2009)

Os princípios de regionalização e hierarquização no SUS indicam que os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos em uma área geográfica definida e com a definição da população a ser atendida. Quem vai ser atendido e qual a referência à integralidade e também com controle de gastos no sistema.

A descentralização com comando único pode ser entendida como a distribuição de poder e responsabilidades entre os três níveis do governo, sendo único, pois cada um deles possui um responsável. Na esfera federal o Ministro da Saúde, no estado o Secretário Estadual e no município o Secretário Municipal ou Gestor, como responsável e com condições de gerenciar, técnicas, administrativas e financeiras para exercer a função.

A participação popular é garantida através dos conselhos de saúde que estão nos três níveis e são órgãos deliberativos e de caráter permanente compostos de representatividade de todas as classes sociais, devendo sua composição ser paritária com metade de seus membros representados por usuários e a outra metade, o conjunto composto pelo governo, trabalhadores

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da saúde e prestadores privados São criados por lei do respectivo âmbito de governo, onde serão definidos composição do colegiado e outras normas de funcionamento.

As conferencias são fóruns de representação de vários segmentos sociais que realiza a cada quatro anos evento para propor diretrizes, avaliar a situação de saúde e ajudar na definição da política de saúde. O setor privado vem para fazer o complemento em algum tipo de serviço que o setor público está em defasagem de prestação, pois os mesmos devem seguir as normas e as diretrizes do SUS e seguir determinações do sistema Público em termos e regras de funcionamento, organização e articulação com a rede. E tem prioridade os nãos lucrativos ou filantrópicos.

A Lei nº 8.142/90, que dispõem sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, regulamentou o Conselho Nacional de Saúde e a Conferência Nacional de Saúde como instâncias colegiadas deliberativas do Sistema Único de Saúde. Os Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde são instâncias de participação social presentes em todos os níveis de gestão do SUS. (BRASIL, 1990)

Segundo a Lei 8142/90, a participação da comunidade na gestão do SUS é feita através dos Conselhos de Saúde que tem como atribuições formular estratégias, controlar execuções das políticas de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, com caráter permanente e deliberativo e sendo um evento que se realiza de quatro em quatro anos e que inicia nas conferencias municipais onde se realiza nos bairros para discutir as necessidades, avaliar as situação de saúde e propor diretrizes para formulação das políticas de saúde conferencias.

Dentre os modelos organizacionais de ações e serviços de saúde, atualmente encontram-se as RAS, com diferentes níveis de atenção integrados que visam garantir a excelência do cuidado aos usuários do sistema. Têm como objetivo potencializar o desempenho do sistema de saúde em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária e eficiência econômica. Buscam manter relações horizontais entre os serviços de atenção à saúde e a Atenção Primária à Saúde. (BRASIL, 2015)

O trabalhador acidentado, neste caso, passa por dentro de pelo menos tres das cinco redes prioritárias da RAS, que foram a Rede de Urgência e Emergência, a Rede de Atenção

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Psicossocial, e a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiências, demostrando que a forma de organizar a atenção a saúde é uma forma que deu certo para ele. (BRASIL, 2015)

A Atenção Básica representa o nível de atenção responsável por ações de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. A Atenção Básica é descentralizada e está localizada próximo das pessoas. Ela deve ser a principal porta de entrada e o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Quando se fala em amputação de membro, apesar de se tratar de um procedimento realizado pelos níveis de maior complexidade, sabe-se que este apresenta estreita relação com o nível da atenção básica. As pessoas que já realizaram a amputação serão assistidas pelos profissionais da atenção básica, que têm a função de oferecer o cuidado integral a esse usuário, que não deve ser considerado como uma pessoa amputada, apenas. Ela deve ser vista em sua integralidade, como um usuário que apresenta necessidades de cuidado e de assistência para além do cuidado específico decorrente da amputação. (BRASIL, 2012)

O trabalhador acidentado, sendo acompanhado pela equipe da atenção básica com visitas periódicas em sua residência onde sente acolhido, pois conversa e expõe para o agente de saúde as suas dificuldades frente a adaptação, a prótese, a falta de estar no ambiente de trabalho, a redução no seu ganho mensal onde ficaram comprometidas as suas dívidas, que eram muitas e que agora só com o benefício dificulta o pagamento das mesmas.

O sistema de saúde brasileiro vigente é tido como único pela Constituição Federal, e constituído por um conjunto de elementos doutrinários e de organização. Baseado nos preceitos constitucionais a construção do Sistema Único de Saúde – SUS do Brasil se norteia por três princípios doutrinários, que são a universalidade, a equidade e integralidade, e por princípios organizativos, que são a regionalização e hierarquização, a descentralização com comando único e a participação popular. O marco legal é a Lei 8080/90, de 19 de setembro de 1990, também chamada de Lei Orgânica da Saúde, que fala sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o financiamento dos serviços de saúde. (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990)

O SUS faz parte de ações definidas na Constituição Brasileira como sendo de Relevância Pública, onde cabe ao poder público regulamentar, fiscalizar e controlar as ações e os serviços de saúde independente da execução direta do mesmo. Os três níveis de governo

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federais, estaduais e municipais estão envolvidos na construção do Sistema de Saúde, onde várias instituições e o setor privado contratado ou conveniado trabalham por um único fim, promovendo atividades que visam promover, proteger e recuperar a saúde do cidadão em todo o país. (BRASIL, 1988)

Dentre os modelos organizacionais de ações e serviços de saúde, na atualidade, encontram-se as Redes de Atenção à Saúde - RAS, com diferentes níveis de atenção integrados, que visam garantir a excelência do cuidado aos usuários do sistema. Têm como objetivo potencializar o desempenho do sistema de saúde em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária e eficiência econômica, e buscam manter relações horizontais entre os serviços de atenção à saúde e a Atenção Primária à Saúde. (BRASIL, 2010)

A partir da Portaria GM/MS n. 4.279/2010, cinco redes temáticas prioritárias foram pactuadas para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, que são a Rede Cegonha, a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, a Rede de Urgência e Emergência, a Rede de Atenção Psicossocial, e a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiências. (BRASIL, 2010).

A partir de agora serão apresentados os passos que o trabalhador acidentado passou nos diferentes pontos da RAS, em Ijuí na busca pela reabilitação física, psíquica e profissional.

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4. A ENTRADA NA REDE DE ATENÇÃO EM SAÚDE

4. 1. A URGÊNCIA E EMÊRGENCIA

Este acidentado entra na Rede de Atenção à Saúde em Ijuí pela emergência hospitalar, onde terá prioridade, devido ser um acidente e à gravidade do caso, tratando-se aqui do princípio doutrinário do SUS que é o da Equidade.

A equidade se evidencia no atendimento aos indivíduos de acordo com suas necessidades, oferecendo mais a quem mais precisa. Busca-se, com este princípio, reconhecer as diferenças nas condições de vida e saúde e nas necessidades das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas diferenças sociais e deve atender a diversidade. (BRASIL, 1990)

Um exemplo prático de aplicação do princípio da equidade ocorre em atendimentos de urgência em hospitais, como na situação aqui descrita. A prioridade no atendimento é definida por critérios combinados, que englobam desde a hora da chegada até a gravidade de cada caso. Sendo assim, uma vítima de acidente grave passará na frente de quem necessita de um atendimento menos urgente, mesmo que esta pessoa tenha chegado mais cedo ao hospital. O atendimento passa pelo serviço de enfermagem e pelo atendimento médico que faz parte da equipe de socorro, e que definirá qual o melhor procedimento a ser tomado devido à gravidade que se apresenta.

O Hospital de Caridade de Ijuí é o centro de referência regional de alta complexidade, possui centro cirúrgico e banco de sangue, serviço de ortopedia e traumatologia para os casos de necessidade de amputação que é deste trabalho. Este serviço possui banco de sangue bem estruturado, e possui uma infraestrutura completa e adequada.

Após a avaliação que estamos acompanhando, a decisão é tomada visando proteger a vida do paciente em primeiro lugar. Neste caso, foi optado pela amputação devido ao esmagamento da parte óssea que dá sustentação a perna e o rompimento dos vasos sanguíneos impossibilitando a manutenção da mesma. Após a autorização da família foi efetuada a cirurgia.

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A amputação pode ocorrer ao nível dos dedos, acima e abaixo do joelho, ou ainda ao nível da perna e este são avaliadas pelo potencial de cicatrização do membro, associado com o potencial funcional do paciente, geralmente se preservando o máximo possível para posterior reabilitação e o uso de próteses (Krupski & Nelher, 2003, apud Gabarra; Crepaldi, 2009).

A hospitalização pode abrir caminho para que sentimentos negativos se instalem o que exige do paciente equilíbrio e a superação de todas as crises que possam vir.

4. 2. A PREVIDENCIA SOCIAL

Após a alta hospitalar o trabalhador acidentado passa receber o benefício da previdência social por noventa dias pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS, que é uma autarquia resultante da união deste instituto com o Instituto de Aposentadoria e Pensão – IAPAS.

O INSS, segundo o decreto nº 7.556, de 24 de agosto de 2011 é uma autarquia federal com sede em Brasília - Distrito Federal, vinculada ao Ministério da Previdência Social, instituída com fundamento no disposto no art. 17 da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990, e tem por finalidade promover o reconhecimento de direito ao recebimento de benefícios administrados pela Previdência Social, assegurando agilidade, comodidade aos seus usuários e ampliação do controle social. (BRASIL, 2011)

É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão.

Sua missão é garantir proteção ao trabalhador e sua família, por meio de sistema público de política previdenciária solidária, inclusiva e sustentável, com o objetivo de promover o bem-estar social e tem como visão ser reconhecida como patrimônio do trabalhador e sua família, pela sustentabilidade dos regimes previdenciários e pela excelência na gestão, cobertura e atendimento a este cidadão. O caminho é passar por uma perícia médica

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e se ficando constatada incapacidade, e cumprido os requisitos, este cidadão passará a ser protegido pelo auxilio doença, neste período em que o mesmo está incapacitado para o trabalho.

A saúde no Brasil está relacionada aos movimentos sociais a partir de reivindicações da população desde a década de 40, forçando o governo a rever a legislação previdenciária que era baseada em pensões pagas aos indivíduos que estavam afastados temporariamente do trabalho por motivos de doenças. O aumento dos aposentados na época sobrecarregava os órgãos administrativos da saúde e tinha uma precária administração dos órgãos previdenciários da época. Com o passar do tempo a Previdência passou a assumir as obrigações de assistência médico hospitalar aos trabalhadores, tornando o atendimento de baixa qualidade, ofertando poucas áreas de internação, com longas filas e internações somente para aqueles com uma situação de gravidade maior. Estes fatores ocasionaram muitos casos de mortes pela ineficiência dos atendimentos de emergência.

Devido a essa demanda o setor da medicina privada pressionou o governo a restringir os atendimentos e interromper a construção de Hospitais públicos. Queriam que o Estado realizasse doações e empréstimos a juros baixos para a construção de uma grande rede de clinicas e hospitais, que venderia seus serviços à população, aos institutos e ao próprio governo. O regime militar teve impactos na saúde pela ditadura que vendeu a imagem do milagre econômico entre 1968 a 1974, que o Brasil estaria passando a oitava economia capitalista que foi resultado de uma modernização da estrutura da produção nacional criando uma falsa ilusão de desenvolvimento nacional, e que também reduzia o poder de compra do salário mínimo, tornando mais difícil a vida dos brasileiros.

O regime autoritário era o regulador da sociedade, forçando assim as instituições que atuavam e eram substituídas por organismos e sistemas sob estreito controle do Estado. No período do regime militar foi criado o INPS que unificou todos os órgãos previdenciários e estava vinculado ao Ministério do Trabalho, que assumiu o patrimônio e os compromissos dos organismos que o antecedeu. Surgindo aí um sistema dual: o INPS tratava dos doentes individualmente enquanto o Ministério da saúde deveria elaborar e executar programas sanitários e assistir a população durante as epidemias.

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O Estado era o único coordenador dos serviços de assistência médica, aposentadorias e pensões, destinados à família de trabalhadores e descontava mensalmente 8% do salário do contribuinte. Como a destinação de verbas a esta entidade que prestavam serviços os serviços foram atrasando e aumentaram as fraudes para receber aquilo que tinham direito. Guias de internações, cirurgias desnecessárias pratica de cesarianas em vez de parto normal também eram mecanismos de fraude gerando com isso uma degradação dos serviços prestados. Em virtude da crise do INPS e para atenuar cria-se o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) que estendia aos homens do campo os direitos previdenciários melhorando o atendimento nos casos de médico de emergência.

A partir de 1976 criou-se o salário insalubridade para os casos das atividades mais arriscadas. O objetivo era proteger o Estado, aumentando a arrecadação, sendo que na época a maior causa de acidentes era pela não obediência às normas de segurança estabelecida pelas empresas. Os trabalhadores encontravam a única possibilidade de tratamento na Previdência Social, tornado por costume os acidentados serem tratados rapidamente mesmo sendo possível preservar a integridade física do trabalhador. As perdas de membros tiravam o trabalhador da linha de produção e obrigava o trabalhador a encontrar uma opção de trabalho no trabalho informal. As doenças do trabalho aumentavam em função da poluição industrial no ambiente da produção, fazia vítimas entre os operários. Tudo isso contribuiu para a reação dos moradores das periferias a lutar por melhores condições de vida, sempre assessorados por padres e médicos sanitaristas. A partir destas manifestações foram criados os Conselhos Populares de Saúde.

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5. O CAMINHO PARA REABILITAÇÃO

5.1. A REABILITAÇÃO FÍSICA

5. 1.1. UNIDADE DE REABILITAÇÃO FÍSICA DE NÍVEL INTERMEDIÁRIO

Para protetização, o sujeito do estudo, é encaminhado para a Unidade de Reabilitação Física de Nível Intermediário do Munícipio de Ijuí - UNIR, localizada na Rua Theodoro Fricke, no Bairro São Geraldo localizado próximo a Sede Acadêmica da Unijuí. Esta unidade abrange os 34 municípios que integram a 9ª e da 17ª Coordenadorias Regional de Saúde, e que são corresponsáveis no encaminhamento e recebimento após os tratamentos aqui efetuados.

A finalidade da UNIR é fazer avaliações, reabilitação e dispensação de órtese e próteses e meios auxiliares de locomoção para portadores de deficiência física. São realizados atendimentos individuais e em grupos com uma equipe multidisciplinar. Com uma prótese provisória dará os primeiros passos e os primeiros exercícios em pé.

5. 2. A REABILITAÇÃO PSICOSOCIAL

5.2.1. CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Com relação ao atendimento de pessoas em situação de sofrimento mental a rede de saúde define, a partir de diferentes legislações, como se deve organizar a assistência e o cuidado a estas pessoas, e neste caso a partir dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, com uma filosofia e com estratégias terapêuticas que se fundamentam na interdisciplinaridade e no resgate a cidadania. O CAPS vem para que as pessoas possam ficar mais próximas de seus familiares, e a sociedade, facilitando com isso a sua retomada na autonomia e sua reinserção social.

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No caso em questão, o mesmo fica impossibilitado de exercer sua atividade laboral, impedido de voltar a trabalhar pela falta do membro. Também ficou deslocado do convívio social e seus amigos são os da igreja que participa, perdendo o contato com os antigos colegas de trabalho. Relata que seu poder aquisitivo baixou em cinquenta por cento, depois do acidente. Está constantemente se reportando como um peso para os familiares e o seu sentimento de inválido está bem presente. “Porque eu devo estudar agora? Porque o INSS quer que eu estude? O que vou fazer; ninguém quer um cara sem perna”, são as expressões ditas com frequência.

A mudança corporal provocada pelo acidente modifica a vida do sujeito, sendo que algumas pessoas superam as dificuldades ali criadas, investindo na esperança de dias melhores e realizam novos projetos de vida e para outras o acidente se torna o centro de sua vida e a patologia como referência.

Com o objetivo de refletir acerca das consequências psíquicas relacionadas a uma alteração súbita na dimensão corporal, Galván, Amiralian, 2009, a partir do atendimento psicológico a pacientes amputados em decorrência de algum tipo de acidente, buscaram compreender de que ordem é o abalo sofrido com esta perda física e como isto se articula com o caminho percorrido por todos os indivíduos ao longo do desenvolvimento, particularmente no que diz respeito à identidade e à integração psicossomática.

Esses autores encontraram duas reações distintas nos atendimentos feitos.

um polo de reação a este tipo de perda é a negação de que algo tenha acontecido. O relato é de uma não vivência, nenhuma percepção de diferença, seja física ou emocional. A experiência dá lugar a uma racionalização sobre a experiência. (...) Outra é a vivência de dissociação, polarizada como depressão. O indivíduo vive a perda de uma parte do corpo como um aniquilamento de si. Não consegue apropriar-se do corpo amputado como seu; não se reconhece. A perda vivida no corpo concretiza a destrutividade contra a qual o indivíduo não consegue reagir. (GALVÁN, AMIRALIAN, 2009)

No decorrer do tratamento físico agrava-se o caso, pois o segurado desenvolve um processo depressivo. Neste caso devemos tomar os devidos cuidados, pois, os sintomas apresentados como o pesar, a tristeza já são respostas esperadas na perda de um membro.

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Instala-se aí a depressão clínica causando maiores complicações, visto que precisariam ser tratadas, por representar um risco para o aumento da morbidade e mortalidade neste pacientes. O segurado inicia acompanhamento/tratamento no CAPS Colméia de Ijuí, que faz parte da rede de atenção psicossocial do município, fará o aporte medicamentoso e psicoterápico com o uso de medicamentos para o cuidado deste paciente, e também passará por consultas periódicas e participação de grupos terapêuticos.

Quanto ao atendimento psicoterápico nesta hora aparece a presença do serviço de psicologia. A categoria dos psicólogos está discutindo sobre o papel do profissional de psicologia na atenção básica.

Foi feita uma pesquisa por Böing; Crepaldi, 2010, para ver de que forma as políticas públicas contemplam a atuação do psicólogo na atenção básica no Brasil, ampliando a compreensão da inserção dos psicólogos no SUS, e dizem que:

À configuração das políticas de saúde não favorece a efetivação de uma atuação do psicólogo condizente com as demandas da atenção básica. Entende-se que o SUS deveria contar com psicólogos nas unidades locais de saúde, inseridos nas equipes de saúde da família que desenvolvessem trabalho interdisciplinar voltado para a atenção integral, e com psicólogos especialistas locados nos núcleos e nos centros nos níveis secundário e terciário. (BÖING; CREPALDI, 2010)

Como aparece aí, o trauma que afeta e traz repercussões no psiquismo, trazendo consigo um desiquilíbrio do ego, como também a dificuldade do ego simbolizar esta situação traumática, como descreve Freud (1937 1996) em Analise terminável e interminável. As ações do psicólogo teriam mais dificuldades pois, o trauma é muito real nos casos de crise aguda e o ego está voltado a esta proximidade e o paciente cria uma fantasia para poder suportar esta realidade, podendo se perpetuar como trauma dependendo de cada sujeito e de sua capacidade laborativa.

Já no Mal estar da Civilização, Freud (1930/1975) faz uma consideração do valor do amor e do trabalho como potencial criativo do homem, conduzindo ao caminho da felicidade. Dá ao trabalho um valor positivo, relacionando ao gasto da energia libidinal.

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Pelegrino (1987) apud Moreira e Queiroz traz que homem através do trabalho controlam suas pulsões e põe-se a serviço das atividades socialmente aceitas, obedecer às regras de convivências e de trocas e se insere em um contexto distinto familiar, estabelecendo relação com a lei e abrindo para laços sociais.

A busca pela falta do membro remete a falta da mãe, segundo Freud (1920 a 1996) esta elaboração, vai ficando escamoteada no psiquismo, retornando em forma de sonhos que, no caso acompanhado o mesmo relembra o jogar bola, subir escadas, causando mal-estar estas lembranças, que podem influenciar na constituição do psiquismo.

Durante o acompanhamento no CAPS o segurado relata o seu mal-estar, que segundo ele, está relacionado ao uso de medicamentos, que era muito forte e lhe causavam muito desconforto, sintomas de apatia, com desinteresse por ele mesmo, desde o cuidado corporal e o desligamento do social e se nega a qualquer tipo de reabilitação, mas amenizaram os pensamentos suicidas. Ele relata mais adiante que optou por não mais usar, após um período os medicado.

Por conta de algumas ausências do segurado nas audiências do INSS, foi emitido uma convocação (carta) ao segurado pedindo que o mesmo retornasse ao INSS, sob consequência perda do benefício; estes procedimentos são feitos com normalidade pelos funcionários do órgão, que é regulador dos benefícios.

Até este momento apresentava poucas ou nenhuma reação frente ao processo de reabilitação profissional, ficando dentro de casa, sendo carregado por seus familiares, colocando defeito em tudo o que viesse ao encontro de uma possível reabilitação profissional.

No seu texto Inibição, Sintoma Ansiedade, Freud (1926[1925]) traz que a maneira como cada sujeito lida com a situação traumática estarão relacionados com a estruturação do sujeito. A partir de suas observações mãe-bebê define como raiz da situação traumática o momento em que o bebê procura sua mãe para saciá-lo e esta lhe falta; então, o ego recebe uma acatexia que pode ser descrita como de “anseio da falta da mãe”. As situações traumáticas sempre provocam regressões e o sujeito tende a reviver momentos dessa tenra infância e a mobilizar defesas antigas.

A resistência de reconhecimento de seu próprio corpo alterado e o fato dos cursos de capacitações oferecidos pelo INSS, serem insuficientes ou de pouca importância, em muitos

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casos retardam ou desmotivam os segurados de serem reinseridos nos campos de trabalhos. Entendemos que o reabilitar traz consigo também, não só o trabalho em si, mas, sobretudo, reintegra-los nas relações familiares e sociais.

O segurado em sua nova condição corporal e de afastamento do trabalho, do convívio social, passa a enfrentar uma realidade que o impossibilita de se manter na zona de conforto que o trabalho lhe proporcionava.

Em alguns casos o acidente mobiliza para efetuação de novos momentos na vida dos acidentados. No caso acompanhado, passado por um período de depressão e um tratamento de três anos, e o mesmo relata que só passava frente à televisão, ficava meio zonzo, sem capacidade de pensar em função dos medicamentos e sua própria negação frente à amputação, ocorre um movimento de reação para mudanças.

No susto da possibilidade da perda do benefício, surge um novo homem, mesmo amputado, se apresenta numa nova condição. Agora quer saber onde estudar, qual escola pode fazer Educação para Jovens e Adultos – EJA, que é oferecido pelo governo como capacitação aos segurados e facilitar à reinserção profissional, com complementaridade de ensino, que no caso dele está concluindo o ensino médio para possibilitar sua inclusão no mercado de trabalho, quer que seja pelo sistema de cotas ou não.

O retorno ao trabalho traz consigo uma a sensação de plenitude onde as possibilidades se tornam concretas, deixando de ser uma esperança, para uma vivência, um recomeço.

Demandar cuidados e o Estado protegendo e as empresas reconhecendo que os sujeitos ali empregados apesar de seus limites, sua inclusão social possibilitará uma melhor autoestima, este sujeito estará sendo incluído no social novamente é que isto lhe dará confiança em seus sentimentos e atitudes dentro das empresas, os colegas de trabalhos sendo parceiros desta nova situação que vai muitas vezes exigir dos demais um esforço, para que a produção da empresa não seja prejudicada, o sujeito empregado melhorará o ambiente familiar e consequentemente estimulará nesta nova caminhada.

Aquilo que foi paralisante, inibidor e tudo aquilo que está dentro de cada trabalhador, recalcado, será elaborado e será potencializado pela escuta do analista e pelo empenho dos órgãos responsáveis. Juntos construiremos possibilidades de reinserção numa sociedade com profissionais e homens com cuidado e inclusão de todos e também dos amputados.

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5.3. A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

5.3.1. CENTRO REGIONAL DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde que tem como objetivo de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. As ações de saúde do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplam as relações saúde-trabalho em toda sua complexidade por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e inter setorial.

O Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada no SUS.

O CEREST Ijuí abrange os municípios que compõe as quatro Coordenadorias Regionais de Saúde mais próximas e tem a proposta de prestar atenção integral de assistência e vigilância dos agravos e das condições dos ambientes de trabalho, desenvolver conhecimentos especializados nas áreas e atividades educativas, com a participação dos trabalhadores tendo como principal objetivo a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, atendimento aos trabalhadores acometidos com doenças e acidentes de trabalho visando diagnóstico e o devido tratamento, atende trabalhadores em processo de reabilitação profissional.

O sujeito do estudo sofreu acidente trabalho, classificado como acidente de percurso. Sendo o CEREST um órgão fiscalizador das medidas protetivas por quem passa o trabalhador neste período de morbidade e em acompanhamento nos processos de reabilitação física e psíquica pelos traumas proporcionados pelos acidentes de trabalho ou de deslocamentos.

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5. 3. 2. A UNIGESTAR UNIJUÍ

É uma instituição mantida pelo departamento de filosofia e psicologia da Unijui, que visa assessorar projetos em psicologia organizacional e do trabalho com atuação nas situações de anunciação e seleção de pessoal, assim como no acolhimento e ambientação para o trabalho e ainda a qualificação, o desenvolvimento e a aprendizagem de experiências de trabalho e ainda nas situações de desligamento do trabalho.

A UNIGESTAR desenvolve também atividades na Clínica do Trabalho a partir da escuta do sofrimento psíquico, em sua relação com a organização ou do trabalho. Para a realização da atividade se utiliza a escuta clínica no que tange ao trabalho, proporciona aos trabalhadores em processo de reabilitação suporte psíquico ao falar sobre suas angustias, medos, expectativas.

O trabalho, segundo Pelegrino (1987) apud Moreira e Queiroz, é elemento mediador fundamental, por cujo intermédio, como adultos, nos inserimos no circuito e intercambio social, e nos tornamos de fato e de direito sócios plenos da sociedade.

Todo o conjunto de cuidados feito com o sujeito e descritas até aqui estão falando da reabilitação mais fisicamente, pois o quadro exige e terá um trabalho contínuo a ser feito para que se tenha uma efetiva reabilitação.

Mas se quer retratar ainda, de forma conjunta com as demais ações, a restauração psíquica deste cidadão que ficou impactado, sem uma parte de seu corpo, e como o mesmo vai lidar com esta situação. Por isso que a Clínica do Trabalho tem sua importância aqui.

Outra questão a se considerar para recolocar o trabalhador reabilitado no trabalho existe uma lei que o assegura a Lei 8213/91 em seu artigo 93, quando define que “a empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas. Apesar de tanto tempo da existência desta obrigatoriedade, existe ainda resistência no processo de inclusão desta lei. E também falta especialização dos trabalhadores para ocuparem estas vagas. (BRASIL, 1991)

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Somente a lei não garante o acesso ao trabalho sendo necessário mobilizar as instituições e as organizações buscando a abertura de espaços e lugares para novos arranjos na cena do trabalho.

Também é necessário que o sujeito trabalhador, que é a parte integrante do processo de reabilitação, apresente sinais de movimentação para o trabalho demostrando que a reabilitação psíquica esta acontecendo pois isso permitir ao sujeito trabalhador desejar se inserir de maneira diferente e produzir efeitos nos sintomas que geram o sofrimento do trabalhador.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente observei o relato do trabalhador sobre o acidente, que ocorreu em percurso de trabalho; o trabalhador se envolve com outro veículo, é socorrido pelo SAMU e Bombeiros dando assim seu ingresso na Rede de Atenção à Saúde pelo SUS, em Ijuí. Segue pela emergência hospitalar, onde terá prioridade no atendimento, devido ser um acidente e à gravidade do caso. Quando já definida a amputação pelo esmagamento e impossibilidade de recuperar a perna é feito uma cirurgia, como forma de proteger a vida, garantir o local melhor para posteriormente dar sustentação à prótese a ser utilizada.

Após a alta hospitalar, o acidentado fez a busca do benefício financeiro para sua sustentabilidade e organização financeira e passa receber o benefício da previdência social pelo Instituto Nacional de Seguro Social – por este período de impossibilidade de trabalhar. Dando sustentabilidade financeira, neste período de incapacidade de trabalhar.

Passado um período de três meses o assegurado agora vai fazer sua reabilitação física junto a UNIR - Unidade de Reabilitação Física- UNIJUÌ vinculada ao SUS é feito o ajuste e as medidas, o preparo inicial e faz o processo de auxiliar para reabilitar fisicamente e adaptar este corpo estranho ao seu, frio, sem sensibilidade, mas que agora faz parte do conjunto corporal e a partir daí, iniciar o novo caminhar, primeiros novos passos, ensaios com bolas, cordas, a busca do equilíbrio individual e conta com apoio de uma equipe multidisciplinar.

Nesta fase de adesão e de negação a perna mecânica (prótese) houve dificuldade na adaptação. Fazer a escuta clínica do trabalhador, onde eram relatadas as dificuldades por ele enfrentadas e das dificuldades dos trabalhadores da instituição manejar com o mesmo, através de intervenções e conversas estabeleceu-se um caminho a seguir.

O quadro de negação do trabalhador frente às ofertas de reabilitação, o adoecimento, seu acompanhamento no CAPS e todo o processo evolutivo deu-se pela abordagem do estagiário de psicologia, vinculado a UNIGESTAR, que em escuta; criava vínculo, e intermediava as ações junto ao assegurado e instituição INSS devido ao desgaste criado entre ambos.

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Acreditar em uma proposta de construção de uma rede de cuidado e atenção, passando pela atenção básica e os demais pontos da rede de atenção em saúde para o suporte preterido pelo SUS é achar que isso é possível e foi o que demonstrou o caso acompanhado.

Para que se efetive o cuidado integral se faz necessário que gestores e profissionais, dentro do seu compromisso profissional de prestar o cuidado, estejam atentos as demandas que estão nas palavras ditas, nas expressões corporais, e nas condições externas (ambientais, habitacionais, financeiras) do sujeito. Este trabalhador acidentado, sem um pedaço de si, machucado, reclamando sua dor, da forma como só ele sente, necessita ser constantemente estimulado para reencontrar seu protagonismo. A reabilitação se propõe a dar ao sujeito acidentado a condição de voltar a fazer parte da sociedade novamente.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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